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Teste rápido na detecção da febre bubônica é avaliado em campo

Uma nova etapa no desenvolvimento de um teste rápido para diagnóstico da peste bubônica foi realizada por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz Pernambuco (Fiocruz), em parceria com o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Ministério da Saúde (MS) e a Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais.

Os pesquisadores estiveram no município de Virgem da Lapa, no leste mineiro, entre os dias 6 e 16 deste mês para conduzir treinamentos e testes de campo com um material pioneiro no mundo. O foco da investigação foi a detecção da doença em roedores e cães, utilizando uma nova tecnologia capaz de entregar resultados em apenas 15 minutos.

Esse teste já demonstrou 100% de eficácia em laboratório, e representa um avanço significativo em comparação com os métodos tradicionais, que podem levar dias para apresentar resultados e custam cerca de R$ 200. Agora, o custo será reduzido para apenas US$ 1, tornando o diagnóstico mais acessível e eficiente, segundo a Fiocruz.

Os cientistas testaram mais de 100 mamíferos, entre cães e roedores, e realizaram análises adicionais em laboratório para garantir a precisão dos resultados. O teste rápido é realizado com a coleta de algumas gotas de sangue do animal, que são misturadas ao reagente disponível na ferramenta. Em poucos minutos, o resultado é revelado a olho nu, sem precisar de equipamentos especiais, que costumam ter preço elevado e necessitar de técnicos com formação específica para serem operados. 

Os resultados observados têm sido promissores. O próximo passo será a aprovação do teste pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, para que possa ser disponibilizado em todo o país.

“Eu, particularmente, fico grato ao ver esses materiais sendo utilizados em campo. Foi um trabalho feito por muitas mãos, e eu realmente estou feliz por isso”, disse microbiologista da Fiocruz Pernambuco Matheus Bezerra, destacando a relevância da inovação, referindo-se ao impacto que o teste terá no cotidiano das pessoas, garantindo uma resposta rápida e eficaz a futuros episódios. 

Essa inovação tem o potencial de beneficiar regiões do mundo onde a peste bubônica ainda representa uma ameaça, avalia o microbiologista.

Embora rara no Brasil, a peste bubônica ainda é uma preocupação de saúde pública. A doença, causada pela bactéria Yersinia pestis e transmitida por pulgas que parasitam roedores, pode ser fatal tanto para humanos quanto para animais se não tratada rapidamente. 

A Fiocruz, em conjunto com governos estaduais e o Ministério da Saúde, tem desempenhado um papel essencial no monitoramento e prevenção da doença, ajudando a prevenir surtos no país.

Ampliação da rede de internet 5G permite acesso a 96% da população

A partir desta segunda-feira (30), operadoras de telefonia móvel que atuam em 189 municípios poderão solicitar o licenciamento e a ativação de estações para internet 5G. O serviço foi ampliado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) às prestadoras que adquiriram lotes na faixa de 3,5 GHz nessas localidades.

De acordo com o Ministério das Comunicações, 23 unidades da federação podem universalizar a oferta do serviço 5G standalone na faixa de 3,5 GHz, à população de todos os seus municípios. Somados às localidades onde a tecnologia já está disponível, a faixa poderá alcançar 96% da população brasileira em 5.191 municípios de todo o país.

“Com essa liberação, esperamos que as operadoras cheguem a estes locais e, assim, a gente alcance cada vez mais municípios com a internet 5G, levando conectividades até mesmo aos locais mais remotos”, declarou em nota o ministro das Comunicações, Juscelino Filho.

De acordo com a Anatel, o prazo entre a liberação da faixa e a instalação do serviço nas localidades ainda depende do planejamento das operadoras, mas a expectativa é que o processo completo seja significativamente antecipado ao ano de 2029, que seria o último prazo para a universalização do serviço 5G nos 5.570 municípios brasileiros.

TV aberta

Após a migração da faixa, os usuários dos canais de TV aberta que recebem as transmissões pela antena parabólica precisam adaptar o equipamento para evitar eventuais interferências com o 5G. Inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) podem solicitar o kit gratuito para a adaptação do equipamento à Entidade Administradora da Faixa, por meio do Programa Siga Antenado.

Brasil paralímpico, potência em movimento

Um feito histórico. Foi assim que o Brasil terminou sua participação nos Jogos Paralímpicos deste ano em Paris. Pela primeira vez, o país ficou entre os cinco maiores ganhadores de medalhas na competição, atrás apenas de China, Estados Unidos, Reino Unido e Holanda. Foram 25 medalhas de ouro. Os brasileiros subiram ao pódio 89 vezes.

O Brasil, que ganhou a primeira medalha paralímpica em 1976, em Toronto, soma agora 462 medalhas – 134 de uros, 158 de prata e 170 de bronze. 

Paris marcou também a estreia no pódio de algumas modalidades. Foi o caso do triatlo. O atleta Ronan Cordeiro fez história com sua medalha de prata. “Nós mostramos que os sul-americanos têm muita garra e muita força. E foi só o início.”

Nadadora Carol Santiago trouxe cinco medalhas – Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

Em outros esportes, como a natação, o Brasil se consolidou ainda mais como potência paralímpica. Carol Santiago abocanhou mais cinco medalhas em Paris. Agora a atleta soma dez medalhas e é a brasileira com o maior número de medalhas de ouro da história. “Eu digo que, antes do movimento paralímpico, eu era uma pessoa incompleta. É uma grande oportunidade de você crescer não só como atleta, mas também como pessoa, como ser humano”, disse a nadadora, ainda emocionada.

Outro nome da natação que subiu ao pódio três vezes em Paris foi Gabriel Araújo. Aos 22 ano,s ele acumula seis medalhas paralímpicas. O Gabrielzinho, conhecido como o “Pelé das piscinas”, também caiu nas graças da torcida e virou sensação. “Tinha muita gente no estádio, então isso é muito bom. E eu consegui de alguma forma me aproximar deles, estreitar essa relação, esse carinho. E, com essa aproximação, dar retorno de todas as energias positivas que são sempre bem-vindas e estão aí para somar.”

E Paris também foi palco de conquistas no halterofilismo. Uma das atletas da modalidade cruzou um longo caminho, que ligou Itu, no interior de São Paulo, à França. Mariana D’Andrea prometeu e cumpriu: bicampeã paralímpica. E a medalha tinha uma dedicatória especial, o pai, Carmine D’Andrea, que morreu em 2023. Antes de partir para Paris, ela cravou: “Prometi que iria trazer a medalha enquanto meu pai estava vivo. Ele sempre estava me apoiando, assistindo. Meu maior torcedor, meu maior incentivador, minha inspiração maior era ele. Sem sombra de dúvida, eu tenho que voltar com essa medalha.”

Quase 100% da delegação brasileira paralímpica em Paris – 280 atletas – recebe hoje Bolsa Atleta. O programa foi criado por decreto em 2004 e entrou em vigor em 2005. Para Mizael Conrado, atual presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro e ex-jogador de futebol de cegos, o incentivo foi fundamental para o resultado em Paris. “Hoje o Bolsa Atleta é muito significativo, é muito importante, um dos principais instrumentos para o desenvolvimento do esporte no Brasil, porque garante ao atleta a condição de poder se dedicar exclusivamente ao esporte.”

A equipe da TV Brasil acompanhou esses e outros atletas durante toda sua preparação para os Jogos Paralímpicos. Um ciclo que começou anos antes, como foi o caso de Verônica Hipólito, bronze nos 100 metros. “Estava há oito anos fora dos Jogos. Tive não sei quantos tumores no cérebro. Tu achas que eu ia deixar de vir? Aqui estou e consegui conquistar essa medalha, que é de bronze, mas ninguém comemorou tanto quanto eu aquele pódio”.

O repórter Lincoln Chaves acompanhou por anos esses atletas. E cruzou o Oceano Atlântico para ver de perto o triunfo paralímpico brasileiro em Paris. 

A história do paradesporto brasileiro e de Verônica, Carol, Gabriel, Ronan e outros atletas paralímpicos vai ser contada no episódio do Caminhos da Reportagem Brasil paralímpico, potência em movimento, que vai ao ar nesta segunda-feira (30), às 23h30, na TV Brasil. 

Caminhos da Reportagem mostra sucesso de brasileiros na Paralimpíada

Um feito histórico. Foi assim que o Brasil terminou sua participação nos Jogos Paralímpicos deste ano em Paris. Pela primeira vez, o país ficou entre os cinco maiores ganhadores de medalhas na competição, atrás apenas de China, Estados Unidos, Reino Unido e Holanda. Foram 25 medalhas de ouro. Os brasileiros subiram ao pódio 89 vezes.

O Brasil, que ganhou a primeira medalha paralímpica em 1976, em Toronto, soma agora 462 medalhas – 134 de uros, 158 de prata e 170 de bronze. 

Paris marcou também a estreia no pódio de algumas modalidades. Foi o caso do triatlo. O atleta Ronan Cordeiro fez história com sua medalha de prata. “Nós mostramos que os sul-americanos têm muita garra e muita força. E foi só o início.”

Nadadora Carol Santiago trouxe cinco medalhas – Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

Em outros esportes, como a natação, o Brasil se consolidou ainda mais como potência paralímpica. Carol Santiago abocanhou mais cinco medalhas em Paris. Agora a atleta soma dez medalhas e é a brasileira com o maior número de medalhas de ouro da história. “Eu digo que, antes do movimento paralímpico, eu era uma pessoa incompleta. É uma grande oportunidade de você crescer não só como atleta, mas também como pessoa, como ser humano”, disse a nadadora, ainda emocionada.

Outro nome da natação que subiu ao pódio três vezes em Paris foi Gabriel Araújo. Aos 22 ano,s ele acumula seis medalhas paralímpicas. O Gabrielzinho, conhecido como o “Pelé das piscinas”, também caiu nas graças da torcida e virou sensação. “Tinha muita gente no estádio, então isso é muito bom. E eu consegui de alguma forma me aproximar deles, estreitar essa relação, esse carinho. E, com essa aproximação, dar retorno de todas as energias positivas que são sempre bem-vindas e estão aí para somar.”

E Paris também foi palco de conquistas no halterofilismo. Uma das atletas da modalidade cruzou um longo caminho, que ligou Itu, no interior de São Paulo, à França. Mariana D’Andrea prometeu e cumpriu: bicampeã paralímpica. E a medalha tinha uma dedicatória especial, o pai, Carmine D’Andrea, que morreu em 2023. Antes de partir para Paris, ela cravou: “Prometi que iria trazer a medalha enquanto meu pai estava vivo. Ele sempre estava me apoiando, assistindo. Meu maior torcedor, meu maior incentivador, minha inspiração maior era ele. Sem sombra de dúvida, eu tenho que voltar com essa medalha.”

Quase 100% da delegação brasileira paralímpica em Paris – 280 atletas – recebe hoje Bolsa Atleta. O programa foi criado por decreto em 2004 e entrou em vigor em 2005. Para Mizael Conrado, atual presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro e ex-jogador de futebol de cegos, o incentivo foi fundamental para o resultado em Paris. “Hoje o Bolsa Atleta é muito significativo, é muito importante, um dos principais instrumentos para o desenvolvimento do esporte no Brasil, porque garante ao atleta a condição de poder se dedicar exclusivamente ao esporte.”

A equipe da TV Brasil acompanhou esses e outros atletas durante toda sua preparação para os Jogos Paralímpicos. Um ciclo que começou anos antes, como foi o caso de Verônica Hipólito, bronze nos 100 metros. “Estava há oito anos fora dos Jogos. Tive não sei quantos tumores no cérebro. Tu achas que eu ia deixar de vir? Aqui estou e consegui conquistar essa medalha, que é de bronze, mas ninguém comemorou tanto quanto eu aquele pódio”.

O repórter Lincoln Chaves acompanhou por anos esses atletas. E cruzou o Oceano Atlântico para ver de perto o triunfo paralímpico brasileiro em Paris. 

A história do paradesporto brasileiro e de Verônica, Carol, Gabriel, Ronan e outros atletas paralímpicos vai ser contada no episódio do Caminhos da Reportagem Brasil paralímpico, potência em movimento, que vai ao ar nesta segunda-feira (30), às 23h30, na TV Brasil. 

Contas públicas têm déficit de R$ 21,4 bilhões em agosto

As contas públicas fecharam o mês de agosto com saldo negativo, resultado total do déficit do governo federal. O setor público consolidado – formado pela União, pelos estados, municípios e empresas estatais – registrou déficit primário de R$ 21,425 bilhões no mês passado. O valor, entretanto, é menor que o resultado negativo de R$ 22,830 bilhões registrado no mesmo mês de 2023.

As Estatísticas Fiscais foram divulgadas nesta segunda-feira (30) pelo Banco Central (BC). O déficit primário representa o resultado negativo das contas do setor público (despesas menos receitas), desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública.

Segundo o BC, nos oito primeiros meses deste ano, o setor público consolidado está com déficit primário de R$ 86,222 bilhões. Em 12 meses – encerrados em agosto – as contas acumulam déficit primário de R$ 256,337 bilhões, o que corresponde a 2,26% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país).

No ano passado, as contas públicas fecharam o ano com déficit primário de R$ 249,124 bilhões, 2,29% do PIB.

Em agosto último, a conta do Governo Central (Previdência, Banco Central e Tesouro Nacional) teve déficit primário de R$ 22,329 bilhões ante resultado negativo de R$ 26,182 bilhões em agosto de 2023. O valor contribuiu para a totalidade do déficit das contas públicas consolidadas.

Já os governos estaduais registraram superávit no mês de agosto de R$ 3,386 bilhões, ante superávit de R$ 1,831 bilhão em agosto do ano passado. Por outro lado, os governos municipais tiveram resultado negativo de R$ 2,951 bilhões em agosto deste ano. No mesmo mês de 2023, houve superávit de R$ 654 milhões para esses entes.

Com isso, no total, os governos regionais – estaduais e municipais – tiveram superávit de R$ 435 milhões no mês passado contra resultado positivo de R$ 2,485 bilhões em agosto de 2023. O resultado contribuiu para a redução do déficit do setor público consolidado.

No mesmo sentido, as empresas estatais federais, estaduais e municipais – excluídas dos grupos Petrobras e Eletrobras – tiveram superávit primário de R$ 469 milhões em agosto, contra superávit de R$ 866 milhões no mesmo mês de 2023.

Despesas com juros

Os gastos com juros ficaram em R$ 68,955 bilhões em agosto deste ano, uma redução em relação aos R$ 83,731 bilhões registrados em agosto de 2023. De julho para agosto de 2024, também houve redução significativa. Naquele mês, os gastos com juros foram de R$ 80,124 bilhões.

De acordo com o BC, não é comum a conta de juros apresentar grandes variações, especialmente negativas, já que os juros são apropriados por competências, mês a mês. Mas, nesse resultado, há os efeitos das operações do Banco Central no mercado de câmbio (swap cambial, que é a venda de dólares no mercado futuro) que, nesse caso, contribuíram para a melhora da conta de juros em agosto. Os resultados dessas operações são transferidos para o pagamento dos juros da dívida pública, como receita quando há ganhos e como despesa quando há perdas.

Em agosto de 2023, a conta de swaps teve perdas de R$ 10,5 bilhões, enquant,o no mesmo mês deste ano, os ganhos foram de R$ 1,7 bilhão.

O resultado nominal das contas públicas – formado pelo resultado primário e os gastos com juros – teve redução na comparação interanual. No mês de agosto, o déficit nominal ficou em R$ 90,381 bilhões contra o resultado negativo de R$ 106,561 bilhões em igual mês de 2023.

Em 12 meses encerrados em agosto, o setor público acumula déficit R$ 1,111 trilhão, ou 9,81% do PIB. O resultado nominal é levado em conta pelas agências de classificação de risco ao analisar o endividamento de um país, indicador observado por investidores.

Dívida pública

A dívida líquida do setor público – balanço entre o total de créditos e débitos dos governos federal, estaduais e municipais – chegou a R$ 7,026 trilhões em agosto, o que corresponde a 62% do PIB. Em julho, o percentual da dívida líquida em relação ao PIB estava em 61,8% (R$ 6,962 trilhões).

No mês de agosto deste ano, a dívida bruta do governo geral (DBGG) – que contabiliza apenas os passivos dos governos federal, estaduais e municipais – chegou a R$ 8,898 trilhões ou 78,5%, com aumento em relação ao mês anterior (R$ 8,826 trilhões ou 78,4% do PIB). Assim como o resultado nominal, a dívida bruta é usada para traçar comparações internacionais.

Prefeitura de São Paulo abre inscrições para expositores negros

A prefeitura de São Paulo está com inscrições abertas, até o dia 30 de outubro, para afroempreendedores participarem, de modo gratuito, da IV Expo Internacional Dia da Consciência Negra 2024. Ao todo, foram disponibilizadas 60 vagas para quem comercializa itens e oferece serviços de artesanato, beleza e cosméticos, moda, tecnologia, entre outros segmentos.

O evento acontecerá de 22 a 24 de novembro, no Pavilhão de Exposições do Distrito Anhembi, no bairro de Santana, zona norte da capital paulista. O objetivo é fomentar o afroempreendedorismo e assegurar aos empresários que tenham mais igualdade de oportunidades no mercado de trabalho, além de incentivar a economia solidária.

A organização do evento conta com uma curadoria especializada para selecionar os expositores. Durante o processo de avaliação, a equipe designada para essa função irá observar aspectos como a técnica, a criatividade e a identidade manifestadas nos itens ou serviços de cada um deles.

Para participar, os candidatos devem atender a alguns requisitos. Precisam ser afrodescendentes, possuir CNPJ ativo em nome próprio, estar cadastrado no Programa São Paulo Afroempreendedor e deve encaminhar fotos dos produtos que pretende vender e oferecer aos clientes opções de pagamento como cartão ou Pix. A formalização da candidatura é feita por formulário online.

Brasil registra um atendimento de emergência cardíaca por minuto

A cada minuto, uma pessoa dá entrada em um pronto-socorro do Sistema Único de Saúde (SUS) com crises agudas causadas por doenças que afetam o coração, como a insuficiência cardíaca e o infarto agudo do miocárdio. Em 2023, as internações decorrentes desse tipo de quadro totalizaram 641.980. O alerta é da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede).

A entidade mapeou os principais problemas cardiovasculares registrados em hospitais públicos brasileiros, incluindo a doença reumática crônica do coração; o infarto agudo do miocárdio; as doenças isquêmicas do coração; os transtornos de condução e arritmias cardíacas; e a insuficiência cardíaca.

Para a associação, os números demonstram ser fundamental fortalecer a infraestrutura hospitalar e capacitar continuamente equipes de emergência para lidar com o volume crescente e a complexidade dos casos. Ao longo desta semana, a Abramed reúne cerca de 1,6 mil especialistas para tratar do tema durante o 9º Congresso Brasileiro de Medicina de Emergência.

Pressão sobre o SUS

Na avaliação da entidade, os números revelam “forte pressão” sobre emergências em todo o país. O Sudeste, região mais populosa, concentrou o maior número absoluto de internações por doenças cardíacas, com mais de 241 mil atendimentos desse tipo. Estados como São Paulo e Minas Gerais lideraram o número de casos, com 120.142 e 80.191, respectivamente.

No Nordeste, a pressão sobre as emergências também é classificada como significativa, sobretudo em estados como Ceará e Pernambuco, que registraram, respectivamente, 20.374 e 24.331 atendimentos de urgência. Os números correspondem a mais de 90% das internações por doenças cardíacas nesses estados.

No Norte, o total de atendimentos de urgência foi de 27.460. Dentre as unidades federadas, o estado do Amazonas se destaca, com 5.899 atendimentos do tipo.

O cenário mais crítico, segundo a Abramede, está em Mato Grosso do Sul, onde 97% das internações por doenças cardíacas foram de urgência. O estado contabilizou 10.590 internações desse tipo, de um total de 10.963 atendimentos registrados em 2023 – maior percentual em todo o país.

Caráter emergencial

Ainda de acordo com o levantamento, no ano passado mais de 85% das internações relacionadas a doenças cardíacas foram de caráter emergencial. O infarto agudo do miocárdio, por exemplo, respondeu por 152 mil internações de urgência, representando 88% do total de internações para essa condição.

Já a insuficiência cardíaca, uma das condições cardíacas mais comuns, registrou 194,5 mil hospitalizações de emergência – 94% do total de casos da doença. O quadro ocorre quando o coração não consegue bombear sangue de forma eficiente, exigindo intervenção emergencial para evitar desfechos graves.

Perfil

Os homens aparecem como público mais afetado entre pacientes internados em caráter de urgência, respondendo por 57% das internações em 2023, enquanto as mulheres representaram 43% dos atendimentos.

O levantamento mostra também que o risco de doenças cardíacas aumenta consideravelmente conforme a idade avança – 67% das internações ocorreram em pacientes com 60 anos ou mais. Em seguida aparecem os grupos de 70 a 79 anos; de 50 a 59 anos; e de 80 anos ou mais.

“Embora as doenças cardíacas sejam majoritariamente associadas ao envelhecimento, há um número considerável de casos de atendimentos entre adultos jovens, que frequentemente estão expostos a hábitos de vida prejudiciais à saúde cardiovascular”, alerta a Abramede.

Doença do coração é a 2ª enfermidade que mais preocupa os paulistanos

A preocupação com a doença não significa, necessariamente, cuidados para preveni-la, pelo menos no que se refere às enfermidades cardíacas. Neste Dia Mundial do Coração, a pesquisa O Coração do Paulistano, divulgada neste domingo (29) pela empresa de pesquisa e inteligência de dados Nexus, revela que as doenças do principal órgão do sistema cardiovascular estão na segunda posição entre as maiores preocupações do paulistano, atrás apenas do câncer e da diabetes.

O levantamento apontou que as doenças cardíacas estão na mira das preocupações dos paulistanos, na faixa dos 15% dos apontamentos. O câncer lidera com 56% e o diabetes ficou em terceiro lugar, com 12%.

No entanto, a pesquisa revelou também que 46% dos entrevistados nunca foram ao cardiologista para fazer os exames preventivos. No grupo daqueles que não fazem as avaliações do coração, os jovens entre 16 e 24 anos têm o índice mais alto, com 68%. São seguidos por 56% entre os que estão na faixa dos 25 a 48 anos.

Os níveis de renda também impactam o absenteísmo no que diz respeito ao cuidado com o coração. Na faixa de até um salário mínimo, 56% nunca foram ao médico especialista. Entre os que recebem de um a dois salários mínimos, são 51%, e 48% dos que ganham de dois a cinco salários mínimos.

Quanto aos entrevistados que já consultaram um especialista, 53% deles fizeram a consulta nos últimos 12 meses, 23% entre um e dois anos, 9% no intervalo de dois e três anos e 14% responderam três anos ou mais. Além disso, um a cada 10 moradores da capital paulista toma remédios para o coração com alguma frequência.

Um caso que exemplifica a pesquisa é o do aposentado José Carlos Mazzali, de 74 anos. Ele sofreu dois infartos. O primeiro em junho de 2019 e o segundo seis meses depois, em janeiro de 2020.

Antes dos sustos, o aposentado nunca tinha feito alguma consulta ao cardiologista. “Não havia tido qualquer problema com o coração antes”, disse. Hoje, ele faz tratamento periódico no Instituto do Coração (Incor). Todos os meses faz o exame de TP (tempo de protombina), que mede a espessura do sangue. E de seis em seis meses a consulta regular ao cardiologista, seguida de uma série de exames.

Para a médica cardiologista Fernanda Weiler, do Hospital Sírio Libanês, de Brasília, “apesar do conhecimento de que as doenças cardiovasculares são a principal causa de mortalidade no Brasil e no mundo, as visitas regulares ao cardiologista não são tão frequentes como deveriam”.

“Isso se deve principalmente porque essas doenças são na maioria silenciosas até que aconteça o desfecho de infarto ou AVC [acidente vascular encefálico]”, explica.

“Além disso, devemos considerar a falta de tempo da população e o medo de receber um diagnóstico sério ao se consultar”, completou Fernanda.

A recomendação da cardiologista é que as consultas regulares se iniciem a partir dos 40 anos ou antes, caso haja histórico de morte súbita precoce na família, problemas no colesterol ou pressão alta.

 A pesquisa foi feita com 2.030 moradores da cidade de São Paulo, com idade a partir dos 16 anos, entre os dias 9 e 11 de setembro. O nível de confiança do levantamento é de 95%.

Entenda técnica que faz mosquito levar larvicida a seus criadouros

Pesquisadores brasileiros desenvolvem estratégia para combater insetos transmissores de arboviroses. O trabalho comprovou que o uso dos mosquitos para “autodisseminar” larvicidas em seus próprios criadouros pode ajudar no controle das doenças transmitidas, sobretudo aquelas levadas pelo Aedes aegypti, como a dengue.

Chamada de Estação Disseminadora de Larvicida (EDL), a técnica atrai os insetos para um pote plástico com água, recoberto com tecido preto umedecido e impregnado com um larvicida em pó muito fino. Ao pousar, o larvicida adere ao mosquito que o leva para o criadouro, permitindo que a substância alcance suas larvas e impeça a proliferação.

Elaborado por pesquisadores do Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia) e do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas), em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, o projeto distribuiu cerca de 2.500 “Estações Disseminadoras de Larvicida” (EDLs) em nove bairros de Belo Horizonte ao longo de dois anos. De acordo com a investigação, houve redução da incidência de dengue em 29% nesses bairros e em 21% nos bairros vizinhos.

Publicado na revista The Lancet Infectious Diseases, a pesquisa começou em um bairro de Manaus, capital do Amazonas. Devido aos bons resultados, o estudo foi levado para novos locais, com populações maiores.

“Começamos há alguns anos testando a hipótese que existia na literatura científica de que os mosquitos poderiam carregar larvicidas de um lado para o outro”, introduz o pesquisador da Fiocruz Amazônia e um dos autores do estudo, Sérgio Luz, “como as fêmeas colocam ovos em vários lugares, elas pousam na superfície, ficam impregnados com o larvicida e depois o ‘distribuem’ em outros locais”. No inseto, o larvicida atua como um hormônio do crescimento na etapa entre a fase larval e de pupa, fazendo com que a larva continue crescendo, mas sem avançar para o próximo estágio, ou impedindo que o mosquito alcance a fase adulta.

Com apoio de pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), o estudo foi realizado em Brasília e também obteve bons resultados na diminuição de doenças. “Isso aconteceu no contexto da epidemia de zika em 2016. Na época, o governo federal estava atrás de novas estratégias para fazer o combate vetorial do mosquito, tendo em vista que as ações eram as mesmas há mais de um século”, comenta Luz em entrevista à Agência Brasil. A partir disso, com o Centro de Operações de Emergência (COE) para Dengue e outras Arboviroses, foram selecionadas diferentes cidades para entender como a estratégia de autodisseminação funcionaria em áreas diferentes da Amazônia.

“Tivemos um resultado bem significativo, de redução de cerca de 30% de casos de dengue na área central, onde estão as estações disseminadoras, e 20% nas áreas adjacentes, comprovando o que já tínhamos mostrado: o mosquito voa e, se ele voa, consegue dispersar larvicida para outras áreas”, informou o pesquisador.

A estratégia desenvolvida e coordenada pelos técnicos da Fiocruz Amazônia foi adotada pelo Ministério da Saúde (MS) em seu novo plano de ação para reduzir os impactos da dengue e de outras arboviroses no Brasil, divulgado na quarta-feira (18). Na publicação, o ministério informa que vai expandir o uso das EDLs para o controle do Aedes aegypti nas periferias brasileiras. “Agora, as Estações Disseminadoras de Larvicida fazem parte do grupo de estratégias usadas como política pública no controle do mosquito transmissor da dengue”, celebra Luz.

“É importante dizer que essas medidas são complementares. A solução ainda depende muito, porque cerca de 70% dos criadouros dos mosquitos estão nas casas das pessoas, então é preciso que a comunidade e a população contribuam de forma decisiva, não deixando água acumulada, fazendo limpeza do terreno e descartando o lixo adequadamente”, alerta o pesquisador.

Segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses do MS, até setembro de 2024 foram registradas 5.428 mortes por dengue e 6.529.520 casos prováveis da doença. Os casos costumam ser mais comuns, sobretudo, em épocas de altas temperaturas e chuvas frequentes.

*Estagiária sob supervisão de Vinícius Lisboa

Sites fraudulentos dificultam identificação de bets no Brasil

A três dias da proibição de empresas de bets que não pediram autorização para operar no Brasil, o governo ainda não sabe a extensão da medida. A existência de sites fraudulentos que mudam constantemente de endereço e o uso de diversas marcas por uma mesma empresa dificultam a contagem de quantas companhias de apostas eletrônicas atuam no Brasil.

A constatação é do secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, Regis Dudena. Segundo ele, o governo só saberá com clareza o número de companhias de apostas online após a regulamentação, que entrará em vigor em janeiro. Isso porque, após essa data, somente as empresas aprovadas pelo Ministério da Fazenda poderão operar no país, cada uma podendo explorar até três marcas.

“Há várias dificuldades para fazer a contagem. Uma é a diferença entre empresas e marcas, já que uma empresa pode operar mais de uma marca. Existe uma segunda coisa, que é uma empresa que se utiliza das apostas para fraude. Ela abre um domínio, começa a prestar aquele serviço fraudulento e vai migrando. Então, eventualmente, o mesmo grupo vai deixando rastros de dezenas, centenas de sites utilizados para mera fraude ou atividades criminosas”, explica o secretário de Prêmios e Apostas.

Segundo Dudena, é difícil para o governo, neste momento, ter clareza sobre o que são empresas de fato e estelionatários que se aproveitam das apostas para cometerem fraude. “No nosso banco de dados aqui, temos algumas centenas de sites que a gente localizou. Agora, ter certeza se isso são poucos grupos que operam muitos [sites], isso a gente não tem 100% clareza. O que nos cabe? Derrubar esses sites se eles não forem legalizados, independentemente se são do mesmo grupo ou não”, justifica.

A contagem do número de empresas de apostas online que atuam no Brasil também se reflete no setor privado. Em abril deste ano, a plataforma de análise de dados Datahub estimava que 217 bets operavam no país, alta de 735% em relação às 26 empresas existentes em 2021. Em junho, a organização não-governamental Instituto Jogo Legal estimava em 2 mil o total de sites de apostas esportivas e de cassinos virtuais no mercado brasileiro.

Expectativas

Com a dificuldade em contabilizar as empresas em operação no país, o governo só pode fazer estimativas com base no processo de regulamentação. Segundo as estatísticas mais recentes da Secretaria de Prêmios e Apostas, 118 empresas fizeram 123 pedidos até esta semana. Somente no último mês, informou o órgão, várias companhias desistiram e outras refizeram os pedidos, voltando para o fim da fila de análise, mas a secretaria não forneceu as quantidades.

O secretário Regis Dudena prevê que nem todos os pedidos serão aprovados, mas calcula que cerca de 100 empresas atuarão legalmente no Brasil a partir de janeiro, com base na comparação com outros países. “Em mercados de apostas consolidados, é muito raro achar um mercado que passe de 100 empresas autorizadas. Temos um número bastante expressivo de empresas que vieram pedir. A gente já tem clareza que muitas dessas ou algumas dessas não vão passar em todos os crivos. A gente está avaliando, estamos fazendo reuniões de controle, e dá para identificar algumas empresas que não cumprem os requisitos”, declara.

Segundo Dudena, o governo está sendo bem rigoroso na análise dos processos. “A gente subiu bastante o sarrafo para regulamentar. Esse número mostra que tem muitas empresas que resolveram cumprir a lei. Pensando que cada uma dessas autorizações pode gerar até três marcas, a gente tem um número bastante significativo para o mercado de sites em atuação [a partir de janeiro]”, diz.

Articulação

Além da Secretaria de Prêmios e Apostas da Fazenda, que editou dez portarias de regulamentação e analisa os pedidos das empresas, a Lei 14.790/2023, que legalizou as apostas eletrônicas, prevê que o Ministério do Esporte também regulamentará as apostas, por meio da Secretaria Nacional de Apostas Esportivas. Dudena diz que os dois órgãos atuarão de forma coordenada e negou sobreposição de atuações.

“O que a lei prevê é que a regulamentação e o processo de autorização das bets é de competência do Ministério da Fazenda. O Ministério do Esporte é competente para a dimensão esportiva da atividade, principalmente para indicar as modalidades esportivas que podem ser objeto de aposta e impedir a manipulação de resultados”, explica.

Dudena ressalta que o Ministério da Fazenda atua em diversas frentes e trabalha em articulação com o Ministério da Justiça para combater a criminalidade no setor de apostas por meio da Polícia Federal e preservar os direitos do consumidor por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). A Secretaria de Prêmios e Apostas, informa o secretário, também atua em conjunto com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para acionar as provedoras de internet para derrubarem os sites fraudulentos.

Por fim, a Fazenda trabalha em conjunto com o Ministério da Saúde, para colher informações que melhorem a regulamentação no sentido de preservar a saúde mental do apostador. Segundo Dudena, a Secretaria de Prêmios e Apostas municia o Ministério da Saúde e o Sistema Único de Saúde (SUS) com informações relevantes para a política de saúde mental. Na próxima semana, as duas pastas devem criar um grupo interministerial sobre o tema.