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Prescrição de canabidiol gera controvérsia e demanda atenção em saúde pública

Dr. Luiz Felipe Abdalla Soares, médico prescritor de canabinoides, comenta o assunto e aborda o papel de práticas como telemedicina e prescrição digital

Uma resolução publicada no dia 14 de outubro pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) causou surpresa e controvérsia na comunidade médica e de pacientes de uma série de doenças e seus familiares, ao estabelecer novas regras para a prescrição de produtos derivados da Cannabis. A entidade passou a restringir a prescrição de canabidiol para crianças e adolescentes com epilepsias raras, que não tiveram bons resultados com tratamentos convencionais.

Segundo Rosylane Rocha, relatora da resolução, após a publicação da norma 327 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2019, houve “inúmeras atividades de fomento ao uso de produtos de cannabis e um aumento significativo de prescrição de canabidiol para doenças em substituição a tratamentos convencionais e cientificamente comprovados”.

Acontece que a nova regra do conselho vai contra a liberação da própria Anvisa, que autoriza o uso de uma série de produtos à base da planta Cannabis para alguns tipos de tratamentos. O Ministério Público Federal abriu investigação e instaurou procedimento, no dia 17 de outubro, para apurar a legalidade das novas regras estabelecidas pelo Conselho. 

No dia 20 de outubro, o CFM comunicou que reabrirá Consulta Pública a toda a população para receber contribuições visando a atualização da Resolução nº 2.324/2022, que trata dos critérios para a prescrição do canabidiol no País.

Já na área odontológica, o CFO (Conselho Federal de Odontologia) reconhece o potencial do uso dos canabinoides em pré-cirurgias e em patologias odontológicas, como tratamento complementar de dores dos distúrbios mandibulares como o bruxismo, por exemplo.

Principais indicações

O Dr. Luiz Felipe Abdalla, médico clínico com experiência em tratamentos canabinoides e prescritor da plataforma Receita Digital, explica que o canabidiol, conhecido como CBD, uma das principais substâncias derivadas da planta Cannabis sativa, tem efeito terapêutico para diversos quadros de saúde e não gera dependência ou efeitos entorpecentes.

“Ele é utilizado em práticas terapêuticas para substituir o uso de medicamentos que não obtêm resultados satisfatórios ou que tenham efeitos colaterais intoleráveis no controle de algumas doenças crônicas. A substância, assim como outras derivadas da planta Cannabis, conhecidas como fitocanabinoides, possui propriedades ansiolíticas, antidepressivas, neuroprotetoras e anti-inflamatórias, ajudando na homeostase, ou seja, no processo de equilíbrio do organismo. Ela é indicada, principalmente, para o tratamento de pacientes com epilepsia ou outros problemas neurológicos graves, doenças neurodegenerativas, tais como esclerose múltipla, Alzheimer, Parkinson, além de doenças psiquiátricas como ansiedade, insônia, depressão e no tratamento de dores crônicas, por ser um potente anti-inflamatório”, explica.

O médico afirma que a liberação deste tratamento no Brasil só foi possível após um forte movimento de familiares de pacientes sem resposta aos tratamentos convencionais e com qualidade de vida muito prejudicada por doenças graves, que pressionaram para a liberação da importação e uso de medicamentos à base da Cannabis. “Os produtos já estavam sendo utilizados com sucesso para o tratamento de pessoas em vários países do mundo, mostrando melhora importante das crises convulsivas, tratando dores crônicas e quadros neuropsiquiátricos sem os efeitos prejudiciais dos medicamentos tarja preta convencionais utilizados para tratar estas doenças, e oferecendo mais qualidade de vida aos pacientes. A terapia canabinoide veio para ajudar, e muito, neste cenário, e o Brasil, de uma certa forma, está também na vanguarda”, acredita.

Após a liberação pela Anvisa em 2014, o Brasil recebeu desde então mais de 70 mil pedidos de importação, sendo que em 2021, as liberações feitas pela Agência alcançaram o total de 32.416, número 15 vezes maior que o de pedidos concedidos em 2017, quando a Agência autorizou apenas 2.101 pedidos de importação.

“Com a pandemia da Covid-19, observamos que o atendimento via telemedicina permitiu o maior acesso da terapia com o uso de Cannabis medicinal no Brasil. A plataforma Receita Digital também veio para contribuir nesse sentido, permitindo a ampliação do tratamento para outras regiões do país e agilizando o processo de envio de receitas, atestados, exames, entre outros. Como prescritor de Cannabis medicinal, eu acredito que a ferramenta contribui muito nesse processo de alcançar pessoas de vários lugares, tendo em vista que a prescrição é digital e os dados ficam todos armazenados na nuvem de forma segura, permitindo o acesso remoto de todo o histórico do paciente”, destaca o Dr. Luiz.

Cabe, porém, ao profissional e ao paciente a decisão de como conduzir o tratamento. Segundo Dr. Jonatas Bernardes, Diretor Técnico e Médico da plataforma Receita Digital, “a autonomia do profissional para escolher o melhor tratamento e defender o interesse dos pacientes em primeiro lugar é parte essencial da prática médica. Naturalmente, como somos uma empresa de tecnologia em saúde, valorizamos o interesse dos profissionais e pacientes em novas terapias que possam representar um importante avanço em relação aos tratamentos convencionais”.

Regras para a aquisição dos produtos

“Para ter acesso aos medicamentos, é preciso que o paciente passe por uma avaliação de médicos ou dentistas (ou médicos veterinários, no caso dos pets), que são os profissionais da saúde autorizados para prescrever o tratamento e direcionar o paciente para a melhor forma de acesso ao medicamento. A aquisição pode ser feita em farmácias, por marcas importadas, ou por uma das associações do país que ajudam no acesso a estes medicamentos, como por exemplo, a Abrace Esperança (PB), a Apepi (RJ) e a Associação Alternativa (SC)”, esclarece o Dr. Luiz.

No Brasil, mesmo com a receita médica, ainda não é permitida a compra de Cannabis medicinal via e-commerce. “Nos Estados Unidos e em alguns outros lugares isso já é permitido, e qualquer pessoa consegue entrar na Internet e comprar produtos com CDB ou com baixo teor de THC (tetrahidrocanabinol)”, conclui. 

Sobre a Receita Digital — Sobre a Receita Digital – Plataforma 100% on-line de prescrição e dispensação de medicamentos para médicos, dentistas, pacientes e farmácias de todo o país. Gratuita, segura e seguindo todas as normas da ANVISA e regras da LGPD, ela pode ser acessada via qualquer dispositivo. A startup oferece uma jornada completa, da consulta ao remédio, permitindo que médicos, dentistas e, em breve, veterinários e outros profissionais da área da Saúde, prescrevam medicamentos, suplementos e itens de cuidado pessoal, além de emitir outros tipos de documentos relacionados ao atendimento ao paciente, como pedidos de exames, atestados, laudos e recibos. Com ela, prescritores e pacientes reúnem todos os documentos de saúde em um único lugar. A plataforma pertence ao ecossistema de saúde do marketplace de farmácias Consulta Remédios. Cadastramentos e mais informações podem ser acessadas em www.receitadigital.com.

Sobre o Dr. Luiz Felipe Abdalla Soares — Médico e idealizador da clínica canábica integrativa AnandAtiva Brasil, focada em medicina integrativa, terapia canabinoide, fisioterapia, nutrição e outras práticas integrativas da saúde, com abrangência nacional pelo auxílio da telemedicina. Formado em Medicina pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO em 2013, fez residência em Clínica Médica pelo Hospital Universitário Pedro Ernesto – UERJ (HUPE). Tem oito anos de experiência em terapia intensiva e 5 anos de experiência em tratamentos com Cannabis Medicinal. 

Ginecologista aponta desuso do autoexame na prevenção do câncer de mama

Dr. Igor Padovesi, consultor do Minuto Saudável, faz algumas recomendações importantes neste mês da campanha mundial Outubro Rosa

Neste mês de outubro, diferentes países do mundo, entre eles o Brasil, voltam seus olhos para as campanhas conhecidas como do “Outubro Rosa”. A finalidade é a prevenção e o diagnóstico precoce de um dos cânceres mais prevalentes entre as mulheres, o de mama. Segundo o ginecologista Dr. Igor Padovesi, consultor do Minuto Saudável, uma das atitudes tradicionais de prevenção da doença, que é o autoexame das mamas pela própria mulher, deixou de ser recomendado.  

Para fins de contextualização, a campanha Outubro Rosa foi lançada na década de 1990 nos Estados Unidos, originalmente pela Fundação Susan G. Komen for the Cure. Em 2018, a Lei nº 13.733 instituiu a campanha no Brasil, dispondo sobre as atividades da campanha no país.

Segundo o médico, é alta a possibilidade de cura do câncer de mama, especialmente quando ele é descoberto em estágios mais iniciais. “A prática do autoexame das mamas, ou seja, realizado pela própria mulher, não é mais recomendada pelas sociedades médicas como antigamente, por ser uma prática que, sozinha, não tem se mostrado eficaz em reduzir a mortalidade por câncer de mama”, aponta.

“Obviamente, a mulher não consegue apalpar as alterações como um médico, e em certas pessoas a ação pode gerar estresse, preocupação e exames invasivos desnecessários. Além disso, quando o câncer está de um tamanho que a mulher já consegue apalpar, ele já está em um estágio mais avançado”, continua o médico. “Por estes motivos, a principal forma de prevenção da doença é pela realização da mamografia regularmente, pois o autoexame não possibilita o diagnóstico precoce”, esclarece o Dr. Igor.

De qualquer forma, o médico alerta que, além da consulta anual ao ginecologista, as mulheres que notarem alterações devem procurar o médico mesmo que isso signifique ir a uma nova consulta mais cedo do que o previsto. “Qualquer alteração precisa ser averiguada pelo médico o quanto antes, para que uma malignidade possa ser descartada”, explica o médico.

Sintomas

São sinais de alerta, que precisam ser averiguados, sintomas como lesões mamárias, que podem surgir em mulheres após a menopausa, caroços (nódulos), geralmente endurecidos, fixos e indolores, pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja ou alterações no bico do peito (mamilo).

O Dr. Igor esclarece que a capacidade da mamografia de diagnosticar o câncer de mama em mulheres jovens é mais baixa, pois as mamas são mais densas e a sensibilidade da mamografia, nestes casos, é reduzida. Por isso, existem outros exames de rastreio, como ultrassom e ressonância magnética.

“Mulheres com histórico de câncer de mama na família devem começar a fazer o exame clínico das mamas e exames de rastreamento anualmente já a partir dos 35 anos”, aponta o especialista.

Números no Brasil

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), são estimados 66.280 novos casos de câncer de mama em 2022, sendo que esse tipo de câncer é o de maior incidência em mulheres de todas as regiões do País, excluídos os cânceres relacionados a tumores de pele não melanoma, com taxas mais altas nas regiões Sul e Sudeste. Ele também constitui a primeira causa de morte por câncer na população feminina em todas as regiões do Brasil, exceto na região Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa essa posição.

Importância do diagnóstico precoce 

O Dr. Igor esclarece que a recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) é de que mulheres a partir dos 40 anos de idade procurem o serviço de saúde para fazer uma mamografia anual. Mas essa recomendação diverge: o INCA e o Ministério da Saúde recomendam que mulheres comecem a realizar a mamografia de rastreamento aos 50 anos, e até os 69 anos, façam o exame a cada dois anos. 

“Estas recomendações são válidas mesmo para as mulheres que não apresentam qualquer sintoma, já que o câncer de mama pode ser descoberto em estágio inicial, quando ainda não há qualquer sinal evidente”, afirma o ginecologista.

Estilo de vida

“Manter um estilo de vida saudável é importante para a prevenção de inúmeras doenças. Parar de fumar, evitar a ingestão de bebidas alcoólicas, manter o peso controlado, baixar o índice de gordura corporal e praticar atividades físicas regularmente são ações que contribuem para a diminuição da incidência de câncer mesmo em pessoas com maior risco genético”, afirma o Dr. Igor, com base em estudo publicado em agosto de 2021 na revista científica Cancer Research, da Associação Americana para a Pesquisa do Câncer. O levantamento avaliou dados genéticos e de estilo de vida de um biobanco inglês com 202.842 homens e 239.659 mulheres, e envolveu o cálculo do risco individual genético para 16 cânceres em homens e 18 em mulheres.

“No desenvolvimento do câncer de mama, o estresse também está associado a alterações no sistema imunológico, levando mulheres a adotar hábitos pouco saudáveis que podem contribuir para o surgimento da doença, como o aumento no consumo de açúcares e o sedentarismo”, pondera o médico.

Sobre o Minuto Saudável – Presente na internet desde 2017, o portal traz informações claras e confiáveis sobre saúde e bem-estar: doenças, sintomas, tratamentos, medicamentos, alimentação, exercícios e mais, para uma vida mais saudável e equilibrada. O site é do Grupo Consulta Remédios, marketplace que, através de suas soluções, facilita a vida de milhões de pessoas, com informações que vão desde bulas até informações sobre medicamentos e produtos de beleza e bem-estar, oferecendo comparação de preços e proporcionando economia em centenas de farmácias de todo o Brasil.

Sobre o Dr. Igor Padovesi – Formado e pós-graduado pela USP (Universidade de São Paulo), é Ex-Preceptor da disciplina de Ginecologia da Universidade, recebeu o prêmio de “Melhor Médico Residente” pela disciplina de Obstetrícia da USP (Prêmio “Prof. Bussâmara Neme” – 2010). É especialista em Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva pelo Hospital Sírio-Libanês, com Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia, certificado em Endoscopia Ginecológica (Videolaparoscopia e Histeroscopia) pela FEBRASGO / AMB. Atualmente, é médico do Hospital Albert Einstein em São Paulo e possui um canal no YouTube, (youtube.com/igorpadovesi), com mais de 500 mil inscritos.