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Veja programação de desfiles das divisões de acesso do carnaval do Rio

Enquanto a Marquês de Sapucaí recebe as escolas do grupo de elite do carnaval Carioca, as demais divisões apresentam seus sambas na Intendente Magalhães, estrada que fica na Zona Norte da cidade. São cinco dias de desfile, que incluem a Série Prata, Bronze e o Grupo de Avaliação. O domingo já teve apresentações e hoje (12) é a vez das escolas da Série Bronze.

A responsável por organizar o evento é a Superliga. No total, são 71 agremiações. Os desfiles estão programados para as seguintes datas, começando sempre às 20h:

11/02 – Grupo de Avaliação

12/02 – 1ª noite da Série Bronze

13/02 – 1ª noite da Série Prata

16/02 – 2ª noite da Série Prata

17/02 – 2ª noite de Série Bronze

A Série Prata, que começa amanhã (13) terá transmissão da TV Brasil a partir das 19h.

Série Bronze: ordem dos desfiles

Segunda-feira, 12/02

Raça Rubro-Negra, União de Villa Rica, Imp. de Brás de Pina, Bangay, Imp. Ricardense, Imp. Nova Iguaçu, Difícil é o nome, Alegria do Vilar, Rosa de Ouro, Unidos Cosmos, Cidade de Deus e Gato de Bonsucesso.

Sábado, 17/02

Curicica, Acadêmicos Jardim Bangu, Siri de Ramos, Imp. Rubro Negros, Chatuba de Mesquita, Unidos São Cristóvão, TPM, Vicente de Carvalho, Acadêmicos do Peixe, Boi da Ilha, Guerreiros Tricolores e Unidos Cabuçu.

Série Prata: ordem dos desfiles

Terça-feira, 13/02

Feitiço Carioca, Praça da Bandeira, Santa Marta, Botafogo Samba C, Santa Cruz, Unidos de Lucas, Arrastão de Cascadura, Vizinha Da Madeira, Império da Uva, Barra da Tijuca, União de JPA, Acadêmicos de JPA, Caprichosos, Fla Manguaça, Acadêmicos da Rocinha, e Arame de Ricardo.

Sexta-feira, 16/02

Tubarão de Mesquita, Ind. de Olaria, Acadêmicos da Abolição, Vila Santa Tereza, Renascer de JPA, Força Jovem, Tradição, Lins Imperial, Engenho da Rainha, Acadêmicos do Cubango, Alegria da Zona Sul, Flor da Mina, Leão de Nova Iguaçu, Concentra Imperial, Jacarezinho e Acadêmicos do Dendê.

PM do Rio prende 235 pessoas nos primeiros dias de carnaval

A Secretaria de Estado de Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que realizou 276 conduções às delegacias de Polícia Civil de todo o estado desde a última sexta-feira (9). A corporação prendeu 235 pessoas e apreendeu 36 adolescentes. Destas prisões, 30 foram realizadas por mandados de prisão em aberto contra os acusados.

A PM retirou 23 armas de fogo das mãos de criminosos, sendo cinco fuzis. Também foram apreendidos 12 simulacros, 2.207 frascos de cheirinho de loló, 4.439 cápsulas de cocaína entre outras drogas.

A corporação também apreendeu mais de 180 objetos perfurocortantes, como facas, estiletes, tesouras, entre outros.

Dois criminosos foram presos através do sistema de reconhecimento facial, um por policiais do 5° BPM (Praça da Harmonia) e o outro por agentes do Segurança Presente.

Na zona sul, policiais militares do 23° BPM (Leblon) prenderam um homem acusado de praticar diversos furtos na região.

No interior do estado, o 25º BPM realizou a prisão de 35 criminosos nos sete municípios que compõem a área de policiamento do batalhão.

Este saldo revela o resultado do esquema de segurança montado pelo comando da corporação com mais de 12.100 militares mobilizados extraordinariamente nas estradas, nas regiões dos Lagos e Serrana, em diversos pontos da capital, além do interior do estado.

Cacique de Ramos faz 63 anos e fortalece história no carnaval do Rio

 

Um dos marcos do carnaval carioca completou 63 anos no dia 20 de janeiro: o Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos, declarado Patrimônio Imaterial da Cidade do Rio de Janeiro.

No início dos anos 60, jovens de Ramos, na zona norte do Rio de Janeiro, se juntaram para brincar no carnaval, desfilaram pelas ruas do bairro e, no dia 20 de janeiro de 1961, criaram formalmente o bloco. Depois de dois anos desfilando, a partir de 1963 começaram a conquistar espaços no centro da cidade, que na época reunia o maior número de foliões.

Com o passar do tempo, o Cacique de Ramos se transformou em um bloco de embalo e se tornou, nos anos 60 e 70, um fenômeno de multidão formada por amantes da instituição, que saíam de várias regiões do Rio para desfilar. Para Bira Presidente, de 86 anos, que juntou a seu nome a função que exerce, do bloco tradicional já saíram tantos nomes importantes que ele tem que continuar. “Não vamos parar”, garantiu à Agência Brasil.

““Nesses 63 anos de história e de levar essa mensagem de alegria, o Cacique não parou de desfilar. Tenho, dentro do meu conceito e do meu trabalho, uma responsabilidade muito grande”, destacou.

Para manter nossa organização, temos que fazer movimentos sociais e culturais que levam alegria e descontração às pessoas. Isso é uma identificação muito nobre, na qual o Cacique, todo domingo, está sempre cheio, o movimento é impressionante. A gente faz reuniões para  botar o carnaval na rua. O Cacique de Ramos é um bloco tão tradicional que, nesses anos todos, tem sido sucesso na avenida principal, desfilando nos três dias de carnaval [domingo, segunda e terça].”

“Me sinto agraciado por Deus por ter me dado essa missão, que hoje em dia, é conceituada e respeitada por todos aqueles que gostam do samba, de alegria e do carnaval”, concluiu Bira.

Chopp

Sidney Machado, conhecido como Chopp, lembrou que, inicialmente, os desfiles contavam com poucas pessoas, sem formato de agremiação e sem nome. Ele contou que a ideia evoluiu ao longo dos anos, com a chegada de mais pessoas e, então, o bloco foi criado. Foi aí que ele passou a participar do Cacique. “O Cacique é tudo para mim. Ali, eu dou minha vida pela união que temos.”

Segundo o músico, percussionista e ex-chefe de harmonia de escolas de samba do Rio que exerceu durante 12 anos, o nome do grupo foi dado por Tia Conceição, mãe do Bira, que era “feita no santo pela Mãe Menininha do Gantois, da Bahia”.

“O bloco foi crescendo e surgiu o nome do Cacique de Ramos, que praticamente foi dado pela Tia Conceição, mãe do Bira. Ela tinha um candomblé, e isso vem mais ou menos por aí. Tanto que, no Cacique, a tamarineira [árvore plantada na quadra reverenciada por quem visita o local] fica onde está o axé do Cacique, desde o início, com a Tia Conceição.”

Com alegria, o sambista conta que o maior sucesso do bloco foi o samba Água na Boca, lançado em 1964. De lá para cá é cantado nos desfiles do bloco e de outros, além de bailes de carnaval. “Foi o primeiro sucesso do Cacique”, disse.

Símbolos

A marca do bloco, a figura de um indígena estilizado, é referência do carnaval de rua carioca. Como também é a fantasia usada no começo da sua trajetória. A identidade visual carnavalesca do bloco foi criada pelo artista plástico Romeu Vasconcelos. Na época em que as fantasias, sobretudo de indígenas, eram feitas em algodão ou cetim, o modelo era confeccionado com napa.

“A fantasia de napa marca o imaginário do folião do Cacique de Ramos. Ela vestiu gerações de pessoas que relatam com muito prazer e muita emoção o que era vestir essa fantasia tão emblemática, tão livre, que cobria qualquer tipo, tamanho, formato de corpo, masculino ou feminino”, destacou o historiador, membro da diretoria e coordenador do Centro de Memória Domingos Félix do Nascimento do Grêmio Recreativo Cacique de Ramos, Walter Pereira Júnior.

A partir da fantasia, o artista plástico passou a criar um conjunto de símbolos e de imagens, que a tornaram muito notória. “Eram representações muito bonitas nas cores preto e branco, inicialmente, porque até meados dos anos 70, o bloco tinha exclusivamente essas duas cores. Depois é que a efígie do índio, que sempre foi vermelha, começa a aparecer mais na fantasia e a partir daí o vermelho entra também na fantasia”, ressaltou.

Referência musical

A tradição do Cacique não se restringe ao carnaval. É também uma referência no cenário musical. Dos encontros de pagode, que reuniam muitas pessoas ao redor do samba com comida e bebida, nasceram grupos e artistas de destaque como o próprio grupo Fundo de Quintal, que tem na sua formação o presidente do bloco, conhecido como Bira Presidente. A presença da cantora Beth Carvalho também era frequente. As rodas de samba viram surgir sambistas importantes como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Xande de Pilares.

Xande de Pilares espera que o grupo continue agregando pessoas que amam o samba.” Foto: Mariana Oliver / Divulgação

A aproximação de Xande com o Cacique tem relação com a rivalidade que ocorria entre os seus amantes e os do também tradicional bloco do carnaval carioca Bafo da Onça. Quando ele tinha de 13 para 14 anos, a mãe chegou machucada em casa por causa de uma briga entre os foliões das duas instituições. Para defender a mãe, como coisas de criança, ele quis tirar satisfações com o “Tal de Cacique” e foi para a quadra em Ramos achando que chegaria lá e encontraria uma pessoa. Desse momento em diante construiu a sua história no lugar e na música.

“O Cacique é um movimento cultural maravilhoso que eu conheci. Por causa dele, eu estou até hoje no samba, onde pude ver Zeca, Marquinho China, Baiano, Luiz Carlos da Vila, Nelson Cavaquinho, que eu nunca tinha visto pessoalmente, Mussum e aquela mesa maravilhosa que tinha embaixo da Tamarineira. Muitas vezes eu ia para lá e a molecada jogava bola. Tinha uma quadrinha de asfalto. Tenho muitas passagens boas no Cacique”, revelou Xande de Pilares à Agência Brasil.

Para expandir as amizades com os artistas, o cantor se aproximou do percussionista Ubirany Félix do Nascimento, um dos fundadores do Fundo de Quintal, morto em 2020 vítima de covid-19. “Um dia eu peguei intimidade com o Ubirany e, através dele, me aproximei de todos. Tenho muito orgulho de ter tido a paciência para conhecer os personagens do Cacique de Ramos”, completou o cantor.

“Parabéns ao Cacique de Ramos, que ele continue revelando talentos e que continue agregando pessoas que amam o samba.”

Essa junção do carnaval com o samba deu frutos ao bloco que desfilava ao som de músicas próprias, que conquistavam o público e garantiam a empolgação da instituição no centro do Rio.

“O desfile do Cacique, quando se transforma em bloco de multidão, falava muito da horizontalidade. Todos estavam iguais dentro daquela massa compacta de foliões cantando, sambando, extravasando sua alegria, vestindo as cores e a fantasia da instituição, no caso do Cacique a napa carnavalesca, cantando sambas próprios e desfilando dentro do seu cortejo”, disse o coordenador do Centro de Memória.

No compromisso de manter o projeto cultural, o bloco transmite informações sobre a sua história em exposições, palestras e shows. Na parte social, fez convênio com a 4ª Coordenadoria Regional de Ensino do Município do Rio para aulas de música para os alunos do ensino fundamental. Além disso, realiza aulas de percussão aos sábados na sede e aulas de samba aos domingos sem pagar para entrar, relatou Márcio Nascimento administrador-geral do Cacique à reportagem.

Rio de Janeiro – Blocos de rua tradicionais, como Cacique de Ramos e Bafo da Onça, entre outros, desfilam pelo centro do Rio (Vladimir Platonow/Agência Brasil) – Vladimir Platonow/Agência Brasil

Segundo o administrador do Cacique, Márcio Nascimento, a instituição se consagrou como um dos principais destinos turísticos do Rio de Janeiro e aproveitou essa motivação para garantir a sustentabilidade financeira, para manter saudável, esse patrimônio cultural. “O Cacique planeja continuar a promover os seus eventos culturais e buscar novas fontes de financiamento. Abrimos hoje espaços para parcerias, o que vem ajudando na nossa engrenagem a se adaptar às mudanças do mundo moderno”, indicou.

Márcio reconhece que é “uma dificuldade” manter estável um bloco como o Cacique. “Uma das maiores empreitadas que eu enfrentei foi a gestão financeira e a necessidade de modernização da infraestrutura. No entanto, junto com a diretoria de ouro e nós familiares do presidente conseguimos superar esses desafios buscando novas formas de nos mantermos relevantes e financeiramente viáveis”, afirmou Nascimento.

Carnavalesco

André Cezari adiantou para a Agência Brasil, que em 2024 o tema comemorativo celebra as histórias de amor que tiveram origem no bloco sob as mais diversas formas com o título Coração caciqueano uma história de amor. Outro destaque em 2024, de acordo com Cezari é a alegoria que vem a corte com a rainha e as princesas do bloco decorado com corações.

“Esses corações simbolizam os nossos corações caciqueanos que estarão lá desfilando que ao mesmo tempo saltarão aos olhos e esse amor envolvente tocará também todos que estarão na arquibancada na Avenida Chile para que no ano seguinte esse amor cresça e faça com que eles também venham conosco em nossos desfiles e na nossa quadra”, disse, acrescentando que a expectativa é muito grande.

Veja os blocos que saem no Rio nesta segunda-feira

 

Na segunda-feira de Carnaval, multidões de foliões são esperados nos blocos que desfilam no centro e em bairros das zonas Sul, Norte e Oeste da cidade. A previsão da Riotur é que até 5 milhões de pessoas aproveitem o carnaval de 2024 na capital fluminense.

Entre os destaques de hoje (12), estão o Sargento Pimenta, que desfila a partir das 8h, na Glória, e o bloco infantil Largo Do Machadinho, Mas Não Largo Do Suquinho, marcado para as 9h, no Catete.

Confira a lista de blocos oficiais do carnaval de rua do Rio de Janeiro nesta segunda:

Bloco Corre Atrás – 7h (Leblon)

Bloco Do Sargento Pimenta – 8h (Glória)

Bloco Exagerado – 8h (Centro)

Bloco Traz A Caçamba – 8h (Centro)

Que Pena Amor – 8h (Centro)

Vem Cá Minha Flor – 8h (Centro)

Virtual – 8h (Leme)

Banda Polvo Da Ilha – 9h (Ribeira)

Bloco Infanto Juvenil Largo Do Machadinho, Mas Não Largo Do Suquinho – 9h (Catete)

Bloco Da Insanarj – 10h (Centro)

Carvalho Em Pé – 10h (Botafogo)

Dinossauros Nacionais – 10h (Centro)

Banda Clube Nobre Do Bairro Peixoto – 11h (Copacabana)

Banda Inimigos Da Bebida– 11h (Cocotá)

Bloco Seca Copo – 12h (Pitangueiras)

Universibloco – 12h (São Cristóvão)

Grbc Boêmios Da Madrugada – 13h (Tijuca)

Vem Delícia – 13h (Centro)

Acabou Amor – 14h (Tauá)

Bloco Carnavalesco Tudo Bom – 14h (Bangu)

Bloco Das Divas – 14h (Recreio Dos Bandeirantes)

Bloco Peru Sadio – 14h (Leme)

Comuna Que Pariu! – 14h (Centro)

Banda Do Riviera – 15h (Barra Da Tijuca)

B.C. Ciganas Feiticeiras De Olaria – 15h (Olaria)

Bloco Carnavalesco Vermelho E Preto E Coirmãos – 15h (Padre Miguel)

Bloco Papo De Cachaça – 15h (Méier)

Grcbc Engata No Centro – 15h (Centro)

Associação Carnavalesca Infiéis – 16h (Centro)

Banda Cabeça De Chave Da Rua Duvivier – 16h (Copacabana)

Banda Da Inválidos – 16h (Centro)

Bloco Balanço Do Jamelão – 16h (Grajaú)

Bloco Balanço Do Pinto – 16h (Tijuca)

Bloco Da Treta – 16h (Centro)

Bloco Flor De Lis – 16h (Centro)

Bloco Regos Barros – 16h (Santo Cristo)

Estica Do Flamengo – 16h (Flamengo)

U Amo Cerveja – 16h (Centro)

G.R.B.C. Aconteceu – 16h (Santa Teresa)

Bloco Da Colonia – 17h (Ilha De Paquetá)

Tigre Do Coqueiro – 17h (Pedra De Guaratiba)

Bastidores do Carnaval: os trabalhadores que constroem a folia no Rio

 

Quando chega o momento de desfilar na Sapucaí, um item é fundamental para os integrantes de uma escola de samba: os calçados. Ninguém quer chegar ao fim da avenida, depois de mais de uma hora de apresentação, com bolhas e dores nos pés. Além do conforto, é levada em consideração a beleza da peça, principalmente para estrelas que atraem mais olhares, como passistas, musas e destaques.

Pedro Alberto produz sapatos há 60 anos – Reprodução TV Brasil

Nesse ponto é que entra em cena o sapateiro Pedro Alberto, que há 60 anos produz sandálias para diferentes agremiações do carnaval carioca. Salto, palmilha, plataforma. Tudo é feito por ele, que se orgulha de construir um material sólido e seguro, reforçado para evitar qualquer tipo de problema no Sambódromo. Certa ocasião, a sandália de uma rainha de bateria quebrou no meio do desfile e tentaram acusar Pedro. Prontamente, várias pessoas se colocaram em defesa do sapateiro e avisaram que o produto quebrado não tinha sido feito por ele.

Uma reputação construída há décadas, desde que era pequeno e aprendeu o ofício na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, onde Pedro nasceu e vivia com a família.

“Eu tinha 7 anos. Levava almoço para o meu pai e conheci uma senhora no ponto do ônibus. Aí, ela pediu para eu levar almoço para o marido dela na fábrica de sapatos. Comecei a ganhar meu dinheirinho, fui olhando aquele negócio na fábrica e gostando”, lembra Pedro Alberto. “Quando eu tinha 9 anos e meu irmão, 11, um senhor começou a ensinar para a gente. Mais ou menos com 10 anos, eu já montava uma traseira de sapato, e o meu irmão montava a frente do sapato”.

Quando perdeu o pai, Pedro Alberto decidiu ir para o Rio de Janeiro em busca de mais oportunidades de trabalho, para ajudar a família. Tinha 15 anos na época. Com a ajuda de amigos, produziu calçados para integrantes do bloco Cacique de Ramos e depois passou a Portela. Foi na escola que se tornou mais conhecido e virou um dos principais sapateiros. Apesar do sufoco, acumulou experiência, clientes e um nome de prestígio. Gosta de reforçar que produziu as sandálias das três últimas rainhas do carnaval que foram campeãs.

Chegou a montar uma fábrica, que fazia entre 2 e 3 mil pares em um mês. Hoje, o trabalho é diferente. Um negócio menor, com seis pessoas na equipe, mas com clientela especial e produção personalizada.

“Na Beija-Flor, por exemplo, eu tenho 20 e poucos anos de trabalho. Faço até hoje os sapatos e botas dos mestres-sala e porta-bandeiras. Dificilmente, vou sair das escolas de samba. A Imperatriz foi a última campeã. A sandália da rainha de bateria foi feita aqui, também dos mestres-sala e porta-bandeiras. A presidente mandou fazer muito sapato aqui. Foi muito bacana, fomos campeões junto com eles. É muito bom isso, porque nosso amor vai crescendo cada vez mais.”

Entre cortes e costuras

Edmilson Lima finaliza uma de suas criaçõe – Reprodução TV Brasil

Para que tudo aconteça com sucesso na Sapucaí, milhares de trabalhadores ficam nos bastidores preparando a festa. Algumas dessas histórias são contadas na série Trabalhadores do Carnaval, produzida pela TV Brasil.

Além do sapateiro Pedro Alberto, existem outros profissionais que garantem a confecção das fantasias. É o caso de figurinistas como Edmilson Lima, que há 43 anos cria trajes e acessórios que se destacam na avenida. Para que isso acontecesse, ele precisou de coragem para abandonar o antigo emprego e se dedicar ao que sempre gostou de fazer.

“Com 18 ou 19 anos, eu trabalhava em uma empresa de aço. Não tinha nada a ver comigo, me sentia prisioneiro, sufocado ali. Venho de uma família de costureiros e já tinha o dom para isso. Um dia, recebi convite para um trabalho com figurino de carnaval. Lá, vi uma cabeça de fantasia que poderia ser mudada e transformada. No outro dia, uma pessoa responsável viu o que fiz e ficou encantada”, conta Edmilson.

O figurinista ressalta que o trabalho exige estudos constantes, principalmente com ampliação dos conhecimentos em história. Edmilson cita como exemplo o processo de construção de trajes indígenas e egípcios, em que precisou pesquisar detalhes culturais, estéticos e sociais do passado. E também há a preocupação de atualizar os saberes a cada ano, uma vez que carnavalescos e artistas precisam estar sempre inovando para sua escola se destacar na Sapucaí.

“Os carnavalescos expressam uma vontade. Aí, você sugere a escolha de materiais diferentes. Se a roupa é futurista, tem que procurar algo que que dê um brilho mais high-tech [alta tecnologia]. Se está muito complexo para fazer, procuramos um material mais lúdico, uma coisa mais maluca que ninguém nunca usou. Tipo vamos jogar em cima uma luz escondida para dar um efeito diferente”, explica Edmilson. “É uma profissão que eu consegui abraçar de um jeito que me preenchesse e me desse muita satisfação.”

Estruturas

Nildo constrói estruturas que sustentam sambistas – Reprodução TV Brasil

A criatividade e o trabalho pesado estão presentes nos calçados, nas fantasias, mas também nos carros alegóricos que cruzam a Sapucaí. Nildo Paris é ferreiro e participa do processo de construção das estruturas e engenharias que sustentam os sambistas e a decoração nos veículos. O processo todo leva em média sete meses e envolve profissionais de diferentes áreas na linha de montagem.

A partir de um chassi de caminhão ou de ônibus, surgem os carros alegóricos. Trabalhada a estrutura mecânica, é feita a adaptação do chassi, para que consiga aguentar o peso das alegorias. E são os ferreiros que vão fazer o alongamento do chassi.

“Todo ano tem novidade. Não é só com a engenharia manual, mas fazendo a junção da engenharia manual com o motor e a parte robótica. É uma junção de ideias. O carnavalesco passa o projeto, a gente troca uma ideia, vê o que é melhor para a escola, o resultado do trabalho, da peça que ele quer. Até chegar no resultado positivo.”

Ao lado de Nildo, em média, 60 ferreiros que trabalham na produção das estruturas. É um grupo que acumula a experiência de participar de duas grandes festas do país: o carnaval carioca e o Festival de Parintins, município no interior do Amazonas. Enquanto, no Norte do país, são dois concorrentes, o Boi Garantido e o Boi Caprichoso, no Rio de Janeiro, 12 escolas entram na disputa. Destas, quatro vão desfilar neste ano com peças e material construídos pelo grupo de ferreiros.

Dessa forma, os ferreiros podem se sentir parte importante do intercâmbio tecnológico e cultural entre o Norte e o Sul do país. O trabalho deles se conecta com toda uma engrenagem coletiva que dá vida a duas das principais festas do país.

 “A mesma técnica afinada que usamos em Parintins, aplicamos aqui no Rio também. O acabamento, a parte de estrutura, a engenharia. Há um intercâmbio cultural e de engenharia entre as cidades de Parintins e do Rio de Janeiro”, diz Nildo. “O conhecimento vem dos dois lados. A gente traz do Amazonas e depois leva do Rio. É uma troca de artes, que dá um resultado maravilhoso na Avenida”, enfatiza.

Rio: número de foliões leva Marcha Nerd para Quinta da Boa Vista

Neste carnaval 2024, devido ao crescimento do número de seguidores, o Bloco Marcha Nerd está de casa nova. Depois de dez anos tendo como base a Praça Xavier de Brito, na Tijuca, zona norte do Rio, o novo lar é a Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na região central da capital fluminense.

A concentração de foliões será neste domingo (11), às 12h, na Rua Caminho da Vitória, próximo à área dos quiosques. O show começa às 13h.

O mestre de bateria e produtor da agremiação, Lucas Euphrásio, disse à Agência Brasil que o bloco Marcha Nerd faz um carnaval voltado para o público jovem de 20 a 30 anos de idade, “que gosta de seriado, de filme, de animação, uma porção de coisas que a gente assistia na nossa infância. E a gente pega essas músicas e transforma para uma versão de carnaval carioca, com samba, com ‘funk’, com afoxé, com coco. Mistura tudo”.

Um total de 35 pessoas fica em cima do palco, tocando e convidando os foliões a dançar. A banda tem instrumentos de percussão de uma bateria de escola de samba, com caixa, repique, surdo, tamborim, ganzá e, também instrumentos como guitarra baixo, além de dois cantores que são o Bruno e a Livia. “Nossos nerds que cantam e puxam os hinos das músicas que a gente faz”, apontou Euphrásio.

Como faz anualmente, o bloco realizará concurso de cosplay (pessoas que se fantasiam de determinados personagens, com acessórios e outros artigos).

O concurso presta homenagem aos que investem tempo e dinheiro na confecção de fantasias elaboradas para disputar os primeiros lugares. “Tem muita coisa japonesa mas, hoje em dia, você vê muita coisa brasileira, americana, de vários lugares”, informou o produtor do bloco. O concurso não é aberto a crianças, mas só a maiores de idade, esclareceu. Camisetas, adesivos e chaveiros do próprio bloco serão distribuídos aos vencedores, além de ‘kits’ disponibilizados por patrocinadores da agremiação.

Confira os blocos de carnaval do Rio de Janeiro neste domingo

O domingo de carnaval do Rio de Janeiro vai continuar a reunir milhares de foliões em blocos que desfilam pelas ruas do centro e nas zonas sul, norte e oeste da cidade. A previsão da Riotur é de que 5 milhões de pessoas aproveitem o carnaval de 2024 na capital fluminense.

Entre os destaques estão o Cordão do Boitatá, que inicia a folia às 11h, no Centro, e o Simpatia é Quase Amor, marcado para às 14h, em Ipanema. 

Confira a lista de blocos oficiais do carnaval de rua do Rio de Janeiro neste domingo:

Bloco Areia – 7h  (Leblon) 

Charanga Talismã – 7h (Vila Kosmos)

Laranjada Samba Clube – 7h (Laranjeiras)

Divinas Tretas – 8h (Flamengo)

Bangalafumenga – 9h (Glória)

Bloco Buda Da Barra – 9h (Barra Da Tijuca)

Fanfinha – Fanfarani Infantil – 9h (Botafogo)

G.R.B.C.Vermelho & Branco Da Z-10 – 9h (Zumbi)

Bloco 10 + Malandros – 10h (Bangu)

É Tudo Ou Nada – 10h (Humaitá)

Grêmio Recreativo Bloco Carnavalesco Arrastão Da Barra De Guaratiba – 10h (Barra De Guaratiba)

Que Merda É Essa? – 10h (Ipanema)

Cordão Do Boitatá – 11h – (Centro)

Quer Swingar Vem Pra Cá 11h – (Vila Isabel)

Bloco Da Tartaruga – 12h (Paquetá)

Grêmio Recreativo Bloco Carnavalesco Vem Que Eu Te Abraço – 12h (Padre Miguel)

Marcha Nerd – 12h (São Cristóvão)

Banda Do Choppinho Da Paula Freitas – 13h (Copacabana)

Bloco Carnavalesco Cabrito Mamador – 13 (Tauá)

Bloco Toca Rauuul – 13h (Centro)

Vou Te Pescar – 13h (Padre Miguel)

Bloco 442 – 14h (Saúde)

Bloco Abraço Do Urso 14h – (Santíssimo)

Bloco Carnavalesco Xodó Da Piedade – 14h (Piedade)

Bloco Cultural Ai Que Vergonha – 14h (São Conrado)

Bloco Gargalhada – 14h (Vila Isabel)

Bohemios Da Pracinha E Vital – 14h (Curicica)

Bola Club – 14h (Quintino)

Coroinha – 14h (Pedra De Guaratiba)

Grbc Alegria Do São Bento – 14h (Padre Miguel)

G.R.B.C.Peru Do Méier – 14h (Méier)

Grêmio Recreativo Bloco Asa Temperada – 14h (Vargem Grande)

Simpatia É Quase Amor – 14h (Ipanema)

Associação Bloco Carnavalesco E Cultural Canetas De Ouro – 15h (Vila Isabel)

Banda Raizes Da Vila Da Penha – 15h (Vila Da Penha)

Bloco Do Limão Do Picareta – 15h (Honório Gurgel)

Bloco Pela Saco – 15h (Botafogo)

G.R.B.C. Arrasta Sepetiba – 15h (Sepetiba)

Grêmio Recreativo Bloco Carnavalesco Badalo De Santa Teresa – 15h (Santa Teresa)

Hora Certa – 15h (Relaengo)

Agytoê – 16h (Centro)

A.R.B.C. Império Da Folia – Catete – 16h (Catete)

Arteiros Da Gloria – 16h (Glória)

Banda Do Lidinho Copacabana – 16h (Copacabana)

Birita Mas Não Cai – 16h (Madureira)

Bloco Bonecas Deslumbradas De Olaria – 16h (Olaria)

Bloco Carnavalesco Bambas Do Curuzu – 16h (São Cristóvão)

Bloco Carnavalesco Perereca Do Grajaú – 16h (Grajaú)

Bloco Da Praia – 16h (Pedra De Guaratiba)

Bloco Tchetcheca – 16h (Engenho De Dentro)

Fanfarani – 16h (Botafogo)

Grbc Virilha De Minhoca 16h – (Bangu)

Grêmio Recreativo Bloco Carnavalesco Piranhas Da Senador Nabuco De Vila Isabel – 16h (Vila Isabel)

Lama O Bloco – 16h (Sepetiba)

Os 300 – 16h (Padre Miguel)

Pragradar Da Rocinha – 16h (Gávea)

Queima De Bangu – 16h (Bangu)

Bloco Das Tigresas – 17h (Pedra De Guaratiba)

Caldeirão Do Coqueiro – 17h (Santíssimo)

G.R Banda Da Conceição – 17h (Saúde)

Grêmio Recreativo Bloco Carnavalesco Mau Mau De Bangu – 17h (Bangu)

Bloco Da Treta – 18h (Centro)

Grilo De Bangu – 18h (Bangu)

Série Ouro: oito agremiações se apresentam no Rio neste sábado

O sambódromo do Rio de Janeiro será palco na noites deste sábado (10) dos desfiles de oito escolas de samba, fechando assim as apresentações da Série Ouro. A agremiação vencedora conquista o direito de se apresentar no próximo ano no Grupo Especial, a elite do carnaval carioca.

Irão se apresentar nessa ordem: Sereno de Campo Grande, Em Cima da Hora, Arranco do Engenho de Dentro, União da Ilha do Governador, Unidos de Padre Miguel, São Clemente, Unidos de Bangu e Império Serrano. Os enredos irão transitar por temas variados que envolvem tradições nordestinas, personalidades da cultura e da saúde, mensagens contra o racismo e práticas religiosas. Os desfiles se iniciam às 21h.

Na noite de sexta-feira (9), outras oito escolas percorreram a Marquês de Sapucaí: União do Parque Acari, Império da Tijuca, Acadêmicos de Vigário Geral, Inocentes de Belford Roxo, Estácio de Sá, União de Maricá, Acadêmicos de Niterói e Unidos da Ponte. A plateia acompanhou uma diversidade de enredos, que explorou temas como manifestações culturais regionais, cultos a ancestralidades e homenagens a trabalhadores informais.

Em geral, as agremiações da Série Ouro possuem menos recursos que as do Grupo Especial para levar seus enredos ao sambódromo. No primeiro dia de desfiles, foram registrados alguns contratempos com atrasos na chegada de fantasias, dificuldades com carros alegóricos e até um princípio de incêndio em um deles, durante a apresentação do Império da Tijuca.

Entre as 16 agremiações da Série Ouro, muitas delas já estiveram na elite do carnaval carioca e duas chegaram inclusive a se sagrar campeãs. A escola Estácio de Sá faturou o título em 1992 com o enredo Pauliceia Desvairada. Já o Império Serrano já foi coroado nove vezes, tendo sido uma das agremiações mais vitoriosas nas décadas de 1940 e de 1950. Seu último título foi em 1982, há mais de quarenta anos, com o enredo Bum Bum Paticumbum Prugurundum.

Bloco da Terreirada reúne no Rio famílias e foliões criativos

O verde da Quinta da Boa Vista ganhou a companhia de novas cores em um carnaval para todas as faixas etárias. Assim como acontece todos os sábados, o parque localizado na zona norte do Rio de Janeiro foi o destino escolhido para o passeio de diversas famílias. Mas não é um fim de semana comum: crianças, pais e avós caíram na folia com o Bloco da Terreirada.

Junto a eles, jovens com fantasias coloridas formavam uma aglomeração para acompanhar o encontro entre ritmos nordestinos e a tradição do carnaval carioca. A apresentação do Bloco da Terreirada é repleta de signos e referências da cultura popular, em especial o Reisado de Congo do Cariri.

O reencontro de Isaque com sua mãe, após um pequeno susto, comprovava a atmosfera acolhedora. Após o sumiço da criança em meio aos presentes, líderes do bloco pediram que todos se assentassem. A mobilização permitiu que ela fosse rapidamente localizada, sob aplausos coletivos.

Fantasia de Vincent Van Gogh fez sucesso na Quinta da Boa Vista. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil 

A criatividade das fantasias facilitava as brincadeiras entre desconhecidos. Um Vincent Van Gogh não cansava de tirar fotos com foliões que o abordavam sucessivamente. Vestindo uma das fantasias mais criativas, a diretora de arte visual Beatriz Moisés destacou que a atmosfera também é influenciada pelo conforto do espaço. Com uma grande nuvem na cabeça, ela teria dificuldades de se locomover em outros blocos que transitam por vias apertadas.

“Fiz bem de última hora. Estava trabalhando na montagem de um cenário e aproveitei materiais que estavam sobrando. Usei uma lanterna japonesa para montar a base de cabeça e acrilon por fora. E fiz essa chuvinha com pedrinhas. Primeiro surgiu a ideia de fazer a fantasia. Depois eu pensei em um bloco que onde eu pudesse ir com ela. Um que coubesse ela. E como eu amo o Terreirada, foi a escolha certa. Não sei dizer o porquê, mas eu amo o Terreirada. Eu venho todo ano sim, acho lindo”, explicou.

Outros dois foliões também viram no Terreirada Cearense o bloco ideal para exibiram suas fantasias originais. “A ideia era fazer algo que ligado às crianças, ligado à paz. Então a gente quis juntar bonecos, fitas, emojis. Uma mistura justamente para colocar a criança para fora nesse carnaval. Quando a gente terminou o figurino, a gente falou: ‘é a cara de uma terreirada’. A gente vai se divertir bastante”, disse o agente de viagem, Leonardo Silva.

O bloco surgiu em 2012 e, desde 2015, tem a configuração de banda, percussão e perna de pau. Anualmente, há duas grandes apresentações: uma celebração de carnaval e um arraial em junho, também na Quinta da Boa Vista. Ensaios e outros eventos menores também são realizados sem data fixa.

 Foliões na apresentação de carnaval do bloco da Terreirada Cearense, na Quinta da Boa Vista. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Segundo explicou à Agência Brasil a produtora-executiva do bloco, Juliana Costa, a banda é composta por Deya Motta, Natascha Falcão, Thalita Duarte, Vitoria Rodrigues, Beto Lemos, Gabe Pontes e Eduardo Karranka. O desfile mobilizou ainda 200 componentes, divididos igualmente entre a Ala da Percussão e a Ala dos Pernaltas.

Entre os participantes, estão alunos de oficinas de percussão e de perna de pau realizadas pelo bloco. “A gente tem parceria com dois projetos. Um é a Liga do Bem. O outro é o Ser Criança Perna de Pau, que levam as crianças para a apresentação”, informou Juliana. Cerca de 15 crianças participam da oficina, entre 8 e 14 anos de idade, além de alguns pais e mães.

A Ala de Percussão está sob responsabilidade pela maestrina Thais Bezerra, que também assina a direção musical dos enredos e apresentações do bloco. Ela comanda uma oficina dois dias por semana. Nas aulas, ela trabalha a música como ferramenta do brinquedo popular, explorando os folguedos e a diversidade rítmica da cultura brasileira. São usados instrumentos variados como zabumba, alfaia, Caixa, xequerê, ganzá, triângulo e agogô.

Já a Ala Pernalta se desdobra da oficina de perna de pau que, desde 2014, estrutura a linguagem performática das apresentações. As aulas são comandadas pela atriz, educadora e artista multilinguagem Raquel Potí, também responsável pela direção artística e cênica do bloco. A oficina acontece nos jardins do Museu de Arte Moderna (MAM), na zona sul do Rio de Janeiro, aos sábados. Conforme divulga o bloco, as aulas proporcionam aos alunos a oportunidade de “ver a si e o mundo a partir de um novo ponto de vista, potencializar potências, fortalecer comunidades, promover o desenvolvimento pessoal e coletivo, brincar e fazer arte”.

 Apresentação de carnaval do bloco da Terreirada Cearense, na Quinta da Boa Vista. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Bebida mineira

A bebida que se tornou febre no carnaval de Belo Horizonte nos últimos anos também marcou presença na Quinta da Boa Vista. Fabiano de Gonçalves Medeiros apostou na venda do xeque mate para buscar uma renda extra em meio à folia. “Está pegando bem, está fazendo sucesso aqui. Tem uma curiosidade por causa dos ingredientes. E culturalmente o mate é muito presente no Rio. As pessoas tomam na praia, nas lanchonetes”, disse.

Goiano, Fabiano é geólogo e está realizando sua pós-graduação no Rio de Janeiro. Uma das matérias do curso foi concluída em intercâmbio na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. “Todo mundo lá é apaixonado por essa bebida. Eu fiquei lá um mês. Está fazendo um sucesso merecido. Mas é uma bebida que tem que ter cuidado. Porque o mate com guaraná e limão mascara o gosto do rum. Então você está tomando uma bebida refrescante, mas que tem mais de 8% de álcool. Na terceira ou quarta, já pode ficar balançado”, conta.

Rio: governo aplica repelente contra dengue em foliões, no Sambódromo

Equipes do governo fluminense, munidas de repelentes para espantar o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, receberam, nessa sexta-feira (9), os foliões que aproveitaram a primeira noite de desfiles das escolas de samba da Série Ouro, na Marquês de Sapucaí. A ação faz parte da campanha “Contra a Dengue Todo Dia” e objetiva aproveitar o palco do maior espetáculo da Terra para conscientizar a população sobre a necessidade de combater a proliferação do mosquito.

Até a última quinta-feira (8), foram registrados 31.133 casos prováveis de dengue em todo o estado. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) recebeu três notificações de óbitos dos municípios, sendo um a capital do estado, um em Mangaratiba e um em Itatiaia. Em 2023, foram 51.494 casos e 30 óbitos confirmados.

Além de proteger e conscientizar o público nas arquibancadas, a campanha da SES amplifica o alcance da mensagem “10 minutos que salvam vidas”, que orienta as pessoas para combater os focos do ‘Aedes aegypti’ existentes nas residências, onde estão 80% dos criadouros das larvas do mosquito.

Apoio da população

A secretária estadual de saúde, Claudia Mello, explicou que a partir de dezembro de 2023, quando foi percebido pelo órgão um aumento atípico de casos de dengue para essa época do ano, estão sendo treinados médicos dos 92 municípios do estado e das emergências e UPAs da rede estadual para atendimento a pacientes com suspeita de doença, dando suporte aos municípios com equipamentos, insumos e montagem de salas de hidratação e, usando a tecnologia para monitoramento dos casos. “Mas é fundamental contarmos com o apoio da população no combate ao mosquito dentro de casa, porque é lá que está a maior parte dos focos do Aedes aegypt, destacou a secretária.

A aposentada Alilia Costa Gomes foi uma das primeiras foliãs no Sambódromo a aplicar o repelente nas pernas e nos braços. “Não posso pegar dengue de jeito nenhum. Faço tratamento de câncer e não tinha me lembrado de passar o repelente antes de sair. A ideia foi nota dez. Estão de parabéns”, afirmou.

Outra que aprovou a iniciativa da SES foi a chilena Valesca Vargas. Quando saiu do Chile com o marido e dois filhos para curtir o carnaval no Rio de Janeiro, Valesca não sabia do aumento de casos de dengue no estado. “Temos mesmo que nos proteger, principalmente as crianças. É muito bom que vocês façam essa distribuição. Não sei se os turistas vêm pra cá com repelente”, disse a estrangeira.

Continuidade

A ação prossegue neste sábado (10), segunda noite de apresentações das escolas de samba da Série Ouro, bem como nos desfiles do Grupo Especial, no domingo (11) e segunda-feira (12), dias em que também desfilarão pela pista uma faixa com a mensagem “10 minutos que salvam vidas” e uma ambulância “fantasiada” com a identidade visual da campanha. Além de oferecer repelente para os espectadores, a campanha do governo do estado na Sapucaí conta com vídeos educativos exibidos em nove telões espalhados pelo Sambódromo.

Plano Estadual

Em 26 de janeiro deste ano, o governador Cláudio Castro e a secretária Claudia Mello lançaram o programa Gov.RJ contra a Dengue Todo Dia!, que envolve o uso de tecnologia, qualificação e apoio aos 92 municípios do estado, totalizando investimento de R$ 3,7 milhões.

Foram comprados equipamentos e insumos que estão sendo distribuídos aos municípios com maior incidência de casos, para a montagem de até 80 salas de hidratação, que terão capacidade para atender, ao todo, até 8 mil pacientes por dia. Além disso, a SES está treinando 2 mil médicos de emergências e profissionais de saúde dos 92 municípios para garantir o diagnóstico mais preciso e o tratamento correto, como também a capacitação no atendimento às gestantes infectadas. Um total de 160 leitos de nove hospitais de referência do estado poderá ser convertido, inicialmente, para tratamento da dengue, como foi feito na pandemia da covid-19.