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Quilombolas participam da 2º edição do Fliparacatu na cidade mineira

“Pra eu falar hoje que eu sou uma mulher negra, quilombola, teve um preço muito alto”. Quem afirma isso é Rose Bispo, paracatuense de 47 anos que passou por uma longa jornada até entender que fazia parte de duas comunidades remanescentes de quilombos.

Ela conta que a mãe não falava sobre o assunto. Mas ela tinha perguntas e foi atrás de descobrir as respostas. Nesse processo, descobriu ser das comunidades de Porto Pontal, uma das mais antigas de Paracatu e reconhecida pela Fundação Cultural Palmares, e da comunidade dos Bagres, que migrou para a cidade há mais de 80 anos e está em processo de reconhecimento.

“Para mim, foi um momento de muita surpresa e de muita felicidade. E eu falei: agora eu vou ter que tomar conta disso. Isso é tudo meu”, lembra.

Rose é a curadora da Feira de Economia Criativa da segunda edição do Festival Literário Internacional de Paracatu. É a primeira vez que o festival conta com o espaço, onde os artesãos e empreendedores da cidade podem expor seus trabalhos e produtos. Ela lamenta que a cidade ainda não tenha alcançado todo o potencial de aceitação de sua identidade quilombola e fala do preconceito que ainda resiste.

Ela comemora, entretanto, os avanços, como a criação do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, em 2018, do qual é presidente, e do Departamento de Igualdade Racial, da Secretaria de Cultura e Turismo.

Rose, que é capoeirista, precursora da cultura afro-brasileira, acredita que o Conselho tem feito um bom trabalho junto às cinco comunidades que já são reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares e que o desafio, agora, é fortalecer o sentimento de pertencimento desses quilombolas.

“Existe hoje uma juventude quilombola que se auto reconhece, que se fortalece. Aqui na Fli, por exemplo, tem muito jovem de cabelo black, de cabelo trançado. A gente tem inclusive um estande que é das trancistas. Então, a gente se apoderou muito disso”.

O estande que Rose cita é o da Valeria Ferreira Gomes. Aos 35 anos, Val, como é conhecida, começou a trançar cabelos aos 16, aprendendo com a tia, uma trancista tradicional do quilombo São Domingos. O ofício, mais do que um trabalho, foi aprendido no quintal de casa.

Hoje, ela tem um estúdio e diz que, o que faz, é mágico.

“É mágico, sabe, empoderar mulheres. A pessoa entra com a cabecinha baixa, triste, e ela sai com a cabeça levantada, toda feliz e olhando no espelho. Foi meu sonho, porque a minha tia fazia isso comigo quando eu era pequena e eu queria que as pessoas sentissem isso que eu sentia”.

Val comemora a participação no Fliparacatu e a ocupação de um espaço da cidade que é considerado de elite. “Trançar aqui no Largo do Rosário é muito importante também para a gente, porque é um lugar que é um bairro mais elitizado e aí com a cultura trazendo para cá, a gente quebra esses tabus, né?”.

Outro projeto que saiu do território São Domingos para ocupar o Largo do Rosário é a Fábrica de Biscoitos. Janaína Lopes de Moura, de 34 anos, conta que é a primeira vez que a fábrica, criada para geração de renda das mulheres quilombolas, sai do quilombo.

Janaína diz que não pensa em sair do quilombo e fica feliz em poder ter uma fonte de renda estando perto dos filhos. O mais novo, de apenas um ano, já se interessa pela caretagem, dança de origem africana que passa de pai para filho nas comunidades de Paracatu.

“Eu tenho um menino de 11 anos e ele não gosta. E eu ficava assim: ai meu Deus, eu não vou ter nenhum filho para dançar careta. Mas eu tive outro menino, que tem um ano e só de bater ele já tá pulando. Então, assim, é uma coisa que tá no sangue, que é só viver. Eu amo a minha comunidade”.

Comunidade que vem da ancestralidade, de longos passos e que, se depender dos quilombolas, não se perderá. Rose Bispo se coloca como uma das responsáveis por esse processo, mas acredita que essa luta não é só dela.

“Tem um monte de gente que vem atrás de mim. Eu trago aqui, através da minha voz, comunidades quilombolas, o hip hop, a capoeira, a dança afro”.

Itamar Vieira Júnior, que participa do Fliparacatu pela segunda vez, acredita ser um privilégio estar em uma cidade com tanta história, onde poderia ser ambientada a narrativa do seu livro, Torto Arado.

“Acho que [Paracatu] conta um capítulo importante da história desse país, né? Porque aqui se encontra essa diversidade. É uma cidade com uma herança da diáspora, da formação do Brasil, que ainda é muito presente, marcante, tá em todo lugar”.

 

*A repórter viajou a convite da programação da Fliparacatu

Dia Internacional da Pessoa Desaparecida: Mães da Sé lança campanha

Na capital paulista, o movimento social Mães da Sé lançou hoje (30), Dia Internacional da Pessoa Desaparecida, a campanha T-Search, o #OutfitDaVisibilidade, para sensibilizar a população, o Poder Público e as autoridades policiais quanto aos casos de desaparecimento. O nome da iniciativa e a hashtag utilizam as expressões em inglês “t-shirt”, que mistura o significado de camiseta e busca, e “outfit”, traduzida como combinação de roupas. A ideia é que os rostos das pessoas desaparecidas estampem camisetas que poderão ser compradas (tsearch.com.br) por qualquer um e facilitem a circulação e elucidação dos casos.

A ação é feita em parceria com o coletivo Weber Shandwick e as peças de roupa foram confeccionadas na Galeria do Rock, ponto famoso de São Paulo por vender artigos como camisetas de bandas do gênero musical. Participam da campanha personalidades influentes, como Luana Piovani, Xuxa, Caco Ciocler, Luiza Possi, Bela Gil e Vitor Belfort, cuja irmã desapareceu em 2004 e até hoje não foi localizada.

No Brasil, 183 pessoas desaparecem todos os dias, em média, conforme levantou o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Há predominância de homens (62,8%) e negros (54,3%).  Além disso, crianças e adolescentes entre 12 e 17 anos representam cerca de 30% dos desaparecidos.

O Movimento Mães da Sé (Associação Brasileira de Busca e Defesa à Criança Desaparecida) é uma entidade sem fins lucrativos. A cada 15 dias, as integrantes se reúnem nas escadarias da Catedral da Sé, realizando uma manifestação silenciosa com fotos e cartazes de seus filhos desaparecidos.

“Somos irmanadas pela dor, a dor da perda, pela esperança de encontrar uma resposta. O desaparecimento é, infelizmente, uma causa invisível aos olhos da sociedade e das autoridades “, declarou, em seu discurso, Ivanise Esperidião, presidente da organização, fundada em 1996 e que já encontrou 5,5 mil pessoas.

Luta e luto

Era 19 de setembro de 2013. Marta Castelo Branco Torres estava empregada, desempenhava um trabalho delicado, o de cuidar de crianças. Morava na capital paulista, enquanto uma de suas filhas, Eliene, de 36 anos, desapareceu, no município de Juquitiba (SP), na volta da igreja para sua casa.

São Paulo – Dalia (irmã) e Marta (mãe de desaparecida). Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Eliene vivia com o marido e dois filhos. Segundo Marta, era uma mulher “bonita, uma senhora” e não tinha jamais sinalizado que pretendia fugir ou algo semelhante, especialmente porque amava muito suas crianças. Algo que fica em aberto até hoje é a dúvida sobre a participação de seu genro no sumiço da filha, pois ele a agredia dentro de casa. “Ela desapareceu um dia antes de assinar a separação”, conta Marta, que não suportou mais trabalhar com crianças, por ter adoecido em diversas dimensões, e hoje é costureira.

“Os policiais diziam: ela deve ter se cansado do marido e volta”, acrescenta, evidenciando uma reação bastante comum nos casos de desaparecimento, que é a minimização do problema, tanto por parte de conhecidos como de autoridades que têm o dever de investigar o que de fato ocorreu. “Já dormi e acordei muitas vezes aqui na Praça da Sé.”

Hilda Moisés da Conceição, de Desterro na Paraíba, veio a passeio a São Paulo para tentar espairecer, depois de completado um mês da morte do marido, e, por acaso, andava pela Praça da Sé quando viu a mobilização da campanha T-Search. A conexão com seu filho Edvaldo Ferreira de Vasconcelos, de 39 anos, foi cortada em 11 de dezembro de 2011. Ele vivia na capital paulista e viajou a São Miguel dos Campos, em Alagoas, com o primo. Então, sumiu.

“Ele disse que meu filho abriu a porta do carro e saiu correndo para o meio do canavial. É esse assunto até hoje”, narra ela.

“[O primo] É minha família, né. Então, fico sem resposta”, emenda, após longa pausa e um suspiro. “Meu filho não era louco, só bebia. Se aconteceu isso… Só iam eles dois. Aí, a única versão é a do rapaz, primo dele. Eu pergunto a Deus. Ele continua contando a mesma história.”

O irmão de Edvaldo, Eberaldo, comenta que registraram boletim de ocorrência, mas que foi em livro, não em sistema informatizado, embora o ano fosse 2011.

“O CPF dele está ativo. Se foi morto, ninguém achou. Toda eleição, eu levo o título dele e mando olhar para ver se ele votou. Nunca votou. Nem nunca fez compra em lugar nenhum”, afirma Hilda.

Ao estar diante da outra filha da paraibana, Maria do Socorro Ferreira de Vasconcelos, também se pode constatar como a falta de explicações desorienta e, em certos casos, reorienta as pessoas próximas do desaparecido ou desaparecida. “Ele não tinha problema com a família. Por que não achou o caminho de novo? Mas a esperança está viva. Devido ao vício, pode ter virado morador de rua. Depois disso, a gente começa a ver a situação de morador de rua com outros olhos. Até então, eu olhava, tinha dó, mas medo também, porque não sabe o motivo de estar ali. Agora comecei a olhar mais para ele.”

Tecnologias e dedicação

Presente no lançamento, o cabo Cândido, da SOS Desaparecidos, da Polícia Militar de Santa Catarina, é um dos três profissionais que compõem a equipe e entregam tudo de si. Em entrevista à Agência Brasil, ele ressaltou que a forma como desenvolvem os trabalhos no dia a dia foi sendo aprimorada com o tempo. Um exemplo disso foi se reposicionar e ficar a postos na rodoviária local, por perceber que estar ali aumenta a chance de acharem alguém dado como desaparecido.

“Tudo isso ajuda na efetividade. Erramos bastante nesse caminho e com os erros a gente aprendeu”, afirma Cândido.

São Paulo (SP) 30/08/2024 – Uma ação destinada à conscientizar a população sobre pessoas desaparecidas, foi organizada na Praça da Sé. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O policial ressaltou, ainda, que o grupo especializado mantém parceria com o Ministério Público do Rio de Janeiro, que utiliza bem o Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (Sinalid), fundamental para cruzamento de dados. Há também, na conjugação de táticas, a consulta de bases de dados do setor público, como as de agências de emprego.

“Em um dos casos, a família do desaparecido comentou somente depois de dois meses que ele havia dito, no dia em que sumiu, à mãe que aquela seria a última vez em que ela o veria. Ela também tardou a dizer que tinha acesso ao email do jovem”, exemplifica.

“[A área de desaparecidos] É o único lugar em que a gente encontra uma pessoa morta e a mãe fica feliz. É muito pesado. As pessoas não têm noção do que é o desaparecimento. Por isso que quem trabalha lá é muito empenhado. O pessoal acha que vai para o setor e vai ficar tranquilo. Não é assim. É muita carga de trabalho e só fica quem realmente se identifica e se empenha”, diz o cabo.

Familiares de classes mais altas, pontua o cabo, muitas vezes querem evitar divulgação por acharem que atrairia holofotes. “A gente fala: ‘Olha, desaparecimento não é crime, pode ter acontecido alguma coisa com a pessoa e, mesmo assim, às vezes não autorizam a divulgar”, diz.

Outra colaboração preciosa para a equipe é o Ministério Público do Trabalho. “A gente sempre fica ligada na lista de pessoas em trabalho escravo. É um leque de situações que você tem que cobrir. A tecnologia ajuda muito, principalmente a câmera de reconhecimento facial. Toda pessoa que desaparece a gente coloca no cadastro da câmera, em certo perímetro. Quando ela cruza, a câmera identifica, mesmo que tenha sido há duas semanas atrás.”

Em sua rápida fala ao microfone, a comandante Elza Paulina da Guarda Civil Metropolitana (GCM) pontuou que, em um mês de funcionamento das câmeras de reconhecimento facial do sistema Smart Sampa identificaram 11 desaparecidos. A comandante já foi secretária municipal de Segurança Urbana.

Teto do Santuário do Morro da Conceição desaba no Recife

O telhado do Santuário do Morro da Conceição, na zona norte do Recife, desabou nesta sexta-feira (30), por volta das 13h30, durante uma distribuição de cestas básicas. Equipes do Corpo de Bombeiros, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192), da Polícia Militar (PM) e da Defesa Civil estão no local, atuando nas ações emergenciais.

De acordo com o prefeito da capital pernambucana, João Campos, duas mortes foram confirmadas. “Estou no Centro de Operações (COP) do Recife, coordenando as ações da prefeitura no suporte ao ocorrido na Igreja do Morro da Conceição. Infelizmente, dois óbitos já foram confirmados, após a queda do telhado”, publicou o prefeito na rede social X.

Os feridos foram levados ao Hospital da Restauração, no centro da cidade, e para a Unidade de Pronto Atendimento de Nova Descoberta, na mesma região do acidente.

Repercussão

Em nota publicada na rede social Instagram, o Santuário Nossa Senhora da Conceição informa que a prioridade, neste momento, é a assistência às vítimas da tragédia. “O Santuário Nossa Senhora da Conceição se une aos moradores do nosso amado Morro neste momento. De imediato, estamos ao lado das vítimas e de seus familiares, nossa prioridade. Equipes de socorro estão presentes numa força tarefa em atendimento deste trágico acidente. Que as nossas orações sejam elevadas à Deus por intercessão da Imaculada Conceição”, lamentou o reitor do santuário, padre Emerson Borges .

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, em viagem ao interior do estado, também se manifestou sobre o acidente em uma nota. “Acabo de saber do desabamento do teto do Santuário do Morro da Conceição, no Recife. Estou no Sertão, para agenda administrativa, mas já acionamos nossas equipes de segurança para resgate e atendimento imediato às vítimas. Que Deus e Nossa Senhora da Conceição console a todos”, escreveu a governadora.

Em nota, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Paulo Jackson Nóbrega de Souza, expressou tristeza pelo acidente no Morro da Conceição e prestou solidariedade às vítimas. “O acidente, que resultou em vítimas e causou grande dor à nossa comunidade, enche nossos corações de luto e solidariedade. Em oração, nos unimos às famílias enlutadas e a todos os que foram afetados por esta tragédia”.

Nas redes sociais, diversas testemunhas postaram vídeos gravados no momento do desabamento do telhado da igreja.

Haddad: sem derrotas no Congresso, governo poderia ter déficit zero

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira (30), em São Paulo, que o Brasil poderia ter um déficit fiscal zero, já em 2024, se o governo não tivesse sofrido algumas derrotas no Congresso Nacional. No entanto, reforçou o ministro, essas derrotas são compreensíveis porque são o resultado de se viver em um país democrático.

“Se tivéssemos aprovado 100% do que propusemos para o Congresso Nacional no ano passado, nós estaríamos com déficit zero este ano – e sustentável. Mas tivemos percalços: ‘não dá para fazer isso de um ano para o outro, tem que escalonar, não dá para acabar com o Perse [Programa Emergencial para Retomada do Setor de Eventos] esse ano’. Então adiamos um pouco os resultados, mas a democracia é isso: é melhor você ter um Congresso dialogando com você do que um Congresso contra a sua opinião”, disse o ministro, que participou na tarde de hoje do evento Conexão 50 – Encontro de Líderes de Franchising, promovido pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), na capital paulista.

De acordo com o ministro, apesar desses percalços, o governo conseguiu bons resultados junto ao Congresso Nacional. “Macroeconomicamente falando, seria melhor fazer o ajuste de uma vez por todas, em um ano. Tem o passivo em 2023 e, em 2024, ajusta as contas. Mas não deu. Mas fomos bem no Congresso. Não deu tudo, mas fomos super bem e conseguimos dialogar com as duas Casas”, reforçou.

Durante o evento, Haddad se mostrou otimista em relação à economia brasileira e disse que, após uma década de difícil, ela pode entrar em um ciclo de crescimento sustentável, dependendo apenas de “pequenos ajustes”. “Acredito que a economia brasileira pode, com pequenos ajustes e perseverança, entrar em um ciclo de crescimento sustentável”.

Segundo o ministro, o Brasil está crescendo em torno de 3% e deve manter este ritmo em 2024. “Não podemos nos conformar em crescer menos do que a média mundial porque nossas vantagens não são a média mundial, são superiores à média mundial. Se crescermos menos do que a média mundial é porque estamos errando em alguma coisa”, defendeu. Entre essas vantagens, destacou, estariam o potencial natural do Brasil, a transformação ecológica e o aumento da escolaridade da força de trabalho.

Pausa humanitária para vacinação contra pólio pode não ser suficiente

Uma campanha de vacinação contra a poliomielite na Faixa de Gaza deve começar no próximo domingo (1º), desde que as pausas humanitárias anunciadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sejam cumpridas por Israel e pelo grupo palestino Hamas. Ainda assim, há o risco de que o prazo de três dias, previsto para cada uma das duas rodadas de vacinação, não seja suficiente para alcançar a meta de 90% de cobertura.

Diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

“Por conta da insegurança na região, das estradas e estruturas danificadas, das populações se deslocando e sendo realojadas, três dias para cada rodada, provavelmente, não serão suficientes para alcançar a cobertura adequada”, alertou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, nesta sexta-feira (30). “A cobertura vacinal será monitorada ao longo da campanha e foi acordado que a vacinação será estendida por um dia, caso necessário.”

Durante entrevista à imprensa, Tedros lembrou que o objetivo da campanha, coordenada pela OMS em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), é imunizar cerca de 640 mil crianças com menos de 10 anos que vivem na região e que nunca receberam doses contra a pólio ou estão com esquema incompleto. A estratégia adotada pelas entidades é começar pelo centro de Gaza, seguindo para o sul e, por fim, para o norte. 

“As equipes de saúde devem ser protegidas e devem ser capazes de conduzir a vacinação de forma segura. Pedimos a todas as partes envolvidas que garantam a segurança desses profissionais, das unidades de saúde e das crianças”, apelou Tedros. “Pausas humanitárias são bem-vindas, mas, nos tempos atuais, a única solução para garantir o bem-estar das crianças de Gaza é um cessar-fogo. O melhor remédio é a paz”, concluiu.

Caso confirmado

Na semana passada, a OMS confirmou o primeiro caso de pólio na Faixa de Gaza em 25 anos. Trata-se de um bebê de 10 meses que vive na cidade palestina de Deir al-Balah, região central do território, e que não havia recebido nenhuma das doses previstas no esquema vacinal contra a doença.

Em seu perfil na rede social X, Tedros disse estar “seriamente preocupado” com a confirmação do caso. “A OMS e seus parceiros trabalharam arduamente para colher e transferir amostras da criança para testagem em um laboratório certificado na região. O sequenciamento genômico confirmou que o vírus está ligado à variante do poliovírus tipo 2, detectada em amostras ambientais recolhidas em junho em águas residuais de Gaza. A criança, que desenvolveu paralisia na perna esquerda, está em situação estável”, informou.

Trégua humanitária

Alguns dias antes, a OMS já havia feito um apelo por uma trégua humanitária em Gaza para que as duas rodadas de vacinação pudessem ser realizada. Em nota, a entidade, junto ao Unicef, pediu que todas as partes envolvidas no conflito implementassem pausas humanitárias durante um período de pelo menos sete dias.

“Essas pausas nos combates permitiriam que crianças e famílias chegassem em segurança às unidades de saúde e que agentes comunitários alcançassem crianças que não têm acesso a essas unidades para serem imunizadas contra a poliomielite. Sem as pausas humanitárias, a realização das campanhas não será possível”.

Entenda

O poliovírus foi detectado em junho em amostras ambientais colhidas na Faixa de Gaza. Desde então, segundo a OMS, pelo menos três crianças apresentaram quadros suspeitos de paralisia flácida aguda, sintoma comum da pólio. Amostras de sangue foram colhidas e enviadas para análise laboratorial.

“É essencial que o transporte das doses e dos equipamentos de refrigeração seja facilitado em todas as etapas dessa jornada, para garantir o recebimento em tempo oportuno, a aprovação e a liberação dos insumos em tempo para que a campanha ocorra”, ressaltou a OMS. Ao todo, 708 equipes com cerca de 2,7 mil profissionais de saúde foram acionados.

A organização alertou que é preciso alcançar uma cobertura vacinal de pelo menos 90% durante cada rodada da campanha para interromper a propagação da pólio e reduzir o risco do ressurgimento da doença, levando em consideração “sistemas de saúde, água e saneamento gravemente prejudicados na região”.

Dados da entidade mostram que a Faixa de Gaza esteve livre da pólio pelos últimos 25 anos. “O ressurgimento da doença, sobre o qual a comunidade humanitária já havia alertado ao longo dos últimos dez meses, representa outra ameaça para as crianças em Gaza e em países vizinhos. Um cessar-fogo é a única forma de garantir a segurança da saúde pública na região”.

Risco

Ainda de acordo com a OMS, Gaza mantinha boa cobertura vacinal antes da escalada dos conflitos, em outubro do ano passado. De lá para cá, a vacinação de rotina foi fortemente impactada – incluindo a segunda dose da vacina contra a pólio, que caiu de 99% em 2022 para menos de 90% em 2023 e no primeiro trimestre de 2024.

“O risco de disseminação do vírus, dentro da Faixa de Gaza e internacionalmente, permanece alto em razão de lacunas na imunidade das crianças, provocadas por interrupções na vacinação de rotina, dizimação do sistema de saúde, deslocamento constante da população, desnutrição e sistemas de água e saneamento gravemente danificados.”

“A situação também aumentou o risco de propagação de outras doenças preveníveis ​​por vacinação, como o sarampo, além de casos de diarreia, infecções respiratórias agudas, hepatite A e doenças de pele entre crianças”, disse a OMS.

Tupinambás farão cerimônia para receber manto sagrado em setembro

O manto sagrado tupinambá, que estava na Dinamarca desde o século XVII e retornou ao Brasil no início de julho, será finalmente recebido pelo seu povo, os tupinambás de Olivença, em uma cerimônia marcada para os dias 10 a 12 de setembro. O artefato está sob a guarda do Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O retorno do manto foi marcado por uma polêmica, envolvendo os indígenas e a direção do Museu Nacional. Como eles consideram a peça histórica um ancião, que está retornando ao seu povo, os tupinambás esperavam estar presentes no momento da chegada do manto ao Brasil, em 11 de julho, mas o Conselho Indígena Tupinambá de Olivença (Cito) afirma que não foi oficialmente avisado sobre a chegada do artefato. A cerimônia, que será na capital Rio de Janeiro, estava marcada para o fim de agosto, mas foi adiada.

“Nós dizíamos que o manto não podia chegar no Brasil sem nós. Ele chegou sem nós e está até hoje sem nós no Museu Nacional. Estamos felizes por ele estar no Brasil, mas ao mesmo tempo tristes, porque ainda não fizemos nossa parte espiritual. Ele é um ser vivo, é a nossa história. Nós planejamos tudo isso [a recepção do manto pelos tupinambás] com nossos anciãos da aldeia e não aconteceu. Ele chegou sem a gente saber”, afirmou a cacique tupinambá Jamopoty, em entrevista à Agência Brasil, em julho.

O Museu Nacional, por sua vez, informou que, antes de apresentar o manto à sociedade, precisaria adotar “todos os procedimentos necessários para a perfeita conservação da peça, tão importante e sagrada para nossos povos originários”.

Além disso, o Museu afirmou que avisou sobre a chegada do manto, por email, a todos os integrantes do Grupo de Trabalho para o Acolhimento do Manto Tupinambá, do qual Jamopoty faz parte.

O Museu Nacional informou que a cerimônia de apresentação do manto aos tupinambás está sendo organizada pelo Ministério dos Povos Indígenas e que ainda não recebeu detalhes sobre o evento. A Agência Brasil entrou em contato com o ministério mas não teve resposta até o fechamento desta reportagem.

Com a confirmação da cerimônia, Jamopoty afirmou que uma comissão de tupinambás chegará ao Rio de Janeiro no dia 7 de setembro.

No início de agosto, o diretor do Museu, Alexandre Kellner, esteve em uma reunião com lideranças tupinambás, na aldeia Itapoã, onde houve momento de tensão entre o representante do museu e representantes do povo indígena. Mas Museu Nacional divulgou uma nota em que nega que haja qualquer conflito com as lideranças tupinambás.

“A direção do Museu Nacional/UFRJ reforça que a disseminação de informações que não são verdadeiras, ou são retiradas de contexto, não estão de acordo com o momento histórico que vivemos, com o retorno do Manto ao Brasil que, a partir de agora, poderá ser reverenciado por todos os brasileiros.  O retorno do manto é uma importante conquista e uma oportunidade de união e celebração

Memória

O manto é uma vestimenta de 1,80 metro de altura, confeccionada com penas vermelhas de guará sobre uma base de fibra natural e chegou ao Museu Nacional da Dinamarca (Nationalmuseet) há mais de três séculos, em 1689. Provavelmente foi produzido quase um século antes.

Além do valor estético e histórico para o Brasil, a doação da peça representa o resgate de uma memória transcendental para o povo tupinambá, já que eles consideram o manto um material vivo, capaz de conectá-los diretamente com os ancestrais e as práticas culturais do passado.

Acredita-se que o povo tupinambá não confeccione esse manto há alguns séculos, já que ele só aparece nas imagens dos cronistas do século 16.

Na entrevista à Agência Brasil, em julho, Jamopoty falou sobre retrocessos na vida dos indígenas. “Nós ainda não temos nossa terra demarcada, nosso território está todo invadido. Então, a gente vai buscando um sentido de nos aprofundar como povo. E o manto é um desses sentidos. Ele está hoje no Museu Nacional, mas ele é nosso. Ele tem um povo, um povo que o Brasil dizia estar extinto. No entanto, estamos aqui. Então ele é um pouquinho da nossa história”.

Tufão atinge Japão e provoca alertas de inundações e deslizamentos

O tufão Shanshan inundou grandes áreas do Japão com chuvas torrenciais nesta sexta-feira (30), provocando alertas de enchentes e deslizamentos de terra a centenas de quilômetros do centro da tempestade, interrompendo os serviços de viagem e parando a produção de grandes fábricas.

Pelo menos quatro pessoas morreram e 99 ficaram feridas em incidentes relacionados à tempestade nos últimos dias, de acordo com a Agência de Gerenciamento de Desastres.

A tempestade, que, segundo as autoridades, pode ser uma das mais fortes que já atingiu a área, chegou à região de Kyushu, no sudoeste, nessa quinta-feira, e os moradores estavam avaliando os danos após uma noite de chuvas e ventos fortes.

Yu Fukuda, 67 anos, que administra uma fazenda de peixes e um restaurante na cidade turística de Yufu, na prefeitura de Oita, disse que chegou na manhã de hoje e descobriu que as águas da enchente, com um metro de altura, haviam inundado o local.

“Havia marcas nas janelas e em todos os lugares. Havia marcas de lama e sujeira, então eu podia dizer o quanto a água havia subido. Fiquei muito triste”, disse à Reuters, enquanto sua equipe e parentes limpavam os destroços de redes de pesca e peixes mortos.

“Gostaria que o tufão tivesse passado rapidamente, mas ele ficou aqui por muito tempo”, afirmou.

Com rajadas de até 180 quilômetros por hora, fortes o suficiente para derrubar caminhões em movimento, o tufão estava próximo à cidade costeira de Matsuyama, na província de Ehime, às 15h45 (horário local), e se deslocava para o leste, segundo as autoridades.

Cerca de 250 mil residências em sete prefeituras ficaram sem energia ontem em Kyushu, de acordo com a Kyushu Electric Power Co, mas muitos tiveram os serviços restaurados.

O ar quente e úmido que flui ao redor do tufão provocou níveis recordes de chuva em algumas áreas distantes da tempestade principal, o que, segundo as autoridades, é preocupante devido ao movimento mais lento do que o esperado pelo país.

Avisos aconselhando os moradores a se retirarem foram emitidos para mais de 3,3 milhões de pessoas em todo o país, principalmente na área duramente atingida de Kyushu e nas regiões central e leste, incluindo a capital Tóquio e a vizinha Yokohama. As autoridades desses locais alertaram sobre possíveis deslizamentos de terra e rios transbordando devido às fortes chuvas.

Shizuoka, uma grande cidade no centro do Japão, registrou mais de 500 milímetros de chuva nas últimas 72 horas, o maior volume desde que a agência meteorológica começou a coletar os dados em 1976.

Até ontem, apenas cerca de 30 mil pessoas haviam sido retiradas, principalmente em Kyushu, segundo o ministro de Gerenciamento de Desastres, Yoshifumi Matsumura.

Espera-se que a tempestade se aproxime das regiões central e leste, que inclui Tóquio, no fim de semana e no início da próxima semana, informou a agência meteorológica.

*É proibida a reprodução deste conteúdo.

Tênis de mesa: Brasil vai à semi nas duplas e crava 2º bronze em Paris

As brasileiras Bruna Alexandre e Danielle Rauen avançaram às semifinais de duplas femininas do tênis de mesa na classe W20 (atletas andantes) e já asseguraram ao menos a medalha de bronze, a segundo o país na modalidade, na Paralímpíada de Paris. Nesta sexta-feira (30), Bruna e Dani venceram com facilidade as ucranianas Iryna Shynkarova e Maryna Lytovchenko, por 3 sets a 0 (parciais de 11/04, 11/02 e 11/03), pelas quartas de final na Arena Paris Sul.

Como no tênis de mesa não há disputa de terceiro lugar, Bruna e Danielle já têm lugar garantido no pódio, resta saber qual. As mesa-tenistas disputam as semifinais neste sábado (31) a partir das 7h (horário de Brasília), contra as australinas australianas Yang Qian e Lei Lina, bicampeãs paralímpicas (Tóquio 2020 e Rio 2025). Se vencerem se classificam à final valendo ouro. Em caso de derrota, levarão o bronze.

Vem aí semifinais no tênis de mesa para a dupla Bruna Alexandre e Dani Rauen 🏓🇧🇷

As semifinais de duplas femininas WD20 ocorrem amanhã, a partir de 7h e estamos prontos para mais uma medalha! 🤩 #BrasilParalimpico #jogosparalimpicos #Paris2024 pic.twitter.com/J255d9c5BP

— Comitê Paralímpico Brasileiro (@BraParalimpico) August 30, 2024

“A gente merece muito esse resultado. Obviamente a gente vai buscar muito mais. Vamos pegar a Austrália na semi. A gente jogou com elas este ano em Montenegro, vencemos mas é um jogo bem difícil. Elas são campeãs da Rio 2016 e Tóquio 2020, mas a gente merece muito. A gente treinou muito para estar aqui”, disse Bruna Alexandre, após a classificação, em depoimento ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

Natural de Criciúma (SC), Bruna, de 29 anos, está em sua quarta Paralimpíada. Prata em Tóquio 2020 e bronze na na Rio 2016, a mesa-tenista perdeu o braço direito, aos seis meses de vida, quando precisou ser submetida a uma amputação, em razão de uma trombose provocada por uma injeção mal aplicada. Há poucas semanas, Bruna fez história em Paris, ao se tornar a primeira brasileira a disputar tanto a Olimpíada quanto a Paralimpíada.

Horas antes da alegria da classificação nas duplas femininas, Bruna e Dani amargaram derrotas em suas respectivas duplas mistas. Ao lado do compatriota Paulo Salmin, com quem divide o atual título mundial, Bruna foi superada pelos ucranianos Iryna Shynkarova e Viktor Didukh, por 3 sets a 0, em partida das quartas da classe XD17 (atletas andantes). Também pelas quartas, a dupla de Dani Rauen com Luiz Manara perdeu de virada para os poloneses Piotr Gruszien e Karolina Pek, cabeças de chave número 1, também por 3 set a 2.

“O tênis de mesa é muito mental, a gente fala que o mental vale muito mais que o físico. Eu perdi um jogo na mista para a dupla número 1 do mundo, saí muito triste, fiquei muito sentida mesmo, mas tive que virar a chave muito rápido. Até faleu com a Bruna: se a gente vai ganhar eu não sei, mas vamos nos dedicar muito para isso. Então saímos com a vitória e a gente está muito feliz com isso”, comemorou Dani, catarinense de São Bento do Sul, que sofre como artrite reumatóide juvenil, diagnosticada aos quatro anos de idade.

Não perca as contas, torcedor! Temos mais uma medalha chegando para o #BrasilParalímpico! 🇧🇷🥉

A dupla Catia Oliveira e Joyce Quinzote, da classe WD5, garantiu a primeira medalha do tênis de mesa brasileiro em #Paris2024. Arrasaram muito! 🇧🇷🏓#Paris2024 #JogosParalímpicos pic.twitter.com/CzBUxhLlgM

— Comitê Paralímpico Brasileiro (@BraParalimpico) August 30, 2024

As brasileiras Cátia Oliveira e Joyce  Quinzote arremataram o bronze, a primeira medalha do pais no tênis de mesa  em Paris, nesta sexta (30), após derrota para as sul-coreanas Su Yeon Seo e Jiyu Yoon, por 3 sets a 0 (parciais de 06/11, 09/11 e 11/13),  nas semifinais da classe WD5 (atletas cadeirantes). 

Taxa de desemprego em julho é a menor desde dezembro de 2014

A taxa de desemprego registrada no trimestre em julho deste ano (6,8%) é a menor desde o trimestre encerrado em dezembro de 2014 (6,6%). É também a menor para um trimestre encerrado em julho desde o início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Os dados da Pnad Contínua foram divulgados nesta sexta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A queda da taxa em julho foi puxada tanto pela redução da população desocupada, ou seja, aquelas pessoas que estão procurando emprego, quanto pelo aumento da população ocupada. O contingente de desocupados recuou 9,5% em relação ao trimestre anterior (encerrado em abril) e 12,8% na comparação com o trimestre encerrado em julho do ano passado, atingindo o número de 7,4 milhões de pessoas, o menor patamar para o período na série histórica.

A população ocupada, ou seja, aquela que está trabalhando, atingiu o valor mais alto para o período na série histórica: 102 milhões de pessoas. Foram altas de 1,2% no trimestre (mais 1,2 milhão de trabalhadores) e de 2,7% no ano (mais 2,7 milhões de pessoas).

O nível de ocupação, que representa o percentual de pessoas trabalhando, em relação ao total de pessoas em idade de trabalhar, chegou a 57,9%, um avanço em relação ao trimestre anterior (57,3%) e ao ano anterior (56,9%).

De acordo com o IBGE, parte da criação de postos de trabalho foi observada no setor informal. O total de pessoas trabalhando na informalidade chegou a 39,45 milhões no trimestre encerrado em julho deste ano, o segundo maior patamar da série histórica, ficando abaixo apenas do observado em dezembro do ano passado (39,53 milhões).

O contingente de trabalhadores informais cresceu 1,1% em relação ao trimestre anterior e 1,3% na comparação com julho do ano passado.

“Mas diferente de outros momentos onde a informalidade foi uma protagonista do processo de crescimento da população ocupada como um todo, nos últimos trimestres, a despeito de seu crescimento, a participação da informalidade no contingente total de crescimento [da ocupação] é um pouco menor. A população ocupada como um todo cresce mais do que a ocupação informal”, explica a pesquisadora do IBGE Adriana Beringuy.

Os empregos formais representam, portanto, a maior parte da geração de postos de trabalho em julho, seja por meio de empregos públicos seja através de ocupações no setor privado com carteira de trabalho assinada ou por conta própria com CNPJ. Segundo Adriana, isso representa uma qualidade melhor do mercado de trabalho.

“A carteira assinada traz uma série de prerrogativas e direitos para o trabalhador. E mesmo o trabalhador independente ou empregador, à medida em que ele tem esse registro no CNPJ, a forma de ele transacionar no mercado, como emitir nota e ser contratado como prestador de serviço, configura a ele melhores condições de ofertar o trabalho dele”, afirma a pesquisadora.

Na comparação com abril, os setores geraram postos de trabalho foram administração pública, saúde e educação (3,2%) e comércio (1,9%). Nenhuma atividade teve perda significativa de contingente de ocupados.

“Muitas atividades, apesar de não terem atingido um crescimento estatisticamente significativo, mostram um padrão de retenção dos trabalhadores”, ressalta Adriana.

Segundo Adriana, uma das explicações para a melhora do mercado de trabalho seria o aumento da renda dos trabalhadores que traz, consigo, um aumento do consumo e a consequente demanda por mais trabalhadores.

Apesar de não ter crescido de abril para julho, o rendimento médio real habitual dos trabalhadores, subiu 4,8% no ano e chegou a R$ 3.206.

A massa de rendimento real habitual cresceu 7,9% no ano e atingiu o volume de R$ 322,4 bilhões. E como houve aumento do contingente de ocupados de abril para julho, a massa também cresceu no período (1,9%).

A população subutilizada, ou seja, aquela que está desocupada ou que poderia trabalhar mais do que trabalha ficou em 18,7 milhões de pessoas, o menor patamar desde o trimestre móvel encerrado em dezembro de 2015 (18,6 milhões), com quedas de 6,9% no trimestre e de 7,8% no ano.

A população desalentada, formada por aqueles que gostariam de trabalhar e estavam disponíveis, mas não buscaram trabalho por vários motivos, ficou em 3,2 milhões, o menor contingente desde o trimestre encerrado em junho de 2016 (3,2 milhões), recuando 7% no trimestre e 12,2% no ano.

Júlio César Agripino é ouro e bate recorde mundial na corrida dos 5 km

O Brasil estreou em grande estilo no primeiro dia do atletismo na Paralimpíada de Paris com dobrandinha no pódio no Stade de France. O paulista Júlio César Agripino, nascido em Diadema, faturou a medalha de ouro, com direito a recorde mundial e paralímpico, ao concluir a prova dos 5.000 metros da classe T11 (deficiências visuais) em 14min48s85, com três segundos de vantagem sobre o japonês Kenya Karasawa (14min51s48), que ficou com a prata. O sul-matogrossense Yeltsin Jacques, arrematou o bronze, com a terceira posição (14min52s61).

Júlio Agripino bate recorde mundial, ganha o ouro e Brasil faz dobradinha no atletismo nos Jogos de Paris! 🇧🇷🥇🥉

Confira como foi a conquista: https://t.co/DIWEjnm5Dd pic.twitter.com/ooiIzNbo9T

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“Estou muito feliz, é muita emoção ser campeão paralímpico e quebrar o recorde mundial. Mostra a força da periferia, comecei a treinar só tinha um campinho. Mas com muita força e determinação eu consegui vencer, sempre tem altos e baixos na vida, mas agora sou campeão paralímpico. Dedico também essa medalha para o meu avô”, disse Agripino, de 33 anos, emocionado após conquistar a primeira ouro na carreira em Jogos Paralímpicos, em depoimento ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). 

Em maio, Júlio César, de 33 anos, já se destacara com a prata na mesma prova dos 5.000m no Mundial de Kobe (Japão), vencida pelo compatriota Yeltsin. Aos sete anos de idade, o paulista de Diadema foi diagnosticado com ceratocone, doença degenerativa na córnea.

“Sempre tive dificuldade para controlar a parte mental, me concentrar. Eu chegava bem condicionado, mas falhava na concentração. Conversei ontem com minha psicóloga, falei que estava um pouco nervoso, mas hoje acordei e pensei, vou ganhar. Ela falou que eu iria reagir bem e foi o que aconteceu”, comemorou Júlio César.

A chegada de ouro! 🥇🇧🇷

Baita corrida do nosso atleta Julio Cesar Agripino para garantir a medalha e o recorde mundial nos 5000m T11. #BrasilParalímpico #JogosParalímpicos #Paris2024 pic.twitter.com/2w1ZELzEPo

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Recuperado de uma lesão, o sul-matogrossensse Jacques Yeltsin, campeão dos 5.000m nos Jogos de Tóquio, também festejou sua medalha de bronze.

“Muito feliz pelo Júlio. Eu tive uma lesão, peguei uma virose, o que acabou atrapalhando um pouco a preparação. Mas como minha esposa disse, você ou chupa o limão azedo ou faz a limonada. Estou com sentimento de missão cumprida”, disse Yeltsin, de 32 anos, que nasceu com baixa visão.

Recordista mundial nos 1.500m classe T11, com o tempo de  3min57s60 – que lhe valeu o ouro nos Jogos de Tóquio – Yeltsin voltará à pista na próxima segunda-feira (2 de setembro). Ele competirá a prova classificatória dos 1.500m, assim como Júlio César Agripino, campeão mundial da prova em Kobe (Japão).

O atletismo é a modalidade que soma mais medalhas para o Brasil na história dos Jogos Paralíimpicos. O total de pódios, com o ouro e bronze conquistados nesta sexta (30), subiu pra 172 ( 49 de ouro, 70 de prata e 53 de bronze ).