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Fortalecer a comunicação pública é desafio nos 50 anos do Rodeador

O Parque de Transmissões do Rodeador, localizado na área rural de Brazlândia (DF), a 40 quilômetros (km) do centro de Brasília, completou 50 anos nesta segunda-feira (11).

O complexo de transmissão radiofônica é um dos maiores da América Latina e tem, em suas instalações, os transmissores em ondas curtas (OC) da Rádio Nacional da Amazônia. Até hoje, a emissora é a única do país que consegue ter alcance nacional e até internacional.

Em 1974, as atividades foram iniciadas com nove transmissores de ondas de rádio. Para celebrar o pioneirismo da operação deste sistema de ondas curtas, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) homenageou 45 funcionários entre aposentados e atuais lotados no Rodeador, que contribuíram, desde a construção das antenas do parque até a manutenção da estrutura atual.

As atividades comemorativas também incluíram a inauguração de uma placa do cinquentenário e a transmissão de uma programação especial, para ouvintes da Amazônia Legal e do Distrito Federal, a partir de um estúdio móvel, montado diretamente no local.

Comunicação Pública

Presidente da EBC, Jean Lima – Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Desde 1977, a Rádio Nacional da Amazônia transmite para a região da Amazônia Legal, com cobertura de mais da metade do território brasileiro. Por meio das ondas curtas, as informações e prestação de serviços chegam além dos centros urbanos dos estados pertencentes à bacia Amazônica, mas também às comunidades ribeirinhas, indígenas e de áreas isoladas da Amazônia.

O presidente da EBC Jean Lima destacou que o jornalismo da empresa tem o objetivo estratégico de levar informação de qualidade à população de todo o país. “Nosso interesse é alcançar o maior número de pessoas. Fortalecer as rádios é importante por isso, para a gente ter acesso à comunidade ribeirinha, do interior. Nós assumimos o processo de expansão da Rede Nacional de Comunicação Pública, com institutos federais, por exemplo, com as universidades estaduais, que têm essa capilaridade. É justamente para isso, para chegarmos onde a informação não chega para a maioria das pessoas que não têm acesso à internet, que não tem acesso a um canal público de comunicação.”

A diretora de Jornalismo da empresa, Cidinha Matos, ressaltou a importância da EBC para viabilizar a comunicação pública e garantir, assim, o exercício da cidadania, sem viés nas informações divulgadas, sem a influência de mercado – como pode ocorrer no jornalismo comercial.

“O jornalismo público é aquele repassado ao rádio-ouvinte, sem contaminação de uma mensagem que venha com a amarra comercial. Aqui, não há vínculo editorial, é a mensagem pura e simples, sendo dada direto da fonte para o ouvinte, para que ele mesmo selecione como quer ouvir e que não seja dirigida intencionalmente. Só assim, ele terá esse direito de acesso livre à informação”.

O secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, Octavio Penna Pieranti, enfatizou o papel da Rádio Nacional da Amazônia no diálogo com a população brasileira, principalmente em partes isoladas do país. “Nunca é demais lembrar: essa estrutura aqui, o Parque do Rodeador, garante o direito à informação de toda a sociedade brasileira e a universalização da comunicação de massa.”

Para Pieranti, conhecendo a audiência da emissora é possível aprimorar os serviços prestados:

“É preciso saber como a programação tem sido ouvida e com que frequência. Assim, a EBC poderá pensar no que deve ser adaptado, o que deve ser modernizado, para que a Rádio Nacional da Amazônia cumpra sempre a sua importante função social.”

Homenageados

Entre as ações em comemoração ao cinquentenário do Parque do Rodeador, nesta segunda-feira (11) a EBC homenageou 45 trabalhadores das instalações do complexo, entre aposentados e da ativa. Outros empregados da empresa também foram lembrados na cerimônia, em especial, os técnicos e apresentadores da Rádio Nacional da Amazônia.

Cerimônia de celebração dos 50 anos do Parque de Transmissões do Rodeador, um do maiores complexos radiofônicos do país, incluindo transmissores em ondas curtas (OC) da Rádio Nacional da Amazônia – Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A diretora-geral da EBC, Maíra Bittencourt, saudou os trabalhadores. “Entre antenas, transmissores e demais equipamentos que fazem com que o Parque do Rodeador cumpra sua missão de propagar as ondas de rádio por muitos quilômetros, esse espaço aqui é feito por pessoas”.

“Hoje, celebrar os 50 anos do Rodeador é celebrar o trabalho e dedicação de vocês, que contribuíram no dia a dia doando tempo, conhecimento e trabalho. Muitos dedicaram décadas por aqui. Outros emprestam sua voz para dar vida aos programas das nossas rádios. E assim são presença nas mais diversas localidades.”

Diretora-geral da EBC Maíra Carneiro Bittencourt Maia – Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Maíra também salientou o papel do rádio na comunicação pública. “Como disse Roquette Pinto, o rádio é o jornal de quem não sabe ler, é o mestre de quem não pode ir à escola, é o divertimento gratuito, uma máquina importante para educar o povo. Parabéns a todos que trabalham para que a comunicação pública, feita por meio do rádio, seja o elo de informação, cultura, educação, participação social, transparência pública, prestação de contas, serviço, entretenimento e música.”

Um dos homenageados foi o engenheiro eletrônico Higino Germani que, dirigiu o complexo à época da inauguração. Ele foi responsável tanto pela escolha do local no Cerrado, como pela logística e toda a instalação dos transmissores de alta potência.

Germani conta que ficou emocionado e surpreso ao ser convidado para a celebração dos 50 anos do parque. “Eu tenho que ir [para a comemoração]. Tenho obrigação de ir. E está sendo maravilhoso relembrar isso tudo com o pessoal, 50 anos depois. Quando lembro como éramos jovens e encarávamos qualquer desafio, qualquer coisa pela frente. Dizíamos: vamos em frente, vamos fazer. Hoje, eu infartaria”, brincou Higino Germani, hoje com 74 anos, que representou os trabalhadores homenageados.

Ele relembrou os desafios daquele projeto. “A diferença entre uma instalação de rádio comum e uma de alta potência é que, na comum, se algo errado acontece, queima o fusível. Na de alta potência, a coisa derrete. Os deuses nos protegeram e conseguimos cumprir o prazo. O grande mérito não foi o nosso, e sim de quem deu continuidade ao projeto. Nós somente plantamos a semente”.

Outro homenageado foi o ex-presidente da então Radiobrás (atual EBC), Carlos Zarur. O jornalista lembrou que fez a cobertura da inauguração do Rodeador como repórter da Rádio Nacional. Depois, na presidência da empresa, buscou revigorar o parque de transmissões que estava com pouca atividade, em meados da década de 1990.

“Hoje, entendo que cabe modernizar o Rodeador outra vez, porque ele é muito importante para as populações mais ilhadas do Brasil, da América Latina e, talvez, até de parte da África. Hoje, há uma importância conjunta, com os meios modernos de transmissão via internet, de agências modernas, mas também usando essa tecnologia, que pode ser mais antiga, mas que alcança uma população grande de pessoas em uma América Latina ainda muito necessitada de comunicação para populações pobres, mais afastadas.”

Placa em homenagem aos 50 anos do complexo – Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Investimentos

Ao celebrar os 50 anos do início das operações no Rodeador, a EBC também traça planos para melhorar os serviços de radiodifusão pública e para ampliar o alcance das ondas das rádios públicas da empresa em todo o território nacional.

O diretor de Operações, Engenharia e Tecnologia (Dotec) da EBC, José de Arimatéia, disse que a meta é recompor o parque para que melhore a capacidade de transmissão das ondas de rádio e a EBC cumpra seu papel social.

“Hoje nós estamos com dois transmissores funcionando e nós queremos retomar a plenitude desses equipamentos voltada, principalmente, para a área da Amazônia. O foco hoje é a Amazônia Legal […] Esse parque é uma das escolhas estratégicas do governo federal. E tudo o que é fundamental para as estruturas de governança, de segurança, de integração, deve ser muito bem cuidado. O parque também merece”.

O presidente da EBC esclareceu que os avanços dependem de investimentos financeiros. Jean Lima adiantou que a empresa tem trabalhado em busca de mais receitas e, para isso, é preciso regulamentar a Contribuição para o Fomento da Radiodifusão Pública (CFRP)

“Para fortalecer a comunicação pública, precisamos de recursos, de investimentos. Nós estamos nessa luta, internamente, dentro do governo, com o apoio do ministro Paulo Pimenta [ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social/PR].  Um dos processos, por exemplo, é a regulamentação da CFRP, a Contribuição de Fomento da Comunicação Pública. É um recurso que é previsto na lei original da EBC, que a gente precisa ter acesso a esses recursos para aplicar em investimentos em uma nova infraestrutura. Sem recurso a gente não consegue fortalecer a comunicação pública.”

Vozes da Nacional

Durante esta segunda-feira (11), as rádios Nacional Amazônia e Nacional AM Brasília transmitiram em rede a programação especial do 50º aniversário, diretamente do Parque de Transmissões do Rodeador.

Pela manhã, os ouvintes acompanharam a abertura dos microfones com os jornalistas Miguelzinho Martins e Mara Régia Di Perna, que saíram dos tradicionais estúdios na sede da EBC, em Brasília, para apresentar o programa especial.

Mara Régia, que há mais de 42 anos é apresentadora do programa Viva Maria, destacou a relevância da emissora da EBC para garantir o direito à comunicação.

“A Nacional da Amazônia é uma bússola e um calendário, porque se não fosse a nossa voz, muitos ficam completamente perdidos. É valorosa essa comunicação pública, considerando que só mesmo uma emissora com essa raiz, com essa presença, poderia abastecer um canal de voz para fazer cumprir o que está na Constituição. A comunicação é direito de todos. É o ar que a gente respira.”

Outra voz da Rádio Nacional da Amazônia, a apresentadora do programa Tarde Nacional, a jornalista Juliana Maya, se sente honrada em fazer parte desta história. “Sinto-me muito honrada de estar na outra ponta dessa comunicação, no microfone todos os dias, junto com todos os meus colegas. Hoje, vendo as pessoas que fundaram tudo isso, que plantaram essa semente, me dá uma sensação de muita gratidão de merecer estar do outro lado, fazer e honrar a história dessas pessoas que começaram tudo isso.” Juliana Maya foi uma das homenageadas na cerimônia comemorativa da data.

O parque

A área do parque do Rodeador abriga quatro conjuntos de antenas de ondas médias, com 142 metros de altura. Os demais conjuntos, com torres com até 147m transmitem em ondas curtas (OC), correspondente a faixa do espectro eletromagnético localizada aproximadamente entre três e 30 megahertz (MHz).

Em 2018, o Parque do Rodeador foi oficialmente classificado como infraestrutura crítica de radiodifusão em situações de desastre, catástrofes naturais e emergenciais, quando a radiodifusão é utilizada como serviço complementar de comunicação.
Em caso de pane geral em sistemas de televisão e internet, por exemplo, ele seria responsável pela difusão de comunicados ou informações essenciais à população por meio do rádio.

Antiga sede do Dops pode ser transformada em centro de memória no Rio

A antiga sede do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), na Lapa, centro do Rio, pode ser transformada em centro de memória e direitos humanos. A iniciativa será analisada em inquérito civil instaurado pelo Ministério Público Federal (MPF) para discutir e eventualmente viabilizar o espaço. Segundo o MPF, desde os anos 80, o prédio está abandonado e passa por estágio avançado de deterioração.

O inquérito civil foi instaurado pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) do MPF no Rio de Janeiro. Durante o regime militar, o local foi palco de práticas de repressão e tortura a perseguidos pela ditadura.

O MPF estipulou prazo de dez dias para que a Polícia Civil do estado, responsável pela administração do prédio, se manifeste sobre a reivindicação do Coletivo RJ Memória Verdade Justiça e Reparação para a transformação do antigo Dops em um espaço de preservação da memória política do povo brasileiro.

O grupo, uma organização da sociedade civil que reúne entidades constituídas por ex-presos políticos, parentes de mortos e desaparecidos e militantes de direitos humanos entrou com uma representação fazendo o pedido.

Na representação, o coletivo destaca que o abandono do prédio, situado no número 40 da Rua da Relação, tem provocado “a perda de elementos do testemunho histórico sobre o período da ditadura militar, existindo risco iminente de perda total de elementos que ainda não foram objeto de estudo adequado de arqueologia forense especializada”.

Segundo o MPF, em 1987, sob a justificativa de preservação das qualidades arquitetônicas notáveis, o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) declarou o prédio como patrimônio cultural. Na época, o Inepac destacou que o edifício é, sobretudo, “um marco e testemunho histórico das lutas populares pela conquista de liberdade e lugar de memória dos que ali foram torturados pela defesa de suas ideias políticas”.

De acordo com o MPF, entre os elementos de memória preservados estão as carceragens masculina e feminina, armários, escaninhos, documentos da época, além de uma sala com revestimento acústico, “o que aponta seu uso para tortura”, informou o MPF.

O Ministério Público informou que autoridades públicas e representantes de entidades de direitos humanos constataram, durante visitas técnicas feitas ao longo dos anos, que a ação do tempo vem agravando os danos à estrutura do prédio e que pode ser necessário até mesmo o isolamento de certas áreas porque há risco de desabamento do piso.

Para o procurador da República Julio José Araujo Junior, autor do pedido de instauração do inquérito, o direito à memória não significa apenas um olhar retrospectivo ao passado, mas a recriação da compreensão coletiva, além de permitir o entendimento do presente e do futuro.

“A proteção da memória e do patrimônio histórico-cultural passa pela superação crítica do enaltecimento do regime autoritário, tendo em vista as violações praticadas, com assassinatos, desaparecimentos forçados, torturas e outras práticas ilícitas por parte do Estado”, afirmou.

Governo do Rio vai ao STF para garantir revisão da dívida com União

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro anunciou, na manhã desta segunda-feira (11), que o estado recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender, em caráter liminar, o pagamento da dívida fluminense com a União, hoje no valor de R$ 188 bilhões.

A ação, que será apresentada pelo Executivo em conjunto com a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), também será para garantir o recálculo do montante da dívida, para serem excluídos os valores indevidos e ilegalmente incluídos no saldo devedor ao longo do tempo, de acordo com parâmetros compatíveis com as demais despesas públicas. O entendimento do governo estadual é que, ao longo das últimas décadas, foram impostas condições consideradas abusivas pela União.

O anúncio foi feito por Castro durante reunião pela manhã, no Palácio das Laranjeiras, com a bancada federal e deputados estaduais para discutir a revisão da dívida do estado do Rio. A ideia é que seja apresentado um projeto de lei com nova sistemática de atualização dos débitos dos estados administrados pela Secretaria do Tesouro Nacional, atendendo não só ao Rio de Janeiro, mas os demais entes.

“Desde as primeiras renegociações, na década de 90, o valor da dívida do Rio de Janeiro com a União era de R$ 13 bilhões. Já pagamos R$ 153 bilhões da dívida [em valores atualizados], sendo cerca de R$ 107 bilhões correspondentes a juros e encargos. E, mesmo pagando R$ 153 bilhões, ainda estamos devendo R$ 188 bilhões hoje. Isso mostra de fato como precisamos rever urgentemente a metodologia de atualização da dívida dos estados. Isso é uma pauta prioritária”, disse Castro.

O governador destacou ainda que, se acionar o Supremo, será uma medida necessária após tratar o assunto exaustivamente com o governo federal ao longo de 2023. Agora, segundo o governo estadual, o que se busca, além da reparação histórica de tudo que já foi quitado pelo estado do Rio, é o equilíbrio financeiro fluminense.

“O governo do estado buscou e segue buscando o diálogo, de todas as formas, com a Secretaria do Tesouro Nacional, o Ministério da Fazenda e o governo federal. Tratei e continuarei tratando da revisão da dívida, buscando efetivamente uma solução estrutural para a saúde financeira do Rio, a nossa capacidade de investimentos e, o principal, a manutenção da prestação de serviços à população”, afirmou o chefe do Executivo estadual.

As dívidas do Rio de Janeiro foram repactuadas na década de 1990, portanto, há cerca de 30 anos. Desde então, passaram por várias negociações e refinanciamentos. Em 1999, houve o maior refinanciamento contratado, de R$ 13 bilhões – nos valores da época. Ao longo do tempo, os débitos foram impactados por diversas leis e normativas federais, além de inúmeros passivos.

“Mesmo com diferentes leis e regras para atualização e renegociação dos débitos, o governo federal sempre impôs um efeito ‘bola de neve’, tornando a dívida impagável. Foram feitas cobranças indevidas, impedindo que o estado retomasse sua capacidade de pagamento, pois o saldo devedor já havia crescido exponencialmente e não foi revisado”, diz o governo estadual.

Diferentes indexadores

A dívida do Rio de Janeiro apresentou um alto crescimento, entre outros motivos, devido aos indexadores utilizados para cobrança de juros (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna + 6% e posteriormente Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo + 4% ou Selic) ao longo do tempo. Segundo o governo estadual, soma-se a isso a metodologia de variação cumulativa dos índices estabelecida pela União, em vez da adoção de um modelo mensal. Além disso, a contratação de operações de créditos sem que o estado tivesse capacidade de pagamento, mas com aval da União, e os custos gerados ao Rio pela operação do Banco Central em função da venda do Banco do Estado do Rio de Janeiro (Banerj), quando o estado acabou assumindo responsabilidades do governo federal, que regula o Sistema Financeiro Nacional, também contribuíram para o aumento da dívida.

Procurado pela Agência Brasil, o Ministério da Fazenda informou que não comentará o assunto.

Após 17 dias subindo, Rio Acre está abaixo da cota de transbordo

O nível do Rio Acre recuou após 17 dias de subida e agora se encontra abaixo da cota de transbordo, de 14 metros. Boletim do governo estadual divulgado hoje (11) mostra que a cota do rio atingiu 13,57 metros na medição das 9h. Na capital, Rio Branco, a medição apontou o volume de 13,80 metros, saindo também da cota de transbordamento.

Em 23 de fevereiro, após superar a cota de alerta de 13,5 metros, o Rio Acre ultrapassou a cota de transbordo, ainda no mesmo dia. Desde então, as águas não pararam de subir, chegando a ultrapassar, ainda no dia 23, a cota de transbordo, que é de 14 metros.

O volume do rio continuou subindo com a maior alta registrada no dia 6 de março, quando a cota do rio atingiu 17,89 metros, a segunda maior da história, perdendo apenas para os 18,4 metros registrados em março de 2015.

Atingido por cheias nos rio e igarapés, o Acre tem 19 dos seus 22 municípios em situação de alerta, o que representa 86% das suas cidades.

Segundo o governo estadual, na Bacia do Rio Acre, o nível do rio está abaixo da cota de transbordamento nos municípios de Rio Branco, Assis Brasil, Brasileia, Epitaciolândia, Xapuri e Capixaba. No município de Porto Acre, apesar de já apresentar sinais de vazante, o rio continua em cota de transbordamento.

Ainda de acordo com o governo estadual, na Bacia do Purus, as cidades de Sena Madureira e Manoel Urbano estão abaixo da cota de transbordamento. Já na Bacia do Juruá, o município de Cruzeiro do Sul encontra-se em cota de transbordamento. Porto Walter e Marechal Thaumaturgo estão abaixa da cota.

No município de Plácido de Castro, o Rio Abunã encontra-se na cota de alerta. Já na Bacia Tarauacá-Envirá, o nível do rio está abaixo da cota de transbordamento em Feijó e Tarauacá.

Science 20 debate no Rio transformações em ciência e tecnologia

O Rio de Janeiro recebe, nesta segunda (11) e terça-feira, no Hotel Windsor Barra, o Science 20 (S20), grupo de engajamento do G20 que trata de temas referentes à ciência e tecnologia. Como o Brasil é o anfitrião este ano do G20, cabe à Academia Brasileira de Ciências (ABC) organizar o encontro, do qual participam representantes das academias de Ciência de 19 países mais a União Europeia, incluindo ainda a União Africana. O tema definido pela ABC é Ciência para a Transformação Mundial.

A presidente da ABC, Helena Nader, informou que o S20 vai discutir cinco temas: bioeconomia: impulsionando o mundo em direção a um planeta sustentável; desafios da saúde: qualidade, equidade e acesso; inteligência artificial (IA): ética, impacto social, regulamentação e compartilhamento de conhecimento; justiça social: promovendo a inclusão, acabando com a pobreza e reduzindo as desigualdades; e processo de transição energética: energias renováveis, considerações sociais e econômicas.

Os cinco temas serão trabalhados pelos grupos posteriormente, no formato online e de maneira separada, visando a elaboração de um documento final com sugestões. Os grupos voltarão a se reunir em julho para definir o comunicado que deverá ser encaminhado ao G20, em novembro. Um documento enviado pela ABC para todas as academias participantes já está recebendo contribuições.

Convergência

Segundo Helena, a ideia do encontro agora é tentar fazer uma convergência entre as instituições participantes, “porque os temas que serão discutidos têm impacto global. Se a gente não começar a ter convergência, o mundo não anda”, afirmou. Disse também que é importante ter a rede africana no evento, porque ela vai dialogar com as demais academias de ciência do mundo.

Este será o quinto ano em que Helena participa dos encontros do S20. Os anteriores foram na Arábia Saudita, Itália, Indonésia e Índia. Grupos de engajamento estarão presentes também na reunião, entre os quais aqueles ligados aos oceanos e aos think tanks (laboratórios de ideias). “A gente está tentando fazer convergência. Saúde, por exemplo, depende da ciência, da educação. Quanto mais grupos tiverem propostas que convergem, maior a chance de os governos colocarem isso no documento final”.

Demografia

A presidente da ABC destacou que sempre se discute um tema muito importante que é a saúde global. Nesta edição brasileira, ela disse que é preciso ir além disso. “Estamos trazendo, nesta edição, um aspecto extremamente relevante e que o mundo não está discutindo com a intensidade que deve, que são as diferenças demográficas. As demandas de alguns países são para ações de ciência, de educação e saúde voltadas para crianças e jovens”.

Helena chamou a atenção para o fato de que na maioria dos países do G20, como Japão e China, e na América Latina, tem grande peso o envelhecimento demográfico, enquanto a índia e Indonésia são países de maioria de população jovem. “As demandas são distintas e você tem que ter esse olhar”. Por isso, defendeu que projetos de saúde têm que olhar o mundo como um todo. “Não adianta só olhar os ricos porque, se prestar atenção, várias crises de saúde graves, tirando a covid-19, aconteceram em países economicamente muito vulneráveis. Como acontece agora com a dengue”.

Considerada doença de país tropical pobre, a dengue já está nos Estados Unidos e, este ano, vai pegar mais estados americanos e mais países, assinalou a presidente da ABC. Por isso, afirmou que mosquitos que transmitem doenças, vírus, bactérias “não têm que ter passaporte. Eles podem entrar em qualquer lugar. São esses aspectos que a gente está querendo colocar para o S20”.

Conferências

A Reunião de Iniciação (Inception Meeting), que será realizada hoje e amanhã, apresentará quatro conferências e um novo projeto da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) focado no aprendizado em ciências para a educação.

As conferências serão feitas por Fernanda De Negri, economista e diretora de estudos setoriais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre Inteligência artificial: desafios para a democracia e a sociedade e Márcia Castro, demógrafa e chefe do Departamento de Saúde Global e População da Escola de Saúde Pública de Harvard, sobre Demografia e desafios da saúde no G20.

Carlos Henrique de Brito Cruz, vice-presidente sênior da Elsevier Research Networks e professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) falará sobre Oportunidades e desafios para colaboração em pesquisa no G20, e Pedro Wongtschowski, presidente do Conselho Superior de Inovação da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) abordará Inovação para inclusão social e sustentabilidade.

Orientação

No texto preliminar encaminhado às academias de Ciência do G20, a ABC destacou que “à medida que o mundo continua a enfrentar os impactos multifacetados da pandemia e ainda enfrenta conflitos em diferentes regiões do mundo, os líderes provavelmente deveriam utilizar esse relevante grupo para coordenar esforços na distribuição de vacinas, recuperação econômica, fortalecimento dos sistemas de saúde e a ciência e a tecnologia necessárias para realizá-la. As iniciativas colaborativas e as decisões políticas emergentes dessa reunião desempenharão papel central na orientação do rumo para uma situação mais resiliente e recuperação global inclusiva”, indicou.

A respeito do G20, o documento lembra que a reunião no Brasil apresenta oportunidade vital para abordar questões ambientais urgentes e promover o desenvolvimento sustentável. “O Brasil, como país que cobre grande parte da Amazônia, um ecossistema global crítico, deverá apresentar discussões sobre conservação ambiental, biodiversidade, proteção e mitigação das alterações climáticas”. Segundo a ABC, à medida que o mundo enfrenta uma escalada de desafios ambientais, as decisões tomadas nessa reunião poderão definir o futuro da comunidade internacional.

Helena Nader diz ainda no documento que a reunião do G20 tem o potencial de catalisar progressos significativos rumo a um futuro sustentável e resiliente para todo o planeta. O slogan Construindo um mundo justo e um planeta sustentável expressa a vontade do Brasil e seu compromisso de promover acordos justos que promovam desenvolvimento. Também destaca o lema brasileiro deste mandato – a redução da fome, da pobreza e da desigualdade em todo o mundo, bem como o desenvolvimento socioambiental que inclui vida justa e inclusiva, além da transição ecológica.

Hoje à noite, durante jantar de boas-vindas, a parte cultural ficará a cargo da Orquestra Maré do Amanhã, criada em 2010, que ensina música clássica a crianças e adolescentes de uma das mais violentas favelas do Rio de Janeiro. O diferencial da orquestra é não ser apenas um projeto social, mas oferecer oportunidade real de mudança de vida para seus alunos, preparando cada um para o mercado de trabalho e evitando que sejam arregimentados pelo tráfico de drogas.

O S20

O Science 20 (S20) é o grupo de engajamento para a área de ciência e tecnologia do G20. Formado pelas academias nacionais de Ciências dos países do G20, o grupo promove o diálogo entre a comunidade científica e os formuladores de políticas. O grupo foi criado em 2017 e tem secretariado rotativo não permanente. O S20 opera como um fórum, sendo suas reuniões realizadas anualmente, antes da cúpula do G20.

Ao longo do ciclo anual, os membros do S20 abordam tópicos relevantes e formulam documentos com recomendações específicas e ações implementáveis para o G20. Essas propostas formam a base do comunicado do S20, que é apresentado oficialmente aos líderes do G20 para consideração. As edições anteriores do S20 foram realizadas na Alemanha (2017), Argentina (2018), no Japão (2019), na Arábia Saudita (2020), Itália (2021), Indonésia (2022) e Índia (2023).

Participam do S20 as academias de Ciências da África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, do Brasil, Canadá, da China, Coreia do Sul, dos Estados Unidos, da França, do Japão, da Índia, Indonésia, Itália, do México, Reino Unido, da Rússia, Turquia e a Academia Europaea, representando a União Europeia. Pela primeira vez, organizações científicas internacionais foram convidadas a participar do processo anual do S20. Foram confirmadas as presenças de representantes da Parceria InterAcademias, Conselho Internacional de Ciência, Academia Mundial de Ciências, Rede Interamericana de Academias de Ciências, Associação de Academias e Sociedades de Ciências da Ásia.

O Science20 Brasil 2024 tem como Sherpa, nome dado a quem coordena os debates e atividades, a presidente da ABC, Helena Bonciani Nader. O encontro conta com apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

No Rio, Clube do CCBB debate literatura feminina negra

O Clube de Leitura do Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB RJ) inicia suas atividades anuais, no próximo dia 13, no Salão de Leitura da Biblioteca, a partir das 17h30, tendo como tema de estreia, em alusão ao mês da mulher, a literatura negra feminina no Brasil.

“Na verdade, nos reunimos em torno de uma pergunta: Literatura tem gênero e cor?”, disse à Agência Brasil a curadora do clube, Suzana Vargas, poeta, ensaísta, escritora, professora e mestre em teoria literária pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

As rodas de conversa ficarão gravadas e serão disponibilizadas no canal do Banco do Brasil no YouTube, na semana seguinte ao evento.

Para o encontro de abertura, foram convidadas duas escritoras negras: Marilene Felinto, autora da obra As Mulheres de Tijucopapo, escrita na década de 1980 e que foi definida como uma bandeira do feminismo, e a escritora contemporânea Eliana Alves Cruz, com o livro O Crime do Cais do Valongo, que aborda a questão da negritude, tendo como pano de fundo a história do Brasil escravocrata.

O debate conta com participação especial da poeta e filósofa Viviane Mosé. Nele serão levantadas, entre outras questões, se uma mulher pode escrever como homem ou um homem pode escrever como mulher; e quais são as marcas de que uma literatura é feminina ou negra, informou Suzana Vargas.

Os dois livros que serão discutidos foram escolhidos por votação popular entre os participantes do Clube no X (antigo Twitter), logo depois do carnaval. Foram sugeridos ao público dois livros de cada autora convidada.

Autoras

Marilene Felinto é pernambucana, jornalista e escritora, graduada em letras. É também tradutora, romancista e cronista. Seu primeiro livro, As mulheres de Tijucopapo, ganhou o Prêmio da União Brasileira dos Escritores (1981) e o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, em 1982.

“É sempre surpreendente que o romance As Mulheres de Tijucopapo, publicado 42 anos atrás, escrito quando eu tinha 22 anos, desperte a atenção de gerações mais jovens, como acontece hoje”, destacou Marilene. Eliana Alves Cruz é escritora, roteirista, jornalista e apresentadora. Ganhou o Prêmio Jabuti de contos, em 2022.

A obra As Mulheres de Tijucopapo narra a viagem de retorno da narradora Rísia a Tijucopapo, local fictício de nascimento de sua mãe, evocando a história real do local, em Pernambuco.

No século 17, a cidade foi palco de uma batalha entre mulheres da região e holandeses interessados em saquear o estado. Nas entrelinhas, As Mulheres de Tijucopapo revelam as contradições inerentes à sociedade e à cultura multirracial brasileira.

Já O crime do Cais do Valongo é um romance histórico policial que começa em Moçambique e se estende até o Cais do Valongo, que foi porta de entrada de cerca de um milhão de escravizados entre 1811 e 1831 no Rio de Janeiro e reconhecido como patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2017.

Tema contemporâneo

Na avaliação de Suzana Vargas, a literatura feminina negra é um tema muito contemporâneo, que precisa de reflexão. “Tanto para quem faz literatura, como para quem é leitor. Porque o Brasil está vivendo um momento em que as questões da negritude, as questões da mulher, a diversidade, estão muito presentes hoje na produção literária contemporânea. Assim como a literatura indígena”.

Por isso, a curadora acredita que o Clube de Leitura vem trazendo um modo de formar e informar os seus leitores sobre as questões principais da literatura produzida no Brasil atual. “Acho que, de fato, é uma discussão urgente e importante nesse dia, com as duas autoras e personagens que a gente vai poder brindar o público, e com a literatura que elas produzem”. Este será o quarto ano do Clube de Leitura do CCBB RJ.

Calendário

O Clube de Leitura do CCBB RJ terá dez encontros este ano, cada um com duração de uma hora e meia. Até o próximo mês de julho, já estão definidos os temas e convidados que participarão das atividades. A retirada dos ingressos é feita a partir das 9h do dia do evento na bilheteria física ou no site.

Em abril, o clube terá como tema caminhos e descaminhos indígenas. Participarão a autora Eliane Potiguara e a jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum. O convidado especial será Anapuaka Tupinambá, comunicador e entusiasta da cultura digital indígena. É fundador e presidente-executivo (CEO) da Rádio Yandê, primeira rádio indígena do Brasil.

Em maio, o clube vai tratar do escritor clássico brasileiro Lima Barreto. Quem falará sobre ele é Lilia Schwarcz, historiadora e antropóloga brasileira, e Beatriz Resende, pesquisadora e professora titular de letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Suzana Vargas será a mediadora.

Em junho, o tema de debate será a escritora Clarice Lispector e seu livro A Paixão Segundo G.H. O cineasta Luiz Fernando Carvalho, que está lançando um filme sobre essa obra, conversará com o público, além da biógrafa da escritora, Nádia Gotlib, e a roteirista Melina Dalboni. Haverá participação especial da atriz Maria Fernanda Cândido, por vídeo conferência, que fez o papel de Clarice Lispector no filme.

Para o encontro de julho, o tema escolhido é As 7 Cores da Palavra, Literatura e Diversidade. Já estão confirmadas as presenças de Guilherme Terreri Lima Pereira, mais conhecido pelo nome artístico Rita von Hunty, que é professor, ator, youtber, comediante, palestrante e drag queen brasileiro, e Tom Grito, artista trans que defende a tradição da poesia falada. A programação do segundo semestre ainda está sendo elaborada.

No ano passado, 1.243 pessoas participaram presencialmente do Clube, que recebeu os escritores Paula Tavares; Milton Hatoum; Gonçalo Tavares; Gregório Duvivier; Cida Pedrosa; Eliakin Rufino; José Eduardo Agualusa; Luiz Fernando Carvalho e Ítalo Moriconi; Conceição Evaristo; Mia Couto; e Antonio Torres. 

Brasil fatura mais 2 ouros e 1 bronze no Grand Prix de Judô da Áustria

O Brasil fechou o último dia de disputas do Grand Prix de Judô da Áustria, em Linz, em grande estilo. Foram dois ouros – um de Beatriz Souza (+ 78 quilos) e outro de Leonardo Gonçalves (-100 kg) – e um bronze de Rafael Buzacarini (-100 kg) conquistados neste domingo (10). A competição conta pontos no ranking classificatório à Olimpíada de Paris, cujo fechamento será em julho. Ao todo o Brasil amealhou quatro medalhas – na sexta (8), Larissa Pimenta já garantira o ouro – e encerrou a competição em primeiro lugar no quadro de medalhas, à frente do Japão (2º lugar) e dos Países Baixos (3º).

BEATRIZ SOUZA É OURO PARA O BRASIL NO JUDÔ COM DIREITO A IPPON!!! 🥇

Que SHOW da nossa atleta 🤩

Uma lutaça contra a holandesa Marit Kamps e, depois de um waza-ari, Bia finalizou a disputa com um belo golpe.

É O BRASA NO TOPO!#TimeBrasil #Judô pic.twitter.com/esBWSF0i1n

— Time Brasil (@timebrasil) March 10, 2024

A peso-pesado Beatriz Souza, bronze no Mundial de 2023, derrotou hoje na final a holandesa Marit Kamps. Mal começou a luta, aplicou um waza-ari e, minutos depois, desferiu um ippon projetando a adversária.

“Estou muito feliz. Foi a primeira competição do ano e já com essa medalha linda. Agradeço muito a torcida de todos e toda energia positiva. Paris é logo ali”, comemorou Bia, paulista de Itariri , em depoimento à Confederação Brasileira de Judô (CBJ).

Para chegar à final dos 78kg, Beatriz superou três adversárias. Venceu as duas primeiras lutas nas punições: na estreia superou Oxana Diaceno (Moldávia) e depois a cubana Idalys Ortiz. Nas semifinais, a brasileira levou a melhor sobre a sérvia Milica Zabic: anotou um waza-ari e imobilizou Zabic em um minuto de luta. 

Bicampeão na Áustria

Quem também teve muito o que comemorar foi o meio-pesado Leonardo Gonçalves, ao faturar o bicampeonato no  GP da Áustria – a primeira edição do torneio foi no ano passado. Na final valendo o ouro, Gonçalves não se intimidou diante do português Jorge Fonseca, bicampeão mundial e medalhista olímpico. O brasileiro venceu no golden score (tempo extra) ao encaixar um waza-ari no adversário. 

LEONARDO GONÇALVES É OURO PARA O BRASIL!!!!!!!!! 🇧🇷

No Golden Score, ele encaixou um lindo waza-ari contra o português Jorge Fonseca e trouxe a medalha dourada para casa.

Emocionante demais essa vitória! Você merece, Léo! 🥇🥇🥇🥇#TimeBrasil #Judô pic.twitter.com/tqV9MkjHyy

— Time Brasil (@timebrasil) March 10, 2024

“Foi uma competição muita fura e bem forte. Fiz quatro golden scores de cinco lutas e consegui sair campeão. Muito obrigado pela torcida de todos, foi muito importante para mim. Estava sendo um começo de ano bem difícil, mas consegui me superar aqui”,  disse Léo, que ano passado foi prata no Pan de Santiago (Chile).

A campanha de Leonardo no GP da Áustria começou com vitória na estreia sobre o alemão George Udsilauri, após aplicar uma chave de braço no rival.. Depois, nas oitavas, venceu com ippon o britânico Rhys Thompson. Na luta seguinte eliminou o anfitrião Laurin Boehler com um waza-ari no golden score. A semi foi 100% brasileiro: Léo superou Rafael Buzacarini com um waza-ari no golden score.

Na semifinal, um confronto brasileiro contra Rafael Buzacarini. A luta seguiu disputada até o golden score, quando Léo conseguiu encaixar o waza-ari e avançou à decisão pelo ouro.

Buzacarini fatura 2º pódio do ano

Nascido em Barra Mansa (RJ),  o meio-pesado Rafael Buzacarini faturou o bronze pela segunda vez seguida na temporada, ao derrotar na final o sérvio Bojan Dosen. Hoje, após luta acirrada, Rafael voltou a vencer ao anotar um waza-ari no último minuto do embate. O primeiro bronze do ano foi conquistado em janeiro, no GP de Portugal.

RAFAEL BUZACARINI É BRONZE NO GRAND PRIX DA ÁUSTRIA 🥉🇧🇷🥋

Com esse belíssimo waza-ari, ele derrotou Bojan Dosen (SER) e trouxe a medalha para casa na categoria -100kg.

ELE É O BRABO! 💪#TimeBrasil #Judô pic.twitter.com/3eXaf66RCT

— Time Brasil (@timebrasil) March 10, 2024

“Mais uma medalha aí, a segunda deste ano. Estou muito feliz, esse ano olímpico é um ano muito importante. Acho que aconteceu na hora certa, alguns detalhes precisam ser ajustados, mas só tenho a agradecer”, comemorou Buzacarini.

O próximo compromisso da delegação brasileira de judô será o GP de Tbilisi (Geórgia), de 22 a 24 de março.

Classificação para Paris 2024

A totalização de pontos no ranking da Federação Internacional de Judô (IJF, na sigla em inglês) teve início em julho de 2022 e só termina em junho deste ano. A modalidade reunirá 372 atletas em Paris (igualmente divididos entre homens e mulheres). 

Os 17 primeiros colocados no ranking de cada categoria asseguram vaga em Paris 2024 (com o limite de um judoca por país). A partir das 18ª colocação no ranking, as vagas serão distribuídas por continente: Américas (21 vagas), Africa (24), Europa (25), Ásia (20) e Oceania (10).

Jovem morre ao receber descarga elétrica durante festival no Rio

O jovem João Vinícius Ferreira Simões, de 25 anos, morreu eletrocutado na noite deste sábado (9) durante o festival de música I Wanna Be Tour, realizado no Riocentro, no Rio de Janeiro. Chovia forte quando João Vinícius encostou em um food truck energizado e recebeu uma descarga elétrica no corpo.

O estudante de arquitetura e urbanismo Vinicius Bragança estava perto do local do incidente. Ele disse à Agência Brasil que a parte da área estava alagada e caíam muitos raios nas proximidades. Ao chegar na praça de alimentação, ele ouviu funcionários gritando e viu João Vinícius caído, recostado na estrutura de um foodtruck, de braços cruzados e paralisado. 

A testemunha afirma que houve despreparo dos funcionários que socorreram a vítima e da empresa que organizou o evento, a produtora 30e. Segundo ele, faltaram medidas rápidas de ajuda ao jovem eletrocutado, isolamento da área, cuidado com o público e com outros funcionários.

“Chegaram três funcionários analisando o foodtruck, e comecei a gritar de desespero, falando que eles precisavam tirar todo mundo de perto de todos os foodtrucks. Todo mundo estava bem molhado, a região alagada, os fios expostos já estavam submersos. Acredito que foi esse o motivo da descarga elétrica que vitimou o jovem. Os funcionários pareciam não saber reagir diante da situação. Gritei e eles começaram a pedir para o pessoal se afastar do local. Usaram lixeiras do evento para isolar o perímetro. Só cerca de 15 a 20 minutos após a primeira gritaria, que a energia geral dos foodtrucks foi interrompida”, disse Vinicius. “Notei despreparo desde o início do incidente. Não vi equipe médica uniformizada ou com identificação, apenas funcionários de preto que pareciam cuidar da manutenção do evento”.

A direção do Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, informou que o paciente chegou na unidade em parada cardiorrespiratória e não resistiu.

Produtora

A produtora 30e, responsável pelo evento I Wanna Be Tour, publicou uma nota oficial há pouco nas redes sociais. Segundo a empresa, todos os protocolos de segurança foram seguidos quando a chuva se intensificou no evento. A nota diz que o sistema de segurança foi acionado para atendimento e socorro da vítima. Que houve pronto atendimento e todos os esforços pelas equipes médicas para ajudar João Vinícius.

“A 30e, produtora do evento, lamenta profundamente e está apurando o ocorrido junto às autoridades. Até então, informações obtidas atestam para a conformidade da operação do food truck. A produtora já estabeleceu um primeiro contato com a família do jovem para prestar solidariedade e dar toda a assistência necessária”.

Justiça nega reintegração em fazenda ocupada pelo MST em Minas Gerais

A Justiça estadual de Minas Gerais negou pedido de reintegração de posse para retirar cerca de 500 famílias sem-terra que ocuparam, na última sexta-feira (8), uma fazenda no município de Lagoa Santa (MG), na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A decisão liminar, publicada por magistrado plantonista, diz que não foi comprovada a posse do território por aqueles que alegaram ser seus legítimos proprietários.

Já o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) acusa a Polícia Militar (PM) de Minas Gerais de realizar um cerco ao acampamento, limitando a entrada de pessoas e mantimentos.

“Na manhã deste sábado [9], foi permitida a entrada de água e medicamentos. No entanto, o movimento reivindica a entrada de outros suprimentos para garantir o bem estar das famílias acampadas, como lonas para a proteção do sol e da chuva e não dormir ao relento e gás para o preparo da alimentação”, informou o MST.

O movimento defende que o cerco é ilegal, porque não há pedido de reintegração de posse, e desumano, por negar a entrada de insumos necessários para as famílias. “Trata-se de uma decisão política do governador Romeu Zema, de imposição da força, sem respaldo jurídico, que viola o direito dessas mais de 500 famílias sem terra”, acrescentou.

O governo de Minas Gerais não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre a ação da PM no local. O governador Romeu Zema (Novo) ainda não se manifestou publicamente sobre essa situação.

Por outro lado, a Defensoria Pública de Minas enviou ofício à PM pedindo o cancelamento da operação e também a justificativa para a permanência da polícia no local. A Defensoria lembrou que a reintegração de posse foi rejeitada e que as pessoas que se dizem proprietárias da fazenda já buscaram seus direitos na Justiça.  

“Que sejam tomadas as providências cabíveis a cargo desta Diretoria de operações [da PM], para garantir a ordem democrática, primando pela garantia do exercício do direito de ir e vir dos cidadãos acampados na Fazenda Aroeira, e, ainda, no sentido de evitar qualquer tipo de confronto desnecessário entre o poder público e os acampados”, afirmou a defensora pública Ana Cláudia da Silva Alexandre Storch.

A Defensoria Pública de Minas ainda quer saber o custo para manutenção da operação na fazenda ocupada e quais as ações que deixaram de ser executadas por causa do grande efetivo mantido no local. A defensora pública Storch ainda cita uma possível criminalização de movimentos sociais que, “apesar de ser uma prática ainda existente no país, contraria a ordem jurídica democrática vigente, por ser legítimo não só o direito de manifestação, mas, a defesa dos direitos fundamentais não efetivados”, completou.

Reintegração de Posse

De acordo com a decisão do juiz Christyano Lucas Generoso, as pessoas que ingressaram com ação para reintegração de posse não conseguiram comprovar que mantinham a posse do terreno antes da ocupação do local pelos trabalhadores rurais.

“Entendo que não restou suficientemente demonstrada a posse, pois a parte autora se limitou a juntar fotos na qual se verificam três pessoas perto de criações bovina e suína, a partir das quais não é possível identificar inequivocamente o imóvel descrito”, explicou o magistrado.

Generoso acrescentou ainda que a Declaração de Imposto Territorial Rural apresentada “é documento que prova a propriedade e não a posse, sendo, ainda, que se verifica do documento que apenas 3,2 da área do imóvel é ocupada com benfeitorias úteis e necessárias destinadas à atividade rural, de sorte que não é possível depreender que o suposto esbulho teria ocorrido na área das benfeitorias para fins de demonstrar o perigo de dano”.

O juiz ainda acrescentou que, por se tratar de decisão em plantão judiciário, realizado durante o final de semana, ele se limitou a analisar um possível risco iminente de perda imediata de direito.

Ocupação

A ocupação da fazenda “Aroeiras” foi realizada por cerca de 500 famílias. O MST alega que a ação foi motivada pelo não cumprimento da função social da terra. O movimento sustenta que a propriedade, de 250 hectares, é improdutiva e está abandonada há 7 anos. Com isso, pedem a desapropriação do imóvel rural para a reforma agrária. 

Ainda de acordo com o MST, a fazenda é uma herança familiar disputada por oito pessoas. “Duas mulheres, membros da família, estiveram na sexta-feira (8) e se mostraram dispostas ao diálogo”, informou o movimento.

O MST fundamenta essas ações no Artigo 184 da Constituição Federal, que diz que “compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social”.

Em nota, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) informou que não tem informações sobre a situação do imóvel rural. Segundo o órgão, para a área ser considerada produtiva ou improdutiva é necessária uma vistoria para verificar a função social da terra. O Incra disse ainda que a “área ocupada não tinha demanda anterior de destinação ao programa de reforma agrária”.

Suécia e Canadá retomam repasses humanitários à Agência da ONU em Gaza

Os governos da Suécia e do Canadá retomaram o financiamento à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), que é a principal organização a fornecer ajuda humanitária à sitiada Faixa de Gaza. Os repasses da Suécia e do Canadá foram suspensos, no final de janeiro, depois que Israel acusou funcionários da agência de terem colaborado com o ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023.

“Em reconhecimento dos robustos processos de investigação em curso, dos esforços da UNRWA para responder às graves alegações feitas contra alguns dos seus funcionários, incluindo a implementação de medidas internas para melhorar a supervisão e a responsabilização, bem como a catastrófica situação humanitária em Gaza, o Canadá retomará o seu financiamento para UNRWA”, afirmou o ministro do Desenvolvimento Internacional do Canadá, Ahmed Hussen.

Em nota, o governo da Suécia informou que decidiu transferir 200 milhões de coroas suecas [cerca de U$S 193 milhões] à UNRWA por causa da grave situação humanitária em Gaza e também devido aos compromissos da Agência com as investigações. “A UNRWA concordou em permitir auditorias independentes, reforçar a supervisão interna e permitir controles adicionais”, informou o governo sueco.

Críticas

As decisões foram criticadas por Israel. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Lior Haiat, disse que a retomada do financiamento à UNRWA é um “erro grave que constitui um acordo tácito e um apoio por parte dos governos do Canadá e da Suécia para continuarem a ignorar o envolvimento de funcionários da UNRWA em atividades terroristas”.

O porta-voz israelense ainda acrescentou que a Agência da ONU é parte do problema. “Israel apela aos governos do Canadá e da Suécia para que parem com o financiamento e não apoiem uma organização cujas fileiras incluem centenas de membros da organização terrorista Hamas”, completou.

Suécia e Canadá se somaram à União Europeia (UE) que, no último dia 1º de março, anunciou a retomada dos repasses para UNRWA, apesar de reter parte do valor previsto para a organização. A UE confirmou a transferência de € 50 milhões de euros, mas reteve outros 16 milhões que só serão disponibilizados caso a Agência cumpra com os acordos firmados com a UE. Ao todo, o bloco europeu prevê repassar, em 2024, € 84 milhões em ajuda à UNRWA.

O Alto-Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell Fontelles, ressaltou que a decisão é um reconhecimento de que a UNRWA é um ator insubstituível para ajuda humanitária em Gaza. “Louvo a ONU pelos esforços de investigar as alegações contra a UNRWA e apelo às autoridades israelenses para que forneçam provas”, afirmou.

Acusações

No último dia 4 de março, Israel fez novas acusações contra a UNRWA, alegando que a inteligência do país identificou que 450 funcionários da agência seriam “agentes militares” do Hamas. Nessa sexta-feira (8), a agência Reuters noticiou que teve acesso a um relatório da UNRWA que afirma que Israel torturou funcionários da agência para que admitissem que tinham ligação com o Hamas.

O documento diz que funcionários palestinos da UNRWA afirmaram terem sido submetidos a espancamentos físicos graves e ameaças de danos à familiares. O Exército de Israel não comentou as acusações, mas disse que agem de acordo com a lei internacional.

Ao menos 16 países suspenderam doações que somam U$S 450 milhões à UNRWA depois da acusação de Israel. Grandes doadores como Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha suspenderam os repasses ainda no final de janeiro. Outros países como Itália, Suíça, Irlanda, Holanda, Finlândia e Austrália também suspenderam a ajuda à organização.

O chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, informou que a agência está com risco de parar devido aos cortes de financiamento. Por outro lado, ele disse estar “cautelosamente otimista” com o retorno dos repasses. Ele espera mais transferências após publicação, prevista para esse mês, de relatório da ONU sobre a investigação da acusação feita por Israel.

Já o governo brasileiro criticou a suspensão da ajuda humanitária à Gaza e prometeu novos aportes para ações humanitárias na região. “Se tem algum erro dentro de uma instituição que recolhe dinheiro, puna-se quem errou. Mas não suspenda ajuda humanitária para um povo que está há tantas décadas tentando construir o seu Estado”, criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Desde o início das hostilidades em Gaza, mais de 160 funcionários da UNRWA foram assassinados no enclave palestino, mais de 150 instalações da ONU foram atingidas por bombardeios e 400 pessoas foram mortas em abrigos sob bandeiras das Nações Unidas.

“Um total descaso e desrespeito às Nações Unidas. Numa guerra de desinformação, é fundamental estabelecer os fatos. Todas estas violações exigirão uma investigação independente quando a guerra terminar. Os responsáveis devem ser responsabilizados”, afirmou Lazzarini.

* com informações da Agência Reuters