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MME publica regras para leilões de compra de energia

O Ministério de Minas e Energia (MME) publicou nesta segunda-feira (1) portaria com as diretrizes para o leilão de compra de energia elétrica nas modalidades Energia Existente A-1, A-2 e A-3, de 2024. Os certames serão realizados no dia 6 dezembro e os contratos terão prazo de suprimento de 2 anos, com início em janeiro de 2025 (A-1), janeiro de 2026 (A-2) e janeiro de 2027 (A-3).

Os leilões, segundo a pasta, serão para atender as necessidades das distribuidoras e contratar energia mais barata para os consumidores finais, “diante do cenário de sobre oferta e de baixos preços”.

A energia será contratada de empreendimentos já existentes, na modalidade por quantidade, e seguindo as regras do mercado regulado, para qualquer tipo de fonte.

Atualmente, a maioria dos contratos é reajustado anualmente pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Na prática, isso faz com que a inflação passada se propague, influenciando preços futuros.

“A proposta é que os certames não tenham atualização de preço durante as vigências, como já era praticado. O objetivo é deixar os preços mais compatíveis com as práticas de mercado para contratos de curto e médio prazo”, informou o MME.

Segundo as regras, os agentes de distribuição de energia devem apresentar a Declaração de Necessidade para os certames no período de 28 de agosto a 4 de setembro, que deverão ser ratificadas ou retificadas no período de 6 a 20 de novembro, desde que haja demanda declarada pelos agentes de distribuição.

Após esse período, a declaração será considerada irrevogável, irretratável e servirá para posterior celebração dos contratos de energia no ambiente regulado.

Os leilões de energia existente A-1 e A-2, realizados em dezembro do ano passado, movimentaram R$ 1,325 bilhão em contratos, para fornecimento entre janeiro deste ano e dezembro de 2026. O leilão A-1 negociou energia ao preço médio de R$ 90,97 por megawatt/hora, com deságio de 9,03% em relação ao preço-teto estabelecido de R$ 100,00/MWh. Já para o leilão A-2, o preço médio ficou em R$ R$ 117,22/MWh, alcançando deságio de 21,85%.

Segundo o MME, os dois certames geraram uma economia de aproximadamente R$ 234,5 milhões.

Defesa do meio ambiente e dos povos indígenas marcam Parintins

Assim como nos dois primeiros dias de apresentação, a mensagem em favor de um mundo mais sustentável foi reiterada na noite deste domingo (30) nas apresentações do Boi Garantido e do Boi Caprichoso. Além disso, os dois protagonistas do Festival de Parintins reafirmaram posições em defesa do direitos dos povos indígenas, destacando a atuação destas populações como guardiãs e protetoras do meio ambiente.

O subtema da terceira noite do Boi Garantido se inspirou na obra do escritor Ailton Krenak, com o objetivo de trazer uma mensagem de esperança e resistência. Um dos momentos de destaque foi a encenação do ritual Jeroki Kaiowá, do povo Guarani Kaiowá. O pajé Pa‘i Kuara vibra o maracá, toca takuapu. No Jeroky Guarani Kayowá. Pra vida na terra não se acabar. Pra vida continuar”, diz a letra da toada.

Apresentação do Boi Garantido no 57º Festival Folclórico de Parintins Fernando Frazão/Agência Brasil

Além da mensagem, vem o exemplo. De acordo com o coordenador de figurinos do Boi Garantido, Agostinho Rodrigues, a sustentabilidade é uma diretriz da produção. “Se você observar as penas, parece que é de verdade, das aves. Mas é tudo plotado, feito na cidade. Nós queremos um festival que não agrida a natureza. E a natureza nos dá muito material sem que seja necessário agredi-la. A gente trabalha por exemplo com palha seca e com folha de castanheira seca”.

Segundo a se apresentar no último dia do evento, o Boi Caprichoso trouxe o subtema “Saberes: o reflorestar das consciências” e buscou destacar os saberes dos povos originários. Do alto de uma libélula, o boi desceu ao solo. A letra da toada Terra: Nosso Corpo, Nosso Espírito trouxe uma mensagem contundente pela proteção do planeta.

“Nossa Terra está doente. Enfermidade recorrente. E junto adoece a fauna e a flora. A cosmologia, o mito dos povos tradicionais. Herança dos nossos ancestrais. Virando pó pelo poder da ganância. A procura de minerais. Nosso brado é resistência. Contra a violação. Combatemos a cobiça, a ignorância. De quem abomina o próprio chão”, diz trecho da composição.

A defesa do meio ambiente e dos povos indígenas são marcas já consolidadas no Festival de Parintins. Durante o evento, que chega à sua 57ª edição, a cidade amazonense recebe mais de 100 mil visitantes atraídos para o duelo entre o vermelho do Boi Garantido e o azul do Boi Caprichoso.

Considerado atualmente patrimônio cultural do país pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Festival de Parintins está ligado à tradição cultural do Boi-Bumbá, manifestação popular que gira em torno de uma lenda sobre a ressurreição do boi. Se iniciou como brincadeira de rua e se desenvolveu para tomar as proporções atuais.

O anúncio do campeão ocorrerá nesta segunda-feira (1°), com a divulgação das notas dos 10 jurados, responsáveis por avaliar o cumprimento de 21 quesitos obrigatórios. Alguns deles estão diretamente ligados à representação da cultura indígena. É o caso dos tuxauas, que são os chefes da tribo, e da cunhã-poranga, a moça mais bela da aldeia e guardiã de seu povo. Um outro quesito envolve a encenação de um ritual indígena.

De acordo com um estudo produzido em 2015 na Universidade do Estado do Amazonas (UEA), essa valorização dos adereços e dos componentes indígenas tiveram início na primeira metade da década de 1990, revolucionando a tradição do Boi-Bumbá e fazendo com que o festival ganhasse mais espaço na mídia. A partir de então, desenvolveu-se em torno do evento um vocabulário que lhe dá identidade. Ele agrega muitas palavras de origem indígena.

Ao longo de todo o espetáculo, há uma exaltação aos elementos da natureza e à intensa conexão entre os indígenas e o meio ambiente. As alegorias reúnem muitas representações de animais selvagens: águias, corujas, lagartos, onças, etc. Em meio a eles, a encenação conta com diversos dançarinos pintados e trajados com adereços inspirados na cultura indígena.

Na sexta-feira (28), primeiro dia de apresentações, o Boi Caprichoso chegou a trazer para a arena um conjunto de convidados. O líder Yanomami Davi Kopenawa esteve presente durante o momento de encenação do ritual. Também estiveram na arena lideranças indígenas, que cobraram respeito aos seus direitos como um cartaz que trazia a frase: “Sem demarcação não existe Justiça Climática”. Outra convidada que entrou em cena trazendo uma mensagem de proteção às florestas foi Angela Mendes, filha do seringueiro e ativista político Chico Mendes, assassinado no Acre em 1988.

 

Apresentação do Boi Caprichoso na segunda noite do 57º Festival Folclórico de Parintins – Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Para estimular ações práticas em torno do discurso pela preservação ambiental, foi criado há algumas edições o título de Campeão Sustentável do Festival. Vence a torcida do boi que coletar o maior volume de resíduos reciclados. Eles devem levar o material recolhido até o ecoponto exclusivo do seu boi.

“É muito legal essa dinâmica de colocar os torcedores de cada boi para coletar e reciclar e deixar a cidade limpa. A gente sabe que quando tem muito movimento, a cidade fica muito suja. Então foi uma ideia sensacional para reforçar a mensagem do festival”, avalia a estudante de publicidade Stefany Rocha, torcedora do Boi Caprichoso.

Discursos pró-armas dominam debate sobre questão no Congresso Nacional

Os discursos em defesa da ampliação do acesso a armas de fogo pela população civil dominaram os debates sobre a questão na última década. Desde 2015, o pró-armamentismo teve 2,4 vezes mais pronunciamentos nas tribunas do Congresso Nacional do que as falas contrárias ao uso de armas pelas pessoas comuns.

A constatação é de um levantamento feito pelo Instituto Fogo Cruzado, que mostrou que, de 2015 a 2023, foram 376 discursos de parlamentares pró-armamentismo (69% do total) ante 157 pronunciamentos (29%) contra a ampliação do acesso da população civil a armas e 11 neutros (2%).

O estudo analisou discursos envolvendo o assunto de 1951 a 2023 e mostra que o debate só começou a se intensificar no Congresso a partir de 1997, devido às discussões sobre o Sistema Nacional de Armas (Sinarm), o Estatuto do Desarmamento e o referendo sobre comercialização de armas.

No entanto, somente a partir de 2015 que os discursos pró-armas começaram a predominar sobre a posição contrária, que é pró-controle das armas.

No período de 2015 a 2018, foram 272 discursos sobre armamento, dos quais 198 foram a favor da ampliação do acesso a armas (73%), 65 contra (24%) e nove neutros (3%). Segundo a coordenadora de Pesquisa do Instituto Fogo Cruzado, Terine Coelho, foi nessa legislatura que houve uma virada e a mobilização pró-armamento se torna mais clara.

“Isso é uma novidade na história republicana brasileira. Do outro lado, parece que tem uma passividade dos parlamentares pró-controle. Uma das hipóteses que a pesquisa sugere é que isso deu porque esse campo [pró-controle de armas] parece acreditar que o tema está pacificado. Há uma crença de setores da sociedade, baseada no Estatuto do Desarmamento e na ideia de que a maioria dos brasileiros é contra o armamento, de que esse tema não precisa mais de discussão”, explica Terine.

Entre 2019 e 2022, com a ascensão ao poder do presidente Jair Bolsonaro, que é pró-armamentista, as discussões sobre o tema recuaram, totalizando 173 discursos, sendo 103 a favor da ampliação do acesso às armas (60%), 68 contrários (39%) e dois neutros (1%).

“O caminho que o Bolsonaro adotou para operar uma virada na legislação [com uma liberação maior para o comércio de armas] foi a partir de decretos. E isso ocorreu sem que houvesse uma posição firme no Congresso. Ou seja, no momento mais importante no que se refere à regulação do armamento civil desde o Estatuto do Desarmamento, o Congresso Nacional se comportou como se fosse coadjuvante dessa pauta”, afirma.

Em 2023, a discussão voltou à tona, com um total de 99 discurso em apenas um ano, sendo 75 a favor do acesso da população civil às armas e 24 contra. “O campo pró-controle parece ter se apoiado na revogação dos decretos [do governo anterior pelo atual governo] e está de novo se acomodando na ideia de que o tema está pacificado. Por outro lado, os congressistas pró-armamento não se desmobilizaram e nem vão, porque esse assunto é central para eles. A gente está vendo que eles estão muito mais mobilizados”, disse Terine.

Entre os armamentistas, alguns dos conteúdos que mais apareceram nos discursos foram o direito à defesa, o descontrole da segurança pública, o impacto do desarmamento no aumento da violência, os aspectos legais do uso de armas e a divisão entre bandidos e cidadãos de bem.

“O que a gente conclui, com a pesquisa, é que esse não é um tema pacificado. É um tema que está organizando o debate político. Hoje deputados e senadores [pró-armas] renovaram seus quadros e seus discursos e estão mais bem articulados, com novos argumentos”, afirma a pesquisadora.

Segundo ela, por outro lado, a participação dos parlamentares pró-controle de armas no debate é ínfima. “A expansão do armamento civil é um fator central para aumentar a violência num país onde tem milhares de pessoas morrendo por armas de fogo. E os parlamentares pró-controle não estão se posicionando firmemente nesse debate”.

No grupo pró-controle, os argumentos foram o monopólio do uso da arma pela polícia, as consequências de uma maior circulação de armas para a segurança pública, a necessidade de uma solução mais ampla para a violência e os impactos para mulheres, população não-branca e em escolas.

Fapesp anuncia reajuste de bolsas em até 45%

O valor das bolsas de doutorado, pós-doutorado, mestrado e iniciação científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) terá reajuste, de acordo com anúncio do Conselho Superior da instituição. O conselho decidiu também garantir aos bolsistas de pós-doutorado o ressarcimento do dispêndio com previdência social. O objetivo, de acordo com o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Vahan Agopyan, é estimular a ciência, o desenvolvimento tecnológico e a inovação.

“A Fapesp, perfeitamente alinhada a essa visão do governo, preocupada com a desmotivação dos jovens para a pesquisa científica e com a sensível fuga de cérebros do país, promoveu a revisão dos valores das bolsas que ela oferece. Com isso, esperamos atrair mais talentos para a pesquisa científica e tecnológica, assim como retê-los no nosso Estado”, explicou.

Os novos valores entram em vigor a partir de 1º agosto e estão disponíveis no site da Fapesp.

Por meio de nota, o Conselho Superior da Fapesp disse que uma das missões centrais da entidade continua sendo a formação de pessoal qualificado e que entende que o momento de incertezas que cercam o futuro da atividade científica no país exige ações eficazes para preservar a continuidade da formação de pesquisadores e assegurar a solidez do sistema de ciência, tecnologia e inovação no estado e no país.

“Diversas iniciativas serão necessárias para alcançar esse objetivo, entre elas, garantir valores de bolsas mais atrativos e competitivos, além de cobertura previdenciária para os pesquisadores que concluíram o doutorado. Esse importante passo faz parte de um programa de retenção e atração internacional de talentos para o Estado de São Paulo, especialmente voltado para a nova geração de pesquisadores e empreendedores”, diz a nota.

Mau tempo causa ressaca e muda paisagem do Rio de Janeiro

A chegada de uma frente fria no Rio de Janeiro provocou ressaca no litoral do estado. Segundo alerta da Marinha, são previstas ondas de até três metros de altura até a noite da próxima terça-feira (2) nas faixas litorâneas dos estados do Rio e São Paulo.

No sábado (29), em Saquarema, na Região dos Lagos fluminense, um adolescente de 16 anos desapareceu no mar, durante uma ressaca, na praia de Vilatur. Segundo o Corpo de Bombeiros, buscas estão sendo feitas com a ajuda de aeronaves e drones.

Desde domingo (30), as ondas têm atingido o calçadão e as pistas da avenida Delfim Moreira, no Leblon, na zona sul da cidade do Rio.

Interdição

A Comlurb, companhia municipal de limpeza urbana, está trabalhando para retirar a areia desses locais. A pista próxima à praia da avenida Delfim Moreira foi interditada para limpeza no domingo, mas seguia interditada na manhã desta segunda-feira (1º).

O Centro de Operações da prefeitura pede para as pessoas evitarem atividades como banhos de mar, esportes marinhos, visitas a mirantes perto do mar e ciclismo na orla.

A cidade do Rio de Janeiro está registrando chuva fraca e frio nesta segunda-feira, com previsão de temperaturas entre 15ºC e 24ºC.

Mercado eleva previsão da inflação de 3,98% para 4% em 2024

Pela oitava semana seguida, a previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial do país – teve elevação, passando de 3,98% para 4% este ano. A estimativa está no Boletim Focus desta segunda-feira (1º), pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC), com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.

Para 2025, a projeção da inflação também subiu de 3,85% para 3,87%. Para 2026 e 2027, as previsões são de 3,6% e 3,5%, respectivamente.

A estimativa para 2024 está acima da meta de inflação, mas ainda dentro de tolerância, que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é 3% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%.

A partir de 2025, entrará em vigor o sistema de meta contínua, assim, o CMN não precisa mais definir uma meta de inflação a cada ano. Na semana passada, o colegiado fixou o centro da meta contínua em 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Em maio, pressionada pelos preços de alimentos e bebidas, a inflação do país foi 0,46%, após ter registrado 0,38% em abril. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em 12 meses, o IPCA acumula 3,93%.

Juros básicos

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 10,5% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A alta recente do dólar e o aumento das incertezas econômicas fizeram o BC interromper o corte de juros iniciado há quase um ano. Na última reunião, em junho, por unanimidade, o colegiado manteve a Selic nesse patamar após sete reduções seguidas.

De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, em um ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano, por sete vezes seguidas. Com o controle dos preços, o BC passou a realizar os cortes na Selic.

Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.

Para o mercado financeiro, a Selic deve encerrar 2024 no patamar que está hoje, em 10,5% ao ano. Para o fim de 2025, a estimativa é de que a taxa básica caia para 9,5% ao ano. Para 2026 e 2027, a previsão é que ela seja reduzida novamente, para 9% ao ano, para os dois anos.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.

Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.

PIB e câmbio

A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira neste ano permaneceu em 2,09%.  Para 2025, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – é de crescimento de 1,98%. Para 2026 e 2027, o mercado financeiro estima expansão do PIB em 2%, para os dois anos.

Superando as projeções, em 2023 a economia brasileira cresceu 2,9%, com um valor total de R$ 10,9 trilhões, de acordo com o IBGE. Em 2022, a taxa de crescimento foi 3%.

A previsão de cotação do dólar está em R$ 5,20 para o fim deste ano. No fim de 2025, a previsão é que a moeda americana fique em R$ 5,19.

Dengue: Brasil tem, em 6 meses, 6,1 milhões de casos e 4,2 mil mortes

O Brasil encerrou o primeiro semestre de 2024 registrando 6.159.160 casos prováveis de dengue e 4.250 mortes pela doença. Segundo o painel de monitoramento de arboviroses do Ministério da Saúde, há ainda 2.730 óbitos em investigação. O coeficiente de incidência da dengue no país é, agora, de 3.033 casos para cada 100 mil habitantes e a taxa de letalidade é de 0,07.

Dados divulgados nesta segunda-feira (1º), em Brasília,  mostram que a maior parte dos casos prováveis de dengue em 2024 foi anotada entre mulheres (54,8%), contra 45,2% entre homens.

Faixa etária

Ao todo, 49,6% das ocorrências foram identificadas em pessoas brancas, 42,5% entre pardos, 6,2% entre pretos e 0,3% entre indígenas. A faixa etária de 20 a 29 anos concentra a maior parte das vítimas, seguida pela de 30 a 39 anos e pela de 40 a 49 anos.

Entre as unidades federativas, o Distrito Federal registra o maior coeficiente de incidência de dengue (9.626 casos por 100 mil habitantes). Em seguida, estão Minas Gerais (8.035), Paraná (5.478), Santa Catarina (4.607) e São Paulo (4.301). Em números absolutos, São Paulo lidera com 1,9 milhão de ocorrências. Em seguida, aparecem Minas Gerais (1,6 milhão), Paraná (626,8 mil), Santa Catarina (350,6 mil) e Goiás (301,5 mil). 

Saiba as origens culturais do Festival de Parintins; campeão sai hoje

O campeão do 57º Festival de Parintins, dividido entre o vermelho do Boi Garantido e o azul do Caprichoso – será conhecido nesta segunda-feira (1º). As apresentações no Bumbódromo começaram na sexta-feira (28) à noite e se estenderam até esse domingo.

Visitantes que chegam pela primeira vez ao Festival de Parintins buscando se aprofundar nos detalhes do evento logo se deparam com um desafio: dominar o vocabulário gerado em torno do evento. A lista de palavras e termos, parte deles de origem indígena, envolve desde os nomes dos personagens até substantivos específicos para se referir a componentes e torcedores de cada um dos bois.

Considerado patrimônio cultural do país pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o evento está ligado à tradição cultural do Boi-Bumbá. A manifestação popular gira em torno de uma lenda sobre a ressurreição do boi.

Para contar essa história, é preciso representar alguns personagens. O Amo do Boi, que representa o dono da fazenda, é o cantor e compositor que faz versos exaltando sua torcida e desafiando o adversário. Já a sua filha, a Sinhazinha, também tem destaque na encenação e acompanha a evolução do boi.

Outra personagem de referência é a cunhã-poranga, a “moça bonita” da aldeia e guardiã de seu povo, que expressa força pela beleza. No Boi Garantido, esse papel é desempenhado por Isabelle Nogueira, que participou recentemente do Big Brother Brasil, reality show produzido pela Rede Globo, e contribuiu para aumentar o interesse sobre o Festival de Parintins. No Boi Caprichoso, o posto pertence à Marciele Albuquerque.

Parintins (AM) – Apresentação do Boi Caprichoso na segunda noite do 57º Festival Folclórico – Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

Há ainda a vaqueirada, composta pelos guardiões do boi. Já os tuxauas representam os chefes dos povos indígenas. Nas toadas, produzidas anualmente para embalar as apresentações, notam-se muitas dessas palavras e termos, como também outros são agregados. Aquelas canções que se tornam hits contribuem para estimular a ampliação do vocabulário do evento.

Em 2015, estudo produzido na Universidade do Estado do Amazonas (UEA) investigou a presença de palavras indígenas nas toadas. De acordo com a pesquisadora Dulcilândia Belém da Silva, responsável pelo trabalho, esse é um dos elementos que contribuiu para a expansão do Festival de Parintins pela comunidade amazonense.

Ela lembra que a maior valorização dos adereços e dos componentes indígenas tiveram início em 1993, revolucionando a tradição do Boi-Bumbá e fazendo com que o festival ganhasse mais espaço na mídia. “No ano 2000, as toadas com tema indígena alcançaram sua consolidação no âmbito das toadas de boi e com regularidade e incidência expressivas, principalmente devido à implantação do edital para a seleção das toadas, que estabeleceu alguns critérios que balizaram a produção criativa”, observou.

A pesquisa contabilizou 1.014 toadas no período entre 1986 e 2013, das quais 466 têm como tema o componente indígena. Entre essas, encontraram-se 2.327 palavras indígenas. O estudo mostra ainda que, em 2015, estava ocorrendo o uso mais recorrente de palavras de troncos linguísticos além do tupi.

Parintins (AM) – Apresentação do Boi Garantido na segunda noite do 57º Festival Folclórico – Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

Dulcilândia também lembrou que a cultura local já era receptiva ao vocabulário indígena. Antes mesmo do crescimento do festival, eram utilizados termos como curumim e cunhatã. Outras palavras, no entanto, como cunhã-poranga se popularizaram por meio das toadas.

Galeras e currais

Enquanto há um vocabulário comum para os personagens, há substantivos específicos usados para se referir às galeras de cada um, como são chamadas as torcidas. Os adeptos do Boi Garantido são os encarnados, em alusão à cor vermelha, ou perrechés, termo adotada como variante do adjetivo pejorativo ‘pé rachado’ disseminado pelos adversários no passado. Já os marujeiros manifestam sua paixão pelo Boi Caprichoso. Muitos se tornam torcedores por influência de suas famílias, o que faz do festival um evento que alimenta a tradição que se renova a cada geração.

Morador de Manaus, o perreché Raimundo Medeiros, que trabalha com transporte marítimo, encarou uma viagem de 16 horas de barco desde a capital amazonense até Parintins. Todos os anos, ele encara a mesma jornada para estar presente no festival. A embarcação em que ele estava, repleta de redes para descanso, reunia mais de 200 encarnados.

“Isso vem desde o ventre da minha mãe. A minha família toda é torcedora do Boi Garantido. A viagem é longa, mas não é cansativa, porque durante todo o tempo a gente vem brincando e se divertindo. Descansa na rede. E a gente sabe que vai chegar aqui para torcer para o Garantido. É muita emoção. Quando ele entra na arena, parece sempre que estamos vivendo aquele momento pela primeira vez”, conta.

Parintins (AM) – O designer gráfico Weucles Santos, do Movimento Garantido, dorme em rede no barco em que navegou até Parintis – Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

Do outro lado, a marujeira Stefany Rocha se mostra confiante no título. Estudante de publicidade, ela também saiu de Manaus. Chegou a Parintins para acompanhar o festival pela segunda vez. A paixão pelo Boi Caprichoso também foi herdada da mãe. “É uma emoção, uma felicidade. Só quem está aqui sabe o se que passa no coração e na cabeça na hora da apresentação. É muito gratificante, muito lindo ver a nossa cultura”.

As baterias também têm designações diferenciadas. No Garantido, é a batucada, e no Caprichoso, a marujada. Se em boa parte da cidade, o vermelho e o azul se misturam, há também áreas mais delimitadas onde o predomínio é claro. Isso ocorre no entorno dos currais, local onde funcionam os ensaios de cada boi. O do Boi Garantido fica na Baixa do São José e o do Boi Caprichoso está localizado no centro da cidade.

Campeão do Festival de Parintins será conhecido nesta segunda

O campeão do 57º Festival de Parintins, dividido entre o vermelho do Boi Garantido e o azul do Caprichoso – será conhecido nesta segunda-feira (1º). As apresentações no Bumbódromo começaram na sexta-feira (28) à noite e se estenderam até esse domingo.

Visitantes que chegam pela primeira vez ao Festival de Parintins buscando se aprofundar nos detalhes do evento logo se deparam com um desafio: dominar o vocabulário gerado em torno do evento. A lista de palavras e termos, parte deles de origem indígena, envolve desde os nomes dos personagens até substantivos específicos para se referir a componentes e torcedores de cada um dos bois.

Considerado patrimônio cultural do país pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o evento está ligado à tradição cultural do Boi-Bumbá. A manifestação popular gira em torno de uma lenda sobre a ressurreição do boi.

Para contar essa história, é preciso representar alguns personagens. O Amo do Boi, que representa o dono da fazenda, é o cantor e compositor que faz versos exaltando sua torcida e desafiando o adversário. Já a sua filha, a Sinhazinha, também tem destaque na encenação e acompanha a evolução do boi.

Outra personagem de referência é a cunhã-poranga, a “moça bonita” da aldeia e guardiã de seu povo, que expressa força pela beleza. No Boi Garantido, esse papel é desempenhado por Isabelle Nogueira, que participou recentemente do Big Brother Brasil, reality show produzido pela Rede Globo, e contribuiu para aumentar o interesse sobre o Festival de Parintins. No Boi Caprichoso, o posto pertence à Marciele Albuquerque.

Parintins (AM) – Apresentação do Boi Caprichoso na segunda noite do 57º Festival Folclórico – Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

Há ainda a vaqueirada, composta pelos guardiões do boi. Já os tuxauas representam os chefes dos povos indígenas. Nas toadas, produzidas anualmente para embalar as apresentações, notam-se muitas dessas palavras e termos, como também outros são agregados. Aquelas canções que se tornam hits contribuem para estimular a ampliação do vocabulário do evento.

Em 2015, estudo produzido na Universidade do Estado do Amazonas (UEA) investigou a presença de palavras indígenas nas toadas. De acordo com a pesquisadora Dulcilândia Belém da Silva, responsável pelo trabalho, esse é um dos elementos que contribuiu para a expansão do Festival de Parintins pela comunidade amazonense.

Ela lembra que a maior valorização dos adereços e dos componentes indígenas tiveram início em 1993, revolucionando a tradição do Boi-Bumbá e fazendo com que o festival ganhasse mais espaço na mídia. “No ano 2000, as toadas com tema indígena alcançaram sua consolidação no âmbito das toadas de boi e com regularidade e incidência expressivas, principalmente devido à implantação do edital para a seleção das toadas, que estabeleceu alguns critérios que balizaram a produção criativa”, observou.

A pesquisa contabilizou 1.014 toadas no período entre 1986 e 2013, das quais 466 têm como tema o componente indígena. Entre essas, encontraram-se 2.327 palavras indígenas. O estudo mostra ainda que, em 2015, estava ocorrendo o uso mais recorrente de palavras de troncos linguísticos além do tupi.

Parintins (AM) – Apresentação do Boi Garantido na segunda noite do 57º Festival Folclórico – Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

Dulcilândia também lembrou que a cultura local já era receptiva ao vocabulário indígena. Antes mesmo do crescimento do festival, eram utilizados termos como curumim e cunhatã. Outras palavras, no entanto, como cunhã-poranga se popularizaram por meio das toadas.

Galeras e currais

Enquanto há um vocabulário comum para os personagens, há substantivos específicos usados para se referir às galeras de cada um, como são chamadas as torcidas. Os adeptos do Boi Garantido são os encarnados, em alusão à cor vermelha, ou perrechés, termo adotada como variante do adjetivo pejorativo ‘pé rachado’ disseminado pelos adversários no passado. Já os marujeiros manifestam sua paixão pelo Boi Caprichoso. Muitos se tornam torcedores por influência de suas famílias, o que faz do festival um evento que alimenta a tradição que se renova a cada geração.

Morador de Manaus, o perreché Raimundo Medeiros, que trabalha com transporte marítimo, encarou uma viagem de 16 horas de barco desde a capital amazonense até Parintins. Todos os anos, ele encara a mesma jornada para estar presente no festival. A embarcação em que ele estava, repleta de redes para descanso, reunia mais de 200 encarnados.

“Isso vem desde o ventre da minha mãe. A minha família toda é torcedora do Boi Garantido. A viagem é longa, mas não é cansativa, porque durante todo o tempo a gente vem brincando e se divertindo. Descansa na rede. E a gente sabe que vai chegar aqui para torcer para o Garantido. É muita emoção. Quando ele entra na arena, parece sempre que estamos vivendo aquele momento pela primeira vez”, conta.

Parintins (AM) – O designer gráfico Weucles Santos, do Movimento Garantido, dorme em rede no barco em que navegou até Parintis – Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

Do outro lado, a marujeira Stefany Rocha se mostra confiante no título. Estudante de publicidade, ela também saiu de Manaus. Chegou a Parintins para acompanhar o festival pela segunda vez. A paixão pelo Boi Caprichoso também foi herdada da mãe. “É uma emoção, uma felicidade. Só quem está aqui sabe o se que passa no coração e na cabeça na hora da apresentação. É muito gratificante, muito lindo ver a nossa cultura”.

As baterias também têm designações diferenciadas. No Garantido, é a batucada, e no Caprichoso, a marujada. Se em boa parte da cidade, o vermelho e o azul se misturam, há também áreas mais delimitadas onde o predomínio é claro. Isso ocorre no entorno dos currais, local onde funcionam os ensaios de cada boi. O do Boi Garantido fica na Baixa do São José e o do Boi Caprichoso está localizado no centro da cidade.

Do artesanato à música: Festival de Parintins aquece produção cultural

No centro de Parintins, no Amazonas, a calmaria de outros períodos do ano dá lugar a uma intensa movimentação. Vendedores locais e também provenientes de outras cidades, alguns com estruturas fixas e trabalhando como ambulantes, fazem dali um agitado centro comercial. É possível comprar desde diferentes tipos comidas e bebidas até dispositivos eletrônicos. Mas o que salta aos olhos é a criativa produção cultural local que envolve artesanato, telas, adereços e roupas.

O artesão Mateus Pereira relata que, nessa época, o Festival de Parintins é fundamental para impulsionar todo esse trabalho. Ele destaca a importância de inovar todos os anos para agradar aos torcedores de cada um dos dois protagonistas: o Boi Caprichoso e o Boi Garantido. “Não pode repetir porque o cliente que vem, volta no ano seguinte. E ele não vai comprar uma peça que viu no ano anterior”, diz.

Observando técnicas que já eram empregadas por sua mãe, Mateus trilhou um caminho de artesão autodidata a partir dos seus 12 anos de idade. Embora nascido em Manaus, mudou-se ainda criança para Parintins e ali desenvolveu um trabalho que ganhou visibilidade, com destaque para peças em madeira. Ele, no entanto, tem uma vasta produção que envolve telas, esculturas e arte com material reciclável.

“Tudo que eu tenho na minha vida eu consegui através da arte. Eu procuro fazer aquilo que mais vende em cada temporada. Mas busco sempre oferecer uma produção diferenciada, dando uma perfeição às minhas peças, finalizando com um bom acabamento e usando boa matéria-prima. Tudo isso agrega valor e a gente ganha mais respaldo com os clientes. Com isso, tenho obras que foram vendidas para fora do país. Tem obra na Alemanha, Polônia, Itália, França,  Espanha, Canadá, Estados Unidos, México, Argentina e na Colômbia”.

O impulso que o festival dá ao artesanato local é inegável. Mateus conta que há muitos produtores que trabalham apenas na época do evento. Mas, mesmo aqueles que produzem o ano inteiro, como ele, conseguem efetuar um maior volume de vendas quando o Boi Garantido e o Boi Caprichoso atraem milhares de turistas para a cidade.

“Eu trabalho 365 dias por ano. Eu não tenho outro meio para me sustentar. Então, depois do festival, eu mudo a temática e faço peças mais voltadas para o religioso devido à festa de Nossa Senhora do Carmo. Depois chegam os navios de cruzeiro. E eles trazem visitantes que não estão interessados em boi. Se você tentar vender boi, você passa fome porque eles querem arara, tucano, onça, todo tipo de animal da fauna e da flora amazônica. Mas o festival é sempre a época que mais vende. Eu fiz uns bois que movimentam a cabeça e todos foram vendidos rapidamente”, conta.

O artesão Mateus Pereira, fã do Boi Caprichoso, trabalha com comércio de peças regionais e de artesanato alusivo ao Festival Folclórico de Parintins. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Cidade dividida

O Festival de Parintins, em sua 57ª edição, divide a cidade entre o vermelho do Boi Garantido e o azul do Boi Caprichoso. Considerado patrimônio cultural do país pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ele está ligado à tradição cultural do Boi-Bumbá, na qual é narrada uma lenda onde ocorre a ressurreição do boi. As apresentações no Bumbódromo começaram na noite de sexta-feira (28) e terminaram no domingo (30). Ao longo dos três dias, 10 jurados avaliaram 21 quesitos. O anúncio do campeão ocorrerá nesta segunda-feira (1º).

Revelando-se torcedor do Boi Caprichoso, Mateus enaltece a importância da disputa sadia e mostra sua produção que atende a todos os gostos. Ele cita um projeto que desenvolveu em 2022 com recursos da Lei Aldir Blanc, criada para apoiar o setor cultural em meio à pandemia de covid-19. “Eu fiz personagens e itens do festival. Tinha uma sinhazinha e uma cunhã-poranga de cada boi. Fiz uma exposição aqui. E com a visibilidade e a repercussão, um museólogo de São Paulo entrou em contato comigo e comprou todas as peças”, lembra.

Para Mateus, o impulso dado pelo festival fomenta uma grande cadeia de produção. “A gente estrutura uma rede de colaboradores muito grande. Tem o rapaz que tira a matéria-prima lá no interior: a raiz, os galhos, as frutas, as sementes. Há pessoas que fazem o transporta desse material de lá para cá”, detalha.

O artesanato está espalhado por Parintins, mas há alguns pontos de maior concentração. A Central de Artesanato Soarte é um deles. Ali, uma grande variedade de produções com a temática do festival chama a atenção. Se algumas peças são assinadas pelos próprios artesões que administram suas barracas, outras chegam prontas para os vendedores.  É o caso de muitos bois de pano e de pelúcia e de adereços de cabeça, com penas e detalhes vermelhos ou azuis. As múltiplas origens dos produtos indicam como o festival fomenta uma complexa cadeia de produção.

Parintins (AM), 29/06/2024 – Comércio de artesanato no Festival Folclórico de Parintins.. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A expectativa do governo amazonense é de que o evento movimente R$ 160 milhões. A prefeitura de Parintins estima 120 mil visitantes, mais do que o número de habitantes da cidade. Segundo o Censo Demográfico 2022, a população local é de 96,3 mil pessoas.

Os benefícios econômicos no estado vão além da cidade de Parintins, beneficiando setores como o de transporte, tendo em vista que boa dos turistas são de Manaus e de outras cidades do próprio Amazonas. Na capital, o impulso dado pelo festival também beneficia profissionais envolvidos com a arte e a cultura.

É o caso do designer gráfico Weucles Santos. Natural de Itacoatiara (AM) e morador de Manaus, ele integra o Movimento Amigos do Garantido (MAG) e é responsável por produzir materiais artísticos de divulgação. Sem ter tido nenhuma influência da família, que não acompanha o festival, ele se apaixonou pelo boi vermelho e branco. Para estar presente no evento, encarou uma viagem de 16 horas de barco saindo da capital.

Weucles manifesta a satisfação de trabalhar com algo que desperta sua paixão. “Nós somos a vitrine em Manaus. Fazemos os eventos e lançamos a campanha para o festival. É muito legal participar do processo, se envolver e saber o que vai acontecer é muito legal”,  opina.

O designer gráfico Weucles Santos, do Movimento Garantido, dorme em rede no barco em que navegou até Parintis para torcer pelo Boi Garantido no 57º Festival Folclórico de Parintins. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil 

Características próprias

Os figurinos e os demais elementos cênicos das apresentações também envolvem amplo conjunto de profissionais, alguns dos quais trabalham no carnaval carioca. Não é por acaso que os dois eventos populares foram evoluindo ao longo do tempo e adotando alegorias cada vez mais grandiosas. Agostinho Rodrigues, coordenador de figurinos do Boi Garantido, destaca, porém, que há diferenças e que o Festival de Parintins tem suas características próprias.

“A gente nunca trouxe o carnaval para cá. Mas fomos lá estudar sobre materiais melhores que a gente pode aproveitar. Hoje, a parte de figurino do nosso boi foi toda construída dentro do próprio galpão. Até nossas penas foram feitas aqui dentro. A gente importava, comprava muito material de fora, do eixo Rio-São Paulo”, pondera.

Ele conta que, alinhado com mensagem transmitida pelo festival, a sustentabilidade é uma diretriz da produção. “Se você observar as penas, parece que é de verdade, das aves. Mas é tudo plotado, feito na cidade. Nós queremos um festival que não agrida a natureza. E a natureza nos dá muito material sem que seja necessário agredi-la. A gente trabalha por exemplo com palha seca e com folha de castanheira seca”.

Agostinho Rodrigues conta que os envolvidos no trabalho são, assim como o artesão Mateus Pereira, autodidatas. “Tudo começou como uma brincadeira lá atrás. A gente saía na rua com o Boi Garantido, mas nunca imaginava que ia ganhar essa evolução toda. E hoje a gente já tem 35 anos nessa estrada trabalhando com o Boi Garantido. Desde lá no início quando ainda não era o fenômeno atual. O nosso boi evoluiu através da nossa cultura. Os nossos artistas já vêm de berço. Aqui não tem ninguém que fez faculdade de arte. A gente aprendeu a fazer arte sem fazer faculdade”, observa.

Ele destaca a importância da renovação. “Lá atrás, eu aprendi muita coisa. Então, tudo é uma questão de adquirir conhecimento e passar para as pessoas. Chega um momento que é preciso ter um grupo preparado para assumir no nosso lugar e preservar a cultura. E é vivenciando a produção que os jovens adquirem um conhecimento diferenciado”.

O processo de produção envolve diversas etapas. A comissão de arte do Boi Garantido começa a pensar a apresentação em setembro do ano anterior, fornecendo os subsídios para a criação dos figurinos.

“Na entrada do ano, a gente já está com todo o projeto pronto para tirar do papel. São 22 artistas só no setor tribal. Na alegoria, há mais 15 artistas. A gente termina com umas 120 pessoas. Inclui as costureiras e o pessoal que prepara as penas. Inclui também os soldadores que são muito importantes. Eles fazem o trabalho inicial, a estrutura. E, em cima dela, a gente vai dando forma”, afirma Agostinho.

Ele se vangloria de tudo ser feito de forma artesanal, sem recursos eletrônicos ou hidráulicos. “É tudo manual com corda e cabo de aço. São as mãos das pessoas que movimentam as alegorias. Às vezes há 50 pessoas movimentando uma única alegoria. É o que eu sempre digo: esse festival é uma vitrine. Ele está vendendo a nossa imagem, mostrando o conhecimento do artista parintinense. E esse artista é muito bem valorizado. Há pessoas que hoje estão fazendo muito trabalho fora daqui. E é por conta do festival”.

O coordenador de Fantasias do Boi Garantido, Agostinho Rodrigues, no Curral, em Parintins. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Produção musical

Os organizadores estimam que 10 mil pessoas sejam envolvidas de alguma forma na realização das apresentações. Cada boi escolhe anualmente um tema para conduzir a apresentação. Serve também de norte para a produção das fantasias e alegorias. Neste ano, a encenação do Caprichoso se dá sob o mote “Cultura – O Triunfo do Povo”. Já a apresentação do Garantido aborda os “Segredos do Coração”.

É também com base nesses temas que são lançados álbuns com cerca de 20 novas toadas usadas para guiar o espetáculo. Os bois também podem executar músicas dos anos anteriores. As composições ficam também disponíveis nas plataformas digitais. As duas mais reproduzidas registradas pelo Spotify até esse domingo (30) eram Málúù Dúdú, do Caprichoso, com 609 mil reproduções e Perreché da Puraca, do Garantido, com 528 mil.

Esses trabalhos muitas vezes estruturam toda uma carreira artística. É o caso do compositor Tadeu Garcia que, em um vídeo divulgado pelo festival, lembrou sua dedicação de décadas ao Boi Garantido e fala sobre o desafio de escrever uma letra que intensifique as emoções durante as apresentações. “O Garantido desperta em cada um de nós uma hipersensibilidade, que vai muito além de algo que possa ser explicado. A gente faz a toada para que cada um dos torcedores sinta como se a toada fosse sua”, observa.

Além de fomentar a produção de toadas dos álbuns oficiais de cada boi, o festival busca estimular outros gêneros da cena musical local. Na quinta-feira (27), ocorreu a Festa dos Visitantes, momento em que artistas da cidade se uniram a nomes nacionais como Belo e Thiaguinho numa espécie de boas-vindas aos turistas.

Ao ser anunciada como uma das atrações do evento, a cantora Márcia Novo celebrou a realização de um sonho. “Todo o ano que vinha curtir a festa, pensava: um dia vou cantar aí! E agora que esse dia chegou. Te prepara que vou espucar a malhadeira! Esse ano estou comemorando 20 anos de carreira e preparei um grande baile de beirada de rio recheado de Beiradão, Brega, Boi Bumbá”, escreveu ela em suas redes sociais.

Comércio de artesanato no Festival Folclórico de Parintins.. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil