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Juros do cartão de crédito sobem e atingem 429,5% ao ano em junho

A taxa média de juros do cartão de crédito rotativo teve alta de 7,1 pontos percentuais para as famílias, passando de 422,4% ao ano, em maio, para 429,5% ao ano em junho deste ano. Em 12 meses, entretanto, os juros da modalidade caíram 6,3 pontos percentuais. Os dados estão nas Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgadas nesta sexta-feira (26) pelo Banco Central (BC).

O crédito rotativo dura 30 dias e é aquele tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão. Ou seja, contrai um empréstimo e começa a pagar juros sobre o valor que não conseguiu quitar.

A modalidade tem as taxas mais altas do mercado. Em janeiro deste ano, entrou em vigor a lei que limita os juros do rotativo a 100% do valor da dívida, mas a medida não afeta a taxa de juros pactuada no momento da concessão do crédito. Como ela só se aplica a novos financiamentos, não houve impacto na apuração estatística de junho.

Após os 30 dias, as instituições financeiras parcelam a dívida do cartão de crédito. No caso do cartão parcelado, os juros caíram 5,4 pontos percentuais no mês e 15,6 pontos percentuais em 12 meses para 180,5% ao ano.

Além da queda, o resultado do crédito livre às famílias em junho foi impactado pelo recuo de 6 pontos percentuais nas operações de crédito pessoal não consignado, para 87,8% o ano, e pelo aumento de 3,1 pontos percentuais no cheque especial, para 135% ao ano.

Com isso, a taxa média de juros no crédito com recursos livres às pessoas físicas ficou em 51,7% ao ano, um recuo de 0,7 ponto percentual no mês e de 7,4 pontos percentuais em 12 meses.

Nas operações com empresas, a taxa média alcançou 20,9% ao ano, aumento mensal de 0,3 ponto percentual e queda de 1,9 ponto percentual em 12 meses. Basicamente, contribuíram para este resultado as altas mensais nas taxas médias das modalidades de cheque especial (14,1 pontos percentuais), capital de giro com prazo superior a 365 dias (1,7 ponto percentual) e cartão de crédito parcelado (13,2 pontos percentuais). Em sentido contrário, houve queda de 18,6 pontos percentuais no cartão de crédito rotativo e de 0,6 ponto percentual em desconto de duplicatas e recebíveis.

Taxas médias

No total do crédito com recursos livres, considerando pessoas físicas e jurídicas, a taxa média de juros atingiu 39,6% ao ano em junho, com decréscimos de 0,3 ponto percentual (p.p) no mês e de 4,6 pontos percentuais em 12 meses.

No crédito livre, os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já no crédito direcionado, as regras são definidas pelo governo, e se destinam, basicamente, aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.

No caso do crédito direcionado, a taxa média para pessoas físicas ficou em 10,1% ao ano em junho, aumento de 0,2 ponto percentual no mês e recuo de 1,6 ponto percentual em 12 meses. Para as empresas, a taxa subiu 0,6 ponto percentual no mês e 0,5 ponto percentual em 12 meses, para 12,4% ao ano. No total, a taxa média do crédito direcionado ficou em 10,6% ao ano no mês passado, acréscimo de 0,2 ponto percentual no mês e queda de 1,1 ponto percentual em 12 meses.

Com isso, a taxa média de juros das concessões de crédito, considerando todos os segmentos, segue desacelerando e alcançou 27,86% ao ano em junho, redução de 0,42 ponto percentual no mês e de 3,8 pontos percentuais em 12 meses. O pico dos juros aconteceu em maio do ano passado, quando chegou a 32,2% ao ano.

O comportamento dos juros bancários médios ocorre em um momento em que a taxa básica de juros da economia, a Selic, vinha sendo reduzida. A Selic é o principal instrumento do BC para controlar a inflação e, com o controle dos preços, desde agosto do ano passado, o BC cortou a Selic por sete vezes consecutivas.

Na última reunião, entretanto, com a alta recente do dólar e o aumento das incertezas econômicas, o Comitê de Política Monetária (Copom) interrompeu o corte de juros iniciado há quase um ano e manteve a taxa básica em 10,5% ao ano.

De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, em um ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano, por sete vezes seguidas. Com o controle dos preços, o BC passou a realizar os cortes na Selic.

Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.

Salto da carteira

O volume das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) alcançou R$ 585,9 bilhões em junho, acréscimo de 2,4% no mês e aumento de 9,3% em 12 meses.

O estoque de todos os empréstimos concedidos pelos bancos ficou em R$ 6,018 trilhões, um crescimento de 1,2% em relação maio e de 9,9% em 12 meses. O desempenho resultou da alta de 2,2% no estoque de crédito às empresas, que totalizou R$ 2,327 trilhões, e do aumento de 0,6% no crédito destinado às famílias, R$ 3,691 trilhões.

Já o saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro, que é o crédito disponível para empresas, famílias e governos, independentemente da fonte (bancário, mercado de título ou dívida externa), alcançou R$ 17,410 trilhões, com alta de 2,2% no mês.

Os principais fatores do aumento mensal foram a elevação de 5% do saldo de empréstimos externos, de 1,7% em títulos públicos de dívida e de 1,1% nos empréstimos do SFN. Na comparação interanual, o crédito ampliado cresceu 13,6%, destacando-se elevações dos mesmos componentes de 16,6%, 12,8% e 9,5%, respectivamente.

Prêmio Jacira Silva reconhece o jornalismo negro no Brasil

Aos 73 anos, a jornalista Jacira Silva nunca imaginou que seria homenageada “ainda neste planeta” ao nomear um prêmio de reconhecimento ao jornalismo negro. O Prêmio Jacira Silva será entregue nesta sexta-feira (26), durante a 17ª edição do Festival Latinidades, em Brasília. 

Na categoria Jornalistas Negras, a gerente da Agência Brasil, Juliana Cézar Nunes, receberá o prêmio ao lado de nomes como Maju Coutinho, da Rede Globo, e Basília Rodrigues, da CNN. 

“É o reconhecimento dos colegas pela nossa trajetória e o pouco que a gente consegue fazer para transformar e para contribuir para uma comunicação democrática, plural, não sexista. Espero que eu mantenha a minha coerência política e a minha dignidade como ser humano e que eu possa sempre representá-los e representá-las com muito Axé”, diz Jacira. 

“Hoje, fruto da luta do movimento negro organizado no Brasil, nós mulheres negras estamos na TV, no rádio, nas redes como nós somos, diz a jornalista. Foto – Valter Campanato/Agência Brasil

Jacira foi a primeira negra a assumir a presidência do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, entre 1995 e 1998, e fundou a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira/DF). Atualmente, é diretora de Condições de Trabalho e Qualidade de Vida do Sindicato. 

Considerado o maior festival de mulheres negras da América Latina, o Festival Latinidades em Brasília acontece até amanhã (27), no Museu da República. O evento tem apoio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Confira a programação.

Jornalistas negras 

A programação do festival inclui um debate hoje sobre a participação de mulheres negras na mídia. A ideia é fazer pensar as possibilidades de futuro com mais participação das mulheres negras em diferentes processos comunicacionais.

Para Jacira, apesar de estarem em menor número nas redações brasileiras, a presença de mulheres negras traz uma nova perspectiva para o jornalismo.  

“Hoje, fruto da luta do movimento negro organizado no Brasil, nós mulheres negras estamos na TV, no rádio, nas redes como nós somos. Do jeito que a gente quer se vestir, quer se pentear. Com a nossa autoestima e com a nossa história, dos nossos ancestrais, das nossas famílias. E sem ser exótico, e sim sermos quem nós somos, com o nosso cabelo crespo, o nosso cabelo para cima, solto, trançado com o nosso nariz chato e com a nossa pele negra. Mas a gente ainda continua sendo uma ou duas, contando nos dedos.”

Trajetória

Jacira começou a cursar comunicação após quatro tentativas de entrar na Universidade de Brasília (UnB). “Eu não passava porque trabalhava, tinha dois empregos, sempre fui de escola pública. Mas não desisti do que eu queria ser”. Assim, ela ingressou em uma faculdade privada, apesar da dificuldade de pagar a mensalidade. “Foi uma grande dificuldade de pagamento, tinha semestre que eu não tinha como pagar, aí negociava lá na direção.” 

Iniciou a carreira como revisora da gráfica do Congresso Nacional. Em sua trajetória profissional, passou por redações como do Correio Braziliense e do Jornal de Brasília, além de rádios e jornais comunitários. Também atuou na assessoria de imprensa do Ministério da Educação e da Funarte, e de outros órgãos públicos, além de participar do movimento sindical no DF. 

A jornalista negra conta que, em muitas dessas etapas, sofreu discriminação e teve sua capacidade colocada em dúvida por conta da raça. “A discriminação nos move quando ela vem na forma do enfrentamento. Ela não pode te abater e nem deixar você desistir, ela me fortalece. Mas ela não é boa, é óbvio, eu não quero ser discriminada para me fortalecer”, diz. 

Atividades físicas proporcionam mais e melhores dias dos avós

Avós e netos têm nesta sexta-feira (26), Dia dos Avós, oportunidade para celebrar uma parceria que une os dois extremos da linha da vida. De um lado, a vitalidade da juventude; do outro a experiência e os conhecimentos adquiridos ao longo de toda uma jornada.

Essa complementaridade, rica para ambas as partes, pode ganhar qualidade e ser prolongada a partir de alguns cuidados que, apesar de valerem para todos, são ainda mais relevantes àqueles que se encontram na terceira idade.

“A atividade física é o que me dá condições acompanhar o pique dos meus netos. Quero que isso dure ao máximo. É o que mais me motiva a deixar a inércia de lado e fazer as minhas ginásticas”, explica a aposentada Helia de Assis Ribeiro que, aos 86 anos, acaba de voltar de uma viagem a Foz do Iguaçu acompanhada dos cinco netos com idades entre 12 e 30 anos.

Riscos da idade

Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2023, as três principais causas de internações e óbitos de pessoas com mais de 60 anos estão de alguma forma relacionadas à falta de uma atividade física rotineira.

Doenças dos aparelhos circulatório resultaram em mais de 790 mil internações no ano passado, e em 310,9 mil óbitos. Já as doenças do aparelho respiratório resultaram em 465,8 mil internações e 145,2 mil óbitos. As Neoplastias (tumores) foram a causa de 455,5 mil internações e 184,3 mil óbitos.

A boa notícia é que exercícios físicos praticados com regularidade podem ajudar a melhorar essas estatísticas.

“A atividade física é fundamental para a prevenção e controle de doenças não transmissíveis, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e vários tipos de câncer”, explica a educadora física Talita Cezareti, especialista em gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

Segundo ela, a falta de atividade física está associada a uma série de desfechos adversos para a saúde dos idosos, “incluindo maior mortalidade por todas as causas e por doenças cardiovasculares, aumento da incidência de hipertensão, certos tipos de câncer e diabetes tipo 2”.

Tendo por base dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), Talita diz que entre 4 e 5 milhões de mortes poderiam ser evitadas anualmente, se a população global fosse fisicamente mais ativas, uma vez que um terço de todas as mortes decorrem de doenças cardiovasculares.

Benefícios

Antes de se aposentar, quando trabalhava como assistente social, Helia Ribeiro já observava, nos idosos que ficavam sob seus cuidados, os benefícios proporcionados por exercícios e ginásticas à terceira idade.

“Eu tinha o papel de estimulá-los às atividades físicas. Sempre tive muita clareza de que parar com os exercícios compromete a qualidade de vida, e que idosos parados acabavam ficando com a musculatura flácida. Isso é caminho para problemas físicos e, também, mentais. Para evitá-los, é fundamental que o corpo continue se mexendo e que o cérebro esteja sempre trabalhando. Todos que praticavam atividades físicas e mentais ficam em um patamar muito superior”, disse a aposentada, que faz ginástica duas vezes pros semana e todos os dias faz exercícios para as pernas.

A percepção de Helia é corroborada pela gerontóloga Talita Cezareti. “A saúde mental pode ser afetada com sintomas de ansiedade e depressão, assim como a saúde cognitiva e o sono”.

Personal treiner com diversos clientes da terceira idade, Diogo Duarte diz ter em casa, na avó Elisabeth, com 87 anos, o principal exemplo do quanto as atividades físicas agregam qualidade de vida para a terceira idade.

“Ela tem próteses nos dois joelhos, devido ao desgaste das cartilagens causado pela diferença de tamanho de suas duas pernas. A necessidade de fortalecer a musculatura da perna foi o ponto de partida para ela se inscrever em uma academia. No começo, por obrigação. Mas acabou pegando gosto pela coisa, o que acabou ajudando a lidar com a necessidade de colocar, depois, a prótese no segundo joelho”, disse.

Convívio com os netos

As dificuldades e superações da avó de Diogo tornaram ainda mais especiais os momentos dela com a bisneta Gabriela, de 8 anos. “É muito bom vê-la tão saudável e autônoma, passando horas ali, brincando com a minha filha, convivendo intensamente com ela, com os outros bisnetos e netos”, disse.

“A verdade é que a atividade física deu a ela uma juventude mais prolongada. A ponto de a gente acabar tendo de freá-la um pouco devido a tamanha disposição. A vontade dela em ter essas vivências é cada vez maior, por ela querer aproveitar cada momento”, acrescentou o neto personal treiner.

Diego classifica a avó como uma pessoa hiperativa e autossuficiente que adora viajar sozinha de carro. Gosta também de levar as amigas para passeios.

“Muitas delas, apesar de mais novas, apresentam situação mais debilitada por não praticarem atividades físicas. Às vezes ficamos preocupados e tentamos controlá-la para evitar riscos, mas a verdade é que a vontade dela é a de abraçar o mundo, característica que ficou ainda mais reforçada a partir do momento em que ela incluiu, em sua rotina, as atividades físicas”.

Além de ampliar o convívio com netos, as atividades físicas dão mais qualidade a esse convívio. “Dão, inclusive, condições de acompanhar as novidades apresentadas por eles, bem como verificar o que eles estão fazendo e influenciá-los positivamente até porque, aposentados, temos o tempo que às vezes os pais não têm”, explica Helia Ribeiro.

Sair da inércia

Ainda tendo como referência os idosos de quem cuidava durante o período em que exercia a profissão de assistente social, Helia Rineiro diz que o primeiro passo a ser dado na busca por qualidade de vida na terceira idade, é o de sair da situação de inércia.

“A pessoa tem de sair da acomodação e da situação de inércia porque, parado, a coisa só piora. Nesse sentido, família e amigos podem ter papel fundamental porque podem ser fonte de estímulo”, disse.

Segundo ela, há, em muitas cidades, diversas atividades voltadas aos idosos. “Algumas, inclusive, oferecidas gratuitamente pelas prefeituras em praças públicas. Vale começar pela musculação porque, além de preparar o corpo para outras atividades, possibilita integração com outras pessoas. Digo isso porque muitos idosos passam muito tempo sozinhos, e a solidão é muito ruim porque traz tristeza”, acrescentou ao ressaltar que, principalmente na terceira idade, é fundamental que se tenha um acompanhamento profissional.

Acompanhamento profissional

O personal treiner Diogo Duarte explica que toda atividade voltada a idosos deve evitar esforços excessivos, respeitando sempre as limitações naturais da idade. Talita Cezareti acrescenta que a recomendação da OMS e do Ministério da Saúde para pessoas idosas é clara: realizar exercícios aeróbicos de intensidade moderada, como caminhadas, natação ou dança, por pelo menos 150 minutos por semana (ou 75 minutos se intensidade for vigorosa).

Além disso, é crucial incluir exercícios de fortalecimento muscular e equilíbrio em dois ou mais dias semanais para preservar a massa muscular, prevenir quedas e manter a funcionalidade.

“Treinamentos de equilíbrio, fortalecimento muscular e atividades aeróbicas são mais eficazes para aumentar a capacidade funcional em idosos frágeis, quando realizados de 3 a 5 vezes por semana por 30 a 45 minutos por sessão ao longo de 3 a 5 meses”, detalhou a gerontóloga.

Ela destaca ser importante estar atento ao que o idosos gostam e desejam fazer, o que pode abranger exercícios a serem executados na companhia de pessoas com quem eles tenham afinidade. “O que precisamos é de constância, e observar pontos como prazer faz toda diferença”.

A dança pode ser uma dessas atividades, segundo Helia Ribeiro, até por ser uma atividade que estimula os idosos tanto do ponto de vista físico como intelectual.

“Gosto de dançar. Inclusive fiz dança de salão por um bom tempo, mas como meu marido não gosta, acabei parando. É uma atividade prazerosa e agradável, que deixa o corpo mais leve, ao mesmo tempo em que melhora o estado de cognição. Além disso, ao nos possibilitar conhecer outras pessoas, amplia a vida social, com trocas de experiências que acontecem de forma espontânea, natural e sem programação”.

G20: ministros de Finanças debatem revisão de fundo verde

A 3ª reunião de Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais do G20 termina nesta sexta-feira (26) com debate sobre questões relacionadas ao financiamento sustentável. Um dos temas que será colocado na pauta é a proposta brasileira de revisão dos fundos multilaterais climáticos, os chamados fundos verdes. Outro assunto será acerca das infraestruturas resilientes, adaptadas para lidar com os impactos ambientais.

“É um tema importante que quisemos trazer para o centro dessa sessão. Nós tivemos no Brasil tragédias recentes, como no caso das enchentes no Rio Grande do Sul, a seca na Amazônia, os fogos no Pantanal”, destaca a embaixadora Tatiana Rosito, secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e coordenadora da Trilha de Finanças do G20, em entrevista nessa quinta-feira (25).

Antes do encerramento, os presentes ainda deverão debater a arquitetura financeira internacional e a reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento. Este é um tema considerado prioritário para o Brasil.

Além do comunicado final da reunião, deverá ser divulgada uma declaração do Ministério da Fazenda e outra da presidência brasileira do G20. Essa última será focada em questões geopolíticas.

Ao fim do primeiro dia da reunião nessa quinta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adiantou que constará um reconhecimento, no texto final do encontro, de que é necessário aprofundar discussões sobre a taxação dos super-ricos. Segundo ele, o tema agora está incluído na agenda internacional.

A reunião compõe a intensa programação de atividades do G20, realizado no Rio de Janeiro. As delegações participantes debateram as perspectivas para o crescimento econômico, o processo de desinflação, geração de emprego, regulação do sistema financeiro e tributação internacional.

A relação entre as políticas macroeconômicas e as desigualdades também foi abordada. “Esse tema foi colocado pela presidência brasileira e contou com grande aceitação”, afirmou Tatiana Rosito.

De acordo com a embaixadora, entre os membros do G20, países convidados e organizações internacionais, há 77 delegações participantes. Esse número leva em conta que o Ministério de Finanças e o Banco Central de um mesmo país possuem delegações diferentes. Considerando todos os inscritos, são ao todo mais de 470 delegados.

As 19 maiores economias do mundo, bem como a União Europeia e mais recentemente a União Africana, têm assento no G20. O grupo se consolidou como foro global de diálogo e coordenação sobre temas econômicos, sociais, de desenvolvimento e de cooperação internacional.

Em dezembro do ano passado, o Brasil sucedeu a Índia na presidência. É a primeira vez que o país assume essa posição no atual formato do G20, estabelecido em 2008. No fim do ano, o Rio de Janeiro sediará a Cúpula do G20, e a presidência do grupo será transferida para a África do Sul.

Brasil colocou taxação de super-ricos na agenda global, diz Haddad

Ao fim do primeiro dia da 3ª reunião de Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais do G20, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, compartilhou informações envolvendo a declaração aprovada sobre tributação global. O  texto final só será divulgado ao fim do evento nesta sexta-feira (26), mas o ministro adiantou que constará um reconhecimento de que é necessário aprofundar discussões sobre a taxação dos super-ricos.

Segundo ele, o tema agora está incluído na agenda internacional.

“Ficamos extremamente satisfeitos com o apoio que foi recebido pelo Brasil. Praticamente todos os participantes do G20 fizeram questão de enfatizar a liderança da presidência do Brasil do G20. Obviamente que há preocupações e ressalvas. Há preferências por outras soluções, mas ao final todos concordamos que era necessário fazer constar essa proposta como uma proposta que merece a atenção devida”, disse.

A taxação dos super-ricos é uma pauta prioritária para a presidência brasileira do G20. O Brasil defende que os países coordenem a adoção de um imposto mínimo de 2%. No entanto, há resistências. A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, por exemplo, tem dito que não vê necessidade de um pacto global e que cada governo deve tratar da questão internamente. Ainda assim, ela tem se manifestado favorável a um sistema tributário mais progressivo que garanta que indivíduos de alta renda paguem um valor justo.

Segundo Haddad, sem uma coordenação global, os países acabam se envolvendo em uma guerra fiscal. Ele avalia que a inclusão de menção da proposta brasileira na declaração final é uma conquista que supera o ceticismo sobre a impossibilidade de um consenso. “Obviamente que é preciso enfatizar que esses processos têm curso relativamente lento na agenda internacional. A construção de um mundo melhor é trabalhosa. Se não fosse, já teríamos um mundo bem mais agradável do que o atual”, avaliou.

Ele insistiu se tratar de uma vitória que não deve ser desmerecida. “É uma conquista do ponto de vista ético. A ética é muito importante na política. Buscar justiça é muito importante na política. Os 20 países mais ricos do mundo terem concordado em se debruçar sobre um tema proposto pelo Brasil é algo de natureza ética que precisa ser valorizado. Não é pouca coisa, mesmo que isso ainda vai exigir esforços intelectuais importantes para torná-la realidade”.

O ministro disse que a discussão das questões tributárias deve levar em conta o enfrentamento dos desafios globais, como a desigualdade, a fome e as questões climáticas, que vão exigir soluções inovadoras. “Nós estamos procurando nos antecipar já começando a elaborar instrumentos de financiamento que possam servir no momento em que a necessidade se fizer notar”.

Mais cedo, em pronunciamento aos demais participantes do evento, Haddad já havia dito que a declaração que estava sendo elaborada seria histórica . “Graças à nossa vontade política coletiva, esse G20 será lembrado como ponto de partida de um novo diálogo global sobre justiça tributária. Tal progresso no debate foi alcançado por meio de troca de ideias de maneira franca e transparente”.

As 19 maiores economias do mundo, bem como a União Europeia e mais recentemente a União Africana, têm assento no G20. O grupo se consolidou como foro global de diálogo e coordenação sobre temas econômicos, sociais, de desenvolvimento e de cooperação internacional. Em dezembro do ano passado, o Brasil sucedeu a Índia na presidência. É a primeira vez que o país assume essa posição no atual formato do G20, estabelecido em 2008. No fim do ano, o Rio de Janeiro sediará a Cúpula do G20, e a presidência do grupo será transferida para a África do Sul.

Financiamento da sustentabilidade na Amazônia contará com novo fundo

Três bancos públicos brasileiros – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica Federal – e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciaram nesta quinta-feira (25) as bases de uma nova proposta voltada o financiamento da sustentabilidade na Amazônia. A ideia é criar um Exchange Traded Fund (ETF), um fundo negociado em bolsa de valores. A expectativa é lançá-lo e distribuir suas cotas antes da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), prevista para ser realizada na cidade de Belém em novembro de 2025.

Os ETFs são um tipo de investimento que surgiu nos Estados Unidos na virada entre as décadas 1980 e 1990 e hoje são comuns em mercados de capitais de diferentes países. A proposta apresentada prevê que a negociação se dê na Bolsa de Valores de São Paulo, também conhecida como B3.

A carteira de investimentos da ETF será composta por títulos de renda fixa emitidos pelo BNDES, pelo BB e pela Caixa. O retorno oferecido aos investidores estará baseado em um índice de referência a ser criado. Esse índice precisa ser aceito pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Todos os recursos que as três instituições levantarem serão alocados em empréstimos para ações sustentáveis na Amazônia.

O anúncio foi realizado por dirigentes das instituições financeiras envolvidas durante a 3ª reunião de Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais do G20, que acontece no Rio de Janeiro. É mais uma atividade de uma intensa programação que ocorre ao longo dessa semana na capital fluminense, sob coordenação do Brasil, que atualmente preside o G20.

Na ocasião, também foi assinada uma carta de intenções entre as instituições envolvidas. Estudos para desenvolver a proposta serão conduzidos de forma colaborativa pelo BNDES, BB e Caixa, com o apoio técnico e financeiro do BID. “O ETF Amazônia para Todos buscará democratizar o acesso a investimentos sustentáveis, combinando o uso de recursos com incentivos baseados em resultados e promovendo a diversificação e o aumento da base de investidores nos mercados doméstico e internacional”, registra nota divulgada pelas instituições econômicas.

Foram listadas diferentes razões pelas quais o ETF foi considerado um instrumentos adequado para financiar ações na Amazônia. Uma delas é a transparência, tendo em vista que a composição da carteira é divulgada diariamente pelo provedor do índice, permitindo que o investidor saiba exatamente em quais ativos está investindo. Além disso, a ampla utilização de ETFs no mercado internacional tende a facilitar a distribuição através de plataformas globais de investimentos.

Outro ponto citado é o viés democrático. “O instrumento foi escolhido como veículo para captar recursos por permitir acesso igualitário ao pequeno e ao grande investidor, e por sua liquidez, já que as cotas são listadas em bolsas de valores. Estima-se que estarão acessíveis para compra e venda por qualquer pessoa física ou jurídica, com valores ao redor de R$ 100”, acrescenta o texto divulgado pelas instituições.

Torcida diz que futebol feminino precisa melhorar para chegar ao ouro

A vitória da seleção feminina de futebol por 1 a 0 sobre a Nigéria, na estreia da Olimpíada de Paris, foi muito celebrada nesta quinta-feira(25) na Fanfest do Parque Villa-Lobos, na capital paulista. Apesar disso, os torcedores que acompanharam a partida afirmaram que será preciso melhorar alguns fundamentos para que, finalmente, o Brasil conquiste a medalha de ouro olímpica.

“Foi uma vitória no sufoco, por 1 a 0. Foi importante a vitória porque os próximos jogos são contra o Japão e a Espanha, que são seleções fortíssimas. Creio em uma medalha, mas vai ter que melhorar muito ainda”, disse Eduardo da Silva, de 43 anos, que foi à fanfest acompanhado da esposa e do filho. “Pelo elenco, o Brasil poderia ter produzido mais, mas tem o lance do nervosismo de estreia.”

Para Eduardo, o grande destaque da seleção brasileira nesta tarde foi Marta. “A Marta é nosso ícone. Tomara que ainda surjam outras Martas [no Brasil] e que não fiquemos só nessa”, afirmou.

Quem também acha que a seleção ainda pode melhorar é a torcedora Fernanda Zaguis, de 37 anos. “Vim aqui hoje torcer pelo Brasil. O jogo foi bom, mas temos uns pontos para melhorar, como o entrosamento da defesa. Tivemos boas oportunidades, e a Marta brilhou, como sempre, fazendo lances incríveis. Acho que, com o passar da competição, o entrosamento da equipe ainda vai melhorar.”

Para Fernanda, a expectativa é que Marta possa encerrar seu ciclo na seleção com “chave de ouro, conquistando a inédita medalha de ouro”.

Ginasta apresenta-se na Fanfest paulistana – Rovena Rosa/Agência Brasil

Esporte e superação

A corredora Ana Luiza dos Anjos Garcez, mais conhecida como Ana Animal, também esteve na fanfest do Parque Villa-Lobos para torcer pelo Brasil na tarde de hoje. Conhecida pelo público paulistano por sempre estar presente nas principais competições esportivas torcendo pelo Brasil, ela chegou à fanfest com uma produção especial: portava uma corneta e estava com os cabelos trançados nas cores da bandeira nacional. “Para fazer esse cabelo aqui dói. Mas eu não posso ficar sem meu look do Brasil”, brincou.

“Vim correndo para cá. Nem almocei. Foi um desespero para chegar aqui, mas deu tempo de assistir [ao jogo]. Eu gostei do Brasil. As meninas são raçudas, mas precisam ter mais força para chutar. Precisam chegar mais perto para meter bica. Pode melhorar mais um pouco. Hoje eu estava aqui gritando, nervosa, arrancando meus cabelos”, enfatizou.

Ana Animal, que já viveu nas ruas de São Paulo, especialmente na região da Cracolândia, reconhece a importância do esporte. Foi nele que ela encontrou força e superação. “Sou ex-moradora de rua. Morei 23 anos na rua. Um ex-secretário de Esportes me viu na televisão e me perguntou se eu queria sair da rua. Ele me tirou de lá e me arranjou um lugar para ficar. Comecei a correr e larguei tudo. Graças ao esporte, eu estou aqui hoje, viva! Se não fosse pelo esporte, eu poderia estar morta ou na cadeia. Eu amo o esporte”, afirmou.

Espaço do torcedor

Parede de escalada é atração na Fanfest – Rovena Rosa/Agência Brasil

Pela primeira na história dos Jogos Olímpicos, uma fanfest oficial ocorre fora da cidade-sede. Chamada de Festival Olímpico Parque Time Brasil, a fanfest que foi criada no Parque Villa-Lobos está acompanhando, ao vivo, o desempenho dos atletas brasileiros em Paris em sete telões instalados no local. A programação também conta com interação com atletas e ex-atletas, megashows e uma área gastronômica.

Na tarde ensolarada desta quinta-feira, por exemplo, muitos pais levaram os filhos para acompanhar o jogo da seleção feminina de futebol. E, no intervalo das partidas, as crianças ainda puderam curtir as atrações promovidas por patrocinadores, como a piscina de surf, a parede de escalada e até uma apresentação de duas atletas da ginástica rítmica.

O festival é uma iniciativa do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), em parceria com o DC Set Group e a Agência Deponto e será realizado até o dia 11 de agosto, quando terminam os Jogos de Paris. A expectativa dos organizadores do evento é que mais de 200 mil pessoas frequentem o espaço nesse período.

Brasil registra três mortes ao dia de crianças e jovens por afogamento

“Criança não aprende pelo erro. Criança precisa de supervisão do adulto bem de perto’. É o que defende o presidente do Departamento Científico de Prevenção e Enfrentamento às Causas Externas na Infância e Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Luci Pfeiffer. O alerta coincide com o Dia Mundial de Prevenção do Afogamento, celebrado nesta quinta-feira (25), e se baseia em levantamento divulgado pela entidade, segundo o qual, em média, três crianças e adolescentes perdem a vida por afogamento, diariamente, no Brasil.

A SBP analisou os registros de óbitos ocorridos entre os anos de 2021 e 2022, quando houve mais de 2,5 mil vítimas desse tipo de acidente que, de acordo com a entidade, é completamente evitável. As crianças de um a quatro anos de idade foram as principais vítimas, com 943 mortes, seguidas de adolescentes de 15 a 19 anos (860 óbitos). O estudo incluiu as faixas etárias de 10 a 14 anos (com 357 óbitos); de cinco a nove anos (291); e os menores de um ano (58).

“Falta cuidado, falta proteção. Falta os pais saberem que criança precisa de supervisão do mundo adulto e de um ambiente protegido, porque tem coisas que você evita adaptando esse ambiente à atividade de uma criança”, avalia Luci Pfeiffer. As mortes são resultado também da imprudência de pais e de filhos, acrescentou a pediatra.

A pediatra atribui a grande incidência de óbitos por afogamento em crianças de 1 a 4 anos de idade à falta de proteção nos ambientes que os menores frequentam. “E a partir daí, tanto a falta de equipamentos de segurança, como na adolescência pela falta de exemplo e supervisão, porque adolescência também tem que ser supervisionada”. Os afogamentos entre adolescentes se dão mais em águas naturais, como rios, lagos e praias, quando eles se arriscam em lugares desprotegidos que são deixados sem supervisão. Entre as crianças pequenas, a maioria dos acidentes acontece dentro de casa, na lavanderia, no banheiro, na piscina e em lugares de lazer.

Segurança

Luci Pfeiffer afirmou que boias de braço e circulares e brinquedos flutuantes devem ser totalmente evitados. A única proteção comprovada internacionalmente na prevenção dos afogamentos é o uso de colete guarda-vidas, com certificado do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e reconhecimento pela Marinha Brasileira. “O colete garante que a cabeça ficará para fora da água”.

A pediatra recomenda que a criança de 3 a 4 anos deve estar à distância de um braço dentro d’água do adulto cuidador. De dois anos para baixo, ela deve estar junto do adulto. “O adulto cuidador deve estar segurando essa criança em um colete salva vida que seja certificado pelo Inmetro e pela Marinha, porque esse é o único equipamento de segurança que mantém a cabecinha fora d’água. Tantos as boias de braço como as circulares podem manter, ao contrário, as crianças com a cabeça para baixo. Aí, ela não tem força para fazer a virada”.

Outra coisa perigosa, na avaliação da especialista, são brinquedos em que a criança fica sentada fora da água, como cavalinhos, porque podem virar de um jeito que fiquem em cima da criança. “Virando, ela não tem proteção. É uma aspiração de água e ela não consegue mais respirar”.

Luci alertou que mesmo que a criança saiba nadar aos 12 anos, ela tem que ter supervisão direta e perto do adulto. Entre 3 e 4 anos, mais ainda. “Os pais ensinarem o filho a nadar a partir dos 4 anos é muito bom, mas isso não significa que ela vai conseguir se defender em uma manobra mais intempestiva que as crianças gostam de fazer, ou em uma água natural como o mar ou rios, O adulto tem que estar perto”, alerta.

Registros

O estado que mostra o maior número de registros de mortes no período analisado é São Paulo (296), devido, em grande parte, à população maior, seguido da Bahia (225), Pará (204), Minas Gerais (182), Amazonas e Paraná (131, cada). Os acidentes fatais envolvendo crianças e jovens do sexo masculino corresponderam a 76% dos registros nos anos pesquisados, enquanto as meninas somaram 24%. Muitas crianças que não chegam a se afogar apresentam graves sequelas. “É um dano irreparável”.

Por regiões, o maior número de óbitos foi encontrado no Nordeste (375, em 2021, e 398, em 2022), seguido da Região Sudeste (324 e 348), Norte (275 e 222), Sul (157 e 143) e Centro-Oeste ( 143 e 124).

Luci Pfeiffer indicou que entre as ações preventivas eficazes está a proibição da livre entrada de crianças pequenas em ambientes como cozinhas, banheiros e áreas de serviço e a importância de bloqueios que impeçam o acesso de menores. “Precisa ter portões na cozinha, porque isso evita também a ocorrência de queimaduras, sobretudo em crianças pequenas que estão na fase de engatinhamento. São lugares de risco a cozinha, lavanderia, porque uma criança pequena que ainda não tem domínio do seu caminhar, se ela cair em uma bacia com dez centímetros de água, ela pode se afogar. Baldes e bacias não podem estar no chão com restos de água, bem como as piscininhas de plástico”, recomenda.

“A gente precisa evitar que a criança chegue a lugares com água sem supervisão Como as pessoas não conseguem dar conta das crianças o tempo inteiro, é preciso ter barreiras físicas mesmo”. O mesmo cuidado deve ser tomado com relação a piscinas em casas, condomínios e clubes, sinalizou a pediatra. Isso pode ser feito por meio do estabelecimento de portões e barreiras no entorno para controlar o acesso que possam impedir que os menores consigam abrir ou escalar. “Piscina não é brinquedo”, advertiu. É um lugar de lazer, mas precisa de cuidado, ou seja, um adulto tem que estar alerta e tomando conta diretamente das crianças e adolescentes no local, sem desviar atenção para celulares, entre outras coisas.

Outras informações sobre prevenção de acidentes em geral podem ser acessadas no site da SBP.

STJ autoriza aborto legal que foi negado a adolescente de 13 anos

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou uma adolescente de 13 anos a passar pelo procedimento de aborto legal. A medida foi tomada após duas magistradas do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) negarem a interrupção da gravidez para a jovem, que foi estuprada por um homem de 24 anos. 

A decisão, que está em segredo de Justiça, foi proferida nesta quarta-feira (24) pela ministra Maria Thereza de Assis Moura após a Defensoria Pública de Goiás entrar com um habeas corpus no tribunal. 

Pela legislação penal, a interrupção da gestação é permitida nos casos de gravidez fruto de estupro e só pode ser realizada por médicos com o consentimento da vítima.

Antes de chegar ao STJ, o caso ganhou repercussão após divulgação de matéria jornalística divulgada pelo site Intercept Brasil.

De acordo com a publicação, o aborto legal foi negado por um hospital de Goiás e em duas decisões judiciais proferidas pela juíza Maria do Socorro de Sousa Afonso e Silva e a desembargadora Doraci Lamar Rosa da Silva Andrade.  A reportagem também informou que a vítima está na 28ª semana de gestação de gestação e tenta interromper a gravidez desde a 18ª semana.

Diante da situação, o corregedor-nacional de Justiça, ministro Luís Felipe Salomão, pediu explicações para as duas magistradas. Segundo o corregedor, o caso, se comprovado, aponta para prática de falta funcional com repercussão disciplinar.

Após a decisão do corregedor, procurado pela Agência Brasil, o Tribunal de Justiça de Goiás declarou que não vai se manifestar sobre o caso porque as decisões envolvendo a menor estão em segredo de Justiça. Sobre a intimação das magistradas, o tribunal informou que “todas as providências determinadas pelo CNJ são cumpridas imediatamente

Torcida reúne-se em fanfest para acompanhar brasileiros na Olimpíada

Os Jogos Olímpicos de Paris serão abertos oficialmente nesta sexta-feira (26), mas, em algumas modalidades, como futebol e handebol, a competição já começou. Os atletas brasileiros entraram hoje de manhã na disputa, com a vitória da seleção feminina de handebol sobre a da Espanha e a apresentação dos atiradores de tiro com arco.

Agora à tarde, o Brasil volta a entrar em cena com o futebol fenminino. Liderada pela Rainha Marta, a seleção feminina enfrenta a Nigéria. Para acompanhar o jogo, muitos torcedores se juntaram na Fanfest, um espaço que foi montado no Parque Villa-Lobos, na capital paulista. Inaugurada no último sábado, esta é a primeira fanfest fora de uma cidade-sede dos Jogos.

Chamada de Festival Olímpico Parque Time Brasil, a fanfest mostrará ao vivo a participação da delegação brasileira em Paris em telões instalados no parque. A programação também contará com interação com atletas e ex-atletas, megashows e uma área gastronômica.

Uma das pessoas que decidiram vir torcer pela seleção brasileira nesta tarde ensolarada de São Paulo foi Herica Martto, de 47 anos. Acompanhada dos filhos, da irmã e dos sobrinhos, ela veio até o Parque Villa-Lobos para aumentar a torcida pela seleção. 

“Eu acho esse um evento muito importante para fortalecer o esporte nacional, porque o esporte precisa de patrocínio, precisa de incentivo e apoio, principalmente o futebol feminino”, disse Herica à Agência Brasil. “As mulheres do nosso futebol feminino ganham menos, se esforçam mais, não têm os patrocínios e os salários milionários, mas estão na Olimpíada. Elas merecem nosso apoio.”

Para Herica, torcer junto com outras pessoas fortalece a participação dos atletas brasileiros em Paris. “É importante as pessoas virem para prestigiar mesmo. Muitas vezes as pessoas não conhecem as modalidades esportivas. Então, é importante conhecer, apoiar e, aqui do Brasil, mandar essa energia”, afirmou. 

Quem também foi à fanfest para torcer pelo Brasil foi a jornalista esportiva Suleima Sena, 41 anos. Junto com as amigas, uma das quais é referência na arbitragem feminina no Brasil, Ana Paula Oliveira, a jornalista disse que estava lá para assistir à estreia da seleção feminina de futebol na Olimpíada de Paris. 

“Já que nós não estamos em Paris, Paris vem até a gente. Então eu acho que é simbólico estar aqui”, afirmou Suleima. “O Brasil está em busca do primeiro ouro. Já chegou tão perto das outras vezes, com duas pratas. E a gente tinha que estar aqui prestigiando. A gente está bem confiante nesta seleção, que é muito interessante e mescla experiência com novos talentos promissores”, acrescentou. 

A expectativa de Suleima para a participação da seleção brasileira em Paris é positiva.  “Temos uma equipe realmente muito preparada. Temos o melhor técnico do Brasil hoje. Um técnico vitorioso, que realmente entende de futebol feminino, de estratégia. E jogadoras que atuam nas principais ligas do futebol do mundo. O Brasil tem todos os ingredientes. É claro que a gente olha para lá, especialmente para o grupo do Brasil, que é um grupo difícil.”

Sobre a partida desta tarde, contra a Nigéria, a jornalista disse que seria difícil. “A gente não pode se enganar com a Nigéria, que é uma equipe muito forte fisicamente, que fez uma excelente Copa do Mundo. Mas eu confio muito, eu confio muito nessa equipe do Brasil”, afirmou, confiante.