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Putin alerta para guerra nuclear se o Ocidente enviar tropas para a Ucrânia

29 de fevereiro de 2024

 

O presidente russo, Vladimir Putin, alertou os países ocidentais na quinta-feira que correm o risco de iniciar uma guerra nuclear se enviarem tropas para a Ucrânia, dizendo que a Rússia tem as armas para atacar alvos no Ocidente.

Durante o seu discurso anual sobre o estado da nação, o líder russo disse que as nações ocidentais “devem perceber que também temos armas que podem atingir alvos no seu território. Tudo isto ameaça realmente um conflito com o uso de armas nucleares e a destruição da civilização. Eles não entendem isso?

Embora os aliados ocidentais da Ucrânia tenham enviado vastas munições ao governo de Kiev na sua luta contra a invasão russa de 2022, ninguém disse que enviaria tropas para lutar ao lado das forças ucranianas.

No início desta semana, porém, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que embora não existam planos para enviar tropas ocidentais para lutar na Ucrânia, a possibilidade permanece.

“Não há consenso hoje para enviar tropas ao terreno de forma oficial e endossada. Mas em termos de dinâmica, nada pode ser descartado”, disse Macron em entrevista coletiva.

Vários líderes europeus rejeitaram a sugestão de tropas de Macron, tal como fizeram os Estados Unidos. A Ucrânia não é membro da NATO, a principal aliança militar do Ocidente, e portanto os aliados ocidentais de Kiev não são obrigados a defendê-la.

 

Ucrânia: guerra completa 2 anos com fracasso de sanções contra Rússia

A invasão da Ucrânia pela Rússia completou 2 anos neste sábado (24) com o fracasso, ao menos até o momento, da estratégia dos Estados Unidos e aliados de, por meio de sanções econômicas, forçar a Rússia a retirar as tropas do campo de batalha. Para especialistas ouvidos pela Agência Brasil, a situação da Rússia hoje é mais confortável do que a da Ucrânia na guerra.

Após retrair 1,2% em 2022, no primeiro ano da guerra, a economia russa cresceu 3,6% em 2023, mostrando que o conflito e as sanções ainda não tiveram os efeitos esperados pelos adversários de Moscou. No terceiro trimestre de 2023, a economia russa registrou crescimento de 5,5%.

Para o Fundo Monetário Internacional (FMI), esse é um crescimento frágil porque é sustentado pelos gastos militares impulsionados por recursos do Estado, segundo noticiou a Reuters.

De toda forma, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, redobrou a aposta e anunciou, na véspera do aniversário do conflito, mais 500 sanções econômicas contra o gigante euroasiático. 

O professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC) Gilberto Maringoni destacou que a expectativa do Ocidente, no começo da guerra, era a de vencer o conflito por meio do isolamento econômico e político de Moscou. 

Professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC) Gilberto Maringoni – Foto: Arquivo Pessoal

“Esperava-se que a Rússia logo entraria em recessão e não teria condições de financiar uma guerra muito prolongada, e que as sanções econômicas, especialmente as contra a exportação de petróleo e gás, junto com a retirada da Rússia do sistema de pagamentos internacional, iriam isolar o país e ele seria estrangulado econômica e financeiramente. Isso não só não aconteceu, como a Rússia teve um crescimento surpreendente”, afirmou.

O professor, que também é coordenador do Observatório de Política Externa e Inserção Internacional do Brasil, acrescentou que a Rússia conseguiu contornar o bloqueio econômico se aproximando do mercado asiático, especialmente o chinês.

“Se dá uma inédita aliança entre a Rússia e a China, que foi sacramentada num acordo feito entre o presidente [da China] Xi Jinping e o presidente [da Rússia] Vladimir Putin, dia 4 de fevereiro de 2022, ou seja, 18 dias antes do início da guerra”, explicou Maringoni.

Sanções

O professor de Relações Internacionais do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) Robson Valez destacou também que as sanções não foram capazes de deter o objetivo de Vladimir Putin de anexar as províncias do leste da Ucrânia.

“As sanções econômicas são uma arma muito utilizada pelos Estados Unidos e pela União Europeia. Temos o exemplo das sanções contra Cuba, desde a década de 60, sanções econômicas contra Venezuela, sanções econômicas contra o Irã. E em nenhum desses países a gente viu uma mudança de regime, uma mudança do poder Executivo por conta dessas sanções”, avalia.

Valdez acrescentou que as pesquisas sobre sanções econômicas têm mostrado, ao contrário, que “são pouco efetivas e acabam sendo instrumentalizadas por esses líderes para colocar a população local contra os países que apoiam esse tipo de sanção”.

Outra consequência das sanções e da guerra, para o especialista, foi a maior união dos principais adversários de Washington, China, Rússia e o Irã. “Os principais adversários dos Estados Unidos no campo internacional acabaram se beneficiando desse contexto de conflito na Ucrânia”, acrescentou.

Doutor em Estudos Estratégicos Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) Robson Valdez – Foto: Arquivo Pessoal

Favoritismo

A situação da Rússia hoje na guerra está mais favorável do que a da Ucrânia e de seus aliados, na avaliação do professor Robson Valdez, que também é pesquisador do Núcleo de Estudos Latino-americanos da Universidade de Brasília (UnB).  

“As evidências apontam, passado esses 2 anos, que os custos políticos e econômicos dessa guerra têm sido mais desfavoráveis à Ucrânia e seus aliados do que a Putin e a economia russa”, disse.

Por isso, o professor acredita que será difícil para a Ucrânia evitar, com o fim da guerra, a perda de territórios. “Não vejo um cenário possível de negociação de paz, encerramento do conflito, sem perda territorial e sem algum tipo de desmilitarização por parte da Ucrânia”, acredita.

Posição semelhante tem o professor da UFABC Gilberto Maringoni, para quem a Rússia está vencendo a guerra. O especialista lembra que as eleições na Europa e nos Estados Unidos podem reduzir ainda mais o apoio militar e financeiro ao governo da Ucrânia.

“A guerra tornou-se um mau negócio, e impopular [na Europa e Estados Unidos]. E isso é que pode ser fatal para a Ucrânia, para a economia ucraniana”, explicou Maringoni, lembrando que a indústria alemã tem sofrido bastante com o aumento do custo da energia, que é resultado também da guerra e das sanções contra a Rússia.

Nos Estados Unidos, uma ajuda financeira bilionária para a Ucrânia está parada no Congresso por oposição da maioria republicana. “Se a guerra realmente for um fator decisivo na campanha eleitoral [dos Estados Unidos], ela pode causar dificuldades para a reeleição de Joe Biden”, comentou.

Lula chama guerra em Gaza de genocídio e critica “hipocrisia”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a falar publicamente sobre a guerra de Israel na Faixa de Gaza, dias após a repercussão de uma entrevista em que ele comparou as ações militares israelenses no território palestino ao Holocausto contra judeus da 2ª Guerra Mundial. Ao discursar no lançamento do programa Petrobras Cultural, no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (23), o presidente classificou o conflito militar como genocídio e responsabilizou o governo de Israel pela matança que já vitimou cerca de 30 mil civis, principalmente mulheres e crianças palestinas.    

“Quero dizer para vocês, agora, eu não troco a minha dignidade pela falsidade. Quero dizer a vocês que sou favorável à criação do Estado Palestino livre e soberano. Que possa, esse Estado Palestino, viver em harmonia com o Estado de Israel. E quero dizer mais: o que o governo de Israel está fazendo contra o povo palestino não é guerra, é genocídio, porque está matando mulheres e crianças”, afirmou o presidente.

“Não tentem interpretar a entrevista que eu dei na Etiópia, leia a entrevista ao invés de ficar me julgando pelo que disse o primeiro-ministro de Israel. São milhares de crianças mortas e desaparecidas. E não está morrendo soldado, estão morrendo mulheres e crianças dentro de hospital. Se isso não é genocídio, eu não sei o que é genocídio”, prosseguiu Lula, fazendo referência à declaração concedida no último domingo (18), em Adis Abeba, na Etiópia, quando comparou a ação de Israel em Gaza ao que Adolf Hitler tinha promovido contra os judeus na 2ª Guerra Mundial.

Na ocasião, o comentário fez o governo de Israel declarar Lula persona non grata no país. Em resposta, o governo brasileiro convocou de volta ao país o embaixador em Tel Aviv “para consultas”. Além disso, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, criticou o chanceler do governo israelense, Israel Katz, por declarações dadas nos últimos dias sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Hipocrisia

O presidente ainda afirmou que o governo brasileiro trabalha para uma reforma no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que inclua representações permanentes de países da América Latina, da África, da Índia e outras nações. Ele ainda criticou os vetos do governo dos Estados Unidos às resoluções da ONU para um cessar-fogo em Gaza e, sem citar nomes, chamou de “hipócrita” a classe política pela inação diante dos conflitos em curso.  

“Somente quando a gente tiver um conselho [de segurança] da ONU democrático, com mais representação política, e somente quando a classe política deixar de ser hipócrita, somente quando ela encarar as verdades. Não é possível que as pessoas não compreendam o que está acontecendo em Gaza. Não é possível que as pessoas não tenham sensibilidade com milhões de crianças que vão dormir todo santo dia com fome, porque não têm um copo de leite, apesar do mundo produzir alimento em excesso”, afirmou.

O presidente apelou por mais política para a solução de guerras. “É importante que as pessoas saibam enquanto é tempo de saber. Nós precisamos ter consciência que o que existe no mundo hoje é muita hipocrisia e pouca política. A gente não pode aceitar guerra na Ucrânia, como não pode aceitar a guerra em Gaza, como não pode aceitar nenhuma guerra”, concluiu.

Wellington Dias considera correta posição de Lula sobre guerra em Gaza

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDS), Wellington Dias, afirmou, nesta quarta-feira (21), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está correto em seus posicionamentos sobre o conflito entre Israel e o grupo Hamas, que ocorre na Faixa de Gaza.

A declaração do ministro foi dada, em Brasília, durante entrevista coletiva sobre a primeira reunião virtual da força-tarefa do G20 para o estabelecimento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. O ministro Wellington Dias foi questionado a respeito da declaração do presidente Lula, na Etiópia, e se essa fala poderia gerar algum tipo de ruído nas negociações do G20, fórum sob a presidência rotativa do Brasil até novembro deste ano.  O ministro faz parte da delegação brasileira.

Mortes de inocentes

O ministro chamou a atenção para a particularidade do conflito. “Não se trata mais de uma guerra como a gente conhece, militares com militares. Eles estão tendo ali uma situação de morte. Assim como aconteceu do lado do Hamas, mortes de pessoas inocentes em Israel, aqui, ali na região palestina”.

Dias afirmou que sua pasta tem acompanhado com preocupação, o que considera como grave, a situação de desabastecimento de alimentos em Gaza. “Uma equipe de médicos voluntários da França, que esteve ajudando lá nessa região, fez um relato da situação de risco de vida, não mais só pela guerra, mas por conta da falta de produtos básicos. São crianças, mulheres, idosos, ou seja, pessoas em um risco muito grande”.

De acordo com o ministro, antes havia a pactuação internacional que estabeleceu um corredor humanitário, a partir da cidade de Rafah, no Egito, que levava duas horas para transportar alimentos, medicamentos, vários insumos, como água e outros itens necessários. Porém, com as alterações locais realizadas no atual momento, o mesmo percurso pode levar cerca de 10 horas para ser percorrido.

G20 e fome

O ministro Wellington Dias, que no Brasil comanda a gestão de programas sociais como o Bolsa Família, o Benefício Prestação Continuada (BPC) e o Auxílio Gás, acredita que os problemas relacionados ao conflito no Oriente Médio não vão interferir na aliança global contra a fome e a pobreza proposta pelo Brasil no G20, fórum que reúne os 19 países mais influentes do mundo, além da União Africana e da União Europeia.

Veja repercussão da fala de Lula sobre guerra em Gaza e Holocausto

A fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparando as ações militares de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto contra judeus da 2ª Guerra Mundial teve ampla repercussão no Brasil e no exterior. O comentário fez o governo de Israel declarar Lula persona non grata no país. Em resposta, o governo brasileiro convocou de volta ao país o embaixador de Tel Aviv “para consultas”.

No Brasil, movimentos sociais, sindicatos, lideranças políticas e entidades que representam israelenses, judeus e palestinos se manifestaram sobre o tema, criticando ou defendendo o teor do comentário. Veículos de imprensa nacionais também dedicaram ampla cobertura sobre a declaração do presidente.

Governo de Benjamin Netanyahu declarou Lula persona non grata após fala sobre Gaza e Holocausto  – ABIR SULTAN/Pool via REUTERS

Em resposta às críticas recebidas por Lula, o Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal) expressou “total solidariedade” ao presidente brasileiro e afirmou que é apropriada a comparação entre a ação de Israel em Gaza e a de Adolf Hitler na Alemanha nazista.

“Enquanto a intenção de Hitler era a eliminação dos judeus, a de ‘Israel’ consiste na aniquilação do povo palestino, em uma operação de limpeza étnica. Nesse sentido, os nazistas e os sionistas podem ser considerados entidades irmãs siamesas”, afirmou, em nota, Ahmed Shehada, presidente da Ibraspal.

O sionismo é o movimento político, surgido na Europa no século 19, que deu origem ao Estado de Israel. 

O Instituto Brasil-Palestina defendeu que a ação de Israel em Gaza não é “direito de defesa”, como diz o governo israelense, e argumentou que o direito internacional não autoriza “bombardeios contra escolas, hospitais, mesquitas, igrejas e residências de civis desarmados, tampouco permite o sequestro e tortura de milhares de palestinos. No entanto, ‘Israel’ persiste em tais práticas”.

Em posição oposta ficou a Confederação Israelita no Brasil (Conib). A organização condenou a fala de Lula e chamou a comparação de “distorção perversa da realidade” que ofenderia a memória das vítimas do Holocausto.

“Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país”, afirmou.

A Confederação Israelita completou que “o governo brasileiro vem adotando uma postura extrema e desequilibrada em relação ao trágico conflito no Oriente Médio, abandonando a tradição de equilíbrio e busca de diálogo da política externa brasileira”.  

Outra organização judaica do Brasil, o Judeus Pela Democracia, disse que a fala é uma “vergonha histórica sobre todos os pontos de vista” e que ela estimula o antissemitismo, ou seja, a discriminação contra os povos semitas, entre os quais, estão os judeus. Para essa entidade, o que acontece em Gaza é uma tragédia humanitária, “mas a guerra de hoje não é remotamente parecida com o Holocausto”.

Por outro lado, a Articulação Judaica de Esquerda saiu em defesa do presidente Lula.

“As semelhanças são insuportáveis. São dolorosas e desconfortáveis. Mas é impossível, conhecendo os antecedentes e as medidas adotadas pelos nazistas, não comparar com a situação dos palestinos vivendo há 55 anos em condição apátrida e sob pogmons (avalizados e estimulados pelas autoridades israelenses)”.

Pogmon é um termo usado historicamente para denominar atos de violência em massa contra um grupo étnico ou religioso.

“Quando se menciona isso não se banaliza o Holocausto. Faz-se memória e justiça, restabelece-se a verdade e honram-se aqueles que lutaram e sobreviveram”, afirmou o grupo.  

Outro coletivo judaico que saiu em defesa do presidente Lula foi o Vozes Judaicas Por Libertação. Em carta, o grupo argumentou que “a comparação entre genocídios é sempre delicada pois a experiência vivenciada por cada povo afetado é inigualável”.

Mesmo assim, o coletivo acredita que as palavras do presidente foram necessárias. “A contradição de o povo judaico ser ora vítima e agora algoz é palpável, tenebrosa e desalentadora. Lula externou o que está no imaginário de muitos de nós”, afirmou.

O Vozes Judaicas Por Libertação pediu que o governo vá ainda mais longe, rompendo relações diplomáticas e comerciais com Israel.  

“As palavras têm poder. Se a forma como Lula se expressou na ocasião foi pouco cuidadosa – tropeçando justamente neste ninho de comparações forçadas – sua fala tem o objetivo de atingir a imaginação e provocar uma crise moral sobre Israel”, acrescentou, em nota, a organização.

Oposição

A deputada federal Bia Kicis argumenta que Lula cometeu crime de responsabilidade – Marcello Casal Jr/Arquivo Agência Brasil

A fala do presidente Lula gerou forte reação na oposição ao governo no Congresso Nacional. Alguns deputados tentam colher assinatura para protocolar um pedido de impeachment na Câmara dos Deputados.  

A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) disse que o presidente cometeu crime de responsabilidade sob o argumento de a fala expor o Brasil ao perigo de guerra e citou o Artigo 5ª da Lei do Impeachment (1.079/1950). “É inadmissível o vexame a que Lula está submetendo o Brasil, país que tanto contribuiu para a fundação do Estado de Israel”, afirmou a parlamentar.

A presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, rebateu a oposição. “Golpistas querendo impeachment de Lula só pode ser piada”, comentou a deputada federal por São Paulo.

A deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que Netanyahu “devia se preocupar com a rejeição que desperta no mundo” -Joédson Alves/Arquivo Agência Brasil

Sobre a reação do governo de Israel, Gleisi disse que “Netanyahu devia se preocupar com a rejeição que desperta no mundo e em seu próprio país, antes de tentar repreender quem denuncia sua política de extermínio do povo palestino”.

Comissões de Relações Exteriores

A fala de Lula sobre a guerra em Gaza e o Holocausto também repercutiu entre os presidentes da Comissões de Relações Exteriores do Congresso Nacional

Na Câmara, o presidente da comissão que fiscaliza a política externa do governo, o deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP), repudiou a comparação entre as ações de Israel em Gaza e o Holocausto.

“É lamentável, injusto e desrespeitoso comparar o Holocausto à dolorosa guerra na Faixa de Gaza, motivada por atos do grupo terrorista Hamas. Os povos israelense e palestino vivem um momento triste, de luta contra o terrorismo, e não devemos criar mais pontos de tensão sobre esse fato, mas nos unir para combater práticas violentas como as exercidas pelo Hamas”, destacou.

Já o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, senador Renan Calheiros (MDB-AL), não comentou o teor da fala do presidente, mas convidou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, a ir à comissão para discutir o tema.

“O ministro, como sempre, se prontificou a ir já na primeira semana de março, em virtude das agendas do G-20 e outros compromissos internacionais”, informou o parlamentar.

CUT e MST

Movimentos sociais e sindicais que historicamente apoiam os governos do PT também saíram em defesa do presidente Lula.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) se solidarizou com Lula contra o que chamou de duros e injustos ataques “que está sofrendo da extrema direita, do sionismo e da grande imprensa, cúmplices dos crimes que o governo de Israel comete contra o povo palestino e a humanidade”.

Para a CUT, “é preciso coragem para desmascarar a indústria internacional do medo patrocinada pelo governo de Israel que tenta inclusive silenciar jornalistas no Brasil com ameaças e processos”. No início do ano, o jornalista Breno Altman foi notificado para responder a um inquérito da Polícia Federal (PF) por críticas ao Estado de Israel. 

Já o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) publicou carta em apoio ao presidente assinada pelos movimentos sociais do Campo Unitário. “Lula foi corajoso em condenar a prática de extermínio na qual mais de 12 mil crianças já foram cruelmente assassinadas”, diz o documento.

Entenda o caso

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante coletiva de imprensa, em Adis Abeba – Etiópia.

Foto: Ricardo Stuckert / PR

Em entrevista coletiva durante viagem oficial à Etiópia, o presidente brasileiro classificou as mortes de civis em Gaza como genocídio, criticou países desenvolvidos por reduzirem ou cortarem a ajuda humanitária na região e disse que “o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”.

“Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças”, disse Lula.

A declaração gerou fortes reações do governo israelense. O primeiro-ministro de Israel, Benjamim Netanyahu, disse que a fala “banaliza o Holocausto e tenta prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender”.

Guerra

Um ataque do Hamas, no dia 7 de outubro, desencadeou a escala do conflito na Faixa de Gaza e deu início a mais um capítulo de um conflito que se arrasta há décadas. Homens armados mataram 1,2 mil israelenses e levaram cerca de 250 reféns. Israel declarou guerra aos agressores e mobilizou o exército para uma resposta. As autoridades de saúde de Gaza, que é controlada pelo Hamas, estimam que cerca de 28 mil palestinos, em sua maioria civis, tenham sido mortos na região desde o início do conflito em outubro.

UE e ONU expressam temor que Israel expanda guerra em Gaza

3 de fevereiro de 2024

 

A União Europeia manifestou no sábado profunda preocupação com relatos de que os militares israelitas pretendem avançar contra o Hamas até Rafah.

O chefe de política externa da UE, Josep Borrell, alertou que o conflito provavelmente se espalhará por toda a região, a menos que um cessar-fogo seja acordado entre Israel e o Hamas.

Borrell disse que cerca de 1 milhão de palestinos “foram deslocados progressivamente contra a fronteira egípcia” e não terão para onde ir se Israel levar a cabo a sua guerra terrestre lá. Borrell falou de uma “situação muito terrível” em Rafah.

As Nações Unidas disseram que a cidade está se tornando uma “panela de pressão de desespero”.

Ataques aéreos israelenses nas cidades de Rafah e Deir al-Balah, em Gaza, mataram pelo menos 18 palestinos, disseram autoridades de Gaza no sábado.

Autoridades de saúde em Gaza disseram que um ataque aéreo israelense atingiu uma casa em Rafah, matando 14 pessoas, incluindo mulheres e crianças. Não houve confirmação dos militares israelenses de que executou o ataque.

Rafah, uma cidade na fronteira sul de Gaza, acolhe mais de metade dos 2,3 milhões de residentes do enclave. Eles encontraram abrigo lá depois de fugirem da ofensiva de quase quatro meses de Israel contra o Hamas.

O Ministério da Saúde de Gaza informou no sábado que pelo menos 27.131 pessoas foram mortas e 66.287 ficaram feridas em Gaza.

 

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Putin afirma falsamente a ‘desnazificação’ da Ucrânia como pretexto para a guerra

28 de janeiro de 2024

 

Durante a inauguração de um memorial da Segunda Guerra Mundial em São Petersburgo, na Rússia, no sábado, o presidente russo, Vladimir Putin, traçou um paralelo entre a guerra da Rússia na Ucrânia e a sua luta contra os nazistas há 80 anos.

No seu discurso comemorativo do aniversário, Putin disse que “o regime de Kiev exalta os cúmplices de Hitler, os homens da SS”.

Moscovo tentou repetidamente justificar a sua guerra contra a Ucrânia como um esforço para “desnazificar” o seu vizinho do sul, apesar de a Ucrânia ter um presidente judeu eleito democraticamente que perdeu parentes no Holocausto.

A Ucrânia já fez parte da União Soviética e sofreu devastação nas mãos das forças de Hitler. Rejeita as comparações como pretextos espúrios para uma guerra de conquista.

São Petersburgo, que durante a Segunda Guerra Mundial se chamava Leningrado, comemorou o 80º aniversário do fim de um cerco de quase 900 dias pelas forças nazistas. O Exército Vermelho quebrou o bloqueio da cidade em 19 de janeiro de 1943, depois que mais de 1 milhão de moradores morreram de fome ou sob bombardeios. A União Soviética perdeu cerca de 27 milhões de pessoas durante a Segunda Guerra Mundial.

Durante o seu discurso, Putin também criticou a Europa pela “russofobia” e criticou os Estados Bálticos pelas violações dos direitos humanos.

“Em vários países europeus, a russofobia é promovida como política de Estado… nos Estados Bálticos, dezenas de milhares de pessoas são declaradas subumanas, privadas dos seus direitos mais básicos e sujeitas a perseguições”, afirmou Putin, referindo-se às repressões à migração.

Moscovo acusou repetidamente as nações bálticas de xenofobia e de maltratar as minorias russas.

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Ucrânia derruba avião militar com prisioneiros de guerra ucranianos na Rússia

Modelo Il-76

25 de janeiro de 2024

 

A Rússia acusou na quarta-feira a Ucrânia de abater um avião de transporte militar que, segundo Moscou, transportava 74 pessoas, incluindo 65 prisioneiros de guerra ucranianos que deveriam ser trocados por russos detidos em Kiev.

As autoridades ucranianas não confirmaram ou negaram imediatamente a afirmação russa, mas disseram que estavam investigando a queda do transporte Il-76. A Rússia disse que uma tripulação de seis pessoas e três escoltas de prisioneiros também estavam a bordo.

“Atualmente não temos informações confiáveis ​​ou abrangentes sobre quem estava a bordo do avião ou em que número”, disse a principal diretoria de inteligência da Ucrânia em comunicado.

O vídeo do acidente postado nas redes sociais mostrou um avião caindo do céu de lado antes de atingir o solo na região nevada e rural de Belgorod, no oeste da Rússia.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, está em Nova York esta semana para reuniões nas Nações Unidas. Ele acusou a Ucrânia de realizar um “ataque terrorista”.

“Os prisioneiros de guerra ucranianos foram transportados para a região de Belgorod para realizar mais uma troca que foi acordada entre Moscou e Kiev”, disse Lavrov aos jornalistas. “Em vez disso, o lado ucraniano lançou um míssil de defesa aérea da região de Kharkiv, que atingiu o avião e foi um ataque fatal.”

Kharkiv faz fronteira com Belgorod, que é território russo. Os dois lados realizaram inúmeras trocas de prisioneiros durante a invasão de quase dois anos.

Lavrov disse que Moscou solicitou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para quarta-feira na tarde.

Bombeiros, ambulâncias e policiais correram para o local do acidente, no distrito de Korochansky, em Belgorod, informou a agência de notícias estatal Tass, citando um funcionário local dos serviços de emergência.

A Rússia também relatou a destruição de um drone ucraniano sobre a região de Belgorod na quarta-feira, além de interceptar quatro drones sobre a região de Oryol, no oeste da Rússia.

 

UE sanciona seis entidades sudanesas envolvidas na guerra

23 de janeiro de 2024

 

A União Europeia sancionou na segunda-feira seis entidades sudanesas pelo seu envolvimento no conflito em curso no Sudão.

De acordo com um comunicado emitido pelo Conselho Europeu, as entidades são “responsáveis ​​por apoiar atividades que comprometem a estabilidade e a transição política do Sudão”.

Os sancionados desempenharam papéis no armamento ou no financiamento dos grupos rivais em conflito, segundo a UE, aumentando o agravamento da instabilidade no Sudão.

O conflito colocou o atual chefe do exército, Abdel Fattah al-Burhan, contra o seu antigo vice e líder da RSF paramilitar, Mohamed Hamdan Dagalo, causando milhares de mortes e deslocando milhões. Mais de 7 milhões de pessoas foram deslocadas devido ao conflito e pelo menos 13.000 foram mortas.

Entre as entidades visadas pelas sanções da UE, três são controladas pelas forças armadas sudanesas, enquanto outras três estavam ligadas a Dagalo e aos seus irmãos. Na declaração do Conselho Europeu, foi especificado que duas das empresas desempenharam um papel na fabricação de armas e veículos, e que as outras tiveram um papel na obtenção de equipamento militar para ser utilizado no conflito.

Isto seguiu-se às sanções impostas pelos EUA e pelo Reino Unido a empresas ligadas a grupos militares no Sudão.

 

OTAN realiza maior treino conjunto desde a Guerra Fria

18 de janeiro de 2024

 

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) anunciou no dia 18 que realizará o maior exercício militar desde a Guerra Fria a partir da próxima semana.

A Suécia, candidata a membro, também participará no exercício, no qual participam todos os 31 países membros da OTAN, disse Christopher Cavoli.

Este treinamento está programado para continuar até o final de maio.

O treinamento envolverá 90 mil soldados, 50 navios de guerra, incluindo porta-aviões e destróieres, mais de 80 caças, helicópteros, drones e 1.100 veículos de combate, incluindo 113 tanques e 533 veículos blindados.

A OTAN disse que os exercícios “demonstrarão a capacidade da OTAN de enviar rapidamente forças da América do Norte e de outras regiões aliadas” para fortalecer as capacidades de defesa da Europa.

Este exercício, o maior desde 1988 durante a Guerra Fria, ocorreu enquanto a OTAN reorganizava o seu sistema de defesa contra a invasão da Rússia na Ucrânia.