Skip to content

3897 search results for "ban"

Reposição de estoque do Aquífero Guarani é insuficiente, mostra estudo

Uma pesquisa conduzida pelo Instituto de Geociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro percebeu que a reposição de águas do Aquífero Guarani está abaixo do necessário para garantir a manutenção da quantidade disponível no reservatório, que se estende por áreas do Sul e Sudeste do país, além de Paraguai, Uruguai e Argentina. O reservatório atende 90 milhões de pessoas, sendo responsável pela manutenção do nível de rios e lagos em algumas áreas do interior paulista durante o período de seca. 

Em entrevista à Agência Brasil, o pesquisador Didier Gastmans, do Centro de Estudos Ambientais da Unesp Rio Claro, explicou que a pesquisa buscou entender a importância da chuva na entrada de águas novas no aquífero, nas áreas de afloramento (superfície), e que foi possível confirmar esse papel. Ele acompanha o tema desde 2002, em seu doutorado, e todas as pesquisas desde então apontam que os efeitos de superexploração do reservatório são constantes, contínuos e tem piorado com a mudança de distribuição das chuvas na área de afloramento, que alimenta o aquífero. O problema causa preocupação em áreas de grande produção agrícola e população, como Ribeirão Preto, no norte paulista, onde os primeiros efeitos são sentidos desde a década de 1990. “Agora começou a aumentar muito o número de poços e isso começa a dar sinais em diversas regiões do interior”, disse Gastmans.

O geólogo afirmou que os indícios de superexploração estão claros no monitoramento dos poços e do nível dos reservatórios, atingindo aqueles próximos das regiões de afloramento, que têm níveis de dois a três metros mais baixos, em média, mas também os grandes poços de exploração para indústria e agronegócio, nos quais o rebaixamento atinge médias de 60 a 70 metros em dez anos. Nessa dinâmica “a água tem uma determinada profundidade no poço e vai baixando, o que demanda poços mais profundos e bombas mais potentes. Na porção oeste (do estado de São Paulo) a gente fala de grandes produtores e sistemas para abastecimento público. Pequenos produtores já sentem esse impacto em algumas regiões próximas da área de afloramento”, esclareceu.

Esse rebaixamento dos níveis chega, em determinados pontos, a até 100 metros, considerável até para as dimensões do Aquífero, que tem níveis com 450 metros de espessura do reservatório, chegando a até 1 quilômetro de profundidade. A maior parte do consumo do Guarani é para o abastecimento urbano, e ao menos 80% dela se concentram no estado de São Paulo.

Um dos fatores que preocupa no curto prazo é que a chuva nas regiões de superfície, a partir das quais há recarga no aquífero, são muito concentradas, situação na qual apenas uma pequena parcela de chuva infiltra para o subsolo e ocorre um escoamento maior e infiltra menos. Também há impacto do aumento da evaporação nas áreas de superfície, causado pelo aumento da média de temperatura nas regiões.

Gastmans criticou a falta de um conjunto claro de ações por parte dos órgãos públicos, afirmando que a primeira ação necessária é conhecer os usuários. “É necessária a implantação de um sistema de monitoramento em tempo quase real, para conhecer e dimensionar os atendimentos e as políticas de curto e médio prazo”. O segundo é consorciar água subterrânea e água superficial, para usar de maneira integrada de acordo com a disponibilidade sazonal. “Também se faz necessário pensar no planejamento futuro: sempre se fala em desenvolvimento, mas os gestores parecem ignorar que não existe desenvolvimento plenamente sustentável, pois todo desenvolvimento tem um impacto e essas pessoas precisam começar a se antecipar aos problemas”. O pesquisador da Unesp defendeu ainda a necessidade de pensar no uso de águas de melhor qualidade para abastecimento público e de águas de menor qualidade para outros usos, como irrigação de áreas extensas do setor sucroalcooleiro e de cítricos e uso industrial.

Procurada pela reportagem,  a Agência de Águas do Estado de São Paulo (SP Águas) informou que monitora todos os estudos relacionados à recarga do Aquífero Guarani e dos demais corpos d’água do estado. Segundo o órgão “a gestão do aquífero é realizada de maneira integrada com outros recursos hídricos, visando garantir o equilíbrio entre as demandas de uso e a preservação ambiental”. A maior parte da captação de água no estado de São Paulo se concentra em fontes superficiais (rios e lagos), sendo a captação em poços profundos, que acessam o Aquífero Guarani, a menor parcela do total dos recursos hídricos. “Toda captação de água no estado está sujeita à outorga, concedida somente após criteriosa análise técnica”.

Origem das águas

A pesquisa conduzida pela Unesp, com o apoio da Fapesp, agência paulista de amparo à pesquisa, usou o monitoramento de isótopos estáveis de hidrogênio e oxigênio como marcadores para identificar a origem das águas que compõem o reservatório, o que permitiu perceber as áreas de superfície que colaboram para a manutenção dos níveis do Aquífero Guarani. Também usaram um processo de datação com isótopos dos gases criptônio e hélio para datar a água de alguns poços, o que permitiu detectar idades variando de 2.600 anos, em Pederneiras, até 127 mil anos em Bebedouro, 230 mil anos em Ribeirão Preto e 720 mil anos no Paraná.

A pesquisa How much rainwater contributes to a spring discharge in the Guarani Aquifer System: insights from stable isotopes and a mass balance model pode ser acessada aqui.

Chepngetich quebra recorde mundial feminino da maratona de Chicago

Ruth Chepngetich, do Quênia, teve um desempenho impressionante ao quebrar o recorde mundial feminino da maratona em Chicago neste domingo (13), marcando uma vantagem de quase dois minutos sobre o melhor tempo anterior e vencendo com um tempo não oficial de 2 horas, 9 minutos e 56 segundos.

Chepngetich deixou as adversárias para trás na metade do caminho e correu sob aplausos na reta final, conquistando seu terceiro título em Chicago e quebrando o recorde anterior da etíope Tigst Assefa de 2h11min53, estabelecido no ano passado em Berlim.

Kenya’s Ruth Chepngetich takes almost two minutes off the world record at the Bank of America @ChiMarathon with 2:09:56 👏

Report 🔗 https://t.co/bcLxpruIsy

📸 Kevin Morris pic.twitter.com/NzasPnm1Lr

— World Athletics (@WorldAthletics) October 13, 2024

A etíope Sutume Kebede cruzou a linha de chegada em segundo lugar, sete minutos e 36 segundos depois, enquanto a queniana Irine Cheptai (2h17min51) ficou em terceiro.

“É meu sonho se tornando realidade”, disse Chepngetich, cujo tempo foi originalmente registrado como 2h09min57, mas foi posteriormente ajustado.

Seu compatriota John Korir venceu no masculino com 2:02:44.

Chepngetich imprimiu um ritmo alucinante desde o início, correndo os primeiros cinco quilômetros em 15 minutos e, na metade do percurso, já havia criado uma vantagem de 14 segundos entre ela e Kebede.

Chepngetich, a campeã mundial de 2019, se curvou em total exaustão depois de romper a fita e dedicou seu desempenho ao compatriota Kelvin Kiptum, que quebrou o recorde mundial masculino há um ano em Chicago e morreu em um acidente de carro quatro meses depois.

“O recorde mundial estava em minha mente”, disse ela em comentários televisionados. “Chicago, como eu disse à imprensa, é como se fosse minha casa.”

* É proibida a reprodução deste conteúdo.

Rio Paraguai registra mínima histórica em ano mais seco no Pantanal

O Rio Paraguai chegou ao seu nível mais baixo já medido, segundo o Serviço Geológico Brasileiro (SGB), atingindo a marca de 62 centímetros abaixo da cota de referência. A série de medições foi iniciada pela Marinha em 1900, no posto de Ladário, junto à cidade de Corumbá (MS), na fronteira com Porto Quijarro (Bolívia). A mínima anterior, registrada em 1964, foi de 61 centímetros abaixo da cota.

A cota padrão é de 5 metros (m) de profundidade média, segundo o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), que já havia feito um alerta sobre o menor nível histórico do rio na última quarta-feira (9), a partir de medições próprias. A estação serve como referência para a Marinha na análise das condições para navegação e definição de medidas de restrições.

O Rio Paraguai corre pelos estados de Mato Grosso, onde nasce, e Mato Grosso do Sul, de onde segue para o Paraguai e a Argentina. Suas nascentes são alimentadas por águas que vêm da Amazônia, como as do Rio Negro. A região também passa por seca histórica. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA) a Região Hidrográfica Paraguai ocupa 4,3% do território brasileiro, abrangendo parte dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o que inclui a maior parte do Pantanal mato-grossense, a maior área úmida contínua do planeta.

Para o SGB, a situação era esperada desde fevereiro, quando os pesquisadores alertaram sobre a possibilidade de se chegar a uma mínima histórica na região. “Essa seca vem sendo observada em razão das chuvas abaixo do normal durante toda estação chuvosa, desde outubro de 2023. Por isso, temos alertado sobre esse processo que se desenhava na bacia”, explica o pesquisador Marcus Suassuna na nota da instituição.

Segundo o Imasul, a queda no nível do Paraguai tem implicações diretas para a economia e para o meio ambiente, afetando turismo e pesca, além do abastecimento de comunidades ribeirinhas. ˜Especialistas associam essa redução drástica à variabilidade climática e à escassez de chuvas na bacia hidrográfica. O Pantanal, um dos biomas mais frágeis e importantes do planeta, está particularmente vulnerável a essas mudanças, que afetam tanto a biodiversidade quanto as comunidades humanas”, destaca o instituto em nota.

Recuperação lenta

De acordo com as projeções do SGB, a recuperação dos níveis na Bacia do Rio Paraguai será lenta. O nível em Ladário (MS) deve ficar abaixo da cota até a segunda quinzena de novembro. “Observamos que o ritmo de descida do rio tem diminuído consideravelmente e estava estabilizado desde a última segunda-feira (7) em razão dessas primeiras chuvas da estação chuvosa. As precipitações devem continuar, mas não em ritmo muito forte que vá contribuir para subidas rápidas neste trecho e em toda a bacia”, analisa Suassuna na nota.

A década tem sido marcada por estações chuvosas insuficientes para a recuperação das reservas. Segundo o SGB, durante a estação chuvosa iniciada em outubro de 2023, foi registrado um déficit acumulado de 395 (milímetros) mm de chuvas. O total estimado foi de 702 mm, enquanto a média esperada seria de 1.097 mm. Na década, considerando o acumulado de 2020 a 2024, o déficit foi de aproximadamente 1.020 mm, valor equivalente ao total de um ano hidrológico.

Ainda segundo o relatório do SGB, na última semana, a Bacia do Rio Paraguai registrou um volume de chuvas de 3 mm. Os rios da região apresentam níveis abaixo do normal para este período do ano, com exceção do Rio Cuiabá, que apresenta nível dentro do esperado. A situação do Rio Cuiabá, porém, deve-se à regularização das vazões ocasionada pela operação da Usina Hidrelétrica de Manso.

Em Barra do Bugres e Porto Murtinho, o Rio Paraguai alcançou o nível mais baixo do histórico de toda a série de monitoramento das estações. O estudo explica que as projeções utilizadas indicam acumulados de chuva de 27 mm nas próximas semanas, levando ao início da recuperação dos níveis em Cáceres, Ladário, Forte Coimbra e Porto Murtinho, além da estabilização em outros locais.

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), considerando a estimativa para a Energia Natural Afluente (ENA), a Região Sul deve atingir com 86% da Média de Longo Termo (MLT). A medida indica a capacidade dos sistemas hidrelétricos de geração. Para as demais regiões, os índices são os seguintes: Norte, com 49% da MLT; Sudeste/Centro-Oeste, com 45%; e Nordeste, com 34%. 

Riscos à navegação

A Marinha mantém uma série de alertas para o Rio Paraguai, boa parte indicando piora nas condições de navegação. Em um deles, afirma a necessidade de precaução de segurança. “Em virtude do rígido regime de seca observado no Rio Paraguai e o consequente afloramento de bancos de areia e rochas, os navegantes devem redobrar a atenção, fazendo uso da carta náutica em vigor, atentando para o balizamento e mantendo uma velocidade segura.”

Além disso, antes de iniciar a navegação, devem consultar o boletim diário de avisos-rádio náuticos disponível no site do Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, a fim de verificar a diferença entre o nível do rio e o nível de referência da carta náutica (nr), eventuais alterações no balizamento e outros avisos para segurança do navegante.

A região tem trânsito constante de barcos desde ao menos o século 18, estabelecendo importante corredor de integração com os países vizinhos. Hoje é uma das seis hidrovias cuja licitação para concessão à iniciativa privada está estabelecida como prioridade pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), junto com as hidrovias Madeira, Tapajós, Tocantins, Lagoa Mirim e Barra Norte. O projeto visa acelerar o transporte de cargas, especialmente de produção agrícola e mineral, para beneficiamento e exportação, o que deve favorecer o aumento da exploração desses itens na região, atividades que levam ao aumento do consumo de água.

Líderes de pequenas e médias empresas enfrentam solidão na gestão

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva revela que 60% dos líderes das pequenas e médias empresas brasileiras têm a intenção de expandir o negócio no próximo ano. Segundo a pesquisa Cabeça de Dono, 79% dos entrevistados disseram estar esperançosos ou empolgados em relação à situação atual de sua empresa.

De acordo com os dados, 98% dos empreendedores são responsáveis pelas decisões estratégicas em ao menos uma área de sua empresa, enquanto 96% realizam as tarefas operacionais em ao menos uma área, e a média de áreas em que estão envolvidos chega a quatro. Para esses entrevistados, isso pode restringir o crescimento da empresas.

A pesquisa, feita para um banco, é inédita e ouviu 1.001 homens e mulheres líderes de pequenas e médias empresas (PMEs) com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 50 milhões, nas cinco regiões do Brasil, entre julho e agosto. A ideia é desenhar um panorama sobre as necessidades e desafios enfrentados pelas PMEs. Essas empresas são responsáveis por 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e geram 50% dos empregos ativos, impactando potencialmente mais de 80 milhões de brasileiros.

A sobrecarga e a solidão no dia a dia são apontadas como os principais fatores para o aumento do cansaço e estresse, e 62% dos entrevistados almejam ter mais tempo com a família. Entre os desafios citados por eles, estão o cenário macro e competitivo. Para 41% deles, crises econômicas, flutuações de mercado e a concorrência representam o principal desafio que enfrentam para o negócio; para 20% são os fatores relacionados a crescimento e inovação, enquanto para 18% gestão financeira é o tema mais preocupante.

Segundo o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, a percepção de solidão, falta de apoio ou de reconhecimento, sobrecarga e implicações na vida pessoal dos pequenos e médios empresários brasileiros é comprovada em todo o estudo. “A palavra-chave que permeia cada desafio é ‘tempo’. O gestor que volta sua energia para dentro da empresa, focando no operacional, acaba não conseguindo se dedicar ao crescimento e evolução da sua empresa. A falta de conhecimento em determinadas áreas o faz perder esse tempo precioso que, se fosse dedicado de maneira eficiente, poderia alavancar oportunidades no negócio e na vida pessoal – gerando mais tempo para a família ou para cuidar da saúde”, disse.

Os dados mostram ainda que, dos 98% dos entrevistados que participam diretamente de decisões estratégicas da empresa, 37% assumem sozinhos todas as decisões e direcionamentos estratégicos de ao menos uma área. Já entre os 96% que também executam tarefas operacionais, em 33% dos casos, eles são os únicos responsáveis pela execução de atividades cotidianas em um ou mais setores. Pelo menos 90% dos entrevistados relatam alguma ou muita dificuldade em cenário macro e competitivo, crescimento e inovação e gestão financeira.

Segundo a pesquisa, se a troca de informações fosse feita de forma estratégica, 57% dos entrevistados disseram que gostariam de poder dialogar mais com outros empresários e gestores para compartilhar experiências, dificuldades e soluções. Muitos empresários têm pouco conhecimento sobre qual o apoio externo que eles poderiam buscar e muitas vezes não têm as ferramentas e os conhecimentos necessários para desenhar um planejamento adequado às reais necessidades de cada empresa.

O levantamento revela ainda outras demandas que, caso fossem endereçadas de forma estratégica – com apoio externo ou de especialistas, por exemplo –, poderiam fortalecer os negócios e seus líderes para enfrentar suas rotinas. Um exemplo é a necessidade de troca de informação: 57% dos empreendedores apontam que gostariam de poder dialogar mais com outros empresários e gestores para compartilhar experiências, dificuldades e soluções.

O estudo Cabeça de Dono avaliou também como os pequenos e médios empresários se sentem em relação à rotina de trabalho e como isso afeta suas vidas: seis em cada dez entrevistados convivem com pelo menos um tipo de desconforto nesse sentido. O cansaço predomina, sendo citado por 50% deles. Ele é seguido pela sensação de sobrecarga, presente em 46% dos entrevistados. Entre o público com 45 anos ou mais, a porcentagem sobe para 49%. Já o estresse alcança 44%.

Além disso, 62% dos entrevistados gostariam de ter mais tempo com a família, enquanto 60% já enfrentaram alguma situação financeira adversa na vida pessoal por causa da empresa, e 52% já tiveram problemas de saúde relacionados à rotina de trabalho.

Cúpula do Brics na Rússia mira alternativa ao dólar e ao FMI

Entre os diversos assuntos que serão tratados na 16ª cúpula dos líderes do Brics, prevista para ocorrer entre 22 e 24 de outubro, destacam-se as negociações para reduzir a dependência do dólar no comércio entre os países do bloco, além de medidas para fortalecer instituições financeiras alternativas ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial, controlados principalmente por potências ocidentais.

O evento será na cidade de Kazan, na Rússia, e será a primeira cúpula do Brics com a participação dos cinco novos membros que ingressaram no bloco este ano: Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Etiópia. Até o ano passado, o Brics era formado apenas por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

O governo russo é quem preside o bloco em 2024 e estabeleceu uma série de prioridades para este ano, entre elas, a integração dos novos membros, além de “reforçar o papel dos estados Brics no sistema monetário e financeiro internacional” e “expandir o uso das moedas nacionais dos estados Brics no comércio mútuo”.

Nesta semana, em reunião entre lideranças das finanças dos países, o ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, pediu que o bloco crie uma alternativa ao FMI.

“O FMI e o Banco Mundial não estão desempenhando seus papéis. Eles não estão trabalhando nos interesses dos países Brics. É necessário formar novas condições ou mesmo novas instituições, semelhantes às instituições de Bretton Woods, mas dentro da estrutura da nossa comunidade, dentro da estrutura do Brics”, defendeu o ministro russo, segundo informou a Reuters.

Além de instituições financeiras próprias, o bloco ainda discute a criação de um sistema de pagamento alternativo ao dólar, o chamado Brics Bridge, que seria uma plataforma para a liquidação e pagamento digital entre os membros do grupo.

Brasil

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, na última cúpula dos Brics, na África do Sul, em 2023, defendeu uma alternativa ao dólar. “A criação de uma moeda para as transações comerciais e investimentos entre os membros do Brics aumenta nossas condições de pagamento e reduz nossas vulnerabilidades”, disse Lula naquela ocasião.

O governo brasileiro também tem feito críticas às principais instituições financeiras globais. “Essas instituições vão servir para financiar desenvolvimento dos países pobres ou vão continuar existindo para sufocar os países pobres?”, questionou Lula na cúpula da União Africana, na Etiópia, ao citar o FMI e o Banco Mundial.

Por enquanto, a única instituição financeira do Brics em funcionamento é o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), presidido pela ex-presidente brasileira, Dilma Rousseff. O chamado Banco do Brics é usado para financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento entre os países-membros.

Para alguns especialistas, os projetos dos Brics visando reduzir a influência do dólar no comércio global e criar instituições financeiras fora do controle das potências ocidentais representam certa ameaça para as potências beneficiadas pelo modelo financeiro atual.

O assessor de política externa da Presidência russa, Yuri Ushakov, rejeitou que o bloco seja uma associação antiocidental, destacando que o Brics busca criar centros de desenvolvimento e de influência independentes.

“Sejamos honestos – eles estão abertamente com inveja de nossa expansão, bem como do fato de que os países da maioria global gostariam de se unir mais estreitamente para cooperação na plataforma Brics. Temos visto evidências consideráveis ​​de oponentes ocidentais tentando prejudicar e enfraquecer nossa associação”, afirmou o assessor do presidente russo, Vladimir Putin.

Cúpula Brics

O governo russo informou que 32 países confirmaram presença do evento, sendo 24 representados por líderes de Estado. Dos dez membros do bloco, nove serão representados por chefes de Estado, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A exceção é a Arábia Saudita, que vai enviar para a cúpula o ministro de Relações Exteriores.

“O encontro pode se transformar no maior evento de política externa já realizado no nosso país”, afirmou nessa quinta-feira (10) Yuri Ushakov.

Estima-se que o Brics concentre cerca de 36% do Produto Interno Bruto (PIB) global, superando o G7, grupo das maiores economias do planeta com Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha, que concentra cerca de 30% do PIB mundial.

O Brics surgiu em 2006, quando os representantes do Brasil, Índia, China e Rússia formaram um fórum de discussões. O grupo começou como Bric (que reúne as iniciais dos países fundadores). A primeira cúpula de chefes de Estado ocorreu apenas em 2009. Em 2011, a África do Sul ingressou na organização, que ganhou a letra ‘s’ e virou Brics.

Corinthians bate Olimpia e vai às semifinais da Libertadores Feminina

Atual campeã da Copa Libertadores feminina, a equipe do Corinthians carimbou a vaga nas semifinais da competição no início da noite deste sábado (12), ao derrotar o Olimpia, por 2 a 0, em jogo único em Assunção (Paraguai). Os gols saíram no segundo tempo: Gabi Zanotti abriu o placar aos quatro minutos e dois minutos depois Millene ampliou. O adversário nas semifinais sairá do confronto Santos x Boca Júnior (Argentina), que jogam logo mais, às 20h (horário de Brasília), também em Assunção.

O carrossel da nossa classificação! ⚽💜

📸 Staff Images Woman / CONMEBOL#AsBrabas#VaiCorinthians pic.twitter.com/Rc8wMnicN0

— Corinthians Futebol Feminino (@SCCPFutFeminino) October 12, 2024

O time paulista, que busca o penta na Libertadores, controlou o jogo na etapa inicial, criando boas chances de gol, apesar do gramado castigado do Arsenio Erico. A primeira delas surgiu com menos de um minuto de jogo, com Carol Nogueira após um cruzamento da direita, mas a atacante chutou por cima do gol do Olímpia. Quatro minutos depois, em mais uma bola levantada da direita, Carol avançou livre e bateu de canhota, novamente para fora.

Com marcação forte, o Olimpia abusou da força para tentar parar as corintianas. Aos 20 minutos, Yanina Gonzales perdeu o tempo da bola e atingiu a brasileira Yasmin. A falta desproporcional gerou reclamação da comissão técnica e jogadoras do Corinthians contra as adversárias. A confusão em campo durou cinco minutos e terminou com cartão amarelo para Gonzalez, autora da falta, e também expulsão (cartão vermelho) para o fisioterapeuta do Timão. Depois do tumulto, as Brabas reduziram o ritmo e o jogo seguiu morno.

Depois do intervalo, a história da partida mudou. Aos quatro minutos, Mariza cruzou para Gabi Zanotti abrir o placar de cabeça para o Corinthians. Mal deu tempo de comemorar. Dois minutos depois, Mariza cruzou de novo com precisão, da esquerda para a direita para a Millene – a atacante deixara o banco de reservas após o intervalo – que desferiu um chute cruzado certeiro no fundo do gol.

Com dois gols de vantagem, as Brabas passaram a controlar a partida, mas levaram sufoco nos minutos finais. O primeiro susto em cobrança de falta de Lacoste, um bomba no travessão. Em seguida, nos acréscimos, Aguilera chutou à queima roupa, mas a goleira Nicole fez ótima defesa espalmando para fora, para a alegria do Corinthians.

Humorista Ary Toledo morre em São Paulo

O humorista Ary Toledo morreu na manhã deste sábado (12), em São Paulo. Ele tinha 87 anos, estava internado no Hospital Sírio Libanês desde o dia 2 de outubro e morreu em decorrência de uma pneumonia, informou o hospital.

Por meio das redes sociais do humorista, a família confirmou a notícia. “Com profundo pesar, anunciamos o falecimento de Ary Christoni de Toledo, um humorista brilhante que iluminou nossas vidas com seu talento e risadas. Que sua memória continue a trazer sorrisos a todos nós… Sentiremos a sua falta, mestre”, diz publicação.

Ary Toledo nasceu em Martinópolis, no interior paulista, mas foi criado em Ourinhos. Mudou-se para a capital do estado aos 22 anos, quando começou a atuar no Teatro de Arena. Cinco anos depois, teve início sua carreira humorística. Ao longo da carreira ele se apresentou em muitas emissoras de televisão como TV Tupi, Record e SBT e também escreveu diversos livros de piadas.

O velório de Ary Toledo será no Ossel Memorial, na cidade de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, a partir das 14h de hoje e uma cerimônia de despedida será realizada às 19h.

CCBB apresenta 16 filmes que mostram a trajetória da atriz Léa Garcia

Um grande programa para aproveitar o fim de semana do Dia das Crianças é visitar, no Centro Cultural Banco do Brasil, no centro do Rio de Janeiro, a primeira retrospectiva dedicada ao trabalho da atriz carioca Léa Garcia (1933-2023), uma das figuras mais importantes do cinema brasileiro.

Léa Garcia – 90 anos apresenta 15 longas e um curta-metragem, protagonizados por Léa, com entrada franca. A programação faz parte das comemorações pelos 35 anos do CCBB Rio. Os curadores Ewerton Belico e Leonardo Amaral selecionaram títulos marcantes da carreira de Léa, que destacam seu pioneirismo como protagonista negra no cinema brasileiro. Eles serão exibidos, na maior parte, em cópias em 35 milímetros (mm), oferecendo ao público uma oportunidade rara de assistir aos filmes em seu formato original.

A mostra inédita é uma homenagem a atriz, falecida ano passado, durante o Festival de Cinema de Gramado, no Rio Grande do Sul, onde ela receberia o Prêmio Oscarito, a maior honraria do Festival. Foi em Gramado também que Léa ganhou outros dois prêmios importantes de sua carreira – o Kikito de Melhor Atriz e o Prêmio do Júri Popular, em 2004, por Filhas do Vento, de Joel Zito Araújo, que será exibido na mostra.

O filme de estreia de Léa no cinema, Orfeu Negro, Marcel Camus, outro destaque da mostra, lhe rendeu a indicação ao prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes, de 1959. Orfeu Negro ganhou a Palma de Ouro no Festival e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, pela França.

Mostra em homenagem a uma das mais importantes atrizes brasileiras apresenta 16 filmes protagonizados por Léa Garcia CCBB/Divulgação – CCBB/Divulgação

Léa Garcia é uma das principais atrizes negras do país, com uma atuação importantíssima no teatro e também na televisão, onde participou de diversas novelas. Ela fez parte do Teatro Experimental do Negro, iniciativa pioneira e uma das mais relevantes já realizadas no teatro afro-brasileiro – , no cinema e na televisão e de notório engajamento político a partir das personagens às quais deu corpo e voz”, comentam os curadores Ewerton Belico e Leonardo Amaral. A mostra promove uma série de sessões comentadas ao longo das suas quatro semanas.

Neste sábado, (12), o professor e cineasta Juliano Gomes conversa com o público após a exibição de O Pai da Rita, às 14h30. Na quarta-feira, 30 de outubro, será a vez da cineasta e pesquisadora Milena Manfredini comentar a sessão do filme A Deusa Negra, às 18h. E, o pesquisador e programador Hernani Heffner estará presente na sessão de Ganga Zumba, no dia 2 de novembro (sábado), às 16h, para bater um papo com o público. Léa Garcia – 90 anos tem o patrocínio do Banco do Brasil e banco BV, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

A mostra logo depois do Rio de Janeiro, seguirá para o CCBB Brasília, onde permanecerá de 5 de novembro a 1º de dezembro.

Mostra de cinema “Léa Garcia – 90 Anos” celebra obra da artista Foto: Divulgação/CCBB-SP – Divulgação/CCBB-SP

Dia das Crianças na Flip: Sesc propõe mais histórias e menos telas

Livros em três dimensões, que são vividos por meio de diferentes sentidos: visão, tato, audição. Essa é a proposta da Companhia Costurando Histórias, que usa tecidos na hora de construir personagens e cenários em tapetes. A narrativa é acompanhada de músicas e coreografias, que prendem a atenção de crianças e adolescentes.

“A gente coloca o tapete no centro. E se forma uma roda, o que é uma forma bem intimista de contar a história. Olho no olho. Depois que as crianças e os jovens escutam as histórias, eles podem mexer nesses materiais que a gente costura, nos personagens e folhear os livros”, conta Daniela Fossaluza, atriz, artesã e diretora da companhia.

A atividade faz parte de uma programação especial do Serviço Social do Comércio (Sesc) dedicada ao público infantil na 22ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty – Flip. E converge com um dos focos da instituição para esse ano: mostrar que a literatura e a arte podem ser alternativas ao uso excessivo de telas e dispositivos eletrônicos na infância.

A Companhia Costurando Histórias é um coletivo de artistas em atuação há 25 anos. Eles visitam escolas, recebem turmas de crianças em unidades do Sesc e participam de feiras literárias. Com mais de 60 tapetes, eles costumam adequar o repertório nos espetáculos de acordo com a faixa etária. Hoje (12), Dia das Crianças, o cenário é sobre o ‘Mapa de Pindorama’, nome dado pelos povos tupis-guaranis à região que hoje é o Brasil.

“A partir do mapa vamos trazer contos e lendas do Brasil. Apresentar histórias dos povos originários, lendas populares, monstros do folclore. Fizemos um pacote que visita as regiões do Brasil, os biomas, a fauna. Tudo é representado no tapete”, diz Fossaluza.

Programação

Para os pais e outros responsáveis, estão previstas rodas de conversa com o tema “Telas e seus impactos na infância”. Paralelamente, crianças e adolescentes vão poder participar de outras atividades, como a Maratona de Histórias, que apresenta contos de diferentes tradições do Brasil e do mundo.

Outra opção é a apresentação do Palhaço Xuxu, interpretado pelo ator e diretor Luis Carlos Vasconcelos. O personagem brinca com a simplicidade do cotidiano e a delicadeza das emoções humanas. E tem ainda a BiblioSesc, biblioteca móvel que traz contação de histórias e atividades sensoriais.

“As bibliotecas móveis têm uma programação o ano inteiro dedicada à formação de leitores, lidando com o público infantil, trazendo um entretenimento de qualidade. Elas ajudam a desenvolver habilidades pedagógicas, socioemocionais e relacionais. Tudo isso se faz por meio da literatura, e dessa disponibilidade de proporcionar para a criança e para o adolescente uma experiência diferente da que se tem no uso das telas”, diz Janaina Cunha, Diretora de Programas Sociais do Departamento Nacional do Sesc.

Ainda nesse tema, a programação do Sesc já teve o lançamento ontem (11) da revista em quadrinhos da Turma da Monica intitulada “O que aconteceu no Limoeiro?”, que aborda os aspectos negativos do uso descontrolado dos dispositivos eletrônicos, e a importância de valorizar brincadeiras e interações presenciais. Para a diretora do Sesc, não se trata de proibir o uso das telas, mas de qualificar o tempo de exposição e ofertar outras experiências.

“A arte de contar histórias é importante nesse sentido. É algo que você pode acompanhar em algum lugar, por meio de um profissional das artes cênicas. Mas você pode levar isso para dentro de casa ou para uma praça. E outra coisa que é muito legal, as crianças podem ser convidadas a serem narradoras. Porque elas têm muitas histórias para contar, basta que a gente se interesse por elas. Esse movimento da não exposição às telas é um movimento bilateral, porque também não adianta só proibir, sem ter o que ofertar”, analisa Janaina.

A diretora da Companhia Costurando Histórias complementa: é possível colocar em diálogo os diferentes meios e linguagens, para que as crianças e adolescentes tenham um desenvolvimento emocional e intelectual mais saudável.

“Nós estamos imersos no mundo contemporâneo, onde nós temos muitos meios e plataformas. E o livro tem o seu lugar especial, ele é insubstituível. Quando a gente consegue fazer esse alinhava, essa costura do livro com outros meios e linguagens, valoriza a literatura”, reflete Fossaluza. “É importante considerar a realidade que crianças e jovens têm hoje das telas, sem abrir mão de apresentar para eles a artesania e a transmissão de narrativas. Acho que precisamos apostar nisso: não abandonar as tecnologias, mas costurá-las com o artesanal”.

Dólar sobe para R$ 5,61 e fecha no maior valor em um mês

Em um dia de tensão no mercado financeiro, o dólar superou a barreira de R$ 5,60 e fechou no maior valor em um mês. A bolsa de valores reverteu a alta da quinta-feira (10) e acumula recuo de mais de 1% na semana.

O dólar comercial encerrou esta sexta-feira (11) vendido a R$ 5,615, com alta de R$ 0,027 (+0,5%). A cotação chegou a iniciar em baixa, mas passou a subir após uma entrevista em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a possibilidade de elevar a faixa de isenção do Imposto de Renda para além de R$ 5 mil em troca da taxação dos super-ricos.

Na máxima do dia, por volta das 10h55, a moeda norte-americana chegou a R$ 5,65. A divisa está na maior cotação desde 12 de setembro. Na semana, o dólar acumula alta de 0,36%.

No mercado de ações, o dia também foi tenso. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 129.992 pontos, com recuo de 0,28%. O indicador chegou a cair 0,78% pouco antes das 11h, mas o ritmo de queda diminuiu porque as ações de mineradores subiram com a expectativa de anúncios de estímulos econômicos pelo governo chinês, grande consumidor de metais brasileiros. Na semana, o Ibovespa caiu 1,37%.

Tanto o dólar como a bolsa foram na contramão do mercado financeiro internacional. O dólar caiu perante as principais moedas de países emergentes, e a bolsa norte-americana subiu, após a divulgação de que a inflação ao produtor nos Estados Unidos ficou estável em setembro, abaixo do previsto.

No entanto, as declarações do presidente Lula sobre a tabela de isenção do Imposto de Renda foram mal recebidas. Embora o presidente tenha dito que a elevação da faixa de isenção seria bancada com a taxação de super-ricos, em linha com o que ocorre em diversos países, os investidores manifestaram desconfiança da capacidade de o Congresso aprovar um aumento de tributos para fornecer recursos para cumprir a promessa de campanha do governo.

*Com informações da Reuters