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Defesa Civil confirma que fenômeno em Gentil (RS) foi tornado

Em meio à tragédia climática que atinge a maior parte do Rio Grande do Sul, foi registrada a formação de um tornado no município gaúcho de Gentil, no norte do estado. O fenômeno é caracterizado por uma espécie de funil de ar com ventos que podem chegar a 190 km/h.

A passagem do tornado foi registrada em vídeo por moradores, enquanto deixava um rastro de destruição em pastagens e plantação na zona rural de Gentil. As imagens foram publicadas em redes sociais e analisadas por meteorologistas, que confirmaram o fenômeno.

Em nota, a Defesa Civil do RS esclareceu que o tornado é formado a partir de nuvens de tempestade associadas à umidade em diversos níveis da atmosfera, que acabam ganhando profundidade.

“Essas condições são responsáveis por temporais, com rajadas de vento, raios, granizo e, eventualmente, tornados, como de fato ocorreu”, explicou o órgão. “Foram reportados à Defesa Civil do estado danos em um galpão de uma propriedade rural, sem registro de feridos”, complementou.

A formação do tornado ocorre em meio à chegada de uma frente semi-estacionária acompanhada de um centro de baixa pressão que está sobre o Rio Grande do Sul, segundo o portal MetSul. Tais condições são propícios aos elevados volumes de chuva em algumas regiões, como a Serra e o Litoral Norte do Rio Grande do Sul.

Segundo o meteorologista Glauco Freitas, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), um bloqueio atmosférico vai continuar provocando instabilidade no tempo do Rio Grande do Sul, com volumes de 30 a 50 milímetros (mm) de chuva, pelo menos até quarta-feira (15), quando está prevista a entrada de uma massa polar.

No início de maio, um outro tornado foi registrado na região sul, desta vez em Santa Catarina, na região entre os municípios de Passos Maia e Ponte Serrada. Na ocasião, vídeos publicados nas redes sociais mostravam árvores derrubadas pela raiz. Também não houve registro de feridos.

De acordo com balanço mais recente do governo estadual, foram registradas até o momento 143 mortes causadas pelo mau tempo, com enchentes e enxurradas, no RS. Outras 125 pessoas estão desaparecidas, e 537.380 ficaram desalojadas.

Nível do Guaíba volta a subir e pode passar dos 5 metros

O Rio Guaíba voltou a apresentar elevação dos níveis neste domingo (12), com expectativa de superar valores acima de cinco metros, conforme a chegada da vazão pelos rios contribuintes e a atuação dos ventos. A Laguna dos Patos se encontra também em níveis bem elevados e com tendências de aumento significativo nos pontos monitorados das regiões costeiras. A informação é da Sala de Situação do Rio Grande do Sul.

Volumes significativos de precipitação foram registrados nas últimas 24 horas no centro de Porto Alegre, região metropolitana e na Serra, com valores chegando aos 120 milímetros (mm) pontualmente nos Vales.

Em função da chuva volumosa, todos os grandes rios do estado apresentam tendência de elevação, com subidas rápidas em cotas de inundação nas bacias dos rios Caí e Taquari e também no Jacuí. As cidades situadas no delta, ou seja, no terreno de configuração triangular disposto na embocadura de um rio, das respectivas bacias ainda estão em cotas de alerta ou inundação.

O monitoramento hidrológico revela ainda que nos rios Gravataí e Sinos continua o represamento das águas na confluência com o delta do Jacuí com o Guaíba, com a manutenção dos níveis ainda elevados e retorno da elevação. Já no baixo rio Uruguai, observa-se estabilidade e declínio a partir de São Borja. 

Tragédia climática afeta saúde mental de profissionais e voluntários

A médica veterinária Andressa Schafe tirou a tarde de sexta-feira (10) para dormir em casa, com a família. “Estou muito abalada emocionalmente”, disse Andressa à Agência Brasil. Moradora do município de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, ela trabalha como voluntária desde o primeiro dia da tragédia climática que abala o estado, chegando ao ginásio que concentra as doações aos desabrigados dos municípios gaúchos às 7h40, todas as manhãs.

“As pessoas que atuam na linha de frente, como eu, já estão no automático. A gente só vai indo, tenta resolver os problemas o máximo que consegue.” Na sexta, o ginásio onde os voluntários estão trabalhando, e onde guardam roupas e comida, inundou. “A gente tentou erguer tudo, porque Santa Maria está sendo a regional de recolhimento. Todo mundo pegou em vassouras e rodos e começou a limpar. Mas, depois daquilo, eu me sentei e acho que chorei uma hora, porque já estamos exaustos. Todo mundo que se encontra na linha de frente está cansado. Mas seguimos.”

Andressa conta que muita gente chega à regional de recolhimento querendo ajuda, e os voluntários não estão conseguindo montar cestas básicas suficientes, porque as doações diminuíram muito, e as pessoas ficam decepcionadas. O que se consegue é enviado para a quarta colônia, que reúne as dez cidades devastadas pelas enchentes e situadas perto de barragens.

“Foi onde devastou tudo. As pessoas estão sem água e comida”. Oito ou dez caminhonetes tracionadas levam as cestas básicas para esses municípios, onde nem helicópteros ou carros estão conseguindo chegar. “As pessoas de Santa Maria que vêm pedir ajuda ficam frustradas. Porém, estamos tentando apagar o incêndio onde as pessoas não têm nem água. Não conseguimos atender todo mundo, mas estamos tentando da maneira mais justa.”

Doações à população do Rio Grande do Sul chegam de todas as partes do país – Joédson Alves/Agência Brasil

Com a chegada de roupas doadas, que vêm de muitos locais do Brasil, os voluntários de Santa Maria conseguem montar kits completos de roupas e sapatos femininos, masculinos e infantis por tamanho.

Solidariedade

Samara Buchmann, que faz mestrado de psicologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, está sem aulas, com restrição de água e de movimentos. A oficina mecânica de seu pai, Denis, ficou alagada com a cheia do Guaíba, em Porto Alegre, e ele teve problemas financeiros. A família abriga uma amiga de Pelotas e sua cachorra, que não puderam entrar em casa por causa das  enchentes que assolam o estado.

Em entrevista à Agência Brasil, Samara conta que vive uma situação nova e atípica, apesar da enchente no Vale do Taquari no ano passado ter ocasionado muitos estragos. “Nessa proporção que a gente está vendo agora, porém, nem a enchente de 1941, que era a mais famosa, mais conhecida e a pior até hoje. Agora, quase todas as cidades do estado foram afetadas de alguma sorte. Mais de 100 pessoas morreram por causa das chuvas, e há centenas de milhares de pessoas desabrigadas e muitos desaparecidos.”

Samara elogiou o trabalho da Defesa Civil, dos bombeiros e do Exército no resgate e colocação de pessoas e animais em abrigos e no transporte de mantimentos. “Há uma rede muito grande de voluntários arrecadando recursos, fazendo as compras de que os abrigos precisam: material de higiene e limpeza, roupas de frio, agora que está caindo a temperatura, remédios, ração para os animais. Toda hora está passando carro de polícia, helicóptero.”

Solidariedade e união mobilizam voluntários no Rio Grande do Sul – Foto: @CristineRochol/PMPA

A estudante destaca que todos estão mobilizados para ajudar, tanto no Rio Grande do Sul quanto nos demais estados, e também no exterior, divulgando o que está acontecendo e informando do que os gaúchos estão precisando neste momento. Para Samara, solidariedade e união são os principais fatores que mobilizam atualmente as pessoas. “Não é só aqui, com o povo gaúcho se ajudando, é também em lugares muito distantes, com o desejo de enviar muita ajuda para cá, de ter algum parente ou amigo e estar entrando em contato para saber se essa pessoa está bem, se precisa de alguma coisa. Essa rede é de apoio emocional e não só material”, concluiu.

Saúde mental

O psiquiatra Jorge Jaber, membro fundador e associado da International Society of Addiction Medicine e associado à World Federation Against Drugs, afirma que tragédias climáticas, como as enchentes do Rio Grande do Sul, afetam a saúde mental das pessoas, tanto as que perdem parentes e amigos, além de bens, quanto profissionais e voluntários que se esforçam para fazer salvamentos e, muitas vezes, não conseguem.

Na área específica de psiquiatria, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) criou um link para que especialistas do Brasil inteiro possam ajudar  a população gaúcha, seja por  atendimento presencial, com profissionais que estão mais próximos do evento, ou a distância, pelas mídias sociais. O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul modificou também uma determinação para que os médicos, nesse período, tal como ocorreu na época da pandemia de covid-19, possam emitir receituário controlado.

Em entrevista à Agência Brasil, Jaber explica que quase todos os medicamentos psiquiátricos são alvo de controle da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em termos de receitas. “Existem receitas brancas, azuis e amarelas. As receitas azuis e amarelas, que são emitidas pelo Conselho Regional de Medicina do estado, estão sendo liberadas para que sejam feitas, inclusive, a distância, de modo a reduzir o impacto que esse cataclismo está causando na população.”

Sobre o evento traumático de natureza ecológica, Jaber diz que a repercussão é grande e de longa duração. Ele lembra que, em 2024, ainda se avaliam os efeitos de longa duração da pandemia da covid-19 (2020-2023). “O que está acontecendo agora vai repercutir em uma geração de jovens que estão sendo submetidos a perdas traumáticas de entes queridos, à perda de bens e ao dano ecológico. Um estado que tem características de preservação ecológica como o Rio Grande do Sul vai sofrer um dano muito grande.”

Segundo o psiquiatra, a mudança climática, a mudança da vegetação, a morte de animais, tudo isso gera sofrimento a mais e contribui fortemente para a perda da saúde mental.

Jaber enfatiza que não só as pessoas doentes, mas o ser humano, de maneira geral, todos precisam ter uma certa segurança ambiental para viver plenamente a sua saúde. “Qualquer dano ecológico ao ambiente repercute na saúde mental do indivíduo por uma série de razões, principalmente aquelas voltadas ao medo, angústia, ansiedade, depressão, transtornos psicóticos, abuso de substâncias, uso indevido de remédios. Isso tudo cria uma solução bastante difícil que tem repercussões de curto e também de longo prazo.” De acordo com o psiquiatra, estima-se que, em um evento como este, a população demore de cinco a dez anos para começar a se estabilizar, do ponto de vista da saúde mental.

No tocante aos profissionais e voluntários que estão no Rio Grande do Sul salvando pessoas e animais, Jaber destaca o trabalho da Defesa Civil, ao  criar equipes multiplicadoras, motivadas por líderes. O psiquiatra lembra, contudo, que pessoas com menor capacidade de resistência a frustrações, situações que envolvem morte e situações catastróficas e dolorosas, devem ser afastadas, aproveitando-se aqueles que realmente demonstram alguma resiliência nessas circunstâncias.

Socorro psicológico

Para contribuir com as iniciativas de acolhimento em saúde mental às vítimas das enchentes, os professores Christian Haag Kristensen e Caroline Santa Maria Rodrigues, do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Trauma e Estresse (Nepte), da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), criaram um curso rápido, voltado para pessoas que estão atuando como voluntárias em resgates e abrigos ou ajudando de outras formas. O objetivo é contribuir com as iniciativas de acolhimento em saúde mental às vítimas, facilitando, ao mesmo tempo, o atendimento psicológico mais adequado no momento. O material tem apoio do Conselho Regional de Psicologia (CRP-RS).

O curso Primeiros Socorros Psicológicos: Intervindo em Situações de Crises, Desastres e Catástrofes foi gravado pelos dois pesquisadores e dividido em duas partes. Na primeira, é feita uma contextualização de desastres, indicando quais os possíveis efeitos psicológicos e agravantes da situação, como fome, machucados e abusos, entre outras situações. Na segunda, são explicadas as maneiras práticas de abordar e se comunicar com as vítimas e as formas de comunicação adequadas.

Os professores ressaltam a necessidade de se considerar que as pessoas estão em situação de vulnerabilidade, como crianças e adolescentes, pessoas com problemas de saúde, deficiências, ou ainda correndo risco de discriminação ou violência. O curso busca oferecer um panorama rápido, para que os atingidos mais fortemente pela catástrofe sejam tratados de maneira humanizada. A PUCRS está abrigando pessoas e famílias afetadas pelas chuvas e enchentes do estado nas dependências do Parque Esportivo (Prédio 81) e também recebe e encaminha doações.

As atividades acadêmicas foram suspensas na universidade, mas o campus permanece aberto aos estudantes e à comunidade, oferecendo acesso à energia elétrica, equipamentos, ambientes de estudo, serviços de alimentação e uso das estruturas disponíveis.

Política pública

Para a doutora em saúde coletiva e especialista em saúde mental do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde Dayana Rosa, a relação entre saúde mental e meio ambiente ainda é pouco debatida no Brasil mas, no mundo inteiro, tem sido abordada com frequência. “Na Europa, por exemplo, já se fala em ansiedade climática, principalmente entre a população mais jovem”, disse Dayana à Agência Brasil.

No Brasil, onde existe muita riqueza natural e a exploração da natureza constitui uma das principais atividades econômicas, é cada vez mais necessário que o Estado promova políticas públicas, ao mesmo tempo que amplia o acesso e protege o meio ambiente, como forma de promover também saúde mental e de prevenir transtornos e sofrimentos desse tipo, diz a especialista. “O acesso ao meio ambiente deve caminhar junto com a promoção do acesso à saúde mental”, enfatiza.

Dayana Rosa cita pesquisa feita no Reino Unido, segundo a qual, pessoas que vivem em áreas com altos níveis de poluição do ar têm 40% mais chance de desenvolver depressão que as que estão em áreas com ar mais limpo. No Brasil, no caso do rompimento da barragem de Mariana (MG), em 2015, pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), feita em 2018, constatou que 74% das pessoas tiveram piora do estado de saúde. Na saúde mental, a depressão e a ansiedade, que afetavam 1% da população, subiram para 23%. Em 2020, dois anos depois da tragédia, quase 30% dos atingidos sofriam com depressão, número cinco vezes maior do que a média nacional na época. “São transtornos provocados pela condição em que a natureza se encontra e pelas consequências de você perder a casa, não ter acesso a bens básicos como água, alimentação, e sem eles é impossível falar de saúde mental”.

A especialista lembra que, durante a pandemia da covid-19, os profissionais de saúde que ficaram na linha de frente foram os que mais adoeceram em termos de saúde mental. “Fica a necessidade também de proteger os profissionais de saúde e os demais profissionais que estão na linha de frente no Rio Grande do Sul”.

A Frente Parlamentar de Saúde Mental, da qual o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde faz a secretaria executiva, propôs o projeto de lei Cuidando de Quem Cuida, para proteger profissionais de saúde que estão na linha de frente, como no caso do Rio Grande do Sul.

Transtorno

O neurologista Guilherme Schmidt, docente do Instituto de Educação Médica (Idomed), disse à Agência Brasil que, quando se pensa em saúde, isso não envolve apenas ausência de doenças, porque saúde requer bem-estar físico, mental e social. “A população do Rio Grande do Sul perdeu, no mínimo, o bem-estar mental e social. Até que haja recuperação, principalmente da parte social e de rotina, é uma população que tem maior risco de transtorno mental”.

Schmidt alerta que o governo precisa ter uma perspectiva de reconstrução para essas pessoas, “de voltar à normalidade, de crianças voltarem para a escola, pessoas voltarem para o emprego, se não tiverem perdido, voltarem para casa, se tiverem a casa para voltar”. Na avaliação do médico, essa é uma população que apresenta maior risco de doença psiquiátrica.

Uma das primeiras reações de quem passa por uma situação traumática de tal porte é a confusão mental, seguida pelo estado de angústia pelo que está acontecendo, o que leva ao espírito de solidariedade para tentar resolver o problema. “Quando isso vai passando, e a pessoa constata que não está voltando para a rotina dela, podem aparecer problemas. A pessoa não tem mais aquele sentimento de utilidade, nem a rotina anterior. É uma população na qual a gente tem que ficar de olho.”

Pacientes que têm risco de desenvolver doenças psiquiátricas podem apresentar, entre outros sintomas, pensamentos perturbadores ou pesadelos, revivendo o que aconteceu, medo de enlouquecer, de perder o controle e ficar em estado de hipervigilância, mais nervosos, mais inquietos – é mais fácil entrar em pânico. Esses sintomas podem afetar relações pessoais e até de trabalho, uma vez que as pessoas ficam muito irritáveis, diz o neurologista.

Muitos passam a evitar o contato com pessoas que passaram pela mesma tragédia e diminuem o círculo social com medo de lembrar os acontecimentos. Podem apresentar alteração do sono e mostrar dificuldade de concentração e se tornar mais indiferentes na parte emocional. Normalmente, é mais suscetível a tais sintomas a população que já era mais vulnerável ou portadora de alguma doença mental e sem rede de apoio de parentes e amigos, além da parcela que sofreu maiores perdas no desastre. Schmidt salienta a necessidade de ficar de olho nesse grupo, que costuma aumentar o uso de álcool e drogas.

Schmidt acentua que a fase de luto considerada normal é de, no máximo, até dois meses após a tragédia, porque as pessoas tiveram perderam parentes e bens. “Mas ficar com depressão após uma tragédia dessas não é normal. Se o luto está demorando mais que dois meses, é preciso começar a se preocupar e tratar esse paciente, que ele tem maior risco de depressão. Tem que tratar logo porque aumenta a chance de um transtorno depressivo associado”, diz o médico, que alerta também para o aumento de doenças cardiovasculares.

Segundo o neurologista, uma coisa positiva que pode ocorrer nesse tipo de evento é o crescimento pós-traumático, na medida que situações extremas acabam levando a mudanças na vida das pessoas, como cuidar mais da saúde, dedicar-se mais à família, aumentar a rede de contatos. “E a grande coisa que aumenta nisso tudo é a resiliência, que é a nossa capacidade de voltar ao funcionamento normal depois de eventos traumáticos desconfortáveis. Algumas pessoas ficam mais fortes depois desses eventos”, afirma Schmidt.

Mães lutam por justiça aos filhos soterrados pela mineração

“Foram 20 mortos”, protesta Priscila Monteiro Izabel. Ela faz referência às vidas perdidas no rompimento da barragem da mineradora Samarco, em 2015. O colapso da estrutura gerou uma avalanche de lama que se iniciou no município de Mariana (MG) e gerou danos em dezenas de municípios ao longo da bacia do Rio Doce. Corpos de 18 pessoas foram resgatados. Considerando ainda um desaparecido que não foi encontrado, a mineradora reconheceu 19 mortos.

Priscila, no entanto, estava grávida. Arrastada pela lama, ela perdeu o bebê e briga na Justiça para que ele seja reconhecido como vítima. Passados mais de oito anos, a dor da perda ainda impacta o Dia das Mães. Ela tem a companhia dos seus outros dois filhos: Kayque e Arthur que tinham na época da tragédia respectivamente 2 e 8 anos e hoje possuem 11 e 17. Mesmo assim, a lembrança do episódio é inevitável.

“Nessas datas, o Kayque sempre faz as lembrancinhas na escola. E quando ele chega e me entrega essas lembracinhas, essas cartinhas, eu fico pensando que se meu bebê estivesse vivo, ele estaria com 8 para 9 aninhos. E eu estaria ganhando duas lembrancinhas, duas cartinhas. Me faz muita falta. E também faz muita falta para o Kayque, porque eles teriam pouca diferença de idade”, lamenta. Procurada pela Agência Brasil, a Samarco informou que não fará comentários sobre o assunto.

A tragédia ocorreu no dia 5 de novembro de 2015. Era para ser um dia especial para Priscila: seu aniversário. Ela também vivia a expectativa de uma revelação importante. “Tinha feito uma consulta de pré-natal uns dias antes e o médico falou assim: ‘Vou te dar um presente de aniversário. Seu ultrassom está marcado para o dia 6 e provavelmente vai dar pra ver o sexo do bebê’. Ela já tinha nomes em mente: se fosse menina se chamaria Arunna e se fosse menino Abnner. Junto com o então marido, já tinham comprado algumas roupinhas unissex e estavam buscando o berço.

Memórias vívidas

O terror que viveu naquele dia é relatado de forma muito vívida e emotiva por Priscila. Ela estava assistindo televisão em sua casa no distrito de Bento Rodrigues, comunidade que foi destruída. Passava o dia com seu filho Kayque e também com seu irmão e seus dois sobrinhos: Nicolas, então com 3 anos, e Emanuele, que perdeu sua vida aos 5 anos.

“A Manu entrou e falou comigo assim: ‘deixa o Kayque brincar comigo e com o Nicolas?’. Eu respondi: ‘Manu, Kayque está dormindo. Vem cá para você ver’. Ela entrou no quarto, viu ele dormindo e saiu. E aí eu falei: ‘Hoje é aniversário da titia. Você não vai dar um beijo na titia não?’ Ela perguntou: ‘vai ter bolo?’. Eu falei que não, que bolo era só nos aniversários dos pequenininhos. Ela me abraçou, me deu um beijo e saiu correndo para brincar. Passou mais ou menos meia hora, eu escutei um estrondo”, relembra com a voz embargada.

Priscila e seu filho Kayque em foto tirada após terem alta do hospital Foto: Priscila Izabel/Arquivo Pessoal

Ao ouvir seu irmão gritar que a barragem tinha estourado, ela pegou Kayque e saiu para fora, mas não houve tempo suficiente para que eles alcançassem um lugar seguro. Arrastada, Priscila seria posteriormente salva por um motorista de ônibus, que a avistou e arriscou a própria vida para tirá-la de dentro da lama. Seu filho, que havia sido levado para longe dela, foi resgatado por meio de uma corrente humana realizada por moradores de Bento Rodrigues.

“Quando saí, vi uma imensa poeira. Meu irmão estava na porta da casa da frente, com Nicolas no colo e segurando a mão da Manu. Eu fui até lá e nós entramos. Quando eu olhei para baixo, a lama já tava chegando no joelho do meu irmão e as paredes da casa estava tombando em cima da gente. Eu falei para Manu: ‘segura na roupa de titia’. E aí a onda de lama veio. E eu fiquei sozinha no meio do nada, sendo levada e tomando pancadas. Senti uma forte dor pélvica e veio um calafrio. Doía muito. Eu pedia a Deus para salvar o meu filho”, relata.

Priscila precisou ser levada de helicóptero para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. O diagnóstico do aborto foi confirmado no dia seguinte. Levou semanas para ter alta e ficou com uma cicatriz no rosto que hoje lhe causa constrangimento. Ela conta que evita tirar fotos em que a marca apareça. Resgatados, seu irmão, seu sobrinho Nicolas e seu filho Kayque também foram hospitalizados. O corpo de Emanuele foi achado cinco dias depois. Internada, Priscila ficou recebeu a notícia em uma ligação telefônica com o irmão. “Eu só joguei o telefone no chão, comecei a gritar e os médicos vieram e me sedaram”.

‘Eles não têm amor’

A Samarco reconheceu Priscila como vítima, mas não o bebê que ela gerava na barriga. A mineradora ofereceu um acordo sem margem para negociação. Ela avalia que os valores não reparam os danos sofridos, mas se viu sem saída e acabou aceitando. Antes de ingressar com ação judicial em busca de reparação para seu filho, ela apresentou laudos médicos e exames à Samarco. Segundo conta, ouviu que o bebê não poderia ser reconhecido como vítima porque não havia uma Declaração de Nascido Vivo, documento que a maternidade deve emitir após o nascimento para que os pais possam efetuar o registrar em cartório. “Eles não sabem o que é amor. Eles não têm amor. Só tem amor ao dinheiro”, se revolta.

O caminho judicial foi aconselhado por um promotor do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Foi então que ela procurou um advogado. “Enquanto eu respirar nessa Terra, eu vou lutar por justiça. Creio que ela vai chegar. Aquilo que entregamos nas mãos de Deus, a gente pode confiar. Eu tenho fé que Deus vai fazer justiça”, acrecenta. Ela lamenta que ninguém tenha sido preso. Em 2016, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou 22 pessoas por diversos crimes. Para 21 delas, foi imputado o crime de homicídio qualificado. Além de integrantes da alta cúpula da Samarco, foram incluídos membros do Conselho de Administração da mineradora que foram nomeados pelas duas acionistas: Vale e BHP Billiton.

No entanto, em 2019, uma decisão da Justiça Federal beneficiou os réus. Foi determinado o trancamento da ação penal para o crime de homicídio. Prevaleceu a tese de que os indícios incluídos na denúncia apontavam as mortes como consequências do crime de inundação. Além disso, ao longo do tempo, foram concedidos habeas corpus a alguns acusados. Os sete que permanecem como réus no processo respondem apenas por crimes ambientais. Priscila critica o andamento do processo criminal: considera que a impunidade tem relação com o poder econômico dos acusados. “Falaria isso na frente dos juízes”, afirma.

Brincalhão aos 33

É também a dor da perda que impulsiona a luta de Jacira Francisca Costa. Seu filho perdeu a vida em outra tragédia envolvendo rompimento de barragem. Ela trabalhava na Vale em Brumadinho (MG) e foi soterrado pela avalanche de rejeitos que se formou após a ruptura que ocorreu no dia 25 de janeiro de 2019. Thiago Matheus Costa foi um dos 272 mortos no episódio, segundo a conta da Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem em Brumadinho (Avabrum), que inclui os bebês de duas mulheres que morreram grávidas.

“Ele era um menino muito amável. Eu sinto muita falta dele porque todos os domingos ele vinha aqui em casa. Já tinha 33 anos, mas não deixava de ser um menino brincalhão, sorridente, nada estava ruim para ele. Ele tinha uma deficiência na perna e no braço e isso não era empecilho para ele. Ele limpava o carro do pai dele, cortava o cabelo do pai dele. Ele era muito prestativo, um menino muito bom de coração”, conta Jacira.

O corpo de Thiago foi encontrado quatro dias após a tragédia. Ele era o mais velho dos seis filhos de Jacira. Ela diz que sua ausência abala a todos. “O sorriso dele, as brincadeiras dele enchiam a casa. Era muito amável com todo mundo. A gente passeava, ia para a casa dos tios, almoçava, brincava, jogava peteca, jogava bola. É muita tristeza porque o Tiago sempre trazia uma lembrancinha. Hoje em dia, o Dia das Mães virou um dia mais monótono, um dia sem aquela alegria, sem aquele almoço grande com as brincadeiras que ele fazia. Nesses dias, a gente lembra o quanto ele faz falta”.

Jacira e seu filho Thiago quando ele tinha 10 anos de idade Foto: Jacira Costa/Arquivo Pessoal

Mulheres na linha de frente

Moradora de Betim (MG), há 25 quilômetros de Brumadinho, Jacira integra hoje a direção da Avabrum. Dos 11 integrantes da entidade e do seu conselho fiscal, nove são mulheres. Elas estão na linha de frente da luta para fazer justiça às mortes de maridos, pais, irmãos e outros entes queridos. Além de Jacira, outras duas choram pela saudade de um filho.

“Eu passei a buscar forças quando eu descobri que era um crime, que eles sabiam e não tiraram os meninos de lá. Foi uma morte cruel, ninguém merece morrer daquele jeito. Mas aqui em Betim, eu percebia que ninguém sentia o mesmo que eu. Então decidi ir para Brumadinho, me unir às meninas, e achei também um pouquinho de força lá. Estava no meio de quem estava sentindo o mesmo que eu”.

No processo criminal, foram denunciadas 16 pessoas. O MPF sustenta que houve um conluio entre a Vale e Tüv Süd, consultoria alemã que assinou o laudo de estabilidade da barragem. Conforme a acusação, ambas as empresas tinham conhecimento da situação crítica da estrutura, mas não compartilharam as informações com o poder público e com a sociedade e assumiram os riscos. A denúncia também chama atenção que, em uma eventual tragédia, o tempo disponível para a evacuação de instalações administrativas e do refeitório da mina de Vale era de apenas um minuto. A ruptura ocorreu no horário de almoço, às 12h28.

Jacira afirma que a Avabrum está determinada a preservar a memória dos que se foram, e não deixará que o episódio caia no esquecimento. Um memorial, que será gerido por familiares das vítimas, foi erguido em um terreno de nove hectares. A entidade também vem se mobilizando para cobrar pela responsabilização criminal. Manifestações foram realizadas nos últimos meses contra a concessão de um habeas corpus que excluiu do processo o ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman. A Justiça Federal entendeu que a denúncia não reunia indícios de atos ou omissões dele que tenham levado ao colapso da barragem. O MPF recorre da decisão e considera que há provas suficientes de que ele sabia dos riscos de rompimento.

“Enquanto a gente tiver força, enquanto a gente tiver vida, nós vamos lutar. Quanto mais saudade, mais a gente a gente luta. Não é fácil. Nada repara uma vida. Nada repara o que a gente passa nada. Nada repara tudo que nós perdemos. A gente não tem uma vida tranquila como tínhamos. Eu estou tendo força para lutar, mas tem mãe que não consegue ficar de pé, que está na cama. Tem mãe que teve AVC, tem mãe que já até morreu”, lamenta Jacira.

Mudanças nos desfiles das escolas de samba do Rio divide opiniões

A incorporação de um terceiro dia para os desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro dividiu opiniões. A decisão foi anunciada pela Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) na segunda-feira (6). Os desfiles do considerado grupo da elite do carnaval carioca, em março de 2025, serão no domingo (2), na segunda-feira (3) e na terça-feira (4).

A ordem de apresentação ainda vai ser definida, mas já está certo que a Unidos de Padre Miguel, campeã da Série Ouro este ano, abrirá os desfiles de domingo. No segundo dia será a Unidos da Tijuca, 11ª colocada neste ano. Na terça-feira, a Mocidade Independente de Padre Miguel, 10ª colocada este ano, será a primeira a desfilar.

O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), Gabriel David, destacou que a decisão, como costuma ocorrer na entidade, foi tomada em reunião plenária composta pelos presidentes das escolas de samba. Além de mais um dia de desfiles, a plenária decidiu que os mapas das notas serão fechados ao fim de cada dia de apresentações.

Presidente da liga escolas de samba do Rio (Liesa) – Foto: Instagram/@gabriod

“Nenhuma decisão sobre regulamento, tanto a criação de um terceiro dia quanto o fechamento de notas após cada dia de desfiles, não é uma decisão de uma pessoa na Liesa. Quem toma decisões de regulamento são os 12 presidentes de escolas de samba. Somente os 12 presidentes votam. Se tiver um empate, aí o presidente da Liga tem Voto de Minerva, o que não foi o caso em nenhuma dessas decisões. Todas as decisões de regulamento históricas dos últimos 40 anos, desde que a Liesa existe, são decisões tomadas em plenária, então, não é nada diferente do que acontece na história do carnaval”, esclarece o presidente da Liesa à Agência Brasil.

Contra

O jornalista e escritor Fábio Fabato, autor da sinopse do enredo Pede caju que dou…Pé de caju que dá!, com o qual a Mocidade Independente de Padre Miguel se apresentou este ano, não concorda com a criação de mais uma data para os desfiles.

“A meu ver, uma mudança perigosa, que altera radicalmente a própria natureza competitiva do desfile. Como comparar, por exemplo, a primeira escola de domingo com a última de terça, já quarta de cinzas, com um distanciamento de 52 horas entre elas e os mapas sendo fechados em cada noite?”, indagou.

Para Fabato, o formato de domingo e segunda de carnaval permitia uma relação entre os dois dias. “Fere-se a própria estrutura de ‘saga madrugada adentro da festa’, parte de seu conceito cultural particular, diferente de line-ups estanques de festivais, por exemplo. Os dois dias conversavam entre si, já que o carnaval é uma disputa. Agora, parecem shows desconectados”, pontuou.

O jornalista está entre os que criticam a medida por entender que a busca foi por uma maior comercialização de camarotes. “Meu medo é que, na ânsia pela camarotização do desfile, as escolas virem coadjuvantes do próprio espetáculo”, disse.

Fabato também não concorda com a forma como a medida foi tomada. “Uma decisão tomada de modo apressado, sem debate com sambistas e extremamente mal comunicada. Desde 1984, não havia algo tão traumático no sentido de alteração estrutural do carnaval. Era preciso mais diálogo”, defende.

Mudanças

Livros inspiram escolas de samba do Rio nos enredos de 2024 – Foto: Ana Cristina Vitória/Porto da Pedra

Já o pesquisador e jornalista Leonardo Bruno é favorável às mudanças. Para ele, a decisão é um dos momentos que mudam a história do carnaval, como foi a construção do Sambódromo.

“A princípio me parece uma boa ideia aumentar em um dia o espetáculo. A gente vai ter mais repercussão. A competição ganha em intensidade. Só me parece que quatro escolas por noite, me parece pouco. Talvez o ideal fossem cinco desfiles a cada noite, totalizando 15 escolas no Grupo Especial. Vamos ver como vai ser essa experiência. As escolas ainda vão se adaptar, ainda vão entender essa novidade que certamente vai ser um marco na história do carnaval carioca”, avaliou.

No entendimento de Leonardo Bruno, o fechamento dos mapas de notas a cada noite de desfile derruba um pilar de julgamento aplicado até este ano, que era o comparativo com a conclusão somente após todas as 12 escolas se apresentarem.

“Agora em 2025, o que a gente vai ter basicamente é um julgamento comparativo dentro daquele próprio dia. O que vai ocasionar que o resultado do carnaval vai ser uma disputa entre as melhores escolas de cada dia. Isso vai mudar radicalmente a forma do julgamento. Como hoje em dia o julgamento enfrenta muitos problemas na medida em que ele é comparativo, mas os jurados têm, de certa forma, um olhar mais benevolente para as escolas de segunda-feira e não para as de domingo, acho que é uma forma de tentar uma proposição diferente para ver se consegue equilibrar melhor a disputa entre os dias”, explica.

“Não sei se é o melhor modelo, mas é uma tentativa de se fazer um julgamento mais equilibrado”, comentou, acrescentando que se a experiência não der certo, pode voltar ao modelo atual.

Liesa

Com relação à crítica de Fabato, o presidente da Liesa comparou a forma de decisão às decisões desse tipo que ocorrem em todas as ligas do mundo. “É assim nas ligas de basquete, de futebol, de futebol americano e por aí vai. São tomadas de decisões da liga, organização que cuida daquele julgamento e daquela competição. A gente entende que todas as mudanças surtem um primeiro efeito negativo. É super normal e acontece em todos os cenários que relatei”, defende.

Gabriel David acredita que, ainda que de todas as críticas feitas às mudanças, 99%, se não 100%, não são verdadeiras. “Não é verdade que foi uma mudança comercial. Não é verdade que é por uma questão de lucro. A gente precisa lembrar que a Liesa é uma instituição sem fins lucrativos e as escolas são organizações sem fins lucrativos e que tanto presidente quanto vice-presidente e todos os diretores na Liesa são trabalhadores sem salário, sem remuneração. Essa alteração não muda financeiramente a vida de ninguém que está dentro da Liesa”, afirma.

Gabriel David contestou ainda a crítica de que deveria ter um número maior de escolas por dia, acima das quatro definidas nas mudanças. “Nesse momento isso afetaria também o grupo de acesso. Pedem que não precisasse cair de seis para quatro desfiles por dia, podiam ser cinco. São discussões que precisam ser colocadas no futuro. A gente não pode mudar o formato de uma liga, de quem sobe e de quem desce, depois de resultados já alcançados como ocorreu no último carnaval”, disse.

O presidente da Liesa recordou que em 1984, quando os desfiles passaram a ser em dois dias e não mais em apenas um dia, a alteração também gerou críticas. “A gente precisa lembrar da grande polêmica que foi quando o carnaval passou para dois dias. Falaram que aquilo era um absurdo, que nunca ia funcionar. Tenho certeza que se hoje a gente bota a discussão do carnaval para um dia só, ninguém jamais aceitaria ou consideraria essa ideia minimamente plausível. Mudanças surtem efeitos que às vezes são incompreendidos por um público que não está ali observando, principalmente, os bastidores dessa festa, mas tenho certeza que em um futuro muito próximo essas pessoas que estão criticando hoje entenderão as necessidades e importância dessas mudanças”, concluiu.

Sambódromo da Marquês de Sapucaí – Foto: Alex Ferro/Riotur

Motivos

Gabriel David listou 11 motivos para explicar os impactos positivos da nova distribuição de datas, que passam por maior presença de público; democratização do espetáculo com ingressos mais baratos; mais protagonismo com a programação estendida; maior retorno financeiro para o estado e o município com o movimento de turistas; mais segurança para os desfilantes nas concentrações das escolas, que ficarão mais próximas da entrada na avenida; melhor logística de transporte das alegorias para a Sapucaí com um número menor de agremiações por dia; e mais dinheiro para as escolas por meio dos repasses financeiros.

“Caso isso surta um superávit maior correlacionada às vendas de ingressos do carnaval, é um dinheiro que é diretamente repassado para as escolas que são organizações sem fins lucrativos, e por consequência terão mais dinheiro para gastar com o carnaval e com as pessoas e artistas de carnaval. O objetivo é levar cada vez mais dinheiro para os sambistas que fazem de fato o carnaval acontecer, que estão nos barracões e nas quadras dando vida ao que a gente vê todos os anos passando pela avenida”, disse.

O presidente da Liesa ressaltou ainda, entre os pontos positivos, o equilíbrio na competição, porque todas as escolas poderão se apresentar antes do sol raiar, e assim, usar mais a iluminação cênica que foi destaque nos dois últimos anos. 

“Para proteger a competição a gente não pode correr o risco de ter uma escola tendo o seu desfile na totalidade na luz do dia. Isso impacta diretamente na competição e na forma com que cada escola vai desfilar. Elas têm que ter cenários mais semelhantes possíveis para que realmente seja uma competição neutra e vença a melhor”, explica.

Os fatores positivos ainda passam, na visão de Gabriel David, por mais respeito a direitos porque as empresas envolvidas no espetáculo terão condição de fazer turnos menos exaustivos para os seus empregados.

Escolas mirins

Outro ponto destacado pelo dirigente é garantir o futuro das escolas de samba, transferindo as apresentações das escolas mirins para a véspera do Sábado das Campeãs (8). “Com a alteração na Terça-Feira de Carnaval, dedicada antes aos desfiles mirins, a Liesa poderá atuar como coprodutora, em apoio à Aesm-Rio [Associação das Escolas de Samba Mirins do Rio de Janeiro], passando a incorporar o evento dentro do calendário oficial do Rio Carnaval. Isso trará ainda mais visibilidade, recursos e, principalmente, maiores possibilidades de desenvolvimento dos jovens sambistas, que são o futuro do Carnaval”, comentou.

Apresentações das escolas mirins vão para a véspera do Sábado das Campeãs – Foto: Eduardo Hollanda/Rio Carnaval/Direitos reservados

A transferência de dia dos desfiles das escolas mirins é mais uma das mudanças previstas para o próximo carnaval decididas na reunião plenária da Liesa. Com um número de quatro escolas em cada dia de desfile do Grupo Especial, o tempo de apresentação por noite vai diminuir, o que vai ser aproveitado para a realização de shows na avenida. 

De acordo com Gabriel David, esse é mais um ponto positivo porque haverá a valorização do samba.

“Antes alheios aos pontos altos dos desfiles, os setores populares 12 e 13 serão prestigiados pela grande roda de samba que sucederá os quatro desfiles na Apoteose, sempre após a procissão de sambistas que acompanha a última escola. Com quatro escolas, o cronograma permitirá ainda que as agremiações apostem em esquentas com mais sambas-enredo tradicionais, dedicados ao setor 1”, disse.

Pesquisadoras falam dos desafios de conciliar maternidade com estudos

“Você sabe que essa semana eu chorei muito, né?”. É com essa frase que a estudante Fernanda Gomes começa a falar sobre conciliar a carreira acadêmica e a maternidade. Ela está na reta final do mestrado e é difícil encontrar tempo em meio às disciplinas que ainda precisa cursar, o trabalho fora da universidade e os filhos, para conseguir, enfim, escrever a dissertação. “É muito difícil me manter na universidade”, afirma. 

Em uma carreira competitiva, como a carreira acadêmica no Brasil, a constante cobrança por produtividade acaba expulsando as mães das universidades e da linha de frente da construção do conhecimento no país.

Segundo dados da Palataforma Supucira, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a maioria dos estudantes de pós-graduação (54,54%) é mulheres. Mas, os homens são a maioria entre os professores (57,46%), ou seja, são maioria entre os que conseguem chegar ao topo da carreira e assumir um cargo público como docente e pesquisador. As mulheres também são minoria entre os pesquisadores que recebem bolsa produtividade, concedidas no topo da carreira pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), representam 36%.

Neste Dia das Mães, pesquisadoras compartilham os desafios que enfrentam para conciliar a maternidade, os estudos, a docência, a pesquisa e, às vezes, até mesmo outros trabalhos para complementar a renda. E mostram também como medidas, por vezes simples, como a construção de fraldários ou inscrições gratuitas para que levem acompanhantes a eventos científicos para ficar com os filhos, que podem fazer a diferença, ajudar na inclusão e no desenvolvimento da ciência como um todo.

Gomes é mestranda no Programa de Pós-Graduação em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades (PPGHDL) da Universidade de São Paulo (USP). Ela e a companheira, Alessandra Tavares, doutoranda de antropologia na USP, têm dois filhos, Rhyan, 13 anos, e Ana Júlia, 19 anos. As duas se dividem nas tarefas e no apoio à carreira uma da outra. No início do ano, Tavares passou 45 dias fazendo trabalho de campo na África do Sul e foi Gomes que cuidou dos filhos e dos afazeres da casa.

Fernanda , seguida de Rhyan, Ana Júlia e Alessandra. Foto: Vanessa/Arquivo Pessoal

“Durante muitos, muitos, muitos anos, a educação não foi para as mulheres. Ainda que as mulheres sejam, né, chefes de família, ainda que se acredite que as mulheres pensem ciência de uma maneira muito mais avançada, durante muitos séculos, a educação não foi para nós. Então, é importante que a gente esteja lá. E eu acho que é um papel das universidades, do sistema de educação em geral, pensar políticas públicas que mantenham essas mulheres nesses lugares”, defende. “Eu nem estou fazendo esse recorte racial, porque eu sou uma mulher negra, uma mulher negra lésbica. Então, os meus marcadores ultrapassam essa questão de gênero, né?”.

Olhares diversos

Para a professora de relações internacionais Maria Caramez Carlotto, da Universidade Federal do ABC, a ciência ganha com mais diversidade. “Todo conhecimento parte de uma perspectiva, de uma maneira de olhar para o mundo, que você consegue objetivar, que você consegue controlar, mas que você ganha muito quando você põe diversidade”, diz e complementa: “Então, mais mulheres na ciência e mais mães na ciência, elas aumentam a diversidade de perspectivas, aumentam a chance da gente produzir um conhecimento mais completo, um conhecimento mais objetivo, mais diverso e, por isso, até mais verdadeiro. A gente chega mais próximo da verdade quando a gente traz múltiplas perspectivas, pelo tipo de problema que se coloca, problemas que são impensáveis para os homens, as mulheres passam a colocar para a ciência. Então, essa diversidade realmente é muito fundamental”.

Além disso, ela defende que, assim como todas as demais pessoas, as mães têm direito a participar da construção do conhecimento. “Tem também uma questão de justiça. As mulheres têm direito a participar do empreendimento científico, que é um dos empreendimentos mais nobres da humanidade, e dentre as mulheres, as mães, especialmente, né? Por que que não teriam?”

No fim de 2023, Carlotto, que têm duas filhas, divulgou um parecer que recebeu do CNPq que negava a ela uma bolsa de produtividade e alegava que a carreira científica havia sido prejudicada pela maternidade. [LINK: https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/educacao/audio/2023-12/professora-universitaria-tem-bolsa-de-pesquisa-negada-por-ser-mae] “Eu achei muito absurdo a maneira como tudo se deu”, diz.

A filha mais velha tem 3 anos, também há 3 anos, a professora tornou-se mãe e viu a própria vida mudando. “O meu trabalho sempre foi o centro da minha vida, absolutamente. Eu era muito workaholic (viciada em trabalho), completamente workaholic. E agora, é impossível. Ainda sou um pouco, mas é impossível isso ser o centro da minha vida, pelo menos enquanto as crianças forem muito pequenininhas, né? Então, eu não sou mais senhora do meu tempo. Então, eu perco prazo, não tem jeito. Essa semana mesmo, eu tinha um artigo para entregar, ele estava praticamente pronto, faltava fazer muito pouca coisa. Mas com as crianças doentes em casa, definitivamente eu não consigo”.

Dados do CNPq divulgados pela organização Parent in Science [LINK: https://www.parentinscience.com/], mostram que as bolsas produtividade em pesquisa do mais alto nível são concedidas majoritariamente para homens brancos (58,2%), seguidos de mulheres brancas (29,8%). Mulheres pardas contam apenas com 1,3% das bolsas. Mulheres pretas e mulheres indígenas não possuíam nenhuma bolsa.

Impacto nas mães

Pesquisas mostram que ter filhos impacta a produtividade científica, mas mostram também que são as mulheres as mais prejudicadas. Um dos estudos foi realizado pela Parent in Science. A grande maioria das entrevistadas (81%) relataram que a maternidade teve impacto na carreira científica de forma negativa (59%) e fortemente forma negativa (22%). O estudo destaca a “urgente necessidade de esforços no desenvolvimento de programas para apoiar mais mulheres na ciência e para incentivar que as mulheres pesquisadores retornem às suas carreiras de pesquisa após uma pausa, como a licença maternidade”. E ressalta que a licença maternidade, no Brasil, é de 120 a 180 dias para mulheres, enquanto os homens têm licenças entre 5 e 20 dias.

“Quando o homem se torna pai, ele passa a ser visto como uma pessoa mais competente, como uma pessoa mais responsável. Então a possibilidade profissional dele sempre é maior. Quando a mulher é mãe, isso é exatamente o contrário”, diz a professora do departamento de Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Vanessa Staggemeier, que é mãe da Valentina, de 1 ano e 5 meses.

 Vanessa com a filha no colo Foto: Vanessa/Arquivo Pessoal

A gravidez de Staggemeier foi bem planejada. Ela terminou o doutorado, passou em um concurso público esperou ser efetivada, para aí, sim, realizar o sonho de ser mãe. Mesmo assim, sente os impactos da maternidade na carreira. “Eu ainda estou vivendo nesse período que eu me sinto como se fosse um cachorro correndo atrás do rabo e nunca alcançando a cauda. Porque eu não consigo dar conta de todo o trabalho que eu tenho e de todo o cuidado que eu preciso ter com a Valentina pelo fato de eu não poder colocar ela ainda numa escolinha e não ter rede de apoio. Como eu vim de São Paulo, eu não tenho nenhuma família aqui. Meu esposo também não tem família. Então, é só a gente no cuidado da pequenininha”.

Para Staggemeier, tanto a carreira como pesquisadora quanto a maternidade são importantes. “Eu venho de uma família super humilde, minha mãe foi mãe com 16, meu pai tinha 19 anos e ninguém na minha família tinha feito faculdade, então quando eu fui para a faculdade eu fui para ser professora”, disse.

Nos momentos de maior dificuldade, ela pensa em outras mulheres que passaram e passam pela mesma situação e ressalta a importância de se ter mulheres e mães na ciência, justamente para que esses exemplos continuem existindo. “Muitas vezes, durante esse período de um ano e meio quase, eu acho que eu não vou dar conta. Não passou pela minha cabeça desistir porque eu já fui estabilizada. Eu fico lembrando daquelas que foram as minhas orientadoras, todas elas tiveram filhos, todas elas deram conta. E a humanidade segue adiante, né? Então, eu preciso ter esses bons exemplos na minha mente para não desistir, para não me desestimular e para não vir aquela sensação de autossabotagem que muitas vezes a gente faz e fala, eu acho que eu não estou capaz de estar no lugar que eu estou. Então, a gente precisa ser voz para outras mulheres, para outras meninas que também têm essa vontade de ser cientista”.

Rede de mulheres

É o exemplo de outras mulheres que também inspira a professora de astrofísica no Observatório do Valongo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Karín Menéndez-Delmestre. Em uma área predominantemente masculina, ela busca estar sempre em contato com pesquisadoras mulheres e fazer parte de coletivos femininos.

“Na minha turma de doutorado eram seis pessoas. São turmas pequenas em astrofísica, em geral, e eu era a única mulher”, conta. “E eu tinha bastante dificuldade de ter voz, porque, literalmente, eu tinha que falar mais alto do que eu queria falar. Isso porque eu não sou uma pessoa de não falar baixinho, mas eu tinha que me impor”.

Foram outras mulheres, de outras turmas e também as professoras, que a fizeram sentir que embora às vezes não parecesse, aquele era também o lugar dela. Ela é uma das embaixadoras da organização Parent in Science na UFRJ. “É uma questão de se sentir parte de um grupo de mulheres acadêmicas, mães, tem alguns pais, tá? É uma fonte de fortaleza. Então, entrar, misturar nessas lutas que juntam academia e maternidade, acho que são coisas que me dão muita força e inspiração para transformar as coisas”. Ela é mãe da Sofia, 8 anos, e da Ilana, 5 anos.

Menéndez-Delmestre, que é portorriquenha, decidiu pela carreira acadêmica a exemplo dos pais, também professores. “A universidade era um lugar de constante juventude, constante ebulição de ideias novas. Então, sempre acho que fiquei com essa impressão. Onde as pessoas estão se educando é onde eu quero estar, pois mesmo envelhecendo, gosto dessa ideia de estar imersa em um espaço que sempre está com ideias novas”, afirma.

E foi justamente encontra outras mulheres que a fez permanecer. “Se eu não tivesse visto nenhuma mulher, acho que eu teria ficado como que, ah, isso é só um espaço dominado por homens chatos, não quero entrar aí, não. Então, ocupar com exemplos é muito importante, e no momento que você começa a não apenas ter alguns exemplos, mas muitas mulheres, você começa a ver que dá pra ser um leque amplo de versões de mulheres”, explica.

As pesquisadoras apontam que houve mudanças. Há por exemplo, o edital da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), em parceria com o Instituto Serrapilheira e o movimento Parent In Science (PiS), de R$ 2,3 milhões para apoiar o retorno das pesquisadoras às atividades científicas após terem se tornado mães. 

Elas apontam, entre as medidas que poderiam contribuir para a qualidade de vida e garantia de que as mães pudessem continuar as pesquisas, espaços para as crianças em evento científicos; inscrições gratuitas para que possam levar acompanhantes a esses eventos; vagas em escolas para crianças, vinculadas a universidades; ajuste no tempo de sala de aula para que possam se dedicar à pesquisa; além de editais específicos e balizadores claros e transparentes para equiparar a perda de produtividade materna, especialmente, nos primeiros anos da criança. 

Hoje é Dia: semana tem Dia das Mães e de luta antimanicomial

A semana entre os dias 12 e 18 é recheada de homenagens afetivas e da luta de grupos sociais atuantes na sociedade brasileira. Hoje é o Dia das Mães. A data móvel, celebrada sempre no segundo domingo do mês, já foi tema de diversos conteúdos de veículos das EBC.

A data foi tema do programa “Viva Maria”, da Rádio Nacional da Amazônia, em 2016. Na ocasião, foi relembrado que, ao contrário do senso comum, “mãe não é tudo igual”.

No ano passado, também foi feito um especial nas Rádios EBC sobre talentos que passam de mães para filhos. Ele pode ser escutado abaixo:

No dia 17, a data a ser celebrada é o Dia Internacional de Luta contra a Homofobia e Transfobia. Com o objetivo de promover a igualdade de direitos, a data visa conscientizar sobre os desafios enfrentados pela comunidade LGBTQIAPN+. Foi neste dia, em 1990, que a Organização Mundial de Saúde retirou a homossexualidade da lista de doenças mentais, marcando o início de uma luta global por igualdade e respeito.

No ano passado, a Agência Brasil fez uma matéria sobre Tibira, o primeiro indígena assassinado por LGBTQIAPN+fobia no Brasil, cuja história nos lembra da urgência de combater o preconceito e a violência contra pessoas LGBTQIAPN+. Ela pode ser conferida neste link. Em 2015, o Repórter Brasil, da TV Brasil, falou sobre a data:

O dia 18 tem duas datas que conscientizam para outras questões relacionadas à sociedade: o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes e o Dia Nacional da Luta Antimanicomial.

Instituído em memória de Aracelli Cabrera Sanches Crespo, uma menina brasileira violentada e assassinada em 1973, o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes já foi tema de um debate no programa Nacional Jovem em 2022. Escute:

O Dia Nacional da Luta Antimanicomial, uma ocasião para refletir sobre a reformulação do modelo assistencial em saúde mental no Brasil, foi criado em memória da 1ª Conferência Nacional de Saúde Mental em 1987 e foi tema desta matéria da Radioagência Nacional no ano passado:

Música, novela e filme

No dia 16 de maio, celebramos o aniversário da cantora e compositora italiana Laura Pausini, conhecida por sua voz poderosa. Em sua homenagem, vamos relembrar um episódio do História Hoje de 2022 que fala de um dos momentos mais emblemáticos de sua carreira: uma apresentação marcante no Estádio San Siro, em Milão, em 2005.

No dia 18, a morte do dramaturgo baiano Alfredo de Freitas Dias Gomes, mais conhecido como Dias Gomes, completa 25 anos. Autor de obras como “O Bem-Amado”, ele foi homenageado em uma edição do Memória Nacional no ano passado.

Para fechar a semana, temos uma data histórica para o cinema brasileiro. No dia 15, completam-se 65 anos do dia em que o filme “Orfeu Negro” ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes. O filme foi tema de um episódio dos Ciclos de Cinema da TV Brasil em 2012.

Confira a relação completa* de datas do Hoje é Dia da semana entre 12 e 18 de maio de 2024:

12 a 18 de maio de 2024

12

Nascimento da cineasta gaúcha Tizuka Yamasaki (75 anos)

Eunice Michiles torna-se a primeira mulher a entrar para o Senado por meio de processo eletivo (45 anos)

Dia das Mães

13

Nascimento da cantora fluminense Ângela Maria (95 anos) – participou de vários programas da Rádio Nacional

Morte do médico e escritor mineiro Pedro Nava (40 anos)

Dia da Abolição da Escravatura no Brasil

Dia dos Pretos Velhos (Umbanda)

14

Nascimento do cineasta estadunidense George Lucas (80 anos)

15

Morte do cantor e compositor capixaba Sérgio Sampaio (30 anos)

Morte do compositor pernambucano Armando Cavalcanti (60 anos) – autor de diversas marchinhas e baiões gravados por estrelas do rádio

Nascimento do sacerdote, compositor, professor, musicólogo, regente e escritor paulista Padre José de Almeida Penalva (100 anos)

Morte do baterista fluminense Antonio de Souza, o Milton Banana (25 anos)

“Orfeu Negro” recebe Palma de Ouro em Cannes (65 anos)

Dia Internacional da Latinidade – comemoração de países latinos, instituída por representantes de 36 países latinos com o fim de preservar as diferentes identidades nacionais e suas comunidades linguísticas e culturais

Dia Internacional das Famílias – comemoração instituída pela ONU

16

Morte do ator e diretor pernambucano Luiz Armando Queiroz (25 anos)

Nascimento da cantora e compositora italiana Laura Pausini (50 anos)

Sonda especial soviética Venera 5 pousa em Vênus (55 anos)

Primeira festa de entrega do Oscar (95 anos)

Primeira transmissão do programa Ricardo Cravo Albin Convida, na Rádio MEC (34 anos)

17

Nascimento do maestro, arranjador, instrumentista, tecladista, produtor musical e compositor fluminense Lincoln Olivetti Moreira (70 anos)

Nascimento do ator e diretor paulista John Herbert (95 anos)

Dia Internacional de Luta contra a Homofobia e Transfobia – celebração para marcar a data de 17 de maio de 1990, em que a Organização Mundial de Saúde decidiu suprimir a homossexualidade como doença mental da lista de patologias registradas no Manual de Diagnóstico e Estatística de Desordens Mentais

Dia Mundial da Sociedade da Informação, conhecido popularmente como Dia Mundial da Internet – instituído em 17 de maio de 2005 numa assembleia Geral da ONU na Tunísia, com o fim de destacar as possibilidades oferecidas pelas novas tecnologias para melhorar o padrão de vida dos povos e dos cidadãos

18

Morte do dramaturgo baiano Alfredo de Freitas Dias Gomes, o Dias Gomes (25 anos)

Nascimento do violoncelista, arranjador, maestro, produtor musical e compositor fluminense Jaques Morelenbaum (70 anos)

Nascimento do jogador de futebol pernambucano Antônio José da Silva Filho, o Biro-Biro (65 anos) – considerado um dos maiores ídolos da história do Corinthians

Nascimento da atriz paulista Stella Freitas (70 anos)

Dia Internacional dos Museus – comemoração instituída em 1971 pelo Comitê Internacional de Museus, com o fim de sensibilizar o público para a importância dos museus em nossa sociedade atual

Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes – celebrado no Brasil, conforme Lei Nº 9.970 de 17 de maio de 2000, para marcar a data da morte da menina brasileira de oito anos, Aracelli Cabrera Sanches Crespo, que desapareceu da escola onde estudava e que foi violentada e assassinada de forma hedionda na cidade brasileira de Vitória (ES) em 18 de maio de 1973

Dia Nacional da Luta Antimanicomial – comemoração do Brasil oficializada por lei em algumas cidades brasileiras para marcar a data da elaboração do documento final da 1ª Conferência Nacional de Saúde Mental, realizada no Brasil em 18 de maio de 1987, em defesa da reformulação do modelo assistencial em saúde mental para os brasileiros

*As datas são selecionadas pela equipe de pesquisadores do Projeto Efemérides, da Gerência de Acervo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que traz temas relacionados à cultura, história, ciência e personalidades, sempre ressaltando marcos nacionais e regionais. A Gerência de Acervo também atende aos pedidos de pesquisa do público externo. Basta enviar um e-mail para centraldepesquisas@ebc.com.br.

Aumentam as necessidades dos brasileiros deslocados pelas fortes chuvas

Alagamento em zona urbana da região metropolitana de Porto Alegre

12 de maio de 2024

 

Enquanto o estado do Rio Grande do Sul, no sul do Brasil, enfrenta graves inundações, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) pede maior apoio para ajudar dezenas de milhares de refugiados, que estão entre as pessoas mais vulneráveis ​​afetadas por o desastre.

“Os afetados incluem aproximadamente 41 mil refugiados e outras pessoas que necessitam de proteção internacional, incluindo muitos venezuelanos e haitianos que vivem nas áreas afetadas, alguns dos quais só podem ser alcançados por barco”, disse o porta-voz do ACNUR, William Spindler, em comunicado aos jornalistas na sexta-feira. em Genebra.

Segundo as autoridades locais, pelo menos 126 pessoas morreram nas inundações, 141 estão desaparecidas, cerca de 2 milhões de pessoas foram afetadas e mais de 400 mil estão desabrigadas.

Spindler disse que o ACNUR, em coordenação com as autoridades locais, está distribuindo itens de primeira necessidade, como cobertores e colchões. Ele confirmou também que outros produtos como utensílios de cozinha, lâmpadas solares e kits de higiene estão sendo enviados ao Brasil.

“Nos próximos dias, o ACNUR apoiará a emissão de documentação, caso esta tenha sido perdida ou danificada, para garantir que os refugiados e requerentes de asilo continuem a ter acesso a benefícios sociais e serviços públicos”, disse ele.

Spindler observou que os refugiados não vivem em campos separados da população, mas estão em comunidades, nas mesmas condições em que vivem os habitantes locais.

“Portanto, são as comunidades de acolhimento que estão no centro do nosso apoio. Precisamos de reforçar a sua capacidade para que possam continuar a acolher refugiados. Isso significa reforçar os serviços sociais, o acesso à educação, o acesso à saúde, e assim por diante. a população local, bem como para os refugiados”, disse ele.

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Estudantes de escolas públicas têm visão romanceada e utilitária dos oceanos

Os recifes de coral – um exemplo da fragilidade da biodiversidade

12 de maio de 2024

 

Embora o Brasil possua extensa área costeira (7.941 km) e o litoral paulista ser relativamente perto (cerca de 100 km) da capital, estudantes de escolas públicas do Estado de São Paulo revelaram se sentir distantes de questões relacionadas aos mares e aos oceanos. A maioria não estabelece relação direta entre seu cotidiano e o ambiente marinho e desconhece a complexidade do ecossistema aquático. A constatação é de uma pesquisa de pós-doutorado da Faculdade de Educação (FE) da USP que analisou a percepção de alunos da educação básica de escolas do Estado sobre ambientes marinhos e costeiros.

Segundo o estudo, estima-se que até 40% dos oceanos sejam afetados por atividades humanas, como poluição, turismo, tráfego marítimo, esgotamento da pesca e perda de habitats costeiros. “Conhecer e valorizar este ambiente é o primeiro passo para o processo de preservação e conservação dos recursos oceânicos e marinhos e de sua biodiversidade”, explica a bióloga e uma das autoras da pesquisa Renata Alitto.

“Há um verdadeiro vazio curricular em relação aos ambientes costeiros e oceânicos”, relata o orientador do estudo, Nélio Bizzo, professor e pesquisador da FE. Segundo ele, os ambientes costeiros foram os mais modificados nos últimos tempos pelo ser humano e cita como exemplo a invasão de espécies exóticas como o mexilhão, que veio acidentalmente da África. Por não ter predador na fauna brasileira, o molusco se espalha com rapidez causando desequilíbrio do ecossistema aquático.

Visão romanceada e utilitária
Um aspecto notado pela pesquisadora foi a prevalência de uma visão de mundo antropocêntrica e utilitária dos mares e oceanos, em que o meio ambiente era visto pelos estudantes como um conjunto de recursos naturais disponíveis para uso humano. Também foi observada uma percepção romanceada em relação à paz e à tranquilidade que o mar poderia transmitir. Agrupando as palavras mais citadas pelos alunos, cerca de 15% dos alunos fizeram comparações entre o mar, sentimentos de memórias e belezas naturais.A desconexão observada nos estudantes pode estar relacionada ao escasso conteúdo da fauna e da flora marinha brasileira nos materiais didáticos aos quais os alunos têm acesso nas escolas”, diz a pesquisadora.

Desde muito cedo, as crianças são bombardeadas com imagens e simbologias da fauna e flora estrangeira, como girafas, leões, ursos, pinguins, dentre outros. E nas escolas isso não é diferentes.

“Por uma questão de economia e de direitos autorais de imagens, os livros didáticos do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) do Ministério da Educação (MEC) acabam priorizando o conteúdo estrangeiro que pouco tem a ver com nossa realidade brasileira”, relata a pesquisadora.

O trabalho conduzido pela bióloga fez parte do projeto temático Programa BIOTA-FAPESP na educação básica: possibilidades de integração curricular, cujo objetivo é promover práticas de ensino por meio da educação ambiental. Os resultados da pesquisa feita com os alunos das duas escolas públicas no Estado de São Paulo foram publicados em artigo no Journal of Biological Education. Além da bióloga, os pesquisadores Grace Alves, Simone Martorano e Thiago Antunes-Souza, todos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), também são autores do trabalho.

Fonte
 

Brasileiras levam prata em etapa da Copa do Mundo de Ginástica Rítmica

O sábado (11) foi prateado para o conjunto brasileiro de ginástica rítmica, já com vaga olímpica assegurada em Paris. Na prova geral –  a mesma que será disputada nos Jogos – o país obteve 68.850, a segunda melhor nota na soma de apresentações na etapa da Copa do Mundo da modalidade, em Portimão (Portugal).  O quinteto brasileiro formado Maria Eduarda Arakaki, Victoria Borges, Deborah Medrado, Sofia Pereira e Nicole Pircio só foi superado pelo time da Espanha (70.300), que ficou com o ouro. A França (65.050) levou o bronze.

O total de pontos refere-se às notas das séries simples (cinco arcos) e mista (três fitas e duas bolas).  

DEIXA ELAS SE APRESENTAREM, BRASIL! 🇧🇷 O Conjunto 🦁 simplesmente DISSE A QUE VEIO na Copa do Mundo de Ginástica Rítmica de Portimão 🇵🇹, minha gente! WOW!

Na série de fitas e bolas as brasileiras fizeram uma apresentação pra lá de cravada, alcançando q nota 32.900!!! UHUL!… pic.twitter.com/8OROHE5slq

— Confederação Brasileira de Ginástica (@cbginastica) May 11, 2024

Neste domingo (12). o Brasil pode subir novamente ao pódio após a disputa das finais individuais. Bárbara Domingos, a Babi, disputará as finais dos aparelhos bola e maça. Além de Babi, Geovanna Santos, a Jojô , também brigará por medalha na disputa das maças. Peça primeira vez na história, o Brasil reunirá duas ginastas em um afinal de aparelho.

E MAIS UMA FINAL PRA BABI! 🤩🤩🤩
Nossa finalista mundial de maças Babi Domingos fez bonito demais na Copa do Mundo de Ginástica Rítmica de Portimão 🇵🇹 e garantiu sua segunda finql em Portugal! 🇧🇷🫶🏼💫

A nota dessa super apresentação? 31.800! Uhul!

▶️ A transmissão das finais… pic.twitter.com/L8KDxnbFwY

— Confederação Brasileira de Ginástica (@cbginastica) May 11, 2024