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Entidades criticam elevação dos juros básicos da economia

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de acelerar o aumento da Taxa Selic, juros básicos da economia, recebeu críticas do setor produtivo. Na avaliação deles, a elevação da taxa para 11,25% ao ano ameaça a recuperação da economia, especialmente quando os Estados Unidos começaram a cortar os juros.

Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que recebeu “com indignação” a decisão do Copom. Segundo a entidade, a Selic está em nível excessivo e incompatível. Para a entidade, o aumento dos juros só vai impor restrições adicionais à atividade econômica, com reflexos negativos sobre o emprego e a renda, e atrapalhar o equilíbrio das contas públicas.

“A CNI estima que a taxa básica de juros de equilíbrio deveria estar em 8,4% ao ano, considerando a inflação acumulada nos últimos 12 meses. Mesmo ao considerar a expectativa de inflação, a taxa de juros de equilíbrio é estimada em 9,3% ao ano”, criticou a confederação.

A Associação Paulista de Supermercados (Apas) considera que o choque de juros adotado pelo Banco Central tende a prejudicar a atividade econômica e desestimular os investimentos. A entidade pede que o governo avance no pacote de corte de gastos obrigatórios para que os juros possam cair no futuro.

“A Apas entende ainda que é fundamental que o conjunto da política macroeconômica avance de modo conjunto e coordenado e, neste sentido, a política fiscal possui um papel importante tanto na ancoragem das expectativas quanto no desenvolvimento consistente e sustentável da economia brasileira”, destacou em nota o economista-chefe da associação, Felipe Queiroz.

Centrais sindicais

O aumento dos juros básicos também recebeu críticas das centrais sindicais. Para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a medida aumenta o aperto financeiro à população e às empresas. A entidade lembrou que o Brasil está entre os maiores pagadores de taxa básica real (juros acima da inflação) do mundo, enquanto o país bate recorde em empresas com pedido de recuperação judicial.

“As consequências dessa política monetária, que vem sendo praticada pelo Banco Central nos últimos anos, são danos irreparáveis ao desenvolvimento do Brasil, porque trava toda a economia. Tem impactos nas taxas de juros de todo o sistema financeiro, ou seja, aumenta o custo do dinheiro para as famílias e empresas, aumentando também o endividamento de quem precisa de empréstimos, mas não consegue mais pagar”, destacou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da CUT, Juvandia Moreira.

A CUT citou um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), segundo o qual a elevação de 0,5 ponto na Selic aumentará em R$ 26 bilhões os gastos da União com os juros dos títulos públicos. O impacto é apenas da alta da última reunião, desconsiderando novos aumentos nos próximos meses. Cada 1 ponto percentual de aumento na Selic, informou o estudo, eleva em R$ 40 bilhões os custos com os títulos.

A Força Sindical classificou a decisão de “irracional, nefasta e desastrosa”. Em nota, o presidente da entidade, Miguel Torres, disse que o Banco Central vai na contramão do desenvolvimento do país.

“Aumentar a taxa é uma irracionalidade. O aumento é mais uma forma de asfixiar os trabalhadores. Sem cortes relevantes, há redução dos investimentos e das chances de crescimento. É importante ressaltar que juros em patamares proibitivos sangram as divisas do País e inviabilizam o desenvolvimento e o investimento, e, consequentemente, a geração de empregos com mais renda”, destacou Torres.

Desempenho republicano pode facilitar aprovação de projetos de Trump

O desempenho do Partido Republicano nas eleições estadunidenses deste ano surpreendeu parte dos analistas e especialistas brasileiros que acompanham o dia a dia da política e da economia da maior potência econômica mundial.

Além de Donald Trump ter superado, com folga, a candidata democrata Kamala Harris na disputa pela presidência dos Estados Unidos, os republicanos já conquistaram a maioria dos assentos no Senado, que, atualmente, é controlado pelos democratas. E caminham para assumir também o comando da Câmara dos Deputados.

Se a vitória na Câmara se confirmar, Trump, que já presidiu os Estados Unidos entre 2017 e 2021, chegará à Casa Branca contando com uma maioria de congressistas que, em tese, estarão mais dispostos a ajudá-lo a cumprir suas promessas de campanha. Situação que o próprio Trump, ao discursar logo após a divulgação dos primeiros resultados apontando sua vitória, classificou como um “mandato sem precedentes”.

 Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad. Foto: Arquivo Pessoal

“O fato de o Trump ter ganhado não é surpresa. No mercado financeiro, em particular no norte-americano, havia mais apostas neste sentido. Ainda assim, a expectativa era de que as eleições seriam mais apertadas e, neste sentido, o resultado [geral] sim, surpreendeu”, disse à Agência Brasil o economista-chefe da empresa de tecnologia financeira Nomad, Danilo Igliori, classificando o resultado das urnas como “uma vitória maiúscula e incontestável” dos republicanos.

Para Igliori, com o resultado, Trump deve começar sua gestão enfrentando menos resistências à implementação de suas propostas de campanha.

“Conquistando, junto, o Congresso, o Trump terá condições de aprovar sua agenda mais facilmente. A questão é o quanto as propostas de tom mais visceral, agressivo, disruptivo, vão, de fato, se materializar nas políticas reais”, ponderou o economista, lembrando que, via de regra, encerrada a disputa eleitoral, é hora dos eleitos adotarem uma conduta mais pragmática.

“Mas acho que o mundo, com o Trump [na presidência dos EUA], é um mundo com mais risco, no qual tendemos a reafirmar um contexto que já é de bastante incerteza. Embora eu ache que os principais vetores não serão fundamentalmente impactados pelo Trump, já que há um fenômeno maior, que é economia [global] que vem emergindo após a pandemia [da covid-19]”, acrescentou o economista, referindo-se a rearranjos das cadeias globais de comércio, entre outros fenômenos.

“O principal deles, a meu ver, é uma redução no nível de globalização. Acho que o centro da proposta do Trump, expressa no slogan Make America Great Again [Tornar a América Grande Outra Vez], sinaliza para os Estados Unidos mais isolado, menos inserido nos fluxos globais de comércio e atividade. O que [se acontecer] vai gerar uma série de desdobramentos para as outras nações. Começando pelos impactos da política tarifária e da menor boa vontade para acordos multilaterais e bilaterais”, apontou o economista.

“Para o Brasil, o cenário tende a ficar bem mais complexo, já que o relacionamento com os Estados Unidos é bastante relevante para nós. Embora isso também possa acabar gerando oportunidades, particularmente no relacionamento brasileiro com a China. Porque se os Estados Unidos restringirem suas relações com a China, ela certamente vai procurar privilegiar outros parceiros.

Seletividade

 Roberto Goulart Menezes, professor do Instituto de Relações Internacionais da UnB e pesquisador do INEU (Instituto Nacional de Estudos sobre os EUA). Foto: Arquivo Pessoal

Para o professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador do Instituto Nacional de Estudos sobre os EUA (Ineu), Roberto Goulart Menezes, Trump não é exatamente um político isolacionista.

“Ele tende a uma abordagem que não é [só] dele. O [ex-presidente republicano] George Bush já a adotou no passado. Como também o [ex-presidente democrata] Bill Clinton em certo momento. É uma política de interesse nacional seletivo. Segundo a qual os Estados Unidos admitem que nem todos os temas [globais] os interessam e que há assuntos dos quais outros [países] podem cuidar melhor”, ponderou Goulart, frisando que, paralelamente a isso, Trump considera que, nos últimos tempos, organismos multilaterais como a Organização Mundial do Comércio (OMC) vem regularmente contrariando aos principais interesses estadunidenses.

“Então, para ele, se os Estados Unidos não têm capacidade de reformar essas instituições para que contemplem seus interesses, é o caso de adotar uma atitude brusca em relação a essas instituições. Caso da OMC, cujo órgão de soluções de controvérsia está paralisado desde 2019 justamente porque os Estados Unidos não concordaram em renovar os árbitros – algo que começou no primeiro governo Bush e que foi mantido na gestão [do democrata e atual presidente] Joe Biden”, lembrou o pesquisador, para quem há “pontos de contato” entre a ação democrata e republicana na defesa dos interesses dos Estados Unidos.

“Desde o governo Clinton, os Estados Unidos vêm tentando reconstruir sua hegemonia política e econômica global – a militar já está consolidada. O Trump também tem isso em seu horizonte. E, para isso, ele adota essa estratégia do interesse nacional seletivo. De forma que os Estados Unidos não vão disputar toda bola dividida”, acrescentou Goulart, que também se disse surpreso com o desempenho dos republicanos nas urnas.

“Primeiro porque as pesquisas apontavam para uma disputa voto a voto [entre Trump e Kamala Harris]. Depois, pela própria trajetória do ex-presidente, que enfrenta processos na Justiça e a consequente exposição midiática negativa. O resultado mostrou tanto que Trump e sua ala política detém o controle hegemônico do partido, quanto que sua política sobreviveu na memória dos eleitores, mesmo os dados econômicos do governo Biden, agora, serem bons”, avaliou o professor, destacando que, no último período, a inflação oficial caiu e o nível do emprego formal melhorou, embora o custo de vida penalize os consumidores.

Na avaliação do pesquisador, com maioria no Congresso, Trump tentará implementar, já no primeiro ano de governo, mudanças nas leis trabalhistas e de imigração, entre outras medidas que reduzam as despesas do Estado. Além disso, sua vitória deve fortalecer a extrema-direita em todo o mundo, com prováveis consequências para as próximas eleições brasileiras.

“Talvez o Trump não consiga fazer tudo, mas com maioria no Senado e na Câmara, há grandes chances de ele conseguir aprovar seus projetos, sem grande resistência. Em 2025, a política externa deve se concentrar em três grandes temas: a guerra entre Ucrânia e Rússia; o conflito no Oriente Médio e a relação dos EUA com a China. Para o Brasil, resta redobrar o pragmatismo e, se necessário, corrigir a rota de sua política externa a fim de contornar eventuais dificuldades que os Estados Unidos venham a colocar em termos comerciais, principalmente”, concluiu Goulart.

Copom eleva juros básicos da economia para 11,25% ao ano

A alta recente do dólar e as incertezas em torno da inflação e da economia global fizeram o Banco Central (BC) aumentar o ritmo de alta dos juros. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic, juros básicos da economia, em 0,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano. A decisão era esperada pelo mercado financeiro.

A alta consolida um ciclo de contração na política monetária. Após passar um ano em 13,75% ao ano, entre agosto de 2022 e agosto de 2023, a taxa teve seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto, entre agosto do ano passado e maio deste ano. Nas reuniões de junho e julho, o Copom decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano, começando a aumentar a Selic na reunião de setembro, quando a taxa subiu 0,25 ponto.

Em comunicado, o Copom informou que a incerteza nos Estados Unidos se ampliou. Sem citar diretamente a eleição do ex-presidente Donald Trump, o texto mencionou “a conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed [Federal Reserve, Banco Central norte-americano]”.

Em relação ao cenário doméstico, o Copom informou que está acompanhando a política fiscal e cobrou ajustes dos gastos públicos. “O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, destacou o comunicado.

Inflação

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial, subiu para 0,44%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), puxado pela bandeira vermelha nas contas de luz e pelo preço dos alimentos, que subiu por causa da seca no início do semestre. O IPCA de outubro só será divulgado na sexta-feira (8).

Com o resultado, o indicador acumula alta de 4,42% em 12 meses, cada vez mais próximo do teto da meta deste ano. Para 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia superar 4,5% nem ficar abaixo de 1,5% neste ano.

No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de setembro pelo Banco Central, a autoridade monetária elevou para 4,31% a previsão para o IPCA em 2024, mas a estimativa pode subir ainda mais mudar por causa da alta do dólar e do impacto da seca prolongada sobre os preços. O próximo relatório será divulgado no fim de dezembro.

As previsões do mercado estão mais pessimistas. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 4,59%, acima do teto da meta. Há um mês, as estimativas do mercado estavam em 4,38%.

O comunicado do Copom trouxe as expectativas atualizadas do Banco Central sobre a inflação. A autoridade monetária prevê que o IPCA chegará a 4,6% em 2024 (acima do teto da meta), 3,9% em 2025 e 3,6% no acumulado em 12 meses no fim do primeiro trimestre em 2026. Isso porque o Banco Central trabalha com o que chama de “horizonte ampliado”, considerando o cenário para a inflação em até 18 meses.

O Banco Central aumentou as estimativas de inflação. Na reunião anterior, de setembro, o Copom previa IPCA de 4,3% em 2024, de 3,7% em 2025 e de 3,5% no acumulado em 12 meses no fim do primeiro trimestre em 2026

Crédito mais caro

O aumento da taxa Selic ajuda a conter a inflação. Isso porque juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas maiores dificultam o crescimento econômico. No último Relatório de Inflação, o Banco Central elevou para 3,2% a projeção de crescimento para a economia em 2024. O número foi revisado após o expansão de 3,1% do PIB em 2024.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.

 

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Suspeitos de fraudarem empréstimos da Caixa são investigados pela PF

Quatro pessoas suspeitas de fraudar operações de crédito concedidas pela Caixa Econômica Federal à mais de uma centena de empresas foram presas, na manhã desta quarta-feira (6), pela Polícia Federal (PF) no âmbito da Operação Smart Fake.

Além das prisões temporárias, os agentes federais cumpriram ainda 12 mandados judiciais de busca e apreensão em endereços residenciais e comerciais relacionados aos investigados nas cidades de Teresina e Pedro II, no Piauí; e em Timon, no Maranhão.

As ordens judiciais foram autorizadas pela 3ª Vara da Justiça Federal, que determinou também o sequestro de bens dos suspeitos. Eles integram um grupo criminoso investigado de desviar mais de R$ 20 milhões dos cofres públicos.

Segundo PF, a apuração do suposto esquema teve início com a denúncia feita por um empresário da capital do Piauí, Teresina. De acordo com a corporação, o denunciante revelou que os investigados pediram a Caixa um crédito fraudulento para sua empresa.

Ainda de acordo com o empresário, todos os trâmites burocráticos para que o banco público concedesse o dinheiro foi intermediado por uma pessoa posteriormente identificada pelos investigadores e que, para a obtenção do crédito à empresa do denunciante, apresentou documentos falsos, fraudando inclusive o faturamento da empresa.

A partir da identificação do intermediário, os policiais federais descobriram outros contratos irregulares, firmados desde 2022. Já foram identificados 179 contratos suspeitos feitos com 115 CNPJs (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica). Algumas empresas se destacaram pelo volume de empréstimos inadimplentes, acima de R$ 800 mil cada uma.

Além da falta de pagamento de empréstimos concedidos pela Caixa, os investigadores também detectaram movimentações suspeitas e outras inconsistências e irregularidades, como o fato dos CNPJs de várias das empresas estarem baixados ou inaptos na Receita Federal.

Os envolvidos podem responder pelos crimes de estelionato qualificado, organização criminosa, falsificação de documentos, além de outros que venham a ser identificados no decorrer da investigação. 

Cidades recebem Selo Unicef por ações para crianças e adolescentes

O Fundo das Nações Unidas para a Infância no Brasil (Unicef) revelou, nesta quarta-feira (6), as 923 cidades das regiões Norte e Nordeste, além do norte de Minas Gerais e Mato Grosso, que mais melhoraram as políticas públicas municipais voltadas a crianças e adolescentes, entre 2021 e 2024. Essas cidades, onde vivem mais de 8 milhões de crianças e adolescentes até 19 anos, avançaram mais do que a média nacional em diversas áreas, gerando impactos positivos para a infância e adolescência. Por essa razão, conquistaram o Selo Unicef.

A certificação da Unicef estimula e reconhece avanços reais e positivos na promoção, realização e garantia dos direitos de crianças e adolescentes em municípios do Semiárido e da Amazônia Legal brasileira.

 Para chegar a bons resultados, as cidades premiadas se empenharam em cuidar bem da primeira infância e da adolescência; melhorar a educação – da creche até a transição de jovens para o mundo do trabalho –; investir na saúde física e mental de meninas e meninos; promover hábitos de higiene e acesso à água limpa; proteger crianças e adolescentes de violências; e garantir a proteção social às famílias vulneráveis, em especial aquelas oriundas de povos e comunidades tradicionais.

 Após quatro anos, essas 923 cidades conseguiram melhorar mais do que a média nacional em diferentes áreas, com destaque para: imunização, educação e proteção contra violências.

 “Não estamos falando das cidades com os melhores indicadores, mas das cidades que mais melhoraram em relação à situação em que elas estavam em 2021. O Unicef comemora esse avanço de cidades em regiões vulneráveis que conseguiram tirar o atraso e melhorar mais. Com o apoio do Unicef, esses municípios conseguiram trazer mais eficiência para a sua gestão em diferentes áreas ligadas aos direitos da infância e adolescência, passando a cumprir de forma mais eficiente o que já é um dever do poder público”, explica Youssouf Abdel-Jelil, representante do Unicef no Brasil. 

“O que estamos fazendo nas regiões Norte e Nordeste é um trabalho de larga escala visando à garantia de direitos fundamentais para milhares de meninos e meninas. É importante que essas cidades continuem se desenvolvendo e evoluindo para que crianças e adolescentes que lá vivem possam ter uma trajetória plena, com oportunidades, protegidos e tendo melhores condições para viver”, complementa Youssouf Abdel-Jelil.
 

Cobertura vacinal aumentou nos municípios certificados  . – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Crianças imunizadas

Coberturas vacinais melhoram mais nos 923 municípios certificados com o Selo Unicef, em comparação à média nacional. Enquanto, no Brasil, de 2020 a 2023, as coberturas da Tríplice Viral D2 aumentaram 2,6% (de 64,27% para 65,91%), nos municípios certificados o aumento foi de 17,7% (de 56,4% para 66,4%).

“Após anos de queda nas coberturas vacinais infantis, a retomada da imunização merece ser comemorada. Vacinas criam uma barreira protetora para toda a comunidade, impedindo que diversas doenças cheguem à população. Vimos, nos municípios que agora recebem o Selo Unicef, grandes esforços que ultrapassaram os muros das unidades básicas de saúde e alcançaram escolas, CRAS e outros espaços e equipamentos públicos. Os dados nos mostram que ainda há muito a fazer para chegar aos 95% de cobertura previstos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Mas estamos no caminho certo”, diz Luciana Phebo, chefe de Saúde do Unicef no Brasil.

Crianças na escola

O abandono escolar caiu mais nos municípios certificados pelo Selo Unicef em comparação à média nacional. No Brasil, de 2019 a 2023, o abandono escolar caiu 38%, passando de 1,3% para 0,8%. Já nos 923 municípios certificados, a queda foi maior: 47% (saindo de 1,7% e chegando a 0,9%).

 “Há, no Brasil, uma naturalização do fracasso escolar, fazendo com que a sociedade aceite que um perfil específico de estudante abandone a escola, ingresse de forma precária no mundo do trabalho ou na criminalidade, se mantenha na pobreza e esteja mais suscetível às diversas violências, incluindo os homicídios. Quando vemos cidades reduzindo o abandono escolar, estamos diante de um resultado potente, capaz de garantir que mais e mais meninas e meninos tenham trajetórias de sucesso, com direitos garantidos”, afirma Mônica Dias Pinto, chefe de Educação do Unicef no Brasil.
 

Queda do abandono escolar nos municípios que receberam o selo foi maior que a média nacional Foto: Divulgaçāo

Crianças protegidas

Para proteger crianças e adolescentes, existe um sistema de registro e encaminhamento de casos pelos conselheiros tutelares, chamado Sistema de Informação para Infância e Adolescência (Sipia), que está disponível em todo o país, mas que nem sempre é utilizado, segundo o fundo.

A adesão e o uso adequado do Sipia estavam entre as ações que os municípios que agora recebem o Selo Unicef deveriam realizar. Nas cidades certificadas, o número de registros de casos de violências contra crianças e adolescentes feitos no Sipia aumentou mais de 60 vezes, passando de 1.775 em 2020 para 109.947 em 2023.  O crescimento é expressivamente maior do que a média nacional. No mesmo período, nacionalmente, os registros aumentaram cerca de 5 vezes (de 118.995 para 578.859).

“Tirar a violência da invisibilidade é o primeiro passo para proteger crianças e adolescentes. Os avanços nos registros de casos mostram que havia milhares de meninas e meninos sofrendo diferentes tipos de violência, sem que o poder público soubesse e pudesse atuar. Com esses casos registrados, toda uma rede de proteção pode ser acionada”, explica Vanessa Wirth, chefe interina de proteção à criança do Unicef no Brasil.

Líderes mundiais reagem à vitória de Trump nos Estados Unidos

Ao declarar vitória nas eleições presidenciais norte-americanas, apesar de a contagem de votos não estar oficialmente concluída, o presidente eleito, Donld Trump, começa a receber mensagens de líderes mundiais.

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Órban, foi um dos primeiros a reagir. “A caminho de uma vitória maravilhosa”, escreveu Órban numa publicação no Facebook, quando ainda se contabilizavam os votos.

Mais tarde, quando a eleição de Trump estava praticamente assegurada, o primeiro-ministro húngaro voltou a mencionar as eleições norte-americanas, afirmando que este “é o maior regresso da história política dos EUA”.

“Parabéns ao presidente Trump pela enorme vitória. Uma vitória muito necessária para o mundo”, disse Órban em mensagem publicada na rede social X.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, também se manifestou, saudando “o maior regresso da história”. Na rede social X, Netanyahu afirmou que o regresso de Trump à Casa Branca “oferece um novo começo à América e um poderoso compromisso com a grande aliança entre Israel e a América”.

Também os ministros de extrema-direita do governo israelense comemoraram a vitória de Trump na eleição presidencial dos EUA. 

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, felicitou Trump e disse que juntos vão “fortalecer a aliança EUA-Israel, trazer de volta os reféns e permanecer firmes para derrotar o eixo do mal liderado pelo Irã”.

O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, escreveu no Twitter: “Sim! Deus abençoe Trump”. Já o ministro das Finanças, Bezalel Smitrich, afirmou: “Deus abençoe Israel, Deus abençoe a América”.

O Hamas, por sua vez, disse que Trump será testado e que o “apoio cego” dos EUA a Israel “deve acabar”.

“Esse apoio cego à entidade sionista deve acabar, porque ocorre à custa do futuro do nosso povo, bem como da segurança e estabilidade da região”, disse Bassem Naïm, membro do gabinete político do Hamas, à AFP.

“Pedimos que Trump aprenda com os erros de Joe Biden”, disse outra fonte do Hamas à agência Reuters.

O governo iraniano declarou-se, por sua vez, indiferente à vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas e considera que as relações entre os dois países não vão mudar.

A porta-voz do governo iraniano, Fatemeh Mohajerani, afirmou que “a eleição do presidente dos Estados Unidos não tem qualquer ligação clara com o Irã. As políticas gerais dos Estados Unidos e do Irã são fixas”.

“Considerando a história das sanções nas últimas quatro décadas, o Irã enfrentou-as e não está preocupado com a reeleição de Trump, pois não houve qualquer diferença com a outra pessoa [o atual presidente, Joe Biden]”, disse, acrescentando que “as sanções fortaleceram o poder interno do Irã, que tem a capacidade de lidar com novas sanções”.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também cumprimentou Trump pela “notável vitória eleitoral”.

“Eu aprecio o comprometimento do presidente Trump com a abordagem «paz pela força» em assuntos globais. Esse é exatamente o princípio que pode praticamente trazer a paz justa para a Ucrânia”, disse na rede social X.

“Estamos ansiosos por uma era dos Estados Unidos fortes sob a liderança decisiva do presidente Trump. Contamos com o apoio bipartidário forte e contínuo para a Ucrânia nos EUA”, acrescentou.

Do lado russo, o Kremlin afirmou que Vladimir Putin não tem intenções de felicitar Trump. “Não sei nada sobre um plano do presidente (russo) para felicitar Trump pela eleição. Não nos esqueçamos de que estamos falando de um país hostil que está direta e indiretamente envolvido numa guerra contra o nosso Estado”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em referência ao conflito na Ucrânia.

“É praticamente impossível que as relações se deteriorem ainda mais. Elas estão no nível mais baixo de todos os tempos. Quanto ao que pode acontecer, tudo dependerá da liderança americana”, disse Peskov, acrescentando que o Kremlin vai avaliar Trump “com base em ações concretas”.

“Veremos o que acontece em janeiro”, disse, referindo-se à data da posse do presidente eleito.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, também já parabenizou o “amigo” Donald Trump. “Espero que as relações Turquia-EUA se fortaleçam, que as crises e guerras regionais e globais, especialmente a questão palestina e a guerra Rússia-Ucrânia, cheguem ao fim; acredito que mais esforços serão feitos para um mundo mais justo”, escreveu Erdogan no X.

A China disse que continuará a trabalhar com os Estados Unidos com base no “respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação vantajosa para ambas as partes”, afirmou o porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning. “A nossa política em relação aos EUA é consistente”, frisou.

Reações na Europa

Do lado europeu, uma das primeiras reações chegou da França. O presidente Emmanuel Macron deu os parabéns a Donald Trump e disse estar pronto para trabalhar com o republicano. “Estamos prontos para trabalhar juntos, como fizemos nos últimos quatro anos. Com as suas convicções e com as minhas. Com respeito e ambição. Por mais paz e prosperidade”, escreveu Macron no X.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, também cumprimentou Trump pela sua “vitória histórica”. “Estou ansioso para trabalhar consigo nos próximos anos. Como aliados mais próximos, estamos ombro a ombro na defesa dos nossos valores compartilhados de liberdade, democracia e empreendedorismo”, disse Starmer no X.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, saudou Trump, salientando que a “Itália e os EUA são nações “irmãs”, ligadas por aliança inabalável, valores comuns e uma amizade histórica”. “É um laço estratégico, que tenho certeza de que agora fortaleceremos ainda mais”, disse Meloni, em mensagem partilhada no X.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, também felicitou Trump na rede social X. “A Alemanha e os EUA têm trabalhado juntos com sucesso por longo período para promover a prosperidade e a liberdade em ambos os lados do Atlântico. Continuaremos a fazê-lo para o benefício dos nossos cidadãos”. 

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, parabenizou Trump, afirmando que os dois vão “trabalhar nas relações bilaterais estratégicas e numa forte parceria transatlântica”.

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) disse ter já transmitido suas felicitações a Donald Trump. “A sua liderança será novamente essencial para manter a nossa aliança forte. Estou ansioso para trabalhar com ele novamente, a fim de promover a paz por meio da força através da Otan”, afirmou Mark Rutte na rede social X.

Seu antecessor, Jens Stoltenberg, também cumprimentou o presidente eleito, lembrando que em seu primeiro mandato, a relação de trabalho entre os dois “teve como foco reforçar a segurança transatlântica e adaptar a Otan para o futuro”.

“Num mundo de crescente instabilidade, uma liderança forte dos EUA continua essencial”, salientou.

A presidente da Comissão Europeia felicitou Donald Trump pela sua eleição como 47º presidente dos Estados Unidos da América. “Estou ansiosa para trabalhar com o presidente novamente para promover forte agenda transatlântica”, disse Ursula von der Leyen. “Vamos trabalhar juntos numa parceria transatlântica. Milhões de empregos e bilhões em comércio e investimento em cada lado do Atlântico dependem do dinamismo e estabilidade de nossa relação econômica”.

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, disse que “a Europa está pronta para cooperar enquanto enfrenta desafios geopolíticos sem precedentes e para manter o vínculo transatlântico forte, enraizado nos nossos valores compartilhados de liberdade, direitos humanos, democracia e mercados abertos”.

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SP: Zoológico comemora sucesso em reprodução de saguis-da-serra-escuro

Prestes a completar um mês de nascimento, dois filhotes de sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita) são motivo de comemoração no Zoológico de São Paulo, já que a espécie está ameaçada de extinção. Filhos do casal Rolo e Scarlet, que chegaram à instituição no ano passado, os filhotes são os primeiros a nascer no local e representam avanço significativo na conservação da fauna brasileira.

O casal passou a integrar a área de visitação do Zoo neste ano e a rotina da família é acompanhada de perto pela equipe técnica. Os cuidados seguem as recomendações do programa de conservação, vinculado ao Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Primatas da Mata Atlântica e da preguiça-de-coleira, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

“Não interferimos nos cuidados, a menos que seja necessário, e a Scarlet está se saindo uma ótima mãe. É o pai quem carrega os filhotes, enquanto a mãe cuida dos bebês no momento da amamentação. Estamos muito felizes com o crescimento da família. É a primeira vez que mantemos essa espécie, e o nascimento desses filhotes representa a consolidação do nosso trabalho pela conservação. É importante manter uma população de segurança que, no futuro, poderá contribuir com ações na natureza, se necessário”, afirmou o biólogo chefe do setor de mamíferos, Luan Moraes.

Moraes explicou que esses primatas, popularmente conhecidos como sagui-caveirinha, são nativos de pequenas áreas da Mata Atlântica nos estados de São Paulo, Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Eles desempenham papéis ecológicos cruciais, como a dispersão de sementes e o controle de insetos, sendo fundamentais para o equilíbrio do ecossistema e a manutenção da biodiversidade. No entanto, sua sobrevivência está ameaçada por diversos fatores, como expansão urbana, incêndios florestais, desmatamento e competição com espécies invasoras. Atualmente, a espécie é classificada como “Em Perigo” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Os saguis-da-serra-escuro Rolo e Scarlet não foram os primeiros primatas a se reproduzirem no Zoo de São Paulo. Antes deles, a área de Moraes já teve sucesso na reprodução de micos-leões, o que concretiza o sucesso do manejo dos técnicos e o sinal de que eles estão no caminho certo. Segundo ele, o cuidado correto com as espécies em extinção é extremamente importante porque permite que se crie uma população de backup, que é nada mais nada menos do que uma reserva de indivíduos que podem ser soltos na natureza, caso haja necessidade.

“Não só com os saguis, mas em toda espécie ameaçada é importante cuidar do que a gente chama ex-situ, que significa, conservação fora do lugar de origem, do ambiente natural, seja ele em zoológico ou por criadores, porque podemos promover uma população que chamamos de backup. Caso ocorra alguma extinção na natureza, temos esses indivíduos que podemos reintroduzir. Aqui no zoológico temos essas populações e já houve solturas”, ressaltou.

O biólogo se refere à Arara-azul-de-lear, que já esteve em alto grau de ameaça de extinção e foi recuperada. Com essa espécie, o Zoo já trabalha há muitos anos fazendo manejo de conservação integrada com o Grupo de Pesquisa e Conservação da Arara-de-lear, que trabalha em campo, unindo as ações ex-situ e as ações in-situ. No Zoo é feito todo o processo de incubação de ovos, maximizando o número de filhotes das espécies ameaçadas.

“Nossa função aqui com essas espécies ameaçadas é ter uma população de segurança. Nós nunca sabemos como e quando uma espécie estará no seu grau de ameaça. Hoje, posso ter uma espécie que não está ameaçada mas por conta de um desastre natural ou problemas como, por exemplo, a queimada do Pantanal, não sabemos se isso pode acarretar ameaça de algumas espécies que lá habitam. Caso a área precise de revigoramento, conseguimos fornecer esses animais para soltura”, explicou a bióloga chefe do setor de aves, Fernanda Vaz Guida.

Apesar de as espécies ameaçadas serem o foco desse trabalho, também há no Zoológico populações de segurança de espécies domésticas, como o Cisne Negro e espécies nativas brasileiras. Já há sucesso na reprodução da Jacutinga, uma espécie ameaçada de Mata Atlântica, com duas aves destinadas a um programa de soltura.

Esse manejo é feito também com os anfíbios, explica a bióloga chefe do setor de herpetofauna, Cybele Sabino Lisboa. Ela cita o exemplo dos anfíbios, que são os animais vertebrados mais ameaçados do mundo, com 40% de todo o grupo classificada nesse ponto. Por isso, uma das recomendações é justamente aumentar a população de segurança. No Zoológico é feito o manejo das pererecas de Alcatraz, endêmica da ilha de mesmo nome e ameaçada no período em que foi iniciado o manejo. Apesar de recente, com os primeiros animais chegando à instituição em 2011, já há uma população de 100 indivíduos.

“Essa espécie foi o início dessa estratégia no Brasil. Na época em que começamos, a perereca de Alcatraz era criticamente ameaçada e, por causa de todos os esforços conjuntos, hoje em dia ela melhorou a categoria de ameaça, passando a ser considerada vulnerável, e isso foi um grande ganho de um trabalho em conjunto e esforços principalmente para proteger a área que ela ocorre. E sabendo que existe uma população de segurança, isso também dá força para que a espécie melhores o status de ameaça”, destacou Cybele.

O Zoológico de São Paulo está localizado em área de mais de 450 mil metros quadrados de Mata Atlântica, abriga mais de 2.200 animais de 300 espécies, incluindo diversas nativas da região. A visitação está aberta das 9h às 17h e a bilheteria até as 16h. O zoo fica na Avenida Miguel Estefno, 4.241, Água Funda. É possível comprar os ingressos no site da instituição.

São Paulo comemora Dia da Consciência Negra com atividades culturais

Uma série de eventos entre exposições, seminários e espetáculos, celebrará novembro como o mês da Consciência Negra em diversos municípios paulistas. O dia 20 deste mês, data a que se atribui a morte de Zumbi, foi reconhecido como feriado nacional desde o ano passado. A data já era dedicada em homenagem à figura histórica e como referência para a reflexão sobre a importância dos povos negros na formação do país e o peso que a escravidão impôs a grandes parcelas de nossa população. Até então Mato Grosso, Rio de Janeiro, Alagoas, Amazonas, Amapá e São Paulo, além de mais de 1,2 mil cidades por meio de leis municipais e estaduais.

Na capital paulista, que tem o dia 20 de novembro como feriado desde 2004, a prefeitura promove mais de  60 eventos de teatro, dança, circo, contação de histórias, sarau, música e exposições de arte em equipamentos da secretaria municipal de cultura. A programação pode ser consultada no link. Entre as comemorações também ocorre a IV edição da Expo Internacional Dia da Consciência Negra no Pavilhão 3 do Anhembi, entre os dias 22 e 24 de novembro, das 10h às 22h. Os eventos serão gratuitos, sendo necessário se inscrever na exposição.

A Secretaria Executiva de Promoção da Igualdade Racial, vinculada à Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), também promove eventos em equipamentos nos bairros, a partir dos Centros de Referência e Promoção da Igualdade Racial (CRPIRs). Informações sobre as unidades estão disponíveis no site.

Entre os museus da capital o Museu Afro Brasil Emanoel Araújo, que comemora seus 20 anos em 2024 e tem seu acervo dedicado ao tema está com três exposições em cartaz: Uma História do Poder na África, Popular, Populares e Pensar e Repensar, Fazer e Refazer. Podem ser visitadas de terça a domingo, das 10h às 17h. Segundo a instituição, estas exposições “reproduzem os desafios que o povo negro enfrenta e reimaginam a trajetória de luta da população preta no Brasil, reconhecendo a pavimentação desse caminho ao longo dos séculos e seu impacto na sociedade brasileira.”

A centenária Pinacoteca estadual terá visitação especial à exposição Entre a cabeça e a terra: arte têxtil tradicional africana, que foi inaugurada em agosto estará montada até o dia 2 de fevereiro de 2025. A atividade especial, no dia 23 de novembro, ocorre no espaço Pina Luz, na Praça da Luz, número 2, entre 14h e 16h, com ingressos limitados.

Também na região central, junto à Praça da Sé, o Centro Cultural Banco do Brasil tem uma série de atividades em torno da sua Ocupação Preta: honrando o passado e fazendo o futuro, com programação detalhada na página bb.com.br/cultura . As atividades começaram no dia 1º e irão até 25 deste mês, exceto terças-feiras. A programação será nas segundas, quartas e quintas-feiras às 12h e 17h, nas sextas às 12h, e aos sábados e domingos às 17h. As atividades ocorrem mediante retirada de ingressos e estão sujeitas a lotação.

A cidade também sedia a 1ª Bienal do Samba SP, iniciada em 2 de novembro e que se estenderá até 1º de dezembro, com atividades gratuitas. As atrações da 1ª Bienal do Samba vão acontecer em três espaços da capital: o Centro Cultural São Paulo, o Teatro Sérgio Cardoso e a Universidade Zumbi dos Palmares, com exposição, intervenções  artísticas, shows com sambistas, palestras, rodas de conversa e atividades educativas. Os detalhes estão nas redes sociais: Instagram e 1ª.Bienal do Samba SP (Facebook).

A Universidade Zumbi dos Palmares, que chega há duas décadas de atuação, terá programação extensa sobre o tema, durante todo o mês, culminando na Virada da Consciência, quando promoverá o Troféu Raça Negra, a feira FlinkSampa, o Congresso de Educação Antirracista, a Corrida e Caminhada da Consciência, o Congresso do Samba e outros eventos. “Neste dia 20 de novembro, será um momento histórico. Acho que vai existir um Brasil antes e outro depois, na medida em que as pessoas puderem conhecer quem é Zumbi dos Palmares e a nossa universidade que leva seu nome. Qual simbologia de Zumbi dos Palmares entrega para todos nós como uma ferramenta adicional de luta? Que a gente faça o encontro das águas e definitivamente sejamos uma só nação. E que tudo isso aconteça do ponto de vista material e simbólico agora em 20 de novembro, quando a gente vai ter o primeiro feriado nacional do Dia da Consciência Negra”, afirmou em nota José Vicente, reitor da instituição. A programação detalhada pode ser acessada no link.

Em um dos berços do samba paulista, na zona norte da cidade, o Sesc Casa Verde recebe interessados em se aprofundar em elementos das mitologias e culturas africana e indígena ao visitar a exposição Terra de Gigantes, aberta em setembro. A montagem pode ser apreciada às terças a sextas-feiras, das 10h30 às 18h30 e aos sábados, domingos e feriados, das 10h30 às 17h30, até  22 de dezembro de 2024.

A zona leste recebe desde a noite de hoje (5) e até o dia 9 a Festa Literária da Penha (FLIPENHA), evento que homenageia nessa edição, o escritor negro Lima Barreto, figura histórica que passou por um processo de embranquecimento durante décadas. Em sua sétima edição agrega público e parceiros vários, desde escolas a centros culturais do bairro. “Isso faz com que a gente consiga trazer uma programação que contempla todos esses públicos, tanto no sentido de fornecer conhecimento, de mostrar à população, a essa comunidade, quem foi esse autor, o que ele fez e qual a relevância de homenageá-lo e de discuti-lo hoje, mas também de poder aprofundar algumas características, algumas questões e debater essas questões, quando a gente traz também intelectuais, pessoas que estudaram profundamente a obra”, nos conta a organizadora Vanessa Neri, mestre em Letras. A programação completa você confere em no site.

Região Metropolitana

Entre as cidades que irão celebrar a data, Osasco, na parte oeste da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) celebra seu 20º Novembro Negro, com a temática Reconhecer-se: da identidade à consciência negra. As atividades irão de 7 a 29deste mês e serão promovidas pelas secretarias municipais.

Guarulhos, ao norte da capital, também terá programação, que começou na segunda-feira, 4  e irá até o dia 23 de novembro. Até o dia 18 é possível conferir a exposição Mulheres e Homens que Fizeram História, no CIC Pimentas. A entrega do prêmio Abdias do Nascimento, às personalidades negras que se destacaram no município está prevista para sábado 9, às 18h, no Teatro Adamastor. A cidade também sediará sua versão da Marcha da Consciência Negra, prevista para o dia 20, com concentração a partir das 9h no Marco da Consciência Negra, localizado na confluência das ruas Lucila, Anita Guastini Eiras e Arminda de Lima. A programação detalhada está no link.

Bota supera o Vasco e amplia a vantagem na liderança do Brasileiro

Em noite de golaços, o Botafogo derrotou o Vasco por 3 a 0, nesta terça-feira (5) no estádio Nilton Santos, e ampliou a sua vantagem na liderança da Série A do Campeonato Brasileiro. A Rádio Nacional transmitiu o clássico.

O MEU SANGUE FERVE POR VOCÊ! 🔥💪🏾

BOTAFOGO DÁ SHOW NO NILTON SANTOS E VENCE O CLÁSSICO POR 3 A 0! SAVARINO, LUIZ HENRIQUE E JÚNIOR SANTOS MARCARAM PARA O GLORIOSO! VAAAAAAAAAAAAAMOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOS, MEU FOGÃO! 🚀⚽ #SANGUEALVINEGRO pic.twitter.com/qS3rdobPwx

— Botafogo F.R. (@Botafogo) November 6, 2024

Com os três pontos conquistados em casa, o Alvinegro chegou aos 67 pontos, abrindo seis de vantagem sobre o vice-líder Palmeiras, que foi superado pelo Corinthians por 2 a 0, na noite da última segunda-feira (4) em Itaquera.

Empurrado por mais de 30 mil torcedores, a equipe comandada pelo técnico português Artur Jorge começou a partida acelerada, empilhando boas oportunidades e abrindo o placar logo aos 8 minutos do primeiro tempo, quando Alex Telles levantou a bola na área, onde Savarino bateu de primeira, de voleio, para superar Léo Jardim.

Três minutos depois o ataque alvinegro encaixou uma bela troca de passes que terminou com o domínio de Luiz Henrique dentro da pequena área. E o camisa 7 não falhou, deu um belo drible antes de bater na saída de Léo Jardim para ampliar. Minutos antes do intervalo o Vasco ficou com um homem a menos, após o zagueiro João Victor ser expulso após receber o segundo cartão amarelo no confronto.

Na etapa final o Cruzmaltino baixou suas linhas para evitar uma goleada, mas o Botafogo contou com o faro de gol de Júnior Santos, que iniciou no banco, para dar números finais ao marcador.

Inter no G4

Outro jogo com golaços foi a vitória de 2 a 0 do Internacional sobre o Criciúma, no Beira-Rio. Este resultado levou o Colorado para a 4ª posição da classificação com 56 pontos. Já o Tigre é o 15º com 37 pontos.

𝐕𝐄𝐍𝐂𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄𝐄 𝐀 𝐀𝐂𝐀𝐃𝐄𝐌𝐈𝐀 𝐃𝐎 𝐏𝐎𝐕𝐎! 🇦🇹❤‍🔥🇦🇹❤‍🔥🇦🇹❤‍🔥

Com uma 𝐛𝐮𝐜𝐡𝐚 de falta marcada por Alan Patrick e um 𝐠𝐨𝐥𝐚𝐜̧𝐨 de Wesley, o Colorado triunfa por 2 a 0 e chega aos 56 pontos no Brasileirão! 😍💪… pic.twitter.com/zSoxdpz9Sq

— Sport Club Internacional (@SCInternacional) November 6, 2024

O triunfo do Internacional foi construído com um belo gol de falta de Alan Patrick aos 42 minutos do primeiro tempo. Aos 47 da etapa final, Wesley avançou pela ponta direita, se livrou de dois marcadores e acertou o ângulo do gol defendido por Gustavo.

STF ouve especialistas sobre redução de ICMS para agrotóxicos

O Supremo Tribunal Federal (STF) realizou nesta terça-feira (5) uma audiência pública para debater as regras fiscais do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) que permitem a redução de até 60% na base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre agrotóxicos.

A questão foi judicializada pelo PSOL em uma ação protocolada no Supremo. O partido contesta o Convênio 100/1997 do Confaz e sustenta que o Brasil vai na contramão de outros países que sobretaxam os defensivos. “Percebe-se, portanto, que não deve prosperar o argumento de que o uso de agrotóxicos é essencial, insubstituível ou necessário para a produção agrícola”, diz a legenda.

Antes de julgar o caso, o relator da ação, ministro Edson Fachin, convocou a audiência pública para colher informações de especialistas no tema.

O uso de defensivos agrícolas e os incentivos fiscais foram defendidos por representantes do agronegócio. Para Raphael Barra, indicado para falar pela Associação Brasileira de Defesa do Agronegócio, o uso de defensivos é necessário para evitar a proliferação de doenças na plantação. Ele também citou que o Brasil está aquém dos Estados Unidos, Europa e China na disponibilização de incentivos financeiros aos produtores rurais.

“Uma coisa é produzir um pé de jabuticaba no quintal. Com muita facilidade, vai dar seus frutos. Outra coisa é produzir uma lavoura de jabuticaba, batata, mandioca, arroz, soja e milho”, afirmou.

Engenheiro agrônomo e representante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Ângelo Dellatorre ressaltou que o movimento é referência na produção de alimentos de forma sustentável, como arroz e hortaliças. Para ele, o avanço da tecnologia e os incentivos fiscais aumentaram a utilização de agrotóxicos no país.

“Penso que deveríamos estar discutindo a transição para a produção orgânica, regenerativa, soberania alimentar, função social da terra e tributação progressiva. No entanto, a sina das empresas pelo lucro, independente das consequências sociais, ambientais e econômicas, mostra que uma parcela da sociedade insiste em girar a roda da história rumo a um destino incerto”, completou. 

Durante a audiência, o ministro Edson Fachin disse que o julgamento do caso será marcado após a finalização de seu voto sobre a questão. A data ainda não foi definida.