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Pesquisa sobre mídia cívica indica ruptura com conceitos tradicionais

Uma série de organizações que apostam no jornalismo como ferramenta para uma transformação social vem desafiando conceitos considerados tradicionais. É o que aponta um estudo desenvolvido pela pesquisadora Nina Weingrill (foto de destaque), mestranda da Fundação Getulio Vargas (FGV) e integrante do International Center for Journalists (ICFJ), organização sediada nos Estados Unidos que desenvolve ações e programas de promoção do jornalismo.

Ela explica que são organizações que adotam premissas alinhadas a uma teoria da mudança. Nesse sentido, se afastam dos discursos adotados por empresas da mídia tradicional, que muitas vezes reivindicam por exemplo a imparcialidade de suas coberturas. “Envolve a ideia de que o jornalismo é uma força motriz para alcançar resultados específicos. Ele não é um fim de si mesmo. Ele é um instrumento para uma transformação. Essas organizações entendem que estão pautando a transformação em suas comunidades.”

Os resultados preliminares da pesquisa foram apresentados durante o Festival 3i, no Rio de Janeiro. O evento, realizado pela Associação de Jornalismo Digital (Ajor), teve início na quinta-feira (13) e se encerra neste sábado (15). Realizado desde 2017, o encontro dedicado a temas variados envolvendo o jornalismo chegou a sua quarta edição. A programação reúne especialistas em mesas de debate, workshops, oficinas e outras atividades.

Com um trajetória profissional voltada para fomentar e estudar a diversidade no jornalismo, Nina conta que a proposta da pesquisa surgiu a partir de um incômodo. “Falavam comigo: ‘que legal você está fazendo jornalismo cidadão’. Nenhum problema com essa terminologia. Acontece que isso sempre é colocado como uma coisa menor e diferente do jornalismo, entre aspas, profissional”, diz.

Ela optou por designar o trabalho dessas organizações por meio de outro termo: mídia cívica. Segundo a pesquisadora, este é um movimento que avança na América Latina, mas que já está consolidado nos Estados Unidos. Embora ela pretenda desenvolver uma investigação específica sobre o Brasil, o atual estudo buscou compreender o fenômeno a partir da realidade dos norte-americanos. Entre julho e setembro de 2023, 18 lideranças dessas organizações foram entrevistadas. A íntegra dos resultados ainda será publicada.

Conforme os dados preliminares apresentados no Festival 3i, o termo “impacto” apareceu 72 vezes ao longo das entrevistas, superando inclusive o termo “jornalismo” e só ficando atrás do termo “comunidade”. “É uma coisa muito primordial para essas organizações, que bate de frente com alguns conceitos do jornalismo tradicional. Elas têm muito claro que estão buscando uma transformação social. A partir daí, se entende que o trabalho não é só informar. Não basta eu colocar nas redes ou imprimir o jornal. Além disso, tem um impacto. E é preciso ir atrás desse impacto para ver aquela política mudar, para que alguma coisa aconteça”, diz.

Nina avalia que a mídia cívica é um novo ecossistema de mídia em expansão e a define como “formas de comunicação que fortalecem os laços sociais dentro de uma comunidade ou que criem forte senso de engajamento cívico entre seus residentes”. Segunda ela, as organizações almejam estimular transformações que incluem mudanças políticas e sociais, mudanças nas narrativas e aumento da participação cívica. Elas oferecem programas de treinamento em mídia comunitária para formar produtores e leitores, bem como incentivam e apoiam a ação cívica local, por meio da produção, distribuição e do consumo de informações confiáveis que compartilham valores, ética e práticas internas que promovem a democracia.

De acordo com a pesquisa, essas organizações atuam, em geral, com base em critérios como o estímulo à resolução de problemas comunitários, à deliberação democrática e ao engajamento político; a busca pelo preenchimento de lacunas de informação em comunidades rurais ou de baixa renda; e a incorporação de medidas para garantia de equidade. Além disso, adotam práticas consistentes de mídia participativa, por meio de mecanismos de escuta comunitária que podem incluir a realização de encontros abertos e a criação de conselhos consultivos.

Nina observa que existe também uma preocupação com as formas para aferir o impacto, o que é um desafio: a maioria dos entrevistados manifestou descontentamento com os atuais métodos. “Apesar de estarem insatisfeitos, eles têm sistemas de medição. É uma característica dessas organizações nos Estados Unidos. Acho que a gente ainda vê muito pouco isso aqui no Brasil. São poucas as organizações brasileiras que têm sistemas que permitam medir o resultado daquilo que estão fazendo.”

Segundo a pesquisadora, essa questão também está relacionada com o financiamento. Todas as organizações dos Estados Unidos com orçamentos que superam US$ 3 milhões anuais dispõem de um rastreador de impacto, o que sugere que essa seja uma demanda dos financiadores ou uma estratégia usada para atrair apoiadores e arrecadar mais recursos.

Lacunas

Durante o Festival 3i, também foram apresentados dados sobre a evolução das pesquisas sobre comunicação no país. O presidente da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), Juliano Domingues, apresentou um levantamento realizado com base no banco de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), instância atrelada ao Ministério da Educação (MEC). De 1987 a 2022, foram concluídos 17.315 mestrados e 5.641 doutorados no país.

Pesquisadores Carol Monteiro e Juliano Domingues participam do Festival 3i, no Rio – Festival 3i/Divulgação

Segundo Domingues, os principais temas emergentes nas pesquisas em comunicação envolvem os avanços das tecnologias digitais, a desinformação e as fake news, a comunicação em saúde pública e a comunicação inclusiva. Quando se trata de estudos específicos sobre jornalismo, ele menciona o jornalismo de dados, a sustentabilidade financeira, a ética e o engajamento público como assuntos que vêm registrando aumento de interesse.

Uma análise das principais lacunas das pesquisas da área foi apresentada por Carol Monteiro, diretora da Escola de Comunicação da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e presidente da Ajor, organização anfitriã do evento, “Embora haja estudos de casos isolados de veículos envolvendo sustentabilidade e modelos de negócios, faltam estudos mais abrangentes sobre os valores e as características da indústria do jornalismo digital”, avaliou.

Carol Monteiro também considera que faltam pesquisas envolvendo a segurança digital para jornalistas, diante do aumento de ataques cibernéticos e ameaças online. Ela vê ainda necessidade de se explorar mais profundamente o impacto da inteligência artificial no jornalismo, bem como as questões de diversidade e as mudanças legais e normativas que afetam o jornalismo digital.

Pesquisa aponta pulverização no mercado de influenciadores digitais

Dados preliminares de uma pesquisa apresentada durante o Festival 3i, no Rio de Janeiro, revelam que o mercado de influenciadores digitais é caracterizado pela pulverização. O estudo buscou entender o que leva os jovens a seguir um determinado perfil nas diferentes plataformas, bem como qual é a influência destes perfis na construção de opiniões e atitudes políticas entre os usuários das redes sociais.

No Brasil, foram aplicados 100 questionários. Os participantes puderam citar espontaneamente os influenciadores que seguem. Ao todo, 701 foram mencionados. Destes, 72,6% foram citados apenas uma vez e apenas 3,7% receberam cinco ou mais menções.

“Em outros países da América Latina ocorre o mesmo fenômeno”, disse a cientista política Camila Rocha, pesquisadora Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) responsável pela apresentação dos dados durante o Festival 3i, promovido pela Associação de Jornalismo Digital (Ajor). O evento começou quinta-feira (13) e termina neste sábado (15). Realizado desde 2017, o encontro é dedicado a temas variados envolvendo o jornalismo e chegou à quarta edição. A programação reúne especialistas em mesas de debate, workshops (cursos ou seminários de curta duração), oficinas e outras atividades.

Além do Brasil, o estudo foi realizado em mais quatro países e envolveu 350 participantes de 16 a 24 anos. No México, também foram aplicados 100 questionários. Em cada um dos demais três países – Chile, Colômbia e Argentina – foram envolvidos 50 jovens. Houve ainda entrevistas com influenciadores e foram organizados grupos focais para coleta de informações por meio da interação com 90 participantes. A íntegra dos resultados será posteriormente divulgada pelo Cebrap.

A relação dos influenciadores mais citados pelos entrevistados no Brasil foi liderada por Virgínia Fonseca, que recebeu 30 menções entre os 100 entrevistados, o dobro do segundo colocado, Carlinhos Maia. Na sequência, aparecem Rayssa Buq, Neymar, Mirella Santos, Mel Maia, Felipe Neto, Whindersson Nunes, Vanessa Lopes e Mari Maria.

Expansão

O mercado de influenciadores digitais está em plena expansão no mundo. Um relatório do banco Goldman Sachs divulgado no mês passado estimou que, até 2027, esse mercado deve movimentar US$ 480 bilhões, dobrando suas atuais dimensões. Segundo Camila Rocha, chama a atenção na pesquisa o grande número de influenciadores mais locais, que constroem relações mais próximos de seus seguidores. Um exemplo é Bianca Santos, com pouco mais de 80 mil seguidores, que concedeu entrevista ao estudo.

“Eu sou maquiadora profissional e, na época da pandemia, fui muito afetada porque eu trabalho no ramo de noivas. Vários eventos foram cancelados ou adiados, e aí eu comecei a fazer vídeo no TikTok, no Instagram e em outras  redes sociais. Eu viralizei e foi um mundo totalmente diferente para mim. Comecei a gravar vídeos me maquiando. Era um desafio porque eu não tinha costume de aparecer. Eu morria de vergonha”, disse Bianca.

As três redes usadas com mais frequência pelos participantes brasileiros da pesquisa são Instagram, WhatsApp e Tik Tok. Os dois principais motivos que eles citaram como justificativa para seguir um influenciador foram suas atitudes coerentes e consistentes e sua especialidade no conteúdo que publicam. De outro lado, as principais razões que os levaram a deixar de acompanhar algum influenciador são a discordância do jeito que ele pensa e o excesso de marketing.

Ainda conforme os resultados, a realização de obras sociais, o sorteio de prêmios e a promoção de ações em benefício de pessoas pobres são vistas de forma positiva pelo fandom, termo que tem sido usado para se referir à comunidade digital dos fãs de uma determinada celebridade. Além disso, as postagens de publicidade não são um problema a priori.

“Os jovens não acham ruim o influenciador vender produto ou curso. Eles acham legítimo e consideram que há benefícios concretos para eles, inclusive. Ficam sabem de produtos úteis, de cursos que de fato ensinariam”, observa Camila Rocha. Ela destaca, no entanto, que a situação se altera caso ocorra uma quebra de expectativas com a promoção de produtos caros, de má qualidade ou prejudiciais aos seguidores.

A pesquisa também mostrou que a relação entre o fandom e o influenciador é sustentada pela percepção de confiança, proximidade, autenticidade de identificação, muito embora essa conexão não seja absoluta e possa ser quebrada. Outra conclusão é que, além de almejar rendimentos, os jovens buscam acolhimento emocional, ainda que o uso das redes também tenha sido associado a casos de ansiedade inclusive entre os próprios influenciadores.

Os resultados obtidos no Brasil mostram ainda o atual cenário da competição por audiência nas redes sociais entre os veículos jornalísticos e outros canais informativos. Uma lista pré-elaborada foi apresentada aos participantes para que apontassem quais perfis conheciam. Oito deles tiveram pelo menos 53% de citações: G1, Choquei, UOL, Hugo Gloss, Jovem Pan, Folha, Alfinetei, Fofoquei.

“Chama a atenção uma coisa aí. Você tem uma alternância nas primeiras posições: notícia, fofoca, notícia, fofoca. Dá para ver como perfis de fofocas são importantes para os jovens se informarem”, observa Camila Rocha. Já os veículos de jornalismo independente – Agência Pública, Alma Preta e Intercept – tiveram entre 7% e 5% de menções, com exceção da Mídia Ninja que foi reconhecida por 32%.

Influência política

Camila Rocha lembrou que pesquisas anteriores mostraram maior alinhamento entre influenciadores digitais e líderes políticos de extrema-direita. Ela cita o monitoramento feito pela antropóloga Rosana Pinheiro-Machado nas eleições de 2022. Os resultados mostraram que 88% dos maiores influenciadores do país – 187 de um total de 212 – haviam demonstrado alguma proximidade com o bolsonarismo nos meses anteriores.

De acordo com Camila, a projeção de diferentes líderes políticos na América Latina tem sido acompanhada de impulsionamentos nas redes sociais. Ela cita trabalhos dos jovens Iñaki Gutierrez e Eugenia Rolón como assessores do presidente argentino Javier Milei, além de lembrar que o mexicano Luis Arturo Villar Sudek, com mais 40 milhões de inscritos em seu canal de Youtube, contribuiu para a popularidade de Nayib Bukele, presidente de El Salvador.

A nova pesquisa buscou levantar mais dados para compreender de que forma essa influência política ocorre nos países. No Brasil, mais da metade dos entrevistados confirmaram seguir influenciadores que se posicionam politicamente. No entanto, 40% afirmaram achar ruim conversar sobre política nas redes sociais e preferir abordar o tema pessoalmente. O estudo também revela que são mais bem recebidos os conteúdos políticos “incidentais”, quando o tema parece surgir de forma natural em meio a outros assuntos.

Entre os 85 influenciadores mais citados espontaneamente pelos participantes, o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) são os dois únicos políticos. De outro lado, quando perguntados diretamente se segue conteúdos do presidente Luís Inácio Lula da Silva, 42% disseram que sim. O mesmo questionamento feito em relação a Jair Bolsonaro gerou 30% de respostas afirmativas.

Racismo

Em outro estudo, que também teve dados preliminares divulgados no Festival 3i, pesquisadores monitoraram manifestações de racismo direcionadas a 26 personalidades, como o ator Lázaro Ramos, a jornalista Flávia Oliveira, a influenciadora Nath Finanças, o atleta Vinícius Júnior e a filósofa Djamila Ribeiro. Foram mapeadas centenaas de postagens em seus perfis de mídias sociais.

Conduzido pela centro de pesquisas Aláfia Lab, o estudo identificou quatro estratégias discursivas. A primeira é a desumanização, com manifestações em postagens que muitas vezes não têm nada a ver com a questão racial e que frequentemente envolvem o uso emojis de macaco e banana. A segunda estratégia é a desqualificação de atos e de comportamentos, com ataques à religião, profissão e espaços que frequentam. A terceira é a invisibilização, por meio da qual o agressor reduz a expressão das pessoas negras a “vitimismo”. Por último, a desinformação também foi identificada como estratégia, por exemplo, através da propagação de informações falsas sobre a história da escravidão.

De acordo com a pesquisadora e diretora da Aláfia Lab, Nina Santos, observou-se um aumento no nível dos ataques quando outros perfis interagem com as personalidades monitoradas. “É extremamente alto quando uma postagem ‘fura a bolha’, saindo sai daquele ambiente onde estão principalmente pessoas interessadas em seguir pessoas negras e chegando a um ambiente que é muito maior”.

Nina ressaltou que os autores de manifestações racistas têm estratégias para fugir da moderação de conteúdo. “Todo mundo que acompanha o debate sobre a regulação de plataformas digitais e sobre a liberdade de expressão sabe que a questão da moderação de conteúdo é um dos grandes cernes do problema: o que deve ou não deve ser moderado. Eu não vou entrar nesse debate aqui, mas o fato é que é já existem alguns mecanismos de moderação de conteúdo voltados para a questão racial em alguns plataformas. Também existem formas para escapar dessa moderação, como modificando algumas palavras com o uso de números no lugar de letras ou omitindo algumas letras.”

Isaquias Queiroz vê briga apertada por recorde individual de medalhas

Nos Jogos de Paris 2024, o Brasil busca superar a marca coletiva de maior número de medalhas em uma mesma edição. Em paralelo, dois atletas disputam o privilégio de ocupar o posto de esportista olímpico mais vencedor do país. O canoísta Isaquias Queiroz e a ginasta Rebeca Andrade são hoje os favoritos para desbancar Robert Scheidt e Torben Grael como maiores medalhistas.

Os atletas da vela, ambos aposentados das competições, tem cinco medalhas cada. Rebeca Andrade conquistou duas, mas chega com possibilidades reais de subir ao pódio mais quatro vezes na próxima Olimpíada. Isaquias Queiroz têm quatro no currículo e está focado em conseguir outras, mas sabe que tem uma “rival” muito qualificada nessa disputa.

“Tem uma pessoa aí que pode me superar, que é a Rebeca. Ela vai ter cinco provas na Olimpíada e pode conseguir mais medalhas do que eu. Vou focar na execução do meu trabalho. E a consequência do resultado é o que eu treinei. Jesus [Morlán, ex-técnico] sempre falava, e eu levo isso para mim, que a canoagem não é basquete. Você pode estar perdendo de dois pontos ali. Faltando um décimo, arremessa uma bola de três e ganha o jogo. Na canoagem, o que você faz no treino você vai fazer na competição. Não tem milagre”, reflete Isaquias.

Esta vai ser a primeira vez que Isaquias chega a uma Olimpíada sem ter feito o ciclo completo de treinamentos e de competições anteriores com Jesus Morlán, técnico que marcou a carreira do atleta e faleceu em novembro de 2018. O canoísta lembra com carinho do técnico, mas está confiante no trabalho que vem sendo feito pelo atual, Lauro de Souza Júnior, ex-assistente de Jesus.

“O Jesus Morlan está todo ali junto com a gente. O planejamento do trabalho é feito em cima do que ele inventou. Muita gente questionava porque o método de treinamento dele funcionava. E os números apareciam. Olha a quantidade de medalhas. E o Lauro, sem dúvida nenhuma, aprendeu muito com o Jesus. Hoje, ele consegue também fazer do jeito dele. Ganhou experiência ao longo dos anos. E não tem o que duvidar do trabalho do Lauro. Em pouco tempo, ele conseguiu fazer eu ser campeão olímpico, mesmo sem a presença do Jesus Morlan em 2021”, disse.

O canoísta também rebateu as críticas sobre o rendimento que teve no ano passado e garantiu que chega bem preparado para Paris.

“O ano de 2023 não foi o ano que todos esperavam, mas foi o que eu esperava. De descanso, de repouso. Vinha de nove anos de títulos mundiais. Tinha uma hora que precisava sossegar. Isso foi bom para o meu corpo e para a minha mente. E muita gente pensando que Isaquias tinha acabado. Pude mostrar agora, na Copa do Mundo, que foi só um descanso. Merecido, pelo o que eu tinha feito pelo Brasil e pela modalidade. E voltei com tudo e espero chegar bem em Paris agora”, projeta Isaquias.

Violência contra idosos: mulheres são maioria das vítimas

No Dia Mundial da Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, neste sábado (15), não há o que comemorar. Os casos de agressões têm aumentado e mostram muito caminho a percorrer no enfrentamento deste tipo de crime. Na comparação com o ano anterior, 2023 registrou um crescimento de 50 mil denúncias de violência. Entre 2020 a 2023, foram 408.395 mil notificações, das quais 21,6% ocorreram em 2020, 19,8% em 2021, 23,5% em 2022 e 35,1% no ano seguinte.

Os números, com base na análise de informações disponíveis no Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, fazem parte da pesquisa Denúncias de Violência ao Idoso no Período de 2020 a 2023 na Perspectiva Bioética. O levantamento resultou em um artigo publicado.

O texto foi construído, em parceria, pelas professoras Alessandra Camacho, da Escola de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense (UFF) e do Programa Acadêmico em Ciências do Cuidado da UFF, e Célia Caldas, da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Para a professora Alessandra Camacho, a diminuição do medo da população em denunciar, pode ser um motivo para o aumento dos casos. No Rio de Janeiro, a Ouvidoria do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) registrou, entre janeiro de 2020 e junho de 2024, que as denúncias de agressões contra idosos atingiram 13.927 vítimas.

Mulheres são maioria

Os principais tipos de violência identificados foram: negligência (4.895), violência psicológica (2.855) e abuso financeiro (2.385). Cerca de 70% das 13.927 vítimas são do sexo feminino. Os dados estão no painel, desenvolvido recentemente pelo MPRJ, para acompanhamento do cenário da violência contra a pessoa idosa no estado do Rio.

A coordenadora do CAO Idoso/MPRJ, promotora Elisa Macedo, explicou que a negligência é caracterizada pela falta de cuidado, alimento, atendimento, higiene, limpeza e medicamentos. Quanto às mulheres serem maioria das ocorrências, a promotora apontou o fenômeno que chamou de “feminização do envelhecimento” pelo maior tempo de vida desta parcela da população.

“O gênero, no pensar das políticas públicas para a velhice, não é levado em consideração, e a gente tem mais vítimas do sexo feminino porque temos mais idosas do que idosos. Quando faz o corte para o superidoso, pessoas de 80 ou 85 anos, essa diferença é ainda maior. As mulheres estão vivendo mais”, explicou a promotora, destacando que entre os agressores as mulheres também têm maior presença.

Procedimentos

Depois de recebidas pela Ouvidoria, por meio do telefone 127, por preenchimento de formulário online, ou presencialmente no subsolo do prédio do MPRJ, na Avenida Marechal Câmara, 370, também no centro do Rio, as denúncias são encaminhadas ao Centro de Apoio Operacional às Promotorias da Pessoa Idosa do Ministério Público do Rio de Janeiro (CAO Idoso/MPRJ).

Os casos são analisados e, se estiverem na atribuição do MP, são distribuídos para a promotoria de Justiça relativa à questão, que identifica e adota as medidas cabíveis. Entre elas, a instauração de procedimento, o ajuizamento de medida protetiva ou o indeferimento de plano.

“Quando centraliza tudo através da Ouvidoria, a gente consegue fazer o levantamento estatístico, depois dá o tratamento às denúncias, para saber o perfil da vítima e do agressor, o que acontece em cada região, e as violências que são mais recorrentes. A gente consegue dar celeridade porque a Ouvidoria se ocupa exclusivamente disso, então ela é rápida”, afirmou, Elisa Macedo, em entrevista à Agência Brasil.

Dependendo da denúncia, a Ouvidoria encaminha o caso para o CAO mais adequado, a fim de solucionar o problema. Se for relacionado a um processo criminal, mesmo sendo relativo a uma pessoa idosa, é replicada para os centros de apoio da justiça criminal. “Para que lá, seja encaminhada ao promotor com atribuição criminal para aquela região, porque são providências de ramos distintos”, completou.

A promotora recomendou que ao fazer a denúncia, a pessoa atente para todos os dados necessários que dê, pelo menos, para identificar onde está o idoso. “A gente precisa de algum elemento que permita dar andamento e dar o atendimento. Quando a denúncia é vaga e não traz elementos, ela acaba sendo indeferida de plano, porque a gente não tem como dar. É preciso que a pessoa quando faça a denúncia, que pode ser anônima, que conste o máximo de informação para que a gente tenha como chegar a essa pessoa e possa prestar o atendimento que ela precisa”, sugeriu.

Atribuição

Quando a denúncia não é de atribuição do Ministério Público, como nas reclamações dos próprios idosos de não conseguir marcar consultas ou de não pagamento de aposentadorias, o órgão faz o encaminhamento necessário. “No caso de alguma briga de consumidor, do idoso reclamando de uma compra rejeitada ou algo do tipo, o canal correto para a denúncia é a Defensoria Pública. Esse idoso está capaz de pleitear os seus direitos, tanto que está reclamando, então a gente faz a comunicação para o denunciante dizendo que está sendo encaminhado à Defensoria Pública”, explicou.

A promotora disse que nem todos os casos precisam ser judicializados. Nas denúncias relativas à saúde, por exemplo, de idosos que moram sozinhos, o MP aciona até a rede de vizinhos. “Uma coisa que vem me fazendo refletir bastante é que a pessoa idosa tem o direito de permanecer na casa dela, junto com as suas coisas no seu espaço”, disse.

No entendimento dela, a “institucionalização é sempre a última medida quando nada mais surtiu efeito. A gente vive em uma sociedade muito desigual e às vezes a situação de vulnerabilidade e risco daquela pessoa idosa é porque a própria família em que está inserida também está em vulnerabilidade de pobreza”, analisou Elisa Macedo.

Alzheimer

Outro dado que chamou atenção da promotora, foi a comprovação de mais mulheres com Alzheimer. Essa constatação acontece em função do pedido de diagnóstico, pré-requisito necessário para entrar no Centro Dia de Volta Redonda, unidade destinada a pessoas com este quadro de saúde. Lá passam o dia e recebem alimentação e têm atividades voltadas para as idades de cada um.

De acordo com a promotora, a cada dez diagnósticos, oito são de mulheres. Elisa Macedo disse que não sabe qual é a causa, mas ressaltou ser fato que esse dado precisa ser analisado na formulação de uma política voltada para a mulher. “A gente tem muita coisa ainda para ver nessa seara”.

Nem todas as cidades do estado Rio de Janeiro têm esse tipo de centro de convivência, mas, para a promotora, seria interessante que a ação se espalhasse, tanto pelos benefícios físicos para os idosos como pelo custo. “A ideia é trabalhar essa política porque ela é muito mais barata do que uma instituição de longa permanência para idoso, que tem um custo alto porque tem que ter uma estrutura muito dispendiosa. Ele permite também que o idoso mantenha a sua identidade e a permanência em casa”, apontou.

“A gente tem que trabalhar para que a pessoa idosa consiga manter o maior tempo possível a sua autonomia e sua independência, sua capacidade de se auto gerir. Os cuidados paliativos e a institucionalização são o final mesmo, quando não tem mais jeito”, indicou.

Defensoria

Já na Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, as denúncias de casos de violência contra os idosos que ocorrem no município do Rio, região metropolitana e Baixada Fluminense, podem ser apresentadas pessoalmente no Núcleo Especial de Atendimento da Pessoa Idosa (Neapi), na Avenida Rio Branco, 147, 12º andar, centro da capital; pelo e-mail neapi@defensoria.rj.def.br, pelo aplicativo do órgão Defensoria RJ ou nos telefones 2332-6338/ 2332-6186/ 2332-6342/ 2332-6343/ 2332-6346/ 2332-6344/ 3812-4140/ 3812-4141 todos com o prefixo 21. Além desses, o contato pode ser feito ainda pelo 129 que é o número da Defensoria Pública.

O titular do Núcleo Especial de Atendimento da Pessoa Idosa (Neapi) da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, Valmery Guimarães, informou que, ultimamente, aumentou a quantidade de parentes à procura por instituições para onde possam levar idosos. Na avaliação dele, esse movimento pode ser consequência de pessoas que querem evitar acusações de abandono ou por falta de condições financeiras para cuidar dos mais velhos.

“Ou porque, na maioria das vezes, não tem condições financeiras, precisa trabalhar e não tem como cuidar da pessoa. Até porque também tem problemas de saúde. Essa é uma situação comum que está aumentando demais. Um fenômeno que temos que nos preocupar, até porque as pessoas estão vivendo mais tempo, às vezes com a função mental preservada, mas algumas limitações físicas”, disse Guimarães à Agência Brasil.

No entendimento dele, se na primeira situação for o caso de idoso que se recusa a fazer um tratamento de doença, a sugestão do defensor é buscar um laudo médico para confirmar a condição de saúde antes de pedir a transferência para uma instituição de longa permanência.

STF tem maioria para tornar Janones réu por postagens contra Bolsonaro

A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votou nesta sexta-feira (14) para tornar réu o deputado federal André Janones (Avante-MG) pelo crime de injúria contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

A Corte julga em plenário virtual uma queixa-crime apresentada pela defesa de Bolsonaro contra postagens feitas por Janones nas redes sociais.

Em uma publicação no dia 31 de março de 2023, Janones chamou Bolsonaro de “miliciano” e “ladrão de joias”. Em 5 de abril, o parlamentar se referiu ao ex-presidente como “assassino que matou milhares na pandemia”.

Ao analisar o caso, a ministra Cármen Lucia, relatora do caso, entendeu que as falas de Janones não podem ser consideradas como imunidade parlamentar. Pelo Artigo 53 da Constituição, os parlamentares são invioláveis civil e penalmente por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.

“As afirmações feitas pelo querelado e tidas como ofensivas pelo querelante não foram feitas em razão do exercício do mandato parlamentar, nem têm com ele pertinência”, escreveu a ministra.

O voto de Cármen Lúcia foi seguido pelos ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Flávio Dino, Gilmar Mendes, Nunes Marques e Luís Roberto Barroso.

Os ministros Cristiano Zanin, Dias Toffoli e André Mendonça votaram pela rejeição da queixa-crime por entenderem que as declarações de Janones estão acobertadas pela imunidade parlamentar.

Para Mendonça, cabe ao Congresso analisar a eventual quebra de decoro de Janones.

“O afastamento da imunidade exige que as falas do parlamentar não guardem absolutamente qualquer relação com seu mandato e que, além disso, também não tenham sido proferidas em razão dele”, afirmou Mendonça.

Defesa

Na defesa apresentada no processo, os advogados de Janones defenderam a rejeição da queixa-crime e afirmaram que as declarações do deputado tiveram somente a intenção de criticar e ironizar, não se tratando de conduta ofensiva. Além disso, a defesa alegou que as declarações estão acobertadas pela imunidade parlamentar.

“Certamente as declarações feitas pelo querelado relacionadas aos termos ladrão de joias, ladrãozinho de joias e bandido fujão correspondem exatamente a todos esses acontecimentos envolvendo o querelante, num tom extremamente jocoso, com o intento de criticar as condutas ilícitas praticadas pelo ex-presidente da República”, afirmou a defesa.

A Agência Brasil entrou em contato com gabinete de Janones e aguarda retorno. 

Dólar sobe para R$ 5,38 e emenda quarta semana de alta

Em um dia volátil no mercado financeiro, o dólar subiu após duas quedas consecutivas e emendou a quarta semana consecutiva de alta. A bolsa de valores encerrou praticamente estável, mas perdeu quase 1% na semana.

O dólar comercial encerrou esta sexta-feira (14) vendido a R$ 5,382, com alta de R$ 0,015 (+0,28%). A cotação iniciou o dia em baixa, chegando a cair para R$ 5,34, por volta das 9h45, mas acelerou desde o fim da manhã, até estabilizar-se em torno de R$ 5,38, ao longo da tarde.

Com alta de 1,08% na semana, a divisa acumula valorização de 2,5% em junho. Em 2024, a moeda norte-americana sobe 10,9%.

No mercado de ações, o dia também foi marcado pela volatilidade. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 119.662 pontos, com leve avanço de 0,08%, após alternar altas e baixas ao longo do dia. O indicador fechou a semana com queda de 0,91%.

Tanto fatores internos como externos contribuíram para a volatilidade no mercado. Pela manhã, os investidores reagiram à reunião em que a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e diversos bancos associados manifestaram apoio à agenda de equilíbrio fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A entidade se colocou à disposição para que o governo e o Congresso cheguem a um acordo.

Durante a tarde, no entanto, o cenário internacional azedou o clima. Dirigentes do Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano) voltaram a citar a inflação dos Estados Unidos como obstáculo ao corte de juros da maior economia do planeta. A notícia pressionou o dólar em todo o mercado global.

Atualmente, os juros norte-americanos estão no maior nível em 40 anos. Taxas altas por mais tempo em economias avançadas estimulam a fuga de capitais de países emergentes, como o Brasil.

*Com informações da Reuters

Polícia indicia empresas e funcionários por mortes de animais no RS

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul indiciou nove funcionários e quatro pessoas jurídicas em de inquéritos policiais que tratam das mortes de mais de 170 animais que estavam em revenda em duas lojas de pet shop da empresa Cobasi e uma da Bicharada, em Porto Alegre. As mortes ocorreram durante o alagamento dos estabelecimentos causado pela enchente que provocou a situação de calamidade pública no estado, em maio.

As mortes dos animais expostos para venda aconteceram nas lojas localizadas na Avenida Júlio de Castilhos, no bairro Centro Histórico; na Avenida Brasil, no bairro São Geraldo; e no Praia de Belas Shopping.

Os três inquéritos policiais ficaram a cargo da Delegacia de Polícia de Proteção e Defesa do Meio Ambiente e dos Animais (Dema), da Polícia Civil gaúcha. E os resultados das investigações policiais — após diligências, coleta de provas e registros de depoimentos — foram apresentados na quarta-feira (12).

Em entrevista à imprensa, a diretora do Departamento Estadual de Investigações Criminais, delegada Vanessa Pitrez relatou que as investigações começaram após denúncia de protetores de animais sobre a prática de maus tratos de animais e de abandono.

A responsável pelas investigações, delegada Samieh Bahjat Saleh, confirmou que durante vistoria no pet shop do shopping foi constatado que alguns computadores foram guardados no mezanino da loja, que não foi alagado. Por outro lado, a operação também resgatou 38 carcaças de animais mortos, entre pássaros, peixes e roedores, que foram deixados no subsolo. 

“Algumas informações que estavam sendo muito vinculadas na mídia de que a loja teria resgatado alguns materiais eletrônicos do subsolo eram verídicos. Ficamos com quatro CPUs [Central Processing Unit ou computadores] que, inclusive, foram apreendidos como forma de comprovar que realmente esses materiais eletrônicos foram salvos e estavam no local seco. A loja tem um mezanino e os animais ficaram todos no subsolo, tanto os aquários de peixes, roedores e as gaiolas com os pássaros. Todos eles ficaram no subsolo.”

Indiciados

O indiciamento se baseou na Lei de Crimes Ambientais, que penaliza maus-tratos e a causação de dor e sofrimento a animais. No inquérito referente à loja Bicharada, do Centro de Porto Alegre, foram indiciadas dois funcionários e o responsável pelo CNPJ da empresa.

Em relação ao inquérito da loja da Cobasi, localizada no subsolo do Praia de Belas Shopping, dois gerentes locais, uma gerente regional e a responsável técnica foram indiciadas, além dos CNPJ da filial e da matriz.

Da segunda loja da rede Cobasi, localizada no bairro São Geraldo, foram indiciados três gerentes locais, o CNPJ da loja, além de pessoas físicas e jurídicas que também foram indiciadas no inquérito da loja do shopping (a gerente regional, a responsável técnica e a filial da matriz).

A pena estipula detenção de três meses a um ano e multa, com aumento em caso de morte dos bichos e agravante para crimes em períodos de inundações.

 As defesas das empresas

A assessoria de imprensa da Cobasi enviou à reportagem da Agência Brasil um vídeo gravado na noite de 3 de maio, após a enchente na loja da marca no Praia de Belas Shopping, que mostra produtos e equipamentos danificados pela água, lama e lodo.  A assessora afirma que a filmagem desmente o que tem sido dito sobre os equipamentos terem sido salvos no mezzanino.

Sobre o posicionamento da Cobasi diante dos indiciamentos, o advogado representante da empresa, Paulo da Cunha Bueno, assina a nota na qual a Cobasi manifesta indignação “com qualquer fala que indique a possibilidade de que, ao final das exaustivas investigações, a autoridade policial venha a proceder ao formal indiciamento de qualquer de seus colaboradores.”

A empresa dona de duas das três lojas indiciadas ainda lamenta que esteja sendo construída uma narrativa que a defesa classifica como “famigerada e inverídica”. E aposta que o desfecho dos casos “não virá a partir de contorcionismos jurídicos e conclusões levianas.”

Já a defesa da empresa Bicharada, em nota à imprensa, afirma que está colaborando com as investigações, desde o início dos fatos. O sócio do empreendimento Alexandre Scotta lamentou que a repercussão midiática tenha ganhado protagonismo e repudiou a forma como a situação está sendo tratada e, segundo ele, de forma distorcida.

“A lógica do processo penal é ter contraditório e ampla defesa, o que não está sendo feito e respeitado por algumas pessoas e comentários indevidos. Desde o início da enchente, muitos animais foram salvos, porém devido à falta de estrutura, inclusive da própria segurança pública, não foi possível realizar o resgate de todos.”

Por fim, Alexandre Scotta enfatiza que os fatos serão esclarecidos, ao longo do processo, e será comprovada a improcedência [das acusações].”

Nova presidente da Petrobras troca três dos oito diretores da estatal

Três semanas após assumir o cargo, a nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, decidiu pela troca de três dos oito diretores da companhia. O anúncio foi divulgado nesta sexta-feira (14).

Magda Chambriard indicou Renata Baruzzi para a Diretoria Executiva de Engenharia, Tecnologia e Inovação. Sylvia dos Anjos vai assumir a Diretoria Executiva de Exploração e Produção e Fernando Melgarejo, a Diretoria Executiva Financeira e de Relacionamento com Investidores.

“As indicações serão submetidas aos procedimentos internos de governança corporativa, incluindo análises de conformidade e integridade necessárias ao processo sucessório da companhia”, explicou a estatal. Em seguida, os nomes serão encaminhados para apreciação do Comitê de Pessoas e, na sequência, enviados para deliberação do Conselho de Administração.

Os atuais diretores permanecem nas posições até que seja concluída a aprovação dos novos nomes. Uma vez chanceladas as mudanças, deixarão a Diretoria Executiva Joelson Falcão Mendes (Exploração e Produção), Carlos José do Nascimento Travassos (Engenharia e Inovação) e Carlos Alberto Rechelo (Financeira). Rechelo é gerente executivo e estava no cargo de forma interina.

Originalmente, a Diretoria Financeira era ocupada por Sergio Caetano Leite, que optou por deixar o cargo em maio, acompanhando o presidente demitido, Jean Paul Prates. Leite era uma indicação de Prates.

Após a transição, dos nove cargos que formam a Diretoria Executiva (incluindo a presidência), quatro serão ocupados por mulheres.

Mudança de perfil

Na última quarta-feira (12), em conversa com jornalistas após participar de um fórum com investidores internacionais, no Rio de Janeiro, Magda Chambriard adiantou que faria troca na diretoria por questão de “ajuste de perfil”.

“Em nome de todos os trabalhadores da Petrobras, agradeço desde já aos diretores Carlos José do Nascimento Travassos e Joelson Falcão Mendes pela liderança, dedicação e valiosa contribuição dada ao desenvolvimento da Petrobras ao longo de suas carreiras na companhia”, disse a presidente da companhia em comunicado.

“Alterações na composição da diretoria são naturais do processo de gestão da mudança e em nada desabonam a competência e o comprometimento dos colegas que saem”, completou Magda Chambriard.

Ficam mantidos nas diretorias Clarice Coppetti (Assuntos Corporativos); Claudio Romeo Schlosser (Logística, Comercialização e Mercados); Mário Spinelli (Governança e Conformidade); Mauricio Tolmasquim (Transição Energética e Sustentabilidade); além de William França da Silva (Processos Industriais e Produtos).

Currículos

Sylvia dos Anjos é formada em geologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com mestrado em geologia pela University of Illinois at Urbana-Champaign e PhD pela mesma universidade. Geóloga aposentada da Petrobras, tem mais de 42 anos de experiência na área de exploração e produção (E&P), tendo ocupado diversos cargos gerenciais ao longo de sua carreira na companhia, com especial destaque às funções de gerente-geral da Exploração em Geologia Aplicada e a de gerente-geral de Tecnologias do Ativo de Libra.

Fernando Melgarejo é formado em ciências econômica pela União Educacional de Brasília (Uneb), pós-graduado em negócios internacionais pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e com mestrado em economia de empresas na Universidade Católica de Brasília (UCB). Possui  37 anos no conglomerado Banco do Brasil S/A, dos quais dedicou cerca de 30 anos à área financeira, onde foi gerente executivo na Diretoria de Finanças e Relações com Investidores da Banco do Brasil na área de Estruturação e Análise Financeira. É diretor de Participações do Fundo de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) desde 2022.

Renata Baruzzi é formada em matemática pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com especialização em gestão estratégica de tecnologia e em administração, além de diversos cursos de extensão no exterior com destaque para o Advaced Management Program (AMP) na Harvard Business School. Ingressou na Petrobras há 38 anos, tendo atuado na Refinaria de Cubatão (RPBC) e na Refinaria de Paulínia (Replan). Iniciou a carreira gerencial em 2001 nos recursos humanos. Posteriormente passou a atuar na engenharia, ocupando todos os níveis gerenciais e chegando ao cargo de gerente executiva da Engenharia, Tecnologia e Materiais – Corporativo) em 2012. Tem experiência internacional, onde atuou na Petrobras América Inc. (Houston, TX) de 2015 a 2019. Gerenciava a área de Gestão Integrada da Logística.

Arraial do Ipem inicia hoje período de festejos juninos no Maranhão

Com a chegada do período junino, muita fé, alegria e diversão tomam conta dos terreiros, que se tornam espaço para ensaios e apresentações na capital, São Luís, e no interior do estado.

Um dos mais tradicionais, o Arraial do Ipem abre hoje (14) o período de festejos juninos. Até o final do mês, vão passar pelo arraial grupos de coco, de bumba-meu-boi, de tambor de crioula, lelês, quadrilhas, grupos de forró e artistas locais, entre outros.

Centenas atrações artísticas e culturais estão previstas para se apresentar nos vários espaços do arraial. As bandeiras coloridas, barracas de palha, fogos de artifício, chapéus de palha, comidas típicas, também ajudam a compor o cenário.

Neste final de semana, os destaques do arraial ficam por conta dos grupos de bumba meu boi, como o Boi de Axixá, o Boi da Maioba e o Boi de Morros. O primeiro, no sotaque de orquestra, o segundo, no sotaque da ilha ou matraca, e o terceiro é de orquestra. O arraial é uma realização do governo do Maranhão, coordenado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secma). 

Arraial da Cidade

Outra festa é o Arraial da Cidade, uma iniciativa da prefeitura de São Luís, na Praça Maria Aragão (Beira-Mar), que também segue nesta sexta-feira com apresentações de da Dança Portuguesa Império de Lisboa, o Cacuriá Assa Cana, Boi Novilho Branco, Boi Brilho da União, Boi Encanto do Olho d’Água e Boi de Ribamar. Além das manifestações culturais, também haverá o show da cantora Teresa Canto.

A programação começou no dia 5 de junho e termina no dia 30, dividida em duas áreas principais. Uma delas é dedicada a apresentações de manifestações folclóricas regionais e a outra a apresentações de artistas nacionais. O local também tem um espaço temático, dedicado a outros ritmos musicais, entre eles o reggae.

Não é não

Neste ano, o governo do estado lançou a campanha São João: Na Toada do Não é Não, voltada para segurança e proteção das mulheres. A iniciativa determina que estabelecimentos implementem medidas de proteção e assistência, assegurando que os locais de festa sejam ambientes mais seguros e acolhedores.

A campanha surgiu em alinhamento com a Lei nº 14.786, conhecida popularmente como “Protocolo Não é Não”, que estabelece normas para a proteção das mulheres contra assédios em boates, casas noturnas, shows e diversos outros ambientes de lazer.

A coordenadora das Delegacias Especiais da Mulher do Maranhão, Kazumi Tanaka, reforçou a mobilização coletiva para assegurar festividades seguras e alegres. “A gente precisa proporcionar para nossas mulheres um ambiente de paz, unidade e respeito, e todos os organismos da rede, juntamente com a Secretaria de Estado da Mulher e o Sistema de Segurança. Estamos mobilizados para que as mulheres brinquem o São João com segurança, com alegria, sem desrespeito e sem violência”.

Boi

No Nordeste, os festejos juninos compreendem as festas de Santo Antônio (dia 13), São João (dia 24) e São Pedro (dia 29) e exaltam a identidade da região. As celebrações são embaladas por forrós, quadrilhas, grupos de coco, tambor de crioula e os batalhões de bumba-meu-boi.

No Maranhão, as festas já tiveram início, desde começo do mês e vão durar 60 dias, com mais de 500 atrações se apresentando nos meses de junho e julho, em mais de 70 arraiais no estado.

A figural central da festa é o boi, que este ano volta devidamente vacinado. Dividido em diversos sotaques – como são chamados dos estilos musicais – como os da baixada, matraca, zabumba, costa-de-mão e orquestra. O boi já chega urrando, e com bastante vontade de dançar, pelos terreiros, aos som de matracas, pandeirões, zabumbas, tambores onça, instrumentos de sopro e maracás.

No enredo, Pai Francisco, que trabalha em uma fazenda, mata o boi preferido do patrão, para atender a um pedido de sua esposa. Grávida, Catirina deseja comer a língua do boi. Como bom companheiro, Francisco mata o boi e arranca sua língua para atender o pedido de Catirina. 

Após o sumiço do animal, o patrão indaga a Francisco sobre o que aconteceu e descobre o destino de seu boi preferido. Ele ameaça, e cobra Francisco para que lhe devolva o animal vivo. Em resumo: pajés e índios curandeiros são convocados e, através cantorias e danças, trazem o boi novamente à vida.

Sincretismo religioso

Festa com intenso sincretismo religioso, o São João no Maranhão liga a devoção a Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal, com os cultos religiosos afro-brasileiros no estado, como o Tambor de Mina e o Terecô. É a celebração de uma cultura ancestral que, além de entretenimento, também constitui um elo de grande ligação espiritual entre os santos e devotos. 

Entre os grupos de destaque, estão os bois de Leonardo, da Floresta, de Axixá, de Santa Fé, da Madre Deus, da Fé em Deus, de Pindaré, da Maioba, de Maracanã, da Ribamar, de Morros, da Pindoba, de Iguaíba, Upaon-Açu. Guimarães, entre outros. Mas não é só, a festa também conta a apresentação de grupos de tambor de crioula, cacuriá, dança do coco, quadrilhas, dança portuguesa, entre outras atrações.

Boi de Axixá e Boi da Maioba são atrações de arraial em São Luís (MA)

Com a chegada do período junino, muita fé, alegria e diversão tomam conta dos terreiros, que se tornam espaço para ensaios e apresentações na capital maranhense, São Luís, e no interior do estado.

Um dos mais tradicionais, o Arraial do Ipem abre hoje (14) o período de festejos juninos. Até o final do mês, vão passar pelo arraial grupos de coco, de bumba-meu-boi, de tambor de crioula, lelês, quadrilhas, grupos de forró e artistas locais, entre outros.

Centenas atrações artísticas e culturais estão previstas para se apresentar nos vários espaços do arraial. As bandeiras coloridas, barracas de palha, fogos de artifício, chapéus de palha, comidas típicas, também ajudam a compor o cenário.

Neste final de semana, os destaques do arraial ficam por conta dos grupos de bumba meu boi, como o Boi de Axixá, o Boi da Maioba e o Boi de Morros. O primeiro, no sotaque de orquestra, o segundo, no sotaque da ilha ou matraca, e o terceiro é de orquestra. O arraial é uma realização do governo do Maranhão, coordenado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secma). 

Arraial da Cidade

Outra festa é o Arraial da Cidade, uma iniciativa da prefeitura de São Luís, na Praça Maria Aragão (Beira-Mar), que também segue nesta sexta-feira com apresentações de da Dança Portuguesa Império de Lisboa, o Cacuriá Assa Cana, Boi Novilho Branco, Boi Brilho da União, Boi Encanto do Olho d’Água e Boi de Ribamar. Além das manifestações culturais, também haverá o show da cantora Teresa Canto.

A programação começou no dia 5 de junho e termina no dia 30, dividida em duas áreas principais. Uma delas é dedicada a apresentações de manifestações folclóricas regionais e a outra a apresentações de artistas nacionais. O local também tem um espaço temático, dedicado a outros ritmos musicais, entre eles o reggae.

Não é não

Neste ano, o governo do estado lançou a campanha São João: Na Toada do Não é Não, voltada para segurança e proteção das mulheres. A iniciativa determina que estabelecimentos implementem medidas de proteção e assistência, assegurando que os locais de festa sejam ambientes mais seguros e acolhedores.

A campanha surgiu em alinhamento com a Lei nº 14.786, conhecida popularmente como “Protocolo Não é Não”, que estabelece normas para a proteção das mulheres contra assédios em boates, casas noturnas, shows e diversos outros ambientes de lazer.

A coordenadora das Delegacias Especiais da Mulher do Maranhão, Kazumi Tanaka, reforçou a mobilização coletiva para assegurar festividades seguras e alegres. “A gente precisa proporcionar para nossas mulheres um ambiente de paz, unidade e respeito, e todos os organismos da rede, juntamente com a Secretaria de Estado da Mulher e o Sistema de Segurança. Estamos mobilizados para que as mulheres brinquem o São João com segurança, com alegria, sem desrespeito e sem violência”.

Boi

No Nordeste, os festejos juninos compreendem as festas de Santo Antônio (dia 13), São João (dia 24) e São Pedro (dia 29) e exaltam a identidade da região. As celebrações são embaladas por forrós, quadrilhas, grupos de coco, tambor de crioula e os batalhões de bumba-meu-boi.

No Maranhão, as festas já tiveram início, desde começo do mês e vão durar 60 dias, com mais de 500 atrações se apresentando nos meses de junho e julho, em mais de 70 arraiais no estado.

A figural central da festa é o boi, que este ano volta devidamente vacinado. Dividido em diversos sotaques – como são chamados dos estilos musicais – como os da baixada, matraca, zabumba, costa-de-mão e orquestra. O boi já chega urrando, e com bastante vontade de dançar, pelos terreiros, aos som de matracas, pandeirões, zabumbas, tambores onça, instrumentos de sopro e maracás.

No enredo, Pai Francisco, que trabalha em uma fazenda, mata o boi preferido do patrão, para atender a um pedido de sua esposa. Grávida, Catirina deseja comer a língua do boi. Como bom companheiro, Francisco mata o boi e arranca sua língua para atender o pedido de Catirina. 

Após o sumiço do animal, o patrão indaga a Francisco sobre o que aconteceu e descobre o destino de seu boi preferido. Ele ameaça, e cobra Francisco para que lhe devolva o animal vivo. Em resumo: pajés e índios curandeiros são convocados e, através cantorias e danças, trazem o boi novamente à vida.

Sincretismo religioso

Festa com intenso sincretismo religioso, o São João no Maranhão liga a devoção a Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal, com os cultos religiosos afro-brasileiros no estado, como o Tambor de Mina e o Terecô. É a celebração de uma cultura ancestral que, além de entretenimento, também constitui um elo de grande ligação espiritual entre os santos e devotos. 

Entre os grupos de destaque, estão os bois de Leonardo, da Floresta, de Axixá, de Santa Fé, da Madre Deus, da Fé em Deus, de Pindaré, da Maioba, de Maracanã, da Ribamar, de Morros, da Pindoba, de Iguaíba, Upaon-Açu. Guimarães, entre outros. Mas não é só, a festa também conta a apresentação de grupos de tambor de crioula, cacuriá, dança do coco, quadrilhas, dança portuguesa, entre outras atrações.