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Não há decisão sobre aumentar passageiros no Santos Dumont, diz SAC

A Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC), diante das informações sobre a possibilidade de aumentar o número de passageiros no Aeroporto Santos Dumont, esclareceu, nessa quarta-feira (18), que nenhuma decisão de ampliar ou não o número de passageiros no Santos Dumont será efetivada sem que haja amplo diálogo com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e demais autoridades estaduais, com todo setor da aviação e sociedade civil.

De acordo com a SAC, o que está sendo discutido neste momento é o fortalecimento da aviação no estado do Rio de Janeiro. “Queremos continuar trabalhando para ampliar o número de passageiros no Rio. Não há qualquer decisão ou determinação da Secretaria Nacional de Aviação Civil para flexibilizar a capacidade do aeroporto Santos Dumont”.

A secretaria destacou também que, conforme alinhamento com o Tribunal de Contas da União (TCU), que instrui processo de representação relacionado à restrição operacional no Santos Dumont, e, de acordo com a diretriz de política pública estabelecida buscando melhorar a qualidade de serviço no aeroporto, o Ministério de Portos e Aeroportos monitora continuamente os impactos da referida política.

Segundo a SAC, o ofício com a proposta sugerida pelo TCU foi apenas para consulta e avaliação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e Infraero. “Isso não significa autorização da flexibilização do número de passageiros no aeroporto Santos Dumont”. diz ainda o órgão. O documento propõe que o Santos Dumont retome o número de dez milhões de passageiros por ano.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou também que não existe nenhuma determinação para a proposta, enviada pela SAC à Anac. “A medida tem apenas o caráter de consulta preliminar. Não há qualquer decisão ou determinação quanto à flexibilização da capacidade do Aeroporto Santos Dumont”. esclareceu.

Firjan e ACRJ

Também nessa quarta-feira, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) divulgaram nota conjunta, em que repudiam o aumento do número de passageiros no Aeroporto Santos Dumont por colocar em risco a qualidade das suas operações e a viabilidade do Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão).

De acordo com as entidades da indústria e do comércio, a limitação do número de passageiros em até 6,5 milhões por ano no Aeroporto Santos Dumont, medida tomada em 2023, permitiu o equilíbrio econômico e de usabilidade dos dois aeroportos.

“Essa iniciativa – defendida pelo governo do Estado, prefeitura e entidades empresariais, entre elas a Firjan e a ACRJ – resultou em segurança, conforto e racionalidade no Santos Dumont e na possibilidade de voos em conexão internacional no Galeão, permitindo que o Rio de Janeiro voltasse a ser porta de entrada de grande parte dos voos internacionais que chegam ao Brasil”.

O número de passageiros no Galeão subiu 94% no primeiro semestre deste ano em relação aos seis primeiros meses de 2023. Com relação ao transporte de cargas nesse aeroporto, o aumento foi de 38% no mesmo período. Estudo da Firjan aponta que o funcionamento eficiente dos dois aeroportos é capaz de gerar R$ 4,5 bilhões por ano na economia fluminense.

Delegado da PF diz que há indícios de ação coordenada em incêndios

O delegado da Policia Federal Humberto Freire de Barros disse que parte dos incêndios florestais no país pode ter ocorrido por meio de ações coordenadas.  A declaração do delegado foi dada em entrevista realizada nesta sexta-feira (13) pela Globo News.

Barros é diretor de Amazônia e Meio Ambiente da PF. Segundo ele, a investigação preliminar da polícia aponta para a realização de incêndios simultâneos.

“A gente vê que alguns incêndios começaram quase que ao mesmo tempo. Isso traz o indício de que podem ter acontecido ações coordenadas. É um ponto inicial da investigação”, afirmou na entrevista.

A hipótese de ação humana em parte das queimadas que assolam o país neste mês também já foi levantada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, que determinou medidas para o enfrentamento aos incêndios na Amazônia e no Pantanal.

Na terça-feira (10), durante audiência de conciliação realizada pela Corte, Dino defendeu a investigação e punição de quem provoca queimadas ilegais.

“Há ação humana. Por isso, o Supremo vem com essa ideia de diálogo, mas, ao mesmo tempo, de coerção, investigação e punição dessa ação humana”, disse o ministro. 

De acordo com levantamento mais recente do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, estão sendo usados para o combate às chamas no Pantanal 842 profissionais e 18 aviões. Há 116 incêndios registrados e 83 extintos.

“Não há independência em mundo racista”, diz ativista luso-senegalês

Na véspera do feriado da Independência, quando o Brasil completará 202 anos de rompimento formal com o colonialismo, o intelectual negro luso-senegalês Mamadou Baila Ba – uma das mais proeminentes vozes antirracistas em Portugal – questiona a ideia de independência onde há racismo.

“Não é possível ser independente em um mundo racista”, diz o ativista, que participou, na quinta-feira (5), do 2º Congresso Internacional de Estudos Afrodiaspóricos, promovido pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), no Rio de Janeiro.

A declaração foi feita ao ser perguntado pela Agência Brasil se a população negra brasileira pode se considerar independente. Mamadou Ba estendeu a opinião dele para qualquer lugar do mundo em que haja racismo. E citou o período da pandemia de covid-19, iniciada em 2020, como exemplo.

“Quem foram os soldados da guerra contra a pandemia? Foram os corpos negros. Foi o exército mobilizado para que a economia não parasse. No mundo ocidental foi muito evidente. Os trabalhos essenciais da economia, quem os sustentou? Distribuição, unidades fabris, supermercados, quem? Corpos não brancos. Em todos os lados do mundo, é global”, afirmou o intelectual, que fez sinal de aspas ao usar a palavra “essenciais”.

“Sociedades pós-coloniais são sociedades de dependência cromática, nas quais a ideia de raça, como linha de definição de pertencer à humanidade, permanece. Enquanto ela não for derrotada, as pessoas negras não serão independentes”, acrescentou o ativista que nasceu no Senegal, na África, e foi morar em Portugal, onde adquiriu a dupla cidadania.

Aula magna de Mamadou Baila Ba, no 2º Congresso Internacional de Estudos Afrodiaspóricos, no Rio – Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

Mamadou Ba é tradutor e formado em língua e cultura portuguesas. Desde 1999, está à frente do movimento internacional SOS Racismo. Em 2021, foi um dos vencedores do prêmio Front Line Defenders, que reconhece trajetórias de defensores de causas ligadas aos direitos humanos no mundo todo, como combate ao racismo e empoderamento de minorias.

O intelectual defende que a palavra escravidão seja sempre grafada com “e” maiúsculo, para marcar que foi um crime contra a humanidade, assim como um genocídio.

Segundo ele, a população afrodiaspórica, ou seja, formada por negros escravizados que foram retirados à força do continente africano e seus descendentes, conseguiu criar uma identidade que serviu para defender essa população, uma forma de “aquilombamento”.

“Se não tivéssemos nos amado, não teríamos sobrevivido”, sentencia. “Um dos principais atributos da identidade diaspórica foi transformar memória em resistência. O aquilombamento serviu para nos defender.”

Mamadou Ba defende que a identidade afrodiaspórica deve buscar, mais do que igualdade, a soberania.

“Uso pouco a palavra igualdade. É uma questão de estratégia para mim. Não quero ser igual a ninguém. Quero ser respeitado. Igualdade é uma consequência do respeito”, diz o ativista.

Para ele, uma forma de conquistar o respeito e reconhecimento passa por mudanças nos currículos escolares.

“É preciso descolonizar os currículos. Não queremos reescrever a história, queremos escrever a nossa história. Não é questão de sectarismo. É questão de afirmação”, disse ele, que exemplificou uma iniciativa do país natal, Senegal, onde algumas escolas ensinam a língua de povos originários. “A língua é uma ferramenta de poder.” Senegal foi colônia francesa, sendo o francês o idioma oficial.

O ativista luso-senegalês é defensor do pan-africanismo, que classifica como uma proposta política para liberar qualquer pessoa oprimida. Em vários momentos da aula magna, faz uso de citações do filósofo negro francês Frantz Fanon (1925-1961), renomado autor da linha de pesquisa sobre pós-colonialismo, que estuda impactos sociais, psicológicos e estruturais do racismo.

“Fanon dizia que ‘ser negro define o lugar que ocupo na sociedade racista’”, citou.

O congresso organizado pelo Sesc RJ segue até o próximo sábado (7). A programação inclui uma série de atividades, como palestras, rodas de conversas e oficinas. O público pode se inscrever para participar, de forma gratuita. Nesta sexta-feira (6), Mamadou Ba lançará o livro Antirracismo: nossa Luta é por Respeito, Amor e Dignidade.

A analista de cultura do Espaço Arte Sesc, Ara Nogueira, explica que trazer um especialista em diáspora africana para falar sobre o assunto em um país tão marcado pelo racismo, como é o Brasil, é uma forma de pensar transformação social e do mundo sem viés colonizador.

“Não trazer a narrativa só de sofrimento, de dor, mas de transformação, força, potências, sensibilidade. Uma construção de vida que passa pela construção de arte, intelectualidade, processos de aprendizado e de saberes.”

Barroso diz que há politização indevida sobre suspensão do X

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, disse nesta segunda-feira (2) que há “politização indevida” sobre o caso da suspensão da rede social X no Brasil. O ministro participou pela manhã de uma palestra na Universidade de São Paulo.

A suspensão foi determinada na sexta-feira (30) pelo ministro Alexandre de Moraes após o bilionário Elon Musk, dono da rede social, afirmar que não vai cumprir a determinação de retirar do ar perfis de investigados pela Corte pela publicação de mensagens consideradas antidemocráticas e com conteúdo ofensivo aos membros do STF.

Na avaliação de Barroso, a recusa de cumprimento de decisões judiciais e a retirada da representação do X no Brasil são comportamentos inaceitáveis. Segundo o ministro, toda plataforma digital precisa ter representação no país em que atua.

“A atitude de retirar a representação para não ter que cumprir ordens judiciais e para não ter que observar a legislação brasileira é um comportamento que não seria aceitável em qualquer lugar do mundo. Portanto, não há nada de excepcional, salvo uma politização indevida”, afirmou.

Mais cedo, por unanimidade, a Primeira Turma da Corte referendou a decisão individual de Alexandre de Moraes que suspendeu o X no Brasil.

A decisão também determina a aplicação de multa diária de R$ 50 mil para pessoas físicas e jurídicas que utilizarem uma Virtual Private Network (VPN) para burlar a suspensão e acessar a rede.

Número de pessoas que buscam emprego há mais de dois anos recua 17,3%

O percentual de pessoas buscando emprego há dois anos ou mais, no segundo trimestre deste ano, recuou 17,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad-C), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), havia 1,7 milhão de pessoas nesta situação no país no segundo trimestre deste ano.

Este é o menor contingente para um segundo trimestre desde 2015, quando havia 1,4 milhão de pessoas à procura de trabalho por mais de dois anos. Apesar do recuo, o grupo ainda representa 22,4% do total de pessoas procurando emprego.

“Boa parte da ocupação no Brasil é gerada via serviços. E aqueles serviços de menor complexidade, que exigem nível de instrução não tão elevado, acabam possibilitando uma absorção maior de perfis diversos de trabalhadores. Isso pode contribuir para uma redução das pessoas que estavam procurando trabalhando há mais tempo”, afirma a pesquisadora do IBGE, Adriana Beringuy.

Também houve recuos no número de pessoas buscando emprego há mais de um ano e menos de dois anos (-15,2%), entre um mês e um ano (-11%) e há menos de um mês (-10,2%). A maior proporção entre os desempregados está entre aqueles que buscam emprego há mais de um mês e há menos de um ano (47,8% do total).

Sexo

No segundo trimestre deste ano, a taxa de desemprego das mulheres atingiu 8,6%, a menor taxa desde o quatro trimestre de 2014 (7,9%). Já o nível de ocupação delas, ou seja, o percentual de pessoas trabalhando em relação ao total em idade de trabalhar, atingiu um nível recorde (48,1%) da série histórica, iniciada em 2012.

Apesar disso, ainda há grande disparidade em relação aos homens, que apresentaram uma taxa de desemprego de 5,6% no segundo trimestre deste ano, ou seja, 3 pontos percentuais a menos que elas. O nível de ocupação dos homens é 68,3%, ou seja, 20 pontos a mais do que as mulheres.

O rendimento médio real habitual das mulheres ficou em R$ 2.696 no segundo trimestre deste ano, R$ 728 a menos do que os homens (R$ 3.424).

Barroso defende conduta de Moraes e diz que há “tempestade fictícia”

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, e o ministro Gilmar Mendes defenderam nesta quarta-feira (14) a atuação do ministro Alexandre de Moraes na Corte. As declarações foram feitas durante a abertura da sessão desta tarde.

Nessa terça-feira (13), o jornal Folha de S.Paulo publicou uma reportagem na qual acusa Moraes de usar “formas não oficiais” para determinar a produção de informações para investigar aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro durante as eleições de 2022, período em que o ministro foi presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os dados foram utilizados em inquéritos que investigam a disseminação de fake news e a atuação de milícias digitais durante o governo do ex-presidente. 

Barroso classificou a situação como “tempestade fictícia” e disse que os dados solicitados por Alexandre de Moraes eram públicos, estavam nas redes socais, e se referiam a pessoas que são investigadas pela Corte.

“Não houve investigação de natureza policial. Era acompanhamento de postagens em redes sociais para verificar se havia uma conduta a ser investigada no âmbito dos inquéritos do STF”, afirmou.

O presidente do Supremo também garantiu que não houve pedido de direcionamento a qualquer pessoa e que as solicitações de dados eram oficializadas no momento processual próprio.

“A alegada informalidade é porque ninguém oficia para si próprio. As informações não eram formalizadas no momento da solicitação. Mas, quando as informações chegavam, eram imediatamente formalizadas, inseridas no processo e dada vista ao Ministério Público”, completou.

Gilmar Mendes

O ministro Gilmar Mendes também defendeu a atuação de Moraes e disse que o ministro é alvo de “críticas infundadas” sobre sua atuação na Corte. Segundo o ministro, os ataques direcionados a Moraes buscam fragilizar a democracia.

“A condução das investigações por parte do ministro tem sido pautada pela legalidade, pelo respeito aos direitos e garantias e pelo compromisso inegociável com a verdade”, afirmou.

PGR

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também defendeu as medidas adotadas por Moraes.

“Eu pude pessoalmente verificar as marcas de coragem, diligência, assertividade e retidão nas manifestações, nas decisões e no modo de conduzir os processos do ministro Alexandre de Moraes”, afirmou Gonet. 

Gabinete

Após a divulgação da reportagem, o gabinete de Alexandre de Moraes afirmou que os procedimentos foram oficiais para requisição das informações ao TSE.

Barroso”Todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria Geral da República”, diz a nota.

Criada há 5 anos, Patrulha Maria da Penha soma 77 mil atendimentos

Criado em agosto de 2019, o Programa Patrulha Maria da Penha – Guardiões da Vida implantado há 5 anos no estado do Rio de Janeiro, já realizou 77.375 atendimentos a mulheres vítimas de violência.

Nesse período, foram feitas 692 prisões, a maioria por descumprimento de medida protetiva. Desse total, 171 prisões foram efetuadas na capital e na Baixada Fluminense, enquanto as demais 421 ocorreram na região metropolitana e municípios do interior, correspondendo a mais de 60% do total de casos. 

A Lei Maria da Penha foi sancionada em 7 de agosto de 2006 e leva o nome da farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, que ficou paraplégica após ser vítima de tentativa de feminicídio cometida pelo seu marido.

O programa é uma parceria entre o Tribunal de Justiça, do governo do Estado do Rio de Janeiro, por intermédio da Polícia Militar, o Ministério Público e a Defensoria Pública. Tem como prioridade o atendimento e o monitoramento das mulheres com as medidas protetivas de urgência deferidas pelo Poder Judiciário, bem como a fiscalização de seu cumprimento pelos agressores.

Segundo a Polícia Militar, 49,45% do efetivo que atua exclusivamente no programa são policiais militares femininas em 47 patrulhas em todo o estado. Integram o programa, 47salas na cor lilás, espaços exclusivos dentro dos batalhões da PM ou em locais próximos, com uma configuração especial para o acolhimento adequado às vítimas em situação de vulnerabilidade e seus filhos.

 A tenente-coronel da Polícia Militar, Claudia Moraes, coordenadora da Patrulha Maria da Penha, disse que o programa conta com equipes especialmente treinadas, policiais selecionados e viaturas caracterizadas com a faixa lilás.

“Nós temos também a Sala Lilás nos batalhões, que são espaços para acolhimento dessas mulheres, com a finalidade de orientá-las, saber como está a medida protetiva e, a partir daí, fazer todos os encaminhamentos”.

Através da parceria com o Tribunal de Justiça, todos os magistrados, dos juizados de violência doméstica, ao deferirem uma medida protetiva podem enviar o documento direto para os batalhões da área onde mora a vítima para acelerar a proteção à vítima.

A oficial Claudia Moraes disse ainda que “o objetivo principal da Patrulha Maria da Penha é evitar feminicídios e a reincidência da violência doméstica. Nós sabemos que não é algo simples, mas sabemos que pode ser evitado sim. O nosso foco principal é atender às mulheres em situação de violência”, esclareceu.

 

Nana Caymmi coloca marcapasso; não há previsão de alta

A cantora Nana Caymmi, 83 anos, recebeu um marcapasso nesta segunda-feira (29). Ela está internada desde a madrugada da última sexta-feira (26), na Casa de Saúde São José, no Humaitá, zona sul do Rio, devido a um quadro de arritmia cardíaca.

Em nota, a unidade de saúde informou que “a cantora Nana Caymmi, internada na Unidade Coronariana da Casa de Saúde São José, segue em quadro estável após implante de marcapasso. Não há previsão de alta”.

Para implantar o marcapasso, o cirurgião faz uma pequena incisão, de aproximadamente 5 centímetros na parte superior do tórax. Um eletrodo é conduzido pela veia até o coração. O médico conecta o eletrodo ao marcapasso e programa o dispositivo.

 

Há 30 anos seleção brasileira pôs fim a longo jejum ao faturar o tetra

O ano de 1994 entrou definitivamente na história do futebol brasileiro quando em 17 de julho, na Califórnia (Estados Unidos), o escrete canarinho comandado pelo técnico Carlos Alberto Parreira pôs fim a jejum de 24 anos sem títulos mundiais – o anterior fora conquistado na Copa do México (1970). Ao longo desta quarta-feira (17)  os 30 anos do tetra da seleção brasileira foram celebrados pelos protagonistas da conquista, pela Fifa e pela CBF. 

O tetra mundial do Brasil foi alcançado após uma final extenuante. Foram 90 minutos de jogo truncado entre Brasil e Itália – em parte devido ao calor intenso no hemisfério norte. O jogo começou próximo ao meio-dia nos Estados Unidos (à tarde no horário de Brasília). Os dois times lutavam pelo quarto título mundial. O Brasil colecionava as taças de 1958, 1962 e 1970, enquanto a Itália fora campeã mundial em 1934, 1938 e 1982. E pairava um clima de desforra por parte dos italianos, já que a Azurra havia perdido por 4 a 1 na final da Copa do México, quando o Brasil faturou o tri mundial.   

O tão aguardado duelo da final da Copa de 1994 no estádio Rose Bowl, em Pasadena, terminou sem gols, tanto no tempo normal (90 minutos) quanto na prorrogação (30 minutos). Também não faltou emoção na decisão por pênaltis. Baresi cobrou o primeiro para a Itália e isolou a bola. Na sequência, Márcio Santos chutou forte para o Brasil, mas o goleiro Pagliuca defendeu. O placar seguia zerado. Em seguida, Albertini e Evani converteram para os italianos, e Romário e Branco para os brasileiros, respectivamente. Na quarta cobrança da Itália, brilhou a estrela do goleiro Taffarel, que agarrou o chute de Massaro. Dunga, capitão da seleção, converteu o quarto pênalti, colocando o Brasil na frente do placar. Aí ocorreu o inesperado: Roberto Baggio, capitão da Itália, cobrou mal, por cima do travessão, e a bola foi parar na arquibancada. Fim de jogo! O Brasil era tetracampeão mundial com vitória por 3 a 2 nos pênaltis.

🇧🇷🆚🇮🇹
1️⃣9️⃣9️⃣4️⃣

Nothing quite like penalties to decide a #FIFAWorldCup Final. 🍿 pic.twitter.com/xGI22UhZZ9

— FIFA World Cup (@FIFAWorldCup) July 17, 2024

Assim que Baggio errou o chute, os integrantes da comissão técnica, entre eles Parreira e Zagallo (coordenador técnico) entraram em campo para comemorar com os jogadores. A euforia tomou conta dos brasileiros no gramado do Rose Bowl. Em meio à euforia, Nocaute (massagista da seleção) foi flagrado pela tevês dando cambalhota em campo.

A festa no Brasil adentrou a noite, com milhares de torcedores soltado o grito de campeão preso na garganta por mais de duas décadas. Os protagonistas do tetra foram os jogadores Taffarel, Jorginho, Aldair, Márcio Santos, Branco, Dunga, Mauro Silva, Mazinho, Zinho, Bebeto, Romário, Zetti, Gilmar, Ricardo Rocha, Ronaldão, Cafu, Leonardo, Raí, Paulo Sérgio, Muller, Ronaldo e Viola.

seleção tetracampeã mundial: Taffarel, Jorginho, Aldair, Mauro Silva, Márcio Santos e Branco (em pé). Mazinho, Romário, Dunga, Bebeto e Zinho (agachados) – Wilson de Carvalho/CBF/Direitos Reservados

Para chegar à final na Copa de 1994, a seleção enfileirou cinco vitórias e um empate. Estreou com triunfo de 2 a 0 contra a Rússia. Depois aplicou 3 a 0 em Camarões e fechou a fase de grupos com empate em 1 a 1 contra a Suécia. Nas oitavas, o Brasil bateu a seleção anfitriã norte-americana por 1 a 0, com gol de Bebeto na metade do segundo tempo, quando a seleção jogava com 10 em campo, devido à expulsão de Leonardo no término da primeira etapa. Nas quartas de final, o Brasil levou a melhor sobre a Holanda por 3 a 2, com um inesquecível gol de falta de Branco que desempatou o jogo a nove minutos do fim. Nas semifinais, Romário, em grande fase, foi o autor do gol da partida que classificou o Brasil à decisão do título.

Nascido há 100 anos, César Lattes fez descoberta que marcou a física 

No alto do Monte Chacaltaya, a 5,5 mil metros acima do mar, em La Paz, o jovem físico brasileiro César Lattes, de apenas 23 anos, estava, naquele ano de 1947, diante do cenário da sua mais incrível descoberta. Ele puxava o ar para respirar na altitude boliviana porque sabia que iria valer a pena.  Preparou um experimento com emulsões químicas em chapas fotográficas e conseguiu identificar partículas méson Pí, uma hipótese que estava antes apenas no campo da teoria para explicar o funcionamento do átomo.

A ação garantiu o Nobel para o chefe do laboratório em Bristol (Inglaterra), Cecil Powell, para o qual o brasileiro trabalhava. Mesmo não recebendo o prêmio individualmente, César Lattes foi aclamado e ficou famoso. Agradeceu os convites de trabalho do mundo inteiro, mas resolveu trabalhar no Brasil. Lattes nasceu em 1924, há exatos 100 anos em Curitiba (PR), e morreu em 2005.

No cenário acadêmico brasileiro, Lattes é homenageado pelo nome de uma plataforma que reúne os dados de pesquisadores e professores brasileiros, na base do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). Isso porque o físico teve uma trajetória que foi além do seu campo de pesquisa e defendeu, durante toda a vida, a ciência no Brasil. 

Nota 10

César Lattes foi um jovem que, com 19 anos, formou-se em física na Universidade de São Paulo (USP). Ele ingressou no início de 1941 e terminou no final de 1943. “Nas disciplinas do último ano, que tinham temas mais avançados, relacionados ao que a gente chama de física moderna do século 20, associada à relatividade e aos conhecimentos quânticos, ele tirou 10 em todas as matérias”, afirma o professor Ivã Gurgel, da USP. Era raro alguém ter um desempenho desse tipo naquele curso que estava, segundo o docente, atualizado com os principais conhecimentos do que se fazia no mundo. 

Quando se formou, Lattes ficou entusiasmado ao ficar sabendo do que era feito na Inglaterra na detecção de partículas de raios cósmicos, tema que já trabalhava com seus professores Gleb Wataghin e Giuseppe Occhialini, no Departamento de Física. Em 1946, a convite de Occhialini, Lattes foi para a Universidade de Bristol, Reino Unido, com bolsa da British Council, trabalhar no laboratório de Cecil Powell na calibração das novas emulsões nucleares, um detector de partículas que era um aperfeiçoamento das chapas fotográficas comuns.

Por que não explode?

O que eles buscavam entender é como prótons (partículas com carga positiva) ficam juntos no núcleo do átomo sem se repelir. Professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Antonio Augusto Videira, da área de filosofia e história da ciência, considera que esse é um problema muito importante da física nuclear na década de 30: entender como o núcleo do átomo fica coeso e o que está fazendo o papel de “cola” entre os prótons.

“As partículas mesons estavam sendo procuradas há uma década por físicos não apenas na Inglaterra, mas também nos Estados Unidos”, afirma Videira. O professor da UERJ, que também é colaborador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), explica que  Lattes começou rapidamente a imaginar outros processos para conhecer melhor as emulsões a fim de que os experimentos fossem mais confiáveis.

Brasília – Decaimento do méson pi em méson mi mostra principal resultado obtido pelo grupo de Bristol, do físico César Lattes. Foto Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas/Divulgação

 “Antes, eles não conseguiam extrair dados quantitativos. Conseguiam registrar, mas não sabiam a massa e energia do evento. O meson é como se fosse uma partícula intermediária entre o próton e o neutron”. Primeiro, ele buscou realizar o experimento no Pic du Midi, a 2.880 metros acima do nível do mar, na França, com emulsões tratadas com Boro. Mas ainda não foi o suficiente. “O Lattes tem a ideia de ir a uma montanha ainda mais alta, na Bolívia. Ele deixou as chapas e um mês depois voltou ao monte, recolheu as chapas e conseguiu encontrar os registros”.

Revelação

Para chegar ao monte, havia uma estrutura porque lá estava um clube de esqui e era uma região que abrigava refugiados europeus que foram para Bolívia para fugir do fascismo e do nazismo durante a 2ª Guerra Mundial. “O governo boliviano, interessado em conhecer o clima da região, tinha instalado uma estação meteorológica. Então, havia como chegar lá”. Lattes, então, faz a primeira revelação na antiga Faculdade Nacional de Filosofia, que era ligada ao Museu do Brasil. 

“Ele ficou muito animado. Chegou a dar um seminário aqui sobre isso. anunciando que as chapas que havia exposto na Bolívia tinham resultados positivos”. Depois, voltou para a Inglaterra, e a equipe percebeu muitos eventos. “Eles acabam publicando trabalhos que vão ser conhecidos e que vão confirmar a existência do meson”. Esses resultados vão beneficiar Cecil Powell, em 1949, que era o chefe laboratório em Bristol.

Antonio Augusto Videira explica que pesquisadores brasileiros buscam entender por que o prêmio não foi para Lattes. “Ele acabou não ganhando o Prêmio Nobel por uma série de razões. Ele foi indicado sete vezes para o Prêmio Nobel e acabou não ganhando”. 

Nos anos seguintes, as pesquisas de Lattes passam a ficar conhecidas e a ter destaque na imprensa. “Ele fica muito conhecido, e essa popularidade vai ser fundamental para que haja uma transformação na física e na ciência brasileiras”, afirma o professor da Uerj.  

Luta pela ciência

Segundo o professor Ivã Gurgel, da USP, César Lattes foi convidado para trabalhar em institutos e universidades de várias partes do mundo. “Mas resolveu voltar para o Brasil”. E ele passa a não somente defender os temas da física, mas se juntar a outros pesquisadores para exaltar a necessidade de investimento na ciência. “Eles queriam, por exemplo, obter o chamado tempo integral para os professores, que hoje em dia a gente chama de dedicação exclusiva”. Lattes fez carreira também na USP e Unicamp depois de voltar ao Brasil.

O contexto daquele final dos anos 1950 ajudava no convencimento. “Todos os eventos que aconteceram durante a 2ª Guerra foram por avanços científicos e tecnológicos. Mostraram a importância que a ciência tinha para a segurança de um país, não apenas para a segurança, mas para o desenvolvimento econômico, social e cultural”, diz Videira. Nesse contexto, deu-se a criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por exemplo. 

“Eles não pensavam apenas na física. Para que a física pudesse se desenvolver de forma positiva, ela precisava de químicos, de engenheiros de diversas áreas, ela já precisava de matemáticos”, afirma o pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, entidade também criada em 1949.

Para o pesquisador, isso aconteceu de forma muito rápida e intensa, levando em conta que as comunicações ocorriam por cartas e telefonemas,com dificuldades.  Segundo os professores entrevistados, a história de César Lattes deve inspirar os mais jovens. O professor da USP Ivã Gurgel testemunha que, mesmo com os alunos na graduação, há quem não conheça quem foi o pesquisador. “A gente precisa fazer um trabalho de preservação de memória e de divulgação”, considera.

A trajetória do homem que resolveu defender a ciência poderia, de acordo com Antonio Videira, ser exemplo, porque Lattes demonstrava ideais nacionalistas.  “Seria muito interessante se as escolas pudessem multiplicar histórias como a dele. Tem que ter textos e vídeos sobre ele para serem divulgados nas redes sociais, por exemplo”.