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Fundo Brasil seleciona projetos de combate ao racismo no país

O Fundo Brasil de Direitos Humanos vai doar R$ 1,25 milhão para 25 organizações que atuam no combate ao racismo em todo o país. A seleção será feita por meio de edital, que pode ser acessado aqui. As inscrições vão até 25 de março, às 18h. Os resultados serão divulgados a partir do dia 21 de maio.

O tema do racismo é considerado prioritário para o Fundo Brasil desde sua criação, em 2007. Já no primeiro edital de apoio a projetos, lançado naquele mesmo ano, a fundação apoiou quatro iniciativas desenvolvidas por organizações fundadas e lideradas por pessoas negras.

O edital Enfrentando o Racismo a Partir da Base, criado em 2018 para fortalecer organizações que enfrentam o racismo em suas variadas formas e propõem caminhos para um país com mais justiça racial, permitiu um olhar para essa causa de maneira mais detalhada.

“A mobilização da população negra tem sido fundamental para a democracia brasileira, e os dados e a realidade mostram isso de forma incontestável”, disse Allyne Andrade, superintendente adjunta do Fundo Brasil.

Segundo a superintendente, os números da violência e da exclusão ainda são alarmantes, mas também há avanços. “Desde 2019, estudantes negros são maioria entre os matriculados em instituições federais de ensino superior, graças à política de cotas. O número de parlamentares negras e negros vem crescendo. Tudo isso é resultado de décadas de pressão das pessoas negras organizadas em movimentos sociais. A missão do Fundo Brasil é apoiar esse movimento, engrossar esse caldo social na busca por mudanças”, sustentou Allyne.

Em cinco anos, foram doados mais de R$ 2,6 milhões para 50 coletivos e grupos sem fins lucrativos, de todas as regiões e estados brasileiros, que trabalham diretamente em seus territórios e comunidades, para promover justiça racial, combatendo as diversas formas de racismo. Os vencedores foram selecionados por três editais Enfrentando o Racismo a Partir da Base.

Exemplos

Os resultados do trabalho dos coletivos apoiados nos editais do Fundo Brasil revelam como as ações de cada um desses grupos são capazes de transformar realidades locais, constituindo elemento fundamental para compor um movimento amplo de transformação social.

No Rio Grande do Norte, o Coletivo Cirandas oferece assessoria jurídica para comunidades tradicionais. Além de litigância para proteção territorial, recentemente lideranças quilombolas em risco de vida na Bahia conseguiram proteção emergencial com apoio do Cirandas. O coletivo contou com recursos do Fundo Brasil para se estruturar.

No último ano, o Instituto da Mulher Negra Mãe Hilda Jitolu foi lançado em Salvador (BA) também com recursos doados pelo Fundo Brasil. O instituto leva o nome da mãe de santo e matriarca do Ilê Aiyê, primeiro bloco afro do Brasil e uma das expressões culturais do carnaval, e tem o objetivo de consolidar a atuação da comunidade na promoção dos direitos de mulheres negras da capital baiana, além do combate ao racismo religioso.

Outro exemplo é o Quilombo dos Teixeiras, do Rio Grande do Sul, que obteve vitória significativa para a valorização da cultura negra e quilombola no país. Com o recurso para fortalecimento institucional recebido do Fundo Brasil, a comunidade organizou a primeira exposição de um acervo quilombola no Arquivo Histórico do Estado, em Porto Alegre.

Apoio

Neste quarto edital Enfrentando o Racismo a Partir da Base serão apoiados projetos voltados à promoção dos direitos de mulheres negras, de pessoas negras LGBTQIA+, de lideranças e comunidades quilombolas e de casas e comunidades de matriz africana. Serão destinados também recursos específicos a organizações que estejam atuando no debate sobre racismo em meios digitais.

O Fundo Brasil apoia a busca por justiça racial e de gênero, a luta por direitos dos povos indígenas, de populações quilombolas e tradicionais, por justiça climática e socioambiental na Amazônia e, também, fora da região. São objeto ainda do Fundo a luta por direitos de crianças e jovens, de pessoas LGBTQIA+, de trabalhadores rurais e precarizados, de comunidades impactadas por obras de infraestrutura e empreendimentos urbanos, de vítimas da violência de Estado e seus familiares, e a luta contra o encarceramento em massa e a tortura no sistema prisional, entre outras.

Em seus anos de existência, o Fundo Brasil já apoiou mais de 1.300 projetos, com total doado supererando R$ 50 milhões. 

Mulheres são maioria no bacharelado em escola referência em ciência

O número de mulheres aprovadas na terceira edição do curso de graduação em Ciência e Tecnologia, da Ilum Escola de Ciência, em Campinas (SP), foi maior do que de homens pela primeira vez. A faculdade gratuita interdisciplinar em Ciência e Tecnologia integra o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), sob supervisão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

A lista da primeira chamada deste ano com os nomes dos 40 aprovados foi divulgada na sexta-feira (2) pela Ilum Escola de Ciência. Dos aprovados, 62,5% são mulheres e o restante 37,5%, homens.

O diretor da Ilum Escola de Ciência e também membro da Academia Brasileira de Ciência, Adalberto Fazzio, explicou que o resultado faz parte da ampliação do debate na sociedade científica sobre a importância do aumento da presença de mulheres na ciência. 

Ilum Escola de Ciência, faculdade inovadora e gratuita do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, em Campinas – Foto: Ilum Escola/Divulgação

“Temos visto diversas iniciativas Brasil afora para incentivar essa maior entrada de meninas nos cursos das mais diversas áreas da ciência, e essa mudança na sociedade certamente trará inúmeros benefícios a toda comunidade científica e à sociedade de forma geral”, avalia.

Do total dos convocados, 42,5% são da Região Sudeste; 30%, do Nordeste; 15%, do Centro-Oeste; 10%, do Sul; e 2,5%, do Norte.

A seleção dos aprovados considerou a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem); a carta de intenção, com formulário com a manifestação de interesse com relatos de experiências pessoais e escolares; e entrevistas remotas com os pré-selecionados. Metade das vagas foi reservada a estudantes da rede pública de ensino.

Com o lema O Mundo Precisa de Mentes Curiosas e Questionadoras, a Ilum atraiu número recorde de estudantes interessados em se tornar cientistas. A terceira edição do processo seletivo anual registrou 3,9 mil inscrições, de todas as regiões do país, o que resultou em uma média de 97,5 candidatos por vaga, em 2024.

Matrícula

Ilum Escola- Ilum Escola/Divulgação

O curso superior em Ciência e Tecnologia tem 3 anos de duração, em período integral. As matrículas para o curso de bacharelado podem ser realizadas pelos 40 selecionados na primeira chamada, desde segunda-feira (6). Para confirmar o interesse, é necessário preencher digitalmente os dados cadastrais e enviar a documentação necessária.

No caso de desistência da matrícula, a Ilum Escola de Ciência convocará outros candidatos seguindo as classificações.

O início das aulas será em 4 de março.

Benefícios

Desde a primeira edição, todos os estudantes aprovados terão direito à moradia, alimentação e transporte gratuito durante todo o curso. A escola oferece ainda curso de inglês.

No primeiro dia de aula, o aluno recebe o kit de boas-vindas, com um computador pessoal de última geração, já equipado com os programas necessários para realização das atividades acadêmicas.

O aluno da segunda turma de Ciência e Tecnologia Davi José Araújo Pereira, de 20 anos de idade, que saiu de Barra do Corda (MA), conta como esses benefícios mudaram o curso da vida acadêmica dele. 

“O acesso à moradia, computador, alimentação, curso de inglês e o pagamento da passagem para Campinas me permitiram estar aqui. Minha família não teria condições financeiras para proporcionar estar em um lugar como a Ilum e nem em Campinas. Quero continuar na Física, fazer doutorado, após me formar”.

O mesmo entendimento tem a aluna da primeira turma do bacharelado Beatriz Borges, de 21 anos de idade, de Aracaju, que tem o sonho de ser cientista desde criança. “Sou de família humilde, a primeira a ingressar em um curso superior. Sempre estudei em escola pública. Não conseguiria me manter, em Campinas, sem a moradia, alimentação, laptop. A Ilum me permitiu sair de Aracaju e fazer uma faculdade de excelência”.

O aluno da primeira turma do curso Gabriel Torquato de Souza, 19 anos de idade, disse que a escola de ciências mudou a vida dele. “Se não fosse a Ilum, estaria trabalhando e fazendo um curso superior à noite [em Manaus]. A qualidade do ensino aqui é de excelência e o projeto pedagógico é voltado para interdisciplinaridade”.

Laboratório da Ilum Escola de Ciência, de Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, em Campinas (SP) – Ilum Escola/Divulgação

Escola de ciência

Criada em 2021 por professores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), a Ilum Escola de Ciência tem como objetivo formar os cientistas do futuro e, para isso, oferece graduação interdisciplinar e gratuita, com foco na prática em grupo, troca de conhecimentos e experimentação.

A instituição de ensino superior conta com espaços para estudos, trabalhos em equipe e de convivência integrada. O corpo docente usa os quatro laboratórios nacionais considerados de ponta, do CNPEM, ao qual é vinculada.

Toda essa estrutura com equipamentos didáticos avançados é destinada às aulas práticas. Desde o primeiro semestre, os alunos vivenciam uma experiência integrada de imersão no que aprendem em sala de aula.

Ilum Escola de Ciência, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, em Campinas (SP) – Foto: Ilum Escola/Divulgação

Estudar ciência no Brasil não é fácil. As condições não são as mais adequadas. Saber que meu país tem um pólo dessa qualidade, me dá muita esperança”, disse a aluna da segunda turma da Ilum Ana Karen de Oliveira Pinto, de 20 anos de idade, natural do Rio de Janeiro.

A Ilum é financiada pelos ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Já o CNPEM é uma organização social sem fins lucrativos que integra os laboratórios nacionais de referência para pesquisas nas áreas da saúde, energia renovável, ciências agroambientais, materiais renováveis e tecnologias quânticas. A infraestrutura, com instalações que permitem multiusuários, é aberta à comunidade científica brasileira e internacional.

Nesse centro, trabalham equipes científicas multitemáticas especializadas, que adotam linhas estratégicas de investigações acadêmicas e lideram projetos em parceria com o setor produtivo e industrial, além de formar investigadores e estudantes.

O espaço abriga, também, o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron Sirius, apontado pela comunidade científica como um dos mais modernos aceleradores de elétrons do mundo. Esse complexo da ciência brasileira é usado para investigar a composição e a estrutura da matéria, em variadas formas, com aplicações em inúmeras áreas do conhecimento.

Mulheres são maioria em terceira seleção para graduação em ciências

O número de mulheres aprovadas na terceira edição do curso de graduação em Ciência e Tecnologia, da Ilum Escola de Ciência, em Campinas (SP), foi maior do que de homens pela primeira vez. A faculdade gratuita interdisciplinar em Ciência e Tecnologia integra o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), sob supervisão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

A lista da primeira chamada deste ano com os nomes dos 40 aprovados foi divulgada na sexta-feira (2) pela Ilum Escola de Ciência. Dos aprovados, 62,5% são mulheres e o restante 37,5%, homens.

O diretor da Ilum Escola de Ciência e também membro da Academia Brasileira de Ciência, Adalberto Fazzio, explicou que o resultado faz parte da ampliação do debate na sociedade científica sobre a importância do aumento da presença de mulheres na ciência. 

Ilum Escola de Ciência, faculdade inovadora e gratuita do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, em Campinas – Foto: Ilum Escola/Divulgação

“Temos visto diversas iniciativas Brasil afora para incentivar essa maior entrada de meninas nos cursos das mais diversas áreas da ciência, e essa mudança na sociedade certamente trará inúmeros benefícios a toda comunidade científica e à sociedade de forma geral”, avalia.

Do total dos convocados, 42,5% são da Região Sudeste; 30%, do Nordeste; 15%, do Centro-Oeste; 10%, do Sul; e 2,5%, do Norte.

A seleção dos aprovados considerou a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem); a carta de intenção, com formulário com a manifestação de interesse com relatos de experiências pessoais e escolares; e entrevistas remotas com os pré-selecionados. Metade das vagas foi reservada a estudantes da rede pública de ensino.

Com o lema O Mundo Precisa de Mentes Curiosas e Questionadoras, a Ilum atraiu número recorde de estudantes interessados em se tornar cientistas. A terceira edição do processo seletivo anual registrou 3,9 mil inscrições, de todas as regiões do país, o que resultou em uma média de 97,5 candidatos por vaga, em 2024.

Matrícula

Ilum Escola- Ilum Escola/Divulgação

O curso superior em Ciência e Tecnologia tem 3 anos de duração, em período integral. As matrículas para o curso de bacharelado podem ser realizadas pelos 40 selecionados na primeira chamada, desde segunda-feira (6). Para confirmar o interesse, é necessário preencher digitalmente os dados cadastrais e enviar a documentação necessária.

No caso de desistência da matrícula, a Ilum Escola de Ciência convocará outros candidatos seguindo as classificações.

O início das aulas será em 4 de março.

Benefícios

Desde a primeira edição, todos os estudantes aprovados terão direito à moradia, alimentação e transporte gratuito durante todo o curso. A escola oferece ainda curso de inglês.

No primeiro dia de aula, o aluno recebe o kit de boas-vindas, com um computador pessoal de última geração, já equipado com os programas necessários para realização das atividades acadêmicas.

O aluno da segunda turma de Ciência e Tecnologia Davi José Araújo Pereira, de 20 anos, que saiu de Barra do Corda (MA), conta como esses benefícios mudaram o curso da vida acadêmica dele. 

“O acesso à moradia, computador, alimentação, curso de inglês e o pagamento da passagem para Campinas me permitiram estar aqui. Minha família não teria condições financeiras para proporcionar estar em um lugar como a Ilum e nem em Campinas. Quero continuar na Física, fazer doutorado, após me formar”.

O mesmo entendimento tem a aluna da primeira turma do bacharelado Beatriz Borges, de 21 anos, de Aracaju, que tem o sonho de ser cientista desde criança. “Sou de família humilde, a primeira a ingressar em um curso superior. Sempre estudei em escola pública. Não conseguiria me manter, em Campinas, sem a moradia, alimentação, laptop. A Ilum me permitiu sair de Aracaju e fazer uma faculdade de excelência”.

O aluno da primeira turma do curso Gabriel Torquato de Souza, 19 anos, disse que a escola de ciências mudou a vida dele. “Se não fosse a Ilum, estaria trabalhando e fazendo um curso superior à noite [em Manaus]. A qualidade do ensino aqui é de excelência e o projeto pedagógico é voltado para interdisciplinaridade”.

Laboratório da Ilum Escola de Ciência, de Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, em Campinas (SP) – Ilum Escola/Divulgação

Escola de ciência

Criada em 2021 por professores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), a Ilum Escola de Ciência tem como objetivo formar os cientistas do futuro e, para isso, oferece graduação interdisciplinar e gratuita, com foco na prática em grupo, troca de conhecimentos e experimentação.

A instituição de ensino superior conta com espaços para estudos, trabalhos em equipe e de convivência integrada. O corpo docente usa os quatro laboratórios nacionais considerados de ponta, do CNPEM, ao qual é vinculada.

Toda essa estrutura com equipamentos didáticos avançados é destinada às aulas práticas. Desde o primeiro semestre, os alunos vivenciam uma experiência integrada de imersão no que aprendem em sala de aula.

Ilum Escola de Ciência, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, em Campinas (SP) – Foto: Ilum Escola/Divulgação

“Estudar ciência no Brasil não é fácil. As condições não são as mais adequadas. Saber que meu país tem um pólo dessa qualidade, me dá muita esperança”, disse a aluna da segunda turma da Ilum Ana Karen de Oliveira Pinto, de 20 anos, natural do Rio de Janeiro.

A Ilum é financiada pelos ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Já o CNPEM é uma organização social sem fins lucrativos que integra os laboratórios nacionais de referência para pesquisas nas áreas da saúde, energia renovável, ciências agroambientais, materiais renováveis e tecnologias quânticas. A infraestrutura, com instalações que permitem multiusuários, é aberta à comunidade científica brasileira e internacional.

Nesse centro, trabalham equipes científicas multitemáticas especializadas, que adotam linhas estratégicas de investigações acadêmicas e lideram projetos em parceria com o setor produtivo e industrial, além de formar investigadores e estudantes.

O espaço abriga, também, o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron Sirius, apontado pela comunidade científica como um dos mais modernos aceleradores de elétrons do mundo. Esse complexo da ciência brasileira é usado para investigar a composição e a estrutura da matéria, em variadas formas, com aplicações em inúmeras áreas do conhecimento.

Bloco das Divinas Tetas reúne multidão na Esplanada dos Ministérios

Com mensagens em defesa da diversidade, do respeito e da sustentabilidade, como “carnaval acessível é pra toda gente”, “paquera pode, assédio é crime” e “jogue beijos no ar, não lixo pelo chão”, o Bloco das Divinas Tetas convidou os foliões a participarem da festa de Momo nesta segunda-feira (12), no gramado da Biblioteca Nacional, e o público foi. Até o sol e o céu azul de Brasília apareceram ao som da brasilidade do bloco, que desfila desde 2016, músicas dos ícones do movimento da Tropicália, como de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Os Mutantes e Tom Zé.

Bloco de carnaval Divinas Tetas.  – Foto Antônio Cruz/ Agência Brasil.

Uma das produtoras do bloco, Paula Rios, lembrou que, embora faça parte do carnaval da capital federal há 8 anos, o Divinas Tetas não reunia seu público há três anos, já que a pandemia de covid-19 não permitiu a saída dos blocos em 2021 e 2022 e, em 2023, o grupo fez apenas uma participação no Setor Carnavalesco Sul, com formato menor e número de brincantes restrito. Por causa desse tempo todo longe, os organizadores não sabiam como seria desta vez. “O público veio e estávamos todos morrendo de saudades, porque a gente não saia com esse tamanho, esse espaço desde antes da pandemia”, destaca Paula.

O público não só veio, como comemorou o retorno. “Está uma delícia! As pessoas estão animadas, diferente do último ano, que tinha menos gente e as pessoas pareciam meio cabisbaixas, ainda com medo da pandemia”, destaca o doutorando em história social, Mateus Siqueira, que aproveitou a festa acompanhado da amiga Sônia Rampim, também doutoranda em política cultural. “É muito bom ter um carnaval em um espaço público, democrático e da diversidade”, complementa.

Bloco de carnaval Divinas Tetas. ( Sônia Rampim e o amigo Matheus Squeira) – Foto Antônio Cruz/ Agência Brasil.

A mudança de local também foi elogiada pelo público, já que antes da pandemia, o bloco costumava desfilar no Setor Comercial, primeiro da Asa Sul, depois da Asa Norte. “O dia tá lindo, tem gente de todas as idades, com acesso fácil de transporte e está super seguro. E como começou cedo dá pra aproveitar ainda mais”, comemora Amanda Martins, que curtia o bloco com as amigas.

Amanda Martins curtiu o bloco ao lado das amigas. – Foto Antônio Cruz/ Agência Brasil.

Até o clima ajudou na folia, já que, segundo Paula, a chuva dos últimos dias em Brasília era uma preocupação, em relação ao gramado, que poderia virar lama. “O sol apareceu e ficamos em um espaço muito legal. É muito bom estar na Esplanada, estar ao lado de monumentos como esses que a gente tem em Brasília.”

Entre os grupos de foliões Mateus Marques e Paulo Henrique de Castro pularam carnaval, mas sempre atentos à hidratação, já que o dia bonito também exige mais atenção dos foliões. “Embora aqui seja mais amplo, também tem menos sombra, então tem que brincar um pouco e fazer algumas pausas nos poucos pontos que tem para se proteger do sol”, diz Mateus. “Mas todo lugar tem seus prós e contras e aqui é bem amplo e está bem seguro o que acaba atraindo um público bem diversificado. Tem muitos jovens e também muitas pessoas mais velhas”, complementa Paulo.

Mateus Marques e Paulo Henrique Castro saíram no bloco da hidratação – Foto Antônio Cruz/ Agência Brasil.

E desfilando toda essa diversidade de público, fantasias e brincadeiras, o bloco das Divinas Tetas retomou o seu já conhecido “território 100% de amor e respeito”.

Bloco da Terreirada reúne no Rio famílias e foliões criativos

O verde da Quinta da Boa Vista ganhou a companhia de novas cores em um carnaval para todas as faixas etárias. Assim como acontece todos os sábados, o parque localizado na zona norte do Rio de Janeiro foi o destino escolhido para o passeio de diversas famílias. Mas não é um fim de semana comum: crianças, pais e avós caíram na folia com o Bloco da Terreirada.

Junto a eles, jovens com fantasias coloridas formavam uma aglomeração para acompanhar o encontro entre ritmos nordestinos e a tradição do carnaval carioca. A apresentação do Bloco da Terreirada é repleta de signos e referências da cultura popular, em especial o Reisado de Congo do Cariri.

O reencontro de Isaque com sua mãe, após um pequeno susto, comprovava a atmosfera acolhedora. Após o sumiço da criança em meio aos presentes, líderes do bloco pediram que todos se assentassem. A mobilização permitiu que ela fosse rapidamente localizada, sob aplausos coletivos.

Fantasia de Vincent Van Gogh fez sucesso na Quinta da Boa Vista. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil 

A criatividade das fantasias facilitava as brincadeiras entre desconhecidos. Um Vincent Van Gogh não cansava de tirar fotos com foliões que o abordavam sucessivamente. Vestindo uma das fantasias mais criativas, a diretora de arte visual Beatriz Moisés destacou que a atmosfera também é influenciada pelo conforto do espaço. Com uma grande nuvem na cabeça, ela teria dificuldades de se locomover em outros blocos que transitam por vias apertadas.

“Fiz bem de última hora. Estava trabalhando na montagem de um cenário e aproveitei materiais que estavam sobrando. Usei uma lanterna japonesa para montar a base de cabeça e acrilon por fora. E fiz essa chuvinha com pedrinhas. Primeiro surgiu a ideia de fazer a fantasia. Depois eu pensei em um bloco que onde eu pudesse ir com ela. Um que coubesse ela. E como eu amo o Terreirada, foi a escolha certa. Não sei dizer o porquê, mas eu amo o Terreirada. Eu venho todo ano sim, acho lindo”, explicou.

Outros dois foliões também viram no Terreirada Cearense o bloco ideal para exibiram suas fantasias originais. “A ideia era fazer algo que ligado às crianças, ligado à paz. Então a gente quis juntar bonecos, fitas, emojis. Uma mistura justamente para colocar a criança para fora nesse carnaval. Quando a gente terminou o figurino, a gente falou: ‘é a cara de uma terreirada’. A gente vai se divertir bastante”, disse o agente de viagem, Leonardo Silva.

O bloco surgiu em 2012 e, desde 2015, tem a configuração de banda, percussão e perna de pau. Anualmente, há duas grandes apresentações: uma celebração de carnaval e um arraial em junho, também na Quinta da Boa Vista. Ensaios e outros eventos menores também são realizados sem data fixa.

 Foliões na apresentação de carnaval do bloco da Terreirada Cearense, na Quinta da Boa Vista. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Segundo explicou à Agência Brasil a produtora-executiva do bloco, Juliana Costa, a banda é composta por Deya Motta, Natascha Falcão, Thalita Duarte, Vitoria Rodrigues, Beto Lemos, Gabe Pontes e Eduardo Karranka. O desfile mobilizou ainda 200 componentes, divididos igualmente entre a Ala da Percussão e a Ala dos Pernaltas.

Entre os participantes, estão alunos de oficinas de percussão e de perna de pau realizadas pelo bloco. “A gente tem parceria com dois projetos. Um é a Liga do Bem. O outro é o Ser Criança Perna de Pau, que levam as crianças para a apresentação”, informou Juliana. Cerca de 15 crianças participam da oficina, entre 8 e 14 anos de idade, além de alguns pais e mães.

A Ala de Percussão está sob responsabilidade pela maestrina Thais Bezerra, que também assina a direção musical dos enredos e apresentações do bloco. Ela comanda uma oficina dois dias por semana. Nas aulas, ela trabalha a música como ferramenta do brinquedo popular, explorando os folguedos e a diversidade rítmica da cultura brasileira. São usados instrumentos variados como zabumba, alfaia, Caixa, xequerê, ganzá, triângulo e agogô.

Já a Ala Pernalta se desdobra da oficina de perna de pau que, desde 2014, estrutura a linguagem performática das apresentações. As aulas são comandadas pela atriz, educadora e artista multilinguagem Raquel Potí, também responsável pela direção artística e cênica do bloco. A oficina acontece nos jardins do Museu de Arte Moderna (MAM), na zona sul do Rio de Janeiro, aos sábados. Conforme divulga o bloco, as aulas proporcionam aos alunos a oportunidade de “ver a si e o mundo a partir de um novo ponto de vista, potencializar potências, fortalecer comunidades, promover o desenvolvimento pessoal e coletivo, brincar e fazer arte”.

 Apresentação de carnaval do bloco da Terreirada Cearense, na Quinta da Boa Vista. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Bebida mineira

A bebida que se tornou febre no carnaval de Belo Horizonte nos últimos anos também marcou presença na Quinta da Boa Vista. Fabiano de Gonçalves Medeiros apostou na venda do xeque mate para buscar uma renda extra em meio à folia. “Está pegando bem, está fazendo sucesso aqui. Tem uma curiosidade por causa dos ingredientes. E culturalmente o mate é muito presente no Rio. As pessoas tomam na praia, nas lanchonetes”, disse.

Goiano, Fabiano é geólogo e está realizando sua pós-graduação no Rio de Janeiro. Uma das matérias do curso foi concluída em intercâmbio na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. “Todo mundo lá é apaixonado por essa bebida. Eu fiquei lá um mês. Está fazendo um sucesso merecido. Mas é uma bebida que tem que ter cuidado. Porque o mate com guaraná e limão mascara o gosto do rum. Então você está tomando uma bebida refrescante, mas que tem mais de 8% de álcool. Na terceira ou quarta, já pode ficar balançado”, conta.

Sambódromo do Rio completa 40 anos com evolução de desfiles

 

O Sambódromo do Rio completa 40 anos em 2024, e o palco de apresentação das escolas de samba tem muita história que revela a alma de sambistas. Antes da construção da Passarela do Samba, os componentes das escolas conviviam com incertezas até saber onde seria o local dos desfiles.

A estreia da disputa pelo campeonato foi na Praça Onze, no centro, em 1932. A escolha do local não foi por acaso. Lá se reunia a comunidade negra para fortalecer a cultura africana. Depois, nas diversas mudanças, os desfiles passaram pela Candelária, pelas avenidas Rio Branco, Presidente Vargas e Antônio Carlos, além da Rua Marquês de Sapucaí, onde está atualmente. Em comum, todos esses locais tinham o centro da cidade.

A escolha da área que receberia as agremiações ao longo dos anos não era o único problema. Superada essa etapa, ainda havia o transtorno de todo ano com a montagem das arquibancadas metálicas, acrescida da ansiedade para ver se seria concluída a tempo do carnaval. Outro fator em comum era o tumulto no trânsito já problemático da capital. Os motoristas precisavam ter paciência porque os trajetos eram alterados, e tudo só se resolvia quando, finalmente, as estruturas eram desmontadas.

Passarela definitiva

Vilma Nascimento diz que pediu ao governador Brizola um local definitivo para os desfiles – Lula Marques/Agência Brasil

Apesar do cenário um tanto caótico, as escolas compensavam o público com grandes apresentações. Toda essa confusão terminou em 1994, quando finalmente os sambistas puderam ter um lugar para chamar de seu. O pedido ao governo da época para a construção partiu de um casal de sambistas bem conhecidos: a lendária porta-bandeira da Portela Vilma Nascimento e seu marido, Mazinho, que mais tarde teve seu trabalho de planejamento dos desfiles reconhecido pela Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), responsável pelo Grupo Especial, considerado a elite do carnaval carioca.

“Todo ano a gente ficava na dúvida: tava chegando o carnaval, e a gente não sabia onde ia ser o desfile. Era muito preocupante. Armava e desarmava a arquibancada. Era horrível”, comentou a porta-bandeira em entrevista à Agência Brasil.

Pedido atendido

O desfile no ano de inauguração do sambódromo teve um gosto especial. “Para mim, foi uma glória. Eu disse: ‘estou realizada’. Eu e meu marido pedimos ao [então governador do estado, Leonel] Brizola, e ele fez. Cada ano que eu entro ali, agradeço a Deus, ao papai do céu. Cada vez que eu boto o pé na avenida, para mim, é uma alegria muito grande. Desde os 7 anos eu lido com samba”, comentou a porta-bandeira, também conhecida como Cisne da Passarela.

Vilma contou que, por meio do amigo Pedro Valente, fez o pedido para a construção de um local único para os desfiles chegar ao governador Brizola, que gostou da ideia e incumbiu o vice, o antropólogo e educador Darcy Ribeiro, de levar a tarefa adiante. O resultado foi um projeto do arquiteto Oscar Niemeyer, inaugurado com capacidade para receber 60 mil pessoas. “Pedimos ao Pedro Valente que falasse com o Brizola, que era o governador na época. O Brizola achou bom, e o Darcy fez ali onde é a passarela, mas foi a pedido meu e do Mazinho”, revelou.

Para Vilma, outra vantagem do Sambódromo são os ensaios técnicos que precedem os desfiles oficiais no carnaval. “Isso é ótimo. As escolas começam a se armar no ensaio técnico. Ali é que dá para ver o que vai dar certo ou não. É uma experiência. Eu adoro o ensaio técnico. A gente tem muito contato com o público. O sambista verdadeiro adora ensaio técnico”, afirmou a sambista, que, perto de completar 86 anos em junho, não se apresenta mais como porta-bandeira, mas não perde um ensaio e muito menos um desfile.

Empolgado com a proposta, Niemeyer foi logo alertado de que precisaria fazer alterações no traçado para incluir algumas características das apresentações das escolas, como, por exemplo, recuos para a bateria. São dois, um logo no início da pista, antes do Setor 2 o outro entre os setores 9 e 11. Ao se preparar para a escola pisar na avenida, primeiro entram os componentes da bateria, que já fazem a alegria do público do Setor 1, um dos setores populares do Sambódromo.

Significado

A memória mais antiga que o carnavalesco da Imperatriz Leopoldinense, Leandro Vieira, tem do Sambódromo é sua estrutura arquitetônica como palco para o carnaval que, ainda criança, via da TV de casa no subúrbio do Rio. “Propor algo que desfilaria naquele lugar foi algo mágico. Eu estaria com meu trabalho, minha gente, minhas ideias, no mesmo palco onde dezenas de artistas de quem sou fã estiveram e seguem estando”, contou por meio de mensagem à Agência Brasil.

Para Leandro Vieira, estar à frente do enredo de uma escola e ainda ser colecionador de títulos é se juntar a tantos outros artistas que contam histórias do Brasil. “Ser campeão ali é somar um pouco da minha trajetória à trajetória de tantos outros artistas que fizeram daquele palco o palco de suas propostas para pensar, traduzir e inventar um Brasil que nos redima das feridas e nos orgulhe enquanto nação”, afirmou o carnavalesco,

Leandro tem no Grupo Especial tem dois campeonatos pela Mangueira e um na Imperatriz e, ainda na mesma escola, ganhou o título na Série Ouro, o que permitiu o retorno da Imperatriz à elite do carnaval carioca.

Mudanças

O maior espetáculo da terra, como são chamados os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, foi evoluindo com o passar dos anos. O esquema de som foi ficando cada vez mais potente para permitir que toda a escola acompanhasse o samba de qualquer setor do enredo. Junto com o som, houve o avanço da iluminação para dar mais brilho aos desfiles da noite até o raiar do dia.

“Nenhuma escola termina [o desfile] depois das 5h30 da manhã. Dia escuro para todas elas, sem exceção. Todas elas obedecem ao regulamento, e tem penalidades também. Se tiver um carro quebrado é outra coisa, acidente de percurso, mas, dentro da normalidade, os desfiles começam e terminam na hora certa todos os anos”, informou o presidente da Liesa, Jorge Perlingeiro, à Agência Brasil.

Camarotes

Com o tempo, foi aumentando o número de camarotes e também os preços de cada um. Grandes marcas passaram a pagar pelos espaços para realizar eventos que se distanciam dos desfiles. É comum atualmente ter shows de artistas fora do universo dos desfiles e enquanto as escolas se apresentam na avenida.

“Os camarotes são muito luxuosos. É uma outra vida lá dentro. Uma outra festa. Não permite a todos ficar no parapeito para assistir a escola passar”, disse o radialista e apresentador da Rádio Nacional Rubem Confete, sambista e especialista em escolas de samba.

“O desfile sofreu uma transformação incrível. Vejo hoje como uma grande festa social. As escolas ganharam visibilidade e foi bom para o componente que faz a sua festa particular”, completou, assinalando que o Grupo Especial se transformou em uma indústria com grande faturamento. Atualmente, os recursos são obtidos, entre outras fontes, com a venda da transmissão, de ingressos e contratos com patrocinadores, além dos recursos repassados pela prefeitura do Rio e pelo governo do estado.

O tempo também tem mostrado que, com a evolução dos desfiles e das dimensões dos carros alegóricos, cada vez mais compridos, altos e com novas tecnologias de movimentação, há necessidade de alterações no planejamento.

Para os carnavalescos, esta é uma preocupação. Alexandre Louzada, campeão seis vezes no Rio, com a Mangueira, a Vila Isabel, a Beija-Flor e a Mocidade Independente e duas em São Paulo, com a Vai-Vai, este ano está à frente do enredo Unidos da Tijuca, O Conto de Fados. Ele disse que, embora o Sambódromo tenha sido de relevância indiscutível para as escolas de samba, por ser um espaço permanente que permite ensaios mais perto da realidade, o espetáculo evoluiu. As agremiações tiveram que se adaptar, mas precisam de mais.

“São necessários ajustes no espaço de concentração, algumas coisas deveriam melhorar, tais como a retirada ou a suspensão daquela passarela de pedestres para que as escolas consigam montar suas alegorias com segurança e em tempo hábil”, ressaltou, em mensagem pedida pela Agência Brasil, referindo-se à impossibilidade da montagem total das alegorias mais altas por causa da passarela, o que só pode ser concluído depois os carros passam por ela.

Louzada propôs ainda um estudo para permitir que todas as escolas se concentrem apenas do lado chamado de Correios, por estar próximo da sede da empresa no Rio. Em geral, os problemas de entrada dos carros na avenida ocorrem na concentração do outro lado, chamado de Balança, por ser perto do edifício que tem esse nome. “Se solucionar a concentração, diminuem bastante esses acidentes de percurso.”

De acordo com o carnavalesco, até agora, as mudanças ficaram apenas no formato dos desfiles, que tiveram o tempo reduzido. Louzada criticou ainda o regulamento, que, para ele, a cada ano se torna mais rígido e distante do conjunto que antes era o fator diferencial das escolas.

“Hoje o julgamento é um caça-erros ou defeitos, pequenos detalhes que acabam por retirar uma escola da competição. Vale o critério de cada julgador avaliar o que realmente é relevante para retirar um ou mais décimos”, afirmou.

Para o presidente da Liesa, o tempo também trouxe a organização dos desfiles, que antes não eram cronometrados. Eram comuns os atrasos das escolas.

Segundo Perlingeiro, a redução no número de componentes contribuiu para a organização dos desfiles com um planejamento melhor. “Hoje as escolas têm de 3.200 a 3.500 componentes porque não dá para colocar mais pelo tamanho dos carros [alegorias] e das fantasias, pelas paradas para apresentação de comissão de frente; de mestre-sala e porta-bandeira; bateria. A gente não pode aumentar mais o tempo: 70 minutos é um tempo excelente. Esta foi a evolução do carnaval”, pontuou.

Torcidas

Jorge Perlingeiro disse que a presença das torcidas não determina mais o volume de vendas de ingressos. “Eu vejo hoje que não é mais a torcida da escola que aumenta ou diminui público. O exemplo maior é o Sábado das Campeãs. Até uns 10 anos atrás, só vendíamos ingressos para o desfile das campeãs depois da apuração de quarta-feira. O integrante esperava para ver se sua escola ganharia, ou se viria entre as seis, para depois comprar o ingresso”, afirmou.

Para o presidente da Liesa, o sucesso na venda de ingressos neste ano, tanto para os dias dos desfiles oficiais quanto para o Sábado das Campeãs, comprova que o público gosta mesmo é do espetáculo, sem se importar com quais escolas vão se apresentar.

Setor de serviços avança 2,3% em 2023, revela o IBGE

Os serviços cresceram 2,3% em 2023 no terceiro ano seguido de expansão do setor. Em dezembro passado, o volume de serviços no Brasil avançou 0,3%, sendo o segundo resultado positivo consecutivo. O acumulado nos dois últimos meses do ano representou avanço de 1,2%, o que permitiu a recuperação de parte da perda de 2,1% anotada entre agosto e outubro.

Em relação a dezembro de 2022 os serviços apresentaram recuo de 2,0%, que é o mais intenso desde janeiro de 2021, quando houve queda de 5,0%. No acumulado dos últimos 12 meses, os serviços diminuíram o ritmo. Eles apresentaram recuo na magnitude de crescimento de 3,1% em novembro para 2,3% em dezembro de 2023. Os números fazem parte da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada nesta sexta-feira (9), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A série histórica mostrou que, com a alta de 0,3% de dezembro, o setor de serviços ficou 11,7% acima do nível pré-pandemia, em fevereiro de 2020, e 1,7% abaixo do ponto mais alto da série em dezembro de 2022.

Para o IBGE, a última vez que o setor de serviços registrou crescimento por três anos consecutivos foi entre 2012 e 2014. Naquele momento, houve ganho de 11,3%. No triênio atual – de 2021 a 2023 – a evolução foi ainda mais expressiva: avanço de 22,9%. O IBGE informou, também, que o crescimento de 2,3% registrado em 2023 foi o menos intenso da sequência. Em 2021, a alta ficou em 10,9% e em 8,3% em 2022.

Segundo o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, em 2021 e 2022 houve a construção de uma base de comparação elevada, que pode ser explicada tanto pela retomada do setor após o período de isolamento da pandemia de covid-19, como, sobretudo, por conta dos ganhos extraordinários dos segmentos de serviços de tecnologia da informação e o do transporte de cargas.

“Dessa forma, apresentar expansão sobre dois anos que cresceram substancialmente é algo relevante”, informou o IBGE.

Atividades

Quatro das cinco atividades da Pesquisa Mensal de Serviços tiveram taxas positivas em 2023. A pesquisa apontou ainda que 55,4% dos 166 tipos de serviços analisados tiveram crescimento. Os destaques ficaram por conta dos serviços de informação e comunicação (3,4%) e de profissionais, administrativos e complementares (3,7%).

“No primeiro, os principais impactos foram do aumento das receitas das empresas que atuam nos segmentos de telecomunicações; desenvolvimento e licenciamento de softwares; desenvolvimento de programas de computador sob encomenda; tratamentos de dados, provedores de serviços de aplicação e serviços de hospedagem na internet; e portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação na Internet”, detalhou o IBGE.

A expansão de locação de automóveis; de serviços de engenharia; de cobranças e informações cadastrais; de atividades de intermediação de negócios em geral; e de agências de viagens favoreceu o resultado dos serviços profissionais, administrativos e complementares.

“Atividades que se fortaleceram no contexto do pós-pandemia colocaram o setor de serviços em patamares elevados. Houve, por exemplo, aumentos consideráveis nos serviços voltados às empresas, notadamente os serviços de TI [tecnologia da informação]”, observou o gerente.

Neste contexto, ele ressaltou o transporte rodoviário de carga, que influenciou o avanço de 1,5% nas atividades de serviços de transportes, serviços auxiliares aos transportes e Correios. “É um segmento que cresceu, num primeiro momento na esteira do aumento do comércio eletrônico e que ganhou novos impulsos com a expansão da produção agrícola, na medida em que se cria a necessidade de transporte de insumos, como adubos e fertilizantes, além de operar o próprio escoamento da colheita”, explicou.

Famílias

Os serviços prestados às famílias registraram alta de 4,7% e fecharam as atividades em expansão. Único a ter resultado negativo, o setor de outros serviços apresentou retração de 1,8%. O motivo foi a menor receita vinda de serviços financeiros auxiliares; administração de fundos por contrato ou comissão; corretoras de títulos e valores mobiliários; e administração de bolsas e mercados de balcão.

Para o pesquisador, o resultado de 2023 seguiu a tendência observada em 2022. “Com a retomada pós-isolamento da pandemia, há uma redistribuição da renda disponível das famílias, com redução das aplicações financeiras e aumento do consumo de bens e serviços, que estavam mais represados nos períodos de maior incerteza”, disse.

Estados

Das 27 unidades da federação, 25 tiveram elevação na receita real de serviços, sendo os resultados positivos em Minas Gerais (7,7%), Paraná (11,2%), Rio de Janeiro (3,3%), Mato Grosso (16,4%), Santa Catarina (8,0%) e Rio Grande do Sul (4,4%). As quedas foram anotadas em São Paulo (-1,8%) e Amapá (-2,2%).

Pela primeira vez, o setor de serviços prestados à família ultrapassou o patamar pré-pandemia em dezembro de 2023. Essa era a única atividade da pesquisa que ainda não havia conseguido esse desempenho. Em dezembro, houve alta de 3,5% e, com isso, os serviços prestados às famílias passaram a ficar no maior nível desde fevereiro de 2016.

“É um setor que veio, pouco a pouco, eliminando as perdas da pandemia. Houve uma mudança na configuração das atividades. Os serviços de aplicativos de entrega, por exemplo, acabaram se apropriando de uma parte das receitas dos restaurantes, havendo, assim, uma transferência de receita entre dois setores do setor de serviços”, exemplifica Lobo.

Apesar da retomada em bom ritmo da atividade turística, que auxilia a melhora do setor de alojamento e alimentação, fundamental para a atividade de serviços prestados às famílias, o retorno ainda gradativo ao trabalho presencial ou híbrido também explica o ritmo mais lento de retomada.

“Ainda há um grande contingente de pessoas trabalhando de maneira remota, o que ajuda a transferir receita dos serviços (restaurantes) para o comércio (supermercado), por exemplo”, relatou Lobo.

Alta nos transportes

Os setores de transportes também foram destaque com a alta de 1,3%. O resultado interrompe uma sequência de campos negativos seguidos, que resultou em perda acumulada de 5,4%. Em movimento contrário, com variação de 0,2%, a atividade de serviços de informação e comunicação teve a terceira taxa positiva seguida. O ganho acumulado ficou em 1,8%. As quedas foram notadas em serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,7%) e os outros serviços (-1,2%).

Também em dezembro, 18 das 27 unidades da federação acusaram crescimento. “A alta mais importante veio de São Paulo (0,6%), seguido por Distrito Federal (2,8%), Santa Catarina (1,8%) e Paraná (0,8%). Em contrapartida, Rio de Janeiro (-2,6%), seguido por Minas Gerais (-1,4%), Mato Grosso (-2,6%) e Mato Grosso do Sul (-4,1%) foram as principais quedas”, informou o IBGE.

Na comparação de dezembro de 2023 com dezembro de 2022, a pesquisa mostrou evolução de 1,4%, sendo a 33ª taxa positiva seguida.

Indicadores

Para o IBGE, a Pesquisa Mensal de Serviços produz indicadores para o Brasil, o que permite acompanhar o comportamento conjuntural do setor de serviços no país.

Nas análises, os pesquisadores investigam “a receita bruta de serviços nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas, que desempenham como principal atividade um serviço não financeiro, excluídas as áreas de saúde e educação”. A próxima divulgação do estudo – referente a janeiro de 2024 – será feita no dia15 de março próximo.

Daniel Alves nega agressão sexual em tribunal de Barcelona

O ex-jogador de futebol Daniel Alves afirmou que teve sexo consensual e não agiu violentamente em seu encontro com uma mulher em uma boate de Barcelona em 2022, ao dar seu depoimento nesta quarta-feira (7) em um julgamento de acusações de agressão sexual.

Falando calmamente, mas encerrando o depoimento com lágrimas nos olhos, o ex-lateral direito de 40 anos do Barcelona (Espanha) disse que a mulher tocou seus órgãos genitais enquanto eles dançavam e voluntariamente o acompanhou ao banheiro, onde ela realizou sexo oral nele e eles tiveram relações sexuais.

Questionado se a havia forçado a fazer sexo ou se agiu violentamente ou não permitiu que ela saísse do banheiro, Alves disse: “Nunca. Não sou esse tipo de homem. Não sou um homem violento”.

As declarações de Alves nesta quarta-feira encerraram três dias de depoimentos no julgamento, que agora entrará na fase de deliberação por um painel com três juízes.

A promotoria pública acusa Alves de ter forçado a mulher a fazer sexo sem seu consentimento e sem usar uma camisinha. A mulher de 23 anos prestou depoimento atrás de uma tela e com voz distorcida para proteger sua identidade.

A Promotoria pede uma sentença de nove anos de prisão e que Alves pague indenização de 150 mil euros à mulher. A mulher quer uma sentença de prisão de 12 anos.

Daniel Alves foi detido em janeiro do ano passado e, desde então, está sendo mantido em prisão preventiva.

Em um primeiro momento, ele negou ter tido qualquer encontro sexual com a mulher e disse que não a conhecia. Depois afirmou que praticou sexo consensual com ela no banheiro de uma boate, acrescentando que havia originalmente negado isso para proteger seu casamento.

O caso atraiu muita atenção não apenas pela fama de Alves, mas porque agressão sexual é um tema político importante na Espanha.

Duas amigas da mulher que acusa Alves disseram ao tribunal, na última segunda-feira (5), que o ex-jogador as apalpou naquela noite, antes de ter supostamente agredido sexualmente sua amiga.

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Bukele vence eleição presidencial 2024 em El Salvador

5 de fevereiro de 2024

 

O salvadorenho, Nayib Bukele, garantiu no domingo uma vitória esmagadora na reeleição para presidente.

Com resultados provisórios mostrando que ele detém 83% dos votos e mais de 70% dos votos contados na manhã de segunda-feira, milhares de apoiadores do homem de 42 anos lotaram a praça central de San Salvador para comemorar seu segundo mandato.

Bukele chegou ao poder em 2019 com promessas de livrar o país da violência das gangues. Em 2022 ele anunciou um estado de emergência após um fim de semana violento, o que lhe permitiu deter e prender milhares de pessoas, mesmo sem acusações formais.

Desde o estado de emergência de 2022, as taxas de homicídio caíram drasticamente, embora a estratégia de encarceramento em massa de Bukele seja posta em dúvida pelos analistas.

Os opositores temem que o poder de Bukele contribua para um movimento em direcção a um regime autoritário, já que se espera que o partido dele conquiste quase todos os 60 assentos no corpo legislativo, potencialmente permitindo-lhe abolir os limites constitucionais dos mandatos.

Estes receios foram desencadeados pela decisão do Tribunal Supremo Eleitoral de permitir que Bukele procurasse a reeleição, apesar da proibição da constituição de El Salvador.

 

Lira diz que Câmara não será inerte em ano eleitoral e cobra acordos;

O Congresso Nacional realizou nesta segunda-feira (5) cerimônia de abertura dos trabalhos em 2024. Em discurso, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que a Casa não ficará inerte este ano em razão das eleições municipais e supostas disputas políticas entre os poderes. Lira cobrou ainda que o governo federal cumpra acordos firmados com os deputados federais como contrapartida à aprovação de pautas consideradas prioritárias.

“Errará grosseiramente qualquer um que aposte numa suposta inércia desta Câmara dos Deputados neste ano de 2024. Seja em razão das eleições municipais que se avizinham, seja, ainda, em razão de especulações sobre eleições para a próxima Mesa Diretora, a ocorrerem apenas no próximo ano. Errará ainda mais quem apostar na omissão desta Casa – que tanto serve e serviu ao Brasil – em razão de uma suposta disputa política entre a Câmara dos Deputados e o Poder Executivo”, ressaltou.

Sessão do Congresso Nacional para a abertura do ano legislativo – Lula Marques/Agência Brasil

Acordos

Arthur Lira destacou que “todas as pautas de Estado andaram e receberam atenção e empenho” pelos deputados federais em 2023, citando a aprovação da reforma tributária, do arcabouço fiscal e desoneração da folha de pagamento de 17 setores econômicos.

De acordo com o deputado alagoano, as aprovações contribuíram para desenvolvimento de ambiente de negócios seguro, bom desempenho da economia, simplificar a vida dos contribuintes e preservação de milhares de empregos no país.

Para que 2024 seja marcado por mais entregas “de interesse do Brasil e dos brasileiros”, Lira afirmou que os acordos firmados com os parlamentares devem ser respeitados.

“Esse exemplo de boa política e de honradez com os compromissos assumidos dados por esta Casa que marcou o ano de 2023 e permitiu a conquista de tantos avanços, também será a tônica para 2024”, disse. “Por nos mantermos fieis à boa política e ao cumprimento de todos os ajustes que firmamos, que exigimos, como natural contrapartida, o respeito às decisões e o fiel cumprimento dos acordos firmados com o Parlamento”.

Lira tem criticado o suposto não cumprimento de acordos negociados com o Executivo para a aprovação de determinadas matérias, como liberação das emendas parlamentares. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou o Orçamento de 2024, com veto de R$ 5,6 bilhões para pagamento de emendas parlamentares.

Orçamento

O presidente da Câmara disse ainda que os parlamentares não serão apenas “carimbadores” do Orçamento, proposto pelo Executivo. “O Orçamento é de todos e para todos os brasileiros e brasileiras: não é e nem pode ser de autoria exclusiva do Poder Executivo e muito menos de uma burocracia técnica que, apesar de seu preparo, não duvido, não foi eleita para escolher as prioridades da nação. E não gasta a sola de sapato percorrendo os pequenos municípios brasileiros como nós, parlamentares.”

Defesa do diálogo

Em mensagem ao Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o diálogo entre os Poderes. “O diálogo é condição necessária para a democracia. Diálogo que supera filiações partidárias. Que ultrapassa preferências políticas ou disputas eleitorais. Que é, antes de tudo, uma obrigação republicana que todos nós, representantes eleitos pelo povo, temos que cumprir”, afirmou na carta, lida pelo primeiro-secretário do Congresso, Luciano Bivar (União-PE).

O presidente reforçou ainda que uma das prioridades deste ano é a regulamentação da reforma tributária, aprovada em 2023.

“Todas essas vitórias conjuntas, algumas vindas de projetos apresentados pelo Executivo, outras oriundas de textos iniciados no Congresso Nacional, representam o nosso compromisso comum com o Brasil e o povo brasileiro. Compromisso que, tenho certeza, se manterá ao longo da trajetória que nós todos começamos a trilhar”, acrescentou.

“Não rompemos com o Congresso”

Sessão do Congresso Nacional para a abertura do ano legislativo Lula Marques/ Agência Brasil

Lula foi representado na cerimônia pelos ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil).

Padilha afirmou que Executivo e Congresso irão manter “a dupla de sucesso” em 2024.

“Tenho certeza absoluta que também será uma dupla de sucesso nesse ano, com a agenda que é compartilhada. A mensagem do presidente ao Congresso Nacional reforça essa busca do diálogo, do compartilhamento da agenda. É o Executivo que lidera essa agenda, mas ele compartilha, negocia e dialoga com o Congresso Nacional. Neste ano, essa mensagem aponta, primeiro, para consolidarmos a recuperação da saúde das contas públicas no país”, disse em entrevista à imprensa.

Em relação ao discurso de Lira a respeito do governo federal, Padilha disse que “o governo vai continuar com essa relação muito positiva, o governo em nenhum momento rompeu e nem nunca romperá relação com o Congresso Nacional”.

Segundo o ministro Rui Costa, há uma sinergia entre as prioridades elencadas pelo Congresso e o governo federal, como a busca pelo investimento externo e redução das desigualdades sociais.

Quanto à liberação das emendas parlamentares, Costa respondeu: “estamos, eu diria, avançando para ter um entendimento, uma posição mediadora, transitória, que acho que vai contemplar as duas Casas, as emendas, tudo vamos resolver”.

O vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, ressaltou em discurso a independência entre os Poderes.