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Casos de dengue caem pela metade no Rio de Janeiro

O boletim Panorama da Dengue, divulgado nesta segunda-feira (15) pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, aponta para queda progressiva de casos da doença ao longo das últimas três semanas. Conforme o boletim, os casos prováveis de dengue caíram quase 50% no estado, passando de 14.782 na semana 12 (de 17/03 a 23/03) para 7.406 na semana 13 (de 24/03 a 30/03).

De acordo com o cenário epidemiológico, o estado do Rio saiu do nível 3 do plano de contingência da secretaria (quando o número de casos prováveis é dez vezes acima do limite endêmico) para o nível 2 (entre cinco e dez vezes). Quatro regiões do estado – Serrana, Metropolitana I, que engloba a Baixada Fluminense e a capital do estado, Baixadas Litorâneas e Norte Fluminense – ainda apresentam número de casos acima do esperado. 

Com base nos dados de hoje, a secretaria decidiu manter o decreto de epidemia e continuar analisando a situação por pelo menos mais duas semanas. Também prorrogou por mais 30 dias a atuação do Comitê de Emergência em Saúde específico da dengue, que reúne técnicos de vários setores da saúde estadual e também da Fundação Saúde.

“Apesar da melhora no cenário epidemiológico, os indicadores ainda nos mostram que é preciso manter toda a atenção nas medidas de controle dos focos do mosquito, assim como na observação dos sintomas e no manejo clínico desses pacientes. Ainda temos números acima do esperado para o momento, e a Região Norte, que foi a última a apresentar piora do cenário, segue com tendência de alta nos casos”, alertou a secretária de Saúde, Claudia Mello,.

Queda no atendimento

O Panorama da Dengue mostra também que os atendimentos de casos suspeitos da doença apresentaram queda de 15% nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) estaduais entre as semanas epidemiológicas 12 e 13, com 9.468 atendimentos e 8.044 respectivamente.

Até esta segunda-feira (15), foram registrados 205.187 casos prováveis de dengue e 109 óbitos confirmados em todo o estado do Rio de Janeiro. A taxa de incidência acumulada está em 1.278 casos/100 mil habitantes.

“Tivemos coragem”, elogiou o técnico do Bragantino após 2 a 2 com Flu

A estreia de Fluminense e Red Bull Bragantino no Campeonato Brasileiro de 2024 foi para lá de movimentada no Maracanã. O Tricolor carioca criou e finalizou bastante, mas viu os visitantes serem muito efetivos nas chances que tiveram, e arrancaram o empate em 2 a 2 na noite de sábado (13). Lima marcou duas vezes para o Flu e largou na frente na tabela de artilheiros do Brasileirão. Eduardo Sasha e Thiago Borbas anotaram para a equipe de Bragança Paulista na segunda etapa. O duelo teve transmissão da Rádio Nacional para todo o Brasil.

Grande jogo no @maracana! No fim das contas, empate! pic.twitter.com/372jKa9mCM

— Brasileirão (@Brasileirao) April 14, 2024

No total, o Fluminense finalizou 26 vezes ao gol adversário e no primeiro tempo foram duas bolas na trave, além de diversas defesas do goleiro Cleiton. O gol só saiu nos acréscimos, após cobrança de escanteio pela esquerda que Lima completou de cabeça.

No entanto, em seis minutos da segunda etapa, o Bragantino fez dois gols em jogadas aéreas, primeiro com Sasha e depois com Borbas, e igualou o placar na casa do Tricolor.

O Flu retomou a pressão e igualou com Lima, que chutou forte de fora da área e viu a bola desviar na zaga e enganar o goleiro Lucão, que havia substituído Cleiton. Na coletiva após o jogo, o tecnico Fernando Diniz, do Tricolor, falou sobre os gols sofridos pelo time em bolas levantadas.

“Não teve nada a ver com jogar sem zagueiros. Para evitar gols de cabeça, temos que evitar bolas paradas e cruzamentos”, expôs.

Já o português Pedro Caixinha, comandante da equipe paulista, enalteceu o bom resultado conquistado no Rio.

“Tenho que ressaltar a coragem da nossa equipe. Foi um jogo difícil, mas tivemos coragem. Saio muito satisfeito com isso”, opinou o treinador.

Na próxima rodada, o Fluminense entra em campo na terça-feira (16), para enfrentar o Bahia, em Salvador. No dia seguinte, o Massa Bruta recebe o Vasco.

Letal, Fortaleza derruba o São Paulo fora de casa

Dois chutes na direção do gol. Foi tudo que o Fortaleza precisou para derrotar o São Paulo em pleno Morumbis, na estreia das equipes no campeonato. Com gols de Lucero e Machuca (André Silva descontou), o Leão fez 2 a 1 na capital paulista e largou com ótimo resultado.

Todos os gols foram marcados na segunda etapa. Aos 21, Lucero recebeu dentro da área, dominou com o peito e finalizou de primeira para marcar um belo gol. Treze minutos depois, em contra-ataque fulminante, Machuca recebeu pela esquerda e finalizou cruzado para marcar o segundo da equipe cearense.

O São Paulo descontou logo depois, com um belo gol de André Silva, que passou pela marcação e finalizou no ângulo do goleiro João Ricardo.

Ao final da partida, os mais de 35 mil torcedores presentes ao estádio, em sua maioria são-paulinos, vaiaram o técnico Thiago Carpini. No outro banco de reservas, o argentino Juan Pablo Vojvoda viu sua sequência de invencibilidade contra o Tricolor paulista se estender: agora são 11 jogos, com seis vitórias e cinco empates (duas dessas partidas foram ainda comandando o Talleres, da Argentina).

Na próxima rodada, os dois tricolores voltam a campo na quarta-feira (17). Às 20h (horário de Brasília), o Fortaleza recebe o Cruzeiro, no Castelão. Às 21h30, o São Paulo visita o Flamengo, no Maracanã.

Fla encara anfitrião Quimsa na final da Champions League de basquete

Por um momento, pareceu que seria tranquilo, mas o Flamengo viveu uma montanha-russa de emoções para eliminar o Halcones de Xalapa, do México e avançar à final da Basketball Champions League Americas (BCLA. Na noite deste sábado (13), em Santiago del Estero, na Argentina, o Rubro-Negro bateu os adversários por 90 a 87, depois de abrir grande vantagem na primeira etapa e ver a equipe mexicana reagir. Na decisão às  22h10 (horário de Brasília) deste domingo (14), o time brasileiro encara o Quimsa, da Argentina.

🇧🇷 Flamengo and Quimsa 🇦🇷 are one victory away from #BCLAmericas glory 🏆. Who will win it all?.

📍Estadio Ciudad, Santiago del Estero 🇦🇷
📺 DirecTV, BCLA YouTube, FanDuel, WAPA TV, Globo
📊 https://t.co/G2wD0pDEG9 pic.twitter.com/02LIggIUha

— #BCLAmericas (@BCLAmericas) April 14, 2024

Durante os dois primeiros quartos, a equipe comandada por Gustavo De Conti teve o controle das ações no estádio Ciudad. Com um Gui Deodato (que terminou como cestinha da equipe, com 25 pontos) inspirado, o Flamengo teve atuação sólida e foi para o intervalo vencendo confortavelmente por 47 a 30.

No entanto, na volta para a quadra, o Halcones e principalmente o ala americano Jordan Glynn se recusaram a sair de cena sem lutar. Impulsionado pela atuação brilhante do jogador na segunda etapa, quando registrou 26 pontos, o time mexicano voltou para o jogo e igualou o placar ainda no terceiro quarto, que terminou com uma parcial de 29 a 12 para o Halcones.

São quatro finais de @BCLAmericas em cinco edições do torneio pro colossal Clube de Regatas do Flamengo! Hoje vamos em busca de mais um título. Juntos!

🆚 Quimsa
⏰ 22h10
📺 FlaTV e SporTV#FlaBasquete pic.twitter.com/rz3XXxU5ar

— Time Flamengo (@TimeFlamengo) April 14, 2024

O último quarto foi tenso, com as duas equipes se revezando na liderança, mas contando com a experiência do armador argentino Franco Balbi e mais uma boa atuação de Gabriel Jaú (14 pontos e 12 rebotes), o Rubro-Negro aguentou a pressão e garantiu a vitória por 90 a 87.

Na final, o Flamengo terá uma revanche da decisão da primeira edição da Champions League das Américas, em 2019-2020, quando o Quimsa saiu vencedor e levou o título. No entanto, na temporada seguinte, a equipe brasileira conquistou a taça e agora vai em busca de se tornar o primeiro clube com duas conquistas na competição.

Crianças do Complexo da Maré relatam violência policial

“Um dia deu correria durante uma festa, minha amiga caiu no chão, eu levantei ela pelo cabelo. Depois a gente riu e depois a gente chorou”. O trecho é do livro Eu devia estar na Escola. A correria é por conta de uma operação policial realizada no Complexo da Maré, complexo de favelas localizado na zona norte do Rio de Janeiro, e quem conta é uma criança.

O livro é uma parceria entre a ONG Redes da Maré e a editora Caixote, reúne depoimentos de crianças e adolescentes da Maré, de situações de violência que viveram no próprio território. “Toda criança pode sentir medo, vai sentir medo e faz parte da vida da criança sentir medo. Mas é diferente sentir medo do monstro debaixo da cama ou de abrir o guarda-roupa à noite e sair de lá uma bruxa, e sentir medo de perder a vida, né? Esse medo de perder a vida elas não deveriam sentir”, diz uma das escribas do livro, Ananda Luz. 

Ananda Luz, uma das escribas do livro por Editora Caixote/Divulgação

Ananda se identifica como escriba porque ela, junto com Isabel Malzoni, organizou os depoimentos e desenhos das crianças e adolescentes. Tanto que quando o livro ficou pronto e elas o apresentaram para as crianças que participaram de todo o processo, logo essas crianças identificaram aquela publicação como sendo também delas.

“Uma delas chegou para mim e falou assim, tia, esse é o nosso livro? Eu parei, sabe aquela coisa de parar dois segundos e falar, era isso. Eu queria que essas crianças falassem, esse é o nosso livro. Eu falei, sim, é o nosso livro. E aí quando eu abro e mostro para ela, ao mesmo tempo que ela lida, e é um assunto difícil, ela fica feliz de ver como ela foi representada, com esse cuidado, com esse carinho, que é expresso desde o processo das falas delas aos desenhos dessas crianças ali”, disse Ananda.

O livro foi elaborado em parceria com a ONG Redes da Maré. A história do livro começa muitos anos antes do lançamento, em 2019, quando a ONG entrega ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro as cartas e os desenhos com depoimentos de crianças sobre a violência que experienciaram. Isabel tem contato com o projeto e imediatamente vê o potencial para se tornar também um livro.

De acordo com dados organizados pela ONG Fogo Cruzado no portal Futuro Exterminado, 642 crianças e adolescentes com idades entre 0 e 17 anos foram baleadas no Grande Rio desde julho de 2016. Isso quer dizer que, em média, a cada quatro dias uma criança ou adolescente é baleado. Dessas, 289 morreram.

Do total, quase metade das crianças ou adolescentes atingidos, o equivalente a 47,6%, foi ferida durante operações policiais. Os dados mostram ainda que um a cada três das crianças e adolescentes alvejados foi vítima de bala perdida. Eles estavam a caminho da escola ou da padaria, brincando no quintal ou correndo com amigos.

Rio de Janeiro (RJ) 12/04/2024 – Livro reúne depoimentos de crianças da Maré sobre violência policial . Foto: Editora Caixote/Divulgação – Editora Caixote/Divulgação

As cartas foram escritas pelas crianças após o assassinato de Marcus Vinicius da Silva, de 14 anos, em 2018. Ele foi morto durante uma operação militar no Complexo da Maré quando estava a caminho da escola.

Elaboração do livro

Ananda diz que seria difícil entrar em contato com as crianças que escreveram as cartas, pois a intenção era proteger a identidade delas. As escribas, com o apoio da Redes da Maré passaram, então, a se reunir com crianças e adolescentes e a coletar novos depoimentos. Ao todo, foram ouvidas mais de 200 que fazem parte de projetos do Redes da Maré. As escribas queriam saber como elas viam as situações de violência que ocorriam na favela.

“A gente nunca escuta as crianças de fato, né, a gente sempre acha que a gente consegue resolver aquelas crianças como adulto e, aí, o livro mostra que elas sabem que elas têm consciência do que atravessam elas e do que pode ser diferente né, então acho que também é um diálogo que é importante a gente trazer”, diz Ananda.

A partir das primeiras escutas, foi formado um grupo menor que passou a ser acompanhado diariamente. Foi desse grupo que saiu o livro. Eu devia estar na Escola reúne desenhos e depoimentos de crianças e adolescentes moradores do Complexo da Maré sobre as violências que ocorrem sobretudo durante as operações policiais.

 Isabel Malzoni  Editora Caixote/Divulgação

“É um livro que traz as vozes delas para falar sobre violência, porque as crianças têm a capacidade de falar sobre o que afeta elas, seja de forma negativa ou seja de forma positiva. Então, também, eu acho que é um convocar que a gente precisa escutar mais as crianças. A gente precisa olhar com horizontalidade para o que ela diz e para que a gente possa também garantir que elas tenham essa cidadania plena garantida”, afirma Ananda.

A capa do livro é envolta por uma segunda capa, na qual estão trechos dos depoimentos das crianças que falam sobre medo. Nela está também um veículo policial blindado, conhecido como caveirão, apontado para as crianças. Quando essa capa é retirada, o cenário muda. As crianças estão felizes jogando bola e brincando.

“O livro tem esse esperançar, porque a gente via isso na criança que estava conversando com a gente, nos adolescentes, via que existia e existe possibilidade de mudança, eles mesmos apontavam. A Maré é um lugar legal pra se viver, eles apontavam isso pra gente. Aqui tem o melhor açaí do mundo, eu ouvi isso de uma criança. A outra falou, eu amo jogar futebol na rua. E elas iam contando as coisas boas que tinham na Maré”, diz.

O livro está à venda pela editora Caixote

Epidemia de dengue é tema do Caminhos da Reportagem deste domingo

O Brasil já registrou mais de 3 milhões de casos prováveis de dengue e mais de mil óbitos causados pela doença até abril deste ano. Dengue: a Realidade de uma Epidemia é o tema do programa Caminhos da Reportagem, que vai ao ar neste domingo (14), às 22h, na TV Brasil.

O programa vai mostrar como as mudanças climáticas e a adaptação do mosquito têm contribuído para a epidemia da doença. O Caminhos da Reportagem aborda desde a identificação dos sintomas e sinais de alerta, passando pela importância da vigilância ambiental e eliminação do mosquito, até novas iniciativas de combate à doença, como a vacinação e a liberação de insetos com uma bactéria que impede que eles transmitam a dengue.

Mudanças climáticas

O professor do Instituto de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Antônio Oscar Júnior explica como o aumento das temperaturas, produzido pelo processo de urbanização e crescimento das cidades, ajuda na proliferação do mosquito.

“Começamos a perceber algumas tendências para o estado do Rio de Janeiro. A gente percebe um aumento entre 3°C e 5°C nas temperaturas mínimas e um aumento entre 3°C e 4°C nas temperaturas máximas. Além de uma concentração da chuva, que é propícia para o desenvolvimento do mosquito. E, por conta dessa característica litorânea do estado do Rio de Janeiro, a gente tem um aporte significativo de umidade, que são as condições necessárias para a proliferação do mosquito”, afirma.

Em sua pesquisa Mudança Climática e Risco de Arboviroses no Estado do Rio de Janeiro, realizada juntamente com o professor Francisco de Assis Mendonça (UFPR), Antônio Oscar Júnior projeta que, até 2070, áreas mais frias e elevadas do estado do Rio, onde não havia prevalência de dengue, como Petrópolis, Teresópolis e Centro-Sul fluminense, sofrerão um aumento de temperaturas e um potencial maior de eclosão de ovos, de desenvolvimento da população de mosquito e de infecção pelo vírus da dengue.

Mosquitos

Gabriel Sylvestre, líder de operações da World Mosquito Program no Brasil (Programa Mundial de Mosquitos, em tradução livre), explica como é possível utilizar o próprio Aedes aegypti contra a dengue. Em parceria com biofábricas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), são produzidos mosquitos com a bactéria Wolbachia.

Gabriel Sylvestre, líder de operações da World Mosquito Program no Brasil – Frame/TV Brasil

“O Wolbito é a junção de Wolbachia com mosquito. Foi descoberto que essa bactéria tinha um efeito protetor em moscas da fruta. Aquela mosquinha que vem na fruteira em casa, ela tem Wolbachia e não se infecta. A ideia era transferir esse modelo para um inseto que fosse importante para a saúde humana. Então, chegou-se à conclusão que o Aedes aegypti precisava receber essa bactéria para que houvesse possivelmente o mesmo efeito que havia com as moscas. Foi um trabalho de sucesso e, em 2009, saiu o primeiro grande trabalho científico que mostrava o efeito protetor da Wolbachia para a dengue”, explica Sylvestre.

Ele participou, então, da liberação de milhares desses mosquitos em Niterói, no Rio de Janeiro, onde observou-se uma enorme redução na contaminação pelo vírus da dengue.

A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, afirma que, com a liberação de Wolbitos, já é possível perceber uma diferença de contaminação entre as cidades de Niterói e do Rio de Janeiro.

Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde – Frame/TV Brasil

“Niterói fez a implantação [do método com Wolbitos], foi a cidade palco da iniciativa. E nós estamos vendo poucos casos de dengue agora em Niterói. Então duas cidades muito próximas, que têm uma mobilidade grande de pessoas entre elas, com situação epidemiológica muito diferente”, avalia Ethel.

Vacina da dengue

Outra iniciativa importante é a vacinação. O Instituto Butantan, em São Paulo, está desenvolvendo a primeira vacina contra a dengue totalmente brasileira. Fernanda Boulos, diretora médica do Instituto, explica que é uma vacina de vírus vivo atenuado, ou seja, é um vírus que passou por um processo de atenuação, de forma que ele não é capaz de causar a doença.

“A vacina da dengue é desafiadora, porque a gente tem quatro sorotipos do vírus. Então nossa ideia foi de colocar os quatro sorotipos dentro da mesma vacina, com a intenção de proteger contra qualquer dengue que esteja circulando”, explica Fernanda.

Os testes dessa vacina já estão na conclusão da terceira fase e os resultados serão enviados até o final deste ano para avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), segundo a diretora do Butantan. Após análise pelo órgão regulador federal, a vacina poderá ser aprovada e incorporada ao calendário vacinal do Sistema Único de Saúde (SUS).

Instituto Butantan está desenvolvendo a primeira vacina contra a dengue totalmente brasileira – Frame/TV Brasil

Fernanda explica que essa vacina brasileira será aplicada em uma única dose e que os testes mostraram uma efetividade de 80% de proteção. “A vacina protege contra 80% dos casos de dengue. Essa eficácia quer dizer que o grupo que recebeu a vacina teve 80% menos doença do que o grupo que recebeu o placebo.”

Ethel Maciel afirmou que, “do ponto de vista da operacionalização no serviço de saúde, é uma vacina muito mais fácil, pois não é preciso buscar a pessoa para a segunda dose. Então temos a possibilidade de ter uma cobertura maior da vacinação e facilitar muito a estratégia de controle”.

Vigilância ambiental

O programa mostra também o trabalho e a importância dos vigilantes ambientais, que visitam as casas, inspecionando e orientando a população sobre o combate aos focos do mosquito. De acordo com o Ministério da Saúde, 75% dos criadouros estão nas residências.

Herica Bassani, agente de vigilância ambiental em Brasília, fala sobre a importância de as pessoas abrirem suas casas para esses profissionais. “Alguns têm um pouco de receio, por medo ou por outros motivos que não sei. E acabam não deixando o agente adentrar na sua residência. Mas é importante que ela saiba que, além do trabalho do agente, ela tem que colaborar também. É a saúde de todos que está em jogo.”

Praia Clube e Minas são finalistas da Superliga Feminina de Vôlei

A final da Superliga Brasileira de Vôlei Feminino da temporada 2023-24 será um reencontro, entre Dentil Praia Clube e Gerdau Minas. As equipes venceram na noite de sexta-feira (12) seus jogos  contra Sesc-Flamengo e Osasco, respectivamente, fechando em vantagem de 2 a 0 as séries de melhor de três jogos. O clássico mineiro definirá novamente o campeão dda Superliga Feminina no domingo (21),  em partida única, no Ginásio Geraldão, em Recife (PE).

Além de o duelo mineiro representar mais um episódio histórico da Superliga Feminina –  nas decisões anteriores, foram três títulos para o Minas e um para o Praia Clube –  também servirá de tira-teima da temporada: as duas equipes decidiram quatro torneios. O Minas venceu dois (Supercopa e Sul-Americano) e o Praia Clube os outros dois (Mineiro e Copa Brasil).

Adenízia comanda o sextou pro Praia!🏖️ Embalado pela campeã olímpica, o Dentil Praia Clube venceu o Sesc RJ Flamengo, por 3 sets a 1, fechou a série em 2 a 0, e está na final da #SuperligaBet7k pela sexta vez consecutiva. 👏🏐🔥 pic.twitter.com/k2Txf2o3S1

— Vôlei Brasil (@volei) April 13, 2024

No Rio de Janeiro, o Praia Clube conseguiu a classificação em ambiente hostil. A torcida do Flamengo lotou o Maracanãzinho para tentar incentivar o time a igualar a série depois da derrota por 3 a 2 no primeiro jogo, em Uberlândia. A equipe até saiu na frente, vencendo o primeiro set por 25 a 23 mas acabou sucumbindo e perdendo os três seguintes por 25 a 16, 25 a 20 e 25 a 21. O Praia Clube comemorou a sexta classificação consecutiva a uma final de Superliga, sequência que começou na temporada 2017-18, com o título na decisão contra a equipe do Rexona/Rio de Janeiro, que posteriormente se tornou o Sesc-Flamengo. A equipe mineira tem dois títulos: este e o da edição passada, em 2022-23.

Minas bate Osasco e avança com confusão

Em Belo Horizonte, o Minas tinha a faca e o queijo na mão para avançar para outro encontro com o Praia Clube na final. O time vinha de vitória por 3 sets a 1 no duelo de abertura com o Osasco, em São Paulo. Dentro de casa, a confirmação da vaga veio de forma suada.

🔥🚀 ESTAMOS NA FINAAAAALLLL!!! 💙🏐

Diante da Arena UniBH lotada, o Gerdau Minas venceu o Osasco São Cristóvão Saúde por 3 sets a 1 e está na finalíssima da Superliga Feminina.

VAMOSSSS!!! 🦾

🏆 Viva Vôlei: Thaisa

📸 Foto: Hedgard Moraes/Minas Tênis Clube#VaiMinas pic.twitter.com/etSQTuEvUu

— Minas Tênis Clube (@MinasTenisClube) April 13, 2024

Depois de abrir 2 a 0 (parciais de 25-23 e 25-18), as donas da casa viram a equipe paulista reagir, vencer o terceiro set (25-15) e dificultar muito a classificação no quarto set, que se estendeu até acabar em vitória mineira por 37 a 35.

Ao final da partida, o clima ficou tenso na Arena UniBH, com desentendimento entre integrantes da comissão técnica do Osasco e funcionários da Federação Mineira de Vôlei (FMV).

A decisão entre Minas e Praia Clube, além de representar mais um episódio histórico da Superliga (nas quatro decisões anteriores, foram três títulos de Minas e um do Praia Clube), também serve como um tira-teima da temporada como um todo: até agora, as duas equipes decidiram quatro torneios. O Minas venceu dois (Supercopa e Sul-Americano) e o Praia Clube os outros dois (Mineiro e Copa Brasil).

Inimizade entre Lampião e os nazarenos é tema de documentário

O Rei do Cangaço, Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião (1898-1938), não tinha medo de nada. Só dos nazarenos. Esse é o mote do documentário de produção independente Acordo com Lampião? Só na boca do fuzil!, dirigido pelo cineasta Marcelo Felipe Sampaio, que estreia no domingo (14), às 12h30, no Cine Reag Belas Artes, na capital paulista. O documentário se inspira no livro Os homens que mataram o facínora – a história dos grandes inimigos de Lampião (Realejo, 2021), do jornalista, historiador e agora roteirista do filme Moacir Assunção.

Os nazarenos era o nome dado aos moradores da pequena Vila de Nazaré do Pico, distrito de Floresta, no sertão pernambucano. Eram homens desarmados, na maioria deles agricultores, que viraram inimigos dos cangaceiros, grupo liderado por Lampião.

Já Lampião, segundo Assunção, foi “o cara que criou o crime organizado no Brasil”. “Ele teve bandos de cangaceiros, que eram bandoleiros que agiam no sertão nordestino, e que em algum momento foram considerados bandidos sociais, mas são bandidos mesmo. Não existe essa vertente de Robin Hood, como eles gostavam de se intitular. Ele foi o maior bandido brasileiro”, disse.

O Inimizade entre Lampião e os nazarenos Foto:  Marcelo Felipe Sampaio/Divulgação

“O cangaço é um tipo de banditismo que existe desde o tempo do Império e que acaba com Corisco [Cristino Gomes da Silva Cleto, um cangaceiro], que morre dois anos depois de Lampião, em 1940. A morte do Corisco é o fim do cangaço, enquanto tipo de banditismo organizado. Eles [cangaceiros] se caracterizavam pelos chapéus de couro quebrados na testa, pela exibição de armas, pelas roupas espalhafatosas, pelas medalhas. E o mais conhecido deles é Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, que foi adotado por parte da elite cultural brasileira e virou música, virou poesia, virou artes plásticas, virou tudo”, acrescentou o jornalista.

A inimizade entre Lampião e os nazarenos começou de forma inusitada, quando eles eram ainda jovens, e foi motivada pelo roubo de um chocalho, em Serra Talhada, em Pernambuco. “Tudo começou com uma briga banal por causa de um chocalho, na realidade”, afirmou o diretor do filme à Agência Brasil.

A briga envolvia Zé Saturnino [um vizinho] e Lampião se acusando mutuamente pelo roubo do chocalho. “Um falou que tinha roubado o chocalho do bode do outro, e aí o negócio começou a virar um pandemônio. Porque, no Nordeste, você acusar alguém de ser ladrão de bode é a pior ofensa que se pode fazer”, explicou.

A briga foi crescendo e continuou mesmo após eles terem se mudado para Nazaré. “Eles brigaram ali [em Serra Talhada] e aí foram para Nazaré. Lá em Nazaré, o Lampião começou a aprontar e aí o pessoal de Nazaré o expulsou de lá também”, disse o diretor.

“O Lampião morou lá em Nazaré, em um lugar chamado Poço do Negro, uma fazenda nos arredores da cidade. Ele morou lá quando saiu de Serra Talhada por causa de brigas de família. E lá ele arrumou confusão também. Os Ferreiras [família de Lampião] eram meio encrenqueiros. Ele [Lampião] fez uma série de desfeitas com esse pessoal [de Nazaré] e eles são aqueles sertanejos do fio do bigode, né? Você não pode fazer nada errado que eles cobram mesmo. E foi assim que eles se tornaram inimigos do Lampião – e eles foram os únicos inimigos que efetivamente Lampião temeu”, contou Assunção.

Expulso de Nazaré, Lampião saiu de Pernambuco e se mudou para o estado de Alagoas. “Eles foram para Alagoas e lá o pai do Lampião foi morto. O Lampião culpava o pessoal de Nazaré – e o Zé Saturnino – pela morte dos pais”, afirmou Sampaio.

Em algum momento dessa briga, Lampião até tentou estabelecer um acordo com os nazarenos, uma espécie de cessar-fogo, mas a resposta que obteve é de que isso não seria possível. “Acordo com Lampião? Só na boca do fuzil!”, teria recebido como resposta.

Inimigos

No livro Os Homens que Mataram o Facínora, nome que parafraseia o famoso filme faroeste de John Ford, o jornalista Moacir Assunção narra as trajetórias e motivações dos grandes inimigos de Lampião como Zé Saturnino, Zé Lucena, Davi Jurubeba, João Bezerra e Mané Neto. “Se o personagem é grande, os seus inimigos são grandes também”, disse Assunção à reportagem. “E aí eu escolhi os maiores inimigos dele [para escrever o livro]”, acrescentou.

Um desses inimigos era Davi Jurubeba, “um nazareno”, revelou o escritor. “Eu entrevistei esse homem com 95 anos. E apesar da idade, ele estava muito bem, muito forte. Foi até engraçado que, durante a entrevista, a filha dele ficou fazendo um sinal para que eu continuasse. Depois que acabou a entrevista, fui perguntar para ela o porquê do gesto, já que falei com ele por quase duas horas. E ela me respondeu que ele era um homem muito velho, com vários problemas de saúde, só que, quando ele falava de Lampião, a adrenalina dele subia. Ele ficava com raiva e passava seis meses sem reclamar de nada, não sentia nem dor de dente”, riu Assunção. “Nesse dia ele me contou a história de uma vez em que desafiou Lampião para um duelo de punhal e o Lampião não aceitou”.

Documentário

Para o documentário, inspirado no livro, Assunção e Sampaio fizeram três viagens ao Nordeste, de cerca de dez a 15 dias cada uma. “O mais interessante em fazer filmes como este é estar lá no lugar onde [o fato] aconteceu. Você vai nos lugares e meio que dá a impressão de que o Lampião vai aparecer. Em realidade, quando você faz documentário, as pessoas não morrem”, disse o diretor.

O documentário que estreia em SP na próxima semana Foto:

Marcelo Felipe Sampaio/Divulgação

Virgulino Ferreira da Silva, Lampião, morreu em julho de 1938, na Grota de Angico, no município de Poço Redondo, em Sergipe, em uma tocaia armada pelos volantes, uma força militar criada para combater os cangaceiros.

Os nazarenos não tiveram participação no episódio e choraram a morte de Lampião. “Quando Lampião morre, os nazarenos choram e aí alguém perguntou para o próprio Davi Jurubeba porque ele estava chorando, se ele estava com pena de bandido. E ele respondeu que chorou porque era ele quem queria tê-lo matado”, falou o escritor.

Toda a história dessa briga – e muitas outras – são narradas nesse documentário, que terá sua primeira exibição no próximo domingo, dia 14, na capital paulista. Após o filme, o diretor e o roteirista farão um bate-papo com o público. “Acho que essa história vai revelar um pouco do Brasil profundo e vai fazer com que a gente entenda melhor esse país em que vivemos”, espera Assunção.

Depois da estreia no Reag Belas Artes, o documentário deverá estrear também nos canais de streaming.

Abertura de rodada do Brasileirão Feminino é marcada por protestos

O Campeonato Brasileiro Feminino de futebol está de volta, após interrupção de quase duas semanas para jogos entre seleções nacionais. Duas partidas abriram a quinta rodada da competição nesta sexta-feira (12). Destaque ao clássico alvinegro, entre Santos e Corinthians, na Vila Belmiro, com vitória da equipe da capital paulista por 3 a 1.

As Brabas, como também são conhecidas as jogadoras do Corinthians, chegaram ao quinto triunfo em cinco partidas, liderando a competição com 15 pontos. As santistas, com cinco pontos, aparecem em décimo lugar, mas podem encerrar a rodada na zona de rebaixamento, conforme os demais resultados.

A partida em Santos marcou o retorno de Kleiton Lima ao comando das Sereias da Vila. Ele deixou o clube em setembro do ano passado, após denúncias, apresentadas em cartas anônimas, de que teria cometido assédio moral e sexual. Reconduzido ao cargo, o técnico negou as acusações e revelou ter pedido abertura de inquérito para investigação da autoria das cartas, alegando ser vítima de calúnia e difamação.

A coordenadora de futebol feminino santista, Thais Picarte, disse que o Peixe realizou uma apuração interna e que os argumentos contra Kleiton eram “frágeis”. Pelas redes sociais, algumas das 14 jogadoras que defenderam a equipe no ano passado e já saíram do Alvinegro negaram terem sido procuradas.

A volta de Kleiton motivou protestos. No Hino Nacional, as jogadoras do Corinthians, titulares e reservas, alinharam com uma das mãos na boca, como se estivessem sendo “silenciadas”. Entre elas, a volante Yaya, que estava nas Sereias em 2023.

Antes de a bola rolar no outro jogo desta sexta, entre Palmeiras e Avaí Kindermann, no Estádio Jayme Cintra, em Jundiaí (SP), as atletas das duas equipes se reuniram e fizeram o mesmo gesto. No elenco alviverde, a volante Brena e a atacante Tainá Maranhão defenderam o Santos no ano passado.

O jogo na Vila Belmiro começou movimentado. Aos dois minutos do primeiro tempo, a meia Carol Tavares avançou pela direita e cruzou para a atacante Vic Albuquerque, de cabeça, abrir o marcador para o Corinthians. Na comemoração, as jogadoras do Timão voltaram a colocar a mão em frente à boca, em novo protesto. Aos 14, Thaisinha lançou pelo meio a também atacante Ketlen, que invadiu a área, tirou da goleira Mary Camilo e mandou para as redes, igualando para o Santos.

No segundo tempo, o técnico das Brabas, Lucas Piccinato, mandou a campo atletas que estavam com a seleção brasileira na Copa SheBelieves, nos Estados Unidos, e foram poupadas do time titular. Elas acabaram sendo decisivas para o triunfo corintiano.

Aos 33 minutos, Vic Albuquerque cruzou pela direita, a lateral Leidi não conseguiu afastar e a bola sobrou para a lateral Tamires, que saiu do banco, concluir para o gol. Nos acréscimos, aos 47, Yaya recebeu da atacante Gabi Portilho – ambas iniciaram o jogo na reserva – e cruzou pela direita para Tamires chutar de primeira, dando números finais ao confronto.

Goleada alviverde

Na partida de Jundiaí, o Palmeiras não teve dificuldades para derrotar o Avaí Kindermann, por 4 a 0. As Palestrinas assumiram, provisoriamente, o segundo lugar, com dez pontos. As catarinenses seguem com um ponto, em penúltimo, podendo terminar a rodada na lanterna se o Atlético Mineiro pontuar diante do América de Minas Gerais neste sábado (13), às 15h (horário de Brasília), na Arena Gregorão, em Contagem (MG).

Aos 22 minutos do primeiro tempo, a lateral Bruna Calderan levantou na área pela direita e atacante Amanda Gutierrez, de cabeça, abriu o placar. Sete minutos depois, a lateral Juliete cruzou pela esquerda, a goleira Maike não afastou e a bola sobrou nos pés da meia Bianca Gomes, que mandou para o gol vazio.

Quase na sequência, aos 32 minutos, a atacante Letícia Moreno aproveitou cruzamento da zagueira Poliana pela direita e completou para as redes, fazendo o terceiro da equipe alviverde. Na etapa final, logo aos quatro minutos, o Palmeiras chegou ao quarto gol, novamente com Letícia Moreno, completando cruzamento à meia altura de Bruna Calderan, pela direita.

Milei oferece ajuda a Musk em conflito judicial da rede X no Brasil

O presidente da Argentina, Javier Milei, ofereceu ao empresário sul-africano Elon Musk, proprietário da plataforma X, antigo Twitter, colaboração no conflito que a rede social enfrenta no Brasil.” A informação foi divulgada pelo porta-voz da Presidência da Argentina, Manuel Adorni.

Musk, que é também proprietário das empresas Tesla, fabricante de carros elétricos, e SpaceX, que atua no ramo de sistemas aeroespaciais, tornou-se alvo de investigação criminal no Brasil após acusar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de censurar a plataforma. O empresário também ameaçou desobedecer decisões judiciais.

No último fim de semana, em uma série de postagens na rede social X, Elon Musk iniciou uma cruzada contra o Judiciário brasileiro personificado no ministro Moraes. O empresário também atacou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em resposta, o presidente brasileiro criticou o avanço do extremismo de direita e saiu em defesa das instituições democráticas do país.

O encontro entre Musk e Milei ocorreu na cidade de Austin, no estado norte-americano do Texas, onde a Tesla mantém uma planta industrial. De acordo com a Presidência da Argentina, Musk e Milei defenderam a liberalização de mercados e a liberdade de expressão sem limites.

Porém, não ficou clara a colaboração que o presidente argentino poderia oferecer a Elon Musk em relação ao conflito com o Poder Judiciário no Brasil.

A Agência Brasil procurou o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e o Palácio do Planalto e aguarda resposta.

Comício da Candelária, 40 anos: o legado sociopolítico das Diretas Já

Ali, no meio de uma multidão que se espremia nas avenidas Rio Branco e Presidente Vargas, no centro do Rio, uma adolescente de 16 anos olhava impressionada para a movimentação ao redor. Era a primeira vez que participava de uma manifestação política, mas já sabia que se tratava de um momento histórico. O Comício da Candelária, segundo jornais da época, reuniu cerca de 1,2 milhão de pessoas. Foi um dos principais atos do movimento das Diretas Já, que fez o povo voltar às ruas depois de 20 anos de repressão violenta da ditadura militar.

Para alguns, o momento era de recuperar a voz de protesto represada durante anos. No caso de Adriana Ramos, que tinha acabado de entrar para a faculdade, era um despertar político.

“Eu não tinha consciência política. Vinha de uma família bem conservadora, de direita. Na escola, praticamente todos os colegas eram filhos de militares. Na época, vi toda a mobilização e os colegas de faculdade se organizando para ir ao comício. Lembro da minha mãe e da minha avó ficarem apreensivas. Mas, até pela ignorância de não saber muito o que significava aquela manifestação, fui na onda”, lembra Adriana. “Foi algo que marcou muito minha relação com a política dali para a frente”.

Lívia de Sá Baião também era estudante universitária na época. Estudava economia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio). Tinha 19 anos e trabalhava como estagiária em um banco próximo à Candelária, quando se encontrou com amigos para assistir ao comício.

“Aquele momento foi um marco na minha vida. Lembro muito da emoção de estar lá, de participar daquele momento, ouvir aqueles líderes falando” disse Lívia. “Ouvi o Brizola, o Tancredo Neves. A gente estava ali em um momento crucial”.

O jornalista Alceste Pinheiro também esteve no Comício da Candelária, mas como manifestante. Ele lembra que ficou na Avenida Rio Branco, onde ouvia os discursos, mas não tinha uma visão tão completa como a das pessoas que ficaram de frente para o palanque.

Rio de Janeiro – O jornalista Alceste Pinheiro, na Igreja da Candelária, local do histórico comício pelas Diretas – Foto Tomaz Silva/Agência Brasil

“Mas lembro dos ônibus superlotados, da cidade toda se movimentando naquela direção. Lembro do êxtase e da confiança das pessoas, do sentido dos discursos, muito bem preparados, bem armazenados na memória, do que se cantou. Lembro do que se gritou: Diretas Já! O Povo quer votar!”.

Cobertura jornalística

O fotógrafo Rogério Reis trabalhava na revista Veja em 1984. Às vésperas do comício, a revista percebeu que o evento prometia ser grandioso, por causa do número de doações espontâneas feitas para os organizadores em uma conta do Banco do Estado do Rio de Janeiro (Banerj).

“Esse foi o primeiro sinal que a gente teve, uma semana antes, de que o público estava disposto a colaborar para um grande evento, com produção de faixas e todo o material que envolve um grande comício”, disse o fotógrafo.

Outro sinal era o fato de o governador fluminense à época ser o gaúcho Leonel Brizola, afinado com a proposta das Diretas Já. Ele se dispôs a interditar toda a Avenida Presidente Vargas para que o evento pudesse ocorrer. Foram colocados balões iluminados com gás hélio.

A revista escalou três fotógrafos para acompanhar o evento: um faria fotos aéreas de um helicóptero alugado, outro ficaria em frente ao palanque e o terceiro, que era Rogério Reis, circularia mais solto entre a multidão, para fazer aspectos de comportamento.

“Eu classifico como uma das coberturas que raramente você, como jornalista, está acostumado a vivenciar. A gente tem certo distanciamento das cenas. Mas, nesse processo de abertura, vi muito profissional trabalhando emocionado. Como ocorreu também na chegada dos exilados. Lembro que na chegada do (Miguel) Arraes (deposto do cargo de governador de Pernambuco em 1964) no (aeroporto do) Galeão, tinha muito repórter e fotógrafo trabalhando chorando”.

Comício

Por volta das 16h do dia 10 de abril, começou o Comício da Candelária. Os manifestantes gritavam palavras de ordem, agitavam bandeiras, faixas e cartazes, vibravam com os discursos de diferentes líderes da oposição ao regime militar, e cantavam em coro músicas dos artistas presentes.

Fafá de Belém conduziu o Hino Nacional e a música Menestrel das Alagoas, que virou um dos hinos da Diretas Já. Em seguida, foi libertada uma pomba branca, que saiu voando, assustada com a multidão. Milton Nascimento levou o público às lágrimas ao interpretar Nos bailes da vida. O advogado Sobral Pinto, aos 90 anos de idade, leu o que se tornaria o artigo 1º da Constituição Brasileira: “Todo poder emana do povo”.

Durante seis horas, diferentes personalidades alternaram-se no palco. Entre os políticos estavam Leonel Brizola (PDT-RJ), Franco Montoro (PMDB-SP), Tancredo Neves (PMDB-MG), Ulisses Guimarães (PMDB-SP), Luís Inácio Lula da Silva (PT-SP) e Fernando Henrique Cardoso (PMDB-SP), que dividiram o mesmo palanque.

Entre os artistas, Chico Buarque, Maria Bethânia, Lucélia Santos, Cidinha Campos, Chacrinha, Cristiane Torloni, Erasmo Carlos, Ney Matogrosso, Paulinho da Viola, Bruna Lombardi, Maitê Proença, Walmor Chagas. Também havia famosos como o jogador de futebol Reinaldo, o cartunista Henfil, a apresentadora Xuxa e a atleta de vôlei Isabel. E na apresentação principal, a voz do “locutor das diretas”, o radialista esportivo Osmar Santos.

Luta por democracia

O evento na Candelária era parte de uma série de manifestações de rua que tomaram conta do país em 1983 e 1984. Os governos militares começam a enfrentar crises econômicas mais agudas na década de 70, com endividamento externo e inflação alta. Na gestão de Ernesto Geisel (74-79) fala-se pela primeira vez em abertura política, mesmo que “lenta e gradual”. Na gestão de João Batista Figueiredo (79-85) são restabelecidas as eleições diretas para os governos estaduais. Em 1982, a oposição conquista o governo de nove estados, com destaque para São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Em 2 de março de 1983, o deputado federal Dante de Oliveira (PMDB-MT) apresenta emenda à Constituição, assinada por 199 congressistas, para restaurar a eleição direta para presidente a partir de 1985. Nos meses seguintes, muitos atos públicos foram feitos em defesa da pauta. O primeiro comício com articulação centralizada ocorreu em Goiânia, com 5 mil pessoas, em 15 de junho.

Cidades de todas as regiões do país passam a ter manifestações. O destaque é para a chamada Caravana das Diretas, em fevereiro de 1984, que percorre cidades do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Em 24 de fevereiro, Belo Horizonte registra até ali o maior público de um comício, cerca de 400 mil pessoas. Esse número só seria superado pelo comício do Rio de Janeiro, na Candelária, e pela passeata de São Paulo, que saiu da Praça da Sé até o Vale do Anhangabaú. Ambos, ocorridos em abril, ultrapassaram a marca de 1 milhão de pessoas.

Apesar de toda essa mobilização popular, semanas depois, em 25 de abril, é votada a Emenda Dante de Oliveira no Congresso. A derrota vem por diferença de 22 votos. O primeiro presidente da República depois da ditadura militar, Tancredo Neves, seria escolhido por eleição indireta no Colégio Eleitoral.

Frustração

Já naquela época, o jornalista Alceste Pinheiro acreditava que a emenda constitucional não passaria, por todas as circunstâncias e pressões que existiam de vários lados. Havia os que não queriam a aprovação e os que preferiam adiar para uma situação que, politicamente, fosse mais favorável.

“Eu achava isso e falava para algumas pessoas. Mas, entre as pessoas da minha relação, todas tinham esperança muito grande de que a emenda passaria. Eu desconfiava. Mesmo assim, fui à Cinelândia quando se votou a emenda, que foi derrotada. Foi absolutamente distinto do que ocorreu na Candelária”, disse Alceste.

Para quem alimentou por meses a esperança de que poderia escolher finalmente o ocupante do cargo mais alto do país, a euforia deu lugar à frustração.

“Foi uma grande decepção quando a Emenda Dante Oliveira foi rejeitada na Câmara, poucos dias depois do comício. Fiquei arrasada. E aí deu no que deu. Só tivemos eleições em 1989”, disse Lívia de Sá.

“Uma mobilização daquele tamanho e, no final, a emenda não foi aprovada? Foi um balde de água fria, de mostrar um limite da mobilização da sociedade. Mas, sem dúvida, tinha esse entendimento de que a gente estava entrando em nova época. Com mais demandas e mais possibilidades de participação da sociedade”, afirmou Adriana Ramos, que hoje é ambientalista.

Legado democrático

Para o historiador Charleston Assis, da Universidade Federal Fluminense (UFF), é importante olhar além dos objetivos imediatos do movimento das Diretas Já e entender o significado mais amplo dele no contexto de redemocratização do país.

Assis lembra que apenas três anos antes aconteceu o atentado do Riocentro, em que um grupo de militares tentou intimidar, ferir e matar jovens em um show para retardar a abertura política. A tentativa terminou em fracasso, mas mostrou os perigos que esse grupo representava. Assim, voltar às ruas e pedir eleições diretas para presidente era um ato de coragem e de resistência ao silêncio imposto pela ditadura.

“O movimento das Diretas Já tem inúmeros ganhos. Essa emergência popular vai fazer com que o povo se torne um ator político muito decisivo. A partir daquele momento, as demandas não podem mais ser ignoradas. O país vai ter conquistas como a ampliação da rede de proteção social, do acesso à casa própria, mais tarde do acesso à universidade pela juventude preta e indígena. Isso tudo estava ali nos anos 80, e a luta pelas Diretas trazia uma série de sonhos coletivos desse povo enquanto nação”, diz o historiador.

Charleston entende que, por causa das recentes tentativas de golpe de Estado e do fortalecimento de discursos retrógrados, lembrar da mobilização popular da década de 1980 é importante para valorizar as conquistas sociais das últimas décadas.

“É muito necessário que a gente rememore essa campanha por conta daquilo que ela traz de oposição ao autoritarismo e de defesa da democracia. A ditadura militar foi uma tragédia social, política e econômica. Basta lembrar que nossa dívida externa passou de R$ 3 bilhões em 1964 para R$ 100 bilhões no fim do governo militar. As Diretas Já mostraram que o povo brasileiro se colocou decididamente contra a ditadura e a rejeitou em bloco”.