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Com 6,3 milhões de casos prováveis, Brasil lidera ranking de dengue

Com quase 6,3 milhões de casos prováveis de dengue, sendo mais de 3 milhões confirmados em laboratório, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de países com maior número de notificações da doença em 2024. Em seguida estão Argentina, com 420 mil casos prováveis; Paraguai, com 257 mil casos prováveis; e Peru, com quase 200 mil casos prováveis.

Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS), que já contabiliza este ano um total de 7,6 milhões de casos prováveis de dengue em todo o mundo, sendo 3,4 milhões confirmados em laboratório. O painel de monitoramento da entidade aponta ainda mais de 3 mil mortes provocadas pela doença. Atualmente, 90 países registram transmissão ativa de dengue.

“Embora um aumento substancial de casos de dengue tenha sido relatado globalmente nos últimos cinco anos, esse aumento foi particularmente pronunciado na região das Américas, onde o número de casos ultrapassou 7 milhões no final de abril, ultrapassando os 4,6 milhões de casos registrados em todo o ano de 2023”, destacou a OMS.

A entidade alerta ainda que todos os quatro sorotipos de dengue foram detectados nas Américas este ano. Segundo a OMS, pelo menos seis países da região – Brasil, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México e Panamá – já reportaram casos de circulação simultânea de todos os quatro sorotipos.

“Além disso, muitos países endêmicos não dispõem de mecanismos robustos de detecção e notificação, o que faz com que o verdadeiro fardo da dengue a nível mundial seja subestimado. Para controlar a transmissão de forma mais eficaz, é necessária uma vigilância robusta da dengue em tempo real.”

Vacinação

Para a organização, a vacina contra a dengue deve ser vista como parte de uma estratégia integrada para o combate à doença e que inclui também o controle de vetores, a gestão adequada dos casos e o envolvimento comunitário. “A OMS recomenda o uso da TAK-003, única vacina disponível, em crianças de 6 a 16 anos em locais com alta intensidade de transmissão de dengue”.

A vacina a que a entidade se refere é a Qdenga, desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda e atualmente utilizada no Brasil. O imunizante começou a ser aplicado na rede pública de saúde em fevereiro deste ano. Em razão da quantidade limitada de doses a serem fornecidas pelo próprio fabricante, a vacinação é feita apenas em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.

Outras arboviroses

Dados da OMS mostram uma sobreposição de casos de dengue, chikungunya e zika – todas transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti e com sintomas semelhantes o que, segundo a entidade, pode resultar em diagnósticos equivocados. “Dados de vigilância durante grandes surtos de suspeita de dengue podem incluir erroneamente casos de uma ou de ambas as outras doenças.”

A organização cita como exemplo estudo realizado em Minas Gerais, em 2023, quando casos suspeitos de dengue respondiam por 84,4% de um total de 828.654 casos prováveis de arboviroses, enquanto casos suspeitos de chikungunya respondiam por apenas 15,6%. “A verdadeira proporção das duas doenças, entre os casos confirmados laboratorialmente, foi de 65,9% para chikungunya e apenas 34,1% para dengue.”

“Os sistemas de vigilância que visam especificamente a transmissão endêmica de chikungunya e zika são fracos ou inexistentes em muitos países”, reforçou a entidade. “Existem diferenças importantes entre essas doenças em relação a populações de risco, gestão de pacientes e utilização de recursos de saúde”, completou.

A OMS lembrou que o vírus Zika é particularmente perigoso entre mulheres grávidas por conta da associação com casos de microcefalia. “A expansão da vigilância para monitorar simultaneamente os três vírus pode ajudar autoridades de saúde pública a determinar com precisão o verdadeiro fardo de cada doença, refinar as avaliações de risco e otimizar a gestão clínica e a atribuição de recursos para intervenções de saúde pública mais eficazes.”

Até o momento, o painel da OMS contabiliza, em 2024, mais de 250 mil casos de chikungunya em todo o mundo e quase 7 mil casos de infecção pelo vírus Zika.

PSOL questiona no STF criação de escolas cívico-militares em São Paulo

O PSOL entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a criação de escolas cívico-militares em São Paulo. O pedido foi protocolado por iniciativa do deputado estadual Carlos Giannazi.

O líder da Federação PT/PCdoB/PV na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), deputado estadual Paulo Fiorilo (PT), informou à Agência Brasil que a bancada também tem uma representação pronta para questionar judicialmente o modelo.

A criação das escolas cívico-militares no estado foi aprovada pela Alesp há duas semanas. O projeto, de autoria do governador Tarcísio de Freitas, já foi sancionado. A proposta é de uma “gestão compartilhada” das unidades de ensino entre corporações militares e secretarias estadual ou municipais de Educação.

Disciplina militar

“As primeiras [secretaria estadual] seriam responsáveis pela administração e disciplina, enquanto as segundas [secretaria municipal] ficariam a cargo da condução pedagógica nas instituições de ensino”, define o texto de justificativa da proposta assinado pelo secretário estadual de Educação, Renato Feder.

O objetivo da adoção do modelo é, segundo o projeto, “a elevação da qualidade de ensino medida pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)”. Há ainda a previsão da “inserção de atividades cívicas e de cidadania” no currículo e atividades extracurriculares conduzidas pela Secretaria de Segurança Pública.

Cada escola que aderir ao programa deverá contar com ao menos um policial militar da reserva para implementação das propostas.

Substituição

Na Adin, o PSOL argumenta que a intenção do projeto é substituir o sistema público de educação, e não a coexistência dos dois modelos, como afirma o governo paulista. “Objetiva-se a gradual substituição de profissionais da educação, os quais devem prestar concurso público e passar pela análise de seus títulos acadêmicos para estarem aptos a ocupar tais cargos, por militares, a serem escolhidos de forma discricionária, em última instância, por ato da Secretaria da Segurança Pública”, diz o partido na ação.

As escolas cívico-militares também provocam, segundo o texto, “uma clara desvalorização da categoria de educadores”.

Salários

A lei aprovada prevê rendimentos de mais de R$ 6 mil para jornadas de 40 horas semanais aos professores ligados à Polícia Militar. Segundo o texto, os valores aumentam em 50%, podendo chegar a mais de R$ 9 mil, para coordenadores ou oficiais. Há ainda a previsão de pagamentos menores, caso os policiais militares trabalhem frações dessa jornada.

Os valores são maiores do que os salários recebidos por parte dos professores da rede pública estadual. Na última seleção de professores temporários, foram anunciados salários de R$ 5,3 mil para jornadas de 40 horas semanais e R$ 3,3 mil para 25 horas semanais. Os temporários representam quase 60% do quadro total de educadores da rede estadual. Mesmo entre os professores do quadro permanente, os salários de R$ 9 mil ou mais são pagos apenas a uma minoria.

O sistema que leva policiais militares para dentro das escolas têm sido criticado por especialistas em educação, por entidades estudantis e pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). 

“Vamos nos mobilizar para impedir a transformação de escolas regulares em escolas cívico-militares ou criação dessas escolas com recursos da educação; para que não sejam pagos salários superiores aos de professores para militares aposentados; para que não sejam formatadas as mentes de nossas crianças e jovens de acordo com o pensamento único do militarismo”, diz nota divulgada pelo sindicato após a aprovação da lei.

A União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes) também criticou o projeto. “Nós estudantes estamos unificados com os professores para dizer não a esse projeto que visa sucatear a nossa educação. Defendemos a valorização dos professores, uma escola de qualidade, digna e com uma boa infraestrutura”, diz a nota da entidade.

Para a Upes, a proposta não busca melhorar a gestão das escolas, mas implementar um processo disciplinar baseado no pensamento militar.

Rio Grande do Sul tem 616 mil pessoas fora de casa pela calamidade

Mais de 616,6 mil pessoas ainda estão impossibilitadas de voltar para suas casas no Rio Grande do Sul, devido à calamidade pública provocada pelas fortes chuvas que caíram no estado entre o fim de abril e maio. Entre elas, 37.154 estão abrigadas temporariamente em um dos 857 abrigos provisórios disponibilizados pelo estado. De acordo com o balanço das enchentes atualizado pela Defesa Civil no estado, nesta segunda-feira (3), 579.457 pessoas ainda estão desalojadas, morando temporariamente em casas de parentes, amigos ou à beira de estradas, enquanto não podem retornar às suas residências.

A tragédia provocou 172 mortes, conforme divulgado pela Defesa Civil neste domingo. E 42 pessoas ainda seguem desaparecidas. Desde o início das fortes chuvas, 77,8 mil pessoas foram resgatadas e também 12,5 mil animais silvestres, domésticos e de produção foram resgatados das enchentes, como cachorros, gatos, cavalos, porcos, bois e galinhas.

No período de pouco mais de um mês da ocorrência dos eventos climáticos 2.390.556 pessoas foram afetadas direta ou indiretamente por eles, o que equivale a 21,97% da população total do estado (10,88 milhões de habitantes, residentes em 475 municípios impactados pelas chuvas e cheias.

Nível de rios e lagos

O nível do Guaíba, que banha a região metropolitana de Porto Alegre, voltou a subir no domingo e alagou algumas ruas de Porto Alegre (RS) na manhã desta segunda-feira (3).

Às 10h, o lago área da Usina do Gasômetro chegou a 3,80 metros (m), 20 centímetros acima da nova cota de inundação, de 3,60 m no centro da cidade, com tendência de queda, desde o início desta manhã.

O boletim do governo do Rio Grande do Sul sobre os serviços de infraestrutura do estado, atualizado às 9h, desta segunda-feira, aponta que a Lagoa dos Patos, no bairro do Laranjal, está com o nível de 2,21m, quase um metro acima da cota de inundação fixada em 1,30m.

O Rio Gravataí, na medição no balneário de Passo das Canoas, está com 4,81m, enquanto a cota de inundação dele é 4,75m.

Já os rios que voltaram a ficar abaixo de seus respectivos níveis de inundação são os Rios dos Sinos, no município de São Leopoldo: 4,33m (cota de inundação: 4,50m), Taquari, na cidade de Muçum, atualmente com 3,49m (cota de inundação: 18m), Caí, medido em Feliz, com nível de 2,16m (cota de inundação: 9m); Uruguai, em Uruguaiana, medindo 7,32m (cota de inundação: 8,50m).

STF marca para dia 12 julgamento sobre correção do FGTS

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, marcou para 12 de junho a retomada do julgamento sobre a legalidade do uso da Taxa Referencial (TR) para correção das contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). 

A discussão sobre o índice de correção das contas do fundo foi interrompida em novembro do ano passado, após pedido de vista (mais tempo para análise) feito pelo ministro Cristiano Zanin. O processo foi devolvido para julgamento no dia 25 de março.

O processo chegou a entrar na pauta do Supremo no início de abril, mas acabou não sendo chamada a julgamento.

Até o momento, o placar é de 3 votos a 0 para considerar inconstitucional o uso da TR para remunerar as contas dos trabalhadores. Votaram nesse sentido o relator, Luís Roberto Barroso, e os ministros André Mendonça e Nunes Marques.

Governo 

Neste ano, a Advocacia-Geral da União (AGU) enviou ao STF uma proposta para destravar o julgamento do caso. A sugestão foi construída após consulta a centrais sindicais e outros órgãos envolvidos na causa.

Em nome do governo federal, a AGU defendeu que as contas do fundo garantam correção mínima que assegure o valor do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial da inflação.

A proposta vale somente para novos depósitos a partir da decisão do STF e não se aplicaria a valores retroativos.

Para a AGU, deve ser mantido o atual cálculo que determina a correção com juros de 3% ao ano, o acréscimo de distribuição de lucros do fundo, além da correção pela TR. Contudo, se o cálculo atual não alcançar o IPCA, caberia ao Conselho Curador do FGTS estabelecer a forma de compensação. O IPCA acumulado nos últimos 12 meses é de 3,69%.

Entenda

O caso começou a ser julgado pelo Supremo a partir de uma ação protocolada em 2014 pelo partido Solidariedade. A legenda sustenta que a correção pela TR, com rendimento próximo de zero, por ano, não remunera adequadamente os correntistas, perdendo para a inflação real.

Criado em 1966 para substituir a garantia de estabilidade no emprego, o fundo funciona como uma poupança compulsória e proteção financeira contra o desemprego. No caso de dispensa sem justa causa, o empregado recebe o saldo do FGTS, mais multa de 40% sobre o montante.

Após a entrada da ação no STF, novas leis começaram a vigorar, e as contas passaram a ser corrigidas com juros de 3% ao ano e acréscimo de distribuição de lucros do fundo, além da correção pela TR. No entanto, a correção continua abaixo da inflação. 

Flamengo aplica 6 a 1 no Vasco e vira líder provisório do Brasileirão

O Flamengo foi implácavel no primeiro Clássico dos Milhões no Campeonato Brasileiro ao derrotar o arquirrival Vasco por 6 a 1 no Maracanã, pela sétima rodada. Os cruzmaltinos começaram na frente, abrindo o placar com um golaço do argentino Vegetti. Depois virou passeio: o Rubro-Negro virou o placar ainda no primeiro tempo, com gols de Everton Cebolinha, Pedro e David Luiz. Na etapa final, a rede balançou mais três vezes, com gols de Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol.

Foi a maior goelada do Rubro-Negro no Clássico dos Milhões, que marcou a estreia do técnico português Álvaro Pacheco no comando do Vasco. Com o triunfo, o Flamengo assumiu, provisoriamente, a liderança do Brasileirão com 14 pontos. O time carioca ainda pode ser ultrapassado pelo Athletico-PR, que joga no momento contra o Fortaleza, no Castelão. Já o Vasco segue na 13ª posição com seis pontos. 

A maior goleada da história do @Flamengo sobre o Vasco. Uma tarde inesquecível para o torcedor rubro-negro no @maracana! pic.twitter.com/mrjQHleZQq

— Brasileirão Betano (@Brasileirao) June 2, 2024

O jogo começou intenso como o Vasco abrindo o placar aos oito minutos, com gol de voleiro de Vegetti, aproveitando a bola levantada por Galdamés. Mas o ímpeto cruzmaltino parou por aí. O Rubro-Negro colocou pressão em busca do empate, que saiu aos 27 minutos. Após bobeada do zagueiro Maicon, a bola sobrou para De la Cruz que tocou para Arrascaeta, e o meia rolou pra Everton Cebolinha marcar um golaço de fora da área.

Na sequência, Cebolinha cobrou escanteio curto, foi para a grande área, se livrou da marcação e cruzou para Pedro empurrar de peito para o fundo da rede, virando o placar para 2 a 1. Abatido, o Cruzmaltino assitia o rival jogar, sem reação. Aos 41 minutos, Gerson quase fez o terceiro, cara a cara com o goleiro Léo Jardim, mas a bola bateu na cabeça do arqueiro e fora para fora.m Mas não teve jeito: o terceiro gol saiu no minuto seguinte, após Cebolinha cobrar escanteio na medida para David Luiz acertou de primeira para o fundo do gol. Já nos acréscimos, João Victor deu um carrinho em De la Cruz e, após intervenção do VAR. 

Com um homem a menos, o Vasco seguiu apático na segunda etapa. Logo aos cinco minutos, Pedro dominou a bola dentro da área e tocou por cima da defesa para Arrascaeta empurrar para o fundo do gol, ampliando para 4 a 1 o triunfo rubro-negro. Livre de marcação, o Rubro-Negro seguia todo no ataque. Bastaram cinco minutos em campo, para Bruno Henrique – que entrou no lugar de Cebolinha – marcar o dele. A jogada começou com  Arrascaeta que se livrou de dois marcadores antes de rolar para Bruno estufar as redes e ampliar o marcador. E ainda deu tempo de Gabigol marcar, quase 15 minutos após deixar o banco de reservas. Com nova camisa, de número 99, o atacante aproveitou o cruzamento de Wesley pela direita, chutou certeiro para o fundo da rede, selando a goleada história por 6 a 1. 

Outro resultados 

Outros dois confrontos movimentaram o Brasileirão na tarde deste domingo (2).  Em Santa Catarina, o Palmeiras derrotou o Criciúma por 2 a 1, com gols do paraguaio Gustavo Gómez e de Lázaro que definiu a partida nos acréscimos. Matheusinho descontou para os donos da casa. 

Em Belo Horizonte, o duelo Atletico-MG x Bahia terminou em 1 a 1. Hulk marcou para os mineiros e Ademir igualou o placar na Arena MRV.

Cartão facilita acesso de pessoas com deficiência a transportes no Rio

O Jaé, plataforma de bilhetagem eletrônica do sistema de transporte urbano da cidade do Rio de Janeiro, conta, a partir de agora, com uma ferramenta em seu site que tem o objetivo de promover a inclusão de pessoas com deficiência, permitindo acesso a todos os conteúdos e serviços do setor. As funcionalidades em libras, voz e +acessibilidade são de fácil compreensão e têm uma série de opções, entre as quais, guia de leitura, legenda para imagens, pausar animações, contraste invertido e solução para que pessoas com dislexia naveguem prontamente pelo ambiente virtual.

Segundo o  diretor executivo da empresa, Zeca Vianna, o site do Jaé tem agora 100% de adesão às normas de acessibilidade digital. “Esse avanço mostra o compromisso com a criação de um sistema de mobilidade totalmente acessível e inclusivo”, disse Vianna. Ele lembrou que o Jaé inspira outras empresas a seguir o mesmo caminho, por ser referência em inovação e inclusão. “Estamos quebrando paradigmas e mostrando ser possível integrar plenamente tecnologia e acessibilidade na rotina urbana do Rio de Janeiro.”

No Brasil, a acessibilidade digital não é conhecida pela maioria das empresas. Estudos recentes revelam que menos de 1% dos sites no país oferecem esse serviço para pessoas com deficiência. A pesquisa é do Panorama da Acessibilidade Digital da startup Hand Talk, que ajuda a traduzir textos para a língua brasileira de sinais.

Bilhetagem de ônibus

O novo sistema de bilhetagem dos ônibus urbanos do município do Rio e de outros modais, como o BRT e o VLT, está em fase final de implantação. O Jaé pode ser adquirido nas máquinas de autoatendimento nas estações do BRT e VLT. A primeira via do cartão é gratuita e haverá caução de R$ 4,30, valor que é restituído em forma de crédito para o usuário assim que realizar o cadastro no aplicativo (App) do Jaé associando a conta do cliente.

O aplicativo é usado também para pagara passagem no transporte, após gerar QR Code pelo celular. Além disso, pode-se consultar saldo e fazer recarga por meio de cartão de crédito, boleto ou PIX. O Jaé permite ainda que o usuário do VLT pague a passagem de mais de uma pessoa, eliminando a necessidade de um cartão para cada indivíduo e facilitando o uso por famílias e turistas.

A recarga do cartão pode ser feita ainda por estabelecimentos credenciados, App, site e máquinas de autoatendimento. Os créditos ficam liberados automaticamente tão logo saia a autorização bancária. Os créditos não expiram, mas o cartão precisa ser associado ao aplicativo Jaé.

O App está em plena operação no VLT e BRT e com 100% dos validadores instalados nos ônibus municipais. Os validadores estão sendo ligados em linhas específicas de algumas empresas do sistema e gradualmente avançarão para cobrir 100% da frota operacional. Vans e cabritinhos (sistema de transporte público comunitário)já estão com 55% dos validadores instalados.

A integração entre todos os modais do município do Rio de Janeiro ocorrerá gradualmente, à medida que todos os validadores forem ligados. O prazo para substituição do Riocard pelo Jaé depende da Secretaria Municipal de Transportes do Rio de Janeiro. Com o avanço da operação em todos os modais, o sistema de vale-transporte será disponibilizado para que as empresas possam fazer a migração do sistema atual para o Jaé de forma gradual e tranquila, de modo a evitar contratempos para os usuários do transporte público durante o processo de transição.

Rio de Janeiro recebe Mostra de Cinema Ecofalante pela primeira vez

O Rio de Janeiro receberá, na próxima quarta-feira (5), a primeira edição carioca da Mostra Ecofalante de Cinema. O evento começa no Dia Mundial do Meio Ambiente e vai até o dia 12, apresentando gratuitamente para o público 24 filmes de temática socioambiental.

Francisco Cesar Filho, um dos curadores do evento, disse à Agência Brasil que a ideia é que a edição carioca da mostra retorne anualmente às salas de cinema locais. A temática é sempre socioambiental.

Cesar Filho informou que parte dos filmes que serão exibidos é inédita no Brasil e só será vista em São Paulo no mês de agosto próximo, quando acontecerá a 13ª Mostra Ecofalante de Cinema. Na primeira edição da mostra carioca, a curadoria privilegiou mais filmes internacionais que brasileiros.

“[Filmes nacionais] têm mais chance de circular no estado de outras maneiras”, disse. Já a grande maioria dos filmes estrangeiros dificilmente serão exibidos em outros festivais no Brasil, afirmou o curador. “A organização social Ecofalante mapeia durante o ano, no circuito internacional, quais os filmes de maior repercussão e maior qualidade que têm temáticas que dialoguem com as questões socioambientais. É uma seleção do que circulou de melhor na safra recente internacional”, acrescentou.

Mostra Ecofalante de Cinema no Rio trará filmes com atores consagrados como Rosario Dawson e Jason Momoa. Foto: 1ª Mostra Ecofalante de Cinema Rio/Divulgação

A sessão de abertura acontece no dia 5, às 19h, no Estação Net Rio, com a exibição de “Food, Inc. 2”, continuação de “Food, Inc.” que, em 2008, causou furor ao alertar que as refeições diárias da humanidade têm profundas consequências éticas e ambientais. O filme conquistou o Emmy e foi indicado ao Oscar. Agora, “Food, Inc. 2”, de Robert Kenner e Melissa Robledo, revela que as corporações multinacionais aumentaram ainda mais sua influência, se especializaram no mercado de alimentos ultraprocessados e estão promovendo uma crise internacional de saúde.

A Mostra Ecofalante de Cinema Rio estará na Estação Net Rio, situada em Botafogo, zona sul da capital do estado, e no Cine Arte da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, região metropolitana do Rio. A programação pode ser conferida aqui.

Vitrine sul-americana

Criada em 2012, a Mostra Ecofalante de Cinema é reconhecida como a mais importante vitrine sul-americana para a produção audiovisual ligada às temáticas socioambientais. Além das exibições gratuitas dos filmes selecionados, o público poderá assistir também, na mostra do Rio, debates com especialistas. Um deles acontecerá após a apresentação do filme “TikTok Boom” (EUA, 2022, de Shalini Kantayya), que aborda a questão das redes sociais, reunindo a pró-reitora de Extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ivana Bentes, e a pesquisadora Helena Strecker. O filme foi exibido nos festivais de Sundance, São Francisco, SXSW, CPH:DOX (Dinamarca) e de Zuriqueutro.

Outro debate será sobre restauração e regeneração de ecossistemas e acontecerá após a apresentação do filme Solo Comum, longa-metragem que mostra como se pode ainda salvar a natureza já tão combalida no mundo. O longa foi premiado no Festival de Tribeca (EUA) e explora como a agricultura regenerativa pode ajudar a curar o solo, a nossa saúde e o planeta. A sessão está prevista para o dia 11, às 18h30, no Estação Net Rio, seguida do debate “Restauração e Regeneração dos Ecossistemas: O Que Está Sendo Feito no Brasil”. Participarão Luiz Fernando Duarte de Moraes, pesquisador do Embrapa; Renato Crouzeilles, diretor científico da MOMBAK; e Jerônimo Boelsums, professor do Departamento de Ciências Ambientais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

Sessões especiais

Haverá também sessões especiais de filmes clássicos e de filmes brasileiros. Entre os nacionais, serão apresentados o média-metragem “Vida Sobre as Águas”, de Danielle Khoury Gregorio e Marcio Isensee e Sá, que celebra a arquitetura única das comunidades ribeirinhas da Amazônia, revelando desde as casas sobre palafitas às moradias flutuantes. Ao final da sessão prevista para sábado (8), às 16h, no Estação Net Rio, haverá bate-papo com a equipe do filme. Já as mulheres indígenas do rio Negro contam sua história no média “Rionegrinas”, dirigido por Fernanda Ligabue e Juliana Radler, destacando a trajetória de lutas e as conquistas dessas mulheres, além da criação do Departamento das Mulheres Indígenas da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (DMIRN-FOIRN).

Outro destaque entre os filmes nacionais é o longa “Não Existe Almoço Grátis”, de Marcos Nepomuceno e Pedro Charbel. O filme acompanha a saga de Socorro, Jurailde e Bizza, moradoras da favela Sol Nascente, de Ceilânia (DF), encarregadas de preparar a alimentação das centenas de pessoas que chegaram a Brasília para assistir à posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023. As três lideram uma das Cozinhas Solidárias do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Na sessão especial de clássicos, o público terá oportunidade de assistir a série “Tesouros do Lixo”, coprodução entre Senegal e a França de 1989, que reúne cinco filmes curtos do importante documentarista senegalês Samba Félix Ndiaye (1945-2009), chamado de “pai do documentário africano”. Os filmes foram restaurados em 2021.

Da América Latina, será exibido o filme “Amor, Mulheres e Flores”, de 1988, sobre as características sociais dos trabalhadores da plantação de flores. Os realizadores colombianos Jorge Silva (1941-1987) e Marta Rodríguez são referência no documentarismo latino-americano. Sua produção engajada teve início nos anos 1960 e conquistou reconhecimento internacional, tendo acumulado premiações em eventos importantes, como o Festival de Berlim. Na primeira Mostra Ecofalante de Cinema no Rio será exibida a versão restaurada em 4k desse filme clássico.

Educação

Há 13 anos, a organização social Ecofalante desenvolve várias atividades no campo do audiovisual voltadas para a área socioambiental. Uma delas é a plataforma Ecofalante Play de ‘streaming’ (distribuição de conteúdo multimídia através da internet) gratuita que reúne filmes brasileiros e internacionais que tratam de questões socioambientais e é voltada para educadores. “Porque a Ecofalante tem um pé muito forte na questão da educação”, disse Francisco Cesar Filho. A organização promove também o Circuito Ecofalante Universidades, programa de extensão educacional que engloba, atualmente, mais de 100 universidades do Brasil, promovendo projeções e debates sobre temas socioambientais.

Brasil condena ataque que feriu três brasileiros no Líbano

O governo brasileiro condenou bombardeio que deixou três brasileiros feridos nesse sábado (1°) no Líbano. Em nota, a chancelaria brasileira informou que os feridos receberam atendimento médico no Hospital Libanês Italiano, em Tiro, cidade localizada no sul do país. Os nomes das vítimas não foram divulgados.

A situação é acompanhada pela embaixada do Brasil em Beirute, que também está em contato com os familiares dos feridos.

“O governo brasileiro manifesta sua indignação e condena o bombardeio de ontem, dia 1°, em Saddikine, no sul do Líbano, que resultou em ferimentos em três cidadãos brasileiros”, diz a nota.

Segundo o Itamaraty, o bombardeio ocorreu em função dos conflitos entre as forças armadas de Israel e combatentes do Hezbollah.

“O Brasil exorta as partes envolvidas nas hostilidades à máxima contenção, assim como ao respeito aos direitos humanos e ao direito humanitário, de forma que se previna o alastramento do conflito em Gaza e se evitem novas vítimas civis inocentes”, completou o governo brasileiro.

Vacinação no Rio Grande do Sul atende à demanda, diz ministério

O Ministério da Saúde negou que haja desabastecimento em relação às vacinas recomendadas para a uso da população do Rio Grande do Sul atingida pelas enchentes. De acordo com a pasta, todas as solicitações feitas pelo estado estão sendo atendidas pelo Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI), respeitando a capacidade de recebimento e armazenamento estadual.

“Houve reforço da imunização”, disse o secretário de Atenção Primária em Saúde e coordenador do Centro de Operações de Emergência em Saúde, Felipe Proenço, em entrevista à Agência Brasil. Estão disponíveis cerca de 300 mil imunizantes, que foram pensados para manter o Programa Nacional de Imunização dentro das orientações que já são feitas cotidianamente, mas voltadas para o momento que o estado vive atualmente o Rio Grande do Sul, com a oferta de doses para gripe, covid e tétano, informou o secretário.

Segundo Proenço, que tem feito visitas frequentes ao Rio Grande do Sul, os pedidos de imunizantes já vinham sendo atendidos, mas, diante das emergências, houve reforço no envio de vacinas ao estado, principalmente às destinadas à prevenção da gripe, da covid e do tétano.

Proenço explicou que é preciso entender o contexto: entre as pessoas que estão nos abrigos e aglomeradas, sazonalmente, já era esperado aumento de doenças respiratórias. “Mas, nessas condições de abrigados e de pessoas desalojadas, a tendência é de aumento das doenças respiratórias. Quanto ao tétano, na medida em que a água vai baixando e as pessoas vão voltando para casa, para consertar o que é possível e tirar o que tiveram de perda, elas tendem a se machucar. Nesse caso, a prevenção do tétano é fundamental”, disse o secretário. De acordo com ele, diante do cenário bastante dinâmico do estado, o Ministério da Saúde faz avaliações diárias para verificar se há novas necessidades.

“Dentro do que foi demandado e do que temos das equipes volantes da Força Nacional do SUS [Sistema Único de Saúde] que têm acompanhado as ações nos abrigos, estamos em contato constante com a Secretaria de Estado de Saúde e secretarias municipais de Saúde. Então, no que foi demandado, entendemos que é suficiente”, acrescentou.

Até o dia 24 de maio, foram encaminhados ao Rio Grande do Sul 955,4 mil imunizantes: 190,4 mil para covid-19, 200 mil para difteria e tétano (dT – dupla bacteriana adulto), 50 mil pentavalentes, 65 mil de DTP (difteria, tétano e pertussis), 10 mil vacinas adsorvidas para difteria, tétano e pertussis (acelular) (dTpa – tríplice bacteriana acelular tipo adulto), 22 mil para hepatite A, 5 mil contra raiva canina, 18 mil vacinas contra raiva em células vero e 400 mil para influenza, informou o Ministério da Saúde em resposta à reportagem.

Prioridades

Segundo a chefe da Seção de Imunização da Secretaria de Estado de Saúde do Rio Grande do Sul, Eliese Denardi Cesar, o estado tem priorizado as vacinas que estão na nota técnica conjunta com o Ministério da Saúde, que são contra covid, influenza, tétano, hepatite A e raiva. “Nesse contexto das inundações, das enchentes, essas foram elencadas como prioridade”, confirmou Eliese à reportagem.

Para o pesquisador Cristóvão Barcelos, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz), Cristóvão Barcelos, mesmo que o ideal seja as pessoas se imunizarem antes de tragédias como as enchentes do Rio Grande do Sul, em alguns casos, ainda há tempo de vacinar para prevenir doenças. Barcelos ressaltou que esta é uma inundação diferente porque está durando muito tempo e que quem ainda não foi exposto aos riscos patogênicos, daqui por diante, pode ser infectado e ficar doente.

“Como a duração do desastre é muito grande, ainda dá tempo de vacinar as pessoas mais fragilizadas, mas isso tem que ter critério porque não pode ter vacinação de todos infelizmente”, disse Barcelos, em entrevista à Agência Brasil.

De acordo com o especialista, os números indicam que cerca de 2 milhões de pessoas foram atingidas pelas cheias no estado, e não há quantidade de vacinas nesta proporção. “Não existe vacina para 2 milhões de pessoas. Tem que elaborar uma lista de prioridades. Por exemplo, pessoas que estão em abrigos já estão recebendo vacinas da gripe, que são doenças respiratórias muito comuns em condições de abrigo. Isso é importante. Pessoas que estão em algum tipo de aglomeração, muito juntas umas das outras”, acrescentou.

Entre as doenças que precisam de vacinação, Barcelos destacou a hepatite A e, mais uma vez, sugeriu a adoção de um esquema de prioridades. “Não vale a pena, hoje, vacinar 2 milhões de pessoas contra a hepatite A. Então, tem que selecionar muito bem os grupos que seriam prioritários, que tenham alguma deficiência imunológica. É um momento muito delicado de estimar quais são as áreas mais atingidas e os grupos mais prioritários para a vacinação.”

O professor lamentou que a leptospirose, que tem infectado algumas pessoas no Rio Grande do Sul, não tenha imunizantes. “Infelizmente para a leptospirose não tem vacina.”

Logística

Na visão do pesquisador, uma das iniciativas interessantes em termos de logística é fazer atendimento nos próprios locais que receberam famílias desalojadas ou desabrigadas. “Alguns abrigos estão se tornando unidades de saúde na prática, porque ali tem médicos, tem alguma condição de armazenamento, as pessoas já buscam abrigo para [receber] alguma atenção. Às vezes, é só para informação, não é algum tratamento, diagnóstico de nada, então, os abrigos já estão funcionando como locais de atenção à saúde e outros estão sendo retomados.”

De certa forma, essa logística diminui o impacto do atendimento nas redes pública e privada de saúde. Conforme cálculos de especialistas, cerca de 3 mil estabelecimentos de saúde das duas redes foram atingidos pelas cheias.

Barcelos disse que o termo correto a ser usado é estabelecimento, porque abrange desde farmácias e hospitais, passando por postos de saúde, unidades de pronto atendimento e clínicas da família. “Estabelecimento de saúde é um nome mais genérico para todas as atividades, inclusive farmácias e consultórios particulares. Não são 3 mil unidades básicas de saúde, são 3 mil estabelecimentos em geral”, explicou.

Eliese Denardi Cesar informou que, aproveitando a estrutura dos abrigos, a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul já aplicou mais de 21 mil doses de vacinas contra a influenza, além de ter disponibilizado o imunizante nas unidades de saúde para a população acima de 6 meses de idade. “Está sendo feita essa ação de vacinação que a gente chama de extramuros e também nas unidades de saúde, assim como os municípios fizeram vacinação em pontos onde estão socorristas, onde estavam ocorrendo os resgates.”

Vacinas

Ainda que o estado não tenha registro de casos de sarampo entre as crianças, Barcelos ressaltou que as cadernetas de vacinação precisam estar atualizadas. “Não custa lembrar para as mães e pais e perguntar sobre o status de vacinação [da criança] para tomar [a vacina] caso esteja faltando”, disse ele, acrescentando a necessidade também de idosos tomarem a vacina da gripe.

No caso da covid-19, o pesquisador lembrou que, apesar de o país não estar em momento tão grave de transmissão, é uma das doenças que podem surgir por causa do frio e da aglomeração. Diante da estratégia de vacinação contra a doença, para a qual se espera uma cobertura alta, Barcelos destaca que ela deve ser reforçada em algumas áreas, principalmente em abrigos, onde as pessoas podem ficar doentes nas próximas semanas. “É perguntar se a pessoa já tomou o reforço da vacina, lembrar as pessoas que devem se vacinar.”

A Secretaria Estadual de Saúde informou que recebeu, na segunda-feira (27), 56 mil doses de vacinas contra covid-19 do laboratório Moderna da cepa XBB. “Estamos fazendo a distribuição da vacina para os municípios com a cepa atualizada que o Ministério da Saúde encaminhou para o estado, para que a população que está nos grupos prioritários possa ser imunizada. Também foram  incluídas as pessoas que estão nos abrigos e os socorristas, tanto profissionais quanto voluntários, informou Eliese Denardi Cesar, acrescentando que a secretaria segue a orientação do ministério de inclusão do imunizante no calendário vacinação de crianças e grupos prioritários.

“Devido a todo este estado de calamidade, foram feitas algumas exceções para o Rio Grande do Sul, como a de vacinar quem está nos abrigos e os socorristas”, destacou Eliese.

A chefe da Seção de Imunização da Secretaria de Saúde lembrou a preocupação de fazer a vacinação prévia contra a raiva para quem trabalha com socorro ou nos abrigos de animais. “Essas pessoas podem fazer a vacinação para prevenir acidentes de mordeduras de animais, principalmente de cães e gatos. Claro que, se já houve mordedura, vai ter o atendimento adequado”, ressaltou.

No mesmo sentido, segue a orientação para a aplicação da vacina contra tétano. “Socorristas, população com ferimento. Fazer a vacina se já passou mais de cinco anos da última dose de reforço,  fazer um novo reforço da vacina para prevenir contra o tétano, principalmente por causa do contato com a água das enchentes, contaminada”, lembrou a chefe da Seção de Imunização.

Animais peçonhentos

Aranhas podem aparecer em escombros – Léo Rodrigues/Agência Brasil

O pesquisador Cristóvão Barcelos Barcelos chamou a atenção para os casos de aparecimento de animais peçonhentos, que não contam com imunizantes, mas têm tratamento.

“Aranha, escorpião infelizmente são comuns e tem coincidência muito grande com as áreas que foram alagadas. A distribuição dos acidentes com aranhas parece muito com a mancha de inundação. Onde o habitat [local onde vive a espécie] foi afetado, eles vão procurar abrigos em escombros, restos de construção destruída, no lixo. É uma preocupação muito grande”, alertou o pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz.

Caso Miguel completa 4 anos sem conclusão: “tortura grande”, diz mãe

Quem já sofreu pela morte de um familiar ou um amigo, já deve ter ouvido a frase de acolhimento: “o tempo ajuda a curar as feridas”. Mas quando o luto está atrelado a um processo criminal sem conclusão, a expressão perde todo o sentido. Para Mirtes Renata Santana, o tempo é sinônimo de “tortura” e as feridas seguem abertas há quatro anos.

No dia 2 de junho de 2020, ela encontrou o filho Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, gravemente ferido depois de cair de uma altura de 35 metros. Ele chegou a ser socorrido, mas faleceu. Mirtes era empregada doméstica e levou o menino para o trabalho porque a creche estava fechada. O período era de pandemia da Covid 19 e ela não tinha com quem deixar o filho. O governo de Pernambuco havia definido que o trabalho doméstico não era essencial, mas Mirtes teve de manter a rotina para não perder o emprego.

Ela foi incumbida de passear com o cachorro da patroa Sarí Mariana Costa Gaspar Corte Real, que morava em um prédio de luxo no centro do Recife. Sarí ficou em casa fazendo as unhas e se responsabilizou por cuidar de Miguel. O menino pediu pela mãe, a patroa o colocou em um elevador e apertou o botão do nono andar. Sozinho, ele chegou em uma área de maquinaria, acessou uma janela e caiu.

Em maio de 2022, Sarí foi condenada a oito anos e meio de prisão por abandono de incapaz com resultado de morte. Até hoje responde em liberdade. Mirtes tem lutado durante todo esse tempo para que o caso seja concluído pela Justiça. Segundo palavras da própria, ela adoece sempre que há nova movimentação nos processos e diz que a espera tem sido “massacrante”.

As decisões mais recentes foram desfavoráveis. Há duas semanas, a Justiça do Trabalho em Pernambuco reduziu de R$ 2 milhões para R$ 1 milhão a indenização que deve ser paga por Sarí e o marido, Sergio Hacker, ex-prefeito de Tamandaré, à família de Miguel. Em novembro do ano passado, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) diminuiu a pena de Sarí para sete anos de prisão. Ainda cabe recurso no TJPE, depois no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF).

Hoje, Mirtes divide o tempo entre o trabalho de assessora parlamentar, a faculdade de Direito e a participação em movimentos antirracistas. Em entrevista à Agência Brasil, ela disse que, no desenvolvimento político e intelectual pelo qual vem passando, entendeu que tanto a morte de Miguel como a demora da conclusão na Justiça têm traços racistas: “porque é o caso de um menino preto. Se fosse o caso de um menino branco, já tinha sido resolvido”.

Confira a entrevista:

Agência Brasil: Como você recebeu a decisão judicial mais recente de reduzir o valor da indenização que deve ser paga por Sarí Corte Real e Sérgio Hacker?

Mirtes: A gente já esperava mais ou menos que fosse diminuir o valor da indenização, mas não bruscamente como foi, praticamente pela metade. Mas era algo que a gente esperava. O valor ficou mais ou menos no teto do que foi indicado na petição inicial e a gente recebeu o acórdão na semana passada. A gente está aguardando, porque é provável que a outra parte recorra. Se eles recorrerem, a gente recorre também. Mas eu recebi de forma bem tranquila essa decisão. Eu não estou dando o mesmo foco para esse processo, porque o meu foco maior é o processo penal. E qualquer valor que seja para eles pagarem, que paguem. Porque, infelizmente, essas pessoas só sentem o peso dos seus atos quando mexe no bolso. Se minha mãe e eu temos direito a alguma indenização, que venha. Pode ser o valor que for, mas que venha.

Morte do menino Miguel Pereira completa 4 anos sem conclusão na Justiça – Arte/Agência Brasil

Agência Brasil: Mesmo com a gravidade do que aconteceu, surgem ataques contra você nas redes sociais. E um dos temas explorados é o da indenização. Acusam você de ter um interesse maior pelo dinheiro. Como você lida com esse tipo de ataque?

Mirtes: Essa é uma luta por direitos. Infelizmente, essas pessoas me criticam, questionam muita coisa, mas é algo que cabe a mim por direito. Alguns jornais também colocam títulos tendenciosos e as pessoas não leem o restante do texto, as explicações sobre o que significa o processo. Mas eu estou bem tranquila, nem observo muito esses comentários, porque eu estou preservando a minha saúde mental. Eu só sinto muito por elas não procurarem entender o motivo, quais são os direitos, o que está sendo julgado.

Não é só a morte de Miguel, mas também a questão trabalhista e o lockdown. Porque, no período da pandemia, o trabalho de empregada doméstica não era essencial e eu trabalhei. Fiquei doente, peguei Covid e continuei trabalhando. Tem também a fraude contratual. E muitas empregadas domésticas passam por essa questão da fraude contratual e não denunciam. Muitas pessoas trabalharam no período do “lockdown” em funções que não eram essenciais, não denunciaram e acabou ficando por isso. Mas, no meu caso, foi denunciado e eu estou correndo atrás dos meus direitos. E muita gente que passou pela mesma situação e não denunciou, fica me criticando. É muito importante se informar para reagir contra aqueles que se aproveitam dos serviços das pessoas de forma ilícita.

Agência Brasil: A única resposta concreta do Estado sobre o caso até agora foi a aprovação da Lei Miguel, em agosto de 2020, pelo legislativo de Pernambuco. Ela determina que crianças de até 12 anos não podem utilizar elevadores desacompanhadas de adultos. O que você achou da medida? Teve alguma relevância diante do que aconteceu?

Mirtes: Em parte, sim. Claro que é muito pouco ainda. Mas alteraram a lei, colocaram o nome de Miguel. Se falou muito dela na mídia e ajudou a dar mais visibilidade ao caso. Mas, infelizmente, as violações ocorrem em equipamentos privados e as pessoas acabam não sendo punidas por uma questão de classe mesmo. Porque são pessoas brancas e ricas. E as pessoas que administram o condomínio não querem se indispor com o morador que acaba violando a lei. Nos ambientes públicos há vigilância maior em relação à lei, mas nos ambientes privados, não.

Mirtes Renata Santana decidiu cursar direito para acompanhar o processo da morte do filho. “Não era meu sonho. Estou fazendo para entender o processo e ajudar outras pessoas a não passarem pelo que estou passando”. Foto: Jc Penna/Instagram

Agência Brasil: Mães que perdem filhos em contextos criminais e lutam por uma solução na justiça costumam ser exaltadas pela força. Nem sempre se destaca como o processo provoca adoecimento mental e físico. De que forma você está sendo impactada por essa longa espera para que haja uma solução definitiva para o caso?

Mirtes: Para mim, é uma tortura muito grande passar quatro anos lutando e ainda não ter resultado. É muito massacrante ter que ficar sempre lembrando do que ocorreu. Eu fico doente toda vez que tem algum processo, que mexem no caso e isso não se resolve logo. Para mim é muito pesado.

A sensação que dá é a de impunidade. Mas eu não vou deixar. Eu vou correr atrás. São quatro anos lutando. Eu não vou parar até que seja resolvido. Pode durar quantos anos tiver que durar. Eu posso me machucar o quanto for, mas eu vou continuar lutando. Porque foi meu filho que morreu. Eu perdi o amor da minha vida. E eu não vou deixar que fique impune esse crime contra o meu filho. Não vou deixar.

Está sendo bem difícil, mas eu não vou desistir. Peço que o Brasil continue nessa luta junto comigo, lembrando sempre do Miguel e pressionando o judiciário pernambucano, para que o caso do meu filho seja resolvido o quanto antes.

Agência Brasil: Você entende que o processo está sendo tratado da forma correta pela justiça? Ou acha que existem fatores específicos que prejudicam o andamento?

Mirtes: O processo de Miguel foi o último processo físico do estado e o presidente do TJPE mandou que todos os processos físicos fossem digitalizados. O de Miguel foi digitalizado, mas só que ainda não foi totalmente finalizado, porque ainda faltam as mídias do processo, que são muitas. Fui no tribunal para saber como estava o andamento do processo e ficou tipo um joguinho de pingue-pongue. Um jogava para o outro. Eu fui no gabinete do desembargador e disseram que o processo não tinha chegado lá. Ainda estava no gabinete do desembargador relator. Aí, cheguei lá, também não estava lá. Ficou aquele joguinho. Para mim, naquele momento, bateu uma tristeza muito grande em saber que está tendo esse tipo de tratamento com o processo do meu filho. Eu não sei nem explicar completamente o sentimento que eu tive ali, mas me deixou muito triste.

Minha advogada vai cobrar para que essas mídias sejam incluídas no processo que já foi digitalizado. E que siga, porque ainda precisa do julgamento dos recursos, para depois subir para Brasília. Esse tempo todinho para analisar os recursos que são os embargos de declaração, para depois poder julgar, e ainda não foi feito nada?

Eu vejo também um pouco de descaso. E olha que é um crime que tomou uma proporção internacional e ainda não foi resolvido. Enquanto casos parecidos com o do meu filho já foram resolvidos. Um exemplo é o caso do menino Henry Borel, que já prenderam o padrasto e a mãe. E a Sarí? Está solta. Porque é o caso de um menino preto. Porque se fosse o caso de um menino branco já tinha sido resolvido. É bem nítida mesmo essa questão.

Agência Brasil: Você já falou antes que a perda do Miguel te levou para novos caminhos de reflexão e militância. Como estão atualmente as conexões com movimentos sociais e com outras mães que passaram por situações semelhantes às suas?

Mirtes: Eu faço parte da ANEPE, a Articulação Negra de Pernambuco. Ela é vinculada à Coalisão Negra por Direitos, que é nacional e internacional, e a gente vem fazendo esse enfrentamento com relação à violência e ao racismo. Antes da morte do Miguel eu não fazia parte de movimento social, só acompanhava na TV a movimentação do pessoal. Às vezes, acompanhava pela internet, mas frequentar e participar desse jeito, não.

Depois que tudo isso aconteceu, algumas pessoas me procuraram e comecei a ter conexões com outras mães. Algumas promovem eventos e eu participo. A gente conversa e se fortalece para continuar na luta. Porque não é fácil, então a gente busca se fortalecer uma na outra. Tem uma mais próxima aqui de mim, que é a Joelma, mãe de Mário Andrade, assassinado por um policial. Ela batalhou anos, conseguiu a condenação e a prisão do policial que matou o filho dela. Hoje ela tem um centro chamado Mário Andrade lá no Ibura [bairro de Recife] e vem ajudando a comunidade. Eu estou próxima dela. Ajudo no que precisar na comunidade. Falo também com outras mães por mensagens ou pelas redes sociais e a gente vai se fortalecendo, se articulando para poder continuar firme.

 Miguel estava sob supervisão da patroa de Mirtes quando caiu de uma janela. Foto: Arquivo pessoal

Agência Brasil: E nesse processo, você entende que teve também um amadurecimento político e social? De pensar sobre questões que passavam despercebidas?

Mirtes: Antes, eu tinha muita noção de classe social e do preconceito por ser mulher. Porque eu senti isso na pele quando trabalhava em uma área que é majoritariamente masculina, a carpintaria. Eu sofria preconceito por ser mulher carpinteira, tanto nas relações de trabalho, quanto na questão salarial mesmo. Não recebia igual aos carpinteiros homens.

Mas sobre a questão do racismo em si, eu não tinha noção. E só vim a ter após a morte do meu filho, porque eu passei por um período de formação política e comecei a entender muitas coisas. Comecei até a refletir sobre o meu passado, as coisas que já aconteceram comigo, os tipos de violência, os preconceitos. E, hoje em dia, eu tenho uma visão bem crítica mesmo. Quando eu vejo que tem algum tipo de preconceito, racismo, sexismo, eu não me calo. Eu falo, eu chamo a atenção. Mas não de uma forma violenta, mas de uma forma pedagógica, para as pessoas entenderem que aquela atitude é errada. Porque violência não leva a lugar nenhum.

Agência Brasil: Nesse contexto, como surgiu a decisão de fazer faculdade de Direito? E em relação ao trabalho, você continuou a fazer outros serviços domésticos?

Mirtes: Nem eu, nem a minha mãe continuamos no trabalho doméstico. A gente decidiu que não ia mais trabalhar nessa área. Depois que eu perdi meu filho, eu comecei a trabalhar em ONG. Trabalhei no Grupo Curumim, aqui do Recife, e em parceria com a AfroResistance, que é uma organização internacional. Passei dois anos trabalhando para eles. Depois, eu saí e estou trabalhando há um ano como assessora parlamentar da deputada estadual Dani Portela (PSol). Isso está somando muito na minha vida pessoal e profissional. O que eu estou aprendendo na faculdade, consigo colocar em prática no trabalho legislativo.

Na faculdade de Direito, já estou no sétimo período. Finalizo em dezembro do próximo ano. Está sendo bem difícil conciliar com o trabalho e a luta, mas estou conseguindo seguir com a faculdade. Não era o meu sonho cursar Direito. Eu só estou fazendo por uma questão de necessidade. Para entender o processo do meu filho e também para poder ajudar outras pessoas a não passarem pelo que eu venho passando hoje. Então, essa é a minha intenção ao fazer a faculdade. Eu digo que Deus primeiro me deu uma missão: ser mãe de Miguel e cuidar dele. E depois que meu filho partiu, a segunda parte da minha missão é, a partir dessa minha formação, poder ajudar outras pessoas.

Pedidos de resposta

A Agência Brasil não conseguiu contato com a defesa de Sarí Corte Real e de Sérgio Hacker Corte Real, ex-prefeito de Tamandaré.

Procurado para comentar as críticas de Mirtes sobre demora na digitalização do processo, o Tribunal de Justiça de Pernambuco se limitou a responder que “todos os procedimentos e trâmites legais do caso estão sendo cumpridos”.