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PEC promove “privatização” do BC e pode ter custo fiscal ao país

A autonomia orçamentária do Banco Central (BC), prevista na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 65/2023 que tramita no Senado, promove uma espécie de “privatização” da autoridade monetária e pode causar custos fiscais ao país ao reter receitas que hoje são transferidas para o orçamento da União. Essa é a avaliação de especialistas consultados pela Agência Brasil.

A PEC 65, de 2023, deve ser lida quarta-feira (19) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Ela já conta com o apoio de 42 senadores, sete a menos que o necessário para a aprovação de uma mudança na Constituição.

A proposta em análise no Senado transforma o BC de uma autarquia federal em empresa pública com personalidade jurídica de direito privado. Além disso, os servidores passariam a ser regidos pela CLT, a Consolidação das Leis do Trabalho, e não mais pelo regime estatutário da União.

O professor-associado de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Pedro Paulo Zaluth Bastos, sustenta que a medida pode prejudicar as funções públicas do BC de estabilização da moeda e promoção do pleno emprego.

“[A PEC] é uma espécie de privatização, tem cara de privatização. O que o Banco Central apura como, eventualmente, lucro, tem que ir para o Tesouro. Com a PEC, esse lucro poderia deixar de ir para o Tesouro”, disse.

Para o doutor em ciências econômicas, a busca pelo lucro pode desvirtuar a atuação da direção do Banco. “Isso pode estimular o Banco Central a buscar lucro ao invés de realizar suas funções públicas. Movimentos que aumentariam o lucro do BC, como redução de juros ou desvalorização cambial, se chocam com o mandato público, que é de controlar a inflação”, completou.

De 2018 a 2023, o lucro com a senhoriagem (fonte de receita do BC oriunda da emissão de moedas) foi de R$ 114 bilhões, contra uma despesa acumulada no período de R$ 23 bilhões, segundo o recurso previsto nas Leis Orçamentárias Anuais (LOA) desses seis anos.

Ou seja, se a PEC tivesse em vigor desde 2018, a direção do Banco Central teria em mãos cerca de R$ 91 bilhões a mais para gastos e investimentos.

Um dos argumentos da PEC é que o BC não precisaria mais usar os recursos do Tesouro Nacional uma vez que ele tem receitas próprias, desonerando o orçamento público. O professor da Unicamp diz que o mais provável é que o inverso ocorra, já que as receitas do BC são superiores ao atual orçamento do banco.

“O Banco Central, sistematicamente, critica o gasto público. É engraçado que, com a PEC, eles contribuem para aumentar o gasto público”, comentou Pedro Paulo Barros.

Independência orçamentária

O principal argumento da PEC é que o BC – que já é autônomo em suas operações – deve desenvolver suas atividades “sem constrangimentos financeiros”, segundo argumenta o relator da proposta, senador Plínio Valério (PSDB-MA).

Com isso, o orçamento do BC não dependeria mais dos repasses do Tesouro Nacional, usando as receitas próprias “geradas pelos seus ativos, para custear as despesas com pessoal, custeio em geral, investimentos e outras”.

A única restrição prevista na PEC é para reajuste dos funcionários, que deve ser restrito à variação da inflação do ano anterior. Reajustes acima da inflação precisariam de autorização do Senado.

Portas giratórias

O professor de Sociologia Econômica Edemilson Paraná, da LUT University da Finlândia, destacou que a PEC consolida, de vez, o controle da política monetária “pelos interesses dos grandes setores dominantes, a quem interessa mais diretamente a política monetária, que são os grandes bancos e as grandes instituições financeiras que estão umbilicalmente vinculadas por meio das portas giratórias”.

“Porta giratória” é o termo usado para se referir à prática de altos executivos do mercado financeiros de irem para cargos da alta administração pública ligadas ao mercado, como Banco Central e Ministério da Fazenda, e depois regressarem para o mercado financeiro, criando dúvidas em relação a possíveis conflitos de interesses.

Edemilson Paraná defende que a autonomia do Banco Central atual é em relação ao poder político emanado das urnas, mas não em relação aos grandes bancos e instituições financeiras, o que se aprofundará com a PEC, segundo avalia.

“Todos os caras também são vinculados às instituições financeiras. Então, autonomia de quem? Autonomia do povo, autonomia da democracia, autonomia da decisão política soberana do país”, explicou.

Paraná acrescentou que a PEC acaba com as restrições orçamentárias do BC, que hoje afetam os demais órgãos públicos. “Eles querem, como vários outros setores do Estado brasileiro, como o Judiciário e a Polícia Federal, se tornarem exceções à regra que eles mesmos defendem para o conjunto do Estado, que é de redução de despesas”.

Para o economista Pedro Paulo, a ausência de estabilidade para os servidores do banco fragiliza a autonomia dos funcionários frente a pressões indevidas.

“Com essa PEC, o Banco Central ganha independência em relação aos concursos públicos que asseguram maior concorrência e menor arbitrariedade pessoal na contratação dos funcionários. Um diretor ou presidente poderia constituir uma direção de acordo com o que ele entendesse. O fato de hoje os funcionários serem estatutários permite que eles não tenham pressão para executar políticas contrárias ao interesse público”, afirmou.

Defesa da PEC

O relator da PEC, senador Plínio Valério, defende que a proposta está em linha com os mais importantes bancos centrais do mundo, como Canadá, Estados Unidos, Suécia, Noruega, Banco Central Europeu e Austrália, onde a autonomia orçamentária e financeira é a regra.

O senador afirmou ainda que é possível impor limites ao uso dos lucros pelo Banco Central. “As melhores práticas internacionais recomendam que a permissão para uso da senhoriagem como fonte de financiamento seja acompanhada de regras para transferência de resultados da autoridade monetária para a autoridade fiscal”.

Além disso, ele lembrou que a Lei 13.820, de 2019, já prevê o uso do resultado do Banco Central para o pagamento da dívida mobiliária federal, o que não deve sofrer alteração com a PEC.

“A experiência internacional mostra que, os principais bancos centrais do mundo se submetem a processos rigorosos de supervisão, tanto internos quanto externos, mesmo com elevado grau de autonomia financeira e que essa sistemática seja seguida na PEC apresentada”, completou.

“Outro ponto importante é estabelecer regra clara que evite a despedida imotivada como mecanismo de proteção dos futuros empregados do BC”, completou o relator da matéria.

Supremo julga nesta semana denúncia do caso Marielle

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar na próxima terça-feira (18) denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os acusados de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018.

Na sessão, os ministros vão decidir se Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, Chiquinho Brazão, deputado federal (União-RJ) e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa se tornarão réus por homicídio e organização criminosa. Eles estão presos desde março em função das investigações sobre o assassinato.

Outros acusados também estão envolvidos e presos. Ronald Paulo de Alves Pereira, conhecido como major Ronald, também foi denunciado pelo homicídio. Segundo a acusação, ele monitorou a rotina da vereadora antes do crime.

Robson Calixto Fonseca, conhecido com Peixe, foi denunciado somente por organização criminosa. Ex-assessor de Domingos Brazão no TCE do Rio, ele é acusado de ter fornecido a arma usada no assassinato.

De acordo com a procuradoria, o assassinato ocorreu a mando dos irmãos Brazão, com a participação de Rivaldo Barbosa,  e motivado para proteger interesses econômicos de milícias e desencorajar atos de oposição política de Marielle, filiada ao PSOL. A base da acusação é a delação premiada do ex-policial Ronnie Lessa, réu confesso da execução dos homicídios.

Rito

O julgamento está previsto para começar às 14h30. O processo será chamado a julgamento pelo presidente do colegiado e relator da denúncia, ministro Alexandre de Moraes. Ele fará a leitura do relatório do processo, documento que resume a tramitação do caso.

Após o término da leitura, Moraes passará a palavra para o representante da  Procuradoria-Geral da República (PGR), que defenderá o recebimento da denúncia.

Em seguida, os advogados subirão à tribuna e terão prazo de uma hora para fazer a defesa dos acusados.

Na sequência, começará a votação. Além de Moraes, vão votar sobre a questão os ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino.

Os irmãos Brazão e os demais acusados se tornarão réus pelo homicídio de Marielle se três dos cinco ministros se manifestarem a favor da denúncia da PGR.

Defesas

A denúncia foi liberada para julgamento após o fim do prazo para a defesa dos acusados se manifestar sobre as acusações.

Os advogados de Domingos Brazão defenderam no Supremo a rejeição da denúncia por falta de provas e afirmaram que a Corte não pode julgar o caso em função da presença de um parlamentar nas investigações.

“Os crimes imputados na exordial não possuem qualquer pertinência temática com a função de deputado federal de Francisco Brazão [irmão de Domingos] .Os delitos são todos anteriores ao seu primeiro mandato federal, não havendo o que se falar em competência originária desta Suprema Corte para supervisionar investigação por homicídio, supostamente ordenado por vereador”, afirmou a defesa.

A defesa de Chiquinho Brazão também alegou que as acusações não têm ligação com seu mandato parlamentar e disse que não há provas da ligação dos irmãos com ocupação ilegal de terrenos no Rio de Janeiro. 

“Se a execução da vereadora Marielle tinha por finalidade viabilizar a construção do empreendimento, chama a atenção o fato de jamais ter existido qualquer movimento nesse sentido ao longo de seis anos”, completou a defesa.

A defesa de Rivaldo Barbosa defendeu a rejeição da denúncia e disse que o ex-chefe da Polícia Civil não tem qualquer ligação com o homicídio.

“Rivaldo Barbosa foi nomeado chefe de polícia durante o período de intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, tendo sido escolhido por sua competência, sem qualquer interferência de políticos ou autoridades públicas daquele estado, não havendo que se cogitar qualquer tipo de vinculação de seu nome a contraventores ou aos supostos mandantes dos homicídios em questão”, afirmaram os advogados.

A defesa de Robson Calixto destacou que o acusado não foi denunciado pela morte de Marielle e não figurou como investigado no caso.

“O acusado foi alvo de duas buscas e apreensões e foi denunciado a partir da delação premiada de Ronnie Lessa, que afirmou que ele teria fornecido a arma para a prática do homicídio contra Marielle. Porém, o próprio Ministério Público afirmou na cota à denúncia que não há elementos capazes de corroborar as palavras do colaborador Ronnie Lessa”, afirmou a defesa.

O advogado de Ronald Pereira disse que não há provas para a aceitação da denúncia. Para a defesa, o acordo de delação de Ronnie Lessa deve ser anulado por não haver provas de que Ronaldo estaria monitorando a rotina da vereadora.

“No dia e horário em que Ronald estaria monitorando Marielle, segundo a tese ministerial, na verdade ele se encontrava na aula inaugural do curso superior de Polícia Militar do quadro de oficiais policiais militares, no Centro Integrado de Comando e Controle da Polícia Militar do estado do Rio, com dezenas de autoridades, entre as quais o interventor general Richard Nunes”, completou.

Coqueluche: saiba mais sobre a doença que voltou a preocupar o mundo

Pelo menos 17 países da União Europeia registram aumento de casos de coqueluche – entre janeiro e dezembro do ano passado, foram notificadas 25.130 ocorrências no continente. Já entre janeiro e março deste ano, 32.037 casos foram registrados na região em diversos grupos etários, com maior incidência entre menores de 1 ano, seguidos pelos grupos de 5 a 9 anos e de 1 a 4 anos.

O Centro de Prevenção e Controle de Doenças da China informou que, em 2024, foram notificados no país 32.380 casos e 13 óbitos por coqueluche até fevereiro. A Bolívia também registra surto da doença, com 693 casos confirmados de janeiro a agosto de 2023, sendo 435 (62,8%) em menores de 5 anos, além de oito óbitos.

No Brasil, o último pico epidêmico de coqueluche ocorreu em 2014, quando foram confirmados 8.614 casos. De 2015 a 2019, o número de casos confirmados variou entre 3.110 e 1.562. A partir de 2020, houve uma redução importante de casos da doença, associada à pandemia de covid-19 e ao isolamento social.

De 2019 a 2023, todas as 27 unidades federativas notificaram casos de coqueluche. Pernambuco confirmou o maior número de casos (776), seguido por São Paulo (300), Minas Gerais (253), Paraná (158), Rio Grande do Sul (148) e Bahia (122). No mesmo período, foram registradas 12 mortes pela doença, sendo 11 em 2019 e uma em 2020.

Em 2024, os números continuam altos. A Secretaria de Saúde de São Paulo notificou 139 casos de coqueluche de janeiro até o início de junho – um aumento de 768,7% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando houve 16 registros da doença no estado.

Esquema vacinal

O Ministério da Saúde reforça que a principal forma de prevenção da coqueluche é a vacinação de crianças menores de 1 ano, com a aplicação de doses de reforço aos 15 meses e aos 4 anos, além da imunização de gestantes e puérperas e de profissionais da área da saúde.

O esquema vacinal primário é composto por três doses, aos 2 meses, aos 4 meses e aos 6 meses, da vacina penta, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo b, seguida de doses de reforço com a vacina DTP, contra difteria, tétano e coqueluche, conhecida como tríplice bacteriana.

Para gestantes, como estratégia de imunização passiva de recém-nascidos, recomenda-se, desde 2014, uma dose da vacina dTpa tipo adulto por gestação, a partir da vigésima semana. Para quem não foi imunizada durante a gravidez, a orientação é administrar uma dose da dTpa no puerpério, o mais precocemente possível e até 45 dias pós-parto.

Desde 2019, a vacina dTpa passou a ser indicada também a profissionais da saúde, parteiras tradicionais e estagiários da área da saúde atuantes em unidades de terapia intensiva (UTI) e unidades de cuidados intensivos neonatal convencional (UCI) e berçários, como complemento do esquema vacinal para difteria e tétano ou como reforço para aqueles que apresentam o esquema vacinal completo para difteria e tétano.

Imunização ampliada

Em meio a tantos surtos de coqueluche, o ministério publicou neste mês nota técnica em que recomenda ampliar, em caráter excepcional, e intensificar a vacinação contra a doença no Brasil. A pasta pede ainda que estados e municípios fortaleçam ações de vigilância epidemiológica para casos de coqueluche.

O documento amplia a indicação de uso da vacina dTpa (tríplice bacteriana acelular tipo adulto), que combate difteria, tétano e coqueluche, para trabalhadores da saúde que atuam em serviços de saúde públicos e privados, ambulatorial e hospitalar, com atendimento em ginecologia e obstetrícia; parto e pós-parto imediato, incluindo casas de parto; UTIs e UCIs, berçários (baixo, médio e alto risco) e pediatria.

Ainda de acordo com a nota técnica, profissionais que atuam como doulas, acompanhando gestantes durante os períodos de gravidez, parto e pós-parto; além de trabalhadores que atuam em berçários e creches onde há atendimento de crianças com até 4 anos, também devem ser imunizados contra a coqueluche.

A administração da dose nesse público deve considerar o histórico vacinal contra difteria e tétano (dT). Pessoas com o esquema vacinal completo devem receber uma dose da dTpa, mesmo que a última imunização tenha ocorrido há menos de dez anos. Já os que têm menos de três doses administradas devem receber uma dose de dTpa e completar o esquema com uma ou duas doses de dT.

A doença

Causada pela bactéria Bordetella Pertussis, a coqueluche, também conhecida como tosse comprida, é uma infecção respiratória presente em todo o mundo. A principal característica são crises de tosse seca, mas a doença pode atingir também traqueia e brônquios. Os casos tendem a se alastrar mais em épocas de clima ameno ou frio, como primavera e inverno.

Nas crianças, a imunidade à doença é adquirida apenas quando administradas as três doses da vacina, sendo necessária a realização dos reforços aos 15 meses e aos 4 anos de idade. Bebês menores de 6 meses podem apresentar complicações pela coqueluche e o quadro pode levar à morte.

O ministério alerta que um adulto, mesmo tendo sido vacinado quando bebê, pode se tornar suscetível novamente à coqueluche, já que a vacina pode perder o efeito com o passar do tempo. Por conta do risco de exposição, a imunização de crianças já nos primeiros meses de vida é tão importante.

A transmissão da coqueluche ocorre, principalmente, pelo contato direto do doente com uma pessoa não vacinada por meio de gotículas eliminadas por tosse, espirro ou até mesmo ao falar. Em alguns casos, a transmissão pode ocorrer por objetos recentemente contaminados com secreções de pessoas doentes.

Os sintomas podem se manifestar em três níveis. No primeiro, o mais leve, os sintomas são parecidos com os de um resfriado e incluem mal-estar geral, corrimento nasal, tosse seca e febre baixa. Esses sintomas iniciais podem durar semanas, período em que a pessoa também está mais suscetível a transmitir a doença.

No estágio intermediário da coqueluche, a tosse seca piora e outros sinais aparecem e a tosse passa de leve e seca para severa e descontrolada, podendo comprometer a respiração. As crises de tosse podem provocar ainda vômito ou cansaço extremo. Geralmente, os sinais e sintomas da coqueluche duram entre seis e dez semanas.

TV Brasil exibe dois jogos do Brasileirão Série B neste domingo

A TV Brasil transmite dois confrontos da décima rodada do Campeonato Brasileiro da Série B neste domingo (16), ao vivo. Às 11h, a emissora pública acompanha a disputa entre o Botafogo de São Paulo e o Vila Nova de Goiás e, às 18h30, o jogo entre o Goiás e o Coritiba.

O canal faz um aquecimento de 15 minutos antes do duelo da manhã e de 30 minutos antes da segunda partida do dia. Durante esse pré-jogo, a equipe da TV Brasil traz as principais notícias sobre os clubes, informa as escalações para os embates e apresenta a classificação atualizada dos times na competição.

Saiba como assistir aos jogos da Série B na TV Brasil

A jornada esportiva da Série B do Campeonato Brasileiro na programação da TV Brasil começa logo cedo neste domingo (16), a partir das 10h45, com o esquenta para a partida Botafogo x Vila Nova, que será disputada no Estádio Santa Cruz, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. André Marques narra a peleja, que tem os comentários das jornalistas Brenda Balbi e Rachel Motta.

Anfitrião do confronto matutino, o Botafogo está apenas na décima sétima posição na tabela, com sete pontos. O time paulista é o primeiro na zona de rebaixamento para a Série C e precisa melhorar o rendimento na competição. O Botafogo tem uma vitória, quatro empates e três derrotas. O Vila Nova, que está na décima posição, com 14 pontos, venceu quatro jogos, empatou dois e perdeu três.

O duelo entre o Goiás e o Coritiba será às 18h30, no Estádio Hailé Pinheiro, em Goiânia. O embate ganha narração de Luciana Zogaib e comentários de dois convidados: a jornalista Naty Brasil e o ex-jogador Sorato.

Vice-líder da competição, o Goiás fez 17 pontos no Brasileirão. A equipe tem cinco vitórias, dois empates e duas derrotas. Já o Coritiba está em nono lugar no campeonato, com 14 pontos. O time paranaense conquistou quatro triunfos, empatou duas vezes e foi superado em três oportunidades.

Transmissão da Série B

Neste ano, 20 clubes disputam o campeonato, que vai até novembro e vale vaga na Série A e na Copa do Brasil. Dos 380 jogos da competição, a TV Brasil seleciona três por rodada, totalizando 114 partidas transmitidas. 

A chegada da Série B faz parte da estratégia da emissora de ampliar a presença do esporte na sua programação. A TV Brasil também exibe atualmente o Brasileirão Feminino e a Liga de Basquete Feminino (LBF). 

Por meio da Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP), que reúne 98 emissoras afiliadas da TV Brasil, os torcedores de todo o país podem assistir às partidas e acompanhar seus times na disputa pelo título.

Sobre a competição

Em 2024, a Série B tem programados 380 jogos e é disputada no sistema de pontos corridos, em turno e returno, com 19 jogos de ida e 19 jogos de volta.

Disputam a competição os seguintes clubes: Amazonas; América de Minas Gerais; Avaí, Brusque e Chapecoense, de Santa Catarina; Ceará; Coritiba e Operário, do Paraná; CRB, de Alagoas;  Goiás e Vila Nova, de Goiás; Botafogo, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Ponte Preta e Santos, de São Paulo; Paysandu, do Pará; e Sport, de Pernambuco.

Os quatro primeiros na competição conquistam uma vaga na Série A em 2025.

Hoje é Dia: Imigração japonesa, seca e cinema brasileiro são destaques

A semana de 16 a 22 de junho conta com celebrações importantes e datas que lembram o combate à seca e à desertificação, o orgulho autista, a imigração japonesa e o cinema brasileiro. Inclui também os 185 anos do nascimento de Machado de Assis e os 20 anos da morte de Leonel Brizola.

Este ano, a Comissão Nacional de Combate à Desertificação (CNCD) foi retomada com uma nova constituição, com a meta de estabelecer estratégias e promover articulação entre as ações das políticas públicas. Desde que foi criado, em 2008, o grupo de caráter consultivo e deliberativo tem como principal objetivo a implementação da Política Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca, em atendimento ao compromisso assumido pelo país por meio da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação. Nesta mesma convenção foi criado o Dia Mundial de Combate à Seca e à Desertificação, celebrado em 17 de junho. A Agência Brasil tem acompanhado o tema

A TV Brasil lembrou a data em 2013 e destacou a importância de combater a seca e a desertificação.

Há 110 anos, no dia 17 de junho, a Bandeira Olímpica é apresentada pelo Barão de Coubertin pela primeira vez no Congresso Olímpico de Paris. Em 2016 a Rádio Nacional veiculou a série radiofônica de dramaturgia “Chiquinho nas Olimpíadas que, no terceiro episódio, conta a história do Barão de Cobertin. Em 2015, a Radioagência Nacional publicou um programete da série História Hoje com foco no renascimento dos Jogos Olímpicos e na atuação do francês Pierre de Coubertin.

O Dia Nacional da Imigração Japonesa, celebrado em 18 de junho, marca a chegada ao Brasil do navio japonês, Kasato-Maru, em 1908. A Radioagência Nacional publicou reportagem sobre a chegada destes imigrantes: “Quase 800 trabalhadores vieram no Navio Kasato-Maru, que atracou no Porto de Santos, em São Paulo. De lá foram para fazendas de café e atualmente estão em todo o país, atuando em diferentes setores econômicos.” Para celebrar a data, a Radioagência Nacional também contou a origem das receitas nipo-amazônicas. Confira ainda a reportagem de 2019 da TV Brasil.

No dia 18 comemora-se o Dia do Orgulho Autista. O podcast Histórias Raras, produzido pela equipe da Radioagência Nacional, aborda, na segunda temporada, histórias de pessoas que se descobriram neurodivergentes depois de adultas. Para conferir todos os episódios no Spotify clique aqui. Se preferir, você ouvir também pela Radioagência Nacional, com a transcrição completa, ou com tradução em Libras pelo YouTube da Rádio Nacional.

O primeiro registro cinematográfico documentado no Brasil data de 19 de junho de 1898. Foi nesta data que o ítalo-brasileiro Afonso Segreto (1875-1919), considerado o primeiro cineasta nacional, filmou a Baía da Guanabara a bordo do navio Brèsil. Ele voltava da França, onde aprendeu técnicas de filmagem. O feito fez com que o 19 de junho se transformasse no Dia do Cinema Nacional. A TV Brasil detalhou esta história:

Para destacar a luta e as conquistas de pessoas que foram obrigadas a deixar seus países de origem em consequência de guerras, graves violações de direitos humanos ou perseguições diversas, 20 de junho marca o Dia Mundial do Refugiado. A Agência Brasil debruçou-se por diversas vezes sobre o tema. O Caminhos da Reportagem também já fez um especial sobre as refugiadas que vivem no Brasil. O programa mostra que nem tudo é alegria no desafio de deixar a vida como se conhecia, sem olhar para trás.

Neste 21 de junho, o escritor fluminense Machado de Assis completa 185 anos de nascimento. Neste ano, o autor de grandes obras literárias ampliou o reconhecimento internacional do seu talento, com a tradução para o inglês do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas –primeiro lugar nas vendas da Amazon de literatura latino-americana e caribenha. O livro saiu pela editora Penguin Classics com tradução de Flora Thomson-DeVaux. O primeiro lugar no ranking de vendas veio depois que uma resenha da influenciadora norte-americana Courtney Henning Novak viralizou no Tik Tok. A Agência Brasil repercutiu o acontecimento.

Também no dia 21 completa 20 anos da morte do político gaúcho Leonel Brizola. Em 2015 a presidenta Dilma Roussef incluiu Leonel Brizola no Livro dos Heróis da Pátria. Brizola atuou como político no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, no centenário de seu nascimento a Radioagência Nacional publicou um resumo da atuação política dele e de suas realizações.

Confira a relação de datas da semana entre 16 e 22 de junho de 2024:

16 a 22 de junho de 2024

16

Nascimento do poeta fluminense Dante Milano (125 anos)

Morte do historiador francês Marc Bloch (80 anos)

Morte do saxofonista de jazz estadunidense Charlie Mariano (15 anos)

O Palmeiras vence o Deportivo Cali por 4 a 3 na disputa por pênaltis e conquista pela primeira vez a Copa Libertadores da América (25 anos)

Bloomsday – instituído na Irlanda para homenagear o personagem “Leopold Bloom”, protagonista de Ulisses, de James Joyce. Em todo o mundo, é o único dia dedicado ao personagem de um livro

17

Nascimento do príncipe holandês João Maurício de Nassau (420 anos)

Nascimento da compositora russa Galina Ustvolskaya (105 anos)

Morte do ator e diretor fluminense Perry Salles (15 anos)

A Islândia torna-se independente da Dinamarca e constitui uma república (80 anos)

Bandeira Olímpica é apresentada pelo Barão de Coubertin pela primeira vez no Congresso Olímpico de Paris (110 anos)

Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação – comemoração instituída pela Resolução A/RES/49/115 de 30 de janeiro de 1995 da Assembléia Geral da ONU para marcar a data da adoção da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, que foi estabelecida na cidade francesa de Paris em 17 de junho de 1994

18

Morte do crítico literário, poeta e político sergipano Silvio Romero (110 anos)

Nascimento do sociólogo e filósofo alemão Jürgen Habermas (95 anos)

Morte do ator, diretor de teatro e dramaturgo fluminense João Álvaro de Jesus Quental Ferreira, o Procópio Ferreira (45 anos)

Morte da atriz e cantora paulista Dirce Grandino de Oliveira, a Dircinha Batista (25 anos) – em 1952, trabalhando na Rádio Nacional e no Rádio Clube, apresentou o programa “Recepção” no Rádio Clube, o qual era dedicado aos compositores populares brasileiros. Sua atuação neste programa lhe rendeu uma placa de prata na SBACEM e um troféu pela UBC

A Birmânia passa a se chamar oficialmente Myanmar (35 anos)

Lançamento do Lunar Reconnaissance Orbiter, da NASA (15 anos)

Dia Nacional do Tambor de Crioula

Dia Nacional da Imigração Japonesa – comemorado por brasileiros, conforme Lei Nº 11.142 de 25 de julho de 2005, para marcar a data da chegada ao Brasil do navio japonês, Kasato-Maru, que aportou na cidade brasileira de Santos-SP em 18 de junho de 1908

Dia do Orgulho Autista – comemorado para marcar a data da criação da “Aspies/Autistas para a Liberdade”, que foi constituída em 18 de junho de 2004 e que converteu-se na 1ª instituição mundial a utilizar o termo “orgulho” relacionado ao autismo, com o fim de educar o público em geral sobre o desconhecimento das questões relacionadas com o autismo

19

Nascimento do político e militar uruguaio José Gervasio Artigas (260 anos) – considerado herói nacional de seu país

Nascimento do cantor, compositor, escritor, poeta e dramaturgo carioca Chico Buarque (80 anos)

O então Príncipe de Astúrias, Felipe de Bourbon, é proclamado Rei da Espanha, reinando com o nome de Felipe VI (10 anos)

Dia do Cinema Brasileiro – comemorado no Brasil, para marcar a data da 1ª filmagem da baía da Guanabara, que foi realizada em 19 de junho de 1898 com uma câmera Lumière pelo primeiro cineasta brasileiro, Afonso Segreto, a partir do navio francês, “Brèsil”, quando ele retornava de uma viagem à Europa, onde fora para buscar equipamentos de filmagem

20

Nascimento do político francês Jean Moulin (125 anos) – herói da resistência contra a ocupação nazista na França

Nascimento do ator australiano Errol Flynn (115 anos)

Nascimento do religioso Antônio de Castro Mayer (120 anos) – bispo católico

Termina em São Luís o “Processo das formigas” (310 anos) – ação judicial movida contra animais, formigas que minaram a despensa de frades da Província da Piedade do Maranhão. Deu-se a sentença de que os frades fossem obrigados a sinalar dentro de sua cerca sítio competente para vivendas das formigas, e que elas, sob pena de excomunhão, mudassem logo de habitação. Religioso, por mandado do juiz, fez a leitura da decisão nas bocas dos formigueiros

Dia Mundial dos Refugiados – comemoração instituída pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados na Resolução 55/76 de 2000, para marcar a data do aniversário da Convenção de Genebra de 1951, que foi que entrou em vigor em 1974, definindo o refugiado como toda a pessoa que, em razão de fundados temores de perseguição devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado grupo social ou opinião política, encontra-se fora de seu país de origem e que, por causa dos ditos temores, não pode ou não quer regressar a esse país

Doação de terras à Nossa Senhora em escritura pública, com a condição de ser edificada uma capela permanente, que viria a ser o Outeiro da Glória (325 anos)

Solstício de Inverno no Hemisfério Sul.

21

Nascimento da atriz maranhense Apolônia Pinto (170 anos) – filha de uma atriz portuguesa que entrou em trabalho de parto em pleno teatro, Apolônia nasceu no camarim número 1 do Teatro Artur Azevedo, onde posteriormente ela estreou como atriz aos doze anos de idade

Nascimento do escritor fluminense Machado de Assis (185 anos)

Morte do político gaúcho Leonel Brizola (20 anos)

Nascimento do cantor e compositor gaúcho Antônio Gonçalves Sobral, o Nelson Gonçalves (105 anos)

Vôo inicial da primeira nave espacial, voo 15P, construída por empresas particulares, a SpaceshipOne (20 anos)

Dia Mundial do Skate

22

Morte da cantora e atriz esdadunidense Frances Ethel Gumm, a Judy Garland (55 anos)

Criação do telégrafo submarino Rio de Janeiro – Portugal (150 anos)

Dia Mundial do Fusca.

Avenida Paulista volta a ser palco de protesto contra PL do Aborto

Na tarde deste sábado (15), a Avenida Paulista foi palco de mais um ato contra o Projeto de Lei (PL) 1.904/24, que equipara o aborto de gestação acima de 22 semanas ao homicídio. Foi o segundo ato de protesto realizado nesta semana na capital paulista contra o projeto que tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados.

Por lei, o aborto, ou interrupção de gravidez, é permitido e garantido no Brasil nos casos em que a gestação decorreu de estupro da mulher, representa risco de vida para a mãe e também em situações de bebês anencefálicos, sem estabelecer um tempo máximo de gestação para o aborto.

No entanto, o projeto de lei que foi votado para tramitar em regime de urgência na última quarta-feira (12) na Câmara dos Deputados, pretende fixar em 22 semanas de gestação o prazo máximo para abortos legais e aumentar de 10 para 20 anos a pena máxima para quem fizer o procedimento.

“A gente mobilizou novamente este ato. Achamos que era essencial voltarmos no sábado aqui na Avenida Paulista para mostrar que o projeto é um absurdo. Enquanto esse projeto não for arquivado, as feministas não sairão das ruas”, disse Ana Luiza Trancoso, que faz parte do Coletivo Juntas e da Frente Estadual pela Legalização do Aborto.

Para as manifestantes, se aprovado, o projeto de lei afetará principalmente as crianças que são vítimas de estupros, cujos casos de abuso e gestações demoram a ser identificados, resultando em busca tardia aos serviços de aborto legal. Segundo o Fórum de Segurança Pública, 74.930 pessoas foram estupradas no Brasil em 2022. Desse total, 61,4% eram crianças que tinham até 13 anos.

“As principais vítimas são as meninas de 10 a 14 anos. É dentro de casa que acontece essa violência. A criança não tem consciência do corpo. Não sabe o que é estar gestando. Por isso, há a descoberta tardia [da gravidez]. Além disso, sabemos que os serviços de abortamento legal sempre colocam barreiras. Não foi só um ou dois casos em que meninas tiveram que mudar de cidade ou de estado para fazer o aborto. E, quando chegam, sofrem pressão [para não abortar] e daí vão se passando semanas”, afirmou Ana Luiza.

Uma das participantes do ato na Avenida Paulista foi a professora Ana Paula Fernandes de Souza, de 43 anos. “Estou no ato porque acho extremamente importante tentar barrar esse projeto de lei. Eu, enquanto mulher, me sinto ofendida com tudo isso que vem ocorrendo. E este é só o começo de muitas outras coisas piores que podem vir”, disse ela à Agência Brasil.

Para a professora, as crianças e as mulheres periféricas serão as maiores vítimas desse projeto. “Na verdade, a mulher como um todo [é vítima do projeto]. Mas existe uma parcela aí que vai pagar muito mais por toda essa situação”, acrescentou.

A manifestação na Avenida Paulista contou também com a presença de muitos homens. “Tenho exemplos na família de abuso sexual. Sobrinhas que sofreram abuso”, disse René de Barros, de 61 anos, professor aposentado. “Não há como ficar à margem disso. Inclusive, sugiro que se façam passeatas nos bairros. Esse Lira [Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados] tem que cair fora. Ele não é inimigo das mulheres e das crianças. Ele é inimigo do Brasil”, afirmou.

Para o professor, os homens precisam também reforçar sua participação em atos como este. “Essas mulheres e essas crianças têm família, e as famílias são afetadas também. A gente não pode ser hipócrita”, enfatizou.

Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo (OAB-SP) manifesta “profunda preocupação” com o projeto. “Em primeiro lugar, o projeto estabelece limites mais rigorosos para a interrupção da gravidez decorrente de estupro, restringindo-a até a 21ª semana. Esta mudança impõe uma barreira significativa para as meninas e mulheres que foram estupradas, muitas vezes obrigando-as a levar a gravidez a termo, o que pode ser considerado tratamento cruel e degradante”, diz a nota da OAB.  “Além disso, essa previsão ignora a realidade de muitas mulheres brasileiras que sofrem estupro e enfrentam um longo caminho até conseguirem um aborto legal, frequentemente ultrapassando as 22 semanas”, acrescenta o texto.

Para a OAB-SP, a criminalização severa do aborto “não reduz a sua ocorrência, mas empurra as meninas e mulheres, principalmente as mais pobres, para procedimentos clandestinos inseguros e com alto risco de vida, aprofundando a discriminação social”.

Lula

Mais cedo, durante a Cúpula do G7, que reúne os países mais ricos do mundo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou contra o projeto.

“Eu, Luiz Inácio, sou contra o aborto. Mas, como o aborto é uma realidade, precisamos tratar como uma questão de saúde pública. Eu acho que é insanidade alguém querer punir uma mulher em uma pena maior do que o criminoso que fez o estupro”, declarou, em entrevista coletiva na região da Puglia, na Itália.

Para Ana Luiza Trancoso, a fala do presidente Lula foi importante, mas precisa ser mais incisiva. “Ele precisa ser um pouco mais enfático. Ele precisa ter uma posição mais firme”, disse Ana Luiza.

Abaixo-assinado

Durante o ato na Avenida Paulista, as manifestantes colheram assinaturas de pessoas contra o Projeto de Lei 1.904/24. “É um abaixo-assinado pedindo que esse projeto seja arquivado. Só assim para a gente abandonar as ruas”, afirmou a representante do Coletivo Juntas.

Pesquisa sobre mídia cívica indica ruptura com conceitos tradicionais

Uma série de organizações que apostam no jornalismo como ferramenta para uma transformação social vem desafiando conceitos considerados tradicionais. É o que aponta um estudo desenvolvido pela pesquisadora Nina Weingrill (foto de destaque), mestranda da Fundação Getulio Vargas (FGV) e integrante do International Center for Journalists (ICFJ), organização sediada nos Estados Unidos que desenvolve ações e programas de promoção do jornalismo.

Ela explica que são organizações que adotam premissas alinhadas a uma teoria da mudança. Nesse sentido, se afastam dos discursos adotados por empresas da mídia tradicional, que muitas vezes reivindicam por exemplo a imparcialidade de suas coberturas. “Envolve a ideia de que o jornalismo é uma força motriz para alcançar resultados específicos. Ele não é um fim de si mesmo. Ele é um instrumento para uma transformação. Essas organizações entendem que estão pautando a transformação em suas comunidades.”

Os resultados preliminares da pesquisa foram apresentados durante o Festival 3i, no Rio de Janeiro. O evento, realizado pela Associação de Jornalismo Digital (Ajor), teve início na quinta-feira (13) e se encerra neste sábado (15). Realizado desde 2017, o encontro dedicado a temas variados envolvendo o jornalismo chegou a sua quarta edição. A programação reúne especialistas em mesas de debate, workshops, oficinas e outras atividades.

Com um trajetória profissional voltada para fomentar e estudar a diversidade no jornalismo, Nina conta que a proposta da pesquisa surgiu a partir de um incômodo. “Falavam comigo: ‘que legal você está fazendo jornalismo cidadão’. Nenhum problema com essa terminologia. Acontece que isso sempre é colocado como uma coisa menor e diferente do jornalismo, entre aspas, profissional”, diz.

Ela optou por designar o trabalho dessas organizações por meio de outro termo: mídia cívica. Segundo a pesquisadora, este é um movimento que avança na América Latina, mas que já está consolidado nos Estados Unidos. Embora ela pretenda desenvolver uma investigação específica sobre o Brasil, o atual estudo buscou compreender o fenômeno a partir da realidade dos norte-americanos. Entre julho e setembro de 2023, 18 lideranças dessas organizações foram entrevistadas. A íntegra dos resultados ainda será publicada.

Conforme os dados preliminares apresentados no Festival 3i, o termo “impacto” apareceu 72 vezes ao longo das entrevistas, superando inclusive o termo “jornalismo” e só ficando atrás do termo “comunidade”. “É uma coisa muito primordial para essas organizações, que bate de frente com alguns conceitos do jornalismo tradicional. Elas têm muito claro que estão buscando uma transformação social. A partir daí, se entende que o trabalho não é só informar. Não basta eu colocar nas redes ou imprimir o jornal. Além disso, tem um impacto. E é preciso ir atrás desse impacto para ver aquela política mudar, para que alguma coisa aconteça”, diz.

Nina avalia que a mídia cívica é um novo ecossistema de mídia em expansão e a define como “formas de comunicação que fortalecem os laços sociais dentro de uma comunidade ou que criem forte senso de engajamento cívico entre seus residentes”. Segunda ela, as organizações almejam estimular transformações que incluem mudanças políticas e sociais, mudanças nas narrativas e aumento da participação cívica. Elas oferecem programas de treinamento em mídia comunitária para formar produtores e leitores, bem como incentivam e apoiam a ação cívica local, por meio da produção, distribuição e do consumo de informações confiáveis que compartilham valores, ética e práticas internas que promovem a democracia.

De acordo com a pesquisa, essas organizações atuam, em geral, com base em critérios como o estímulo à resolução de problemas comunitários, à deliberação democrática e ao engajamento político; a busca pelo preenchimento de lacunas de informação em comunidades rurais ou de baixa renda; e a incorporação de medidas para garantia de equidade. Além disso, adotam práticas consistentes de mídia participativa, por meio de mecanismos de escuta comunitária que podem incluir a realização de encontros abertos e a criação de conselhos consultivos.

Nina observa que existe também uma preocupação com as formas para aferir o impacto, o que é um desafio: a maioria dos entrevistados manifestou descontentamento com os atuais métodos. “Apesar de estarem insatisfeitos, eles têm sistemas de medição. É uma característica dessas organizações nos Estados Unidos. Acho que a gente ainda vê muito pouco isso aqui no Brasil. São poucas as organizações brasileiras que têm sistemas que permitam medir o resultado daquilo que estão fazendo.”

Segundo a pesquisadora, essa questão também está relacionada com o financiamento. Todas as organizações dos Estados Unidos com orçamentos que superam US$ 3 milhões anuais dispõem de um rastreador de impacto, o que sugere que essa seja uma demanda dos financiadores ou uma estratégia usada para atrair apoiadores e arrecadar mais recursos.

Lacunas

Durante o Festival 3i, também foram apresentados dados sobre a evolução das pesquisas sobre comunicação no país. O presidente da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), Juliano Domingues, apresentou um levantamento realizado com base no banco de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), instância atrelada ao Ministério da Educação (MEC). De 1987 a 2022, foram concluídos 17.315 mestrados e 5.641 doutorados no país.

Pesquisadores Carol Monteiro e Juliano Domingues participam do Festival 3i, no Rio – Festival 3i/Divulgação

Segundo Domingues, os principais temas emergentes nas pesquisas em comunicação envolvem os avanços das tecnologias digitais, a desinformação e as fake news, a comunicação em saúde pública e a comunicação inclusiva. Quando se trata de estudos específicos sobre jornalismo, ele menciona o jornalismo de dados, a sustentabilidade financeira, a ética e o engajamento público como assuntos que vêm registrando aumento de interesse.

Uma análise das principais lacunas das pesquisas da área foi apresentada por Carol Monteiro, diretora da Escola de Comunicação da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e presidente da Ajor, organização anfitriã do evento, “Embora haja estudos de casos isolados de veículos envolvendo sustentabilidade e modelos de negócios, faltam estudos mais abrangentes sobre os valores e as características da indústria do jornalismo digital”, avaliou.

Carol Monteiro também considera que faltam pesquisas envolvendo a segurança digital para jornalistas, diante do aumento de ataques cibernéticos e ameaças online. Ela vê ainda necessidade de se explorar mais profundamente o impacto da inteligência artificial no jornalismo, bem como as questões de diversidade e as mudanças legais e normativas que afetam o jornalismo digital.

Pesquisa aponta pulverização no mercado de influenciadores digitais

Dados preliminares de uma pesquisa apresentada durante o Festival 3i, no Rio de Janeiro, revelam que o mercado de influenciadores digitais é caracterizado pela pulverização. O estudo buscou entender o que leva os jovens a seguir um determinado perfil nas diferentes plataformas, bem como qual é a influência destes perfis na construção de opiniões e atitudes políticas entre os usuários das redes sociais.

No Brasil, foram aplicados 100 questionários. Os participantes puderam citar espontaneamente os influenciadores que seguem. Ao todo, 701 foram mencionados. Destes, 72,6% foram citados apenas uma vez e apenas 3,7% receberam cinco ou mais menções.

“Em outros países da América Latina ocorre o mesmo fenômeno”, disse a cientista política Camila Rocha, pesquisadora Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) responsável pela apresentação dos dados durante o Festival 3i, promovido pela Associação de Jornalismo Digital (Ajor). O evento começou quinta-feira (13) e termina neste sábado (15). Realizado desde 2017, o encontro é dedicado a temas variados envolvendo o jornalismo e chegou à quarta edição. A programação reúne especialistas em mesas de debate, workshops (cursos ou seminários de curta duração), oficinas e outras atividades.

Além do Brasil, o estudo foi realizado em mais quatro países e envolveu 350 participantes de 16 a 24 anos. No México, também foram aplicados 100 questionários. Em cada um dos demais três países – Chile, Colômbia e Argentina – foram envolvidos 50 jovens. Houve ainda entrevistas com influenciadores e foram organizados grupos focais para coleta de informações por meio da interação com 90 participantes. A íntegra dos resultados será posteriormente divulgada pelo Cebrap.

A relação dos influenciadores mais citados pelos entrevistados no Brasil foi liderada por Virgínia Fonseca, que recebeu 30 menções entre os 100 entrevistados, o dobro do segundo colocado, Carlinhos Maia. Na sequência, aparecem Rayssa Buq, Neymar, Mirella Santos, Mel Maia, Felipe Neto, Whindersson Nunes, Vanessa Lopes e Mari Maria.

Expansão

O mercado de influenciadores digitais está em plena expansão no mundo. Um relatório do banco Goldman Sachs divulgado no mês passado estimou que, até 2027, esse mercado deve movimentar US$ 480 bilhões, dobrando suas atuais dimensões. Segundo Camila Rocha, chama a atenção na pesquisa o grande número de influenciadores mais locais, que constroem relações mais próximos de seus seguidores. Um exemplo é Bianca Santos, com pouco mais de 80 mil seguidores, que concedeu entrevista ao estudo.

“Eu sou maquiadora profissional e, na época da pandemia, fui muito afetada porque eu trabalho no ramo de noivas. Vários eventos foram cancelados ou adiados, e aí eu comecei a fazer vídeo no TikTok, no Instagram e em outras  redes sociais. Eu viralizei e foi um mundo totalmente diferente para mim. Comecei a gravar vídeos me maquiando. Era um desafio porque eu não tinha costume de aparecer. Eu morria de vergonha”, disse Bianca.

As três redes usadas com mais frequência pelos participantes brasileiros da pesquisa são Instagram, WhatsApp e Tik Tok. Os dois principais motivos que eles citaram como justificativa para seguir um influenciador foram suas atitudes coerentes e consistentes e sua especialidade no conteúdo que publicam. De outro lado, as principais razões que os levaram a deixar de acompanhar algum influenciador são a discordância do jeito que ele pensa e o excesso de marketing.

Ainda conforme os resultados, a realização de obras sociais, o sorteio de prêmios e a promoção de ações em benefício de pessoas pobres são vistas de forma positiva pelo fandom, termo que tem sido usado para se referir à comunidade digital dos fãs de uma determinada celebridade. Além disso, as postagens de publicidade não são um problema a priori.

“Os jovens não acham ruim o influenciador vender produto ou curso. Eles acham legítimo e consideram que há benefícios concretos para eles, inclusive. Ficam sabem de produtos úteis, de cursos que de fato ensinariam”, observa Camila Rocha. Ela destaca, no entanto, que a situação se altera caso ocorra uma quebra de expectativas com a promoção de produtos caros, de má qualidade ou prejudiciais aos seguidores.

A pesquisa também mostrou que a relação entre o fandom e o influenciador é sustentada pela percepção de confiança, proximidade, autenticidade de identificação, muito embora essa conexão não seja absoluta e possa ser quebrada. Outra conclusão é que, além de almejar rendimentos, os jovens buscam acolhimento emocional, ainda que o uso das redes também tenha sido associado a casos de ansiedade inclusive entre os próprios influenciadores.

Os resultados obtidos no Brasil mostram ainda o atual cenário da competição por audiência nas redes sociais entre os veículos jornalísticos e outros canais informativos. Uma lista pré-elaborada foi apresentada aos participantes para que apontassem quais perfis conheciam. Oito deles tiveram pelo menos 53% de citações: G1, Choquei, UOL, Hugo Gloss, Jovem Pan, Folha, Alfinetei, Fofoquei.

“Chama a atenção uma coisa aí. Você tem uma alternância nas primeiras posições: notícia, fofoca, notícia, fofoca. Dá para ver como perfis de fofocas são importantes para os jovens se informarem”, observa Camila Rocha. Já os veículos de jornalismo independente – Agência Pública, Alma Preta e Intercept – tiveram entre 7% e 5% de menções, com exceção da Mídia Ninja que foi reconhecida por 32%.

Influência política

Camila Rocha lembrou que pesquisas anteriores mostraram maior alinhamento entre influenciadores digitais e líderes políticos de extrema-direita. Ela cita o monitoramento feito pela antropóloga Rosana Pinheiro-Machado nas eleições de 2022. Os resultados mostraram que 88% dos maiores influenciadores do país – 187 de um total de 212 – haviam demonstrado alguma proximidade com o bolsonarismo nos meses anteriores.

De acordo com Camila, a projeção de diferentes líderes políticos na América Latina tem sido acompanhada de impulsionamentos nas redes sociais. Ela cita trabalhos dos jovens Iñaki Gutierrez e Eugenia Rolón como assessores do presidente argentino Javier Milei, além de lembrar que o mexicano Luis Arturo Villar Sudek, com mais 40 milhões de inscritos em seu canal de Youtube, contribuiu para a popularidade de Nayib Bukele, presidente de El Salvador.

A nova pesquisa buscou levantar mais dados para compreender de que forma essa influência política ocorre nos países. No Brasil, mais da metade dos entrevistados confirmaram seguir influenciadores que se posicionam politicamente. No entanto, 40% afirmaram achar ruim conversar sobre política nas redes sociais e preferir abordar o tema pessoalmente. O estudo também revela que são mais bem recebidos os conteúdos políticos “incidentais”, quando o tema parece surgir de forma natural em meio a outros assuntos.

Entre os 85 influenciadores mais citados espontaneamente pelos participantes, o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) são os dois únicos políticos. De outro lado, quando perguntados diretamente se segue conteúdos do presidente Luís Inácio Lula da Silva, 42% disseram que sim. O mesmo questionamento feito em relação a Jair Bolsonaro gerou 30% de respostas afirmativas.

Racismo

Em outro estudo, que também teve dados preliminares divulgados no Festival 3i, pesquisadores monitoraram manifestações de racismo direcionadas a 26 personalidades, como o ator Lázaro Ramos, a jornalista Flávia Oliveira, a influenciadora Nath Finanças, o atleta Vinícius Júnior e a filósofa Djamila Ribeiro. Foram mapeadas centenaas de postagens em seus perfis de mídias sociais.

Conduzido pela centro de pesquisas Aláfia Lab, o estudo identificou quatro estratégias discursivas. A primeira é a desumanização, com manifestações em postagens que muitas vezes não têm nada a ver com a questão racial e que frequentemente envolvem o uso emojis de macaco e banana. A segunda estratégia é a desqualificação de atos e de comportamentos, com ataques à religião, profissão e espaços que frequentam. A terceira é a invisibilização, por meio da qual o agressor reduz a expressão das pessoas negras a “vitimismo”. Por último, a desinformação também foi identificada como estratégia, por exemplo, através da propagação de informações falsas sobre a história da escravidão.

De acordo com a pesquisadora e diretora da Aláfia Lab, Nina Santos, observou-se um aumento no nível dos ataques quando outros perfis interagem com as personalidades monitoradas. “É extremamente alto quando uma postagem ‘fura a bolha’, saindo sai daquele ambiente onde estão principalmente pessoas interessadas em seguir pessoas negras e chegando a um ambiente que é muito maior”.

Nina ressaltou que os autores de manifestações racistas têm estratégias para fugir da moderação de conteúdo. “Todo mundo que acompanha o debate sobre a regulação de plataformas digitais e sobre a liberdade de expressão sabe que a questão da moderação de conteúdo é um dos grandes cernes do problema: o que deve ou não deve ser moderado. Eu não vou entrar nesse debate aqui, mas o fato é que é já existem alguns mecanismos de moderação de conteúdo voltados para a questão racial em alguns plataformas. Também existem formas para escapar dessa moderação, como modificando algumas palavras com o uso de números no lugar de letras ou omitindo algumas letras.”

Isaquias Queiroz vê briga apertada por recorde individual de medalhas

Nos Jogos de Paris 2024, o Brasil busca superar a marca coletiva de maior número de medalhas em uma mesma edição. Em paralelo, dois atletas disputam o privilégio de ocupar o posto de esportista olímpico mais vencedor do país. O canoísta Isaquias Queiroz e a ginasta Rebeca Andrade são hoje os favoritos para desbancar Robert Scheidt e Torben Grael como maiores medalhistas.

Os atletas da vela, ambos aposentados das competições, tem cinco medalhas cada. Rebeca Andrade conquistou duas, mas chega com possibilidades reais de subir ao pódio mais quatro vezes na próxima Olimpíada. Isaquias Queiroz têm quatro no currículo e está focado em conseguir outras, mas sabe que tem uma “rival” muito qualificada nessa disputa.

“Tem uma pessoa aí que pode me superar, que é a Rebeca. Ela vai ter cinco provas na Olimpíada e pode conseguir mais medalhas do que eu. Vou focar na execução do meu trabalho. E a consequência do resultado é o que eu treinei. Jesus [Morlán, ex-técnico] sempre falava, e eu levo isso para mim, que a canoagem não é basquete. Você pode estar perdendo de dois pontos ali. Faltando um décimo, arremessa uma bola de três e ganha o jogo. Na canoagem, o que você faz no treino você vai fazer na competição. Não tem milagre”, reflete Isaquias.

Esta vai ser a primeira vez que Isaquias chega a uma Olimpíada sem ter feito o ciclo completo de treinamentos e de competições anteriores com Jesus Morlán, técnico que marcou a carreira do atleta e faleceu em novembro de 2018. O canoísta lembra com carinho do técnico, mas está confiante no trabalho que vem sendo feito pelo atual, Lauro de Souza Júnior, ex-assistente de Jesus.

“O Jesus Morlan está todo ali junto com a gente. O planejamento do trabalho é feito em cima do que ele inventou. Muita gente questionava porque o método de treinamento dele funcionava. E os números apareciam. Olha a quantidade de medalhas. E o Lauro, sem dúvida nenhuma, aprendeu muito com o Jesus. Hoje, ele consegue também fazer do jeito dele. Ganhou experiência ao longo dos anos. E não tem o que duvidar do trabalho do Lauro. Em pouco tempo, ele conseguiu fazer eu ser campeão olímpico, mesmo sem a presença do Jesus Morlan em 2021”, disse.

O canoísta também rebateu as críticas sobre o rendimento que teve no ano passado e garantiu que chega bem preparado para Paris.

“O ano de 2023 não foi o ano que todos esperavam, mas foi o que eu esperava. De descanso, de repouso. Vinha de nove anos de títulos mundiais. Tinha uma hora que precisava sossegar. Isso foi bom para o meu corpo e para a minha mente. E muita gente pensando que Isaquias tinha acabado. Pude mostrar agora, na Copa do Mundo, que foi só um descanso. Merecido, pelo o que eu tinha feito pelo Brasil e pela modalidade. E voltei com tudo e espero chegar bem em Paris agora”, projeta Isaquias.

Saiba como é a legislação sobre aborto pelo mundo

Mais de 662 milhões de mulheres vivem em 77 países onde o aborto é permitido mediante solicitação da gestante. Segundo a organização Centro de Direitos Reprodutivos, esse número representa 34% do total de mulheres em idade reprodutiva em todo o mundo.

O limite gestacional para a realização do aborto nesses países varia, mas o mais comum é que seja permitido até 12 semanas de gravidez. No entanto, o aborto é permitido depois desse limite por outros motivos como quando a saúde ou a vida da grávida está em risco ou quando a gravidez é resultado de estupro.

Na Itália, por exemplo, o limite para interromper a gravidez é 90 dias de gestação. Na Alemanha, é 14 semanas; na França, de 16 semanas e na Tailândia, de 20 semanas. Em Portugal, o limite é dez 10 semanas para a mulher fazer um aborto sem precisar justificar, mas em caso de estupro ou malformação, o prazo é estendido para 16 e 24 semanas, respectivamente.  

Outras 457 milhões de mulheres vivem em 12 países onde o aborto é permitido por razões socioeconômicas como idade, status econômico e estado civil da gestante. Muitos países e territórios dessa categoria também permitem o aborto quando a gravidez resulta de estupro ou incesto ou em alguns casos de diagnósticos fetais. Nessa categoria estão Japão, Índia e Grã-Bretanha.

A realização do aborto por motivos de saúde é permitida em 47 países, onde vivem 226 milhões de mulheres. Nesta condição, 20 países permitem explicitamente o aborto para preservar a saúde mental da pessoa grávida, como Bolívia, Angola e Gana. Muitos países também permitem o aborto por outros motivos, como estupro ou doenças do feto. 

Segundo levantamento da organização, o Brasil está na classe de países que permite o aborto para salvar a vida da gestante. Um total de 44 nações estão nesta categoria, sendo que 12 também permitem o aborto em caso de estupro ou em determinados diagnósticos fetais. Nesta lista também estão Chile, Venezuela, Paraguai, Síria, Irã, Afeganistão, Nigéria e Indonésia.

O aborto é proibido totalmente em 21 países, com um total de 111 milhões de mulheres. Neles, a legislação não permite o aborto em nenhuma circunstância, inclusive quando a vida ou a saúde da gestante estiver em risco. Nesse grupo estão países como Nicarágua, Honduras, Suriname, República Dominicana, Senegal, Egito, Madagascar e Filipinas.

Em dois países – Estados Unidos e México – o status legal sobre o aborto varia de acordo com a lei de cada estado.

Segundo o Centro de Direitos Reprodutivos, nos últimos 30 anos, mais de 60 países liberalizaram as leis sobre aborto e quatro reverteram a legalidade da prática: Estados Unidos, Polônia, Nicarágua e El Salvador.

O Centro de Direitos Reprodutivos (Center for Reproductive Rights) é uma organização global de direitos humanos formada por advogados e defensores para garantir o direito reprodutivo das mulheres.

Brasil

No Brasil, o aborto é permitido apenas em casos de gravidez ocasionada por estupro, se a gravidez representa risco à vida da mulher e em caso de anencefalia do feto. A legislação brasileira não prevê um limite máximo para interromper a gravidez de forma legal.

Nesta semana, a Câmara dos Deputados aprovou a urgência da tramitação do Projeto de Lei 1.904/2024, que equipara aborto a homicídio e prevê que meninas e mulheres que fizerem o procedimento após 22 semanas de gestação, inclusive quando vítimas de estupro, terão penas de seis a 20 anos de reclusão. A punição é maior do que a prevista para quem comete crime de estupro de vulnerável (de oito a 15 anos de reclusão).

arte_leis_aborto – Arte/Agência Brasil