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Criado por mulheres, Movimento de Solos reúne 16 artistas no Rio

A Mostra Movimento de Solos estreia neste mês de janeiro no Teatro Municipal Domingos de Oliveira, no Planetário da Gávea, no Rio de Janeiro, com preços populares e promoções. Entre os dias 11 deste mês e 4 de fevereiro, 16 mulheres, entre atrizes, bailarinas e coreógrafas, entrarão em cena, apresentando variados solos femininos.

Participam do movimento Ana Carbatti, Daniele Avila Small, Danielle Anatólio, Denise Stutz, Inez Viana, Juliana França, Larissa Siqueira, Laura Samy, Liliane Rovaris, Maria Lucas, Mariana Pimentel, Nilda Andrade, Nyandra Fernandes, Soraya Ravenle, Tereza Seiblitz e Tracy Segal. Os espetáculos de teatro, dança e apresentações de processos estarão em cartaz de quinta-feira a domingo, às 17h e às 20h. A programação completa pode ser acessada aqui.

A programação inclui oficina teórica e prática de iluminação cênica com Lara Cunha, com início nesta segunda-feira (8), até o dia 31 de janeiro, das 14h às 20h. A oficina vai acompanhar toda a mostra, informou a atriz e idealizadora do Movimento de Solos, Daniele Avila Small.

“É uma oficina um pouco rara, porque é uma prática de iluminação cênica. Uma oportunidade que a gente não vê muito por aí, de pessoas que são do teatro ou que querem entrar nesse meio de trabalho e vão ter oportunidade de acompanhar todo o processo de montagem da luz dos espetáculos durante toda a mostra”, afirmou Daniele.

Atriz Danielle Anatólio, no espetáculo Lótus, na mostra Movimento de Solos. Foto George Magaraia/Divulgação

Lara Cunha é também atriz e iluminadora e tem muita experiência em fazer a coordenação técnica dos trabalhos. A oficina começa nos preparativos para a primeira estreia dos solos femininos. “Quem fizer a oficina vai ter oportunidade de aprender bastante sobre esse olhar do teatro a partir da luz de cena, que é uma parte bem encantadora do teatro”.

Proposta

Segundo Daniele, a proposta é “reunir espetáculos solos, monólogos, criados por mulheres, que têm mulheres em cena, e apresentar esses espetáculos para o público em uma atmosfera de troca de ideias, de colaboração de pensamentos, reunindo essas artistas e o público em um espaço de convivência, que é o Teatro Domingos de Oliveira”.

Dos 16 espetáculos de dança e teatro previstos, 11 já estrearam e cinco constituem apresentações de processo de criação cênica, “etapa anterior à estreia”, explicou a idealizadora da mostra. “É uma visão privilegiada de um momento da criação em que algumas coisas ainda estão sendo experimentadas, testadas”.

A abertura da mostra, no dia 11, às 20h, será com o espetáculo Ubirajara – uma cantoria, da atriz e cantora Soraya Ravenle, nascido a partir das cantorias da atriz na janela do prédio onde mora, em Botafogo, durante a pandemia de covid-19.

Daniele Avila Small disse que a mostra tem diferentes linguagens, mesmo dentro dos setores do teatro e dança. “São linguagens muito diferentes, em todos os aspectos. São criações bem pessoais que vêm de pesquisas muito individuais. Por isso, cada espetáculo é um mundo diferente”.

O encerramento será no dia 4 de fevereiro, às 20h, com a peça Ninguém sabe meu nome, da atriz Ana Carbatti. O espetáculo conta a história e as preocupações de uma mãe preta para educar o filho e prepará-lo para uma sociedade que não o reconhece como igual.

Mostra Movimento de Solos – Foto Carol Pires/Divulgação

O espaço coletivo, aberto na programação do verão carioca, permitirá que as atrizes, coreógrafas e bailarinas envolvidas possam mostrar os seus trabalhos e assistir umas às outras, articulando conversas, promovendo oficinas e compartilhamentos de processos.

Promoções

Os ingressos custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia entrada), mas existem duas opções de promoções, afirmou Daniele Avila Small. Para o programa duplo, que inclui duas peças no mesmo dia, às 17h e 20h, paga-se R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia entrada). Entre os dois horários, o público pode aproveitar descontos nos dois bares existentes no teatro. “A pessoa pode fazer um lanche, beber alguma coisa e depois ver o espetáculo, além de ficar nesse ambiente em que várias de nós vamos estar também”.

Há ainda o passaporte para cinco peças, no valor total de R$ 60, em dias a serem escolhidos pelo espectador, que resulta em R$ 12 por peça. A ideia é que o público acompanhe a mostra e não só um espetáculo, acrescentou Daniele. 

Campanha atinge meta para tratamento de filho de indigenista

Em três dias, a campanha para arrecadar recursos para o tratamento de Pedro, filho do indigenista Bruno Pereira, assassinado em 2022, atingiu a meta de R$ 2 milhões. O menino, de cinco anos de idade, foi diagnosticado com neuroblastoma, câncer no estágio 4, e deverá ser submetido a um autotransplante de medula óssea. Após o transplante, necessitará do medicamento betadinutuximabe, importado e ainda não oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Brasília (DF), 07.01.2024 – Beatriz Matos, viúva de Bruno Pereira, agradece as doações feitas para compra de medicamentos contra o câncer que acomete seu filho Pedro. Foto: Juca Varella/Agência Brasil – Juca Varella/Agência Brasil

A mãe do garoto, antropóloga e diretora do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Beatriz Matos, comemorou o resultado. “Nós estamos muito felizes. Em apenas 3 dias, a campanha SalvePedro atingiu a meta de R$ 2 milhões. Isso é incrível! O remédio para o tratamento está garantido. Graças a todos que se engajaram e colaboraram com a gente”, celebrou.

Beatriz Matos quer agora aproveitar a onda de solidariedade para ajudar mais pessoas. “Vamos aproveitar todo esse engajamento para fazer ainda mais. Continue doando. O dinheiro arrecadado além da meta será todo encaminhado para ajudar outras crianças que enfrentam o mesmo problema do Pedro, através do Instituto Anaju. Vamos salvar os amigos do Pedro. Fazer cada criança mais feliz”, disse

O que é neuroblastoma

Esse tipo de câncer é o terceiro mais recorrente entre crianças, depois da leucemia e de tumores cerebrais. É o tumor sólido extracraniano mais comum entre a população pediátrica, representando 8% a 10% de todos os tumores infantis.

O aumento do volume abdominal é um dos possíveis sintomas do neuroblastoma. Por isso, segundo especialistas, o tumor pode ser descoberto a partir da queixa de uma criança com dor na barriga, incômodo no tórax ou dor muscular. É mais comum que ocorra até os cinco anos de idade, incluindo os recém-nascidos.

O remédio betadinutuximabe, cujo nome comercial no Brasil é Qarziba, já tem registro na Anvisa e está em estudo na Universidade de São Paulo (USP) e no Hospital Israelita Albert Einstein. A pesquisa tenta reduzir para 20% a dose do remédio no tratamento, o que poderia tornar a medicação mais barata. O Qarziba ajuda o sistema imunológico a identificar possíveis novas células cancerígenas. 

 

 

 

Técnico Dorival Jr deixa o São Paulo para assumir seleção brasileira

O treinador Dorival Júnior, atual campeão da Copa do Brasil pelo São Paulo, assumirá o comando técnico da seleção brasileira masculina de futebol. Por meio do Twitter, o próprio Tricolor Paulista confirmou a saída do treinador, após o desligamento do clube.Dorival será anunciado nos próximos dias pela CBF como novo treinador da seleção, no lugar de Fernando Diniz, demitido na última sexta-feira (7).

“É a realização de um sonho pessoal, que só foi possível porque tive o reconhecimento do trabalho desenvolvido no São Paulo. Por isso tenho de agradecer por ter feito parte desse importante período de reconstrução, liderado com competência pela presidência e pela diretoria”,  disse Dorival, de 61 anos, em comunicado feito neste domingo (7) à direção do Tricolor Paulista. 

Nos últimos anos, Dorival Júnior conquistou dois títulos da Copa do Brasil – o mais recente como São Paulo, e o anterior com o Flamengo – e uma Copa Libertadores, também com o Fla em 2022.  – Reuters/Ivan Alvarado/Direitos Reservados

Além da passagem exitosa pelo São Paulo, com a conquista do inédito título da Copa do Brasil no ano passado, Dorival já havia se destacado na temporada de 2022 com o Flamengo. O treinador reergueu o clube carioca no meio temporada de 2022, quando assumiu o time, e fechou o ano com dois títulos: Copa do Brasil e Copa Libertadores. Antes, em 2010, comandou o Santos, repleto de jovens jogadores como Neymar e Paulo Henrique Ganso, à conquista da Copa do Brasil. 

“O convite feito ao Dorival é mais uma prova de que estamos no caminho certo. Em 2021, a CBF já havia chamado Muricy Ramalho, que seguirá no São Paulo até o fim da minha gestão. Agora, foi a vez do Dorival, que tinha uma proposta de reajuste e ampliação do contrato com o São Paulo também até o fim da minha gestão, em 2026, com todas as garantias para uma estabilidade. Resta desejar boa sorte em seu novo desafio”, disse Júlio Casares, prresidente do São Paulo Futebol Clube Julio Casares.

Dorival Júnior assumirá a seleção brasileira em sexto lugar nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026, com sede nos Estados Unidos, Canadá e México. Nas últimas seis partidas, sob comando de Diniz, a seleção colecionou três derrotas, um empate e duas vitórias. 

Nascido em Araraquara (SP), Dorival passou a ser o preferido do presidente da CBF Ednaldo Rodrigues para dirigir a seleção, após o técnico italiano Carlos Ancelotti renovar seu contrato com o Real Madrid (Espanha). Desde março de 2023, Ednaldo Rodrigues alardeava que Ancelotti seria o substituto de Tite no comando da seleção, mas o sonho ruiu em 29 de dezembro, quando o italiano renovou o vínculo com o Real.

Especialistas apontam intenções por trás da tentativa de golpe em 8/1

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro aprovou em outubro de 2023 o relatório final da senadora Eliziane Gama (PSD-MA). O documento pediu o indiciamento de 61 pessoas por crimes como associação criminosa, violência política, abolição do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Entre elas, o ex-presidente Jair Bolsonaro e ex-ministros como Walter Braga Neto, da Defesa, Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Anderson Torres, da Justiça.

Senadora Eliziane Gama durante leitura do relatório final da CPMI do Golpe. Foto Lula Marques/ Agência Brasil – Lula Marques/ Agência Brasil

Para a senadora Eliziane Gama, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, “foi autor intelectual e moral” dos ataques perpetrados contra as instituições que culminaram no dia da intentona da extrema direita. Conforme a parlamentar apresenta nas conclusões do relatório da CPMI, o ex-mandatário “usou seus seguidores” para tentar “escapar aos próprios crimes”.

A intenção de Bolsonaro seria estimular “uma insurreição que deixasse os poderes constituídos de joelhos; uma rebelião que enfraquecesse o governo que apenas começava e que espalhasse o caos; um processo anárquico que disseminasse o medo e que inspirasse, aos setores mais moderados da sociedade, o desejo de contemporização. Seria este o caminho da anistia e da reabilitação popular: produzir a desordem, para vender a conciliação, ao preço dos indultos e das graças constitucionais.”

Gama avalia, no texto aprovado pela comissão, que do ponto de vista dos terroristas “a invasão e a depredação dos prédios públicos seriam apenas o estopim. A anarquia se espalharia. O Brasil se contagiaria. A República cairia”.

Avaliações de acadêmicos e pesquisadores de diferentes formações ouvidos pela Agência Brasil apontam nuances às razões descritas pela CPMI para o conluio e o ataque contra a democracia.

Para Tales Ab´Sáber, psicólogo, escritor, cineasta e professor de filosofia da psicanálise no curso de Filosofia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o 8 de janeiro “foi uma insurgência de extrema direita que contava com conexão mágica e imaginária com as Forças Armadas, que viriam salvar o Brasil”.

Tales Ab´Saber, professor de Filosofia da Psicanálise no curso de Filosofia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). USP Pensa Brasil/Divulgação

Segundo ele, o Exército mantém um “comportamento ambíguo” em relação aos apelos antidemocráticos e é visto por parte da sociedade como “uma força que pode intervir no caos brasileiro.”

Os apelos autoritários têm lastro histórico e estão registrados nas manifestações nas redes sociais de 2015 e 2016, antes do impeachment de Dilma Rousseff, quando “essa extrema direita estava radicalizando na internet e já propunha a queda de Brasília e intervenção do Exército”.

As manifestações golpistas nas redes sociais são parte do material recolhido para a produção do documentário “Intervenção – Amor não quer dizer grande coisa”, dirigido por Ab’Saber, Rubens Rewald e Gustavo Aranda. O filme disponível na internet foi exibido na mostra paralela da 50ª edição Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (2017).

Golpe de vista

O antropólogo Piero Leirner, professor titular da Universidade Federal de São Carlos e estudioso de questões militares, guerra e Estado, considera que além do autoritarismo de parte da sociedade registrada em filme e das intenções do ex-presidente apontadas na CPMI, havia mais interesses em jogo.

Segundo Leiner, os militares forneceram água, luz, banheiro e segurança no acampamento dos bolsonaristas diante do Quartel General do Exército em Brasília e “estavam totalmente conscientes do que acontecia ali.”  O professor lembra: “eles não permitiram desmobilizar o acampamento”.

Antropólogo Piero Leirner, professor titular da Universidade Federal de São Carlos e estudioso de questões militares, guerra e Estado. Piero Leiner/Arquivo Pessoal

Na opinião do especialista, os militares fizeram “um de golpe de vista” e, tendo como “roteiro” o que havia acontecido no levante contra o Capitólio em Washington (Estados Unidos) em 6 de janeiro de 2021, “produziram uma espécie de ilusão golpista”.

A quimera da insurreição foi funcional aos militares para “entrar no novo governo, numa posição de vantagem” e manter sob seu controle áreas de interesse, como a Secretaria de Segurança Institucional, a circulação nas fronteiras, portos e aeroportos – como inclusive estabelece a missão de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), desde novembro de 2023, para os aeroportos e portos do Rio de Janeiro e São Paulo.

Thiago Trindade, professor adjunto e atual vice-diretor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília, concorda com o diagnóstico de Piero Leirner quanto à leniência com o acampamento ilegal diante do Quartel General de Brasília e quanto ao posicionamento dos militares para defender interesses estratégicos.

O cientista político, no entanto, pondera que há uma distinção fundamental entre o 6 de janeiro em Washington (EUA) e o 8 de janeiro em Brasília. “A grande diferença é justamente a participação dos militares no Brasil.”

Para Trindade, o “evento” em nossa capital federal funcionou como “uma espécie de advertência. Uma espécie de um aviso dizendo o seguinte, ‘olha as regras do jogo agora mudaram’. Não é mais aquela disputa que estava colocado ali na lógica PT e PSDB. A briga passou a ser com a extrema direita”.

Democracia

Colega de Thiago Trindade no Instituto de Ciência Política da UnB, o professor Lucio Rennó descreve que “o 8 de janeiro é o ponto mais alto de um processo continuado de crise da democracia no Brasil. De mudança das expectativas da população sobre o funcionamento do regime democrático”.

Rennó acredita que a polarização é elemento do processo de crise com a democracia, com a qual se constroem visões de mundo autoritárias que dificultam o diálogo e a convivência entre antagonistas. “Existe um clima de que há pessoas certas na política e pessoas erradas, e as pessoas [supostamente] erradas precisam ser combatidas.”

Esse seria o caso do “núcleo duro do bolsonarismo que é a favor de golpe, da derrubada do regime democrático”. Conforme o professor, “essa parcela é a que foi às ruas de forma violenta no 8 de janeiro.”

Lucio Remuzat Rennó Junior, professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília. UNB/Divulgação

Para o acadêmico que observa o comportamento da opinião pública no Brasil desde 2018, o ex-presidente Jair Bolsonaro soube aproveitar os sentimentos de frustração com a democracia e propor “uma agenda também conservadora de costumes, liberal economicamente – muito alinhada com movimentos de outras partes do mundo.”

A pauta liberal – neoliberal ou ultraliberal segundo cientistas sociais e economistas – encampada pela extrema direita no Brasil e outros países, mobiliza setores da opinião pública e de atividade empresarial em favor de medidas de ajuste econômico.

Em alguns casos de reforma econômica – aquelas que causam recessão, desemprego, diminuição de renda e redução de direitos trabalhistas – pode haver polarização política entre defensores das medidas e seus contestadores. Acirrado, o antagonismo político leva à perda de garantias civis e individuais.

A polarização política no Brasil, que culminou no 8 de janeiro, não resultou na interrupção do regime democrático ou situação política que favorecesse a adoção de política econômica recessiva com controle da oposição. Mas os setores econômicos que repelem a fiscalização do trabalho, a proteção ambiental e os direitos de minorias (como os indígenas) – além daqueles que atuaram por isenções tributárias específicas – se beneficiaram durante o governo Bolsonaro.

A lembrança é do economista André Roncaglia, professor Unifesp, que evita “fazer generalizações”, porque os grupos econômicos no Brasil “são bastante heterogêneos.” Ele afirma, todavia, que “é indiscutível que um endurecimento do regime, um processo de autocratização do governo Bolsonaro beneficiaria alguns grupos.”

“Quando o Estado atua de maneira democrática, ou seja, com seus órgãos de fiscalização atuantes, identificando as atividades que são contrárias à Constituição e contrárias à legislação, é evidente que esses setores eles têm menos chance de prosperar”, sentencia o economista.

Não há garantia histórica de que os regimes democráticos são mais exitosos no crescimento econômico e no desenvolvimento social. Roncaglia pondera que no caso do Ocidente, “os países evidentemente que tem um desempenho [econômico] melhor, e que conseguem sustentar um ritmo de desenvolvimento mais sustentável estão em média associados a arranjos democráticos em que o povo, as pessoas, conseguem expressar as suas vontades.”

Os empresários financiadores, alguns que têm o nome listado no relatório da CPMI de 8 de janeiro, devem ser punidos assim como os mentores, instigadores e executores do atentado como conclui o documento. O texto aprovado da senadora Eliziane Gama também traz recomendações de mudança na lei para “a correção das falhas de Estado que permitiram que o 8 de janeiro ocorresse ou que dificultaram esta investigação”.

Por fim, a relatora assinala a necessidade de todos os brasileiros refletirem sobre a atuação da extrema direita, a intentona bolsonarista e a necessidade de pôr fim do golpismo contra a democracia. “É antes um convite para que a sociedade brasileira, em cada um dos seus mais diversos segmentos, aprofunde o estudo das causas que tornaram o 8 de janeiro possível, e que proponha as soluções para que este ciclo seja encerrado”.

Filhos, ex-jogadores e fãs celebram legado de Zagallo

Alegria, simplicidade e amor à seleção. Essas são as palavras mais usadas por aqueles que compareceram neste domingo ao velório do tetracampeão Mário Jorge Lobo Zagallo. Familiares, jogadores, jornalistas esportivos, dirigentes de clubes e admiradores compareceram à sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro para prestar as últimas homenagens a um dos maiores nomes do futebol no Brasil e no mundo.  

Na fachada do edifício e nas paredes internas onde era realizado o velório, muitas imagens da carreira de Zagallo preenchiam os espaços e dezenas de coroas de flores enfeitavam o caminho. Zagallo estava lá, ao lado de troféus e taças, muitos dos quais ele ajudou a conquistar. 

No velório, o filho de Zagallo, Paulo Zagallo, estava muito grato a todo o carinho recebido tanto no Brasil quanto no exterior. “Para mim, é uma satisfação de ter sido filho do meu pai, por tudo que ele representou para o futebol brasileiro e mundial”, diz.

Ele conta que Zagallo sempre foi um pai presente, que reunia a família para almoços aos domingos. Nessas ocasiões, eles evitavam de falar de futebol e tentavam concentrar nos assuntos de família.

“Meu pai tinha um carisma muito grande em relação aos atletas. Todos os atletas gostavam muito do meu pai, da maneira dele se dirigir aos atletas, de conduzir um grupo até mesmo de atletas de várias estrelas não só na seleção como em clubes. Meu pai dava liberdade aos jogadores, de falar, de opinar. Ele conversava a parte tática do time juntamente com os atletas”, diz Paulo.  

No final da vida, Zagallo estava morando com o outro filho, Mário Cesar Zagallo, e segundo Paulo, estava totalmente lúcido. “Foi da vontade de Deus ele descansar”. 

A família recebeu do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, réplicas das taças das Copas do Mundo das quais Zagallo participou da conquista seja como atleta ou treinador. Rodrigues ressaltou o carinho que Zagallo tinha pela seleção e disse que isso deve servir de inspiração para os novos atletas. “É um momento importante para que possam novamente aproveitar desse legado de vontade e de determinação, tanto como atleta, quanto como treinador e torcedor. Que cada um desses atletas possa resgatar o trabalho que o Zagallo desenvolveu e se inspire nele para saber que a camisa da seleção brasileira tem que ser uma camisa honrada, abençoada e sempre defendida com muita altivez.” 

Carinho pela seleção  

Ex-jogadores e dirigentes de clubes prestaram homenagens e relembraram, com carinho, momentos vividos com o treinador. Para o ex-jogador da seleção brasileira e vice-presidente da Federação Paulista de Futebol. Mauro Silva, Zagallo deixa um trabalho para além dos campos e da parte técnica, deixa a alegria e o carisma. “Você encontrar um monstro, um ícone do futebol brasileiro, tão simples, com tanta energia e com tanto carisma, isso foi contagiante e ajudou muito. Me ajudou a me adaptar e a me sentir bem na seleção brasileira e, consequentemente ajudou, muito na conquista do tetracampeonato”, lembrou.

Mauro Silva diz que o acolhimento que recebeu, fez toda a diferença. “Eu era um garoto saindo do time do interior, chegar na seleção encontrar um monstro como o Zagallo, ver aquela alegria, aquele entusiasmo, a forma como ele acolhia os jogadores mais jovens, para mim me fez um bem danado e me fez me sentir muito feliz e muito à vontade na seleção brasileira e, consequentemente, isso faz você entrar no campo mais feliz e render mais para conquistar cada vez mais”.

O ex-jogador Iomar do Nascimento, mais conhecido como Mazinho, conta que ele foi o grande beneficiado por ter conhecido e trabalhado com Zagallo. “Fui beneficiado de poder entrar no time, de poder jogar uma Copa do Mundo, de poder me encaixar numa situação tática que ele determinou junto com o Parreira. Eu fui um dos beneficiados de tudo isso. Então, um legado importante que tenho dele é o respeito e saber que essa camisa amarela é muito importante para todos os jogadores que passam por aqui.”.  

Questionado sobre a grande presença de ex-jogadores e a ausência de muitos jogadores atuais, Mazinho disse que acredita que eles gostariam muito de estar presentes. “Eu acho que há outras situações que se tem de não poder vir, alguma coisa que passa na vida de cada um. No do Pelé, eu lamentei muito de não ter ido. Estava fora do Brasil. Eu não vivo no Brasil. Acho que cada um tem uma razão, mas acredito que todos gostariam de estar presentes”. 

Momentos marcantes  

O ex-jogador Leandro Ávila estava no Flamengo quando Zagallo, e quando conquistou o título do campeonato Carioca e a Copa dos Campeões de 2001. Segundo ele, o que fica é a simplicidade. “Ele simplificava tudo. Tudo que a gente fazia dentro do treino era exatamente que fazia dentro de campo. Então, todo mundo se entendia. A simplicidade que ele tinha com a gente, isso tudo vai ficar guardado, e não é qualquer treinador que tem isso, ele transmitia isso muito facilmente para a gente”, diz.  

Ele conta também que Zagallo era mais “emoção do que razão”. Na conquista da Copa dos Campeões em 2001, ele lembra de olhar para o treinador durante o jogo: “E ele estava meio que passando mal, parecia que ia ter um treco. Um cara totalmente emoção, às vezes mais que razão. E isso ele demonstrava. [A gente] sentia essa coisa boa vindo dele, essa simplicidade”, lembra. 

Para o presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, o momento mais marcante de Zagallo foi na Copa de 1998, na disputa de pênaltis entre Brasil e Holanda. “A maneira como ele se entregou naquele dia ao time, pegando jogador por jogador, olhando no olho e dizendo que a gente ia passar. Acho que, para mim, é a imagem que mais me marca, de amor, de perseverança, de acreditar no resultado, de que ia chegar em mais uma final de Copa do Mundo, aquela imagem me marcou muito. Eu tinha 20 anos de idade na época e nunca esqueci aquele momento”, conta. 

Já o presidente do Botafogo, Durcesio Mello, diz que um dos motivos que passou a torcer pelo time foi Zagallo. “Ele foi jogador e técnico do Botafogo no time mais vitorioso que o Botafogo já teve, que é a geração de 1967/1968. Então é de uma importância. Vai deixar uma saudade enorme para a gente enquanto botafoguense”.   

Segundo ele, Zagallo foi um revolucionário do futebol. “Como jogador, ele foi o primeiro ponta recuado e, depois, colocou cinco camisas 10 para jogar juntos na seleção brasileira de 1970. Ele é um revolucionário, amante da seleção, da amarelinha, como ele chamava. E um botafoguense como eu. Conheci Zagallo há muito tempo e devo muito a ele. Sou botafoguense um pouco por causa dele”, conta. 

Unesp expulsa quatro alunos por participação em trote violento

A Universidade Estadual Paulista (Unesp) expulsou quatro estudantes que participaram de um trote violento em julho de 2023. O caso ocorreu em uma república estudantil de alunos da Faculdade de Engenharia e Ciências, em Guaratinguetá, no Vale do Paraíba. Na ocasião, uma aluna precisou ser hospitalizada depois de ser obrigada a ingerir bebidas alcoólicas em excesso.

Outros quatro estudantes receberam suspensão de 120 dias e um quinto foi punido com 45 dias de suspensão por participação no trote.

O caso está, segundo nota da universidade, sendo apurado como lesão corporal pelo 2º Distrito Policial de Guaratinguetá. “Cumpre-nos ainda ressaltar que o processo policial é totalmente distinto do nosso processo disciplinar, de tal modo que suas sentenças, efeitos e decisões são independentes”, acrescenta o comunicado divulgado nas redes sociais da Faculdade de Engenharia e Ciências.

A universidade informa ainda que serão criadas campanhas permanentes para combater os trotes com a criação de um memorial em homenagem as vítimas desse tipo de situação constrangedora.

Os trotes estudantis são quando os alunos recém-chegados, chamados calouros, são obrigados a pagar prendas definidas pelos veteranos, como um rito de iniciação na vida universitária. Porém, muitas dessas situações acabam chegando à violência psicológica e física, colocando pessoas em risco.

Evento no Rio busca reflexão sobre fazer artístico a partir da memória

O Rio de Janeiro recebe nos dias 13 e 14 deste mês a primeira edição do MEMO – Música, Exposição e Memória. O evento gratuito será realizado no Parque Gloria Maria, antigo Parque das Ruínas, em Santa Teresa, região central do município, com o objetivo de fomentar a reflexão sobre o fazer artístico a partir da memória, da pandemia e da tecnologia.

A idealizadora do MEMO, que assina também a curadoria e a direção-geral, Lu Araujo, disse que começou a pensar no evento durante a pandemia da covid-19. “Porque eu acho que a questão da memória foi um fator bastante importante para a gente poder atravessar aquela fase. Em vários momentos, a gente se apegava à memória do passado para pensar que íamos superar aquilo para ter um outro momento da vida, porque era coisa tão singular, a gente nunca tinha vivido uma coisa dessas, um evento mundial”, contou, em entrevista à Agência Brasil.

Idealizadora do MEMO, Lu Araújo assina também a curadoria e a direção-geral do evento – André Henriques/Divulgação

Lu Araujo destacou que a população também construiu uma memória da pandemia, embora considere que as pessoas estão falando pouco, como se aquilo não tivesse acontecido. “Acho que a gente entrou em um processo de recuperação e redução de danos que, de alguma forma, boa parte das pessoas não toca nesse assunto, talvez pela dor do momento, pelas dificuldades enfrentadas, pelas perdas que teve.”

Por isso, o MEMO tem a proposta de pensar de alguma forma nesse passado, no presente e no futuro, abordando temas relacionados àquele momento vivido, mas considerando coisas que funcionaram como aliadas, como a arte e a própria tecnologia, ”que nos salvou, permitindo que a gente pudesse se comunicar com os outros, estar em contato”. A programação completa pode ser acessada no site do evento.

Reflexão

Dentro do contexto da memória, um dos pontos de reflexão é a memória que é imposta. Segundo Lu Araujo, a pandemia também criou um reposicionamento de questões importantes para os brasileiros em especial, como as questões sociais, de gênero, de raça. “Acho que o MEMO tem a proposta de criar um evento de reflexão, mas sem ser triste, nem mofado. Falar disso com um pouco mais de cautela, falar dos afetos, da memória dos lugares e dos lugares de memória. É isso que a gente está pretendendo nessa primeira edição. Sinto uma força muito grande nesse tema e tenho muita vontade de continuar fazendo esse festival.”

Lu Araujo disse que pretende propor uma edição do MEMO também à Universidade do Porto, em Portugal, com a qual fez parceria em 2022 para um projeto sobre a Amazônia, que era o Casa Comum. A ideia é sugerir um evento sobre a questão da memória no campo das artes. Na edição do festival no Rio de Janeiro, haverá um pouco disso, com a participação de antropólogos, artistas visuais, estudiosos de tecnologia, entre outros especialistas. Ela acredita que o evento vai crescer, se fortalecer e ampliar os horizontes no campo das discussões.

Atividades

As atividades englobam shows, exposição de arte contemporânea, rodas de memórias ou conversas, oficinas de investigação de memórias. Todas vão ocorrer no Parque Glória Maria e no Teatro Ruth de Souza, em Santa Teresa. O projeto tem apoio da prefeitura carioca e da Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Programa de Fomento à Cultura Carioca (Foca).

Os shows mostram trabalhos com qualidade e que, de alguma forma, estão revivendo grandes artistas “que nem sempre no dia a dia a gente pode reverenciar”, salientou Lu Araujo. Andrea Ernest Dias Quarteto, com o show Uma Roda para Moacir Santos, vai celebrar a trajetória desse músico negro, nascido em Pernambuco, que terminou seus dias como um dos grandes compositores do cinema em Hollywood. Já o duo de violinistas Ana de Oliveira e Sérgio Raz, com participação de Marcos Suzano e Quarteto de Cordas, lançará o novo álbum Armoriando (Selo Sesc), que homenageia o cinquentenário do Movimento Armorial, liderado pelo escritor, filósofo e dramaturgo Ariano Suassuna. Destaque ainda para Leila Maria, que levará ao palco do MEMO seu disco Ubuntu, original tributo com releituras da obra de Djavan e arranjos de inspiração africana.

A nova geração da música estará presente com Chico Chico, que apresenta seu novo EP com duas canções lançadas recentemente: Espelho e Entre Prédios; com a cantora Priscila Tossan, com o show A Beleza É Você Menina, além de sucessos de Cartola e Luiz Melodia; e a DJ, percussionista, produtora musical e pesquisadora de discotecagem Tata Ogan, que vai apresentar um setlist especial dedicado à “memória afetiva da música brasileira”.

Lourival Cuquinha é responsável por um dos momentos mais importantes do MEMO: a mostra Trote Violante. O trabalho do artista reflete sobre o exercício da liberdade, seja a do indivíduo perante a sociedade, seja a da arte frente às instituições. Sua obra multidisciplinar, que abrange as artes plásticas, o audiovisual e a intervenção, é frequentemente marcada pela interatividade com o público e o meio urbano.

Oficinas

O MEMO contará ainda com oficinas que visam trabalhar lembranças e vivências. Uma delas é física, denominada Estandartes: Memória e Tradição, e será ministrada pela designer e arte educadora Maristela Pessoa, para que as pessoas criem seus próprios estandartes. Outra oficina será dada pela psicóloga e especialista em terapia do trauma Priscila Lobianco. A proposta é promover uma delicada ampliação do diálogo com nossas memórias implícitas e gerar o movimento necessário de transformação e cura. “A gente vai trabalhar o corpo, a reflexão nesse momento e também vai criar patuás como um tipo de coisa que oferece proteção”, adiantou Lu Araujo.

Projeto inédito, o MEMO faz parte de uma série de ações que serão realizadas durante o ano de 2024, com a chancela do consagrado MIMO Festival, evento com 20 anos de existência, criado também por Lu Araujo, e que tem como pilares a música, o patrimônio e a educação no campo das artes.

Ensaios das escolas de samba do Rio começam neste sábado na Sapucaí

Os ensaios técnicos das escolas de samba do Rio de Janeiro começam neste fim de semana e devem repetir a presença forte dos torcedores de cada agremiação no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, na região central da cidade. Os desfiles dos ensaios são gratuitos e seguem até o dia 4 de fevereiro.

Neste sábado (6) a programação começa com a União do Parque Acari, Arranco do Engenho de Dentro, Império da Tijuca e Estácio de Sá, todas da Série Ouro – o antigo grupo de acesso. Amanhã se apresentam Porto da Pedra e Mocidade Independente de Padre Miguel do Grupo Especial, considerado a elite do carnaval carioca.

Como as apresentações nesta fase movimentam muita gente entre os integrantes das escolas e o público, o governo do Rio montou uma operação integrada para garantir a segurança e um bom espetáculo. O esquema busca também a comodidade e a facilidade de acesso a quem for para a Passarela do Samba.

Para o governador Cláudio Castro, o planejamento desde o primeiro dia de ensaios representa um compromisso do executivo fluminense com um Carnaval seguro para todos.

“Para os fluminenses, o Carnaval não é só festa, é a expressão da nossa identidade, uma celebração que une e inspira todos, além de uma grande oportunidade de geração de empregos, renda e atração turística para o Rio de Janeiro.”

Para o presidente da LigaRJ, que reúne escolas da Série Ouro, Wallace Palhares, o ano começou e as agremiações estão focadas no carnaval. Segundo ele, a expectativa para os ensaios técnicos que começam hoje são as melhores possíveis.

“Esse é um momento importante para as escolas porque aqui elas testam o que farão no dia do desfile. Mas os ensaios hoje vão muito além dos treinos. A população abraça, já faz parte do calendário oficial da cidade. É um momento de lazer para cariocas e turistas que estão no Rio nessa época. É um evento esperado, chega novembro e já estão cobrando as datas dos ensaios. Isso é bom demais!”, respondeu por meio da assessoria de imprensa, a pedido da Agência Brasil.

O presidente destacou ainda a gratuidade dos ensaios técnicos e garantiu que o público vai ter muita diversão.

“Vale lembrar que a entrada no Sambódromo é totalmente gratuita. Os portões vão abrir às 17h, a classificação é livre. Quem quiser pode chegar e tenho certeza que vai curtir muito e vai querer voltar nos outros sábados.”

Segurança

No policiamento, a Secretaria de Estado de Polícia Militar preparou um sistema avançado de videomonitoramento e, como no Réveillon, vai usar câmeras de reconhecimento facial e drones. Os policiais dos batalhões próximos ao Sambódromo – 4º BPM (São Cristóvão) e 5º BPM (Praça da Harmonia) –, vão atuar com policiais de unidades especiais para garantir a tranquilidade dos participantes.

A PM levará para a Marquês de Sapucaí, o carro-comando que possui uma torre de observação com quatro câmeras alinhadas ao sistema de reconhecimento facial, com amplitude de 360º: “Também estará em operação o drone com a mesma tecnologia de identificação”, completou em nota o governo do estado.

A partir das 18h, o Programa Lei Seca, da Secretaria de Estado de Governo, estará com equipes educativas para conscientizar os foliões sobre a importância de não dirigir após o consumo de bebidas alcoólicas.

Neste verão de calor forte, mais uma vez a Cedae vai distribuir água para garantir a hidratação dos participantes. Dez aguadeiros com 60 bombonas de água por dia, cada uma com 11 litros, estarão disponíveis nos ensaios para aliviar a sede do público.

O esquema dos bombeiros, além dos integrantes dos quartéis que atendem a área do Sambódromo, o Corpo de Bombeiros Militar vai acompanhar os ensaios com o uso de motolâncias e ambulâncias para assegurar atendimento ao público em caso de emergências.

Metrô

Para deslocamento do público durante os ensaios técnicos, o Metrô vai funcionar em horário ampliado até meia-noite nas estações Central do Brasil e Praça Onze.

“O esquema será adotado neste domingo (7) e nos dias 14, 21 e 28 de janeiro e 4 de fevereiro. As outras estações fecharão normalmente, às 23h, como de praxe aos domingos, e depois desse horário, só funcionarão para desembarque”, informou.

Para os ensaios técnicos das escolas da Série Ouro aos sábados, o horário de funcionamento de rotina será mantido, das 5h à meia-noite, exceto no Feriado de São Sebastião, no dia 20 de janeiro, quando a operação será até as 23h, como costuma ocorrer nos feriados.

O Metrô na Superfície, feito por meio de ônibus, vai funcionar das 5h às 23h30 no sábado; e das 7h às 22h30 no domingo. Já nos trens, a SuperVia manteve a grade normal.

Investimentos

No carnaval de 2024, os investimentos do governo do estado superam R$ 62,5 milhões, incluindo novo calendário de eventos na Cidade do Samba, onde se localizam os barracões das escolas do Grupo Especial. Segundo o governo do estado, os recursos, na maior parte da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), além de se destinarem às escolas de samba para a elaboração dos enredos, contribuem para a atração turística e o desenvolvimento econômico do estado.

De acordo com o executivo fluminense, os valores são liberados a partir da Lei de Incentivo à Cultura, por meio da Light, da Secec e do patrocínio da Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro (Funarj).

“Em parceria com a Liesa, a Liga Independente das Escolas de Samba, o Estado também vai promover o Carnaval durante os meses seguintes com um calendário de eventos que será pensado para durar todo o ano de 2024, um investimento de R$ 10 milhões”, completou.

Turismo

O governo do estado trabalha com a expectativa de superar os resultados do Carnaval de 2023, principalmente na capital, quando os números giravam em torno de receber mais de 5 milhões de foliões no município, com uma movimentação financeira próxima a R$ 4,5 bilhões na economia da cidade. Para 2024, a previsão do setor hoteleiro é, novamente, atingir sua ocupação máxima na Cidade Maravilhosa e superar a capacidade no interior do estado.

Programação de Ensaios Técnicos no Sambódromo 2024

Grupo Especial

07 de janeiro – Domingo
Porto da Pedra (B)- 20h30
Mocidade (C)- 22h

14 de janeiro – Domingo
Portela (B) – 20h30
Unidos da Tijuca (C) – 22h

21 de janeiro – Domingo
Paraíso do Tuiuti (B)- 20h30
Salgueiro (C)- 22h

28 de janeiro – Domingo
Grande Rio (C)- 20h30
Mangueira (B)- 22h

03 de fevereiro – Sábado
Lavagem da Passarela do Samba em cerimônia com baianas e água de cheiro- 19h
Beija-Flor (B)- 20h30
Vila Isabel (C)- 22h

04 de fevereiro – Domingo
Viradouro (C) – 20h30
Imperatriz (B)- 22h

Lado de concentração dos integrantes na Avenida Presidente Vargas:

C – lado onde se localizam os Correios e a Cedae

B – lado do Prédio chamado de Balança

Série Ouro

06/01 – Sábado
União do Parque Acari
Arranco do Engenho de Dentro
Império da Tijuca
Estácio de Sá

13/01 – Sábado
União de Maricá
Acadêmicos de Niterói
Unidos de Bangu
União da Ilha

20/01 – Sábado
Sereno de Campo Grande
Acadêmicos de Vigário Geral
São Clemente
Império Serrano

27/01 – Sábado
Em cima da hora
Unidos da Ponte
Inocentes de Belford Roxo
Unidos de Padre Miguel

Desfiles oficiais

Os desfiles oficiais começam com as escolas da Série Ouro na sexta-feira, dia 9 de fevereiro, quando se apresentarão União do Parque Acari, Império da Tijuca, Acadêmicos de Vigário Geral, Inocentes de Belford Roxo, Estácio de Sá, União de Maricá, Acadêmicos de Niterói e Unidos da Ponte.

Na segunda noite da Série Ouro, no sábado 10 de fevereiro, é a vez do Sereno de Campo Grande, Em Cima da Hora, Arranco do Engenho de Dentro, União da Ilha do Governador, Unidos de Padre Miguel, São Clemente, Unidos de Bangu e Império Serrano.

Nesse grupo vão desfilar várias escolas que já estiveram no Grupo Especial como Estácio de Sá, União da Ilha do Governador, São Clemente e Império Serrano.

No domingo, 11 de fevereiro, será a vez das escolas do Grupo Especial. A primeira noite começa com a Porto da Pedra e segue com Beija-Flor, Salgueiro, Grande Rio, Unidos da Tijuca e Imperatriz Leopoldinense, a atual campeã do carnaval carioca.

A segunda noite de apresentações do Grupo Especial, no dia 12 de fevereiro, começa com a Mocidade Independente de Padre Miguel, seguida da Portela, Unidos de Vila Isabel, Mangueira, Paraíso do Tuiuti e fechando o chamado maior espetáculo da Terra virá a Viradouro.

Entidades e clubes de futebol prestam homenagens a Zagallo

As homenagens a Mario Jorge Zagallo, o maior conquistador de Copas do Mundo – duas como jogador (1958 e 1966) e duas na equipe técnica (1970 e 1994) – circulam pelos sites e pelas redes sociais dos principais clubes de futebol do país. O Velho Lobo, como era conhecido, morreu na noite desta sexta-feira (5), aos 92 anos. Zagallo foi também lembrado pelas confederações de futebol do Brasil e da América do Sul e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em sua página no X, antigo Twitter, Lula lembrou que, além de ser um dos maiores jogadores e técnicos de futebol de todos os tempos, Zagallo foi “um grande vencedor e símbolo de amor pela seleção brasileira e pelo Brasil”.

“Corajoso, dedicado, apaixonado e supersticioso, Zagallo era exemplo de brasileiro que não desistia nunca. É essa lição e espírito de carinho, amor, dedicação e superação que ele deixa para todo o nosso país e para o futebol mundial. Nesse momento de despedida, minha solidariedade aos familiares de Zagallo, seus filhos e netos, aos amigos e aos milhões de admiradores”, postou o presidente.

CBF e Conmebol

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) decretou luto de sete dias “em homenagem à memória do seu eterno campeão”. O presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, classificou Zagallo como “lenda” e assumiu o compromisso de reverenciar seu legado.

A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) lembrou que Zagallo é o “único tetracampeão mundial como jogador, técnico e assistente” e desejou condolências aos familiares e amigos do “astro brasileiro”.

Clubes

Zagallo foi também lembrado pelos principais times do país. O atual campeão brasileiro, Palmeiras, lamentou a perda do ídolo e técnico da seleção brasileira. “É uma perda imensurável para o esporte! Nossas condolências aos familiares, amigos e fãs neste momento de profunda dor. Descanse em paz, Velho Lobo.”

O Flamengo destacou que Zagallo “moldou a história do futebol brasileiro”, e que ele “entra para a eternidade como um revolucionário, um pilar histórico do esporte”, além de pioneiro e recordista. “O Velho Lobo voltou à história do Mais Querido no comando técnico. Era ele o comandante no título carioca de 1972 e em 2001, quando vencemos a Copa dos Campeões – e quem não lembra da vibração dele, de colete por cima do Manto Sagrado, quando Pet nos garantiu o quarto Tricampeonato, aos 43 do segundo tempo?”, destacou o clube.

Outros clubes cariocas que, a exemplo do Flamengo, tiveram o privilégio de ver sua camisa no Velho Lobo, também se manifestaram. Em tom de agradecimento, o Botafogo lamentou a partida “de um dos seus maiores ídolos, campeão como jogador e treinador, com um currículo vitorioso e notável no esporte, uma verdadeira lenda do futebol brasileiro”. “Desejamos força aos familiares, amigos e fãs. Seu legado no Glorioso e no futebol jamais será esquecido. Descanse em paz, Velho Lobo!”

Atual campeão da Libertadores, o Fluminense lembrou a passagem de Zagallo pelo time. “Uma das grandes lendas da história do futebol brasileiro e mundial e campeão pelo Tricolor”, postou o clube. “Toda a nossa força e os nossos sentimentos aos amigos, familiares e fãs de um ídolo eterno”, complementou.

O Vasco também lembrou as conquistas obtidas por seu time com a ajuda do ex-jogador e técnico. “Zagallo defendeu as cores do Vasco da Gama em duas oportunidades, ambas na função de treinador, com 49 vitórias, 34 empates e 16 derrotas. O Velho Lobo conquistou três títulos pelo Gigante da Colina: o Troféu Colombino de 1980, a Taça Gustavo de Carvalho de 1980 (equivalente ao segundo turno Estadual) e a Taça Adolpho Bloch de 1990.”

Além do Palmeiras, os principais times de São Paulo também usaram de suas redes sociais para prestar homenagens ao Velho Lobo. “O Santos FC lamenta profundamente o falecimento de Mário Jorge Lobo Zagallo, uma das maiores lendas que o futebol já conheceu. Zagallo Eterno tem 13 letras. O nosso Rei Pelé te espera no reino sagrado. Obrigado por tudo, Velho Lobo!”, publicou o Santos.

O Corinthians disse que se despede de “um dos maiores brasileiros de todos os tempos”. “Obrigado por tudo que fez pelo nosso futebol, Zagallo. Nossa gratidão a você, Velho Lobo!”. O São Paulo também lamentou o falecimento e lembrou que, além de tetracampeão mundial pelo Brasil, Zagallo “marcou história no nosso futebol, como atleta, treinador e dirigente”.

Os dois principais times do Rio Grande do Sul – Grêmio e Internacional – também prestaram suas homenagens. O tricolor gaúcho disse que uma lenda imortal das quatro linhas partiu, “mas deixa para todos um legado de conquistas e perseverança”.

Já o Internacional disse que recebeu com “imenso pesar” a notícia do falecimento, e lembrou que Zagallo, pelo bicampeonato mundial como atleta e pelo comando da seleção de 70, bem como pela coordenação técnica na conquista do tetra mundial brasileiro “será sempre lembrado como um dos maiores nomes da história do futebol. Descanse em paz, gigante”.

As homenagens chegaram também dos três principais clubes de Minas Gerais. “O futebol brasileiro está de luto. O Cruzeiro lamenta o falecimento de Mário Jorge Lobo Zagallo. O único a participar da conquista de quatro títulos de Copa do Mundo. Seu trabalho como jogador e técnico estará pra sempre na nossa história. Descanse em paz, Velho Lobo”, tuitou o Cruzeiro.

O Atlético Mineiro disse que o futebol se despede de um dos seus grandes nomes. “O Galo lamenta o falecimento do lendário Zagallo, tetracampeão mundial pela Seleção Brasileira e grande ídolo nacional. Nos solidarizamos com a família, os fãs e amigos do Velho Lobo”.

O América de Minas Gerais disse que a contribuição e o legado de Zagallo para o futebol brasileiro e mundial jamais serão esquecidos. “Desejamos muita força aos familiares e amigos neste momento difícil. Descanse em paz, Zagallo”.

Folias de Reis são tradição centenária na cultura popular brasileira

O Dia de Reis, celebrado neste sábado (6), marca uma tradição centenária na cultura popular brasileira, que é a passagem das folias pelas ruas, reunindo grupos de cantadores e instrumentistas que entoam versos em homenagem aos três reis magos: Baltazar, Belchior e Gaspar. Em diversas cidades do país, eles passam de casa em casa vestindo fardas e máscaras e performando danças e cantorias com múltiplos instrumentos de corda, sanfonas e percussão. Alguns grupos contam com personagens – reis, palhaços e bastiões – que chegam a visitar as casas de devotos.

Belchior, Gaspar e Baltazar, convertidos em santos pela Igreja Católica, teriam saído do Oriente se guiando por uma estrela e levavam três presentes: ouro, incenso e mirra, simbolizando realeza, imortalidade e espiritualidade. Para os devotos, a data da chegada dos reis magos ao destino é quando se encerram os festejos natalinos, que começam quatro domingos antes do 25 de dezembro, dia atribuído ao nascimento de Jesus Cristo.

Dessa forma, o dia 6 de janeiro marca o momento em que esses três reis magos foram visitar o recém-nascido Jesus Cristo, em Belém, cidade milenar localizada atualmente na Palestina. Neste dia, também são desarmados os presépios, as árvores e os demais enfeites natalinos.

De origem portuguesa, a Folia de Reis ou Reisado foi trazida para o Brasil durante o período colonial, se manifestando a partir de diversos títulos: Terno de Reis, Tiração de Reis, Rancho de Reis, Guerreiros e Reisado. Elas consistem na presença de cantadores, tocadores de instrumento, que saem pelas ruas, de casa em casa, cantando louvores a um santo de devoção e recolhendo donativos para ofertar aos mais necessitados ou cumprindo promessas que as pessoas fazem aos seus santos.

Atualmente a tradição continua presente em diversos estados do país, especialmente nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, a exemplo do Espírito Santo, de Minas Gerais, São Paulo, do Rio de Janeiro, de Alagoas, da Bahia, do Ceará, Maranhão, da Paraíba, de Pernambuco, do Piauí e de Goiás.

Em Minas Gerais, onde a tradição é bastante presente, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) já cadastrou mais 1,6 mil grupos em cerca de 400 municípios de todas as regiões, consideradas, desde 2017, patrimônio cultural de natureza imaterial. Além dos Reis Magos, são cultuados o Divino Espírito Santo, São Sebastião, São Benedito e Nossa Senhora da Conceição, em períodos que não são necessariamente o de Natal.

Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), existem três pedidos de reconhecimento abertos no Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI): Reisados de Pernambuco; Folias de Reis Fluminenses; e Folias de Reis do Estado de São Paulo.

Em Pernambuco, o mapeamento realizado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) abrangeu os municípios do Recife, de Garanhuns, povoado de Maniçoba (Capoeiras), Paranatama, Águas Belas, Arcoverde, Sertânia, Pedra, Petrolina, Santa Maria da Boa Vista, Lagoa Grande e Tacaratu, contemplando o agreste pernambucano e a região metropolitana do Recife.

No Rio de Janeiro, o Iphan, em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), identificou Folias de Reis nos municípios de Angra dos Reis, Cabo Frio, Cassimiro de Abreu, Duas Barras, Itaboraí, Mangaratiba, Paraty, Petrópolis, Quatis, Quissamã, Rio Claro, Rio de Janeiro, Santa Maria Madalena e São Pedro da Aldeia.

Pesquisa

Para atualizar as informações sobre as Folias de Reis, o instituto abriu, em novembro do ano passado, abriu um edital para selecionar organizações para realizar pesquisa e documentação que vão subsidiar o processo de registro dos Reisados e das Folias de Reis.

O Centro de Estudos da Cultura Popular, organização selecionada, deverá promover pesquisa de campo e estudos transdisciplinares sobre os Reisados e a Folia de Reis, reunindo profissionais de diversas áreas do conhecimento, como antropologia, etnomusicologia, história, geografia e artes.

A pesquisa deverá ter a participação das comunidades detentoras das manifestações. Além disso, a organização vai sistematizar e consolidar informações sobre referências bibliográficas, instituições, acervos públicos e particulares.

De acordo com o Iphan, o trabalho deverá trazer uma proposta de reconhecimento dessas manifestações como um único bem cultural ou se seria o caso de indicar o reconhecimento dois bens culturais: um que abarque os Reisados e suas variações no Nordeste e outro que englobe as Folias de Reis de outras localidades, a serem definidas a partir do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

A pesquisa também deverá apresentar produção de material escrito, audiovisual, mapa de base cartográfica com coordenadas georreferenciadas (localizando as comunidades detentoras dos Reisados e das Folias de Reis e os principais locais identificados como lugares de referência para essa manifestação cultural), além de fazer um levantamento histórico sobre transformações e descontinuidades pelos quais esse bem cultural passou, especialmente sobre últimas décadas.

“Com essa pesquisa, que está no horizonte próximo, será possível obter levantamentos quantitativos e qualitativos dos grupos atuantes e suas diversidades atuais e históricas”, informou o Iphan.