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Quase 1/4 do território brasileiro pegou fogo nos últimos 40 anos

Quase um quarto do território brasileiro pegou fogo, ao menos uma vez, no período entre 1985 e 2023. Foram 199,1 milhões de hectares, o equivalente a 23% da extensão territorial brasileira.

Da área atingida por incêndio, 68,4% eram vegetação nativa, enquanto 31,6% tinham presença da atividade humana, notadamente a agropecuária. O Cerrado e a Amazônia são os principais biomas vítimas da ação do fogo, seja de origem natural ou provocada pelo homem. Juntos, são 86% da área queimada.

Os dados obtidos por meio de comparação de imagens de satélite fazem parte de um estudo divulgado nesta terça-feira (18) pelo MapBiomas Fogo, rede que envolve universidades, organizações não governamentais (ONGs) e empresas de tecnologia.

Pelas imagens de satélite, os pesquisadores conseguem analisar o tamanho e o padrão histórico das áreas incendiadas, mas não é possível apontar com certeza o que iniciou o fogo.

No entanto, a coordenadora do MapBiomas Fogo e diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar, explicou à Agência Brasil que é possível chegar ao entendimento de que a maior parte das queimadas não tem origem natural, quando raios, principalmente, são iniciadores do fogo.

“A gente pode inferir que a grande maioria é incêndio causado ou iniciado pela atividade humana”, aponta a geógrafa.

O principal motivo para chegar à conclusão é o período em que acontece grande parte dos incêndios, que são concentrados em agosto e setembro.

“Onde queima mais, Cerrado, Amazônia, e, agora, infelizmente, no Pantanal, é período seco, período em que, provavelmente, é bastante difícil de acontecerem as descargas elétricas das tempestades”, detalha Ane Alencar.

A estação seca, entre julho e outubro, concentra 79% das ocorrências de área queimada no Brasil, sendo que setembro responde por um terço do total.

A coordenadora do MapBiomas afirma que a maior parte da vegetação nativa incendiada continua sem ocupação humana. “Um pequeno percentual das áreas que foram afetadas se torna, principalmente, área de pastagem.”

Quase metade (46%) da área queimada está concentrada em três estados: Mato Grosso, Pará e Maranhão. De cada 100 hectares queimados, 60 são em territórios particulares. Os três municípios que mais queimaram entre 1985 e 2023 foram Corumbá (MS), no Pantanal, seguido por São Felix do Xingu (PA), na Amazônia, e Formosa do Rio Preto (BA), no Cerrado.

O levantamento do MapBiomas mostra ainda que cerca de 65% da área afetada pelo fogo foi queimada mais de uma vez entre 1985 e 2023. Nesse período, a cada ano, em média 18,3 milhões de hectares – equivalente a uma área pouco menor que o estado de Sergipe – são afetados pelo fogo.

 

Biomas

Do total da área queimada ao menos uma vez no país, 44% ficam no Cerrado. São 88,5 milhões de hectares – quase metade (44%) da extensão territorial do bioma. É quase o tamanho de Mato Grosso.

A pesquisadora Ane Alencar adverte que, embora o Cerrado seja uma vegetação mais preparada para a ocorrência de incêndios, a alta frequência com que o fogo afeta a região debilita o ecossistema, que apresenta características savânicas, com vegetação rasteira.

“É muito mais difícil debelar o fogo”, diz ela. “Na hora em que o fogo está mais forte, com muito vento, é impossível combater.”

Segundo bioma mais afetado, a Amazônia teve 82,7 milhões de hectares queimados ao menos uma vez. A extensão representa um quinto (19,6%) do bioma amazônico.

Nascida no Pará e especialista em região amazônica, Ane Alencar alerta para o grande perigo que incêndios oferecem a florestas.

“Formações florestais não são adaptadas ao fogo, elas são sensíveis”, avalia. “Uma vez queimadas, o processo de recuperação é muito lento e deixa essas áreas superinflamáveis para que haja um segundo incêndio. Leva a um processo de degradação”, explica.

O bioma que mais queimou proporcionalmente a sua área foi o Pantanal, com 9 milhões de hectares. Embora seja apenas 4,5% do total nacional, essa extensão representa 59,2% do bioma. Por mais que seja adaptado ao fogo, o Pantanal enfrenta incêndios intensos principalmente devido às secas prolongadas.

Além de danificar a cobertura vegetal que, entre outras consequências, altera o equilíbrio ambiental, as queimadas são importantes fontes contribuidoras para o efeito estufa, uma vez que liberam o carbono armazenado na biomassa para a atmosfera na forma de gás carbônico (CO²).

Cicatrizes

O levantamento do MapBiomas revela a extensão de “cicatrizes” na natureza, um conceito que passou a ser usado pela geógrafa Ane Alencar a partir da década de 1990. Cicatriz é como se chamam as grandes áreas afetadas por um único incêndio.

O bioma com maiores cicatrizes é o Pantanal. Cerca de 25% das áreas afetadas têm danos na vegetação que variam entre 10 mil e 50 mil hectares. Para efeito de comparação, cada hectare é pouco maior que um campo de futebol.

Em seguida, figura o Cerrado, onde predominam queimadas em áreas entre mil e 5 mil hectares, que respondem por 20% do total.

Alastramento

Segundo a coordenadora do MapBiomas, muitas queimadas são atividades ilegais que se seguem a desmatamentos.

“Fogo é a ferramenta mais barata de transformação dessa biomassa [resultante de desmatamento] em nutrientes para o solo. Muitas vezes as pessoas vão queimar aquela área desmatada, não prestam atenção e não controlam o fogo, então a queimada escapa para floresta, campo nativo ou área de Cerrado e gera incêndios”, diz Ane Alencar.

A pesquisadora lembra, no entanto, que o uso do fogo é permitido por produtores rurais, mas que é preciso cuidado para que a queimada seja controlada e não se alastre.

“O uso do fogo para queima de pastagens é permitido, mas tem que ter licença, a licença é importante”, observa.

“Você vai receber orientação do tipo ‘não coloque fogo em determinado horário’. ‘Se tem muitos vizinhos colocando fogo no mesmo dia, faça no outro dia’. Quando você pede licença previamente, os bombeiros podem ficar em alerta”, aconselha.

Tendência

A pesquisadora do MapBiomas avalia que, a partir da primeira década dos anos 2000, incentivos para melhor gestão ambiental ajudaram a controlar as queimadas. “Foi diminuindo o desmatamento e também a área queimada.”

No entanto, adverte ela, a partir de 2019, “houve um aumento expressivo no desmatamento e da área queimada”.

Ela acrescenta que, em 2023, continuou o aumento de queimadas, porém, por causa de mudanças climáticas, que causaram secas severas, o que contribuiu para que terrenos ficassem mais sensíveis a alastramento de incêndios.

“O que aconteceu em 2023, principalmente na Amazônia, é que, na região onde houve a redução do desmatamento, houve uma redução do fogo em geral, das queimadas e incêndios.”

Padrão histórico

A pesquisadora considera que o estudo apresenta informações relevantes, como o padrão histórico dos incêndios, que podem ajudar as autoridades na elaboração de estratégias de prevenção, controle e combate a queimadas.

“Esses dados podem ajudar muito a entender áreas que estão sob maior risco de incêndios, ser utilizados em processos de responsabilização, para monitorar se a questão climática está realmente impactando o aumento de incêndios”, exemplifica.

“São vários usos, desde o mapeamento de ações de prevenção, melhoria dos planejamentos e investimentos para melhor uso da terra”, completa.

Sala de crise

O estudo foi divulgado poucos dias depois de o governo federal instalar uma sala de crise para monitorar e enfrentar problemas de queimadas e secas no país, especialmente no Pantanal e na Amazônia. A medida foi anunciada na sexta-feira (14), e a primeira reunião foi na segunda-feira (17).

Na avaliação da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, há um agravamento dos problemas de natureza climática, e as consequências chegarão mais cedo este ano, com repercussão ambiental “muito grave”.

“Em função disso, já estamos agindo na lógica da gestão do risco e não apenas do desastre”, disse Marina.

Em outra ação, o governo lançou no começo de abril o programa União com Municípios pela Redução do Desmatamento e Incêndios Florestais na Amazônia. A iniciativa prevê investimentos de R$ 730 milhões para promover o desenvolvimento sustentável e combater o desmatamento e incêndios florestais em 70 municípios prioritários na Amazônia. Os municípios aptos a participar da iniciativa foram responsáveis por cerca de 78% do desmatamento no bioma no ano de 2022.

No fim de março, o governo federal firmou um pacto com governadores dos estados do Cerrado para combater o desmatamento. O acordo inclui propostas como a criação de força-tarefa para implementação de ações conjuntas. Estiveram presentes representantes de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, do Tocantins, da Bahia e do Distrito Federal. A articulação com é prevista no Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento no Cerrado (PPCerrado), lançado em novembro de 2023.

Operário-PR supera Chapecoense e dorme na vice-liderança da Série B

Na partida que marcou a abertura da 11ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, o Operário-PR foi até a Arena Condá, em Chapecó, e derrotou a Chapecoense por 1 a 0, na noite desta segunda-feira (17), em partida que teve transmissão ao vivo da TV Brasil.

FIM DE JOGO! VITÓRIA DO OPERÁRIOOOOOOO👻👻👻

Mais uma vez provando que chuva é bom sinal pra quem é do Fantasma ☔️🤪#ACFxOFEC 0x1 pic.twitter.com/XBZu3t9ZxL

— Operário Ferroviário (@OFECoficial) June 18, 2024

Com este resultado, o seu quarto triunfo consecutivo na competição, o Fantasma chegou aos mesmos 21 pontos do líder América-MG para assumir a 2ª posição. Já o Verdão do Oeste permaneceu com 14 pontos, na 12ª colocação.

Em partida disputada em um gramado muito pesado, produto das fortes chuvas que caíram no decorrer da partida, o Operário foi mais eficiente para alcançar a vitória. Aos 25 minutos do segundo tempo o meio-campista Marco Antônio acertou um chute de fora da área para superar o goleiro Matheus Cavichioli.

TV Brasil

As emoções da Série B do Brasileiro terão prosseguimento na tela da TV Brasil com a partida entre Novorizontino e Amazonas, a partir das 21h (horário de Brasília) desta terça-feira (18). O jogo será disputado no estádio Jorge de Biasi, mais conhecido como Jorjão, em Novo Horizonte, interior de São Paulo.

O duelo terá a narração de Rodrigo Campos, comentários das jornalistas Rachel Motta e Brenda Balbi e a reportagem, direto do gramado, de Lincoln Chaves.

Dólar sobe para R$ 5,42 às vésperas do Copom

Em meio a tensões no mercado interno e externo, o dólar voltou a superar os R$ 5,40 às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. A bolsa de valores caiu e continua no menor patamar em sete meses.

O dólar comercial encerrou esta segunda-feira (17) vendido a R$ 5,421, com alta de R$ 0,039 (+0,73%). A divisa operou em alta durante toda a sessão. Na máxima do dia, por volta das 15h30, a cotação chegou a R$ 5,43.

A moeda norte-americana está no maior nível desde 4 de janeiro do ano passado, quando era vendida a R$ 5,452. O dólar acumula alta de 3,28% em junho e de 11,7% em 2024.

O mercado de ações teve um novo dia de perdas. Após ter subido levemente na sexta-feira (14), o índice Ibovespa, da B3, fechou aos 119.138 pontos, com queda de 0,44%. O indicador está no menor nível desde 9 de novembro do ano passado.

Em relação ao câmbio, o dólar foi pressionado tanto por fatores domésticos como externos. No plano interno, os investidores esperam detalhes do plano de corte de gastos em estudo pela equipe econômica e a definição se o Comitê de Política Monetária (Copom) encerrará o ciclo de cortes da Taxa Selic (juros básicos da economia) na reunião de quarta-feira (19) ou se fará mais um corte de 0,25 ponto percentual.

No plano internacional, as taxas dos títulos do Tesouro norte-americano, considerados os investimentos mais seguros do mundo, voltaram a subir nesta segunda. Juros altos em economias avançadas estimulam a fuga de capitais de países emergentes, como o Brasil.

A bolsa brasileira, no entanto, seguiu na contramão da norte-americana. Com a expectativa de que o Copom mantenha a Taxa Selic em 10,5% ao ano, os investidores saem do mercado de ações e procuram investimentos em renda fixa, menos arriscados.

* com informações da Reuters

TV Brasil exibe Chapecoense x Operário e Novorizontino x Amazonas

A TV Brasil transmite dois confrontos da Série B do Campeonato Brasileiro neste início de semana pela décima primeira rodada da competição. A partida Chapecoense (SC) x Operário (PR) é a atração da jornada esportiva desta segunda-feira (17), às 21h; e o duelo Novorizontino (SP) x Amazonas (AM) tem destaque na programação desta terça-feira (18), no mesmo horário.

Saiba como assistir aos jogos da Série B na TV Brasil

A emissora pública apresenta um pré-jogo de 15 minutos antes de cada disputa. Durante esse aquecimento, logo após a exibição da trama turca Um Milagre, o canal traz as informações sobre os times envolvidos, revela as escalações e atualiza a classificação das equipes na tabela do Brasileirão.

O confronto Chapecoense (SC) x Operário (PR) abre a décima primeira rodada do Brasileirão Série B nesta segunda (17). A TV Brasil exibe o duelo a partir das 20h45. O clube de Santa Catarina recebe o time paranaense na Arena Condá, em Chapecó, para a partida que começa às 21h.

O jogo tem narração de Luciana Zogaib. Os lances são analisados pela jornalista Brenda Balbi e pela jornalista convidada Fernanda Pizzotti. Direto do estádio catarinense, o repórter Igor Santos traz as notícias da partida.

Clube mandante, a Chapecoense (SC) ocupa apenas a décima segunda posição no campeonato com 14 pontos. A equipe tem três vitórias, cinco empates e duas derrotas. Já o Operário (PR) está em quinto lugar na tabela com 18 pontos. O time ganhou cinco confrontos, empatou três e perdeu dois.

A TV Brasil acompanha Novorizontino (SP) x Amazonas (AM) nesta terça-feira (18), às 21h, com aquecimento a partir das 20h45. O jogo será disputado no estádio Jorge de Biasi, mais conhecido como Jorjão, em Novo Horizonte, no interior de São Paulo.

O duelo é narrado por Rodrigo Campos e tem os comentários das jornalistas Rachel Motta e Brenda Balbi. A transmissão ainda conta com as reportagens do gramado apresentadas por Lincoln Chaves.

Os adversários estão em posições intermediárias na classificação. O Novorizontino (SP) é o décimo primeiro com 14 pontos. A equipe paulista acumula quatro vitórias, dois empates e quatro derrotas no campeonato. O clube visitante é somente o décimo quarto com 11 pontos. O Amazonas (AM) venceu três disputas, empatou duas e foi superado em cinco.

Transmissão da Série B

Neste ano, 20 clubes disputam o campeonato que vai até novembro e vale vaga na Série A e na Copa do Brasil. Dos 380 jogos da competição, a TV Brasil selecionará três por rodada, totalizando 114 partidas transmitidas. 

A chegada da Série B faz parte da estratégia da emissora de ampliar a presença do esporte na sua programação. A TV Brasil também exibe atualmente o Brasileirão Feminino e a Liga de Basquete Feminino (LBF). 

Por meio da Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP), que reúne 98 emissoras afiliadas da TV Brasil, os torcedores de todo o país poderão assistir às partidas e acompanhar seus times na disputa pelo título. Saiba como sintonizar a TV Brasil na sua cidade.

Sobre a competição

Em 2024, a Série B terá 380 jogos e será disputada no sistema de pontos corridos, em turno e returno, com 19 jogos de ida e 19 jogos de volta. Disputam a competição os seguintes clubes: Amazonas (AM), América (MG), Avaí (SC), Botafogo (SP), Brusque (SC), Ceará (CE), Chapecoense (SC), Coritiba (PR), CRB (AL), Goiás (GO), Guarani (SP), Ituano (SP), Mirassol (SP), Novorizontino (SP), Operário (PR), Paysandu (PA), Ponte Preta (SP), Santos (SP), Sport (PE) e Vila Nova (GO). Os quatro primeiros conquistam uma vaga na Série A em 2025.

Serviço

Brasileirão Série B 2024 na TV Brasil
Segunda-feira, dia 17/6, 20h45 – A TV Brasil apresenta pré-jogo de 15 minutos antes de cada partida. Durante o aquecimento, logo após a exibição da trama turca Um Milagre, o canal traz as informações sobre os times envolvidos. (PR)
Terça-feira, dia 18/6, 20h45 – Novorizontino (SP) x Amazonas (AM)

Saiba como assistir aos jogos da Série B na TV Brasil

SP: operação da Polícia Civil despeja projeto social na Cracolândia

O projeto Teto Trampo Tratamento (TTT), que oferece moradia e acompanhamento terapêutico a 25 pessoas na Cracolândia, região central paulistana, foi despejado do hotel que ocupava há um ano. Alugado para oferecer residência às pessoas em situação de desproteção social, o estabelecimento foi um dos alvos da operação policial lançada na última quinta-feira (13).

Segundo a Polícia Civil de São Paulo, pelo menos 28 hotéis e hospedarias da região central fazem parte de um esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas.

De acordo com a polícia, foram autorizados pela Justiça 140 mandados de busca e apreensão. Foi determinada ainda a interrupção das atividades econômicas dos estabelecimentos investigados. Segundo a investigação, os locais também são usados para esconder drogas, servindo de apoio ao tráfico.

Hotéis baratos

No entorno das estações de metrô e trens da Luz e Julio Prestes, há diversos hotéis e pensões de baixo custo. Esses estabelecimentos estão ligados ao histórico do bairro, por onde costumavam chegar viajantes de outras partes do estado de São Paulo e do país. A principal rodoviária da capital paulista ficava na região, mas foi desativada no início da década de 1980 e substituída pelo terminal do Tietê, na zona norte.

Atualmente, os hotéis atendem a uma população muito pobre, pessoas em situação de rua que, eventualmente, conseguem dinheiro suficiente para alguns pernoites ou um banho. Os quartos também são usados para prostituição e consumo de drogas.

Em 2017, quando foi lançada uma megaoperação policial contra a Cracolândia, o fechamento de estabelecimentos com tais características jogou de volta às calçadas pessoas desprotegidas socialmente que estavam alojadas nesses hotéis.

Trabalho perdido

O hotel ocupado pelos beneficiários do projeto social tinha passado por melhorias feitas pelos próprios atendidos. “Tem uma questão do trabalho que o projeto teve até aqui das pessoas se apropriarem e cuidarem, de construírem o seu lugar, [que] vai ser totalmente desfeito”, diz o psiquiatra Flávio Falcone, fundador do projeto.

O TTT é baseado na ética da redução de danos e na ideia da “moradia primeiro”, que estabelece que o ponto inicial de um processo de organização pessoal parte da garantia de um teto. Além de oferecer moradia e alimentação, a iniciativa organiza atividades culturais que envolvem de forma remunerada os beneficiários.

Todas as quintas-feiras, Falcone, que também trabalha como palhaço, vai com uma trupe ao fluxo da Cracolândia, centro da concentração em pessoas em situação de rua e com consumo abusivo de drogas, para uma intervenção artística, que mistura música, palhaçaria e show de talentos.

Falcone tenta, agora, realocar os beneficiários em outro hotel que não está sob risco de fechamento iminente. “A moradia é a condição primordial para que se ofereça qualquer outra forma de cuidado como assistência jurídica, médica, social e de inserção em projetos de autonomia via geração de renda”, enfatiza o médico.

Proprietário nega acusações

O proprietário do hotel que abriga o projeto nega as acusações de envolvimento com o crime organizado. Marcelo Carames, que foi apresentado em diversas reportagens sobre a operação como líder de uma facção criminosa, diz que não é dono de nenhum imóvel na região e que aluga quatro prédios em que oferece serviços de hospedaria, com diárias de R$ 30 para pessoas solteiras e R$ 40 para casal.

“A maioria [dos hóspedes] é de pessoas perto da situação de rua que, às vezes, não tem lugar para tomar um banho, não tem lugar para trocar uma roupa, às vezes nem para dormir. Infelizmente, se eu não alugar para essas pessoas, eu não pago minhas contas”, afirma em entrevista à Agência Brasil.

Carames diz que foi trabalhar na região por falta de opções depois de ter passado 20 anos preso. Atualmente, informa que mantém quatro hospedarias. Ele enviou à reportagem o termo de um acordo feito com a Receita Federal para regularizar o pagamento de impostos em atraso.

Com a repercussão do caso, Caranes conta que a filha, de 6 anos de idade, começou a ser hostilizada na escola. “Nós não escolhemos essa região, não escolhemos ter usuários [de drogas] como hóspede, não escolhemos nada disso”, defende-se.

Ele diz não ter tido ainda acesso ao inquérito que está sob sigilo.

Combates continuam em Gaza, apesar de anúncio das forças israelenses

As hostilidades continuam em Rafah e no sul de Gaza, apesar do anúncio das Forças Armadas israelenses, nesse domingo (16), de pausas táticas nas operações para permitir a entrada de ajuda humanitária, disse o chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini. 

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, criticou os planos anunciados pelos militares de fazer pausas diárias nos combates, ao longo de uma das principais estradas para o enclave palestino.

Segundo Lazzarini, comissário geral da agência da ONU para refugiados palestinos e principal organização que fornece ajuda humanitária a Gaza, não houve pausa nos combates.

“Por enquanto, posso dizer que as hostilidades continuam em Rafah e no sul de Gaza. E que, operacionalmente, nada mudou ainda.”

Os militares israelenses disseram, nesta segunda-feira, que suas forças continuavam concentradas em operações baseadas em inteligência na área de Rafah, que incluíam combates com militantes e apreensão e destruição de armas.

No fim de semana, os militares anunciaram pausas diárias das 2h às 13h (horário de Brasília) na área que vai do cruzamento de Kerem Shalom, no sul de Israel, até a estrada de Salah al-Din e depois para o norte. Posteriormente, esclareceram que as operações normais continuariam em Rafah, o foco principal de sua operação no sul de Gaza.

Enquanto isso, os moradores afirmaram que as forças israelenses estavam avançando mais profundamente nas regiões central e oeste de Rafah, sob fogo pesado do solo e do ar. 

Grupos armados, liderados pelo Hamas, estavam lutando a curta distância dentro do campo de Al-Shaboura, no coração de Rafah, de acordo com militantes e moradores, que relataram ter ouvido sons de explosões ininterruptas e tiros.

Lazzarini disse à Reuters que a UNRWA recebeu notificação dos militares israelenses de que haveria uma pausa, mas que ela estava apenas em inglês, não em qualquer outro idioma, e logo foi seguida pelo governo contradizendo essa instrução.

“Por enquanto, não vejo nada que se qualifique para a definição de uma pausa”, disse ele.

*(Reportagem adicional de Maayan Lubell)

*É proibida a reprodução deste conteúdo.

Morre outro PM ferido em operação no Complexo da Maré, no Rio

O sargento do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar do Estado do Rio, Rafael Wolfgramm Dias, morreu nesta segunda-feira (17). Ele estava internado no Hospital Federal de Bonsucesso desde terça-feira (11) quando foi ferido em uma operação policial no Complexo da Maré, na zona oeste da cidade.

Além dele, outro policial morreu em decorrência de confrontos na operação da Maré: o sargento do Bope Jorge Galdino Cruz. Um terceiro policial ficou ferido.

Segundo a PM, os policiais foram atacados por homens armados quando faziam patrulhamento em busca do esconderijo de lideranças do grupo criminoso que mantém o controle armado ilegal de comunidades da Maré.

O sargento Wolfgram tinha 37 anos e estava na Polícia Militar desde 2008. Ele deixou esposa e um filho.

 

Mercado financeiro espera por manutenção da taxa de juros nesta semana

Instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) esperam pela manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 10,5% ao ano, nesta semana. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reúne-se amanhã (18) e quarta-feira (19) para definir os juros básicos da economia. A estimativa está no Boletim Focus desta segunda-feira (17), pesquisa divulgada semanalmente pelo BC com a expectativa para os principais indicadores econômicos.

Em sua última reunião, no início de maio, o Copom reduziu a taxa pela sétima vez consecutiva, para 10,5% ao ano. No entanto, a velocidade do corte diminuiu. De agosto do ano passado até março deste ano, o Copom tinha reduzido os juros básicos em 0,5 ponto percentual a cada reunião. Nesta última vez, a redução foi de 0,25 ponto percentual.

Além disso, os membros do colegiado mostraram preocupação com as expectativas de inflação acima da meta e, “em meio a um cenário macroeconômico mais desafiador do que o previsto anteriormente”, não previram novos cortes na taxa Selic. A extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa, segundo a ata da última reunião, “serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.

De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, em um ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano, por sete vezes seguidas. Com o controle dos preços, o BC passou a realizar os cortes na Selic.

Para o mercado financeiro, a Selic deve encerrar 2024 em 10,5% ao ano. Para o fim de 2025, a estimativa é de que a taxa básica caia para 9,5% ao ano. Para 2026 e 2027, a previsão é que ela seja reduzida novamente, para 9% ao ano.

Inflação

A Selic é o principal instrumento do BC para alcançar a meta de inflação.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.

Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.

Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.

A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial do país – teve elevação, passando de 3,9% para 3,96% este ano. Para 2025, a projeção da inflação também subiu de 3,78% para 3,8%. Para 2026 e 2027, as previsões são de 3,6% e 3,5% para os dois anos.

A estimativa para 2024 está dentro do intervalo da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é 3% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%. Para 2025 e 2026, as metas de inflação estão fixadas em 3%, com a mesma tolerância.

Em maio, pressionada pelos preços de alimentos e bebidas, a inflação do país foi 0,46%, após ter registrado 0,38% em abril. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, em 12 meses, o IPCA acumula 3,93%.

PIB e câmbio

A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira neste ano teve variação negativa, de 2,09% para 2,08%.  Para 2025, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – é de crescimento de 2%. Para 2026 e 2027, o mercado financeiro estima expansão do PIB também em 2%, para os dois anos.

Superando as projeções, em 2023 a economia brasileira cresceu 2,9%, com um valor total de R$ 10,9 trilhões, de acordo com o IBGE. Em 2022, a taxa de crescimento havia sido 3%.

A previsão de cotação do dólar está em R$ 5,13 para o fim deste ano. No fim de 2025, a previsão é que a moeda americana fique em R$ 5,10.

Apenas 9,5% dos garimpos de ouro estão dentro da legalidade

No Brasil, há 1.943 títulos para mineração de ouro validados pela Agência Nacional de Mineração (ANM), mas apenas 185 – ou 9,5% – estão em conformidade com os critérios legais da atividade. A constatação é de levantamento feito pelo Portal da Transparência do Ouro, plataforma que reúne dados oficiais sobre os garimpos legais do metal.

A ferramenta – mantida pela organização não governamental WWF-Brasil – foi instalada para verificar se as lavras de ouro estão associadas a práticas ilícitas ou irregularidades.

“A plataforma Transparência do Ouro foi criada para auxiliar os órgãos públicos, do governo federal, em sua maioria, para analisar a conformidade dos processos de produção de ouro a partir de dados cruzados, especialmente da ANM, Ibama e imagens de satélite”, opina o criador da ferramenta, Marcelo Oliveira, da WWF-Brasil.

Entre os aspectos analisados figuram a validade da Permissão de Lavra Garimpeira, se a área requisitada permite mineração, se há licenciamento ambiental protocolado, o pagamento tributário obrigatório, a existência de embargos ambientais e o protocolo do Relatório Anual de Lavra (RAL). 

Títulos validados

Outra informação apresentada pelo levantamento da plataforma é que, do total de títulos validados, 1.202 são para atividades de pequeno porte, operadas por garimpeiros e não por indústrias da mineração.

Além disso, segundo o Portal Transparência do Ouro, dos 1.789 relatórios de lavra (RAL) identificados pela plataforma, foram feitos apenas 371 pagamentos da CFEM (Contribuição Financeira para Exploração Minerária), o imposto que incide sobre a atividade.

“Até que ponto esses relatórios de lavra estão sendo usados para emular [simular] uma situação ilegal do garimpo? O baixo percentual de recolhimento de impostos, por sua vez, sugere que o garimpo não é uma atividade lucrativa. Isso corresponde à realidade? Essas inconsistências, que a ferramenta traz à tona, apontam para a necessidade de fortalecimento dos órgãos de fiscalização e controle que, com o portal, passam a contar com cruzamento de dados que permite identificar os casos que exigem investigações mais robustas, facilitando a priorização das demandas”, afirma Oliveira.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a ANM informou que tem sistemas para acompanhar a situação do ouro, embora eles tenham uma defasagem temporal em relação à comercialização do metal. Entre os mecanismos de controle eletrônico estão os relatórios de CFEM, o Cadastro do Primeiro Adquirente, o Relatório Anual de Lavra (RAL) e o Cadastro Mineiro.

No entanto, de acordo com a ANM, esses instrumentos estão sendo subutilizados em decorrência da falta de recursos e investimentos.

A agência destacou, ainda, acordos de cooperação técnica com estados e municípios para automação da fiscalização e integração de sistemas; com a Casa da Moeda para desenvolver um sistema de acompanhamento do ouro, desde sua produção até o destino final; e com a Polícia Federal, para ações atuação conjunta em ações de inteligência, monitoramento, controle, fiscalização e combate a crimes envolvendo atividades de mineração.

“Todavia, no que se refere à organização e funcionamento da ANM, o cenário atual é cada vez mais crítico, e envolve estrutura de cargos bastante limitada, quantitativo de servidores extremamente reduzido, corte orçamentário frequente (de um orçamento que é o menor entre todas as agências reguladoras) e um parque tecnológico aquém das necessidades exigidas”, informa nota da ANM.

Ainda de acordo com a agência, a instituição conta atualmente com 650 servidores efetivos, dos quais 205 estão próximos da aposentadoria. Dos 895 cargos de especialista em recursos minerais e dos 514 cargos técnicos instituídos por lei, só estão ocupados 295 e 36, respectivamente.

“Nesse sentido, fica evidente que é preciso que exista um olhar prioritário do governo federal para o estado atual da ANM (incontestavelmente precário) e para a proposição de ações de estruturação e modernização da agência”, acrescenta a nota.

Fortalecimento de controle

Por meio de sua assessoria de imprensa, o Ministério de Minas e Energia (MME) informou que tem atuado para fortalecer os órgãos de controle, como a ANM, e todas as iniciativas neste sentido. “A Secretaria Nacional de Geologia, Mineração e Transformação Mineral (SNGM) acompanhará com atenção o conteúdo que será publicado no portal a partir de seu lançamento”, diz nota.

No início deste mês, o MME havia destacado que, em março deste ano, a ANM protocolou o pedido de abertura de mais 1.072 vagas, sendo 589 para Especialistas em Recursos Minerais; 123 para Analista Administrativo; 225 para Técnico em Atividades de Mineração; e 135 para Técnico Administrativo.

O MME ressaltou que está trabalhando, junto ao Ministério da Gestão, para conseguir a autorização de edital para um novo concurso público para área fim e administrativa.

No fim de maio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou lei que, entre outras medidas, altera a remuneração das carreiras e do Plano Especial de Cargos da Agência Nacional de Mineração, equiparando o salário dos servidores com as demais agências reguladoras do país.

Enem: pelo menos 5 milhões se inscreveram para a edição de 2024

O Ministério da Educação (MEC) registrou 5.055.699 inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2024. O número ainda pode aumentar porque o governo federal vai garantir um período extra para os candidatos do Rio Grande do Sul se inscreverem, entre 16 e 21 de junho.

O número definitivo de inscrições confirmadas e do perfil do participante será divulgado após a compensação de todos os pagamentos da taxa de inscrição de R$ 85. O prazo se encerrará na quarta-feira (19). O pagamento é feito por meio de boleto do Banco do Brasil, disponibilizado ao inscrito após acesso ao sistema do exame, por meio do login único do Gov.br.

Mais inscritos

Mais da metade dos inscritos (2.731.757) não vão precisar pagar a taxa de inscrição porque tiveram a solicitação de isenção aprovada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Os concluintes, ou seja, aqueles que estão na última série do ensino médio, correspondem a 1.655.721 inscritos, sendo que 1.330.364 inscrições desse grupo foram gratuitas e 325.357 deverão ser pagas.

O número de inscritos em 2024 supera os das últimas edições. Em 2023, o Enem teve 3,9 milhões de inscritos. Em 2022, mais de 3,39 milhões se inscreveram no exame, reconhecido como a principal porta de entrada no ensino superior.

A Página do Participante ficou disponível para inscrições no Enem 2024 até as 23h59 desta sexta-feira (14).

Rio Grande do Sul

 Somente para os moradores do Rio Grande do Sul, a Página do Participante foi reaberta neste domingo (16), quando será iniciado o período extra de inscrição.

O prazo vai até às 23h59 da próxima sexta-feira (21).

No caso dos candidatos que moram no estado, a inscrição é gratuita. O Ministério da Educação ainda avalia a necessidade de aplicação das provas em nova data para os participantes dos municípios gaúchos.

Para mais informações, o edital do Enem 2024 pode ser acessado aqui.