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Bia Ferreira conquista o bronze no peso-leve do boxe feminino

Em um combate parelho, decidido apenas no terceiro round, a brasileira Bia Ferreira foi derrotada pela irlandesa Kelllie Harrington por decisão dividida na semifinal do peso-leve (até 60 quilos) do torneio de boxe feminino dos Jogos Olímpicos de Paris (França), na tarde deste sábado (3), e garantiu a medalha de bronze.

É BRONZE PARA O BRASIL! 🥉🇧🇷

Beatriz Ferreira é bronze no boxe até 60kg! Bia, você é gigante!

Lutou demais e trouxe a medalha para casa! VOCÊ É ENORME!#JogosOlímpicos #TimeBrasil #Paris2024 #Medley pic.twitter.com/CDBXMbxyKp

— Time Brasil (@timebrasil) August 3, 2024

Apesar de se esforçar demais diante da adversária que a derrotou na decisão dos Jogos Olímpicos de Tóquio (2020), a baiana acabou superada pela irlandesa, que mostrou superioridade desde os primeiros momentos do combate.

“Foi uma grande luta. Demos um espetáculo. Infelizmente, não foi o resultado que eu queria. Não tem muito tempo para lamentar. Não encerrei no boxe olímpico como queria, que era com chave de ouro, todo mundo sabe disso. Eu vim para cá com um grande objetivo que era estar em mais uma final. Consegui completar um pouco da missão e ter uma outra medalha. Missão metade realizada com sucesso. Eu perdi para a atual campeã olímpica. Não é qualquer pessoa. Sabia que seria um combate difícil. Entreguei o que tinha para entregar. Eu sei que podia fazer muito melhor. Não tem muito o que lamentar. Infelizmente não deu. Desculpa ter decepcionado alguém, mas quem mais queria era eu”, declarou a brasileira, que agora se dedicará apenas ao boxe profissional.

A a atual campeã mundial pela Federação Internacional de Boxe (IBF) garantiu a medalha de bronze mesmo com o revés para Kelllie Harrington porque não há disputa pelo terceiro lugar no boxe olímpico, com os dois perdedores das semifinais conquistando medalhas.

* Atualizado às 18h26 com declarações de Bia Ferreira.

Olimpíade de Paris: Ana Sátila e Pepê avançam no caiaque cross

Pedro Gonçalves, o Pepê, e Ana Sátila Vargas se classificaram para a fase eliminatória de oitavas de final do caiaque cross. A modalidade é uma das novidades no programa olímpico da canoagem slalom nos Jogos de Paris.

Neste sábado (3) foi disputada a primeira rodada do torneio. Os competidores foram divididos em chaves com três atletas cada. Os dois com os melhores tempos avançavam às oitavas de final. O último colocado disputaria a repescagem ainda hoje.

Participando da segunda bateria na competição masculina, Pepê terminou em segundo lugar. Ele avançou direto às oitavas, apesar de ter cometido uma falta no momento da largada.

Jogos Olímpicos de Paris 2024 – Canoagem Slalom – Pedro “Pepê” Gonçalves durante prova eliminatória do Kayak Cross. – Foto: LUIZA MORAES/COB

“Eu me coloquei numa bateria mais tranquila, com três atletas em vez de quatro. Eu desci ao meu máximo, e me preparei bem com aquecimento e todas as outras coisas para conseguir fazer uma boa prova, ” disse, em declaração à Confederação Brasileira de Canoagem (CBCA).

Já Ana Sátila teve mais dificuldades. Na primeira corrida do dia, ela terminou na terceira posição, e foi para a repescagem. Depois, Ana voltou à corredeira para buscar a vaga na fase eliminatória e terminou como a mais rápida de sua bateria, garantindo lugar nas oitavas.

 “Amanhã eu volto para o jogo e agora é descansar muito. Foi um dia muito longo e eu confesso que eu não gosto muito do Cross. Para mim, é muito difícil mentalmente, mas eu vou fazer o meu máximo hoje e amanhã para chegar muito bem com toda a energia do mundo e dar o meu melhor nessa competição, ” afirmou Ana, também em entrevista à CBCA.

O caiaque cross continua neste domingo (4), já com a fase eliminatória. Os homens começam as descidas às 10h30, no horário de Brasília. Serão oito baterias com quatro atletas cada e os dois melhores avançam às quartas de final. Pepê vai participar da terceira bateria. O sistema é o mesmo para a disputa feminina, que terá início às 11h45. Ana Sátila estará na sétima bateria.

A atleta mineira tenta a primeira medalha olímpica na canoagem slalom. O cross é a terceira prova em que Ana compete nos Jogos de Paris. Ela terminou na quarta posição no caiaque e em quinto lugar na canoa individual feminina.

“Quero cair para dentro e conseguir um bom resultado para o meu país, e para o futuro melhorar ainda mais nessa categoria que é nova e muito diferente. Eu costumo dizer que é praticamente outro esporte, porque tudo muda. O objetivo é se adaptar bem a essa modalidade que vai continuar nos Jogos, e que a gente tem muita chance de brigar por medalha”, completou a canoísta.

Pepê Gonçalves tenta melhorar os resultados nesta Olimpíada. Ele não conseguiu avançar à final nem do caiaque, nem da canoa individual masculina.

Versão “radical” da canoagem slalom

Esta é a primeira vez que o caiaque cross é disputado em Jogos Olímpicos. Na prova, os atletas largam juntos na corredeira. Eles devem passar pelas portas verdes, obedecendo ao sentido da correnteza, e pelas vermelhas, no sentido contrário à correnteza. Em um trecho específico do circuito, os competidores devem realizar o caiaque roll, uma rotação de 360º. Assim como em uma corrida, vence quem chegar primeiro. Ao contrário da canoagem slalom tradicional, durante a prova do cross é permitido tocar nas portas, desde que o atleta passe por todas elas. Caso não passe, ele é desclassificado.

Olimpíada de Paris: Ana Sátila e Pepê avançam no caiaque cross

Pedro Gonçalves, o Pepê, e Ana Sátila Vargas se classificaram para a fase eliminatória de oitavas de final do caiaque cross. A modalidade é uma das novidades no programa olímpico da canoagem slalom nos Jogos de Paris.

Neste sábado (3) foi disputada a primeira rodada do torneio. Os competidores foram divididos em chaves com três atletas cada. Os dois com os melhores tempos avançavam às oitavas de final. O último colocado disputaria a repescagem ainda hoje.

Participando da segunda bateria na competição masculina, Pepê terminou em segundo lugar. Ele avançou direto às oitavas, apesar de ter cometido uma falta no momento da largada.

Jogos Olímpicos de Paris 2024 – Canoagem Slalom – Pedro “Pepê” Gonçalves durante prova eliminatória do Kayak Cross. – Foto: LUIZA MORAES/COB

“Eu me coloquei numa bateria mais tranquila, com três atletas em vez de quatro. Eu desci ao meu máximo, e me preparei bem com aquecimento e todas as outras coisas para conseguir fazer uma boa prova, ” disse, em declaração à Confederação Brasileira de Canoagem (CBCA).

Já Ana Sátila teve mais dificuldades. Na primeira corrida do dia, ela terminou na terceira posição, e foi para a repescagem. Depois, Ana voltou à corredeira para buscar a vaga na fase eliminatória e terminou como a mais rápida de sua bateria, garantindo lugar nas oitavas.

 “Amanhã eu volto para o jogo e agora é descansar muito. Foi um dia muito longo e eu confesso que eu não gosto muito do Cross. Para mim, é muito difícil mentalmente, mas eu vou fazer o meu máximo hoje e amanhã para chegar muito bem com toda a energia do mundo e dar o meu melhor nessa competição, ” afirmou Ana, também em entrevista à CBCA.

O caiaque cross continua neste domingo (4), já com a fase eliminatória. Os homens começam as descidas às 10h30, no horário de Brasília. Serão oito baterias com quatro atletas cada e os dois melhores avançam às quartas de final. Pepê vai participar da terceira bateria. O sistema é o mesmo para a disputa feminina, que terá início às 11h45. Ana Sátila estará na sétima bateria.

A atleta mineira tenta a primeira medalha olímpica na canoagem slalom. O cross é a terceira prova em que Ana compete nos Jogos de Paris. Ela terminou na quarta posição no caiaque e em quinto lugar na canoa individual feminina.

“Quero cair para dentro e conseguir um bom resultado para o meu país, e para o futuro melhorar ainda mais nessa categoria que é nova e muito diferente. Eu costumo dizer que é praticamente outro esporte, porque tudo muda. O objetivo é se adaptar bem a essa modalidade que vai continuar nos Jogos, e que a gente tem muita chance de brigar por medalha”, completou a canoísta.

Pepê Gonçalves tenta melhorar os resultados nesta Olimpíada. Ele não conseguiu avançar à final nem do caiaque, nem da canoa individual masculina.

Versão “radical” da canoagem slalom

Esta é a primeira vez que o caiaque cross é disputado em Jogos Olímpicos. Na prova, os atletas largam juntos na corredeira. Eles devem passar pelas portas verdes, obedecendo ao sentido da correnteza, e pelas vermelhas, no sentido contrário à correnteza. Em um trecho específico do circuito, os competidores devem realizar o caiaque roll, uma rotação de 360º. Assim como em uma corrida, vence quem chegar primeiro. Ao contrário da canoagem slalom tradicional, durante a prova do cross é permitido tocar nas portas, desde que o atleta passe por todas elas. Caso não passe, ele é desclassificado.

Projeto da UFF cria absorventes sustentáveis para população trans

Enfrentar a pobreza menstrual de forma inclusiva e com materiais sustentáveis está entre os objetivos do projeto Neutron, em que universitários da Universidade Federal Fluminense (UFF) trabalham no desenvolvimento de um short absorvente capaz de atender tanto a mulheres cisgêneras quanto a pessoas transexuais que menstruam.

Fundado por um grupo de alunas, a iniciativa é um projeto do Time Enactus da Universidade Federal Fluminense (UFF) de Volta Redonda, composto por alunos do campus que desenvolvem projetos em parceria com a organização internacional dedicada ao empreendedorismo social. 

À Agência Brasil, a líder do Neutron e aluna de Direito na UFF, Ana Mattos, explica que “a proposta é melhorar a saúde e bem-estar de pessoas trans que menstruam, amenizando a disforia de gênero (sentimento de angústia em relação ao próprio corpo ou à forma que alguém é interpretado socialmente) a partir da acessibilidade a produtos inclusivos, confortáveis e que proporcionam um ciclo digno e sem constrangimento”.

Pobreza menstrual é um conceito que se refere à falta de acesso a produtos de higiene adequados, a informações sobre saúde menstrual e a condições dignas para gerenciar esse ciclo de forma saudável e segura. Para pessoas transgêneros, a associação desse processo exclusivamente à identidade de gênero feminina e a ausência de itens neutros agravam esse fenômeno entre homens trans, pessoas não-binárias e intersexo que menstruam.

Para Ana Mattos, o problema é uma “realidade negligenciada no Brasil, afetando pessoas que passam por esse processo natural do corpo todos os meses”. Segundo a líder do projeto, “a falta de acesso à higiene básica durante esses períodos pode ter consequências devastadoras para a saúde física, emocional e social, visto que a falta de dignidade nesse processo e a inexistência de amparo público ocasiona uma marginalização de quem enfrenta essa situação”.

“É importante reconhecer que a pobreza menstrual não afeta apenas mulheres cisgêneras, mas qualquer pessoa que menstrue, sendo uma realidade ainda mais grave para pessoas trans em situação de vulnerabilidade socioeconômica”, observa a participante do Time Enactus UFF Volta Redonda.

“O sofrimento causado pela associação da menstruação ao feminino pode levar a uma intensa disforia de gênero. Além disso, o alto custo de terapia hormonal e a dificuldade no acesso a informações agravam a pobreza menstrual para pessoas trans. No Brasil, país que mais mata pessoas trans no mundo, esta é uma problemática urgente”.

Absorventes inclusivos e reutilizáveis

A poluição ambiental devido ao descarte de absorventes é mais uma questão considerada ao elaborar os shorts absorventes, compostos de tecidos hipoalergênicos, com camadas absorventes para fluxos leve, moderado e intenso. “Nossa proposta é não só promover a menstruação inclusiva e neutra, mas também o ciclo menstrual sustentável, evitando o descarte de toneladas de absorventes de plástico no meio ambiente. O uso de produtos menstruais reutilizáveis também tem se mostrado uma opção mais econômica, visto que os mesmos shorts absorventes poderão ser utilizados por bastante tempo”, afirma.

Segundo dados levantados pelo Instituto Akatu, uma única pessoa pode gerar cerca de 200 quilos de lixo apenas em absorventes descartáveis. O plástico, que leva em média 450 anos para se decompor no ambiente, corresponde a boa parte desse material.

“O destino do nosso lixo não reciclável é ir para aterro sanitário ou lixão. Absorventes menstruais são feitos basicamente de 90% de plástico, demorando até 500 anos para serem degradados, isso se considerar aterros sanitários e condições ideais”, explica o professor de Direito da UFF de Volta Redonda e conselheiro do Time Enactus UFF, Leonardo Costa de Paula.

“Um item de higiene pessoal que possa ser reutilizado e composto basicamente de tecido biodegradável permite que esse impacto seja revertido em benefício direto, sem a produção de resíduos como os que temos hoje”, continua.

À Agência Brasil, Mattos conta que os shorts absorventes estão atualmente em fase de criação e teste. Dois modelos já foram experimentados e a equipe trabalha na confecção da peça final, que poderá ser comercializada e utilizada para doações.

O processo de criação foi feito em parceria com uma pesquisadora de moda inclusiva e professora de modelagem do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Ana Luiza Garritano, com a designer de moda e estilista, Mayara Peixoto. O projeto busca apoio do Programa Estadual Rio Sem LGBTfobia no contato com a comunidade trans e na preparação das peças.

“Em parceria com o Programa Rio Sem LGBTfobia, iremos doar uma quantidade de shorts absorventes para o público transgênero apoiado pelo Centro de Cidadania LGBTI+ Médio Paraíba, inicialmente em quatro cidades do estado do Rio de Janeiro. Futuramente, planejamos expandir esse impacto para outras cidades e regiões do Brasil. Além disso, em breve o projeto terá uma plataforma virtual para venda dos produtos, possibilitando que qualquer pessoa do país garanta a sua peça”.

O professor Costa de Paula destaca o Programa Dignidade Menstrual, criado pelo Governo Federal que garante o acesso a produtos de higiene para pessoas beneficiadas cadastradas no Cadastro único para Programas Sociais (CadÚnico) e valia que o Estado pode criar isenções e incentivos para produtos inovadores, reutilizáveis e biodegradáveis para a menstruação.

“Investir em ideias que possam abarcar diferentes tipos de corpos e diferentes tipos de identidade de gênero permitirá que todos, todas e todes se sintam abraçados e convivam melhor com suas singularidades. Com isso, não só teremos a preocupação com o meio ambiente como também se permitirá que pessoas que menstruam se sintam contempladas independente da identidade de gênero.”

 

*Estagiária sob supervisão de Vinícius Lisboa

Venezuela: violência política é disputa de projetos, diz pesquisadora

A violência política presente na Venezuela desde o início do chamado processo bolivariano – quando o ex-presidente Hugo Chávez chega ao poder em 1999 – é resultado do confronto de dois projetos que contrapõem grupos políticos opostos.

Essa é a avaliação da professora Carla Ferreira, do departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que fez sua tese de doutorado sobre a classe trabalhadora no processo bolivariano da Venezuela, tendo visitado o país seis vezes entre 2002 e 2013, quando pode conversar com lideranças chavistas, do governo e de movimentos populares.

Para ela, a Venezuela não é uma ditadura, mas um sistema político diferente das democracias liberais representativas que servem de modelo para o Ocidente.

Além disso, afirma que a extrema-direita do país é mais violenta que a brasileira e que a dinâmica de polarização interna e de interferência de potências estrangeiras – principalmente dos Estados Unidos – promoveu uma centralização de poder e burocratização do governo.

Carla Ferreira fala ainda sobre o papel dos militares e vê com extrema preocupação o reconhecimento pelos EUA de uma suposta vitória do candidato opositor Edmundo Gonzalez, o que mostraria “uma predisposição por intervir na Venezuela” com risco de desestabilização em toda a América Latina.

>> Confira a entrevista abaixo:

Agência Brasil: Quais as raízes da polarização política na Venezuela?

Carla Ferreira: A origem deste conflito é o colapso do capitalismo petroleiro rentista venezuelano iniciado nos anos 70. Essa crise foi muito profunda e provocou graves repercussões sociais, como a insurreição popular ocorrida em 1989, que foi chamada de Sacudón ou Caracazo.

A crise levou ao surgimento de um movimento bolivariano popular de massas, que tem na população mais empobrecida do país o seu principal pilar, em articulação com um setor reformista das Forças Armadas, de onde emerge, inclusive, a liderança de Hugo Chávez. Esse movimento construiu uma saída institucional para a crise.

Ele articulou um projeto político que visava saldar a dívida social do país mediante a reapropriação da renda petroleira cuja maior parte era apropriada pelas transnacionais do petróleo, principalmente estadunidenses. A partir daí se instaura o conflito entre o projeto deste movimento bolivariano popular de massas e os interesses estadunidenses na região.

Mas não são apenas interesses externos. Os interesses estadunidenses estão articulados internamente com a antiga alta burocracia do petróleo que controlava a PDVSA [estatal petroleira da Venezuela], além dos setores de importação e exportação de produtos industriais. Esses setores constituem o cerne da oposição venezuelana.

Portanto, esses dois projetos diametralmente opostos são a origem da crescente polarização política na Venezuela.

 

Agência Brasil: E por que esses conflitos não são resolvidos, digamos, de forma pacífica? Afinal, há a tentativa de golpe de 2002, o lockout petroleiro em 2002 e 2003, além de várias insurreições, como as de 2014 e 2017.

Carla Ferreira: É preciso recordar que os métodos da extrema-direita são similares em todo o mundo. Aqui no Brasil conhecemos o bolsonarismo. É muito similar na Venezuela. O que difere lá é a escala bastante mais acentuada da violência política há mais de 20 anos, e o efeito deste ataque permanente sobre a estrutura governamental, que vai se centralizando.

Ou seja, são mais de 20 anos de intensa violência política provocada pela ultradireita na Venezuela, com o uso de fake news, denúncias fraudadas, tentativas de golpe de Estado, questionamento sistemático do sistema eleitoral, sem falar no bloqueio econômico promovido pelas administrações estadunidenses com apoio da União Europeia.

Venezuela registrou protestos após eleições – Foto: REUTERS/Alexandre Meneghini/Proibida reprodução

Por outro lado, a cultura política venezuelana é diversa da nossa. Historicamente, a questão da soberania nacional é um anseio muito enraizado nas classes populares venezuelanas. É uma cultura política que viu acender um movimento popular de massas como ainda não vimos no Brasil.

Quando estive na Venezuela pela primeira vez, em 2002, fiquei assombrada com a violência dessa direita. Eu tive a sensação de que eles viviam uma realidade paralela. Nós só tivemos uma amostra simular aqui no Brasil no 8 de janeiro de 2023 e aí passamos a pensar em temas como dissonância cognitiva, porque é difícil de compreender a partir de parâmetros racionais o comportamento daquelas pessoas.
 

Agência Brasil: Como os governos chavistas lidam com essa violência?

Carla Ferreira: Existe uma crise dos instrumentos institucionais para o enfrentamento da extrema-direita. Eu acho que a Venezuela vive essa crise de forma aguda. Na Venezuela, é permitido que os meios de comunicação corporativos divulguem todo tipo de absurdo e fake news. Isso vai criando uma sociedade totalmente cindida, dividida.

Há até leniência por parte das instituições do país de deixar correr solta a quantidade de fake news que circulam na grande mídia e nas redes sociais na Venezuela.

O governo vem enfrentando essa situação de violência política com uma espécie de democracia plebiscitária, com eleições ou plebiscitos em 1999, 2000, 2004, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2012, entre outras de lá pra cá, como uma forma de reafirmar sua legitimidade permanentemente.

Porém, esse recurso dos referendos não é suficiente frente à violência política agravada pelas sanções econômicas severíssimas que afetam a Venezuela desde 2014 e que explica em parte a emigração massiva de cerca de 25% da população devido à piora nas condições de vida desde então. 

É preciso lembrar as conquistas sociais do período Chávez, como redução do desemprego, que era de 18% em 2003 e caiu para 6% em 2012, redução de 50% na distância entre os salários mais altos e mais baixos, fim do analfabetismo, declarado pela Unesco. Em 2010, a Venezuela foi reconhecida pela FAO [Agência da ONU para Alimentação] como um dos dez países com o melhor nível de alimentação no mundo.

Ou seja, o processo bolivariano da Venezuela apresentou melhoras significativas na condição de vida da população venezuelana. E o apoio popular ao governo advinha disso. Por isso, é preciso que a análise não se restrinja entre simpatizar ou não com o presidente Nicolás Maduro. É um processo social mais amplo, que envolve a sociedade, as classes sociais, não é algo que possa ser personalizado em uma única pessoa.

Agência Brasil: Como está a atual situação do bloco social que ainda apoia o chavismo?

Carla Ferreira: Eu precisaria estar lá para saber melhor, tem dez anos minha última visita a Venezuela, mas o que eu percebo é que o próprio bloqueio econômico levou ao desenvolvimento de um setor interno produtor de bens de consumo voltado para o mercado interno.

Esse setor deve participar do bloco do poder hoje na Venezuela. Existem ainda os militares bolivarianos. Aliás, as Forças Armadas venezuelanas são a única da América do Sul que tem no seu regulamento o caráter anti-imperialista.

Alguns analistas se sentem desconfortáveis com a presença dos militares bolivarianos no governo. Para mim, mais desconfortável é a situação do Brasil, quando a gente olha o papel dos militares, com os privilégios de que gozam e poder político que exercem por aqui.

Eu prefiro o poder civil, mas, de fato, nos estados dependentes, as Forças Armadas têm exercido um poder político de fato e isso importa na análise da situação, se essas Forças Armadas estão alinhadas a interesses estrangeiros ou a interesses soberanos nacionais.

Temos ainda o movimento popular e eu penso que, entre os setores da esquerda mais tradicionais da Venezuela, há desconforto porque gostariam de ter visto, nos últimos anos, um avanço de novos instrumentos de democracia direta.

As tendências centralizadoras do governo venezuelano têm sido acompanhadas de muitos equívocos em política econômica, é verdade. E a burocracia estatal tende a se cristalizar em posições de poder, o que é uma tendência em situações de alta polarização, ao mesmo tempo em que são lenientes com ilegalidades de ambos os lados do conflito. 

Agência Brasil: A Venezuela é uma ditadura?

Carla Ferreira: A Venezuela não é uma ditadura, mas a Venezuela também não é uma democracia liberal, que serve de parâmetro de todas as coisas no mundo ocidental.

A Venezuela viveu um ascenso revolucionário nos anos 80 e 90, construiu uma alternativa política visando uma transição para um outro modo de produção, porém não efetivou todos os elementos de uma revolução política, a exemplo do que aconteceu em Cuba. A Venezuela fica numa situação em que o velho não termina de morrer e o novo não termina de nascer.

É uma situação diferenciada, com muita participação popular combinada com centralização do poder político em uma burocracia estatal. Um regime que corresponde a enfrentamentos de alta intensidade. As tendências burocráticas são esperadas em situações nas quais os quadros políticos mais experientes tendem a concentrar poder para que não haja maiores retrocessos. Isso pode ser verificado historicamente em diversos processos.

Que Netanyahu não seja considerado um ditador me surpreende e que tão facilmente se impute a pecha de ditadura ao governo venezuelano também me surpreende. É uma profunda incompreensão do esforço social que o povo venezuelano vem fazendo por sair do regime neoliberal que impõe um empobrecimento radical da população. 

Todas as forças internas e externas que se beneficiam do neoliberalismo e que são as forças hegemônicas em escala mundial, o sistema financeiro internacional e as grandes corporações, apoiados pelos grandes Estados imperialistas, sabotam o tempo inteiro esse processo. A verdade é essa.

Como eles não permitem o desenvolvimento do processo bolivariano, vai havendo um endurecimento do regime. Isso é verdade, mas que seja uma ditadura não. Porque todo o governo está legitimado por eleições limpas e livres até o momento, até a última eleição pelo menos.

 

Agência Brasil: Qual é avaliação desse último processo eleitoral?

Carla Ferreira: Não fico confortável em julgar o processo eleitoral venezuelano sem que haja uma apresentação dos boletins. Prefiro aguardar. Recomendo que, no Brasil, os intelectuais tenham cautela nas suas avaliações porque não se trata apenas de um processo eleitoral, se trata de diferenciar o regime que hoje vive a Venezuela, que é um regime diferenciado.

Conselho Eleitoral anunciou a vitória de Nicolás Maduro, mas órgãos internacionais e países questionam resultado e pedem divulgação das atas eleitorais – Foto: REUTERS/Fausto Torrealba/Proibida reprodução

É uma situação complexa, agravada ao longo dos anos, em que o melhor a fazer é respeitar a autodeterminação do povo venezuelano. Não havia – até este momento – razões para suspeitar do sistema eleitoral venezuelano. Porém, a tentativa de invalidá-lo é uma constante nos últimos 20 anos.

 

Agência Brasil: Quais lições o processo bolivariano e a polarização política na Venezuela podem dar ao Brasil que, nos últimos anos, parece viver uma intensificação da polarização política?

Carla Ferreira: O processo bolivariano ensina sobre a necessidade de reformas profundas nas instituições do Estado para deter o avanço de tendências de extrema-direita, de caráter neofascista, que são extremamente perigosas e que se apresentam como falsas alternativas à crise do neoliberalismo na América Latina.

Acho que nós estamos convocados pelo processo venezuelano a examinar com cuidado o que nós estamos vivendo no Brasil em relação à impunidade de forças que são golpistas, que praticam a mentira e violência como meio para atingir seus objetivos. A Venezuela é um alerta contundente em relação a isso.

A Venezuela é ainda um exemplo de política externa independente que nós deveríamos nos espelhar. O Brasil tem condições de fazer isso, como o presidente Lula vem demonstrando em relação à Gaza e à Guerra na Ucrânia, por exemplo. Isso é fundamental para que o Brasil possa contribuir para que os evidentes planos de desestabilização da Venezuela não se efetivem.

Edmundo Gonzalez é principal candidato da oposição e alega ter vencido as eleições contra Maduro. Foto: Reuters/Leonardo Fernandez Viloria/Proibida reprodução

O reconhecimento de Antony Blinken [secretário de Estado dos Estados Unidos] ao candidato da oposição, Edmundo González, mostra uma predisposição por intervir da Venezuela.

Nós chegamos numa situação limite, numa encruzilhada, de um projeto que tenta romper com o neoliberalismo e enfrenta dificuldades extraordinárias. Não sei se o resultado eleitoral deu ou não a vitória ao presidente Nicolás Maduro, porque não foram apresentados os boletins.

O que eu sei é que a Venezuela corre o risco de uma maior intervenção e de ser desencadeado um processo violento e desestabilizador em nosso Hemisfério. Então, eu conto com a sabedoria do Itamaraty para que nós possamos, junto com o México e com a Colômbia, buscar uma solução negociada para a situação venezuelana que é extremamente crítica.

Venezuela: violência política é disputa de projetos, diz pesquisadora

A Venezuela não é uma ditadura, mas um sistema político diferente das democracias liberais representativas que servem de modelo para o Ocidente. Essa é a avaliação da professora Carla Ferreira, do departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que fez sua tese de doutorado sobre a classe trabalhadora no processo bolivariano da Venezuela, tendo visitado o país seis vezes entre 2002 e 2013, quando pode conversar com lideranças chavistas, do governo e de movimentos populares.

Além disso, afirma que a extrema-direita do país é mais violenta que a brasileira e que a dinâmica de polarização interna e de interferência de potências estrangeiras – principalmente dos Estados Unidos – promoveu uma centralização de poder e burocratização do governo.

Carla Ferreira fala ainda sobre o papel dos militares e vê com extrema preocupação o reconhecimento pelos EUA de uma suposta vitória do candidato opositor Edmundo Gonzalez, o que mostraria “uma predisposição por intervir na Venezuela” com risco de desestabilização em toda a América Latina.

>> Confira a entrevista abaixo:

Agência Brasil: Quais as raízes da polarização política na Venezuela?

Carla Ferreira: A origem deste conflito é o colapso do capitalismo petroleiro rentista venezuelano iniciado nos anos 70. Essa crise foi muito profunda e provocou graves repercussões sociais, como a insurreição popular ocorrida em 1989, que foi chamada de Sacudón ou Caracazo.

A crise levou ao surgimento de um movimento bolivariano popular de massas, que tem na população mais empobrecida do país o seu principal pilar, em articulação com um setor reformista das Forças Armadas, de onde emerge, inclusive, a liderança de Hugo Chávez. Esse movimento construiu uma saída institucional para a crise.

Ele articulou um projeto político que visava saldar a dívida social do país mediante a reapropriação da renda petroleira cuja maior parte era apropriada pelas transnacionais do petróleo, principalmente estadunidenses. A partir daí se instaura o conflito entre o projeto deste movimento bolivariano popular de massas e os interesses estadunidenses na região.

Mas não são apenas interesses externos. Os interesses estadunidenses estão articulados internamente com a antiga alta burocracia do petróleo que controlava a PDVSA [estatal petroleira da Venezuela], além dos setores de importação e exportação de produtos industriais. Esses setores constituem o cerne da oposição venezuelana.

Portanto, esses dois projetos diametralmente opostos são a origem da crescente polarização política na Venezuela.

 

Agência Brasil: E por que esses conflitos não são resolvidos, digamos, de forma pacífica? Afinal, há a tentativa de golpe de 2002, o lockout petroleiro em 2002 e 2003, além de várias insurreições, como as de 2014 e 2017.

Carla Ferreira: É preciso recordar que os métodos da extrema-direita são similares em todo o mundo. Aqui no Brasil conhecemos o bolsonarismo. É muito similar na Venezuela. O que difere lá é a escala bastante mais acentuada da violência política há mais de 20 anos, e o efeito deste ataque permanente sobre a estrutura governamental, que vai se centralizando.

Ou seja, são mais de 20 anos de intensa violência política provocada pela ultradireita na Venezuela, com o uso de fake news, denúncias fraudadas, tentativas de golpe de Estado, questionamento sistemático do sistema eleitoral, sem falar no bloqueio econômico promovido pelas administrações estadunidenses com apoio da União Europeia.

Venezuela registrou protestos após eleições – Foto: REUTERS/Alexandre Meneghini/Proibida reprodução

Por outro lado, a cultura política venezuelana é diversa da nossa. Historicamente, a questão da soberania nacional é um anseio muito enraizado nas classes populares venezuelanas. É uma cultura política que viu acender um movimento popular de massas como ainda não vimos no Brasil.

Quando estive na Venezuela pela primeira vez, em 2002, fiquei assombrada com a violência dessa direita. Eu tive a sensação de que eles viviam uma realidade paralela. Nós só tivemos uma amostra simular aqui no Brasil no 8 de janeiro de 2023 e aí passamos a pensar em temas como dissonância cognitiva, porque é difícil de compreender a partir de parâmetros racionais o comportamento daquelas pessoas.
 

Agência Brasil: Como os governos chavistas lidam com essa violência?

Carla Ferreira: Existe uma crise dos instrumentos institucionais para o enfrentamento da extrema-direita. Eu acho que a Venezuela vive essa crise de forma aguda. Na Venezuela, é permitido que os meios de comunicação corporativos divulguem todo tipo de absurdo e fake news. Isso vai criando uma sociedade totalmente cindida, dividida.

Há até leniência por parte das instituições do país de deixar correr solta a quantidade de fake news que circulam na grande mídia e nas redes sociais na Venezuela.

O governo vem enfrentando essa situação de violência política com uma espécie de democracia plebiscitária, com eleições ou plebiscitos em 1999, 2000, 2004, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2012, entre outras de lá pra cá, como uma forma de reafirmar sua legitimidade permanentemente.

Porém, esse recurso dos referendos não é suficiente frente à violência política agravada pelas sanções econômicas severíssimas que afetam a Venezuela desde 2014 e que explica em parte a emigração massiva de cerca de 25% da população devido à piora nas condições de vida desde então. 

É preciso lembrar as conquistas sociais do período Chávez, como redução do desemprego, que era de 18% em 2003 e caiu para 6% em 2012, redução de 50% na distância entre os salários mais altos e mais baixos, fim do analfabetismo, declarado pela Unesco. Em 2010, a Venezuela foi reconhecida pela FAO [Agência da ONU para Alimentação] como um dos dez países com o melhor nível de alimentação no mundo.

Ou seja, o processo bolivariano da Venezuela apresentou melhoras significativas na condição de vida da população venezuelana. E o apoio popular ao governo advinha disso. Por isso, é preciso que a análise não se restrinja entre simpatizar ou não com o presidente Nicolás Maduro. É um processo social mais amplo, que envolve a sociedade, as classes sociais, não é algo que possa ser personalizado em uma única pessoa.

Agência Brasil: Como está a atual situação do bloco social que ainda apoia o chavismo?

Carla Ferreira: Eu precisaria estar lá para saber melhor, tem dez anos minha última visita a Venezuela, mas o que eu percebo é que o próprio bloqueio econômico levou ao desenvolvimento de um setor interno produtor de bens de consumo voltado para o mercado interno.

Esse setor deve participar do bloco do poder hoje na Venezuela. Existem ainda os militares bolivarianos. Aliás, as Forças Armadas venezuelanas são a única da América do Sul que tem no seu regulamento o caráter anti-imperialista.

Alguns analistas se sentem desconfortáveis com a presença dos militares bolivarianos no governo. Para mim, mais desconfortável é a situação do Brasil, quando a gente olha o papel dos militares, com os privilégios de que gozam e poder político que exercem por aqui.

Eu prefiro o poder civil, mas, de fato, nos estados dependentes, as Forças Armadas têm exercido um poder político de fato e isso importa na análise da situação, se essas Forças Armadas estão alinhadas a interesses estrangeiros ou a interesses soberanos nacionais.

Temos ainda o movimento popular e eu penso que, entre os setores da esquerda mais tradicionais da Venezuela, há desconforto porque gostariam de ter visto, nos últimos anos, um avanço de novos instrumentos de democracia direta.

As tendências centralizadoras do governo venezuelano têm sido acompanhadas de muitos equívocos em política econômica, é verdade. E a burocracia estatal tende a se cristalizar em posições de poder, o que é uma tendência em situações de alta polarização, ao mesmo tempo em que são lenientes com ilegalidades de ambos os lados do conflito. 

Agência Brasil: A Venezuela é uma ditadura?

Carla Ferreira: A Venezuela não é uma ditadura, mas a Venezuela também não é uma democracia liberal, que serve de parâmetro de todas as coisas no mundo ocidental.

A Venezuela viveu um ascenso revolucionário nos anos 80 e 90, construiu uma alternativa política visando uma transição para um outro modo de produção, porém não efetivou todos os elementos de uma revolução política, a exemplo do que aconteceu em Cuba. A Venezuela fica numa situação em que o velho não termina de morrer e o novo não termina de nascer.

É uma situação diferenciada, com muita participação popular combinada com centralização do poder político em uma burocracia estatal. Um regime que corresponde a enfrentamentos de alta intensidade. As tendências burocráticas são esperadas em situações nas quais os quadros políticos mais experientes tendem a concentrar poder para que não haja maiores retrocessos. Isso pode ser verificado historicamente em diversos processos.

Que Netanyahu não seja considerado um ditador me surpreende e que tão facilmente se impute a pecha de ditadura ao governo venezuelano também me surpreende. É uma profunda incompreensão do esforço social que o povo venezuelano vem fazendo por sair do regime neoliberal que impõe um empobrecimento radical da população. 

Todas as forças internas e externas que se beneficiam do neoliberalismo e que são as forças hegemônicas em escala mundial, o sistema financeiro internacional e as grandes corporações, apoiados pelos grandes Estados imperialistas, sabotam o tempo inteiro esse processo. A verdade é essa.

Como eles não permitem o desenvolvimento do processo bolivariano, vai havendo um endurecimento do regime. Isso é verdade, mas que seja uma ditadura não. Porque todo o governo está legitimado por eleições limpas e livres até o momento, até a última eleição pelo menos.

 

Agência Brasil: Qual é avaliação desse último processo eleitoral?

Carla Ferreira: Não fico confortável em julgar o processo eleitoral venezuelano sem que haja uma apresentação dos boletins. Prefiro aguardar. Recomendo que, no Brasil, os intelectuais tenham cautela nas suas avaliações porque não se trata apenas de um processo eleitoral, se trata de diferenciar o regime que hoje vive a Venezuela, que é um regime diferenciado.

Conselho Eleitoral anunciou a vitória de Nicolás Maduro, mas órgãos internacionais e países questionam resultado e pedem divulgação das atas eleitorais – Foto: REUTERS/Fausto Torrealba/Proibida reprodução

É uma situação complexa, agravada ao longo dos anos, em que o melhor a fazer é respeitar a autodeterminação do povo venezuelano. Não havia – até este momento – razões para suspeitar do sistema eleitoral venezuelano. Porém, a tentativa de invalidá-lo é uma constante nos últimos 20 anos.

 

Agência Brasil: Quais lições o processo bolivariano e a polarização política na Venezuela podem dar ao Brasil que, nos últimos anos, parece viver uma intensificação da polarização política?

Carla Ferreira: O processo bolivariano ensina sobre a necessidade de reformas profundas nas instituições do Estado para deter o avanço de tendências de extrema-direita, de caráter neofascista, que são extremamente perigosas e que se apresentam como falsas alternativas à crise do neoliberalismo na América Latina.

Acho que nós estamos convocados pelo processo venezuelano a examinar com cuidado o que nós estamos vivendo no Brasil em relação à impunidade de forças que são golpistas, que praticam a mentira e violência como meio para atingir seus objetivos. A Venezuela é um alerta contundente em relação a isso.

A Venezuela é ainda um exemplo de política externa independente que nós deveríamos nos espelhar. O Brasil tem condições de fazer isso, como o presidente Lula vem demonstrando em relação à Gaza e à Guerra na Ucrânia, por exemplo. Isso é fundamental para que o Brasil possa contribuir para que os evidentes planos de desestabilização da Venezuela não se efetivem.

Edmundo Gonzalez é principal candidato da oposição e alega ter vencido as eleições contra Maduro. Foto: Reuters/Leonardo Fernandez Viloria/Proibida reprodução

O reconhecimento de Antony Blinken [secretário de Estado dos Estados Unidos] ao candidato da oposição, Edmundo González, mostra uma predisposição por intervir da Venezuela.

Nós chegamos numa situação limite, numa encruzilhada, de um projeto que tenta romper com o neoliberalismo e enfrenta dificuldades extraordinárias. Não sei se o resultado eleitoral deu ou não a vitória ao presidente Nicolás Maduro, porque não foram apresentados os boletins.

O que eu sei é que a Venezuela corre o risco de uma maior intervenção e de ser desencadeado um processo violento e desestabilizador em nosso Hemisfério. Então, eu conto com a sabedoria do Itamaraty para que nós possamos, junto com o México e com a Colômbia, buscar uma solução negociada para a situação venezuelana que é extremamente crítica.

*Matéria atualizada às 14h44 para ajuste no título e nos primeiros parágrafos.

Tiro com arco: Ana Luiza Caetano se despede nas oitavas de final

A carioca Ana Luiza Caetano, de 21 anos, se despediu dos Jogos Olímpicos de Paris nas oitavas de final do tiro com arco. Ela igualou o melhor resultado já obtido por uma brasileira no torneio olímpico, repetindo o desempenho de Ane Marcelle dos Santos na edição do Rio, em 2016.

Depois de avançar com duas vitórias nas rodadas preliminares disputadas na última terça-feira (30), Ana Luiza buscava uma inédita vaga nas quartas de final. A adversária foi a francesa Lisa Barbelin, número 11 no ranking mundial. Ana até conseguiu um bom desempenho diante da atleta da casa e venceu um dos sets, mas acabou derrotada na pontuação final por 6 a 2. As parciais nos sets foram apertadas: 28/25, 26/27, 28/27 e 28/27.

“Estou frustrada. Foi muito perto, todos os sets foram por uma distância muito pequena. Demorei para me adaptar ao vento, mas consegui me ajustar e entrar no clima da prova, mesmo com a torcida contra. Estou feliz com meu jogo, não com o resultado. Fiz um jogo apertado, isso mostra o quanto o Brasil está crescendo e é respeitado no esporte. É um passo”, afirmou Ana Luiza em entrevista ao Comitê Olímpico do Brasil.

Nessa sexta-feira(2), a arqueira carioca já tinha sido eliminada nas oitavas de final do torneio de equipes mistas, quando competiu ao lado de Marcus D’Almeida. Eles foram superados pela equipe do México. O ouro no torneio misto foi para a Coreia do Sul, a prata ficou com a Alemanha e a dupla dos Estados Unidos conquistou o bronze.

Marcus D’Almeida disputa oitavas de final

No domingo (4), a partir das 5h09, no horário de Brasília, é a vez de Marcus D’Almeida disputar uma vaga nas quartas de final. O atual número um do mundo terá um duelo difícil pela frente contra o sul-coreano Kim Woojin, atual campeão olímpico no individual e que ontem levou o ouro nas equipes mistas. Woojin foi o atleta com o melhor ranqueamento no início das competições nos Jogos de Paris. Marcus tenta superar o melhor resultado já alcançado por ele em Olimpíadas. Na edição de Tóquio, em 2021, ele acabou eliminado nas oitavas de final.

 

Governo do Rio propõe recuperar imóvel ocupado no centro da cidade

O governo do Rio de Janeiro se ofereceu para ser o executor de obra no prédio da ocupação Zumbi dos Palmares, no centro da cidade. Dezenas de famílias, incluindo mães solos e crianças, ocupam há meses o edifício sem uso no número 53 da Avenida Venezuela, que pertence ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) interditado pela Defesa Civil municipal.

A proposta é reformar o edifício e torná-lo adequado para a moradia popular, com recursos do programa Minha Casa, Minha Vida – FAR (Fundo de Arrendamento Residencial). A Secretaria Estadual de Habitação de Interesse Social do Rio (Sehis) colocou-se à disposição para assumir a função de interveniente, ou seja, de executor da obra.

De acordo com a Sehis, caso seja formalizada como executora da obra, a Sehis poderá submeter um projeto para apresentação ao Ministério das Cidades em março de 2025, quando está prevista a abertura do prazo para recebimento de novas propostas do Minha Casa, Minha Vida – FAR.

Durante audiência pública no dia 26 de julho, para resolver a situação da ocupação, a superintendente de Programas Habitacionais da Sehis ressaltou que, para que assuma a obra, é preciso que todos os trâmites burocráticos relacionados à propriedade do imóvel sejam resolvidos, entre eles a transferência do prédio do INSS para a Secretaria de Patrimônio da União (SPU).

Ela disse, no entanto, que há uma preocupação com a situação estrutural do prédio e que, por isso, a melhor solução de curto prazo seria a desocupação do edifício. “Existe grande risco para as famílias. Então a ideia seria a retirada imediata das pessoas, com a proposta [de recebimento] de aluguel social”, explicou.

A audiência pública foi organizada pelo Ministério Público Federal (MPF) para tentar encontrar uma solução mais rápida para a situação das pessoas que vivem na Zumbi dos Palmares, uma vez que, além do problema estrutural do prédio, o INSS tenta desocupar o imóvel por meio de uma ação na Justiça.

Prefeitura

O chefe de gabinete da Prefeitura do Rio de Janeiro, Fernando Dionísio, que participou do encontro, disse que as autoridades municipais estão dispostas a auxiliar a Secretaria Estadual de Habitação no que for necessário para dar uma solução às pessoas que vivem no imóvel.

De acordo com o Ministério das Cidades, outra possibilidade para a recuperação do imóvel é a modalidade Minha Casa, Minha Vida – Entidades. Apesar de os moradores não estarem reunidos em uma organização formal, existe a possibilidade de que busquem uma entidade social habilitada no programa para representá-los.

Na audiência, a coordenadora-geral de Habitação e Regularização Fundiária da Secretaria de Gestão do Patrimônio da União (SPU), Hayla Mesquita, afirmou que a secretaria está disposta a receber o imóvel e repassar a qualquer entidade que vá executar a obra pelo Minha Casa, Minha Vida.

No entanto, ressaltou que é preciso primeiro definir o destino que será dado ao imóvel. “A SPU está disposta a pensar na melhor maneira de destinar o imóvel. Nesse caso, tentamos dispensar todas as energias para o direcionamento da habitação de interesse social. Mas precisamos saber se o imóvel vai conseguir [entrar] em alguma modalidade do programa Minha Casa, Minha Vida. Para a SPU receber esse imóvel, a gente precisa construir essa solução antes da vinda do imóvel”.

Por sua vez, o INSS informou que, antes de tomar qualquer decisão em relação ao futuro do imóvel, precisa primeiro fazer uma vistoria técnica de engenharia. A expectativa é que os engenheiros visitem o prédio ainda neste mês.

“Temos algumas fotos, temos alguns vídeos, mas uma avaliação [recente] do prédio, não temos. Aí temos que avaliar o processo e verificar qual a finalidade que daremos a esse imóvel”, explicou a coordenadora-geral de Licitações e Patrimônio da Procuradoria Federal Especializada do INSS, Karla Ameno, durante a audiência do dia 26.

William Bombom, uma das lideranças da ocupação, diz temer que a solução para os moradores do Zumbi dos Palmares envolva uma realocação deles longe do centro da cidade.

“Nossa intenção é não sair do centro. A maioria das pessoas que saem de ocupações para o Minha Casa, Minha Vida é para morar longe, em áreas de risco. As pessoas precisam do centro para vender uma bala, um doce, um refrigerante, uma cerveja em eventos. Não tem como sair de triciclo [com as mercadorias] de Campo Grande [na zona oeste] para o centro”, disse, durante a audiência.

Outra preocupação é sobre a indefinição em relação ao prazo em que um possível empreendimento pelo programa Minha Casa, Minha Vida ficará pronto e por quanto tempo eles terão que depender de aluguel social.

Governo do Rio propõe recuperar imóvel ocupado no centro da cidade

O governo do Rio de Janeiro se ofereceu para ser o executor de obra no prédio da ocupação Zumbi dos Palmares, no centro da cidade. Dezenas de famílias, incluindo mães solos e crianças, ocupam há meses o edifício sem uso no número 53 da Avenida Venezuela, que pertence ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) interditado pela Defesa Civil municipal.

A proposta é reformar o edifício e torná-lo adequado para a moradia popular, com recursos do programa Minha Casa, Minha Vida – FAR (Fundo de Arrendamento Residencial). A Secretaria Estadual de Habitação de Interesse Social do Rio (Sehis) colocou-se à disposição para assumir a função de interveniente, ou seja, de executor da obra.

De acordo com a Sehis, caso seja formalizada como executora da obra, a Sehis poderá submeter um projeto para apresentação ao Ministério das Cidades em março de 2025, quando está prevista a abertura do prazo para recebimento de novas propostas do Minha Casa, Minha Vida – FAR.

Durante audiência pública no dia 26 de julho, para resolver a situação da ocupação, a superintendente de Programas Habitacionais da Sehis ressaltou que, para que assuma a obra, é preciso que todos os trâmites burocráticos relacionados à propriedade do imóvel sejam resolvidos, entre eles a transferência do prédio do INSS para a Secretaria de Patrimônio da União (SPU).

Ela disse, no entanto, que há uma preocupação com a situação estrutural do prédio e que, por isso, a melhor solução de curto prazo seria a desocupação do edifício. “Existe grande risco para as famílias. Então a ideia seria a retirada imediata das pessoas, com a proposta [de recebimento] de aluguel social”, explicou.

A audiência pública foi organizada pelo Ministério Público Federal (MPF) para tentar encontrar uma solução mais rápida para a situação das pessoas que vivem na Zumbi dos Palmares, uma vez que, além do problema estrutural do prédio, o INSS tenta desocupar o imóvel por meio de uma ação na Justiça.

Prefeitura

O chefe de gabinete da Prefeitura do Rio de Janeiro, Fernando Dionísio, que participou do encontro, disse que as autoridades municipais estão dispostas a auxiliar a Secretaria Estadual de Habitação no que for necessário para dar uma solução às pessoas que vivem no imóvel.

De acordo com o Ministério das Cidades, outra possibilidade para a recuperação do imóvel é a modalidade Minha Casa, Minha Vida – Entidades. Apesar de os moradores não estarem reunidos em uma organização formal, existe a possibilidade de que busquem uma entidade social habilitada no programa para representá-los.

Na audiência, a coordenadora-geral de Habitação e Regularização Fundiária da Secretaria de Gestão do Patrimônio da União (SPU), Hayla Mesquita, afirmou que a secretaria está disposta a receber o imóvel e repassar a qualquer entidade que vá executar a obra pelo Minha Casa, Minha Vida.

No entanto, ressaltou que é preciso primeiro definir o destino que será dado ao imóvel. “A SPU está disposta a pensar na melhor maneira de destinar o imóvel. Nesse caso, tentamos dispensar todas as energias para o direcionamento da habitação de interesse social. Mas precisamos saber se o imóvel vai conseguir [entrar] em alguma modalidade do programa Minha Casa, Minha Vida. Para a SPU receber esse imóvel, a gente precisa construir essa solução antes da vinda do imóvel”.

Por sua vez, o INSS informou que, antes de tomar qualquer decisão em relação ao futuro do imóvel, precisa primeiro fazer uma vistoria técnica de engenharia. A expectativa é que os engenheiros visitem o prédio ainda neste mês.

“Temos algumas fotos, temos alguns vídeos, mas uma avaliação [recente] do prédio, não temos. Aí temos que avaliar o processo e verificar qual a finalidade que daremos a esse imóvel”, explicou a coordenadora-geral de Licitações e Patrimônio da Procuradoria Federal Especializada do INSS, Karla Ameno, durante a audiência do dia 26.

William Bombom, uma das lideranças da ocupação, diz temer que a solução para os moradores do Zumbi dos Palmares envolva uma realocação deles longe do centro da cidade.

“Nossa intenção é não sair do centro. A maioria das pessoas que saem de ocupações para o Minha Casa, Minha Vida é para morar longe, em áreas de risco. As pessoas precisam do centro para vender uma bala, um doce, um refrigerante, uma cerveja em eventos. Não tem como sair de triciclo [com as mercadorias] de Campo Grande [na zona oeste] para o centro”, disse, durante a audiência.

Outra preocupação é sobre a indefinição em relação ao prazo em que um possível empreendimento pelo programa Minha Casa, Minha Vida ficará pronto e por quanto tempo eles terão que depender de aluguel social.

Grafite celebra atleta olímpica e mulheres da Mangueira

Nascida no município de Vassouras (RJ), Silvina das Graças Pereira da Silva passou boa parte da sua vida no Morro da Mangueira, zona norte do Rio de Janeiro. Como atleta, representou o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de 1971, na cidade colombiana de Cali, onde conquistou a medalha de prata em salto em distância com a marca de 6,35 metros. “Em 1971, as duas medalhas de prata que o Brasil obteve foram no atletismo. Uma comigo, no salto em distância, e outra com Nelson Prudêncio, no salto triplo”, relembra em entrevista à Agência Brasil. 

Neste sábado (3), ela será uma das homenageadas pelo projeto Ecos da Mangueira: Grafitando tradições femininas, que celebra quatro personalidades do bairro da Mangueira, para onde Silvina levou o esporte e fundou uma organização responsável pela administração da Biblioteca Pública da comunidade. 

Alice de Jesus Gomes Coelho, Jacintha de Oliveira Ferreira e Dolores de Souza Lemos se juntam a ela no grafite que conta uma parte da história afetiva do bairro da zona norte do Rio de Janeiro.

Ex-atleta Silvina Pereira em projeto social na Associação Meninas e Mulheres do Morro – Foto: Malu Vibe/Divulgação

A trajetória de vitórias de Silvina não parou no Pan de 1971. No Pan de 1975, na Cidade do México, retornou para a Mangueira com a medalha de bronze nos 200 metros rasos e um novo recorde sul-americano, cravando 23 segundos e 17 centésimos. Um ano depois, a atleta integrou o time brasileiro nos Jogos Olímpicos de Montreal, no Canadá, disputando as provas de salto em distância e 200 metros rasos. 

A homenagem no muro da Estação Mangueira/Jamelão, da SuperVia, é resultado de uma parceria entre a ONG Associação de Meninas e Mulheres do Morro e a concessionária responsável pelo serviço de trens urbanos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Também conta com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (Secec).

Celebrada viva, Silvina destaca à Agência Brasil que no país há uma cultura “muito ruim” de homenagear as pessoas apenas “depois que elas já se foram”. “Mas o trabalho que você fez deve ser reconhecido e você deve participar desse processo, que é o que está acontecendo comigo. Acho essa homenagem muito justa. Essas mulheres mudaram muita coisa na comunidade. Acredito que o seu papel aqui no mundo só vale a pena quando ajuda a transformar. Se você consegue uma transformação no meio de cem, você já lucrou, já valeu a pena, porque aquele um estará sempre ali representando você”. 

Grafite na Estação Mangueira/Jamelão exalta mulheres da comunidade – Foto: Malu Vibe/Divulgação

Mulheres da Mangueira

Fundada em 1995 para auxiliar a comunidade promovendo saúde e educação para homens, mulheres e crianças, a Associação de Meninas e Mulheres do Morro participou da formação de diversas pessoas do Morro da Mangueira. Entre elas, Kamille Orita, ex-educanda e atualmente integrante da parte administrativa da ONG. 

“Fomos selecionados em um edital da Prefeitura Municipal do Rio para grafitar o muro da estação de trem e tínhamos que falar sobre mulheres, mas não queríamos falar só das que já eram conhecidas, então procuramos outras que também fizeram parte da Mangueira e que levaram educação e cultura para a comunidade”, explica.

“Silvina participou dos Jogos Olímpicos e foi campeã nos Jogos Pan-Americanos, tia Dolores era parteira e fazia parte da Velha Guarda da Mangueira, vó Jacintha cuidava das crianças e estava a frente do Instituto Ogum, de valorização da cultura negra, e tia Alice era enfermeira e auxiliava na área de saúde, além de criar a Vila Olímpica da Mangueira”, relata Orita. 

Para Malu Vibe, artista com mais de 7 anos de atuação na cena do grafite e do hip hop, além de celebrar a trajetória de mulheres potentes que fizeram grandes projetos, o mural tem destaque pela democratização da arte e pela representatividade. 

A ex-moradora da Mangueira diz que “a arte urbana tem o potencial de comunicar e aproximar pessoas de diversas idades”. 

“O grafite fica aberto ao público, que varia entre crianças, adolescentes, adultos e até mesmo a população em situação de rua. Ele tem esse poder e essa representatividade feminina, e nós também vemos uma representatividade preta, já que são mulheres pretas que percebemos que têm em comum essa vontade de cuidar do próximo, da juventude local”. 

Grafite na Estação Mangueira/Jamelão exalta mulheres da comunidade – Foto: Malu Vibe/Divulgação

Além do Ecos da Mangueira: Grafitando tradições femininas, a ONG Associação de Meninas e Mulheres do Morro promove uma série de atividades com os projetos Amigos para Sempre, Amigos para Toda Vida, Preparando para o Futuro e Sábado Delas, atendendo crianças a partir dos 5 anos de idade, jovens e adultos. 

“Trazemos a cultura para as crianças e estimulamos o desenvolvimento. Também capacitamos adolescentes para entrar no mercado de trabalho com alguns cursos e temos parcerias para promover ações que trazem alegria e dignidade para o nosso público”, explica Orita. 

A instituição atende cerca de 200 pessoas, sendo aproximadamente 120 crianças.

* Estagiária sob supervisão de Vinícius Lisboa