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Indicadores da covid-19 permanecem em alta no estado do Rio

O novo boletim do Panorama Covid-19 divulgado nesta terça-feira (24), registra tendência de aumento dos indicadores da doença no estado do Rio. O boletim, referente à Semana Epidemiológica (SE) 37, que compreende o período de 8 a 14 de setembro, mostra os números de testes positivos para a doença, solicitações de leitos e de atendimentos em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde do Rio (SES-RJ) a taxa de positividade registrada pelos testes RT-PCR realizados pelo Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels (Lacen) em amostras coletadas em unidades de saúde da rede pública permanece em alta: subiu para 8% na Semana 37 em comparação com a SE 33 (11 a 17 de agosto), quando registrou aumento de 7%, uma variação de 14,29% no teste rápido de antígeno.

A positividade nos exames RT-PCR de amostras coletadas em laboratórios da rede privada teve uma variação de 75%, comparando a SE 33 com a SE 37: subiu de 8% para 14%. Já com relação ao teste rápido de antígeno, a variação foi 22,22% na comparação da semana 33 com a 37, um aumento de 9% para 11%.

Os atendimentos nas Unidades de Pronto Atendimento 24h (UPAs) do estado do Rio, de acordo com a metodologia que considera os dados de sinais e sintomas de síndrome gripal compatíveis com a covid-19, também mostraram uma tendência de aumento, com crescimento de 11,39% e 21,14% para adultos e crianças, respectivamente, na comparação entre as últimas semanas. Em números absolutos, o aumento no atendimento infantil foi de 932 para 1.129 e de 1.176 para 1.310 para os adultos. Na população infantil, o boletim registra um aumento constante de casos de covid-19.

Os indicadores precoces – taxa de positividade, atendimentos nas UPAs e números de solicitações de leitos –  sinalizam o aumento de casos antes mesmo da elevação registrada nos sistemas de informação. Por isso, o monitoramento é essencial para ações de preparação da secretaria no combate ao crescimento da doença e orientação para o reforço das medidas de prevenção e controle, como a vacinação. A Secretaria de Estado de Saúde avalia que, apesar do aumento dos indicadores precoces, o cenário ainda não apresenta impacto nas taxas de ocupação de leitos das unidades de saúde.

Anvisa proíbe uso de termômetros com coluna de mercúrio

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu, em todo o território brasileiro, a fabricação, importação, comercialização e o uso em serviços de saúde de termômetros e esfigmomanômetros (medidores de pressão arterial) com coluna de mercúrio. A resolução foi publicada nesta terça-feira (24) no Diário Oficial da União.

Brasília-DF, 10.11.2023, Fachada do Prédio da Agência de Vigilância Sanitária ANVISA, em Brasília. Foto:  Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Os equipamentos abrangidos pela resolução têm uma coluna transparente contendo mercúrio e finalidade de aferir valores de temperatura corporal e pressão arterial, indicados para uso em diagnóstico em saúde. A proibição não se aplica a produtos para pesquisa, calibração de instrumentos ou uso como padrão de referência.

Ainda de acordo com a resolução, termômetros e esfigmomanômetros com coluna de mercúrio que forem retirados de uso devem seguir as Boas Práticas de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, fixadas pela Anvisa em 2018.

O descumprimento da resolução, segundo a agência, constitui infração sanitária, sem prejuízo das responsabilidades civil, administrativa e penal cabíveis.

Entenda

Em 2022, a diretoria colegiada da Anvisa aprovou, em reunião pública, iniciativa regulatória sobre o tema, atendendo a uma demanda da Convenção de Minamata, ocorrida no Japão em 2013 e da qual o Brasil é signatário. Pela convenção, o mercúrio deveria ter seu uso reduzido em todo o mundo até 2020.

O metal pesado, segundo a agência, não representa perigo direto para usuários de termômetros ou de medidores de pressão, mas configura perigoso agente tóxico no meio ambiente quando descartado. A Anvisa destaca ainda que esses equipamentos já contam com alternativas de mercado que não utilizam coluna de mercúrio.

“Termômetros e esfigmomanômetros digitais são produtos para a saúde de uso difundido no Brasil e possuem as mesmas indicações clínicas que os que contém mercúrio. Esses dispositivos também possuem a sua precisão avaliada compulsoriamente pelo Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade e são ambientalmente mais sustentáveis.”

Eventos promovem conscientização sobre a doação de órgãos 

Os moradores do Distrito Federal participaram neste domingo (22) de ações voltadas para sensibilização da importância da doação de órgãos, no Parque da Cidade Sarah Kubitschek. A iniciativa Setembro Verde – Doe Órgãos, Doe Vida foi promovida pela Central Estadual de Transplantes do Distrito Federal (CET-DF), que ofereceu serviços como aferição de pressão arterial e medição da glicemia, além do sorteio de brindes.

O objetivo do evento é ampliar a lista de possíveis doadores de órgãos no DF. Foi realizada uma caminhada em grupo e uma conversa entre pacientes transplantados, famílias doadoras e profissionais de saúde. 

Segundo a Secretaria de Saúde do DF, até agosto deste ano, foram realizados 545 transplantes, sendo 207 de córnea, 177 de órgãos (incluindo rim, fígado e coração) e 161 de medulas ósseas no Distrito Federal.

Brasília (DF), 22/09/2024 – A Secretaria de Saúde (SES-DF), por meio da Central Estadual de Transplantes do Distrito Federal (CET-DF), promove a Caminhada pela conscientização da doação de órgãos, no Parque da Cidade. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Rio de Janeiro

Já no Rio de Janeiro, ontem (21) foi realizada a campanha “Na Onda da Doação” também busca conversar com a população sobre a importância da doação de órgãos. Promovida pela Sociedade de Nefrologia do Rio de Janeiro, na Praça do Arpoador, zona sul da cidade, em parceria com o Grupo do Fígado e a Sociedade de Cardiologia do Rio.

O médico Pedro Túlio Rocha, presidente da Sociedade de Nefrologia do Rio, avalia que este é um gesto de amor, que pode salvar muitas vidas. “Buscamos, com a população, esclarecer e motivar esse gesto que pode salvar direta ou indiretamente até oito pessoas. No Brasil, temos cerca de 60 mil pessoas aguardando por um tecido ou um órgão para transplante. E para alguns pode ser a única opção de tratamento para manutenção da vida”, disse.

Campanha

Em todo o Brasil, nos primeiros seis meses deste ano, mais de quatro mil órgãos e cerca de oito mil córneas foram doadas para a realização de transplantes. O aumento em relação a 2023 foi de 3,2%.

Apesar do crescimento, falar sobre doação de órgãos ainda é um tabu para uma parte das pessoas. Segundo dados do Ministério da Saúde, de cada 14 pessoas que manifestam interesse em doar, apenas quatro realmente o fazem, por recusa da família.

Para tentar desmistificar o assunto, foi lançada pelo ministério uma campanha com o tema: “Doação de órgãos: precisamos falar sim”, que alerta para a necessidade de se tratar do assunto.

De acordo com a pasta, os órgãos mais doados foram os rins, fígado, coração, pâncreas e pulmão. Entre os tecidos, a córnea e a medula óssea estão no topo da lista. Somente nos seis primeiros meses deste ano, foram realizados pelo Sistema Único de Saúde, mais de 14 mil transplantes (SUS). No ano passado, esse número foi de 13.900.

Saúde e Opas lançam guia de prevenção ao suicídio em português

O Ministério da Saúde lançou nesta semana, em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a primeira versão em português do manual Viver a Vida – Guia de Implementação para a Prevenção do Suicídio nos Países.

De autoria da Organização Mundial da Saúde (OMS), a publicação tem o objetivo de orientar países na concretização de medidas coletivas de prevenção ao suicídio, para que os governos destas localidades possam desenvolver estratégias nacionais com este foco.

A OMS considera que os governos e comunidades têm papéis cruciais na prevenção do problema de saúde pública e que uma das principais medidas de prevenção é a implementação de políticas de saúde mental e de redução do álcool.

A versão oficial em português é a tradução da obra original em inglês Live life, lançada em 2021. Além de inglês, o guia também conta com versões em chinês, espanhol e coreano.

Guia

Para estimular o compartilhamento de boas práticas, o guia apresenta iniciativas do poder público que foram implementadas por diversos países em diferentes contextos que apresentaram eficácia na redução das taxas de suicídio.

A OMS prevê que esses conteúdos podem servir como inspiração para criação de novas políticas públicas e soluções coletivas.

Entre os estudos divulgados estão a inclusão de pessoas com experiência direta com suicídio para garantir que as necessidades reais daqueles que precisam de apoio sejam atendidos e descriminalização do suicídio, adotados na Irlanda; a integração da prevenção do suicídio na política de saúde mental e abuso de substâncias, no Líbano; as parcerias público-privadas nos Estados Unidos; entre outros.

O documento detalha, também, quatro intervenções consideradas essenciais para prevenir o suicídio: restringir o acesso aos meios de suicídio; interagir com a mídia para a divulgação responsável do suicídio; desenvolver habilidades socioemocionais para a vida dos adolescentes; agir para identificar precocemente, avaliar, orientar e acompanhar qualquer pessoa com comportamentos suicidas.

O Viver a Vida descreve, ainda, seis pilares para a implementação de políticas:

1.       análise da situação e perfil atual do suicídio e da prevenção a ele no país;

2.       capacitação em saúde mental de profissionais dentro e fora do setor da saúde para identificação e gestão do risco de suicídio;

3.       colaboração multissetorial que inclua áreas de governo (saúde, educação, trabalho, justiça, desenvolvimento social, etc) e a sociedade, com a colaboração de organizações não governamentais (ONGs) e trabalhadores comunitários;

4.       financiamento dedicado à prevenção do suicídio de origem governamental, filantrópica, de grupos comunitários ou empresas;

5.       conscientização sobre a causa para chamar a atenção de que o suicídio é um problema de saúde pública;

6.       vigilância, monitoramento e avaliação do progresso do plano de ação para fazer ajustes e desenvolver novas ações.

Dados sobre suicídio

De acordo com a OMS, a cada ano, mais de 700 mil pessoas perdem a vida para o suicídio em todo o mundo, sendo que 77% dos casos ocorrem em países de baixa e média renda. O suicídio é a quarta causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos. Para cada suicídio, estima-se que ocorrem outras 20 tentativas. A maioria dos casos está relacionada a transtornos mentais, como a depressão, em primeiro lugar, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias.

No Brasil, em 2022, 16.468 óbitos por suicídio foram notificados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Durante o lançamento da publicação, a diretora do Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis, do Ministério da Saúde, Letícia Cardoso, afirmou que os casos são mais comuns entre pessoas do sexo masculino. A taxa de 12,6 por 100 mil habitantes é 3,7 vezes maior do que a do público feminino (3,4 por 100 mil habitantes). O grupo de pessoas indígenas é mais vulnerável.

De acordo com o Ministério da Saúde, entre os anos 2016 e 2021, houve um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos, chegando a 6,6 por 100 mil, e de 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos, chegando a 1,33 por 100 mil.

Diante dos números crescentes, o Brasil assumiu compromisso com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) de reduzir em um terço, até 2030, a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis, como o suicídio, via prevenção e tratamento, além de promover a saúde mental e o bem-estar das pessoas.

Neste sentido, a pasta do governo brasileiro explica que, até 2026, o Novo Programa de Aceleração do Crescimento irá construir 150 novos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), com investimento de mais de R$ 339 milhões. Com ampliação, o ministério estima que há potencial para incluir 13,4 milhões de pessoas na Rede de Saúde Mental do Sistema Único de Saúde.

A diretora do Ministério da Saúde Letícia Cardoso reforçou o posicionamento do governo brasileiro na prevenção ao suicídio. “A saúde mental e a violência auto provocada têm sido um tema central de um esforço coletivo das nossas ações”.

A coordenadora da Unidade Técnica de Determinantes da Saúde, Doenças Crônicas não Transmissíveis e Saúde Mental – Opas/OMS no Brasil, Elisa Pietro, considera que a rede de apoio psicossocial do Brasil é uma das maiores do mundo e coloca o país em evidência. “São vários países que já pediram nesta cooperação técnica para aprender sobre a experiência do Brasil com a reforma psiquiátrica e com a construção e fortalecimento da rede de apoio psicossocial.”

Onde buscar ajuda

O Ministério da Saúde defende que o suicídio pode ser prevenido e que saber reconhecer os sinais de alerta pode ser o primeiro e mais importante passo. Entre os indícios que devem ser observados estão:

·         falta de esperança ou preocupação com a própria morte;

·         expressão de ideias ou de intenções suicidas;

·         isolamento;

·         outros fatores como perda de emprego, crises políticas e econômicas, discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, agressões psicológicas e/ou físicas, sofrimento no trabalho.

O ministério orienta que as manifestações verbais e comportamentos de querer acabar com a própria vida não devem ser interpretados por outras pessoas como ameaças ou chantagem emocional.

Nos primeiros sinais, o indivíduo com intenções suicidas ou alguém próximo a ele deve buscar ajuda, conversar com alguém que confie e entrar em contato com os serviços de suporte.

·         Centro de Valorização da Vida (CVV), disponível 24 horas no telefone 188 (ligação gratuita).

·         CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde);

·         Unidade de Pronto Atendimento 24H, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192), pronto socorro; e hospitais;

Setembro Amarelo

O lançamento ocorre durante o mês dedicado à prevenção do suicídio, o Setembro Amarelo. Desde 2014, a campanha brasileira de conscientização sobre a importância do tema é divulgada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM).

Em 2024, o lema é: Se precisar, peça ajuda!  As diversas ações em desenvolvimento podem ser conferidas no site da campanha.

Mudanças climáticas e eventos extremos impactam vacinação no Brasil

Karen Carvalho é enfermeira diplomada pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul, com especialização em saúde coletiva, estratégia de saúde da família e vigilância em saúde. Em maio deste ano, ela atuou junto a outros profissionais da área nas enchentes que assolaram seu estado. A tarefa de Karen em meio aos caos não era fácil: vacinar pessoas que tiveram contato com a água e que se aglomeravam em abrigos, sucetíveis a doenças como hepatite A, influenza e covid-19.

“Tivemos que ir aos abrigos várias vezes. Não foi só uma vez não. Foram várias idas. Até que as pessoas topassem nos receber. Até que tivéssemos um vínculo com aquela população que estava ali”, contou. Dentre os desafios, segundo ela, estava a ausência de documentação para o registro das doses aplicadas. “Aquelas pessoas saíram de casa sem nada. Sem cartão do Sistema Único de Saúde (SUS), sem carteira de vacina das crianças”.

Outra dificuldade enfrentada pela enfermeira e por outros profissionais de saúde que atuaram nas enchentes do Rio Grande do Sul foi a hesitação vacinal. “As pessoas da região estavam tão fragilizadas com tudo o que estava acontecendo que convencê-las sobre a vacinação não foi fácil. Vacinar parecia ser o que menos importava pra elas naquele momento”, lembra.

“Em meio a tudo isso, ficamos sem locomoção. Os profissionais de saúde não conseguiam chegar aos locais onde havia demanda pra eles. Usamos o serviço do Exército pra levar vacina onde precisava, pra buscar vacina onde precisava. Só aquele caminhão passava, porque é muito alto e a água não tapava. Havia pessoas isoladas de um lado da cidade e nós ficamos presos do outro lado.”

Karen também precisou aplicar doses antirrábicas de forma preventiva em voluntários que resgatavam animais das águas e nos que cuidavam desses mesmos animais em abrigos, já que o risco de mordidas, arranhões e outros acidentes era constante. “Acabamos vacinando por pré-exposição quem participava de resgates e forças de segurança, como a Força Nacional do SUS, homens do corpo de bombeiros e do Exército”.

Plano de contingência

Micheline Silveira é dentista por formação, mas abraçou a enfermagem em 2016. “Me apaixonei pela profissão e não larguei mais”. Ela estava no centro de Porto Alegre quando as águas começaram a subir. Como a empresa de imunização para a qual trabalhava tinha um plano de contingência para situações extremas, Micheline pode contar com equipamentos adequados, como câmaras frias de emergência e unidades móveis para backup, além de colegas capacitados para atuar naquele momento.

“Sempre achamos que, se alguma coisa acontecesse, a gente daria conta dela muito bem. E conseguimos, de fato. Mas a gente nunca imaginou que passaríamos por algo tão surreal como o que aconteceu no nosso estado”, contou. “A gente tinha câmara fria, gerador. Mas quanto tempo tudo aquilo ia durar? Descemos com a caixa de isopor pra colocar as vacinas na unidade móvel. Levamos pra São Leopoldo, onde havia maior disponibilidade de armazenamento. E só conseguimos voltar pra Porto Alegre 43 dias depois.”

Microplanejamento 

A enfermeira Cleia Soares Martins também pode sentir, este ano, os impactos das mudanças climáticas e de eventos extremos nos serviços de vacinação. Responsável técnica pela Central de Distribuição de Imunobilógicos do Amazonas, ela enfrenta um cenário de calor e estiagem sem precedentes, quando o que era esperado para o período era o chamado inverno amazônico e muita chuva. “A Amazônia vem passando pela pior seca das últimas décadas. Com os incêndios, tem dias que a gente acorda e não consegue ver o outro lado do rio”.

Segundo Cleia, quando se trabalha com imunização no Amazonas, além de dominar a técnica relacionada a vacinas, é preciso conhecer toda a hidrografia do estado no intuito de alcançar comunidades de difícil acesso, como quilombolas e ribeirinhos. “Nossas estradas são os rios, mas o que acontece quando eles secam?” Ela lembra que, até o fim de agosto, nove municípios da região tinham decretado situação de emergência. Na semana passada, o número já havia subido para 13.

“No ano passado, nossa situação já não foi fácil. A previsão era de estiagem ainda mais severa este ano. Por isso, começamos a nos planejar em dezembro. Por meio de microplanejamento, fizemos o possível para que, ainda no primeiro semestre, antecipássemos todas as ações de vacinação, priorizando áreas de difícil acesso”, disse, ao citar parcerias com os governos do Acre e de Rondônia.

“Mas o que a gente faz hoje ainda não é suficiente. A gente precisa de mais. Precisamos investir em tecnologia e inovação, pra ter um suporte melhor, seja na seca, seja na cheia”, avaliou. “Pra que, juntos, a gente possa superar esses desafios e garantir a plenitude do serviço de vacinação para todo e qualquer cidadão no local onde ele reside.”

*A repórter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Campanha de conscientização sobre retinoblastoma começa hoje

A terceira edição da campanha De Olho nos Olhinhos começa hoje (21) com a missão de conscientizar a população sobre os sinais e sintomas do retinoblastoma, tipo de câncer ocular mais comuns em crianças de 0 a 5 anos. Com alcance nacional, a mobilização será realizada em 44 shoppings de 30 cidades brasileiras e contará com a presença de médicos aptos a esclarecer dúvidas sobre a doença e a orientar o público sobre o que deve ser feito em caso de suspeita.

Um dos destaques da edição é a chegada do mascote Flash, um gato que simula um dos sintomas visíveis da doença, o olho de gato. Flash está nas cartilhas e materiais distribuídos ao público e à comunidade médica.

O Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma foi celebrado na última quarta-feira (18). A data foi criada para alertar a sociedade sobre a importância da detecção precoce do retinoblastoma. As ações da campanha chegam este ano a todos os estados do país, em mais de 600 municípios e contam com a parceria de 3.100 farmácias na distribuição de materiais de apoio.Informações sobre a doença também serão divulgadas por meios de comunicação, em estádios de futebol, em transportes coletivos e em embalagens de fraldas.

A ideia da campanha surgiu quando Lua, filha do casal de jornalistas Tiago Leifert e Daiana Garbin, foi diagnosticada aos 11 meses com o retinoblastoma. Ao nascer, ela  foi submetida, ainda na maternidade, ao Teste do Reflexo Vermelho (TRV), também conhecido como Teste do Olhinho, que não detectou nenhuma anormalidade. O casal não consultou mais o oftalmologista. Daiana contou que meses depois, Tiago notou algo errado nos olhos da filha. Ela não acreditou e a pediatra descartou qualquer problema. Passado algum tempo, eles perceberam que Lua tinha movimentos irregulares nos olhos. O diagnóstico de tumor avançado nos dois olhos ocorreu após consulta ao oftalmologista.

A falta de informação, segundo Daiana, impediu a detecção precoce da doença. “Nós perdemos uma janela de oportunidade de ter sido diagnosticado antes por falta de informação. Nós  não sabíamos que deveríamos ter exigido ao pediatra  a realização desse exame”, lembra Garbin.

Ela destaca a necessidade de os médicos fazerem o teste do olhinho na criança de três em três meses, nas consultas de rotina, e de as crianças serem submetidas a um exame de fundo de olho com avaliação ao completarem o  primeiro ano de vida. “Por isso entendemos que a informação de saúde precisa ser replicada sempre, porque na correria do dia a dia as pessoas acabam esquecendo. Ainda mais quando falamos de doenças raras e pouco conhecidas”, explica Daiana.

No Hospital do GRAACC em São Paulo, referência no tratamento da doença, cerca de 12% a 15% dos novos casos de retinoblastoma são extraoculares, ou seja, escaparam de dentro do olho, causando metástases e colocando a vida da criança em risco. Segundo a pediatra oncologista do GRAACC, Carla Macedo, o Brasil tem de 250 a 300 novos casos da doença por ano. No mundo esse número fica em torno de 8 mil.

 

Sintomas

Os sintomas mais comuns da doença são a leucocoria, ou olho de gato, em que a pupila pode apresentar uma área branca e opaca no contato com o reflexo da luz, sendo visível em fotos tiradas com flash. Tremor nos olhos e alteração na posição dos olhos, como o desvio ocular, conhecido como estrabismo, também são sinais que costumam aparecer. Em todos esses casos, a recomendação dos médicos é que a criança seja levada ao oftalmologista para a realização de exames completos.

A pediatra esclarece que o retinoblastoma pode atingir os dois olhos ou apenas um. Quando acomete os dois olhos, significa que a doença é hereditária, causada por um comprometimento do gene RB, associado à enfermidade. Quando está em um olho só, os médicos costumam classificá-la como uma doença esporádica. Carla Macedo também reforça a necessidade do exame de reflexo vermelho ser feito logo depois do nascimento e durante as consultas regulares ao oftalmologista. “Quando diagnosticado precocemente e tratado em centros de referência, a chance de cura é de 90%.  A grande preocupação é quando demoramos muito para detectar e esse tumor sai do olho, surgindo as metástases, que colocam em risco a vida da criança. Quanto mais cedo a doença for identificada, maior é a chance de cura”, alerta a médica.

Por isso Tiago e Daiana decidiram falar publicamente sobre o caso de Lua, para conscientizar e ajudar outras famílias a chegarem mais cedo ao tratamento. A campanha, que começou em 2022, deu origem à organização não governamental De Olho nos Olhinhos.  Além de  promover a conscientização sobre a doença e a importância do diagnóstico precoce, a instituição ajuda famílias do Brasil inteiro a encontrar médicos, a realizar exames e  a chegar aos centros de referência em caso de diagnóstico confirmado.

Tratamento

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento e acompanhamento dos casos de retinoblastoma, de forma integral e gratuita.A pediatra oncologista do GRAACC, Carla Macedo explica que o tratamento do retinoblastoma deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, com oncologista, radioterapeuta, oftalmologista, enfermeiro especialista,  e radio intervencionista, responsáveis pelo planejamento baseado na idade e no tamanho do tumor.

De acordo com ela, pode-se usar quimioterapia intravenosa, intra arterial, intra vítria (direto no olho), laser ou crioterapia. “Existem várias ferramentas para várias modalidades que podem ser utilizadas juntas para salvar o olho da criança. Muitas vezes, são vários tratamentos juntos em cada olho. Com essas modalidades de tratamento, a gente tem maior chance de salvar o olho e ainda proporcionar uma visão útil”, afirma a oncologista.

No caso de tumores muito avançados é possível que a criança fique com baixa visão ou precise ter o olho removido (enucleação). Foi o que aconteceu com o jornalista, escritor e criador de conteúdo digital, Fernando Campos, de 31 anos. Ele foi diagnosticado em Natal, no Rio Grande do Norte, quando tinha um ano e meio de idade, depois de algumas pessoas perceberem uma mancha branca no olho dele.

“Foi um choque para a família, porque ninguém espera receber o diagnóstico de câncer, mas meus pais procuraram um tratamento de referência e o encontraram na Filadélfia (EUA).  Lá eu passei por quimioterapia e radioterapia, mas chegou um momento em que o tumor não estava respondendo ao tratamento e já havia um risco de se espalhar para outros órgãos.  Então foi preciso fazer a enucleação e eu passei a usar próteses. Foi assim que perdi a visão, mas venci o câncer”, contou Fernando.

Depois de vencer a batalha contra o câncer de Fernando, a família, inspirada na instituição que os recebeu nos EUA durante o tratamento, fundou a Casa de Durval, em Natal, para oferecer acolhimento às famílias em situação de vulnerabilidade com filhos que tenham câncer infanto-juvenil. “Nossa principal bandeira é o diagnóstico precoce que aumenta muito a chance de cura do câncer infanto-juvenil, principal causa de morte por doença em crianças no nosso país” , ressaltou o jornalista.

Fernando afirmou ainda que viver sem a visão sempre foi muito natural, porque a  família sempre o estimulou a enfrentar desafios. “Eu costumo dizer que seria muito mais difícil perder a visão mais velho ou voltar a enxergar agora porque eu teria que reaprender muita coisa. Minha família sempre me criou muito no mundo. Claro que tive coisas que eu não pude fazer por ser cego, mas é assim com outras pessoas que não puderam fazer outras coisas por outros motivos”, finalizou.

Tiago Leifert e Daiana Garbin conversarão hoje (21)  sobre o tema com o público nos shoppings Eldorado e Taboão, em São Paulo. Em caso de suspeitas de retinoblastoma procure um oftalmologista.É possível entrar em contato com a ONG para obter ajuda pelo e-mail: ajuda@deolhonosolhinhos.org

Pesquisadores britânicos descobrem novo grupo sanguíneo

Pesquisadores britânicos divulgaram nesta semana a descoberta de um novo grupo sanguíneo, denominado MAL.

Em artigo publicado na revista acadêmica Blood, da Sociedade Americana de Hematologia, os pesquisadores do sistema público de saúde do Reino Unido (NHS Blood and Transplant), do seu laboratório especializado (International Blood Groups Reference Laboratory) e da Universidade de Bristol divulgaram o resultado, que resolve um mistério que existia há 50 anos. 

O grupo sanguíneo MAL possibilita a identificação e o tratamento das pessoas que não têm um antígeno pouco conhecido, mas já mapeado há décadas, denominado AnWj, em homenagem às duas primeiras pessoas de que se teve conhecimento que eram AnWj negativas (Anton e Wj). 

Os grupos sanguíneos são complexos. Os dois sistemas de grupos sanguíneos mais conhecidos são ABO e Rh. Dentro de cada grupo sanguíneo, as hemácias podem carregar marcadores de superfície chamados antígenos (por exemplo, no sistema ABO, as pessoas de podem ter o antígeno A, o B, o A e o B ou ausência de antígeno, chamada de O). Atualmente, há 47 sistemas de grupos sanguíneos e 360 ​​antígenos reconhecidos.

O estudo publicado online como pré-impressão identifica o MAL como o 47º sistema de grupo sanguíneo, ao qual pertence o antígeno AnWj. O grupo sanguíneo é identificado pela proteína Mal, que se encontra na superfície dos glóbulos vermelhos do sangue. As pessoas que são AnWj negativas apresentam essa proteína de forma incompleta, o que pode ser hereditário (e aparecer em pessoas saudáveis) ou motivado por distúrbios hematológicos ou alguns tipos de câncer.

Foram estudados cinco indivíduos AnWj negativos, inclusive uma senhora que tinha participado da pesquisa que identificou o AnWj negativo publicada em 1972. A forma herdada foi identificada em uma família árabe-israelense. Ainda não foram analisadas as etnias de todos os casos, nem se há alguma etnia em que esse tipo sanguíneo seja mais comum. 

Se pessoas que são AnWj-negativas receberem sangue AnWj-positivo, podem ter uma reação na transfusão. Segundo nota da Universidade de Bristol, “essa pesquisa permite o desenvolvimento de novos testes de genotipagem para detectar tais indivíduos raros e reduzir o risco de complicações associadas à transfusão”.

Esquema antirrábico exige uso consciente de imunobiológicos

A vacina antirrábica humana atualmente utilizada no Brasil é fabricada pelo laboratório francês Sanofi Pasteur, importado e armazenado pelo Instituto Butantan. O processo produtivo é longo – chega a 18 meses – e envolve manufatura, formulação, envase, controle de qualidade, embalagem e liberação para embarque. A validade do imunizante é de 36 meses a partir da formulação. Na prática, portanto, a dose chega em solo brasileiro 18 meses depois e, ao ser disponibilizada para o Ministério da Saúde, restam entre 15 e 17 meses para o vencimento.

A presidente da regional de Minas Gerais da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Jandira Lemos, destaca que todo o processo requer infraestrutura avançada, tecnologia de ponta e profissionais altamente qualificados, de forma a se alcançar uma produção segura e eficaz da vacina antirrábica humana. Por isso, o esquema antirrábico como um todo, segundo ela, exige planejamento, capacitação profissional, organização nas três esferas de governo e muita informação para prevenir a doença.

“A produção da vacina antirrábica humana é pequena diante do tamanho da demanda global. O mesmo se aplica ao soro antirrábico e à imunoglobulina humana antirrábica [solução concentrada e purificada de anticorpos contra a doença e, atualmente, sem produtor no Brasil]”, disse. “Nesse cenário, temos que priorizar o uso correto e consciente desses imunobiológicos”, completou Jandira. 

Entenda 

A vacina antirrábica humana pode ser indicada nos formatos pré e pós-exposição. No primeiro, as doses se destinam a pessoas com risco de exposição permanente ao vírus, como profissionais de laboratórios de virologia, médicos veterinários e funcionários de zoológicos. O esquema também pode ser indicado para turistas que visitam áreas endêmicas. Já no segundo caso, a vacina é administrada após mordidas, arranhões ou mesmo lambedura de determinados animais. 

Ao contrário do que muitos pensam, a lista de animais que podem transmitir raiva não se limita a cães e gatos, mas inclui mamíferos de todo tipo. No Brasil, os principais responsáveis por casos de raiva humana são morcegos (53%), cães (20%), felinos (11%), primatas (9%) e raposas (4%). Equinos, bovinos, suínos e caprinos também podem transmitir o vírus, sobretudo em ambientes rurais. 

Já a lista de animais que não transmitem raiva inclui coelhos, roedores pequenos como esquilos, ratos, porquinhos-da-índia e hamsters, além de lagartos, peixes e pássaros em geral. 

A doença

A raiva é transmitida ao ser humano pela inoculação do vírus presente na saliva e demais secreções do animal infectado. A infecção causa uma encefalite (inflamação do cérebro) progressiva e aguda, que apresenta taxa de letalidade próxima de 100%. Graças a campanhas de vacinação animal, o número de casos de transmissão de raiva para humanos caiu drasticamente desde 1986. Em 2022, entretanto, a ocorrência de acidentes voltou a crescer. 

Cuidados 

Em casos de mordidas, arranhões ou lambeduras, a orientação é lavar imediatamente o ferimento com água corrente de forma abundante, utilizando sabão ou detergente. O processo diminui comprovadamente o risco de infecção porque elimina grande parte das partículas virais do ferimento. Em seguida, é preciso procurar o serviço de saúde mais próximo para que um profissional avalie a conduta a ser adotada.

Tipos de acidentes

Acidentes leves envolvendo animais incluem mordedura ou arranhadura superficial no tronco ou nos membros, exceto mãos e pés; além de lambedura de lesões superficiais.

Já acidentes graves incluem os seguintes casos: 

– mordedura ou arranhadura nas mucosas, no segmento cefálico, nas mãos ou nos pés;

– mordedura ou arranhadura múltiplas ou extensas, em qualquer região do corpo;

– mordedura ou arranhadura profunda, mesmo que puntiforme;

– lambedura de lesões profundas ou de mucosas, mesmo que intactas;

– e mordedura ou arranhadura causadas por mamíferos silvestres.

* A repórter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)

Brasil ainda usa 17 mil geladeiras domésticas para armazenar vacinas

Ao comentar os desafios envolvendo o suprimento de vacinas e imunobiológicos no Brasil, o diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti, disse que o país ainda registra o uso de cerca de 17 mil geladeiras domésticas para armazenamento de doses. Os equipamentos, além de não passarem pelo crivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), podem apresentar instabilidade da temperatura interna, colocando em risco a eficácia dos imunizantes. 

De modo geral, o armazenamento de vacinas requer o uso de equipamentos específicos, como as chamadas câmaras frias, que contam com sistema de controle e monitoramento de temperatura. “O PNI quer ter o melhor calendário de vacinas do mundo. Não tenham dúvidas. Mas temos que ter prioridades e orçamento”, disse Gatti, ao citar especificamente a rede de frio brasileira. “Rodando o país, o cenário ainda é muito complexo”, reforçou, ao participar, nesta sexta-feira (20), da 26ª Jornada Nacional de Imunizações, no Recife. 

Segundo o diretor do PNI, além de equipamentos inadequados para o armazenamento de doses, alguns municípios brasileiros sofrem com o que chamou de instabilidade energética. Nesses casos, a disponibilidade de câmaras frias, e não de geladeiras domésticas, é ainda mais necessária, já que equipamentos mais modernos contam com baterias que permitem o backup de energia em meio a eventuais apagões. 

Ainda de acordo com o diretor do PNI, em 2023, a pasta fez um levantamento da situação da rede de frio em todo o país, quando foi constada “necessidade de grande investimento”. O primeiro passo, segundo ele, envolve regulamentação. Para isso, o ministério colocou em consulta pública uma proposta de portaria que padroniza centrais da rede de frio no Brasil. O documento propõe cinco modelos de planta, com base, por exemplo, na população do município e na demanda de armazenamento de vacinas. 

A consulta pública pretende receber contribuições tanto de setores especializados quanto da sociedade em geral, sobre finalidade, objetivos, composição, diretrizes gerais, indicadores e atribuições dos componentes da rede de frio no país. As propostas podem ser enviadas até o dia 30 de setembro por meio de formulário.

*A repórter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)

Comissão define status do Brasil em relação ao sarampo em novembro

O Brasil recebe no dia 4 de novembro a Comissão Regional de Monitoramento e Verificação da Eliminação do Sarampo, da Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita nas Américas. Esta será a quarta reunião em solo brasileiro do grupo, criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para monitorar a situação das doenças no continente. O encontro, em Brasília, deve definir, especificamente, o status brasileiro em relação ao sarampo. 

Em 2016, o país havia sido certificado como livre do sarampo. O registro de diversos casos importados associados a baixas coberturas vacinais, entretanto, levaram a um novo surto da doença em 2018. Desde então, o Brasil busca, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), fortalecer e integrar ações de vigilância epidemiológica, laboratório, vacinação, atenção primária, comunicação e mobilização social e comunitária.

A previsão, de acordo com o Ministério da Saúde, é que a comissão permaneça no país até 6 de novembro. Durante a 26ª Jornada Nacional de Imunizações, no Recife, o diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti, disse estar otimista diante da possibilidade de recertificação do Brasil como área livre do sarampo.

“Conseguir a recertificação é algo muito possível”, avaliou, ao citar que o país “avançou” de categoria em 2023, passando de endêmico para pendente de reverificação.

Dados da pasta mostram que, em 2018, com a reintrodução do vírus, o país contabilizou 9.329 casos de sarampo em 11 estados. No ano seguinte, o cenário se agravou, totalizando 21.704 casos em 23 estados e levando à perda do certificado.

Em 2020, 8.035 casos foram registrados em 21 estados. No ano seguinte, foram 670 casos em seis estados. Por fim, em 2021, o Brasil registrou 41 casos em quatro estados, sendo o último no dia 5 de junho, no Amapá. 

De lá para cá, nenhum caso autóctone (proveniente de transmissão local) de sarampo foi identificado no Brasil.

Segundo o ministério, dois casos importados da doença foram identificados este ano – um no Rio Grande do Sul e um em Minas Gerais. O cenário permite dizer que o país está há dois anos sem a confirmação de casos endêmicos e, portanto, sem a circulação do vírus, o que abriria caminho para a recertificação. 

A comissão regional fez recomendações ao país no ano passado. Segundo o diretor Ministério da Saúde, foram cumpridas as seguintes:  

– concluir atividades de microplanejamento para melhorar os níveis de imunidade da população;

– intensificar de forma urgente atividades de vacinação em estados e municípios de alto risco e que registraram surtos anteriores;

– modernizar os sistemas de informação sobre vacinação e vigilância de casos;

– e treinar profissionais de saúde estaduais e municipais em conceitos básicos de vigilância, busca ativa e resposta rápida ao sarampo.

Ainda de acordo com o diretor do PNI, a pasta deve publicar em outubro uma atualização do plano de ação relacionado à doença, que deixa de mirar na interrupção da circulação do vírus no país e passa a priorizar a reverificação do sarampo e também a sustentabilidade da eliminação da rubéola no Brasil.

Outra ação destacada por Gatti é a instituição do Dia S, um dia de mobilização nacional para vacinação e busca ativa de casos de sarampo.

“A busca pela eliminação do sarampo não envolve só vacinar. Há todo um processo de vigilância que a gente precisa organizar”, disse, ao citar desafios não apenas para alcançar a recertificação de país livre da doença, como também para a manutenção dessa nova certificação, de forma que o cenário de 2018 não se repita. 

*A repórter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).