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Rodovias concedidas em São Paulo devem receber 3,8 milhões de veículos

Mais de 3,8 milhões de veículos devem trafegar pelas rodovias concedidas no estado de São Paulo, tanto em direção ao litoral quanto ao interior paulista, durante o feriado do Ano Novo. A estimativa é da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), que inicia na segunda-feira (30) a contagem de saída da capital e da Grande São Paulo.

De acordo com as previsões no Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), que liga a capital à Baixada Santista e ao litoral sul, a concessionária Ecovias estima que aproximadamente 875 mil veículos descerão a serra pelas rodovias Anchieta (SP-150) e Imigrantes (SP-160). Na Rodovia dos Tamoios (SP-099), que leva ao litoral norte, a previsão é que cerca de 242 mil veículos circulem entre os dias 30 de dezembro e 3 de janeiro.

Nos trechos sul e leste do Rodoanel Mario Covas, administrados pela SPMar, espera-se a circulação de mais de 830 mil veículos. O trecho oeste, administrado pela RodoAnel, deve receber 968 mil veículos.

No Sistema Castello-Raposo, operado pela ViaOeste, é esperado fluxo de aproximadamente 677 mil veículos no período. No Sistema Anhanguera-Bandeirantes, devem circular cerca de 802 mil veículos. Nas duas rodovias, o maior movimento deve ocorrer na segunda-feira (30) entre 16h e 18h, terça-feira (31) das 11h às 12h.

No retorno do feriado de fim de ano, a Castello-Raposo deve registrar maior movimento na quarta-feira (1º) entre 15h e 21h, e quinta-feira (2) entre 8h e 11h. Já na Anhanguera-Bandeirantes, os horários de maior fluxo para a volta do feriado estão previstos para a quarta-feira, das 15h às 22h, e quinta-feira (2), das 8h às 11h.

No Corredor Ayrton Senna-Carvalho Pinto (SP-070), a expectativa da Ecopistas para o período é que cerca de 963 mil de veículos passem pelas quatro praças de pedágio nos dois sentidos da rodovia. Pelas rodovias Pedro Eroles (SP-088), entre Arujá e Mogi das Cruzes, Dom Paulo Rolim Loureiro (SP-098), entre Mogi das Cruzes e Bertioga, Doutor Manuel Hipólito Rego (SP-055), entre Bertioga e Santos, e Padre Manuel da Nóbrega (SP-055), entre Praia Grande e Miracatu, que conectam os municípios do Alto Tietê à Baixada Santista e ao Vale do Ribeira, devem passar cerca de 302 mil veículos.

Litoral

Segundo boletim mais recente da Ecovias, publicado às 8h, há lentidão na Rodovia dos Imigrantes, sentido litoral, do Km 28 ao Km 32; do Km 40 ao Km 43 e do Km 50 ao Km 53, todos os trechos com alto fluxo de veículos. O tempo está encoberto, com neblina no topo de serra. “Por conta da baixa visibilidade, estão bloqueadas a alça da Anchieta, no Km 40 norte com acesso à Interligação Planalto, sentido Imigrantes, a alça da Imigrantes para a Interligação no K 42, sentido Anchieta, e a alça de retorno no Km 40+200, sentido litoral’, diz o boletim.

Caminhões e carretas com destino a São Paulo devem usar o trecho de serra da Via Anchieta. A pista norte da Via Anchieta está bloqueada no trecho de serra para inversão de mão de direção. O SAI está em Operação 5×3. Para a descida, o motorista pode pegar a pista sul da Via Anchieta ou a pista sul da Rodovia dos Imigrantes. Já a subida da serra é realizada apenas pela pista norte da Rodovia dos Imigrantes.

De acordo com a concessionária, desde a meia-noite de quinta-feira (26), mais de 118 mil veículos desceram a serra em direção à Baixada Santista. No sentido São Paulo, a concessionária registrou a passagem de mais de 80 mil veículos. No início da manhã de hoje, entre as 7h e as 8h, desceram mais de 5,7 mil veículos e subiram mais de 2,1 mil veículos.

PM afasta policial que atirou à queima-roupa em rapaz em São Paulo

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) anunciou nesta quinta-feira (26) que a Polícia Militar afastou os quatro policiais militares envolvidos na ação que resultou no disparo de um tiro à queima-roupa em um jovem de 24 anos de idade, na madrugada de quarta-feira (25).

Conforme a SSP, os policiais militares estavam desobstruindo uma rua quando aconteceu uma confusão com os moradores A vítima estava filmando a ação e se desentendeu com um dos agentes da polícia. Um outro policial, sob alegação que o rapaz tentou tirar a arma do policial, efetuou os disparos.

O jovem foi levado para atendimento em um hospital de Osasco, e não há informações sobre seu estado de saúde. O caso foi registrado no 89º Distrito Policial do Jardim Taboão, em São Paulo.

Em seu comunicado, a SSP diz que “a Polícia Militar instaurou um inquérito policial militar para apurar rigorosamente o caso e afastou quatro policiais envolvidos na ação. As imagens registradas pelas câmeras corporais dos agentes farão parte do inquérito. Desvios de conduta não são tolerados pela corporação e todas as medidas cabíveis serão tomadas”.

Mais de 120 kg de pasta base de cocaína são apreendidas no Rio

Em uma ação conjunta com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), agentes da Polícia Federal prenderam dois homens que transportavam 120 quilos de pasta base de cocaína, na Rodovia Presidente Dutra, no município de Piraí, no sul fluminense. A dupla transportava a droga de São Paulo para uma facção criminosa no Rio de Janeiro.

Os homens estavam em dois veículos, e os 120 kg de pasta base de cocaína estavam escondidos em um fundo falso no assoalho, bem como no interior do painel multimídia de um dos veículos.

A pasta seria distribuída em uma comunidade dominada por uma facção criminosa. De acordo com os policiais, o preparo da pasta base de cocaína daria para obter mais de 200 quilos de cocaína pura.

São Paulo anuncia retorno de Oscar, 14 anos após saída polêmica

Após 14 anos, o meia Oscar está de volta ao São Paulo. O Tricolor anunciou nesta terça-feira (24), véspera de Natal, a contratação do jogador de 33 anos, revelado no clube e que passou as últimas oito temporadas no Shanghai Port, da China.

A última temporada de Oscar foi justamente a de melhores números no futebol chinês: 16 gols e 29 assistências em 39 jogos, ou seja, participação média de ao menos um gol por partida. Pelo Shanghai Port, foi três vezes campeão nacional (2018, 2023 e 2024) e ainda venceu uma Supercopa da China, em 2019.

“Oscar é um jogador que dispensa comentários. Tem uma qualidade técnica difícil de se encontrar no mercado. Eu me empenhei pessoalmente nesta negociação, pois já conversava com ele há mais de seis meses sobre essa possibilidade. Vamos trabalhar para termos um 2025 com grandes resultados”, afirmou o presidente do São Paulo, Julio Casares, ao site do clube.

Antes de atuar na Ásia, Oscar defendeu o Internacional (2010 a 2012) e o Chelsea, da Inglaterra  (2012 a 2017). Pelo Colorado, foi bicampeão gaúcho (2011 e 2012) e venceu a Recopa Sul-Americana de 2011. No clube inglês, conquistou a Liga Europa (2012/2013), a Copa da Liga Inglesa (2014/205) e foi duas vezes campeão nacional (2014/2015 e 2016/2017).

Pela seleção brasileira, o meia esteve presente em 48 jogos, com 12 gols e 15 assistências. Vestindo a Amarelinha, fez parte do time campeão da Copa das Confederações de 2013, no Brasil. No ano seguinte, integrou a equipe que disputou a Copa do Mundo, também em solo brasileiro, balançando as redes duas vezes.

A saída de Oscar do São Paulo para atuar no Inter foi tumultuada. Em 2009, um ano após estrear no time principal do Tricolor, o meia acionou o clube na Justiça alegando problemas na assinatura de seu primeiro vínculo profissional, aos 16 anos. O jogador foi poucas vezes a campo pela equipe paulista: 14 jogos, nenhum gol e duas assistências. Apesar disso, integrou o elenco campeão brasileiro em 2008.

“Estou feliz de voltar ao Brasil e poder jogar no São Paulo, que é o clube onde comecei, fiz a minha base e me revelou. Estou feliz com essa possibilidade de retornar, a minha família também. Agradeço pelo carinho que recebi nas redes sociais nos últimos dias, e farei o meu melhor para conquistarmos grandes coisas juntos”, comentou Oscar, à página do Tricolor.

São Paulo pode ter chuvas fortes com alagamentos no fim da semana

A previsão do tempo para a capital paulista é de fortes chuvas, com risco de inundações, alagamentos e deslizamentos de terra em áreas mais vulneráveis entre quinta-feira (26) e sexta-feira (27). O alerta é do Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas da Prefeitura de São Paulo (CGE).

O CGE explica que o intenso volume de chuvas se deve à formação da primeira Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) neste verão, estação que iniciou no último sábado (21). “É uma banda de nuvens que se estende desde o norte do país, alinhada com uma frente fria no litoral do sudeste”, esclarece o órgão em nota.

Amanhã (24), véspera de Natal, deve ser caracterizada por muitas nuvens e chuviscos descontinuados durante a madrugada e nas primeiras horas da manhã. Para a tarde e o fim do dia, há maior probabilidade de alternância entre tempo mais fechado e curtos períodos de sol. As temperaturas devem variar entre mínima de 19°C na madrugada e máxima de 25°C à tarde, com os percentuais de umidade do ar entre 65% e 95%.

Para a próxima quarta-feira (25), dia de Natal, a previsão é de madrugada de céu nublado, com temperatura em torno de 19°C e vento fraco de nordeste/leste.O sol deve aparecer entre nuvens e a tendência é de que a temperatura aumente ao longo do dia. 

A máxima deve ser de 28°C e a taxa mínima de umidade, em torno dos 52%. Entre o início e o fim da tarde, é provável que haja pancadas de chuva isoladas, enquanto, à noite, há mais chance temporais, com formação de alagamentos. O tempo instável se estende até a madrugada do dia seguinte.

A Defesa Civil do Estado de São Paulo ressalta que todo o período natalino deve ser marcado por chuvas intensas. As regiões com maior propensão são as do Litoral Norte, Vale do Paraíba, Litoral Sul, capital paulista, Região Metropolitana de São Paulo, Região de Campinas, Sorocaba e Bauru.

 

Rodízio de veículos fica suspenso até o início de janeiro em São Paulo

O rodízio de veículos na capital paulista está suspenso a partir desta segunda-feira (23) até o dia 10 de janeiro. A restrição volta a valer na segunda-feira, dia 13 de janeiro.

De acordo com a prefeitura, o rodízio de placas para caminhões continua inalterado nas próximas semanas, medida que também afeta as regras da Zona de Máxima Restrição à Circulação de Caminhões (ZMRC) e da Zona de Máxima Restrição ao Fretamento (ZMRF).

O rodízio proíbe a circulação de veículos no centro expandido paulistano das 7h às 10h e das 17h às 20h, de segunda a sexta-feira. Às segundas, não podem transitar nessa área aqueles com placas de finais 1 e 2; às terças, a restrição vale para finais 3 e 4; às quartas, finais 5 e 6; às quintas, 7 e 8; e às sextas,  9 e 0.

Entre as vias que formam a área onde vigora a regra estão as marginais Tietê e Pinheiros, as avenidas dos Bandeirantes e Affonso D´Escragnole Taunay, o Complexo Viário Maria Maluf, a Avenida Tancredo Neves, a Rua das Juntas Provisórias, o Viaduto Grande São Paulo e as avenidas Professor Luiz Ignácio de Anhaia Melo e Salim Farah Maluf.

A multa para os condutores que desrespeitarem o rodízio é de R$ 130,16. Além disso, o motorista ganha quatro pontos na carteira de habilitação.

São Paulo ainda tem 36 mil casas sem energia neste domingo

Balanço da concessionária Enel Distribuição SP, divulgado às 16h deste domingo (22), mostra que, nas 24 cidades da região metropolitana de São Paulo atendidas pela empresa, 35,7 mil residências ainda estão sem energia elétrica. 

De acordo com a concessionária, a interrupção do fornecimento é causada pelas chuvas que atingem a região desde sexta-feira (20), mas também por eventos comuns na rotina de distribuição de energia, como colisões de carros em postes e interferência de vegetação na rede elétrica.

Às 16h, o município de São Paulo tinha 28 mil consumidores sem luz, seguido de Mauá (2,1 mil), Ribeirão Pires (1,5 mil) e Santo André (1,4 mil). 

Segundo a Enel, na capital paulista o Corpo de Bombeiros informou ter recebido 111 chamados para quedas de árvores em razão das chuvas. 

“A companhia acionou antecipadamente seu plano de contingência, com reforço das equipes em campo, que seguirão trabalhando 24 horas para reconstruir os trechos de rede danificados e restabelecer o serviço para todos os clientes”, informou a Enel em nota.

São Paulo começa o verão com 18 praias impróprias para banho

O mapa de qualidade da água da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) mostra que, neste domingo (22), segundo dia do Verão, 18 praias do litoral paulista estão impróprias para banho. 

O litoral norte tem o maior número de praias impróprias, 13: Rio Itamambuca, Itaguá 1, Itaguá 2 e Lázaro, no município de Ubatuba; Centro e Indaiá, em Caraguatatuba; Prainha, Cigarras, Arrastão, Pontal da Cruz, Porto Grande e Preta do Norte, em São Sebastião; e Itaquanduba, em Ilhabela.

A Baixada Santista tem cinco praias impróprias para banho: Perequê, em Guarujá; Aviação, Vila Mirim e Maracanã, em Praia Grande, e Vera Cruz, em Mongaguá. Nenhuma praia do litoral sul está classificada como imprópria. 

A próxima medição do mapa de qualidade da Cetesb está prevista para o próximo dia 26.

A classificação é baseada nas quantidades de bactérias presentes na água do mar como coliformes termotolerantes (anteriormente conhecidos como coliformes fecais), Escherichia coli e enterococos.

Partituras de sufragista são descobertas e ganham vida no piano

Os olhos da aluna sorriem enquanto o som do piano domina a sala e os seus sentidos. A professora toca, ensina, mas, neste lugar, também aprende. As notas da música Noturno saem dos dedos da pianista Renata Sica e se espalham pela sala de uma casa na cidade de Araras (SP). Maria José Febraro, de 75 anos, flutua no tempo ao saber que aquela a obra foi composta por uma mulher negra como ela, com sonhos suados parecidos com os dela, com as conquistas de vez em quando e com os nãos de todos os dias. 

Maria José Febraro (direita), de 75 anos, encontrou em Almerinda semelhanças com sua própria história. Ao seu lado, a professora de piano Renata Sica. Foto: Renata Sica/Arquivo pessoal

A autora da música foi a sufragista, datilógrafa e sindicalista Almerinda Farias Gama (1899-1999). Almerinda foi uma trabalhadora alagoana histórica, invisibilizada no século 20 e uma figura até então desconhecida para a professora que tocava, para a aluna que ouvia e para o mundo. As duas sabem que estão diante de uma partitura histórica com as marcas amareladas do tempo.

A primeira a perceber que tinha uma relíquia diante de si foi a pesquisadora Cibele Tenório, doutoranda em história pela Universidade de Brasília (UnB) e jornalista da Rádio Nacional, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Foi Cibele quem encontrou as partituras arquivadas na Escola Nacional de Música, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Ritmos

Cibele lançará, no ano que vem, uma biografia sobre Almerinda Farias (pela editora Todavia). Essa biografia nasceu de uma pesquisa de mestrado na UnB, sob orientação da professora Teresa Marques. No percurso para conhecer mais de Almerinda, Cibele descobriu que a sufragista tinha paixão pelo piano e havia criado músicas de variadas inspirações.

“Falamos de uma personagem que foi esquecida”, diz a pesquisadora. Cibele explica que Almerinda, em uma entrevista em 1984, recordou que a avó paterna ensinou francês, prendas domésticas e aula básica de piano. “Ela disse que nunca ingressou em um conservatório na infância. (…) Depois, quando era idosa e se aposentou como datilógrafa, voltou a se dedicar ao piano, o instrumento da infância”, afirma Cibele.

“Vai estragar os dedos”

A trajetória de Almerinda encanta e comove Maria José, que também conheceu o piano na infância. “Saber dessa história de luta, de uma mulher negra como eu, me deu mais vontade de aprender piano”, diz Maria José. A mulher que hoje ouve o instrumento, já escutou dos patrões da mãe, empregada doméstica em um sítio, que não deveria chegar perto do piano da casa. “Disseram que, se eu tocasse, poderia estragar meus dedos”, recorda. 

Hoje, os dedos e o coração da ex-lavradora e empregada doméstica encontram notas – as teclas brancas – e seus bemóis e sustenidos – as pretas – graças à vizinha musicista Renata Sica. “Eu fiquei tocada quando o Instituto do Piano Brasileiro divulgou a descoberta das partituras. Eu queria tocar. E foi como viajar no tempo”, conta a professora. 

Conhecendo Almerinda

A jornalista e pesquisadora Cibele Tenório foi a primeira a perceber a relíquia que tinha em mãos. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

A divulgação da descoberta das partituras desconhecidas ocorreu a partir da descoberta de Cibele Tenório. Cibele se emocionou quando viu as partituras em suas mãos e depois, ao ouvir a aquele papel amarelado virando música na execução de Renata. “É como se tivesse encontrando com Almerinda”. Mais do que documentos, a música, na prática, faz reviver a personagem. Deixou de ser só história no livro e passou a ser vida entoada.

“A Almerinda tocava piano quando era criança. Também teve a vida toda nas teclas da máquina de escrever. É como se ela tivesse trocado as teclas. Inverteu, na infância, as teclas do piano para as da datilografia. Na velhice, voltou para as teclas em preto e branco”. A pesquisadora explica que Almerinda disse, aos 85 anos de idade, que havia, ao longo da vida, feito mais de 90 músicas. 

As canções foram para a Escola Nacional de Música, no Rio de Janeiro. Cibele localizou 29 obras e conseguiu acesso e liberação para que o material fosse divulgado. “A maioria tem versos e têm a letrinha dela. São de gêneros variados, como baião, valsa, samba…. Como ela afirmou que havia mais de 90 trabalhos, há ainda muito o que vasculhar”. 

As partituras não têm datas identificadas e tratam sobre amor, lendas amazônicas (Almerinda morou em Belém) e até canções de ninar. “Eu comecei primeiro conhecendo a figura pública, uma ativista pelo direito das mulheres. Depois, descobri as partituras”. Os papéis eram uma conquista, mas os sons levaram a descoberta a uma outra dimensão.

Divulgação

Almerinda Farias iniciou seus estudos no piano ainda criança. Foto: Almerinda Farias/Arquivo pessoal

Os sons se tornaram possíveis também porque a pesquisadora levou as partituras para o Instituto do Piano Brasileiro para que pudesse haver divulgação dos materiais. “A gente já publicou mais de 4 mil vídeos de partituras de compositores brasileiros [anônimos]”. Depois de veiculado na página do instituto, pianistas se interessaram em fazer que a música não ficasse somente em papéis antigos. “As músicas da Almerinda são simples. Podem ser tocadas em ambiente doméstico ou recitais”, diz o presidente do instituto, Henrique Dias. Ele explica que as canções funcionam no piano solo, mas também podem e devem ser cantadas.

“O que mais me chamou atenção foi ver o ecletismo dessa intelectual. Mostra que mente vivaz e afiada que ela era”, diz o pianista. Para Cibele Tenório, a sensação de ouvir foi diferente. Mais do que método, papéis e teoria, há sentimentos que a pesquisadora não consegue explicar racionalmente.

“Meu encontro com a Almerinda também é proporcionado pela ancestralidade. Sou filha de uma mulher negra e a minha pesquisa é, de alguma maneira, um reencontro com a minha mãe [que faleceu quando a pesquisadora era adolescente]”. O resgate é para que as pessoas não sejam esquecidas. 

Revolucionária

Pesquisadora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea, do Departamento de Letras da UFRJ, a professora Kátia Santos entende que histórias como a de Almerinda, trabalhadora negra que nasceu 11 anos após a abolição da escravatura, são situações atípicas e revolucionárias. Kátia avalia que, mesmo dentro das próprias famílias negras, a arte acaba não podendo ser a prioridade porque a sobrevivência sempre foi o mais importante. A conquista de Almerinda não foi simples. 

“As mulheres negras são as que mais sofrem a opressão […] Elas têm sempre que se juntar para tentar fazer valer um espaço para elas. Mas a base de tudo isso, para que essas pessoas tenham oportunidade de saber se têm essas aptidões, se querem fazer isso, é garantir a educação”, considera Kátia Santos. 

Para ela, a história de Almerinda mostra uma necessidade cidadã. “Ela queria exercer a arte também. Isso é muito importante”. Essa necessidade agora é da professora Renata, que resolveu tocar e gravar as músicas da sufragista. Uma necessidade também para a aluna de piano Maria José. “Desde criança, eu amei piano. Mas eu era muito pobre e não tinha possibilidade de estudar. Agora, eu consigo. Almerinda é mais uma inspiração para mim”. O silêncio foi desfeito. 

São Paulo ainda tem mais de 57 mil casas sem energia neste domingo

Após as chuvas que atingiram São Paulo na sexta-feira (20), 57.316 casas continuam sem energia neste domingo (22), na região metropolitana da capital paulista, área de responsabilidade da concessionária Enel Distribuição São Paulo.

Às 10 horas, São Paulo tinha 40,3 mil consumidores sem luz, seguido de Mauá (8,3 mil pessoas sem energia), Santo André (3,2 mil) e Ribeirão Pires (2,5 mil). Na capital paulista, as regiões mais afetadas são os bairros de Vila Prudente, Itaquera, São Mateus, Carrão, Brasilândia e Tremembé.

Segundo a Enel Distribuição São Paulo, na capital paulista, o Corpo de Bombeiros informou ter recebido 111 chamados para quedas de árvores em razão das chuvas. 

“A companhia acionou antecipadamente seu plano de contingência, com reforço das equipes em campo, que seguirão trabalhando 24 horas para reconstruir os trechos de rede danificados e restabelecer o serviço para todos os clientes”, disse a concessionária em nota.