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Inmet alerta para chuvas intensas no Rio e no Vale do Paraíba

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgou um alerta de perigo de chuvas intensas para o Sul fluminense, a região metropolitana do Rio de Janeiro e o Vale do Paraíba. Segundo o Inmet, há previsão de chuva entre 30 e 60 mm/h ou 50 e 100 mm/dia, ventos intensos (60-100 km/h), risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas. O alerta vai até as 18h desta quinta-feira (15).

A recomendação do Inmet é em caso de rajadas de vento, não se abrigar debaixo de árvores, pois há risco de queda e descargas elétricas e não estacionar veículos próximos a torres de transmissão e placas de propaganda. Se possível, desligar aparelhos elétricos e quadro geral de energia e obter mais informações junto à Defesa Civil (telefone 199) e ao Corpo de Bombeiros (telefone 193).

 

No bloco Me Enterra na Quarta, foliões negam fim do carnaval do Rio

Há 20 anos, o Cordão do Me Enterra Na Quarta convoca os cariocas e turistas para encerrar a folia. O bloco surgiu para estimular a extensão do carnaval até a quarta-feira de cinzas. Mas, se depender da expectativas de alguns foliões, a festa ainda vai durar mais dias.

Para Lenise Fernandes, o carnaval começou na quarta. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

“Meu carnaval começou hoje. Eu estava com covid-19. Tive alta na segunda-feira, mas só tive energia para vir hoje. Para mim, é ‘me ressuscita na quarta'”, disse a professora universitária Lenise Fernandes.  

 Me Enterra na Quarta entrou na rua com muita alegria. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

No calendário católico, a quarta-feira de cinzas é o primeiro dia da Quaresma, um período de sacrifícios e privações. Embora o carnaval seja uma festa de origem pagã, durante grande parte do século passado, havia de alguma forma um certo alinhamento com a agenda religiosa. Tudo começava no sábado e se encerrava na noite de terça-feira para quarta-feira, dia que era então considerado por muitos foliões um momento para descansar e para recuperar as energias.

De uns anos para cá, no entanto, surgiram em muitas cidades opções para quem quer estender o seu carnaval para além da terça-feira. O Córdão do Me Enterra na Quarta é um dos mais tradicionais blocos da quarta-feira de cinzas do Rio de Janeiro. Em suas redes sociais, o público é convocado “para fechar o carnaval com chave de ouro”. A banda que dá o tom do cortejo executa marchinhas, maracatus, sambas, axés e forrós.

Bloco desfila nas ruas da Glória na quarta-feira de cinzas. Foto:Fernando Frazão/Agência Brasil

“É quarta-feira o carnaval acabar⁣/ Não dá não dá/ Viver sem ti, meu amor⁣/ Eu já bebi por aqui⁣/ Eu já caí por ali⁣/ Seguindo em frente/ cantando a minha dor⁣/ Dia de Cinzas, o sonho acabou/ E já não posso parar/ Mas o que hei de fazer⁣/ Me embebedar de prazer⁣/ Eu vou brincar até o sol raiar⁣”, diz o hino do bloco, composto por Laura Berredo e Jo Codeço.

Apesar de entrarem no ritmo, muitos foliões não planejam levar a composição ao pé da letra. O médico Nicolás Cuan [TEMOS FOTOS DESSE PERSONAGEM] é outro que não pretende colocar um ponto final na folia. “Carnaval no Rio? São quatro meses. Não vamos enterrar o carnaval hoje. Impossível. Amanhã podemos fazer uma pausa. Depois continuamos”.

Com nacionalidade mexicana e alemã, ele realizou intercâmbio acadêmico no Brasil e não pensou duas vezes antes de voltar ao país para o carnaval. “Vim curtir essa festa maravilhosa que não tem igual em nenhum outro lugar do mundo. Aproveitei também para fugir do frio europeu”, conta.

Foliões não querem parar. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil – Fernando Frazão/Agência Brasil

Nesta edição, pela primeira vez, o Cordão do Me Enterra Na Quarta realizou seu cortejo nos arredores da Praça Paris, no centro do Rio de Janeiro. Até então, o bloco percorria anualmente as ladeiras do bairro de Santa Teresa. Pelas redes sociais, a alteração foi anunciada e justificada.

“O motivo da decisão para a mudança foi, em primeiro lugar, a segurança dos foliões. As estreitas ladeiras já não comportavam mais a maravilhosa multidão que nos acompanha. Em segundo, o tamanho da nossa banda. Com mais de 150 integrantes, para conseguirmos manter a unidade do som, precisamos de um local mais amplo. O lugar escolhido não podia ser melhor. O arco de árvores centenárias, o enorme jardim da Praça Paris, as três pistas fechadas que possibilitarão, pela primeira vez, termos uma ala destinada às pessoas com deficiência, crianças e idosos”, iinformou o bloco.

Nos 40 anos da Sapucaí, Viradouro é campeã do carnaval do Rio

A escola de samba Unidos da Viradouro é a campeã do Carnaval do Rio de Janeiro de 2024. No ano em que a Marquês de Sapucaí comemora o 40ª aniversário, a Viradouro teve o melhor desempenho entre as 12 escolas de samba carioca do Grupo Especial: 270 pontos. Foi o terceiro título da escola. O último havia sido em 2020.

Esse ano, havia uma tensão quanto ao resultado final, antes mesmo da divulgação das notas. No início da apuração, Jorge Perlingeiro, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), organizadora do Grupo Especial, disse que estava em análise recurso apresentado pela Grande Rio, Imperatriz, Mocidade e Beija-Flor contra a Viradouro. Elas pediram para a escola ser punida com a perda de 0,5 ponto por uma irregularidade na comissão de frente. A alegação é que o limite de 15 integrantes visíveis durante a apresentação foi ultrapassado. Mas como a Viradouro ficou 0,7 ponto à frente da segunda colocada, nem o recurso, caso seja aprovado, poderá tirar o título da escola.

Com um samba que homenageia o culto ao vodum serpente, que nasceu na Costa ocidental da África, a Viradouro foi a última escola a entrar na Sapucaí na segunda-feira (12), o segundo dia de desfiles. As outras cinco melhores colocadas foram, nessa ordem: Imperatriz Leopoldinense, Grande Rio, Salgueiro, Portela e Vila Isabel. Elas se juntam à Viradouro para o Desfile das Campeãs, que acontece no Sambódromo, no próximo sábado (17). Com 264,9 pontos, a Porto da Pedra foi rebaixada e vai disputar a Série Ouro em 2025.

Rio de Janeiro/RJ, 14/02/2024, Apuração das notas das escolas do Grupo Especial do carnaval do Rio, na Cidade do Samba. Foto: Tânia Rego/Agência Brasil – Tânia Rego/Agência Brasil

 

Disputa

Os quesitos foram julgados na seguinte ordem: Alegorias e adereços, Bateria, Evolução, Mestre-sala e porta-bandeira, Comissão de frente, Enredo, Harmonia, Samba-enredo e Fantasias. Caso fosse necessário, o critério de desempate seria Fantasias, em sorteio definido horas antes da apuração. Pela primeira vez, a apuração ocorreu na Cidade do Samba, região portuária do Rio. Até o ano passado, a contagem de votos era feita na Praça da Apoteose, na Marquês de Sapucaí. A mudança de local de apuração atendeu a um desejo do presidente da Liesa. Outra novidade esse ano, foi que a escola vencedora fez um cortejo na pista onde estão localizados os barracões.

Ao fim do primeiro quesito, Grande Rio, Vila Isabel e Viradouro largaram na frente. E mantiveram a posição, e a disputa pelo primeiro lugar, até o quarto quesito, Mestre-sala e porta-bandeira, quando a Vila Isabel perdeu alguns décimos e caiu para o quinto lugar. A Imperatriz passou a perseguir as líderes com 3 décimos a menos. No quinto quesito, Enredo, a Grande Rio perdeu 3 décimos e a Viradouro, ainda intocada, assumiu a liderança isolada pela primeira vez. A escola de Niterói descolou 5 décimos para a Grande Rio no quesito Harmonia. No penúltimo quesito, Samba-enredo, a Viradouro abriu 7 décimos de vantagem para a Imperatriz, então segunda colocada. Na terceira nota do último quesito, Fantasias, um 10 garantiu finalmente o troféu para a escola.

Samba campeão

Liderada pelo carnavalesco Tarcísio Zanon, a escola de Niterói apresentou enredo com o título “Arroboboi, Dangbé”. O objetivo foi apresentar a força da mulher negra, por meio de um culto africano à cobra sagrada vodum. O samba foi escolhido em setembro do ano passado, composição de Claudio Mattos, Claudio Russo, Julio Alves, Thiago Meiners, Manolo, Anderson Lemos, Vinícius Xavier, Celino Dias, Bertolo e Marco Moreno.

A história remonta ao século XVIII em Benin, na Costa ocidental da África – atuais – onde o culto nasce por meio durante uma batalha, das guerreiras Mino, do reino Daomé. Elas foram iniciadas espiritualmente pelas sacerdotisas voduns, dinastia de mulheres escolhidas por Dangbé. Também foi contado como o culto chegou ao Brasil, em terreiros na Bahia, sob a liderança da sacerdotisa daomeana Ludovina Pessoa, que espalhou a fé nos voduns pelo território.

Confira o trecho inicial do samba:

“Eis o poder que rasteja na terra

Luz pra vencer essa guerra, a força do vodun

Rastro que abençoa Agojiê

Reza pra renascer, toque de Adarrum

Lealdade em brasa rubra, fogo em forma de mulher”.

Marinha emite aviso de ressaca do mar com ondas de 2,5m no Rio

A Marinha do Brasil emitiu um aviso de ressaca, iniciando às 3h desta quinta-feira (15) até 9h da sexta-feira (16), com previsão de ondas de 2,5 metros de altura. De acordo com o Sistema Alerta Rio, na quinta-feira, o transporte de umidade do oceano manterá o tempo instável na cidade do Rio de Janeiro, com céu nublado a encoberto e chuva fraca a moderada a qualquer hora do dia.

Os ventos estarão moderados a fortes e as temperaturas apresentarão declínio em relação ao dia anterior, com mínima de 19°C e máxima de 27°C.

No caso de ressaca, deve-se evitar o banho de mar; evitar a prática de esportes no mar; não permanecer em mirantes na orla ou em locais próximos ao mar durante o período de ressaca; os pescadores devem evitar navegar neste período de ressaca. Também deve-se evitar trafegar de bicicleta na orla caso as ondas estejam atingindo a ciclovia e não entrar no mar para resgatar vítimas de acidente. Neste caso, acione imediatamente as equipes do Corpo de Bombeiros pelo telefone 193.

Fantasia será o primeiro quesito de desempate no Grupo Especial do Rio

O quesito Fantasia é o que vai valer como critério de desempate para definir a campeã de 2024 entre as escolas de samba do Grupo Especial, que desfilaram no domingo (11) e na segunda (12).

Este foi o último quesito que apareceu no sorteio da ordem de leitura, feito nestas quarta-feira (14), na sede da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), no centro da cidade. Se persistir empate entre as escolas, a definição será feita pelo quesito samba enredo, que foi o penúltimo sorteado e, assim sucessivamente, até que ocorra o desempate.

Depois disso, persistindo o empate fica valendo o critério de quem tem mais notas 10 e na sequência em notas decrescentes até se chegar a uma escola campeã.

Empate

A última vez que o empate permaneceu até o fim, pelo critério dos quesitos, foi em 1998, quando a Mangueira e a Beija-Flor foram declaradas campeãs, depois de continuarem com igual pontuação. Antes disso, quando ainda não havia uma entidade única de associação das escolas, houve mais de uma vencedora, que concorreram por instituições e desfiles diferentes nos anos 1934, 1949,1950 e 1951.

Conforme a ordem sorteada, que foi acompanhada por representantes das agremiações, as primeiras notas conhecidas serão as do quesito alegorias e adereços. Na sequência virão bateria, evolução, mestre-sala e porta-bandeira, comissão de frente, enredo, harmonia, samba enredo e fantasia.

Cada quesito recebe notas de quatro jurados diferentes e a menor será descartada. Os julgadores podem dar entre de 9,0 e 10 pontos por quesito. São permitidas ainda notas fracionadas em decimais, como 9,1; 9,2; 9,3 e assim sucessivamente até a nota máxima de 10 pontos.

Apuração

A apuração vai começar às 15h45 e pela primeira vez vai ocorrer na Cidade do Samba, região portuária do Rio. Os integrantes das escolas vão acompanhar de dentro de uma área reservada na quadra do local onde foram montadas cadeiras e mesas para 100 convidados. O público em geral poderá ir ao local, sendo posicionado nas laterais fora da área reservada. Os portões da Cidade do Samba foram abertos ao público às 13h. Até o ano passado, a contagem de votos era feita na Praça da Apoteose, na Marquês de Sapucaí.

A mudança de local de apuração atende a um desejo do presidente da Liesa, Jorge Perlingeiro, que está no último mandato à frente da entidade. Perlingeiro queria que fosse em um lugar onde os representantes das escolas pudessem ficar mais próximos e com a presença do público de forma gratuita. Perlingeiro decidiu também que após ser anunciada a campeã, a escola vencedora fará um cortejo na pista onde estão localizados os barracões.

As seis primeiras colocadas voltarão ao Sambódromo, no próximo sábado (17), para o Desfile das Campeãs.

Rio de Janeiro confirma segunda morte por dengue

O secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, confirmou a segunda morte por dengue no município. Agora, sobe para quatro o número de mortos pela doença no estado, sendo dois na capital, um em Mangaratiba e um em Itatiaia.

A segunda vítima de dengue é um homem de 23 anos de idade, residente de Senador Camará, que apresentou sintomas como febre, dores musculares, vômito, náusea, dores nas articulações e atrás dos olhos e não apresentava doenças pré-existentes. O quadro evoluiu, após 3 dias, para sinais de alarme e gravidade como hipotensão postural, ou seja, ao mudar de posição, sensação de perda de força muscular, queda abrupta de plaquetas, dor abdominal intensa, sangramento espontâneo de mucosa e desidratação. O exame RT PCR foi detectável para dengue tipo 2 (DENV2).

Segundo dados do Painel Monitora, da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), de janeiro até o dia 13 de fevereiro, o estado registrou 39.311 casos prováveis de dengue. No ano passado, o Centro de Inteligência em Saúde (CIS-RJ), da secretaria, contabilizou 51.479 registros prováveis da doença, com 32 mortes.

A cidade do Rio de Janeiro entrou no dia 5 de fevereiro em situação de emergência devido ao aumento do número de internações por suspeita de dengue. A prefeitura apresentou um plano de contingência para enfrentamento à epidemia da doença, que prevê medidas de assistência à população e combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue.

Entre as medidas anunciadas estão a abertura de dez polos de atendimento, a criação do Centro de Operações de Emergência (COE-Dengue) e a disponibilização de leitos para pacientes com dengue nos hospitais da rede municipal. Além disso, estão previstos o uso de carros fumacê nas regiões com maiores incidências de casos e a entrada compulsória em imóveis fechados e abandonados.

Arte/EBC

Confira os blocos de carnaval do Rio de Janeiro nesta quarta de cinzas

A partir das 12h desta quarta-feira de cinzas (14), o carnaval dá espaço para a volta do cotidiano regular. Mas no Rio de Janeiro, ainda há chance para o folião curtir animação nas ruas. Seis blocos oficiais se apresentam na capital carioca. O Ainda Aguento, no bairro Ribeira, Ilha do Governador, começou às 11h, e tem dispersão às 16h. Veja a lista completa.

Ainda Aguento
Horário: 11h
Local: Ribeira, Ilha do Governador

Cordão do Me Enterra na Quarta
Horário: 14h
Local: Glória

Planta na Mente
14h20
Local: Lapa

Guri da Merck
Horário: 15h
Local: Taquara

Batuque das Meninas
Horário: 16h
Local: Catete

Bloco da Bey
Horário: 18h
Local: Centro

A temporada de folia nas ruas vai até o próximo domingo (18), com mais 40 blocos, entre eles dois megablocos – o Bloco da Anitta, no sábado (17), e o Monobloco, no domingo. Os dois desfilam na Rua Primeiro de Março, no Centro.

Bloco Rio Maracatu apresenta união de culturas pernambucana e carioca

Cerca de 2.000 quilômetros separam o Rio de Janeiro de Pernambuco. Mas na tarde dessa terça-feira de carnaval (13), os cariocas puderam aproveitar, bem no centro da cidade, um pouco da cultura pernambucana. O bloco Rio Maracatu desfilou entre a igreja da Candelária e a Praça XV, e agitou centenas de foliões, mesmo sob um calor forte que ultrapassou os 40º C.

Cortejo de carnaval do bloco Rio Maracatu – Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O grupo foi fundado em 1997, a partir da união de músicos pernambucanos e cariocas. Isso, num contexto de mobilização pela retomada e renovação do carnaval de rua no Rio de Janeiro. As atividades do grupo não se restringem aos dias da folia. Shows, oficinas e cortejos acontecem durante todo o ano. É o que explica uma das integrantes, a Vitória Arica, de 34 anos, que entrou no grupo em 2022.

“A gente está ensaiando para o carnaval desde setembro. No bloco, eu faço parte das Catirinas. São mulheres que ficam na beira do caminho quando o cortejo passa. Nós temos a função de proteger a Corte e fazer saudações para que ela vá adiante”, explica Vitória. “Eu gosto muito do bloco. Lá atrás, quando eu estava me sentindo muito sozinha depois da pandemia, conheci o Rio Maracatu, consegui me conectar com outras pessoas e aprendi bastante sobre a cultura pernambucana”.

 

Rio de Janeiro (RJ) – Cortejo de carnaval do bloco Rio Maracatu desfila no centro da cidade. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O Maracatu é uma manifestação folclórica que começou em Pernambuco. Tem vínculos fortes com o povo afro-brasileiro. A partir da representação de um cortejo real, são misturados elementos profanos e também ligados às religiões de matriz africana, como o candomblé. No Recife e em Olinda, desenvolveu-se com mais força o maracatu do baque-virado. Na área rural do estado pernambucano, se destaca o maracatu de baque solto, que incorpora instrumentos de sopro, além da percussão.

O Rio Maracatu está mais ligado ao baque virado e completou 27 anos em 2024. Durante todo esse tempo, não abriu mão do intercâmbio constante entre mestres e nações de Recife. As nações são os grupos tradicionais e seculares. Nesse Carnaval, o Décio Vicente atuou como o rei do bloco. Ele conheceu o grupo em 2018, durante um desfile em Ipanema, na zona sul, e se apaixonou.

“Eu e a rainha somos pessoas negras, o que torna tudo mais especial e legal. Faz com que o bloco esteja ainda mais ligado às nações do Maracatu de Recife. Estou animado, é um dos cortejos mais bonitos da cidade. O público sempre apoiou o bloco, mesmo mudando algumas vezes de lugar, e eu acho que tudo está muito emocionante hoje”, disse Décio.

O Pedro Prata é diretor do bloco e um dos professores das oficinas que acontecem durante todo o ano. Ele comemora o crescimento da festa, que a cada ano ganha mais integrantes e público.

“Desde o fim da pandemia, o bloco está renascendo, tem uma turma nova. Já é o terceiro ano dessa turma. E o carnaval está bem legal, estamos trabalhando vários anos para que ele cresça. Trazemos a cultura de Pernambuco, mas também misturamos um pouco com o nosso jeitinho carioca”, disse Pedro.

Carnaval turístico do Rio também nasceu da luta política dos sambistas

Arte/Agência Brasil

O carnaval turístico no Rio de Janeiro, desde o início dos anos de 1930, foi uma articulação política, que envolveu diversos setores, incluindo a imprensa e as agremiações carnavalescas, mercado de turismo e o Estado. Essa é uma das conclusões de pesquisa da doutora em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF) Fabiana Martins Bandeira. “Essa disputa aconteceu em torno de qual seria o carnaval que seria turístico”, explicou Fabiana

Intitulada Modernidade Negra na Praça Onze: escolas de samba, ação política e a construção do carnaval turístico, a pesquisa destaca a ação política das escolas de samba ao longo de todo o processo estudado, que se inicia em 1932, no primeiro desfile na Praça Onze, e vai até 1948, pegando o período do pós-guerra. 

“A principal conclusão a que eu chego é que o acesso à cidadania foi buscado por esses sambistas, negros, pobres, moradores de comunidades e subúrbios, através do seu carnaval, do seu desfile, e como essas comunidades foram agentes políticos de sua história. Elas lutaram, através dos seus desfiles, por maior acesso à cidadania e o reconhecimento do valor do samba das escolas de samba para a formação da brasilidade e o reconhecimento do valor do desfile para o crescimento desse carnaval político”, disse em entrevista à Agência Brasil.

Segundo Fabiana, há o entendimento de que foi uma ação política, que ficou mais evidente no pós-guerra, com a consciência do apoio dos sambistas para as eleições, em especial nos anos de 1945 e 1947, quando as escolas de samba atuaram diretamente nas campanhas políticas, com algumas lideranças sendo alvo de repressões e perseguições no governo de Eurico Dutra, principalmente após sua aproximação com o Partido Comunista do Brasil (PCB).

Cidadania

“Tudo isso mostra para a gente como essa ação de participação no carnaval turístico e nos rumos políticos da vida brasileira, as escolas de samba colocaram na rua discursos políticos”, avalia. 

Durante a guerra, as escolas cantaram sambas de apoio ao soldado combatente, sambas contra o nazifascismo. “Tudo isso foi mostrando que, mais do que simplesmente ter o direito de desfilar era, também, o direito de ser reconhecido como cidadão, como brasileiro, e ter o samba de morro, como a imprensa chamava na época, reconhecido como um grande valor cultural para o país”.

Boa parte da tese de Fabiana se concentra no período do Estado Novo de Getúlio Vargas. Foi quando ela observou o maior movimento de mostrar o samba no exterior e trazer também estrangeiros para a política da boa vizinhança com os Estados Unidos para verem o samba. Em algumas agremiações, ocorreram visitas importantes, como a do diretor Walt Disney, que esteve na Portela, em 1941; e do diretor de cinema Orson Welles, em 1942, que participou do carnaval na Praça Onze e tentou fazer um filme sobre a festa.

“Acho que a maior contradição que eu observei nesse período do Estado Novo e da política da boa vizinhança é sobre a identidade racial brasileira. De um lado, o samba vai sendo elevado no discurso da grande imprensa como representativo de uma suposta democracia brasileira e de uma suposta harmonia racial brasileira, que a gente sabe que é mito. Naquele período, o samba servia a esses propósitos da propaganda”, argumenta. 

Fabiana apurou, porém, que o que estava sendo mostrado no exterior era, principalmente, um samba branco, feito por sambistas e artistas brancos, como Carmem Miranda e o Bando da Lua, que participaram de movimentações oficiais brasileiras, como, por exemplo, na Feira Mundial de Nova York, entre 1939 e 1940.

Contradição

Ao mesmo tempo que o carnaval de rua popular e os desfiles das escolas de samba mostram a relação entre brasilidade e samba, o Estado brasileiro poucas vezes, naquele momento, associou isso ao sambista negro morador dos morros e subúrbios do Rio. 

“Pode-se dizer que o samba foi valorizado, mas o sambista continuou por muito tempo sendo estigmatizado, perseguido. O Estado Novo tem grandes contradições, tanto na questão da exportação do samba, do reconhecimento, da valoração do samba como típica música nacional, como no próprio cotidiano da cidade do Rio de Janeiro, durante a prefeitura do interventor Henrique Dodsworth, nomeado pelo presidente Vargas”.

Segundo a pesquisadora, foi na gestão de Henrique Dodsworth como prefeito do então Distrito Federal que as negociações das agremiações das escolas de samba com o Estado ficaram mais dificultadas, com o governo tentando se apropriar da recém-construída Avenida Presidente Vargas, espaço importante para a cultura popular, para fazer auto homenagem ao presidente e ao legado de seu governo. Ao mesmo tempo, se intensificavam as perseguições policiais e as regras eram cada vez mais rígidas para o carnaval de rua, enquanto havia incentivo para o carnaval interno de bailes em cassinos luxuosos e hotéis na orla de Copacabana, enquanto se enfraquecia o apoio ao carnaval popular, incluindo as escolas de samba.

Pacto

As agremiações de samba acabaram se organizando em associação e estabeleceram uma espécie de pacto político com o Estado para que essas comunidades tivessem algum benefício. Durante a prefeitura de Pedro Ernesto, antes do golpe de Estado, o pacto político começou a ser construído, com a inauguração, em janeiro de 1936, da Escola Municipal Humberto de Campos, na Mangueira, primeira unidade de ensino aberta em uma comunidade. Já a partir do Estado Novo, esse pacto político vai sendo rompido. Esse pacto significava que as escolas de samba entrariam com toda a sua festa, e sua performance para engrandecer e tornar mais interessante o carnaval turístico que estava sendo oficializado na prefeitura e cobrariam da municipalidade melhorias nas suas condições de vida e de acesso à cidadania.

O argumento de Fabiana Bandeira foi sendo construído em cima, principalmente, de uma percepção da ação política das escolas de samba, “do associativismo negro das escolas de samba como um motor para uma luta por cidadania de homens e mulheres negros, suburbanos, moradores de comunidades, que viviam sob uma sociedade extremamente racista, onde o discurso da eugenia era ainda muito forte”. 

“É uma luta antirracista que tem muitos desafios, contradições e dificuldades, mas tem também a vitória de ter conseguido se transformar no principal evento desse carnaval político”, explica. 

Na análise de Fabiana, a hegemonia das escolas no final dos anos de 1940 já é notável e coloca o sambista negro como o agente dessa história, símbolo do carnaval, da cultura popular. Para a pesquisadora, no entanto, essa “é uma luta contínua”.

Atualmente, o carnaval carioca se consolidou como um negócio, além de ter se tornado um grande momento de arrecadação para o Estado. O evento também se estabeleceu como mercado de trabalho para muitas pessoas, que trabalham o ano inteiro para colocar as escolas de samba na avenida, na visão de Fabiana. 

Segundo Fabiana, nos últimos anos as vozes e as intelectualidades negras vêm ganhando espaço novamente, deixando para trás uma fase polêmica de enredos patrocinados nas escolas de samba.

A pesquisadora entende, contudo, que ainda há uma permanência do racismo em muitos discursos da imprensa, principalmente pela mentalidade persistente na história recente que relaciona a figura do carnavalesco a um intelectual branco, oriundo da academia, considerado por muitos como mente criadora nas escolas de samba, deixando na invisibilidade os artistas das próprias agremiações que trabalham para a realização do carnaval.

Mudanças climáticas podem ampliar infestação de mosquito Aedes no Rio

As mudanças climáticas vão aumentar a frequência de dias mais quentes no Rio de Janeiro, nos próximos anos, e isso tem o potencial de ampliação da da população de mosquito Aedes aegypti e a transmissão da dengue no estado. A conclusão é de estudo realizado pelos pesquisadores Antonio Carlos Oscar Júnior, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e Francisco de Assis Mendonça, da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

A pesquisa, publicada em 2021 utiliza modelos de previsão climática para as próximas décadas e uma avaliação sobre o potencial impacto à eclosão de ovos do mosquito Aedes, transmissor da dengue, e ao ciclo de vida do inseto, para estimar a ocorrência da doença até 2070.

Segundo a pesquisa, um dos principais fatores para o aumento da proliferação do mosquito é a temperatura. No Rio de Janeiro, a previsão é de aumentos das temperaturas média e mínima nos próximos anos, o que favoreceria o ciclo de reprodução do Aedes.

Com isso, o período de inverno, quando historicamente há menos infecção pelo vírus da dengue, deverá passar a ter dias mais quentes, o que ampliará a janela de temperatura ótima para a infestação pelo mosquito Aedes e, consequentemente, o potencial para novos casos da doença nessa estação.

O aumento da temperatura no estado também poderá expandir a ocorrência do mosquito em locais do território fluminense onde hoje é limitada por causa do frio, como a região serrana, o sul fluminense e o noroeste do estado.

“Provavelmente, até 2070, vai ser ampliada a população do estado exposta à dengue. Eu não posso falar que vai ter um aumento no número de infecções ou um aumento no número de mortes. O que posso dizer é que são desenvolvidas condições ambientais adequadas para um aumento da população do mosquito. Como aumenta o vetor, tem uma maior difusão do vírus e uma maior exposição da população ao vírus”, afirmou.

A publicação do estudo, em 2021, não encerrou a pesquisa, que continua coletando dados climáticos e sua relação com a ocorrência do Aedes aegypti. O professor Oscar Júnior coordena uma rede de estações que fazem monitoramento meteorológico e possuem ovitrampas (armadilhas para mosquitos).

A rede de monitoramento hoje funciona em cerca de dez estações no Grande Rio e nas regiões sul, serrana e dos Lagos. A meta é expandi-la para outras regiões do estado. Além de contribuir para o entendimento entre a relação do mosquito com o clima, o sistema poderá ser usado para alertar autoridades sanitárias sobre riscos de infestação de Aedes aegypti, através de relatórios periódicos.

“Através dessa rede de monitoramento, a gente quer criar um sistema de alerta para que a gente possa diuturnamente, semanalmente avaliar o risco de desenvolvimento do Aedes aegypti e, portanto, de infecção”, explica Oscar Júnior. “A gente acredita que esse sistema de alerta vai ser um produto útil e prático pra fornecer informações semanalmente para que sejam tomadas decisões e possam atuar em relação ao risco de um aumento do número de casos de dengue”.

A ideia é começar a emitir relatórios semanais, a partir dos dados coletados na rede de monitoramento, já no próximo semestre.

Segundo Oscar Júnior, independentemente da imunização da população contra a dengue, que deve começar neste mês em algumas cidades brasileiras, o monitoramento do mosquito continua sendo importante, não só por causa da dengue, mas também devido a outras arboviroses transmitidas pelo Aedes, como a zika, a chikungunya e a febre amarela.