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Sábado para assistir e experimentar esporte paralímpico no Ibirapuera

Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil

Neste sábado (30) de muito sol em São Paulo, Mariana Prado, 28 anos, e sua sobrinha Giulia, 9 anos, decidiram passear pelo Parque Ibirapuera, na capital paulista. Foi então que elas se depararam com uma estrutura especial: uma arena com um telão que estava transmitindo ao vivo os jogos das Paralimpíadas de Paris. Ao lado desse telão, foi montada uma arena paradesportiva, onde ambas puderam experimentar como é praticar um esporte paralímpico.

A reportagem da Agência Brasil encontrou Mariana e Giulia sentadas em cadeiras de rodas, tentando arremessar uma bola ao cesto, no esporte chamado de basquete em cadeira de rodas. “É um esporte muito difícil, mas minha sobrinha está fazendo vários pontos. Ela é muito boa e eu sou terrível [nesse esporte]”, brincou a tia. “Esse espaço aqui é genial e um incentivo para a gente conhecer os esportes e dar mais atenção para as Paralímpiadas. A gente sempre tenta colocar ela [a sobrinha] para conhecer os esportes. E trazer ela para essa realidade, que não é tão comum, é genial”, disse a tia.

 Arena Paralímpica montada no Parque do Ibirapuera com telão e quadras esportivas . Foto:  Paulo Pinto/Agência Brasil

Giulia, por sua vez, que nunca tinha sentado em uma cadeira de rodas antes e sequer praticado esse esporte, contou ter adorado a experiência e disse que sua maior dificuldade no basquete em cadeira de rodas foi acertar a cesta. No fim, ela achou tudo “mais fácil do que imaginava”.

A Arena de Eventos foi montada em frente ao Planetário e atrás do Museu Afro Brasil e vai funcionar entre hoje (31) e amanhã (1° de setembro). A ideia foi criada pela Braskem, patrocinadora do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), e pela Urbia, concessionária do parque. As atividades são todas gratuitas e funcionam das 9h às 17h. Além disso, o local deve receber a presença de alguns atletas paralímpicos.

Segundo Ana Laura Sivieri, diretora de marketing e comunicação corporativa da Braskem, a estrutura foi montada com o objetivo de “ajudar a torcida brasileira a enxergar a beleza e a potência das Paralimpíadas e para que ela possa torcer por nossos atletas”. A ideia de realizá-la no Ibirapuera foi também uma oportunidade de celebrar os 70 anos do parque. “Celebramos 70 anos [do parque] neste mês. Então juntamos as duas coisas: o aniversário do parque e as Paralimpíadas”, disse.

“Estamos proporcionando a oportunidade para que os frequentadores do parque possam entrar nesse espaço gratuitamente, assistir aos jogos e ainda participar da arena paralímpica tendo experiências como jogar o basquete em cadeira de rodas, o futebol de cegos e outras atividades. Será um dia de diversão, de interação e de incentivo para que todos assistam e acompanhem nossos atletas, que já ganharam diversas medalhas”, acrescentou a diretora da Braskem.

O profissional de educação física Everaldo Ferraz, 29 anos, que trabalha com pessoas com deficiência intelectual e física, se surpreendeu com o espaço. “Cheguei aqui no Ibirapuera hoje e vi a arena. Como eu já tinha trabalhado na área, isso me despertou a curiosidade”, disse. Ele  revelou que estava ali, na arena, com duas crianças autistas.

“Elas aproveitaram muito o espaço. E foi importante trazer para eles a perspectiva do esporte adaptado, agora com o tema das Paralimpíadas. Esse espaço aqui traz um conhecimento para a população em geral e que, muitas vezes, não tem perspectiva de como são difíceis os esportes adaptados. É importante para valorizarmos isso ainda mais”, falou.

“As Paralimpíadas são um evento que potencializa e mostra para o mundo os nossos atletas – e o Brasil é uma referência nisso. Nas Olimpíadas passadas fomos recordistas, batendo o recorde, com 72 medalhas conquistadas. Apesar da falta de estrutura, o Brasil é referência, com atletas guerreiros”, ressaltou.

A professora Lilian Espindola, 53 anos, também conheceu o espaço por acaso. “Vim passear aqui pelo Ibirapuera e me deparei com essa estrutura e tive a curiosidade de vir conhecer”, afirmou. Nessa visita, ela aproveitou para praticar o futebol de cegos. “E já estou na fila para o tênis de mesa [em cadeira de rodas]”, brincou.

“Eles [monitores] colocaram a venda nos meus olhos e fizeram inicialmente um treinamento para a gente se familiarizar com o som da bola. Mas é muito difícil e muito complicado você estar em um ambiente que você não conhece, saber os limites e onde você está. E ainda ter que encontrar a bola e chutar ao gol. É bem complicado. Mas eu achei a experiência ótima”, falou a professora. “Acho que os esportes paralímpicos deveriam ser muito mais apoiados e muito mais divulgados. Infelizmente, só temos, na TV aberta, os jogos principais. Os paralímpicos têm pouco espaço na mídia. Acredito que deveria ser mais divulgado”, sugeriu Lilian.

Carol Santiago é ouro nos 100m costas e faz história para o Brasil

A primeira medalha de Carol Santiago em Paris foi cheia de história. Neste sábado (31), a nadadora pernambucana conquistou o ouro na prova dos 100 metros costas classe S12, para atletas com baixa visão e chegou a quatro ouros em Jogos Paralímpicos na carreira.

O resultado a coloca ao lado de Ádria Santos, velocista que marcou época pelo Brasil e, até então, estava isolada como a mulher brasileira com mais primeiros lugares em Paralimpíadas. Ádria – que segue como a atleta feminina com mais medalhas do país – somou 13 pódios pelo Brasil e Carol agora tem seis.

“Estou muito feliz, a prova foi incrível, a gente testou algumas coisas de manhã (na eliminatória) e tudo o que o meu técnico pediu para eu fazer eu vim aqui e fiz. E deu certo. Foi a melhor natação da minha vida. Estou muito satisfeita”, disse a atleta, em êxtase, em entrevista ao CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro) na saída da piscina.

Na final dos 100 costas, prova da qual é atual campeã mundial, Carol largou na frente e não foi incomodada em nenhum momento do percurso. Ela fechou com 1min08s23, melhor marca pessoal e recorde das Américas. Em segundo lugar, ficou a ucraniana Anna Stetsenko (1min09s43), enquanto a espanhola Maria Delgado Nadal conquistou o bronze (1min11s33).

Com o resultado, a pernambucana de 39 anos, que tardou em entrar para o movimento paralímpico e estreou em Jogos Paralímpicos apenas em Tóquio, tem seis pódios em oito provas disputadas na história dos Jogos. São quatro ouros, uma prata e um bronze, conquistado justamente nos 100 metros costas, há três anos.

Em Paris, Carol Santiago ainda corre atrás de mais quatro medalhas. O próximo compromisso é na segunda-feira (2), nos 50 metros livre classe S13, junto com atletas com deficiência visual menos severa. Depois, ela ainda nada os 200 metros medley, também na S13, além 100 livre e dos 100 peito, ambos na S12.

Aneel muda bandeira tarifária para vermelha patamar 2 em setembro

A bandeira tarifária de energia elétrica em setembro será vermelha patamar 2. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a previsão de escassez de chuvas e o clima seco com temperaturas altas motivaram o acionamento de usinas térmicas, aumentando os custos da operação do sistema elétrico.

Esta é a primeira vez em pouco mais de três anos que a bandeira vermelha patamar 2 é acionada, a última foi em agosto de 2021. Uma sequência de bandeiras verdes foi iniciada em abril de 2022 e interrompida apenas em julho de 2024 com bandeira amarela, seguida de bandeira verde em agosto.

O anúncio da Aneel, nessa sexta-feira (30), sinaliza maiores custos para a geração de energia elétrica, com um acréscimo de R$ 7,877 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.

Com a previsão de chuvas abaixo da média no próximo mês, o volume de água nos reservatórios das hidrelétricas do país também deve ficar cerca de 50% abaixo da média. “Esse cenário de escassez de chuvas, somado ao mês com temperaturas superiores à média histórica em todo o país, faz com que as termelétricas, com energia mais cara que hidrelétricas, passem a operar mais”, explicou a Aneel.

Criadas em 2015 pela Aneel, as bandeiras tarifárias refletem os custos variáveis da geração de energia elétrica. Divididas em níveis, as bandeiras indicam quanto está custando para o SIN gerar a energia usada nas casas, em estabelecimentos comerciais e nas indústrias, considerando fatores como a disponibilidade de recursos hídricos, o avanço das fontes renováveis, bem como o acionamento de fontes de geração mais caras como as termelétricas.

As cores verde, amarela ou vermelha (nos patamares 1 e 2) indicam se a energia custará mais ou menos em função das condições de geração, sendo a bandeira vermelha a que tem um custo maior, e a verde, sem custo extra.

Segundo a Aneel, as bandeiras permitem ao consumidor um papel mais ativo na definição de sua conta de energia. “Ao saber do valor adicional antes do início do mês, ele pode adaptar seu consumo para ajudar a reduzir o valor da conta”, avalia a agência.

“Com o acionamento da bandeira vermelha patamar 2, a vigilância quanto ao uso responsável da energia elétrica é fundamental. A orientação é para utilizar a energia de forma consciente e evitar desperdícios que prejudicam o meio ambiente e afetam a sustentabilidade do setor elétrico como um todo. A economia de energia é essencial para a preservação dos recursos naturais”, acrescentou.

Avião com governador do Pará faz pouso de emergência em Tucuruí

Um avião que transportava o governador do Pará, Helder Barbalho, precisou fazer um pouso de emergência em Tucuruí (PA) na manhã deste sábado (31). A aeronave decolou de Cametá (PA) e levava também um dos filhos do governador, Helder Filho. O destino do voo era a própria cidade de Tucuruí.

“Tivemos um incidente, um pouso forçado, mas, graças a Deus, ninguém se machucou. Nós estamos bem. Quero agradecer todas as orações, a todos aqueles que enviaram mensagens e agradecer, acima de tudo, a Deus, que pode preservar todos os passageiros e nos permitir poder estar aqui”, disse o governador, em vídeo postado nas redes sociais.

OAB pedirá ao STF revisão de multa para usuário que acessar X por VPN

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou que vai acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para rever a aplicação de multas a usuários que acessarem a rede social X por meio de VPN (Virtual Private Network). A plataforma foi suspensa no Brasil após determinação do ministro Alexandre de Moraes, publicada nesta sexta-feira (30).

Em nota, a OAB detalhou que vai apresentar uma petição ao STF solicitando a revisão ou o esclarecimento do trecho da decisão de Moraes que determina a aplicação de multa no valor de R$ 50 mil a todos os cidadãos que utilizarem VPN ou outros mecanismos para acessar a plataforma X.

“A aplicação de multa ou de qualquer sanção só pode ocorrer após assegurados o contraditório e a ampla defesa – jamais de forma prévia e sumária”, destacou a entidade.

“Nenhum empresário ou empresa está acima da lei no Brasil. Por isso, defendemos a independência e a autonomia do Judiciário para proferir as decisões e adotar as medidas necessárias para coibir qualquer excesso. É preciso, no entanto, que as medidas ocorram dentro dos limites constitucionais e legais, asseguradas as liberdades individuais”, completou a OAB.

Na nota, a OAB lembra que já ingressou perante o STF com outras ações “voltadas a assegurar os direitos da sociedade” e cita como exemplo uma ação contra medida provisória editada pelo governo de Jair Bolsonaro e que permitia “o acesso aos dados telefônicos e cerceava a privacidade de milhões de brasileiros”.

“A petição que será movida agora guarda a mesma linha de coerência de ação. A ideologia da OAB é a Constituição”, concluiu o comunicado.

Entenda

A rede social X, antigo Twitter, já não está completamente disponível em território brasileiro. O país amanheceu neste sábado (31) com uma espécie de bloqueio gradual da plataforma – usuários de algumas operadoras de telefonia celular relataram não conseguir mais acessar o X, enquanto a plataforma segue disponível em alguns desktops, por exemplo.

O cenário se dá depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou, nesta sexta-feira (30), a suspensão do X no Brasil. A medida foi tomada após o fim do prazo de 24 horas dado pelo ministro ao bilionário Elon Musk, dono da plataforma, para indicar um representante legal do X no país.

No último dia 17, Musk anunciou o fechamento da sede da empresa no Brasil e acusou Moraes de ameaça. No post, o bilionário divulgou uma decisão sigilosa do ministro. O documento diz que o X se negou a bloquear perfis e contas no contexto de um inquérito da Polícia Federal (PF) que apura obstrução de investigações de organização criminosa e incitação ao crime.

A decisão

Pela decisão de Moraes, caberá à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) cumprir a suspensão integral da plataforma em até 24 horas e comunicar as operadoras de telefonia sobre os bloqueios. A medida tem validade em todo o território nacional até que as ordens judiciais de bloqueio sejam cumpridas e as multas aplicadas à X sejam pagas.

Ao justificar a suspensão da rede social, Moraes citou o Marco Civil da Internet e disse que empresas de internet devem ter representação no Brasil e cumprir decisões judiciais sobre a retirada de conteúdo considerado ilegal. O ministro também afirmou que Musk retirou a empresa do Brasil com o objetivo de não cumprir decisões do STF.

Em seu perfil no X, Musk postou, na madrugada deste sábado, que a plataforma é a fonte de notícias mais utilizada no Brasil. “É o que o povo quer”, escreveu. “Agora, o tirano de Voldemort está destruindo o direito das pessoas à liberdade de expressão”, continuou, se referindo à Moraes e fazendo uma analogia com o vilão da saga Harry Potter, Lord Voldemort.

“A liberdade de expressão é o fundamento da democracia”, escreveu Musk.

Anatel

Em nota publicada pouco tempo após a determinação de Moraes, a Anatel informou, ainda na sexta-feira, que foi intimada pelo STF sobre a decisão pela suspensão do funcionamento do X e que “está dando cumprimento às determinações nela contidas”.

Orçamento de 2025 prevê crescimento de 2,64% para economia

Enviado ao Congresso Nacional na noite desta sexta-feira (30), o projeto do Orçamento teve alterações em relação às estimativas de crescimento econômico para o próximo ano na comparação com os parâmetros da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que tramita desde abril. A projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos) em 2025 foi reduzida de 2,8%, na LDO, para 2,64% no projeto de lei orçamentária (PLOA).

A previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como índice oficial de inflação, subiu, de 3,1% para 3,3% para o próximo ano. Outros parâmetros foram revisados. A proposta do Orçamento prevê que a Taxa Selic (juros básicos da economia) encerrará 2025 com média de 9,61% ao ano, contra projeção de 8,05% ao ano que constava na LDO. A previsão para o dólar médio subiu de R$ 4,98 para R$ 5,19.

O projeto também apresentou estimativas até 2028. A previsão para o crescimento do PIB está em 2,6% ao ano de 2026 a 2028. Para o IPCA, a projeção está em 3% nos três anos. Em relação à Selic, a projeção média está em 8,26% ao ano em 2026 e 6,9% em 2027 e em 2028. Atualmente, a taxa está em 10,5% ao ano.

Em relação ao IPCA, índice oficial de inflação, a projeção para o próximo ano está levemente acima do centro da meta de 3% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Como o conselho determina uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, a inflação poderá ficar entre 1,5% e 4,5% no próximo ano sem resultar em descumprimento da meta. Em julho, o IPCA acumulado em 12 meses estava em 4,5%, exatamente no teto da meta.

O texto enviado ao Congresso estima o preço médio do barril do petróleo (usado para estimar receitas da União com royalties) em US$ 80,79 no próximo ano e crescimento de 7,84% na massa salarial nominal.

Zanin nega recurso da Starlink para derrubar bloqueio de contas

O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta sexta-feira (30) recurso da Starlink para derrubar a decisão do ministro Alexandre de Moraes que determinou o bloqueio das contas bancárias da empresa, que pertence ao bilionário Elon Musk e atua na área de internet via satélite no Brasil.

Na decisão, o ministro entendeu que o mandado de segurança, tipo de processo protocolado pela empresa, não pode ser usado para contestar decisão de outro ministro da Corte.

“Posto isso, tendo em vista os diversos julgados do Supremo Tribunal Federal a respeito do cabimento de mandado de segurança contra atos jurisdicionais, nego seguimento ao presente writ [decisão]”, afirmou. 

Moraes determinou o bloqueio para garantir o pagamento de multas de R$ 18 milhões pelo descumprimento de decisões sobre o bloqueio de perfis de investigados pela Corte na rede social X, que também pertence a Musk.

A decisão veio à tona após Alexandre de Moraes determinar nesta quarta-feira (28) que Elon Musk indicasse, no prazo de 24 horas, novo representante legal do X no Brasil. O prazo venceu ontem, a decisão não foi cumprida e a rede foi suspensa nesta sexta-feira (30). 

Em nota, o X declarou que não vai cumprir as “decisões ilegais” do ministro. De acordo com a plataforma, as decisões têm objetivo de “censurar os opositores políticos” de Moraes.

Musk também usou sua conta no X para debochar da decisão do ministro do STF que o intimou pela plataforma e publicou uma imagem gerada por inteligência artificial para comparar Moraes com vilões das séries Harry Potter e Star Wars.

 

 

Moraes defende importância do uso das tecnologias para o bem coletivo

O Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes defendeu, durante homenagem no Ministério Público de São Paulo, a importância da sociedade direcionar as tecnologias, inclusive as redes sociais, para o benefício coletivo. Sem mencionar diretamente a polêmica com a plataforma X e com o empresário Elon Musk, o jurista falou nesta sexta-feira (30) sobre a necessidade da categoria atuar com sensibilidade às necessidades coletivas, ousadia e coragem.

“As redes sociais, a inteligência artificial, nós temos que adaptar essas ferramentas pra otimizar o que nós podemos fazer pela sociedade, e não o inverso. Nós não temos que nos escravizar, nós não temos que ser manipulados, nós temos que utilizar esses instrumentos pro bem.”, disse o Ministro, em discurso de agradecimento.

Moraes recebeu, na tarde de hoje, o Colar do Mérito Institucional do Ministério Público do Estado de São Paulo, em sessão solene do Órgão Especial do Colégio de Procuradores de Justiça da instituição. A homenagem, aprovada por unanimidade em 2022, foi motivada pela trajetória do magistrado. O papel dele nas eleições de 2022, na tentativa de golpe em 8 de janeiro e na responsabilização e desarticulação posterior de movimentos antidemocráticos foi citado pelos presentes, alguns dos quais atribuíram a ele a manutenção da democracia durante e após o pleito.

Entre as autoridades que estiveram na cerimônia destacaram-se o ex-presidente da República Michel Temer, o vice-presidente, Geraldo Alckimin, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o senador David Alcolumbre, além dos ministros do STF Dias Toffolli e Cristiano Zanin, do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski e do presidente do Superior Tribunal de Justiça, Antônio Herman Benjamin. Também estiveram presentes membros do Tribunal de Justiça de São Paulo e do próprio MP. O colar lhe foi posto pela filha, Gabriela, e pelo procurador Geral do MP, Paulo Sérgio Oliveira e Costa. Moraes agradeceu especialmente sua família, citando as ameaças que sofreram nos últimos anos e atribuindo-as ao clima de conflito e extremismo que tomaram o centro do debate político recente.

UFRJ terá curso para formação em transformação digital

Um grupo de trabalho, integrado por professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), está elaborando um curso para formação de estudantes em transformação digital. A informação foi dada pelo reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Medronho, durante o Festival do Conhecimento, encerrado nesta sexta-feira (30).

“Vamos começar o mais depressa possível um curso de bacharelado relacionado à ciência e tecnologia, a humanidades e à cultura, com uma única habilitação: a transformação digital”, disse Medronho.

Aberto ao público no último dia 27, o evento foi realizado em formato híbrido, abordando temas como investimento em inteligência artificial (IA), robótica, entre outros. Este ano, o festival teve como tema “Inteligência Artificial para o Sul Global”. As atrações presenciais, incluindo feira de inovação, oficinas e feira gastronômica, ocorreram no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ.

A coordenadora-geral de Transformação Digital do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Eliana Azambuja, representou a ministra Luciana Santos no evento e apresentou o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), aprovado pela Presidência da República no mês passado. Segundo Eliana, esta foi a primeira vez que o plano foi apresentado em uma universidade.

O plano foi desenvolvido com foco no bem-estar social e prevê investimento de até R$ 23 bilhões, nos próximos cinco anos. Eliana Azambuja disse que um dos objetivos do documento é “formar, capacitar e requalificar pessoas em IA em grande escala para valorizar o trabalhador e suprir a alta demanda por profissionais qualificados”.

Humanidades

Falando nesta quinta-feira (30) à Agência Brasil, a pró-reitora de Extensão da UFRJ, Ivana Bentes, informou que o curso em elaboração pretende responder à transição digital. Esclareceu que a UFRJ vai investir em uma formação transdisciplinar que responda ao impacto da transição digital. “Isso implica desde a formação de desenvolvedores que a gente já faz, por exemplo, no Instituto de Computação mas, principalmente, incluindo também o campo de humanidades, inclusive humanidades digitais”.

Ivana destacou que será observado como essas tecnologias e a transição digital impactam em todas as ciências humanas: antropologia, comunicação, ciência social. “Essa formação incluiria, o que é novidade, o campo das humanidades digitais: saúde, artes, ciência e tecnologia. De fato, são todos os campos da produção do conhecimento, com o qual a UFRJ já tem formação. Mas seria uma formação complementar para os nossos estudantes, com uma característica importante de serem cursos de várias durações. Quem está fazendo medicina, por exemplo, poderá fazer essa complementação na área de transição digital. A ideia é multiplicar essa formação, de forma articulada, com cursos das mais variadas durações, cursos de maior especialização, com flexibilidade, para que o estudante da UFRJ possa complementar sua formação nesse campo”.

A pró-reitora deixou claro que o anúncio feito por Roberto Medronho se refere apenas ao início de elaboração do curso de transição digital. O grupo de trabalho envolve professores da graduação, pós-graduação e extensão e vai pensar a proposta de formação transversal. O projeto é impulsionado pelo Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) e o Festival do Conhecimento funcionou, de certa forma, como um “mapeamento dos temas considerados cruciais, como impacto da IA na formação, na produção do conhecimento, nas pós-graduações, na vida do estudante, no trabalho, nas populações vulneráveis”, apontou Ivana Bentes.

O grupo de trabalho já fez duas reuniões. O curso de transição digital é uma prioridade do reitor da universidade, assegurou Ivana, que admitiu que a ideia é que o projeto seja viabilizado “muito em breve”.

Pausa humanitária para vacinação contra pólio pode não ser suficiente

Uma campanha de vacinação contra a poliomielite na Faixa de Gaza deve começar no próximo domingo (1º), desde que as pausas humanitárias anunciadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sejam cumpridas por Israel e pelo grupo palestino Hamas. Ainda assim, há o risco de que o prazo de três dias, previsto para cada uma das duas rodadas de vacinação, não seja suficiente para alcançar a meta de 90% de cobertura.

Diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

“Por conta da insegurança na região, das estradas e estruturas danificadas, das populações se deslocando e sendo realojadas, três dias para cada rodada, provavelmente, não serão suficientes para alcançar a cobertura adequada”, alertou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, nesta sexta-feira (30). “A cobertura vacinal será monitorada ao longo da campanha e foi acordado que a vacinação será estendida por um dia, caso necessário.”

Durante entrevista à imprensa, Tedros lembrou que o objetivo da campanha, coordenada pela OMS em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), é imunizar cerca de 640 mil crianças com menos de 10 anos que vivem na região e que nunca receberam doses contra a pólio ou estão com esquema incompleto. A estratégia adotada pelas entidades é começar pelo centro de Gaza, seguindo para o sul e, por fim, para o norte. 

“As equipes de saúde devem ser protegidas e devem ser capazes de conduzir a vacinação de forma segura. Pedimos a todas as partes envolvidas que garantam a segurança desses profissionais, das unidades de saúde e das crianças”, apelou Tedros. “Pausas humanitárias são bem-vindas, mas, nos tempos atuais, a única solução para garantir o bem-estar das crianças de Gaza é um cessar-fogo. O melhor remédio é a paz”, concluiu.

Caso confirmado

Na semana passada, a OMS confirmou o primeiro caso de pólio na Faixa de Gaza em 25 anos. Trata-se de um bebê de 10 meses que vive na cidade palestina de Deir al-Balah, região central do território, e que não havia recebido nenhuma das doses previstas no esquema vacinal contra a doença.

Em seu perfil na rede social X, Tedros disse estar “seriamente preocupado” com a confirmação do caso. “A OMS e seus parceiros trabalharam arduamente para colher e transferir amostras da criança para testagem em um laboratório certificado na região. O sequenciamento genômico confirmou que o vírus está ligado à variante do poliovírus tipo 2, detectada em amostras ambientais recolhidas em junho em águas residuais de Gaza. A criança, que desenvolveu paralisia na perna esquerda, está em situação estável”, informou.

Trégua humanitária

Alguns dias antes, a OMS já havia feito um apelo por uma trégua humanitária em Gaza para que as duas rodadas de vacinação pudessem ser realizada. Em nota, a entidade, junto ao Unicef, pediu que todas as partes envolvidas no conflito implementassem pausas humanitárias durante um período de pelo menos sete dias.

“Essas pausas nos combates permitiriam que crianças e famílias chegassem em segurança às unidades de saúde e que agentes comunitários alcançassem crianças que não têm acesso a essas unidades para serem imunizadas contra a poliomielite. Sem as pausas humanitárias, a realização das campanhas não será possível”.

Entenda

O poliovírus foi detectado em junho em amostras ambientais colhidas na Faixa de Gaza. Desde então, segundo a OMS, pelo menos três crianças apresentaram quadros suspeitos de paralisia flácida aguda, sintoma comum da pólio. Amostras de sangue foram colhidas e enviadas para análise laboratorial.

“É essencial que o transporte das doses e dos equipamentos de refrigeração seja facilitado em todas as etapas dessa jornada, para garantir o recebimento em tempo oportuno, a aprovação e a liberação dos insumos em tempo para que a campanha ocorra”, ressaltou a OMS. Ao todo, 708 equipes com cerca de 2,7 mil profissionais de saúde foram acionados.

A organização alertou que é preciso alcançar uma cobertura vacinal de pelo menos 90% durante cada rodada da campanha para interromper a propagação da pólio e reduzir o risco do ressurgimento da doença, levando em consideração “sistemas de saúde, água e saneamento gravemente prejudicados na região”.

Dados da entidade mostram que a Faixa de Gaza esteve livre da pólio pelos últimos 25 anos. “O ressurgimento da doença, sobre o qual a comunidade humanitária já havia alertado ao longo dos últimos dez meses, representa outra ameaça para as crianças em Gaza e em países vizinhos. Um cessar-fogo é a única forma de garantir a segurança da saúde pública na região”.

Risco

Ainda de acordo com a OMS, Gaza mantinha boa cobertura vacinal antes da escalada dos conflitos, em outubro do ano passado. De lá para cá, a vacinação de rotina foi fortemente impactada – incluindo a segunda dose da vacina contra a pólio, que caiu de 99% em 2022 para menos de 90% em 2023 e no primeiro trimestre de 2024.

“O risco de disseminação do vírus, dentro da Faixa de Gaza e internacionalmente, permanece alto em razão de lacunas na imunidade das crianças, provocadas por interrupções na vacinação de rotina, dizimação do sistema de saúde, deslocamento constante da população, desnutrição e sistemas de água e saneamento gravemente danificados.”

“A situação também aumentou o risco de propagação de outras doenças preveníveis ​​por vacinação, como o sarampo, além de casos de diarreia, infecções respiratórias agudas, hepatite A e doenças de pele entre crianças”, disse a OMS.