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Chef brasileiro é escolhido 1º Embaixador Gastronômico da ONU Turismo

O chef brasileiro Saulo Jennings é o 1º Embaixador Gastronômico da ONU Turismo no mundo. O anúncio foi feito hoje (20) pelo secretário-geral do organismo internacional Zurab Pololikashvili durante encontro do G20 Turismo, em Belém, no Pará.

A ONU Turismo inaugurou escritório regional no Rio de Janeiro em dezembro de 2023 para impulsionar o setor em todo o continente americano.

O chef de cozinha é um dos principais expoentes da culinária amazônica. Nascido em Santarém, ele representará o Brasil como referência de valorização da comida inspirada na cultura alimentar da região do Tapajós.

Saulo Jennings destacou que o título é resultado não apenas do trabalho dele, mas também do esforço coletivo de sua comunidade. “Esse prêmio é um reconhecimento de um trabalho de longo prazo, não só meu, mas de todos que cuidam da nossa comida e da produção dos nossos peixes, sempre respeitando a floresta. Também é uma vitória para a comida regional, que antes era vista como simples, mas agora mostra que pode ocupar um espaço de destaque na alta gastronomia”, ressaltou ao ser agraciado com o título.

Ele lembra que a gastronomia movimenta não só o turismo, mas diversos elos produtivos da economia, beneficiando  cerca de 300 famílias. “São desde os pescadores até os cozinheiros que preparam os pratos, ciclo que gera emprego e renda para população local. E é assim que conseguimos promover desenvolvimento sustentável nessa importante região do país”, explicou.

Dados do Ministério do Turismo apontam que mais de 95% dos visitantes internacionais avaliam positivamente a culinária local, reforçando o papel da gastronomia como um dos principais atrativos turísticos e contribuindo para o fortalecimento da economia e do turismo nacional.

O ministro do Turismo, Celso Sabino, comemorou o título que dará visibilidade internacional à gastronomia brasileira e, principalmente, da Região Norte. “O chef Saulo está revolucionando a Amazônia e, agora, vai levar toda essa potencialidade gastronômica para o mundo. Nossa culinária é riquíssima e com alto poder de atrair turistas”, enfatizou o ministro.

O chef Saulo participou do painel “Cozinha Global e Turismo Gastronômico” nesta sexta-feira (20) durante o  G20 Turismo. Moderado pela jornalista Daniela Filomeno, o encontro fomentou discussões relevantes sobre o impacto desse segmento no cenário mundial.

Na ONU, Lula vai falar sobre combate à fome e crise climática

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve discursar na terça-feira (24) sobre o combate à fome e à crise climática no discurso de abertura da 79ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, que ocorrerá em Nova York, nos Estados Unidos, que reúne anualmente 193 chefes de Estado e de governo de todo o mundo.

A previsão foi dada pelo secretário de Assuntos Multilaterais Políticos do Ministério das Relações Exteriores (MRE), embaixador Carlos Márcio Cozendey, em entrevista coletiva à imprensa, nesta terça-feira (17), em Brasília. O diplomata explicou quais serão os temas prioritários do governo brasileiro que devem estar presentes no discurso que segue em elaboração. “Podemos esperar que eles [temas] sigam um pouco a agenda que o Brasil propôs para o G20, ou seja, que falem de inclusão, combate à fome, transição energética e reforma da governança global”.

O tema proposto pelo presidente da Assembleia Geral, embaixador Philemon Yang, de Camarões, para este ano é: “Unidade na diversidade para a promoção da paz, do desenvolvimento sustentável e da dignidade humana para todos, em toda parte”. O presidente brasileiro falará após os discursos do secretário-geral da ONU, António Guterres, e do presidente da assembleia geral da ONU.

Sobre as queimadas e eventos extremos ocorridos no Brasil, Cozendey disse que o governo brasileiro deve levar para o cenário internacional que é preciso agir rapidamente. “O que vemos no Brasil tem uma relação muito grande com os eventos climáticos extremos, seja uma seca excepcional que está, de certa maneira, relacionada às transformações que têm acontecido”.

O presidente Lula chegará aos Estados Unidos no sábado (21) e tem previsão de retorno ao Brasil na quarta-feira (25). Além da Assembleia Geral da ONU, o presidente brasileiro participará de encontros com chefes-estado e grupos de interesse do Brasil.

Pacto para o Futuro

Na manhã de domingo (22), Lula participa da abertura da Cúpula do Futuro. Ele será o segundo a discursar no encontro de dois dias, que reunirá líderes mundiais para debater formas de enfrentar as crises de segurança emergentes, acelerar o cumprimento dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e abordar as ameaças e oportunidades das tecnologias digitais. 

Como resultado, a  Cúpula do Futuro deve produzir o documento Pacto para o Futuro, negociado entre os estados-membros para reforçar a cooperação global e estabelecer compromissos para uma melhor adaptação aos desafios atuais, para o futuro do multilateralismo renovado e eficaz, para benefício das gerações futuras.

“O Pacto para o Futuro inclui temas como o desenvolvimento sustentável, paz e segurança internacionais, ciência, tecnologia e cooperação digital, juventude e gerações futuras e reforma da governança global”, disse Cozendey. 

Democracia e extremismos

O presidente Lula também presidirá, junto com o presidente de governo da Espanha, Pedro Sánchez, uma mesa redonda sobre democracia e extremismos. O evento terá como objetivo discutir formas de avançar os princípios democráticos, proteger instituições a fim de garantir eleições livres, estados de direito e liberdades individuais, ao mesmo tempo que assegura o crescimento econômico sustentável e inclusivo.

Segundo o embaixador do MRE, os países convidados pelos dois presidentes vão discutir questões como os impactos que a desinformação tem gerado nos processos democráticos.

G20

Pela primeira vez, uma reunião do G20 ocorrerá na sede das Nações Unidas, em Nova York, com a participação aberta a todos os membros das Nações Unidas. Em 2024, o grupo composto pelos 19 países mais desenvolvidos do globo e dois órgãos regionais, a União Africana e a União Europeia está sob a presidência rotativa do Brasil. 

O presidente Lula fará o discurso de abertura da segunda reunião ministerial de chanceleres do G20, com o objetivo de abordar a necessidade de reforma da governança global no âmbito das Nações Unidas até 2030, marco temporal de cumprimento dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Lula também deve tratar da arquitetura financeira e organização de alto comércio.

O embaixador Carlos Márcio Cozendey adiantou que o Brasil também apresentará a Aliança Global Contra à Fome e à Pobreza, lançada no Brasil, em julho.

Ucrânia e Rússia

Sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, no dia 27, os representantes diplomáticos do Brasil devem divulgar aos demais países a proposta construída em conjunto com a China e assinada pelo assessor Especial da Presidência da República, Celso Amorim, no primeiro semestre deste ano, em Pequim. 

“É um documento dirigido a países que têm interesse em cooperar”, afirmou o secretário de Assuntos Multilaterais Políticos do Ministério das Relações Exteriores.

Demais encontros

Até o momento, o presidente Lula tem confirmados encontros com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e com o presidente da assembleia geral. No dia 23, à margem do debate geral da ONU, o presidente do Brasil deve participar de encontros bilaterais com países membros das Nações Unidas. 

A agenda ainda não está fechada para estes encontros. Lula também deve participar de reuniões de grupos dos quais o Brasil faz parte, como o Brics – grupo formado Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul; o Fórum de Diálogo entre Índia, Brasil e África do Sul (IBAS); o G77, bloco formado por países em desenvolvimento, além do grupo de Grupo de Contato de Chanceleres da América do Sul.

De acordo com o Itamaraty, até o momento não há previsão do presidente Lula abordar, em sua passagem por Nova York, a crise da Venezuela e o processo político-eleitoral do país vizinho.

ONU inicia vacinação contra poliomielite em crianças de Gaza

As Nações Unidas, em colaboração com as autoridades de saúde palestinas, começaram a vacinar 640.000 crianças na Faixa de Gaza neste domingo (1), com Israel e o Hamas concordando com breves pausas em sua guerra de 11 meses para permitir que a campanha prossiga.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou no mês passado que um bebê ficou parcialmente paralisado pelo vírus da poliomielite tipo 2, o primeiro caso desse tipo no território em 25 anos.

A campanha começou neste domingo em áreas do centro de Gaza e se moverá para outras áreas nos próximos dias. Os combates serão interrompidos por pelo menos oito horas em três dias consecutivos.

A OMS disse que as pausas provavelmente precisarão se estender para um quarto dia e que a primeira rodada de vacinações levará pouco menos de duas semanas.

Crianças, escoltadas por membros de suas famílias, lotaram uma clínica administrada pela ONU na cidade central de Gaza, Deir Al-Balah, onde cerca de um milhão de pessoas estavam abrigadas, de acordo com autoridades palestinas. Equipes médicas marcaram as crianças que receberam as gotas com uma caneta em seus dedos.

“Vim à clínica da UNRWA [Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina] hoje para vacinar minhas filhas contra a pólio e, se Deus quiser, não veremos mais nenhuma doença além das doenças que já estamos enfrentando. Espero que voltemos para nossas casas sãs e salvas”, disse Afnan Al-Muqayyad.

A poliomielite era apenas uma das muitas preocupações de Al-Muqayyad.

“Doenças de pele são comuns, não há detergentes, os detergentes são muito caros e não podemos pagar por eles. Além disso, a comida é muito cara, tudo é caro, e o peso das crianças está caindo, elas estavam bem antes, mas agora estão ficando muito magras. Espero que Deus corrija as coisas”, disse ela.

Campanha complexa

Juliette Touma, diretora de comunicações da UNRWA, disse que a campanha de vacinação foi enorme e “uma das mais complexas do mundo”.

“Hoje é o momento de teste para as partes em conflito respeitarem essas pausas de área para permitir que as equipes da UNRWA e outros profissionais médicos alcancem as crianças com essas duas gotas muito preciosas. É uma corrida contra o tempo”, disse Touma à Reuters.

Israel e o Hamas, que até agora não conseguiram fechar um acordo que encerrasse a guerra, disseram que cooperariam para permitir que a campanha tivesse sucesso.

Autoridades da OMS dizem que pelo menos 90% das crianças precisam ser vacinadas duas vezes, com quatro semanas de intervalo entre as doses, para que a campanha tenha sucesso, mas ela enfrenta enormes desafios em Gaza, que foi amplamente destruída pela guerra.

Crianças palestinas são vacinadas contra a poliomielite, em um centro de saúde das Nações Unidas em Deir Al-Balah, no centro da Faixa de Gaza. REUTERS/Ramadan Abed

“As crianças continuam expostas, ela (a doença) não conhece fronteiras, postos de controle ou linhas de combate. Toda criança deve ser vacinada em Gaza e Israel para conter os riscos de disseminação dessa doença cruel”, disse Touma.

Enquanto isso, as forças israelenses continuaram a lutar contra militantes liderados pelo Hamas em várias áreas do enclave palestino. Moradores disseram que tropas do exército israelense explodiram várias casas em Rafah, perto da fronteira com o Egito, enquanto tanques continuaram a operar no subúrbio de Zeitoun, no norte da Cidade de Gaza.

No domingo, Israel recuperou os corpos de seis reféns de um túnel no sul de Gaza, onde eles foram aparentemente mortos pouco antes de as tropas israelenses chegarem até eles, disseram os militares.

A guerra foi desencadeada depois que militantes do Hamas invadiram o sul de Israel em 7 de outubro, matando 1.200 pessoas e fazendo mais de 250 reféns, segundo dados israelenses.

Desde então, pelo menos 40.691 palestinos foram mortos e 94.060 ficaram feridos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do enclave.

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ONU prepara vacinação em Gaza enquanto Israel continua bombardeios

Ataques israelenses mataram pelo menos 48 pessoas na Faixa de Gaza neste sábado, disseram autoridades de saúde palestinas, enquanto confrontos aconteciam nas áreas central e sul do enclave antes do início planejado de uma campanha de vacinação contra a poliomielite.

As Nações Unidas devem começar a vacinar cerca de 640 mil crianças no território contra a poliomielite, contando com pausas diárias de oito horas nos combates entre as forças israelenses e os militantes do Hamas em áreas específicas do enclave.

Yousef Abu Al-Reesh, vice-ministro da Saúde de Gaza, disse que as equipes de vacinação tentariam chegar ao maior número possível de áreas para garantir ampla cobertura, mas ele disse que somente um cessar-fogo abrangente poderia garantir que um número suficiente de crianças fosse alcançado.

“Se a comunidade internacional realmente quer que esta campanha tenha sucesso, ela deve pedir um cessar-fogo, sabendo que este vírus não para e pode chegar a qualquer lugar”, disse ele a repórteres no Hospital Nasser, na cidade de Khan Younis, no sul do país.

Neste sábado, médicos administraram vacinas em algumas crianças nas enfermarias do Hospital Nasser, em um movimento simbólico antes do início oficial da campanha.

A campanha ocorre após a confirmação, na semana passada, de que um bebê ficou parcialmente paralisado pelo vírus da poliomielite tipo 2, o primeiro caso desse tipo no território em 25 anos.

Autoridades da OMS dizem que pelo menos 90% das crianças precisam ser vacinadas duas vezes, com quatro semanas de intervalo entre as doses, para que a campanha tenha sucesso, mas ela enfrenta enormes desafios em Gaza, que foi amplamente destruída por quase 11 meses de guerra.

No sábado, enquanto mais de 2.000 profissionais médicos e comunitários se preparavam para o início da campanha, médicos em Nuseirat, um dos oito campos de refugiados históricos da Faixa de Gaza, disseram que ataques israelenses separados mataram pelo menos 19 pessoas, incluindo nove membros da mesma família.

Mais de 30 outras pessoas foram mortas em uma série de ataques em outras áreas de Gaza, disseram médicos.

Moradores e fontes militantes disseram que combatentes do Hamas, da Jihad Islâmica e de outros grupos lutaram contra forças israelenses no bairro de Zeitoun, ao norte de Gaza, onde tanques operam há dias, e em Rafah, perto da fronteira com o Egito.

O exército israelense disse em uma declaração que continuou a operar no centro e no sul da Faixa de Gaza. Também afirmou que as tropas mataram militantes e desmantelaram a infraestrutura militar na Cidade de Gaza, enquanto localizavam armas e matavam atiradores em Tel Al-Sultan, no oeste de Rafah.

Em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, famílias retornaram para suas áreas depois que o exército encerrou uma ofensiva de 22 dias que, segundo ele, tinha como objetivo impedir que o Hamas se reagrupasse. Imagens mostraram grandes áreas arrasadas, e prédios e infraestrutura foram destruídos.

Médicos disseram que recuperaram pelo menos nove corpos na área onde o exército operava.

O episódio mais recente no conflito israelense-palestino de décadas foi desencadeado em 7 de outubro do ano passado, quando combatentes do Hamas atacaram Israel, matando 1.200 pessoas e fazendo cerca de 250 reféns, de acordo com contagens israelenses.

O ataque subsequente de Israel ao enclave governado pelo Hamas matou mais de 40.600 palestinos, de acordo com o ministério da saúde local. Quase toda a população de Gaza de 2,3 milhões foi deslocada e o enclave tem uma crise de fome. Israel enfrenta alegações de genocídio no Tribunal Mundial que nega.

Pólio pode atingir crianças palestinas e israelenses, alerta a ONU

Após a confirmação do primeiro caso de poliomielite na Faixa de Gaza, o comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (Unrwa, na sigla em inglês), Philipe Lazzarini, alertou, nesta sexta-feira (23), que a doença não fará distinção entre crianças palestinas e israelenses.

Para ele, atrasar uma pausa humanitária na região aumentará o risco de disseminação do vírus entre crianças dos dois lados do conflito. “Não basta levar as vacinas para Gaza e proteger os sistemas de refrigeração”, disse, ao citar que as doses precisam chegar à boca de todos os menores de 10 anos.

A agência informou, também, que vai colocar seus centros de cuidados primários de saúde e suas clínicas móveis à disposição da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a partir do fim deste mês para que as campanhas de vacinação sejam realizadas.

Entenda

A OMS confirmou o primeiro caso de poliomielite na Faixa de Gaza em 25 anos. Trata-se de um bebê de 10 meses que vive na cidade palestina de Deir al-Balah, na região central da Faixa de Gaza, e que não havia recebido nenhuma das doses previstas no esquema vacinal contra a doença, conhecida popularmente como paralisia infantil. 

Em seu perfil na rede social X (antigo Twitter), o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse estar “seriamente preocupado” com a confirmação do caso. “A OMS e seus parceiros trabalharam arduamente para colher e transferir amostras da criança para testagem em um laboratório certificado na região”.

Ele acrescentou que “o sequenciamento genômico confirmou que o vírus está ligado à variante do poliovírus tipo 2, detectada em amostras ambientais recolhidas em junho em águas residuais de Gaza. A criança, que desenvolveu paralisia na perna esquerda, está em situação estável”, completou o diretor-geral.

Tedros destacou ainda que, dado o elevado risco de propagação do poliovírus na Faixa de Gaza e em regiões próximas, o Ministério da Saúde Palestino, a própria OMS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) organizam duas rodadas de vacinação contra a pólio ao longo das próximas semanas, visando interromper a transmissão.

A expectativa é que, em cada uma das rodadas de vacinação, mais de 640 mil crianças com menos de 10 anos possam receber a vacina oral contra a pólio, conhecida popularmente como gotinha.

O poliovírus foi detectado em junho em amostras ambientais colhidas na Faixa de Gaza. Desde então, segundo a OMS, pelo menos três crianças apresentaram quadros suspeitos de paralisia flácida aguda, sintoma comum da pólio. Amostras de sangue foram colhidas e enviadas para análise laboratorial.

“Mais de 1,6 milhão de doses da vacina oral, utilizada para interromper a propagação do vírus, serão entregues na Faixa de Gaza. As entregas das vacinas e dos equipamentos de refrigeração devem passar pelo aeroporto Ben Gurion [em Israel] antes de serem direcionadas à Gaza, no fim de agosto”, informou a OMS.

“É essencial que o transporte das doses e dos equipamentos de refrigeração seja facilitado em todas as etapas dessa jornada, visando garantir o recebimento em tempo oportuno, a aprovação e a liberação dos insumos em tempo para que a campanha aconteça”, ressaltou a OMS. Ao todo, 708 equipes com cerca de 2,7 mil profissionais de saúde foram acionadas.

Cobertura vacinal

A OMS alertou que é preciso alcançar uma cobertura vacinal de pelo menos 95% durante cada rodada da campanha para interromper a propagação da pólio e reduzir o risco do ressurgimento da doença, levando em consideração “sistemas de saúde, água e saneamento gravemente prejudicados na região”.

Dados mostram que a Faixa de Gaza esteve livre da pólio pelos últimos 25 anos. “O ressurgimento da doença, sobre a qual a comunidade humanitária já havia alertado ao longo dos últimos 10 meses, representa outra ameaça para as crianças em Gaza e em países vizinhos. Um cessar-fogo é a única forma de garantir a segurança da saúde pública na região”, observou a OMS.

Risco

Ainda segundo ela, a Faixa de Gaza mantinha boa cobertura vacinal antes da escalada dos conflitos, em outubro do ano passado. De lá para cá, a vacinação de rotina foi fortemente impactada – incluindo a segunda dose da vacina contra a pólio, que caiu de 99% em 2022 para menos de 90% em 2023 e no primeiro trimestre de 2024.

“O risco de disseminação do vírus, dentro da Faixa de Gaza e internacionalmente, permanece alto em razão de lacunas na imunidade das crianças, provocadas por interrupções na vacinação de rotina, dizimação do sistema de saúde, deslocamento constante da população, desnutrição e sistemas de água e saneamento gravemente danificados”, alertou a entidade.

“A situação também aumentou o risco de propagação de outras doenças preveníveis ​​por vacinação, como o sarampo, além de casos de diarreia, infecções respiratórias agudas, hepatite A e doenças de pele entre crianças”, informou a OMS.

ONU: comitê pede que Reino Unido reduza discurso de ódio após tumultos

Um comitê da Organização das Nações Unidas pediu nesta sexta-feira (23) que o Reino Unido aprove medidas para coibir discurso de ódio e retórica xenofóbica que, segundo o órgão, tiveram influência direta em alimentar os tumultos recentes no país.

Os distúrbios racistas envolvendo grupos de extrema direita eclodiram em protestos contra a imigração em todo o Reino Unido em agosto, após informações falsas circularem na internet dizendo que o suspeito de um ataque mortal contra meninas era um imigrante islâmico.

“[O Comitê] está preocupado com a persistência e, em alguns casos, com o aumento acentuado de crimes de ódio, discurso de ódio e incidentes xenofóbicos”, disse o Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial em um comunicado à imprensa após uma análise do histórico do Reino Unido.

Isso incluiu discursos racistas e xenófobos por parte de políticos e figuras públicas na mídia impressa, de radiodifusão e online, afirmou.

O órgão da ONU não citou os nomes dos políticos ou dos veículos de mídia envolvidos, mas Gün Kut, membro do Comitê, disse aos jornalistas haver uma ligação direta entre discursos xenofóbicos e violência racial.

“Há uma preocupação óbvia com o discurso de ódio por parte de figuras proeminentes do público”, disse, em uma coletiva de imprensa em Genebra.

O comitê da ONU, que revisa os registros de todos os países a cada poucos anos, também mencionou preocupações com o racismo institucional nos sistemas policial e de Justiça britânicos e pediu que o país criasse um mecanismo para investigar as reclamações.

Não houve nenhum comentário do governo britânico em um primeiro momento.

O antigo governo, liderado pelo Partido Conservador, afirmou em documentos enviados à ONU estar comprometido com a construção de “um Reino Unido mais justo” e com o enfrentamento de “disparidades negativas”. Ele disse que tomou medidas desde sua última revisão para tratar das disparidades, como o lançamento da estratégia Reino Unido Inclusivo, em 2022.

*Reportagem adicional de William James, em Londres

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Agência da ONU para migrações pede US$ 18,5 bi para combater mpox

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) fez um apelo nesta quarta-feira (21), em Genebra, por US$ 18,5 bilhões para fornecer serviços cruciais de cuidado à saúde para migrantes, pessoas deslocadas e pontos de acolhimento em diversas regiões do continente africano que estão sob risco de surtos de mpox.

Mpox é uma doença infecciosa causada por vírus que afeta seres humanos e outros animais. Os sintomas iniciais são febre, dores de cabeça, dores musculares, aumento de volume dos gânglios linfáticos e fadiga.

“A propagação da mpox pela África Oriental, pela região do Chifre da África e pelo sul da África é uma grande preocupação, sobretudo, para migrantes vulneráveis, populações que se deslocam com frequência e comunidades de acolhimento, muitas vezes ignoradas em crises como essa”, disse a diretora-geral da entidade, Amy Pope, ao se referir à emergência global por mpox.

A OIM integra o sistema da Organização das Nações Unidas (ONU) como a principal organização intergovernamental que promove a migração humana e ordenada para benefício de todos. “Devemos agir rapidamente para proteger aqueles que correm maior risco e para reduzir o impacto dessa epidemia na região”, completou Amy.

Casos suspeitos

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam mais de 15 mil casos suspeitos apenas na República Democrática do Congo, além de 537 mortes. Infecções foram confirmadas ainda no Burundi,  Quênia, Ruanda, na África do Sul e em Uganda.

“A OIM está preocupada com migrantes, deslocados internamente, e populações altamente móveis na região, que tendem a correr um risco muito maior de infecções devido às suas condições e formatos de vida móveis e transitórios, que podem limitar enormemente o acesso à saúde e a cuidados médicos”, destacou a entidade, em nota.

Os US$ 18,5 bilhões, segundo o comunicado, serão utilizados para melhorar a capacidade de resposta da OIM às necessidades dos grupos em questão, apoiando medidas de prevenção e controle de infecções por mpox, sobretudo, em regiões de fronteira. 

“O financiamento reforçaria ainda mais a capacidade de profissionais de saúde e de equipes de resposta nas linhas da frente e permitiria a identificação de áreas de alto risco para garantir um monitoramento eficaz da doença e reduzir sua propagação através das fronteiras.”

Relatora especial da ONU vê racismo sistêmico no Brasil

O racismo no Brasil é sistêmico, perdura desde a formação do Estado brasileiro, e as medidas para combater o preconceito não são suficientes para fazer frente à gravidade da situação. Essas são algumas das conclusões preliminares apresentadas nesta sexta-feira (16) pela relatora especial sobre formas contemporâneas de racismo, Ashwini K.P., que faz parte do corpo de especialistas independentes do sistema de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).

Ashwini K.P. também manifestou preocupação com as eleições municipais, que ocorrerão em outubro deste ano. Segundo ela, há uma representação política muito baixa no país de grupos raciais e étnicos marginalizados, além de o ambiente político ser hostil e mesmo perigoso para quem consegue se eleger. Ela citou como exemplo o caso de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro assassinada em 2018.

“Ficou extremamente evidente para mim, após minha visita, que as pessoas afrodescendentes, os povos indígenas, comunidades quilombolas, romani e pessoas pertencentes a outros grupos raciais e étnicos marginalizados no Brasil, incluindo aqueles que enfrentam discriminação interseccional com base em deficiência, gênero, status LGBTQIA+ e/ou ser pessoa migrante ou refugiada, continuam a experimentar formas multifacetadas, profundamente interconectadas e generalizadas de racismo sistêmico”, disse, em coletiva de imprensa.

“A violência estrutural e a exclusão endêmicas, que desumanizam pessoas de grupos raciais e étnicos marginalizados, causam danos muitas vezes irreparáveis e tornam as pessoas invisíveis dentro da sociedade, sendo consistentemente articuladas para mim como características integrais do racismo sistêmico no Brasil”, observou.

Embora reconheça medidas de combate ao racismo importantes no país, ela diz que ainda não são suficientes diante da gravidade do problema. “O ritmo atual de mudança não parece corresponder à gravidade da situação sofrida por pessoas de grupos raciais e étnicos marginalizados. Existem lacunas significativas na implementação e alcance de leis e políticas, e o progresso em direção à justiça racial é muito lento. As pessoas de grupos raciais e étnicos marginalizados no Brasil já esperaram tempo demais por justiça e igualdade racial. A própria vida e existência de pessoas marginalizadas depende de ação mais ousada e urgente”, afirmou.

Entre os bons exemplos destacados estão os programas de ações afirmativas para instituições de ensino superior e outras instituições públicas; os esforços para garantir o reconhecimento cultural e a memória sobre as experiências coletivas de pessoas de grupos raciais e étnicos marginalizados, com a criação de memoriais; e até mesmo a criação do Ministério da Igualdade Racial e do Ministério dos Povos Indígenas em 2023, bem como a criação de uma Secretaria sobre os Povos Romani dentro do Ministério da Igualdade Racial.

Eleições

Em relação à representação política, ela mostrou preocupação. “Estou, portanto, muito preocupada com relatos de representação política muito baixa de grupos raciais e étnicos marginalizados, incluindo afrodescendentes, povos indígenas, comunidades quilombolas e romani em órgãos políticos e de tomada de decisão, incluindo o Congresso Nacional e órgãos estaduais e municipais”, disse.

A relatora especial das Nações Unidas Ashwini K.P. durante coletiva de imprensa – Tomaz Silva/Agência Brasil

Ela acrescentou: “Notei como positivo que cotas de representatividade racial existem, mas me preocupei ao ouvir que não estavam sendo implementadas e que há ausência de responsabilização por esse descumprimento. Também ouvi testemunhos preocupantes sobre como as instituições políticas são consideradas lugares profundamente hostis e inseguros por pessoas de grupos raciais e étnicos marginalizados.”

Segundo a relatora, ameaças e violência, incluindo violência letal, contra pessoas de grupos raciais e étnicos marginalizados, incluindo mulheres, que se elegem ou participam de cargos políticos, como o caso de Marielle Franco, são “mais uma questão de profunda preocupação para mim, particularmente dadas as próximas eleições municipais”. “Exorto veementemente o Brasil a tomar todas as medidas necessárias para evitar qualquer forma de violência política durante as próximas eleições municipais”, ressaltou.

Em relação à proposta de emenda à Constituição (PEC) que estabelece novas regras para os partidos políticos na aplicação de recursos destinados às cotas raciais em candidatura, aprovada pelo Senado nesta quinta-feira (15), ela defende que é também responsabilidade dos próprios partidos políticos assumirem o compromisso de garantir a representatividade de comunidades marginalizadas.

A chamada PEC da Anistia (9/2023) também perdoa os débitos dos partidos que descumpriram a aplicação mínima de recursos em candidaturas de pretos e pardos nas eleições passadas e permite a renegociação de dívidas tributárias das legendas.

Visita ao Brasil

Ashwini K.P. está no Brasil desde o dia 5 de agosto. A visita terminou nesta sexta. Ela esteve Brasília, Salvador, São Luís, São Paulo, Florianópolis e Rio de Janeiro, a convite do governo federal. Reuniu-se com representantes dos governos federal e estaduais, além de representantes da sociedade civil que trabalham com racismo e preconceito e de comunidades que sofrem discriminação racial.

Nesta sexta, a relatora especial apresentou à imprensa as conclusões preliminares da avalição. A apresentação está disponível na íntegra na página do Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos na internet. [LINK: ] A análise completa será apresentada na 59ª sessão do Conselho de Direitos Humanos em junho de 2025.

As relatorias especiais fazem parte do que é conhecido como Procedimentos Especiais do Conselho de Direitos Humanos. Procedimentos Especiais trata-se do maior corpo de especialistas independentes do sistema de direitos humanos da ONU, que apuram e monitoram situações específicas de países ou questões temáticas em todas as partes do mundo. Ashwini K.P. foi nomeada pelo conselho como a sexta relatora especial sobre formas contemporâneas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata em 2022.
Os especialistas em Procedimentos Especiais trabalham de forma voluntária; não são funcionários da ONU, são independentes de qualquer governo ou organização e atuam em sua capacidade individual.

Venezuela: CNE rebate informe da ONU como ilegal e mentiroso

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela rebateu, nessa quarta-feira (14), o informe preliminar de Especialistas Eleitorais das Nações Unidas (ONU) sobre a eleição do último dia 28 de julho. De acordo o Poder Eleitoral do país, o comunicado ligado à ONU é “ilegal”, “mentiroso” e cheio de “contradições”.

Em informe publicado nesta semana, especialistas da ONU afirmam que a eleição presidencial do país sul-americano não cumpriu as medidas básicas de transparência. O CNE destacou que tal informe é ilegal por violar o acordo firmando entre a organização e o Poder Eleitoral do país. 

“A publicação de um suposto informe não estava dentro das suas funções e demonstra a intencionalidade política perversa de dita publicação, composta de argumentos falaciosos e desfigurados”, diz o texto publicado pelo CNE em uma rede social e, posteriormente, deletado.

Em acordo firmado com o Poder Eleitoral venezuelano, o Painel de Especialistas Eleitorais da ONU se comprometeu a não emitir nenhum pronunciamento público. Além disso, o CNE lembrou que o próprio regulamento das Nações Unidas veda declarações públicas de Painéis de especialistas eleitorais. 

O CNE destacou que “quase mil observadores” de várias partes do mundo acompanharam o processo eleitoral do país, além de elencar as supostas “mentiras” dos especialistas enviados pela ONU. Entre elas, a afirmação de que houve mudanças de última hora nas mesas de votação.

“Todos os venezuelanos e venezuelanas inscritos no Registro Eleitoral sabem que podem consultar com antecipação seu centro eleitoral, que não se modifica no dia da eleição”, afirmou.

O Conselho também criticou o informe por colocar em dúvida o ataque cibernético que os sistemas do país estariam sofrendo. “Empresas e especialistas nacionais e internacionais têm constatado o ocorrido e, mais ainda, os próprios terroristas tem reivindicado ditos crimes em diferentes redes sociais”, disse o órgão. 

O CNE acrescentou que, após anunciar a vitória de Nicolás Maduro, não foi possível divulgar os resultados “por ataques contínuos às plataformas de divulgação que sim estão expostas à internet”.

Os magistrados eleitorais da Venezuela acrescentaram ainda que não há previsão legal de se entregar as atas eleitorais aos observadores e que atas manuais podem ser falsificadas. 

“Na Venezuela o voto é eletrônico e o escrutínio é automatizado, igual que a totalização, onde se garante a integridade dos dados por meio de esquemas de certificação. As atas manuais são vulneráveis de ser falsificadas, como de efeito ocorreu posteriormente por parte de alguns atores políticos porque não há nenhum elemento técnico que garanta sua integridade”, diz o texto.

O Informe da ONU analisou uma pequena amostra das atas publicadas oposição na internet e sugere que elas são verdadeiras. Tais atas dão vitória ao opositor Edmundo González.

As atas da oposição são alvo de uma investigação do Ministério Público da Venezuela, que acusa os opositores de falsificarem os documentos. De acordo com o CNE, a tentativa de validar as atas da oposição “torna evidente a agenda política que guia [os especialistas da ONU]”.

Informe ONU

Um painel com quatro especialistas enviados pela ONU para analisar o processo eleitoral da Venezuela do último dia 28 de julho divulgou, nessa terça-feira (13), um boletim preliminar.

Baseado na experiência do Painel da ONU para eleições, o documento afirma que “o anúncio dos resultados sem a publicação de seus detalhes, ou a divulgação de resultados tabulados dos candidatos, não tem precedente em eleições democráticas contemporâneas”.

O comunicado ligado à ONU destacou ainda que o Poder Eleitoral do país sul-americano “não cumpriu com medidas básicas de transparência e integridade que são essenciais para a realização de eleições credíveis” e que também não “seguiu as disposições legais e regulatórias nacionais e todos os prazos estabelecidos foram descumpridos”.

Venezuela: eleição sem dados detalhados não tem precedente, diz ONU

Um painel com quatro especialistas enviados pela Organização das Nações Unidas (ONU) para analisar o processo eleitoral da Venezuela do último dia 28 de julho divulgou, nessa terça-feira (13), um boletim preliminar.

Baseado na experiência do Painel da ONU para eleições, o documento afirma que “o anúncio dos resultados sem a publicação de seus detalhes, ou a divulgação de resultados tabulados dos candidatos, não tem precedente em eleições democráticas contemporâneas”.

O comunicado ligado à ONU destacou ainda que o Poder Eleitoral do país sul-americano “não cumpriu com medidas básicas de transparência e integridade que são essenciais para a realização de eleições credíveis” e que também não “seguiu as disposições legais e regulatórias nacionais e todos os prazos estabelecidos foram descumpridos”.  

O governo da Venezuela rechaçou a conclusão preliminar dos especialistas e afirmou que se trata de um ato de propaganda que serve aos interesses golpistas da ultradireita venezuelana.

“Os integrantes desse fingido painel de especialistas tiveram contatos frequentes e diretos, via telefone e por meio de videoconferências, com funcionários do Departamento de Estado dos Estados Unidos (EUA), razão pela qual não há dúvidas que suas declarações são produto das instruções hostis emanadas dessa instância”, afirmou por meio de nota o chancelar da Venezuela, Yván Gil Pinto.  

O Painel de Especialistas da ONU foi convidado pelo governo da Venezuela para acompanhar o processo eleitoral do dia 28 de julho. Não havia previsão de que essa missão publicasse um relatório público, mas apenas fizesse recomendações internas para o secretário-geral da ONU a respeito das eleições no país. Datado do dia 9 de agosto, o informe preliminar foi publicado apenas ontem.

Sistema Robusto

Os especialistas das Nações Unidas afirmaram que o sistema de votação eletrônica da Venezuela estava bem desenhado e era confiável, estando programado para funcionar com importantes procedimentos de auditoria e protocolos para publicação dos resultados por mesa de votação.

“O CNE [Conselho Nacional Eleitoral] implementou também um mecanismo robusto para o processo de transmissão de resultados: a transmissão digital dos resultados de cada máquina de votação para o principal centro de apuramento do CNE, com vários níveis de proteção contra ligações não autorizadas e ataques cibernéticos”, diz o comunicado.

O primeiro problema foi detectado na transmissão eletrônica dos resultados que, após funcionar bem no início, foi suspensa bruscamente nas horas posteriores ao encerramento das mesas de votação, “sem que qualquer informação ou explicação fosse fornecida aos candidatos naquele momento, nem ao Painel”.

Somente no momento de anunciar os resultados foi que o CNE informou que houve um ataque cibernético contra o sistema eleitoral do país, atrasando os trabalhos do órgão. “Contudo, a CNE adiou e posteriormente cancelou três auditorias pós-eleitorais importantes, incluindo uma sobre o sistema de comunicação que poderia ter lançado luz sobre a ocorrência de ataques externos contra a infraestrutura de transmissão”, completou o informe.

Atas da oposição

Os especialistas afirmaram ainda que analisaram uma “pequena amostra” das supostas atas publicadas pela oposição em uma página da internet e que mostram a vitória do candidato opositor Edmundo González, o que contraria o anúncio do CNE que deu a reeleição a Maduro.

“Todos aqueles que foram revisados ​​apresentam todos os dispositivos de segurança dos protocolos originais dos resultados. Isto sugere que uma medida fundamental de salvaguarda da transparência estaria disponível, conforme planeado, em relação a quaisquer resultados publicados oficialmente”, diz o documento.

O informe acrescentou ainda que as atas eleitorais são dotadas de uma série de mecanismos de segurança, como códigos de QR code e comprovação de assinaturas únicas, assim como assinaturas de funcionários públicos. “Esses recursos de segurança, em conjunto, parecem ser muito difíceis de falsificar”, afirma. 

O governo tem acusado a oposição de falsificar parte das atas que mostram a vitória da oposição. Com isso, uma investigação penal foi aberta no país contra os responsáveis pelo endereço na internet que publicou as supostas atas. A oposição diz ter publicado cerca de 80% do total das atas e o governo diz que mais de nove mil documentos estão falsificados.

Dia da eleição

Apesar das críticas, o Painel de Especialistas Eleitorais da ONU elogiou o trabalho do CNE no dia da eleição, afirmando que a votação ocorreu em um ambiente pacífico e que foi bem organizada logisticamente. “O CNE conseguiu detectar e resolver rapidamente a grande maioria dos pequenos problemas técnicos relatados durante o dia”, destacou o informe.

Os especialistas acrescentaram que mantiveram diálogo construtivo e positivo com o CNE até o fechamento das urnas no dia 28 de julho. “Após esse momento, o Painel, infelizmente, e apesar de um pedido enviado por nota verbal, não conseguiu reunir-se com a Junta Diretiva do CNE antes da sua partida [da Venezuela]”, concluíram.

Judicialização

Devido ao suposto ataque cibernético e aos questionamentos da oposição de que o resultado emitido pelo CNE não foi verdadeiro, o governo de Nicolás Maduro entrou com um recurso no Tribunal Supremo de Justiça (STJ) do país.

A Corte máxima venezuelana abriu uma investigação para apurar todo o processo eleitoral e informou que já está em posse de todos os dados do CNE sobre a votação do dia 28 de julho. O principal candidato da oposição, Edmundo González, não compareceu ao TSJ e os partidos que o representam não apresentaram os documentos eleitorais supostamente em posse das legendas.

Espera-se que o TSJ emita uma decisão definitiva sobre a eleição presidencial em breve. Países como Brasil, México e Colômbia têm solicitado que as autoridades publiquem os dados eleitorais detalhados para encerar o impasse sobre o processo eleitoral.