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Desemprego global deve cair em 2024, mas progresso lento preocupa OIT

O ano de 2024 deverá registrar ligeira queda no desemprego mundial, informa relatório divulgado nesta quarta-feira (29) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), entidade vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU). O documento, no entanto, menciona preocupações com o ritmo lento do progresso e a persistência de desigualdades de gênero nos mercados de trabalho.

Pelo cenário atual, dificilmente serão atingidos os compromissos da Agenda 2030, assumidos pelos 193 estados-membros da ONU na Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável ocorrida em 2015.

Intitulado Emprego Mundial e Perspectivas Sociais: Atualizações de Maio de 2024, o relatório prevê que a taxa de desemprego global este ano chegará a 4,9%, abaixo dos 5% registrados em 2023. A tendência de queda, no entanto, não deve se manter em 2025. A projeção indica estabilidade para o próximo ano, com o desemprego permanecendo em 4,9%.

“O progresso decepcionante desde 2015 coloca muito provavelmente a meta de pobreza para 2030 fora do alcance. O progresso na informalidade também foi decepcionante. A percentagem de emprego informal era de 61,4% em 2005 e em 2015 tinha diminuído para 58,4%. Desde então, o ritmo do progresso tem sido consideravelmente mais lento: em 2024, a percentagem estimada é de 57,8%. Isto representa uma clara desaceleração no ritmo do progresso”, registra o documento.

A Agenda 2030 fixou 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O oitavo deles envolve a garantia de “emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todas e todos”. Em números absolutos, o total de trabalhadores em emprego informal cresceu de 1,7 bilhões em 2005 para 2,03 bilhões em 2024. “As tendências globais sugerem um abrandamento nos progressos no sentido da redução da pobreza e da informalidade desde 2015”, reitera a OIT.

De acordo com o relatório, 183 milhões de pessoas são consideradas desempregadas. São aquelas que estão procurando trabalho e disponíveis para iniciá-lo em uma ou duas semanas. No entanto, se se considerarem todas as pessoas com pelo menos 15 anos que gostariam de ter um emprego – mesmo aquelas que não estão se movimentando em busca de uma ocupação ou que não tem disponibilidade para começar em curto prazo – o número salta para 402 milhões. É o que a OIT classifica como “disparidade de emprego”.

As mulheres são desproporcionalmente afetadas pela falta de oportunidades. Embora esse cenário se verifique em todo o mundo, o relatório aponta que a situação é mais alarmante em países de baixos rendimentos. Nestes, a disparidade de emprego para as mulheres atinge 22,8%. Para os homens, o índice é de 15,3%. A desigualdade é menor nos países de rendimento elevado: a disparidade de emprego é de 9,7% para mulheres e de 7,3% para homens.

O relatório indica que esse cenário está em boa parte relacionado com as responsabilidades familiares. Isso porque os dados revelam que a proporção de mulheres completamente afastadas do mercado de trabalho é bem superior à de homens. Em todo o mundo, 45,6% das mulheres em idade ativa estão empregadas. Entre os homens, a taxa sobe para 69,2%.

A desigualdade está presente mesmo entre a população empregada. Em países de rendimento elevado, as mulheres recebem em média 73% do que ganham os homens. Já nos países de baixo rendimento, o percentual cai para 44%.

Brasil

O Brasil registra taxa de desemprego superior ao índice global projetado pela OIT para 2024. É o que revelam os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta quarta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No trimestre encerrado em abril, a taxa de desemprego do país ficou em 7,5%. Apesar de se situar acima do índice global projetado pela OIT, este é o menor percentual registrado no Brasil comparando o mesmo período desde 2014.

A Pnad Contínua apura todas as formas de ocupação de pessoas a partir de 14 anos de idade, seja emprego com ou sem carteira assinada, temporário e por conta própria, por exemplo. O índice registrado no trimestre encerrado em abril foi inferior ao observado no mesmo período de 2023 (8,5%) e é considerado estável em relação ao trimestre móvel terminado em janeiro de 2024 (7,6%).

Violência em Mianmar atrai condenação global

Rohingyas no campo de refugiados de Kutupalong

25 de maio de 2024

 

A União Europeia, os EUA e seus aliados emitiram uma declaração conjunta na sexta-feira sobre o aumento da violência em Mianmar.

“Nós, Austrália, Canadá, União Europeia, República da Coreia, Malta, Nova Zelândia, Noruega, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos, estamos profundamente preocupados com a escalada do conflito em Mianmar e, em particular, com os danos crescentes aos civis , que está a provocar um agravamento e devastação da crise humanitária e de direitos humanos em todo o país”, refere o comunicado.

A ONU O escritório de direitos humanos disse na sexta-feira que recebeu “relatórios assustadores e perturbadores” do estado de Rakhine, no norte de Mianmar, sobre o impacto que os combates entre os militares do país e o Exército Arakan, um grupo étnico armado, estão tendo sobre os civis Rohingya.

“Algumas das alegações mais sérias”, segundo um comunicado de Liz Throssell, porta-voz da ONU. Alto Comissário para os Direitos Humanos, “dizem respeito a incidentes de assassinato de civis Rohingya e ao incêndio de suas propriedades”.

Estima-se que 45 mil Rohingya fugiram recentemente dos combates nas cidades de Buthidaung e Maungdaw e procuraram refúgio no rio Naf, perto de Bangladesh, disse Throssell, onde já procuraram refúgio mais de 1 milhão de Rohingya.

Durante a violência nas duas cidades, Throssell disse que o escritório de direitos humanos da ONU documentou “novos ataques” contra civis Rohingya por parte dos militares e do Exército Arakan.

Houve relatos de ataques aéreos e “tiros contra aldeões em fuga desarmados, decapitações, desaparecimentos, incêndios de casas”, disse Throssell.

A declaração conjunta das nações afirma que os abusos cometidos contra a população civil incluem “ataques aéreos contra casas, escolas, locais de culto e hospitais, bem como tortura, utilização de civis como escudos humanos e violência sexual e baseada no género contra mulheres e crianças.”

“O número de pessoas com necessidades humanitárias aumentou de 1 milhão para 18,6 milhões”, continua a declaração conjunta, “desde o golpe de Estado de Fevereiro de 2021”, uma referência ao golpe militar contra o governo civil que declarou os resultados da sua a eleição não foi válida e prenderam altos funcionários da Liga Nacional para a Democracia, incluindo a Conselheira de Estado Aung San Suu Kyi.

Os grupos militares e armados de Mianmar têm “visado consistentemente” as cidades e aldeias do estado de Rakhine, onde houve relatos de “altos níveis de deslocamento” e “recrutamento forçado, inclusive dos Rohingya”, disse o grupo.

Os Rohingya são um grupo minoritário étnico muçulmano que vive há gerações em Mianmar, predominantemente budista. Foi-lhes negada não só a cidadania, mas também direitos e protecções básicas.

“Durante anos, os militares têm como alvo os Rohingya e aplicado ativamente restrições draconianas e discriminatórias que afetam todos os aspectos das suas vidas”, disse Throssell.

Em 2017, o governo de Myanmar liderou uma campanha contra os Rohingya que incluiu violações, assassinatos e o incêndio das suas casas e aldeias. Quase um milhão de Rohingya procuraram refúgio no vizinho Bangladesh.

O gabinete de direitos humanos da ONU apelou ao fim imediato do conflito e à protecção de todos os civis “sem qualquer distinção baseada na identidade” e à entrega “rápida e sem entraves” de ajuda humanitária.

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Nos Jogos Paralímpicos, projeto do Brasil para se firmar como potência esportiva global já se concretizou

23 de maio de 2024

 

Estamos já a menos de 100 dias do início dos Jogos de Paris 2024 e a delegação brasileira está animada com as perspectivas positivas para a sua participação no evento. Viajarão à capital francesa cerca de 250 pessoas, entre dirigentes, técnicos e atletas, que competirão em uma vintena de modalidades. A projeção dos dirigentes é que o país irá superar as 72 medalhas conquistadas em Tóquio 2020 e chegar a, pelo menos, 75 — há quem sonhe com 90 medalhas, das quais 20 de ouro. Tal resultado daria ao Brasil uma colocação entre o quinto e o oitavo lugares na classificação geral, e talvez uma performance superior à registrada nos Jogos de Tóquio, quando alcançamos a sétima posição e ficamos à frente de potências esportivas tradicionais, como a França e o Japão.

Para aqueles que talvez estejam um pouco surpresos com a perspectiva de resultados tão bons para a equipe verde-amarela nos Jogos de Paris, cabe ressaltar que estamos falando dos Jogos Paralímpicos, que ocorrerão a partir de 28 de agosto — e não dos Jogos Olímpicos, que acontecerão um pouco antes, entre 26 de julho e 11 de agosto, também na cidade luz. Mas os fãs do esporte paralímpico sabem que há bons motivos para que nossa delegação desembarque em Paris sentindo-se otimista. Afinal, nosso país tem exibido um progresso consistente em sua performance na competição, passando de um décimo quarto lugar no quadro geral de medalhas em Atenas 2004 para um lugar fixo entre as dez nações mais vencedoras nas últimas quatro edições. Ficamos em nono em Pequim 2008 com 47 medalhas, sétimo em Londres 2012 com 43 medalhas, oitavo nos jogos de 2016 no Rio de Janeiro e novamente sétimo em Tóquio 2020, em ambos os casos arrebatando 72 medalhas. E, se adotarmos como parâmetro de comparação as sete medalhas conquistadas em Barcelona 1992, encontramos um crescimento de 1.028%. Nas Olimpíadas, o Brasil ainda está distante de resultados mais consolidados. Os melhores resultados viveram nos jogos de Tóquio 2020: 21 medalhas, e a décima segunda posição no quadro geral.

A comparação das medalhas e classificações alcançadas pelas equipes Olímpica e Paralímpica brasileiras nos últimos jogos ajuda a dimensionar o salto que o esporte paralímpico brasileiro alcançou no espaço de menos de uma década, consolidando-se como potência esportiva. É claro que esses resultados se devem, em boa parte, à dedicação e ao talento dos atletas brasileiros (veja boxes ao longo do texto), mas também são fruto de planejamento, políticas públicas, apoio político e continuidade administrativa, que coalesceram na forma de três pilares fundamentais: a construção do Centro Paralímpico Brasileiro, o desenvolvimento de um sistema de financiamento que vem das loterias, e a captação de novos atletas.

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Aumento da influência global: saiba como foi o governo de Raisi no Irã

Até então cotado para substituir o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, o ex-presidente Ebrahim Raisi vinha acumulando poder na república islâmica xiita ao longo do seu mandato, que foi marcado pelo progresso econômico, por repressão a protestos e por uma política externa que aumentou a influência global do país persa.

Ebrahim Raisi era cotado para suceder ao líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei – Reuters/Official Khamenei website/Arquivo

Raisi morreu no domingo (19) aos 63 anos, após o helicóptero em que estava cair no noroeste do Irã. Também estavam na aeronave o ministro iraniano das Relações Exteriores, Hossein Amirabdollahian, e mais sete pessoas.

Para entender o legado do presidente iraniano, a Agência Brasil entrevistou dois especialistas em Irã e no Oriente Médio, que descreveram Ebrahim Raisi como um presidente de grande importância que projetou a influência do Irã no mundo.

Eleito em 2021 para um mandato de quatro anos, Raisi havia disputado sua primeira eleição para presidente em 2017. Com sua morte, o país deve convocar eleições dentro de 50 dias, contados a partir de segunda-feira (20). O líder supremo do Irã nomeou o vice-presidente Mohammad Mokhber como chefe de Estado interino.

Professor Bruno Lima Rocha, doutor em ciência política e professor de relações internacionais – Arquivo pessoal

Para o jornalista Bruno Lima Rocha, doutor em ciência política e professor de relações internacionais, a principal marca do mandato de Raisi foi o desenvolvimento econômico que ele conquistou para o país, que enfrenta há 45 anos um bloqueio econômico liderado pelos Estados Unidos. 

Rocha citou como conquistas de Raisi o acordo firmado com a Índia para uso comum do porto de Chabahar, no Golfo do Omã; a construção de reservatórios de água em parceria com Azerbaijão; a entrada do Irã no Bric, grupo de países que reúne Brasil, Rússia, China e África do Sul; a retomada das relações diplomáticas com a Arábia Saudita, histórica rival regional de Teerã; além do acordo para aumento do tráfico aéreo com o Catar, que é principal ponto de conexão aérea do Oriente Médio.

“Seja na triangulação com Rússia e China, via organização pela cooperação de Xangai, seja nas relações diretas entre o Irã e as repúblicas da Ásia Central, toda semana tinha evento, toda semana tinha algum memorando de protocolo de entendimento de novos negócios, incluindo aumento da presença do Irã na África”, destacou o também pós-doutor em economia política internacional.

Com cerca de 88 milhões de habitantes, o Irã é pouco maior que o estado do Amazonas, sendo um dos maiores produtores de petróleo do mundo, além de possuir uma indústria petroquímica, naval, aeroespacial e cibernética desenvolvida, segundo Rocha.

Para o professor de história contemporânea da Universidade Federal Fluminense (UFF) Bernardo Kocher, o presidente Ebrahim Raisi deu ao Irã um perfil sólido no Oriente Médio e perante a comunidade internacional. “Ele conseguiu grandes passos na condução da política externa iraniana. Gostando ou não gostando, o Irã se firmou com muita energia no Oriente Médio”, disse o professor, acrescentando que a decisão de atacar Israel passou por ele.

“Foi um ataque muito bem-sucedido porque não atingiu ninguém, nenhuma pessoa. Ele evitou a guerra. É isso que eu acho que marca a política externa dele. Ele externalizou o poder, mas não começou uma guerra”, argumentou Bernardo Kocher.

Eixo da Resistência

Outro papel de Raisi destacado pelo professor Bruno Lima Rocha na política externa do Irã foi o de aumentar o apoio ao chamado Eixo da Resistência, que são os países ou grupos do Oriente Médio que lutam contra a presença e a influência estadunidense e ocidental na região. Entre eles, estão o Hamas, da Faixa de Gaza, o Hezbollah, do Líbano, o Houthi, do Iêmen, e o governo da Síria.

“Se não fosse o Irã, não é que não tinha mais palestinos, não tinha mais nada. Não tinha mais Síria, não tinha mais Líbano, não tinha mais Iraque. O Irã é o único país que coloca uma verba regular para apoiar a resistência árabe e islâmica, sendo xiita ou não xiita, contra a invasão ocidental na região, incluindo Israel”, comentou.

Professor de história contemporânea da Universidade Federal Fluminense (UFF) Bernardo Kocher – Frame/ TV Brasil

O professor da UFF Bernardo Kocher acredita que essa política do Irã de apoiar grupos armados em outras nações não deve acabar com a mudança de presidente, já que tem rendido bons resultados para o país. Segundo o professor, essa é uma política de Estado consolidada, não de governo.

“É uma política de defesa do Estado iraniano. Eles fazem isso para tentar desgastar os inimigos no seu campo, no seu território, antes que eles ganhem força para atacar o território iraniano”, destacou Bernardo Kocher.

Repressão a protestos

O mandato do presidente Ebrahim Raisi também foi marcado pela repressão aos protestos promovidos principalmente pela juventude. Os maiores distúrbios foram provocados pela morte da jovem de 22 anos Mahsa Amini, em setembro de 2022. Ela estava sob a custódia da polícia acusada de usar “vestimentas inapropriadas”.

O professor Bernardo Kocher disse que o presidente Raisi adotou uma linha dura na repressão aos protestos. “Há um nível de repressão, da polícia de costumes, que no fundo é uma polícia política. Fala que é em nome dos costumes, mas no fundo é uma repressão ideológica também”, destacou.

Protesto nas ruas da capital iraniana, Teerã, em setembro de 2022, pela morte da jovem Mahsa Amini – Reuters/ West Asia News Agency/Direitos reservados/Arquivo

O professor Bruno Lima Rocha avaliou que o presidente Raisi deu maior atenção ao protesto civil no campo do comportamento da juventude com objetivo de evitar as chamadas revoluções coloridas, movimentos de contestação que seriam manipulados pelo exterior.

“Tem um problema sério de ajustar a república criada em 1979 com os anseios das juventudes urbanas modernas. Isso está acontecendo, isso não é uma invenção”, comentou, acrescentando que o objetivo da repressão do governo Raisi seria o de inibir “a possibilidade de uma chamada revolução colorida ou uma insurreição manipulada via internet”. “Realmente houve certo reforço de leis morais”, avaliou Rocha.

Gallup: EUA à frente da China na aprovação da liderança global

6 de maio de 2024

 

Agência VOA

A aprovação global da liderança dos EUA é maior do que a da China, de acordo com uma análise da Gallup na segunda-feira. O relatório diz que embora mais países tenham um maior apoio líquido à liderança dos EUA, o apoio global tanto aos EUA como à China diminuiu em 2023.

O relatório também especifica que, embora os EUA derrotem a China na aprovação da liderança global, o apoio varia dependendo de quem lidera. Os dados da Gallup ao longo de quase 20 anos mostram que a liderança Democrata tende a obter maior apoio global do que a liderança Republicana.

Dos 133 países pesquisados ​​em 2023, os EUA mantiveram uma vantagem em 81 deles, e a China em 52. Os EUA detinham a maior vantagem no Kosovo, enquanto a China desfrutava da maior vantagem na Rússia.

Ter uma vantagem na aprovação da liderança é importante para a capacidade de um país exercer influência, afirma a Gallup no relatório. “Mantendo outros factores constantes, a grande potência que tem uma vantagem líquida de aprovação num país de interesse pode ter uma melhor oportunidade de realizar os seus objectivos.”

O relatório também afirma que a pontuação líquida de aprovação “oferece um indicador útil para uma componente importante do poder brando a nível da população”.

Apesar de os EUA terem uma clara vantagem, o apoio tanto à China como aos EUA diminuiu, e a Gallup afirma no relatório que isto “sugere uma crescente falta de entusiasmo por estas duas potências globais”.

Apesar do declínio geral no apoio à liderança de ambos os países, os EUA e a China obtiveram ganhos respectivos a longo prazo em certas partes do mundo. A China obteve ganhos em países africanos como a Tanzânia, Uganda, África do Sul e Malawi. Os EUA obtiveram ganhos em países asiáticos como a Índia, as Filipinas, a Coreia do Sul e o Vietname.

De acordo com o relatório, “as atividades musculares da China na sua vizinhança parecem ter suscitado uma resposta de ameaça que empurra estes países para a órbita dos EUA”, provavelmente referindo-se à agressão contínua da China no Mar do Sul da China.

O apoio este ano poderá depender de uma variedade de factores, tais como mudanças na liderança ou o desenvolvimento de grandes conflitos globais. Este ano é o maior ano eleitoral alguma vez registado na história, com mais de metade da população mundial em mais de 50 países a ir às urnas.

Julie Ray, coautora do relatório Gallup, disse que será difícil prever o impacto das eleições deste ano, mas que “os riscos são definitivamente elevados este ano”.

O apoio à liderança dos EUA pode estar em causa, uma vez que o presidente dos EUA, Joe Biden, tem recebido críticas a nível interno e externo pelo apoio contínuo a Israel durante a guerra em Gaza, que matou mais de 30.000 palestinianos. Israel iniciou a sua campanha militar contra o Hamas depois que os combatentes do Hamas cruzaram o sul de Israel em 7 de outubro, matando 1.200 pessoas e fazendo cerca de 250 como reféns.

O impacto do apoio dos EUA a Israel “realmente ainda está para ser visto”, disse Ray, que acrescentou que “quando analisamos os países pesquisados ​​em 2023 com trabalho de campo antes e depois de 7 de outubro, não vimos nenhuma grande diferença uniforme nos índices de aprovação”. .”

Ray acrescentou que o apoio dos EUA a Israel teve um impacto notável no apoio à liderança dos EUA dentro de Israel, dizendo que as classificações dispararam “para níveis recordes”.

A pesquisa Gallup calcula a aprovação líquida relativa, que é a diferença entre a percentagem que aprova e a percentagem que desaprova a liderança de um país.

Para qualquer país, a aprovação líquida dos EUA menos a aprovação líquida da China resulta numa pontuação que varia de +200 a -200.

Uma pontuação de +200 indica apoio total à liderança dos EUA e desaprovação total à liderança chinesa. Uma pontuação de -200 indica o oposto, e uma pontuação de zero indica paridade total no apoio.

O Kosovo, o maior apoiante da liderança dos EUA, teve uma pontuação de +154 pontos, enquanto a Rússia, o maior apoiante da liderança chinesa, teve uma pontuação de -132 pontos.

Fonte
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Dívida soberana global deve se tornar foco de atenção, diz Campos Neto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira (22) que a dívida soberana deve se tornar foco internacional de atenção em breve. “Em algum momento, vai virar um tema de sustentabilidade da dívida e o fiscal vai ficar mais no foco”, disse no evento organizado pela Legend Investimentos.

“O que acontece é que a gente tem que parar e pensar. Se a gente somar Japão, Estados Unidos e Europa, isso mais ou menos dá dois terços da dívida soberana mundial. Se dois terços da dívida soberana mundial custava 1% para rolar essa dívida e agora custa 3,2%, multiplicou por três. E, além disso, essa dívida subiu 25% durante a pandemia”, ressaltou.

“A gente fez uma coisa muito boa, que foi um programa mundial, e local também, de enfrentamento à pandemia, que foi muito bom, mas o custo disso é que ficou uma dívida muito grande que a gente precisa pagar. Então, a gente precisa entender que agora, em algum momento, a gente precisa falar de como a gente vai conseguir pagar essa dívida de forma eficiente”, avaliou.

Campos Neto disse que é preciso achar soluções privadas para sair dessa crise fiscal, no contexto mundial e no Brasil. “O mercado hoje tem uma percepção de que, qualquer problema, os governos vão vir e vão resgatar os mercados. O problema é que esses resgates todos são feitos com dívida. E a gente está cada vez, globalmente falando, com menos espaço para isso. Então, o ponto que eu sempre tenho levantado é que a gente precisa achar soluções privadas para sair dessa crise”, defendeu.

“Séria tendência de aquecimento global” continua, segundo a NASA

Mudanças na temperatura da superfície global de 1880 a 2023 (linha preta) em relação à média de 1850–1900.

22 de abril de 2024

 

A Terra continua a registar temperaturas mais quentes e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertou para as graves consequências do aumento das temperaturas.

2022 foi o sexto ano com as temperaturas mais altas desde 1880, segundo relatório elaborado por cientistas da Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA) e da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA).

O aquecimento, em dados

O pior aconteceu em 2023, quando foram registrados números recordes e, segundo especialistas, isso abriu a porta para um aumento de inundações, incêndios florestais, derretimento de geleiras e ondas de calor intensas e abundantes no futuro.

“Continuamos nesta tendência grave de aumento de temperatura. E outro facto importante é que os últimos nove anos foram os mais quentes desde que começámos a fazer medições”, disse Carlos del Castillo, chefe do Laboratório de Ecologia Oceânica do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA, em declarações à Voz da América, convencido de que ” o problema é que a tendência é aumentar inexoravelmente as temperaturas ao longo deste ciclo.”

Porém, o aumento das temperaturas em todo o planeta não está ocorrendo de forma igual, há locais onde esse aquecimento é ainda mais acentuado. “Por exemplo, no Ártico, nos hemisférios, nas latitudes mais altas em direção ao norte, a mudança pode ser até quatro vezes maior. E em alguns lugares é um pouco abaixo da média, e isso se deve aos padrões das correntes oceânicas e dos ventos, entre outras coisas”, disse o especialista.

As Nações Unidas designam o dia 22 de Abril como Dia Internacional da Terra com o objectivo de aumentar a consciencialização sobre os problemas climáticos globais, resultantes do aquecimento global, das alterações climáticas e de outros fenómenos meteorológicos que geralmente são resultado de actividades humanas.

Da organização internacional sublinham que “as alterações climáticas, as alterações humanas na natureza e os actos que prejudicam a biodiversidade, como a desflorestação, a mudança no uso do solo, a agricultura e pecuária intensivas, ou o tráfico ilegal de espécies, podem intensificar a destruição do planeta”.

Fonte
 

NOAA confirma 4º evento global de branqueamento de corais

20 de abril de 2024

 

Um momento raro capturado pela câmera quando os corais sob estresse térmico transformam cores vibrantes, geralmente precedendo o branqueamento total dos corais e a morte.

De acordo com cientistas da NOAA, o mundo está atualmente a passar por um evento global de branqueamento de corais. Este é o quarto evento global já registado e o segundo nos últimos 10 anos.

O stress térmico ao nível do branqueamento, tal como monitorizado remotamente e previsto pelo Coral Reef Watch (CRW) da NOAA, tem sido — e continua a ser — extenso nas bacias do Atlântico, Pacífico e Índico. A monitorização do stress térmico da CRW baseia-se em dados sobre a temperatura da superfície do mar, desde 1985 até ao presente, a partir de uma mistura de satélites NOAA e de parceiros.

“De fevereiro de 2023 a abril de 2024, foi documentado um branqueamento significativo de corais nos hemisférios norte e sul de cada grande bacia oceânica”, disse Derek Manzello, Ph. D., coordenador da NOAA CRW.

Desde o início de 2023, o branqueamento em massa de recifes de coral foi confirmado em todos os trópicos, incluindo na Flórida, nos EUA; no Caribe; no Brasil; no Pacífico Tropical Oriental (incluindo México, El Salvador, Costa Rica, Panamá e Colômbia); na Grande Barreira De Corais da Austrália; em grandes áreas do Pacífico sul (incluindo Fiji, Vanuatu, Tuvalu, Kiribati, Samoas e Polinésia Francesa); no Mar Vermelho (incluindo o Golfo de Aqaba); no Golfo Pérsico; e no Golfo de Aden.

A NOAA recebeu a confirmação de branqueamento generalizado em outras partes da bacia do Oceano Índico, incluindo na Tanzânia, Quénia, Maurícias, Seychelles, Tromelin, Mayotte e ao largo da costa ocidental da Indonésia.

“À medida que os oceanos do mundo continuam a aquecer, o branqueamento dos corais está se tornando mais frequente e severo”, disse Manzello. “Quando esses eventos são suficientemente graves ou prolongados, podem causar mortalidade de corais, o que prejudica as pessoas que dependem dos recifes de corais para sua subsistência.”

O branqueamento de corais, especialmente a uma escala generalizada, impacta as economias, os meios de subsistência, a segurança alimentar e muito mais, mas não significa necessariamente que os corais morrerão. Se o stress que conduz ao branqueamento diminuir, os corais podem recuperar e os recifes podem continuar a fornecer os serviços ecossistémicos de que todos dependemos.

“As previsões do modelo climático para os recifes de coral têm sugerido há anos que os impactos do branqueamento aumentariam em frequência e magnitude à medida que o oceano se aquece”, disse Jennifer Koss, diretora do programa de conservação de recifes de coral (CRCP) da NOAA.

Por causa disso, o CRCP da NOAA incorporou práticas de gestão baseadas na resiliência e aumentou a ênfase na restauração de corais em seu plano estratégico de 2018, e financiou um estudo das Academias Nacionais de Ciências, que levou à publicação das intervenções de 2019 para aumentar a resiliência dos recifes de coral.

Koss disse: “Estamos na linha de frente da pesquisa, gestão e restauração de recifes de corais e estamos implementando ativa e agressivamente as recomendações do relatório de intervenções de 2019.”

A onda de calor de 2023 na Flórida foi sem precedentes. Começou mais cedo, durou mais tempo e foi mais grave do que qualquer acontecimento anterior naquela região. Durante o evento de branqueamento, a NOAA aprendeu muito enquanto se envolvia em intervenções para mitigar os danos aos corais. Por meio de sua missão a NOAA fez avanços significativos para compensar alguns dos impactos negativos das mudanças climáticas globais e dos estressores locais nos corais da Flórida, incluindo a mudança de viveiros de corais para águas mais profundas e mais frias e a implantação de guarda-sóis para proteger os corais em outras áreas.

Este evento global requer uma acção global. A International Coral Reef Initiative (ICRI), que a NOAA co-preside, e os seus membros internacionais partilham amplamente e já aplicam ações de gestão baseadas na resiliência e lições aprendidas com as ondas de calor marinhas de 2023 na Flórida e nas Caraíbas. O ICRI e os seus membros estão a ajudar a promover as intervenções e a restauração dos corais face às alterações climáticas, financiando a investigação científica sobre as melhores práticas de gestão e implementando o seu plano de acção.

O programa de conservação de recifes de Coral da NOAA é uma parceria entre vários escritórios e programas da NOAA que reúne conhecimentos especializados para uma abordagem multidisciplinar para a compreensão e conservação dos ecossistemas de recifes de coral.

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Os gastos da China em projetos de desenvolvimento global ultrapassaram 1 bilião de dólares neste século

7 de março de 2024

 

Os gastos da China em projectos de desenvolvimento global ultrapassaram 1 bilião de dólares desde a viragem do século, tornando Pequim um dos financiadores mais procurados do mundo. Ao longo de um período de 22 anos, começando em 2000, a China gastou pelo menos 1,34 biliões de dólares em mais de 20.985 projectos em 165 países, de acordo com o laboratório de investigação AidData da William & Mary, uma universidade pública na Virgínia.

A investigação da AidData pretende lançar luz sobre as atividades muitas vezes opacas de concessão de subvenções e empréstimos da China em países de baixo e médio rendimento. Os dados mostram que a China aumentou significativamente os seus gastos em projectos de desenvolvimento internacional desde o lançamento da sua ambiciosa Iniciativa Cinturão e Rota em 2013 e, nos seus primeiros anos, ultrapassou os gastos dos Estados Unidos e de outras grandes potências numa escala de 2-1 ou mais.

Para competir com Pequim, o Grupo dos Sete principais democracias industriais combinadas tem aumentado as suas despesas de desenvolvimento e, em 2021, gastou mais do que a China em projectos de desenvolvimento internacional em 84 mil milhões de dólares. No entanto, os investigadores da AidData dizem que não é claro se os Estados Unidos e os seus aliados têm o “poder de fogo financeiro para competir dólar por dólar com Pequim” no longo prazo, devido às vastas reservas cambiais da China.

 

Chances de pouso suave da economia global sobem, diz documento do G20

A probabilidade de que a economia global desacelere de forma suave aumentou, informou um documento divulgado pela presidência do G20 (grupo das 20 maiores economias do planeta), atualmente a cargo do Brasil. Sem um comunicado conjunto oficial, o governo brasileiro emitiu um resumo com as conclusões das reuniões entre os ministros de Finanças e presidentes dos Bancos Centrais do grupo.

Intitulado “Resumo do Presidente”, o documento ressalta que as perspectivas de crescimento no médio prazo permanecem moderadas, e as estimativas indicam que o crescimento econômico global se estabilizará em um nível mais baixo. De acordo com os países, o principal desafio consiste em estabelecer medidas que estimulem o crescimento econômico e, ao mesmo tempo, mantenham a sustentabilidade nos Orçamentos e criem reservas.

“Reiteramos a necessidade de políticas fiscais, monetárias, financeiras e estruturais bem calibradas e comunicadas para promover políticas fortes, sustentáveis, crescimento equilibrado e inclusivo, manter a estabilidade macroeconômica e financeira e ajudar a limitar as repercussões negativas [da desaceleração global]”, destaca o resumo.

Em relação à inflação, os ministros de Finanças e presidentes dos Bancos Centrais destacaram que o papel fundamental das autoridades monetárias consiste em garantir que a inflação convirja para as metas estabelecidas. Segundo o documento, a situação está menos grave que nos anos anteriores.

“A inflação diminuiu na maioria das economias, graças, em grande parte, a políticas monetárias adequadas, à redução dos estrangulamentos na cadeia de abastecimento e à moderação dos preços das matérias-primas”, aponta.

 

Israel e Ucrânia

De 2021 a 2023, a inflação global acelerou, impulsionada pelo estrangulamento das cadeias globais de produção, por causa de restrições à covid-19 impostas pela China, e pelo início da guerra entre Rússia e Ucrânia. O comunicado conjunto não saiu por falta de acordo à menção dos conflitos no leste europeu e da guerra na Faixa de Gaza, mas incluiu uma nota de rodapé.

“Os ministros trocaram opiniões sobre guerras, conflitos e crises humanitárias em curso, destacando a Ucrânia e Gaza. A presidência brasileira do G20 observou que a trilha das finanças não é o fórum mais apropriado para resolver questões geopolíticas e propôs que estas questões continuem a ser discutidas em fóruns e reuniões relevantes”, destacou o texto, repetindo a declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante a entrevista coletiva de encerramento do encontro.

Tributação

O resumo assume o compromisso da presidência brasileira no G20 no combate à desigualdade. “Em 2024, vamos focar em alçar a desigualdade como principal preocupação política”, destacou. O texto, no entanto, não especifica a proposta do Brasil de uma taxação mínima sobre a renda dos mais ricos, apesar de o assunto ter sido tratado com destaque nas reuniões e nas entrevistas.

O texto cita apenas a intenção de acatar a solução de dois pilares da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para a taxação internacional, com a intenção dos países de assinar o pilar 1, que busca adaptar a tributação de multinacionais à era digital, e continuar as discussões sobre o pilar 2, que busca estabelecer uma tributação global mínima para as empresas globais.

O documento, no entanto, não menciona o terceiro pilar, proposto pelo Brasil, para uma taxação mínima de 2% sobre os rendimentos dos super-ricos. Embora o tema não conste no resumo, o ministro Haddad afirmou, em entrevista coletiva, que a proposta do Brasil foi bem aceita pelos demais países do G20 e que há “uma grande expectativa” de que o segundo pilar avance ainda este ano.

Reforma do FMI

Os países também assumiram o compromisso de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e de “dar prioridade para uma implementação ágil” da reforma das cotas do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Entre os principais riscos para a economia global, apontou o documento, estão as guerras e a escalada dos conflitos, a fragmentação geoeconômica, o crescimento do protecionismo e a perturbação das rotas comerciais. Entre os pontos positivos, estão uma desinflação mais rápida que o previsto e uma “consolidação fiscal” mais favorável ao crescimento, ancorada em arcabouços fiscais mais críveis.