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Biomanguinhos passa a integrar rede de preparação para epidemias

O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) passa a integrar a rede da Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (CEPI) de fabricantes de vacinas no Sul Global. A rede internacional trabalha para apoiar a fabricação de vacinas e outras respostas mais rápidas e equitativas para futuras epidemias e ameaças de doenças infecciosas. A formalização do ingresso ocorre nesta segunda-feira (29) durante a Cúpula Global de Preparação para Pandemias 2024, que ocorre no Rio de Janeiro. 

Bio-Manguinhos é um dos maiores fabricantes de vacinas da América Latina. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a inclusão impulsionará significativamente os esforços de produção de vacinas na região da América Latina e do Caribe, aumentando a capacidade para produzir imunizantes. 

No âmbito da rede, o Instituto receberá US$17,9 milhões, o que equivale a aproximadamente R$ 92 milhões, da CEPI. Os recursos serão usados para diversificar as capacidades de fabricação de vacinas. Além disso, servirão para apoiar o Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS), no Campus de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. O desenvolvimento adicional do CIBS no Campus de Santa Cruz, já em construção, de acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), tornará este local o maior centro de produção de vacinas na região. Será capaz de produzir 120 milhões de frascos por ano, ajudando a atender à crescente demanda no Brasil, na América Latina e no mundo. 

A rede deverá contribuir para reduzir o tempo necessário para fabricar e validar os primeiros lotes de vacinas experimentais, o que será fundamental para possibilitar uma resposta a um surto crescente em apenas 100 dias, que é um objetivo abraçado pelos líderes do G7, do G20 e da indústria. Essa redução poderia ajudar a deter uma futura pandemia durante seu curso.

Rede de fabricação

A CEPI foi lançada em 2017 como uma parceria inovadora entre organizações públicas, privadas, filantrópicas e civis. A rede de fabricação de vacinas que Bio-Manguinhos passa a integrar, por sua vez, foi criada pela CEPI para expandir a produção global de vacinas. A rede de fabricação concentra-se em fabricantes de vacinas no Sul Global, próximos a áreas de alto risco de surtos causados por ameaças virais mortais como chikungunya, febre lassa, nipah, doença x e outros patógenos com potencial epidêmico ou pandêmico priorizados pela organização.

A Fiocruz é o quinto membro da rede global de fabricação da CEPI. Outros membros incluem o Serum Institute, da Índia; a Aspen, na África do Sul; o Institut Pasteur de Dakar, no Senegal; e a Bio Farma, na Indonésia. 

Pandemia

A pandemia de covid-19 mostrou a necessidade da articulação global e ressaltou também a necessidade urgente de expandir o desenvolvimento de vacinas e regionalizar a fabricação de ponta a ponta na América Latina. 

De acordo com a Fiocruz, embora os latino-americanos representem apenas cerca de 8% da população mundial, foram desproporcionalmente afetados pela doença, respondendo por mais de um em cada quatro óbitos até outubro de 2023. Somente no Brasil, foram 700 mil mortes até dezembro de 2023. 

A Fiocruz aponta que isso ocorreu, em grande parte, porque o acesso a vacinas e outras medidas de combate na América Latina e outras regiões do Sul Global foram prejudicados devido à concentração da capacidade de fabricação global em um pequeno número de países de alta renda ou com grande população. Outros fatores que contribuíram incluem o acesso dificultado a produtos, insumos e tecnologias necessários, além de desafios sociais e políticos.

Cúpula Global 

A Cúpula Global de Preparação para Pandemias 2024 ocorre no Rio de Janeiro nesta segunda (29) e terça (30). A Cúpula é co-organizada pelo Ministério da Saúde do Brasil, a Fiocruz e a CEPI e reunirá especialistas, autoridades governamentais, representantes da sociedade civil e líderes da indústria e da comunidade de saúde global para abordar os progressos e os atuais desafios para o enfrentamento de ameaças virais. 

Marcha das mulheres negras une gerações na orla do Rio de Janeiro

Aos 92 anos, a ex-empregada doméstica Nair Jane de Castro Lima enfrentou o sol de inverno neste domingo (28) na orla de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, para participar da 10ª edição da Marcha das Mulheres Negras no estado. Ela, que foi líder sindical e defensora dos direitos dos trabalhadores domésticos, enxerga na participação dela no ato uma mistura de resistência e exemplo para novas gerações.

Rio de Janeiro (RJ), 28/07/2024 – Nair Jane de Castro participa da 10ª Marcha das Mulheres Negras do RJ – Tânia Rêgo/Agência Brasil

“É resistência na luta dos direitos do negro, da luta que todos nós buscamos, da igualdade que não temos. Os jovens têm que aprender a caminhar, ter coragem”, disse à Agência Brasil.

A manifestação teve o condão de unir gerações. A poucas dezenas de metros da ativista de 92 anos, participavam da marcha pais e responsáveis com crianças e adolescentes. Uma delas era Luciane Costa, acompanhada das netas, Manuela, de apena três anos e Mirela, de seis.

Para a avó, é importante que as duas crianças, desde cedo, frequentem ambientes de reivindicação coletiva contra o racismo e pelo bem viver.“Para que elas cresçam sabendo que a nossa existência é importante para o mundo mais justo, igualitário, que nós, mulheres, somos o útero desse mundo e precisamos ser respeitadas”, explicou.

A marcha organizada pelo Fórum Estadual de Mulheres Negras reuniu milhares de pessoas e fecha a semana de mobilização pelo Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho, além do Julho das Pretas, agenda coletiva de manifestações e celebrações ao longo do mês.

Uma das organizadoras, Clatia Vieira assinala que a caminhada representa mulheres negras de favelas, terreiros, comunidades e periferias, de 52 dos 92 municípios do Rio de Janeiro.

“Estamos marchando também por moradia, por uma educação pensada por nós e por uma vida sem violência para as mulheres negra”, lista a organizadora.

“O racismo faz mal para toda a sociedade, o racismo mata, o racismo adoece. Quando a gente respeita as mulheres negras, a gente está respeitando todo uma sociedade”, declara.

Racismo estrutural

Rio de Janeiro (RJ), 28/07/2024 – 10ª Marcha das Mulheres Negras do RJ. Mulheres negras marcham contra o racismo e pelo bem viver, na praia de Copacabana. – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Estatísticas provam que mulheres negras enfrentam desafios mais pesados que outros segmentos da sociedade brasileira.

Na economia são principais vítimas do desemprego. Em 2023, as mulheres negras de 18 a 29 anos tiveram uma taxa de desemprego três vezes maior que a dos homens brancos no Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) analisados pela organização Ação Educativa. Além disso, a juventude feminina negra tem uma renda 47% menor que a da média nacional.

No âmbito da segurança, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado no último dia 18, revela que 63,6% das vítimas de feminicídio foram mulheres negras em 2023. No ano anterior eram 61,1%.

Em relação à violência sexual, entre 2012 e 2023, também de acordo com o Anuário, a proporção de mulheres negras vítimas saltou de 56,4% para 63,2%.

Contra impunidade e PL 1904

Clatia Vieira conta que o ato é também um protesto por duas pautas específicas. Uma delas são decisões da Justiça que absolvem agentes de segurança envolvidos na morte de negros.

A organizadora cita o exemplo do jovem João Pedro, de 14 anos, morto com um tiro de fuzil pelas costas, dentro da casa de parentes, em 18 de maio de 2020, durante operação policial na comunidade do Salgueiro, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro. A Justiça, após analisar as provas e depoimentos, entendeu que os agentes agiram em legítima defesa.

Outro tema é o Projeto de Lei 1904/24, que tramita na Câmara dos Deputados, e prevê que o aborto realizado acima de 22 semanas de gestação, em qualquer situação, passará a ser considerado homicídio, inclusive no caso de gravidez resultante de estupro.

Maioria da população

A diretora executiva da organização da sociedade civil Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck, classifica a marcha como “vários gritos, várias reivindicações e afirmações”.

“Os gritos denunciam a injustiça que afeta as mulheres negras e suas famílias”, disse.

Ela ressalta ainda a importância de levar vozes de mulheres negras para as ruas.

“Somos o principal segmento populacional do Brasil, somos a maioria no Brasil e negligenciadas com violação de direitos humanos a todo tempo”.

O Brasil tem 60,6 milhões de mulheres negras, sendo 11,30 milhões de pretas e 49,3 milhões de pardas, o que corresponde a 28,3% da população, de acordo com o Censo de 2022 (IBGE).

“A gente quer os meninos negros vivos, a gente quer mulheres negras vivas, a gente quer um Brasil sem racismo”, manifestou Werneck.

Racismo obstétrico

Por toda a marcha viam-se faixas e cartazes que identificam grupos e reivindicações. Um deles era de combate ao racismo obstétrico e mortalidade materna negra. “São as mulheres negras as que mais morrem durante a gestação, parto e puerpério [período de seis a oito semanas após o parto]”, aponta Gabriella Santoro, presidente da Associação de Doulas do Estado do Rio de Janeiro.

Rio de Janeiro (RJ), 28/07/2024 – 10ª Marcha das Mulheres Negras do RJ. Mulheres negras marcham contra o racismo e pelo bem viver – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2022, o índice de mortes maternas de negras era de 100,38 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos. No caso de pardas, era 50,36. Entre as brancas, a taxa baixava para 46,56.

Gabriella Santoro explica que parte do racismo durante o parto é baseado em ideias preconceituosas.

“Mulheres negras recebem menos alívio para dor durante o parto porque há uma ideia preconcebida errada e preconceituosa de que negras aguentam mais a dor que brancas, então, por isso, a elas é negada a analgesia durante o parto”, exemplifica.

Quilombolas

Representantes de comunidades quilombolas circulavam entre as manifestantes. Uma delas era Adriana Silva, do Movimento Nacional Quilombo Novembro Negro. Para ela, ainda mais no cenário em que o IBGE, pela primeira vez, traz dados detalhados sobre a população quilombola, a presença na marcha era também questão de visibilidade.

“A importância de os movimentos estarem participando é ter visibilidade. Tem toda uma história e nós somos resistentes. É importante que a sociedade venha ver e reconhecer que é necessário fazer uma igualdade entre o povo negro e não negro”, disse.

Rio de Janeiro (RJ), 28/07/2024 – 10ª Marcha das Mulheres Negras do RJ. Mulheres negras marcham contra o racismo e pelo bem viver – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Dez anos

A organizadora da Marcha das Mulheres Negras, Clatia Vieira, considera que a 10ª edição da caminhada é “um apanhado” das outras nove edições. Ela espera que, em dez anos, haja avanços na questão racial no país, de forma que o ato possa acontecer com uma atmosfera de menos contestação e mais celebração.

“Até aqui a gente tem marchado para contestar e denunciar. A gente espera que daqui a dez anos seja o encontro de alegria, que a gente possa olhar para o Poder Legislativo e ver mais mulheres. Daqui a dez anos a gente quer uma mulher preta presidente, daqui a 10 anos a gente quer ver as mulheres negras em pé de equidade com essa branquitude”, desejou.

Rio de Janeiro (RJ), 28/07/2024 – 10ª Marcha das Mulheres Negras do RJ. Mulheres negras marcham contra o racismo e pelo bem viver – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Dia Internacional

O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, em 25 de julho, foi criado pela Organização das Nações Unida (ONU), durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana, em 1992. No Brasil, a data também é uma homenagem à Tereza de Benguela, conhecida como Rainha Tereza, que viveu no século 18, no Vale do Guaporé, em Mato Grosso, e liderou o Quilombo de Quariterê.

Mostra Ecofalante apresenta 122 filmes a partir de quinta-feira

Com temas envolvendo a relação do homem e o ambiente em que vive, a Mostra Ecofalante de Cinema chega à sua 13ª edição. Mais importante evento sul-americano para a produção audiovisual ligada às temáticas socioambientais urgentes e atuais, a mostra vai de 1º a 14 de agosto, na capital paulista, apresentando 122 filmes de 24 países.

“A Mostra Ecofalante de Cinema chega à sua 13ª edição ocupando um lugar especial no calendário cultural de São Paulo”, disse o diretor da mostra, Chico Guariba. 

“Nossa programação abraça temas cruciais para a sociedade brasileira, incluindo a preservação da Amazônia, os direitos dos povos originários, a desigualdade social e o racismo estrutural”, explicou em entrevista à Agência Brasil. 

Uma das principais atrações do festival deste ano é o especial emergência climática, que apresentará filmes como Arrasando Liberty Square, de Katja Esson, sobre gentrificação climática; Filhos do Katrina, de Edward Buckles Jr, obra premiada no Festival de Tribeca, e que aborda os efeitos do furacão Katrina em Nova Orleans (EUA); e o longa francês Uma Vez Que Você Sabe, de Emmanuel Cappelin, que aborda o iminente colapso do planeta.

Outro destaque é a mostra histórica, que reúne obras clássicas de três cineastas mulheres latino-americanas: De Certa Maneira, da cubana Sara Gómez; Araya, da venezuelana Margot Benacerraf; e Amor, Mulheres e Flores, da colombiana Marta Rodríguez e Jorge Silva.

Novidade

A grande novidade na edição deste ano é a criação da mostra competitiva Territórios e Memória, que reúne uma seleção de 27 filmes nacionais. O objetivo é abrir espaço para o crescimento de obras audiovisuais brasileiras de caráter socioambiental e ampliar as discussões sobre os diferentes territórios do Brasil.

“A Mostra Competitiva Territórios e Memória é dedicada exclusivamente a produções brasileiras que abordam questões socioambientais e refletem sobre temas locais e territoriais, ampliando a diversidade de perspectivas e enfoques. Além disso, continuam em destaque a Competição Latino-americana, que reúne filmes de sete países da América Latina, abordando temas como racismo, migração e preservação florestal, e o tradicional Concurso Curta Ecofalante, exibindo curtas-metragens de estudantes de universidades e cursos livres de cinema de nove estados brasileiros”, disse Guariba.

Outra novidade é a homenagem aos 30 anos do Instituto Socioambiental (ISA), organização dedicada a defender o meio ambiente, o patrimônio cultural e os direitos dos povos indígenas. Para essa homenagem, nove filmes foram selecionados, entre eles, a estreia mundial de Mapear Mundos, da diretora Mariana Lacerda. A exibição desse filme, agendada para o dia 3 de agosto, será acompanhada por uma roda de conversa com a equipe do filme. 

“Essa retrospectiva destaca o papel crucial das organizações da sociedade civil na defesa dos direitos dos povos indígenas e do meio ambiente no Brasil”, explicou o diretor do festival.

Debates

Além dos filmes, a mostra promove ainda seis debates que vão discutir temas como inteligência artificial, emergência climática, cidades resilientes, direitos trabalhistas e taxação dos super-ricos. Também estão previstos bate-papos com especialistas da área cinematográfica e estreias de filmes brasileiros que contarão com a presença da equipe e dos atores.

O festival promove ainda o primeiro encontro A Sustentabilidade na Indústria Audiovisual, que acontece na manhã do dia 9 de agosto. O evento propõe uma discussão sobre a extensão da implementação de práticas sustentáveis na indústria cinematográfica brasileira. 

“O evento reunirá profissionais de diversos setores em duas mesas de discussão, onde serão compartilhadas experiências bem-sucedidas e os desafios enfrentados na implementação desse tipo de iniciativa”, explicou Guariba.

Depois de passar pela capital paulista, a Mostra Ecofalante será apresentada em Brasília, Belém, Belo Horizonte, Porto Alegre e municípios do interior de São Paulo. 

“Esse passo reflete nosso compromisso em democratizar o acesso ao cinema e alcançar um público diversificado em todo o país”, disse o diretor do festival. 

A Mostra Ecofalante é gratuita e acontece em salas do Reserva Cultural, Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo), Cine Satyros Bijou, Nave Coletiva, Circuito Spcine Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes e 15 unidades do Circuito Spcine localizadas nos Centros Educacionais Unificados (CEUs). Mais informações sobre o evento e sua programação podem ser consultadas no site da mostra

Lei que preserva produção intelectual brasileira faz 20 anos

Há 20 anos, toda obra publicada no Brasil precisa ter pelo menos uma cópia enviada para a Fundação Biblioteca Nacional (FBN), a mais antiga instituição cultural do país. Promulgada em 2004, durante a gestão do cantor e compositor Gilberto Gil como ministro da Cultura, a Lei 10.994 “regulamenta o depósito legal de publicações, na Biblioteca Nacional, objetivando assegurar o registro e a guarda da produção intelectual nacional, além de possibilitar o controle, a elaboração e a divulgação da bibliografia brasileira corrente, bem como a defesa e a preservação da língua e cultura nacionais”.

“Um país sem memória não é um país”, destaca a coordenadora-geral do Centro de Processamento e Preservação da FBN, responsável pela captação das obras enviadas por meio do Depósito Legal, Gabriela Ayres. “A Biblioteca Nacional não resguarda apenas a história do Brasil, mas a história da construção do Brasil”. 

Com o Depósito Legal, o espaço recebe, em média, 80 mil publicações por ano. Algumas áreas de conhecimento captam mais obras do que outras, assim como também há uma diferença na quantidade de livros enviados pelas regiões, sobretudo Norte e Nordeste. “Há uma carência por conta da logística e do custo do envio, mas tentamos sempre abarcar as grandes áreas e interagir com os editores e autores, promovendo educação patrimonial sobre a importância de enviar essas publicações para a Biblioteca Nacional”, explica Ayres.

Segundo os Relatórios de Gestão disponíveis no site da instituição, em 2023 a fundação recebeu 59.054 obras por meio do Depósito Legal. Nos últimos dez anos, as menores captações foram em 2020 (35.772) e 2021 (17.671), em razão da pandemia da covid-19. 

Quanto aos tipos de livros, o professor do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal Fluminense (UFF) e autor do livro A Biblioteca e a Nação: Entre catálogos, exposições, documentos e memória (2024), Carlos Henrique Juvêncio, esclarece que são todos aqueles editados no país, incluindo traduções de produções estrangeiras e documentos oficiais, se reunidos em livros. 

Arte/Agência Brasil

“Mesmo se o autor for estrangeiro, teve um tradutor que, no mínimo, fala nossa língua”, pontua. “Nesses casos, pode não haver uma produção intelectual no sentido de ser uma obra brasileira, mas a produção editorial é, assim como o cuidado do tradutor e a língua. O Depósito Legal mostra as transformações na nossa língua a partir da produção escrita, então as traduções também são alvo da legislação”, acrescenta. 

Entretanto, o pesquisador ressalta que a Lei 10.994 ainda é omissa em relação às publicações feitas no ambiente virtual. “Tem uma brecha que diz ‘toda obra impressa ou em outros meios’, mas ainda não está regulamentado muito bem como deve ser feito o envio de obras digitais e como vão ser disponibilizadas ao público”.

Segundo a coordenadora-geral, as publicações digitais, como os e-books (livros eletrônicos), são geralmente enviados à FBN armazenados em CD, mas essa questão continua a ser um dos principais desafios enfrentados pelo Centro de Processamento e Preservação. 

“As publicações de periódicos científicos, por exemplo, saíram totalmente do modelo impresso, de uma revista, para um modelo de website”, observa. Nesse sentido, em 2020, foi publicada a Política de Preservação Digital da Biblioteca Nacional (PPDBN), com princípios para a conservação, gerenciamento e difusão do acervo digital que integra a BNDigital, criada em 2006. 

Além de zelar pelo patrimônio cultural, literário e musical do país, o Depósito Legal também tem relação com outra norma brasileira, a Lei 9.610, que regulamenta os direitos autorais no território nacional. A Lei do Direito Autoral estabelece que quando uma obra entra em Domínio Público, ou seja, pode ser usada independentemente de autorização da família ou de herdeiros, após 70 anos da morte do autor, o Estado passa a ser responsável por zelar pela integridade dela. 

“Analisando esse trecho da lei, que diz que o Estado se torna responsável pela integridade da obra, isso já remete ao Depósito Legal”, diz Juvêncio.

Na avaliação do professor, com as duas décadas do Depósito Legal, um assunto que necessita ser debatido é o cumprimento da legislação. “Temos editoras muito sérias, que cumprem efetivamente com a norma, mas boa parte delas não”, alerta. Como exemplo, cita o envio de jornais, com os quais trabalhou até 2010 na Biblioteca Nacional. Segundo ele, a FBN recebia de todo o Brasil em torno de 124 títulos, uma produção escassa para a extensão territorial do país. 

“Existem várias razões. O tamanho do nosso país e a dificuldade de envio explicam em parte, mas a lei de fato não é cumprida. Se ela fosse, a Biblioteca Nacional, que já sofre com falta de espaço, não teria lugar para mais nada”, afirma.

Lei imperial

Juvêncio explica que a Lei do Depósito Legal tem origem em uma outra legislação, do início do século 19. Em 1824, uma ordem do então imperador Pedro I exigia que todos os impressores da Corte, na cidade do Rio de Janeiro, deveriam submeter à Biblioteca Imperial e Pública da Corte, hoje a Biblioteca Nacional, um exemplar de todas as obras produzidas. A legislação só seria revista 83 anos depois, quando o Decreto 1.825, de 20 de dezembro de 1907 determinou que “os administradores de officinas de typographia, lithographia, photographia ou gravura, situadas no Districto Federal e nos Estados, são obrigados a remeter à Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro um exemplar de cada obra que executarem”. 

Passados quase 100 anos, o decreto de 1907 foi substituído pela Lei do Depósito Legal e pela Lei 12.192/2010, que “regulamenta o depósito legal de obras musicais na Biblioteca Nacional, com o intuito de assegurar o registro, a guarda e a divulgação da produção musical brasileira, bem como a preservação da memória fonográfica nacional”. 

“A ideia é que a Biblioteca Nacional tenha todas as obras editadas e divulgadas no país desde a instituição do Depósito Legal no século 19 para que ela seja uma fonte de memória e complete o que se chama de Coleção Memória Nacional, formada por um conjunto de instituições, como o Arquivo Nacional e o Museu Nacional”, define o professor.

* Estagiária sob supervisão de Vinícius Lisboa

Cartilha orienta como identificar boatos na internet

Lançada neste mês, a cartilha Boatos traz orientações sobre como os internautas podem identificar boatos, ou fake news, na internet, e com isso, evitar desinformação, fraudes e manipulação de  opiniões. 

Produzida pela Central de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (CERT.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), a publicação indica que a primeira coisa a fazer é usar o bom senso: “às vezes, a notícia é tão sem sentido que  basta refletir um pouco para identificá-la como boato”, diz a cartilha.

A orientação é observar sinais característicos de um boato, como título chamativo, alarmista ou apelativo. “Geralmente o texto de um boato pede para ser bastante compartilhado; tem muitas curtidas ou comentários de reforço; omite o autor ou cita um autor de renome para atrair credibilidade; não inclui fonte ou cita fontes desconhecidas; e omite a data e/ou o local do fato  noticiado”.

De acordo com a cartilha, um passo importante para identificar boatos é tentar achar a fonte original da notícia, ou seja, quem é seu autor e onde foi publicada. Assim, será possível analisar se a pessoa ou organização realmente divulgou o fato e se tem credibilidade em relação ao assunto. 

“Desconfie de notícias que não apresentam fontes. Se a fonte tiver sido citada,  verifique se a conta ou site é oficial, questione se ela tem credibilidade, leia a notícia diretamente na origem, e procure comunicados que confirmem ou desmintam a notícia”.

 

TV Brasil exibe show da Academia da Berlinda neste domingo

A TV Brasil exibe neste domingo (28), às 23h, show dos pernambucanos da Academia da Berlinda, gravado durante a Conferência Nacional de Cultura (CNC). A banda mistura ritmos latinos como a cúmbia e o merengue com os sons brasileiros do maracatu, da ciranda e do carimbó.  

O repertório do show inclui sucessos da banda como Dorival, Cúmbia de Praia, Fui Humilhado e Só de tu. A CNC foi realizada em Brasília, em março, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, e reuniu grandes nomes como Fafá de Belém, Paulinho da Viola, Sambaiana  e Salgadinho. 

Até setembro, a TV Brasil exibe aos domingos shows inéditos que foram gravados em parceria com o Ministério da Cultura durante a CNC. A atração também será exibida na Rádio Nacional aos sábados, às 20h, na faixa Música ao Vivo.

Mega-Sena, concurso 2.754: prêmio acumula e vai a R$ 100 milhões

Nenhuma aposta acertou as seis dezenas do concurso 2.754 da Mega-Sena, e o prêmio para o próximo sorteio acumulou em R$ 100 milhões. O sorteio foi realizado na noite de sábado (27), em São Paulo.

Os números sorteados foram: 10 – 14 – 44 – 55 – 56 – 58.

De acordo com a Caixa, 66 apostas acertaram cinco dezenas e vão receber, cada uma, R$ 68.839,98.

Outras 5.216 apostas acertaram 4 números e vão ganhar R$ 1.244,36

O próximo sorteio da Mega-Sena está marcado para terça-feira (30)..

 

Hoje é Dia: combate à hepatite e ao tráfico de pessoas são destaques

Duas das principais datas da semana entre os dias 28 de julho e 3 de agosto de 2024 nos convidam para a reflexão. Hoje é o Dia Mundial de Combate à Hepatite, instituído pela Organização Mundial da Saúde. Este dia faz parte do Julho Amarelo, mês dedicado a alertar sobre os perigos das hepatites virais e a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento dessas doenças. No ano passado, a Agência Brasil destacou a data. Em 2016, o Repórter Brasil também falou sobre a efeméride.

A outra data é o Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, instituído pela ONU. Celebrado em 30 de julho, visa conscientizar sobre o crime do tráfico de pessoas, que afeta milhões de pessoas até hoje em todo o mundo. Em 2014, o Repórter Brasil falou sobre a data.

No mesmo dia, é celebrado o Dia Internacional da Amizade, data que também foi instituída pela ONU. A data surgiu em 2011, quando a Assembleia Geral das Nações Unidas resolveu convidar todos os países membros a celebrarem a amizade. O 30 de julho tem relação com a chegada do homem à Lua e foi explicado pelo Repórter Brasil no vídeo abaixo: 

Mais dois eventos são celebrados no dia 1º de agosto. Um deles é o Dia do Poeta de Literatura de Cordel, celebrado em matérias como a da Radioagência Nacional e do jornal Repórter Maranhão, da TV Brasil: 

O outro é o Dia Mundial da Amamentação, instituído em 1992 pela Aliança de Ação Mundial pró-amamentação. A data marca o início da Semana Mundial do Aleitamento Materno, que promove a amamentação natural para bebês até os 2 anos de idade como uma prática essencial para a saúde infantil e combate à desnutrição. Em 2016, o Repórter DF relembrou a data: 

Independência e lembrança de famosos

Hoje também é um dia importante na história do Brasil. Foi em um 28 de julho, de 1823, que o Maranhão aderiu à Independência do Brasil. A data, que é feriado estadual, foi tema desta matéria do Repórter Brasil em 2022. 

Para fechar a semana, temos datas que nos ajudam a valorizar a memória de figuras marcantes na arte. No dia 29 de julho, completam-se 30 anos da morte do comediante fluminense Antônio Carlos Bernardes Gomes, mais conhecido como Mussum. Integrante do grupo humorístico “Os Trapalhões” e do grupo Originais do Samba, ele foi homenageado em programas da Rádio MEC como o Armazém Cultural e o Momento Três. 

Em 31 de julho, completam-se 80 anos da morte do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry. Ele é autor do livro “O Pequeno Príncipe”, um clássico que transcende gerações e teve a biografia contada pelo História Hoje, da Radioagência Nacional, em duas ocasiões: em 2015 e em 2018.

Para fechar a semana, temos os 35 anos da morte do cantor e compositor pernambucano Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, no dia 2 de agosto. Conhecido por popularizar o baião e outras formas de música regional nordestina e autor de clássicos como “Asa Branca”, ele foi homenageado diversas vezes em veículos da EBC como o programa Rádio Sociedade (Rádio MEC) em 2022 e o Fique Ligado (TV Brasil) em 2019. 

Confira a relação de datas do Hoje é Dia da semana entre 28 de julho e 3 de agosto de 2024:

28 de Julho a 3 de Agosto de 2024

28

Nascimento do compositor e bandolinista pernambucano Luperce Miranda (120 anos) – em 1945, transferiu-se para a Rádio Nacional

Nascimento do ex-radialista e locutor esportivo paulista Osmar Santos (75 anos)

Invasão Austro-húngara da Sérvia dá início à Primeira Guerra Mundial (110 anos)

Posse do político paraibano Epitácio Pessoa na Presidência da República Brasileira (105 anos) – sua eleição representou uma primeira derrota da política café-com-leite

Dia Mundial de Combate à Hepatite – data instituída pela Organização Mundial de Saúde. O mês de julho é o Julho Amarelo

Dia do Agricultor – a data foi criada em 1966 em razão do centenário da fundação do Ministério da Agricultura, pelo então presidente da República, Juscelino Kubitschek

Dia da adesão do estado do Maranhão à Independência do Brasil – Feriado estadual

Fundação da Sociedade Manumissora Maranhense Vinte e Oito de Julho (155 anos) – entidade que estimulou, como prática de benevolência social entre membros da colônia, o pagamento de alforria, especialmente de meninas menores de idade, contribuindo para o movimento abolicionista no país

29

Morte do comediante fluminense Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum (30 anos)

Morte do sociólogo e filósofo alemão Herbert Marcuse (45 anos)

30

Morte do humorista fluminense Fausto Fanti (10 anos)

Dia Internacional da Amizade – em 27 de abril de 2011, a Assembleia Geral das Nações Unidas resolveu convidar todos os países membros a celebrarem o Dia Internacional da Amizade

Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas – instituído pela ONU

31

Morte do filósofo e escritor francês Denis Diderot (240 anos) – notável durante o Iluminismo, é conhecido por ter sido o co-fundador, editor chefe e contribuidor da “Encyclopédie”, junto com Jean le Rond d’Alembert

Nascimento do escritor italiano Primo Levi (105 anos)

Morte do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry (80 anos) – autor do livro “O Pequeno Príncipe”

Nascimento do compositor e baterista capixaba Mirabeau Pinheiro (100 anos)

Inauguração do Farol da Ilha Rasa, no Rio de Janeiro (195 anos) – o aparelho, cuja construção foi determinada por Dom João VI, foi o primeiro do seu gênero a ser instalado no Brasil. O equipamento foi encomendado na França, de onde também veio um mecânico especialmente designado para acompanhar os serviços de montagem

1

Nascimento do escritor estadunidense Herman Melville (205 anos) – autor do clássico Moby Dick

Morte da política filipina Corazón Aquino (15 anos) – presidente e líder da revolução que acabou com a ditadura de Ferdinand Marcus nas Filipinas

Nascimento do futebolista, dirigente esportivo e político paulista Athiê Jorge Coury (120 anos)

Nascimento do naturalista francês Jean-Baptiste de Lamarck (280 anos) – desenvolveu a teoria dos caracteres adquiridos, uma teoria da evolução agora desacreditada

Vasco é o primeiro time carioca a ser campeão brasileiro (50 anos)

Dia do Poeta de Literatura de Cordel

Dia Mundial da Amamentação – comemoração internacional, que foi criada em 1992 pela Aliança de Ação Mundial pró-amamentação para ser festejada na data da abertura da “Semana Mundial do Aleitamento Materno”; promove o exercício da amamentação natural para bebês de até 2 anos de idade e combate à desnutrição infantil

Dia Nacional do Selo – dia da emissão do primeiro selo postal brasileiro

Dia Nacional do Maracatu

Inauguração da Rodovia Santos Dumont (BR-116/RJ), trecho da Serra (Rio-Teresópolis) com a presença de Juscelino Kubitschek (65 anos)

Primeira transmissão do Programa Calendário Kolynos, na Rádio Nacional (69 anos)

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Morte do cantor e compositor pernambucano Luiz Gonzaga (35 anos) – o Rei do Baião

Nascimento da bióloga e política paulista Bertha Lutz (130 anos) – foi pesquisadora do Museu Nacional no Rio de Janeiro, esteve à frente de lutas pelo sufrágio feminino no Brasil, e é personagem significativa da educação brasileira. Criou há cem anos a Liga para Emancipação Intelectual da Mulher

Nascimento do compositor e instrumentista pernambucano Juvenal de Holanda Vasconcelos, o Naná Vasconcelos (80 anos)

Fundação do Mercado Livre (25 anos)

Ascensão de Adolf Hitler à Führer da Alemanha (90 anos)

Dia Internacional da Cerveja – comemoração móvel internacional, que foi lançada em 2007 na cidade norte-americana de São Francisco na Califórnia, cuja data da celebração pode ocorrer entre os dias 1 de agosto e 7 de agosto de cada ano no calendário gregoriano, na primeira sexta-feira do mês

Fim da Revolta dos Muckers (150 anos) – conflito entre representantes do poder estadual e integrantes de uma seita religiosa no Rio Grande do Sul

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Nascimento da educadora, historiadora, folclorista, pintora e ex-política baiana Zilda Paim (105 anos)

Primeira encenação da Ópera “Guilherme Tell”, pela Ópera de Paris (195 anos)

Dia do Capoeirista – apesar de haver polêmicas sobre a definição dessa data, ela é referenciada em sites oficiais de órgãos federais e vários estados a incluíram em seus calendários

Primeira transmissão do Programa Nada Além de Dois Minutos, na Rádio Nacional (77 anos)

Coletivo no DF promove literatura de autoras negras

No último dia da 17ª edição do Festival Latinidades na capital federal, as escritoras negras de Brasília se encontraram no Museu Nacional da República, na região central da capital federal, para fazer um sarau onde leram poemas e textos em prosa.

A reunião ocorre periodicamente há quatro anos, e é organizada pelo coletivo Julho das Pretas que Escrevem no DF. O nome do grupo faz referência direta ao Mês da Mulher Preta Latino-Americana. O propósito do coletivo é estimular a escrita das mulheres e a publicação dos seus livros.

Encontro Julho das Mulheres Pretas que escrevem no DF. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

“A gente não quer ficar com os livros na gaveta”, afirma a escritora e jornalista Waleska Barbosa, idealizadora do coletivo.

As mulheres negras são o maior grupo populacional do Brasil: 60,6 milhões de pessoas, sendo 11,30 milhões de mulheres pretas e 49,3 milhões de mulheres pardas – 28,3% da população, de acordo com o Censo de 2022 (IBGE).

Waleska Barbosa, idealizadora do coletivo que promove escritoras negras no DF. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Apesar disso, e da contribuição da mulher negra para vários elementos da cultura brasileira, a participação e reconhecimento na literatura é diminuta, lembra Waleska. Apenas três autoras tendem a ser mais lembradas: a pioneira Maria Firmina dos Reis, com o romance Úrsula (1859); Carolina Maria de Jesus, autora de Quarto de Despejo: diário de uma favelada (1960); e Maria da Conceição Evaristo de Brito, que começou a publicar somente em 2003, com o romance Ponciá Vicêncio.

“Conceição Evaristo publicou um livro com mais de 20 anos na gaveta. Então, eu sempre digo que esse encontro de pretas que escrevem no DF é para a gente não passar tanto tempo sem publicar e sem falar”, enfatiza Waleska Barbosa.

Segundo a autora, o vazio da escrita feminina e negra na literatura brasileira foi ocupado por homens brancos, o que em alguns casos acarretou na construção de personagens caricatos: “a empregada, a gostosa, a pessoa hiper sexualizada, personagens subalternas e ridicularizadas.” Esses tipos se alimentam de preconceitos e alimentam preconceitos. A caricatura dos livros escritos por homens brancos “vai estar nos filmes e na TV”.

Para espantar preconceitos literários e promover mais autoras negras, o coletivo Julho das Pretas que Escrevem no DF faz homenagens a autoras locais de diferentes gerações. Este ano foram celebradas as escritoras Adelaide Paula, Ailin Talibah, Conceição Freitas, Elisa Matos, Norma Hamilton e as irmãs Giovana Teodoro e Lourdes Teodoro.

Embratur lança campanha para promover Brasil durante Olimpíadas

O governo brasileiro lançou neste sábado (27 ) uma campanha de promoção internacional do turismo no Brasil. O evento foi realizado na Casa Brasil, espaço montado em Paris pela Embratur para promover o país durante os Jogos Olímpicos. O lançamento contou com a participação da primeira-dama Janja Lula da Silva.

Com o slogan “Visite o Brasil. Aqui você sempre ganha”, a peça publicitária divulga o Rio de Janeiro e faz referência ao volei de praia e ao futebol feminino. No cenário, o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar. A campanha também mostra as paisagens das dunas de areia de Jericoacoara (CE), o Rio Tapajós, na Amazônia, a natureza exuberante de Bonito (MT) e as praias de Arraial d’Ajuda (BA).

Parque Nacional de Jericoacoara – Divulgação/ICMBio

A campanha será veiculada até 31 de agosto na França, Alemanha, Inglaterra, Espanha, Portugal e Itália. As peças serão inseridas em comerciais de TV, redes sociais e mídias exteriores nas ruas, metrô e táxis das cidades europeias. O trabalho foi feito em parceria com o Sebrae

Na avaliação do presidente da Embratur, Marcelo Freixo, a campanha pretende retomar o protagonismo internacional do Brasil

“A gente está falando de um protagonismo internacional que a gente nunca deveria ter perdido. A gente está falando do G20, da COP30, dos Brics, da Copa do Mundo de Futebol Feminino, que vai ser em 2027, no Brasil. É esse Brasil que está de portas abertas, é esse Brasil que está pronto para receber o mundo inteiro”, afirmou

O ministro do Turismo, Celso Sabino, garantiu que o Brasil está pronto para receber mais turistas. “Nos primeiros seis meses do ano, nós já alcançamos quase 3,6 milhões de turistas estrangeiros. Esse ano de 2024 é um compromisso do Ministério do Turismo, do governo federal, batermos os recordes de turistas estrangeiros”, comentou.

De acordo com a Embratur, os europeus são os principais turistas que chegam ao Brasil. Em 2023, 182,4 mil portugueses desembarcaram no país, seguido pelos alemães (158,5 mil) e ingleses (130 mil).