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Saiba o que foi a Revolução Constitucionalista de 1932 em São Paulo

A Revolução Constitucionalista de 1932 completa 92 anos nesta terça-feira (9), data considerada magna no estado de São Paulo por ter marcado o conflito armado entre forças paulistas que tinham por objetivo derrubar o governo de Getúlio Vargas. O militar gaúcho havia assumido a presidência do governo provisório nacional após um golpe de Estado decorrente da Revolução de 1930, contra o presidente eleito Júlio Prestes, representante da política paulista. 

O dia tornou-se feriado estadual em 1997, com a aprovação da Lei 9.497 pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) e promulgada pelo ex-governador Mário Covas, que instituiu o 9 de julho como Data Magna de São Paulo.

Outra causa do conflito foi a ruptura da política do ‘café com leite’, a alternância de poder entre as elites de Minas Gerais e São Paulo, que caracterizou a República Velha (1889-1930). Indignados com a situação, setores da sociedade paulista passaram a promover grandes mobilizações populares contra o governo, que se estendiam para outros estados como Minas Gerais, Alagoas e Rio Grande do Sul. 

No Rio de Janeiro, em 1931, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) organizou uma manifestação contra a carestia, violentamente reprimida. O estopim da fase armada do levante foi uma manifestação no dia 23 de maio de 1932, na Praça da República, onde ficava a sede do governo do interventor nomeado por Vargas.

Foi nessa ocasião em que um conflito após uma invasão a um escritório do Partido Popular Paulista deixou mortos quatro estudantes: Mario Martins de Almeida, Euclydes Bueno Miragaia, Dráusio Marcondes de Souza e Antônio Américo de Camargo Andrade, que passaram a ser mártires do movimento, que adotou a sigla MMDC, com as iniciais dos nomes dos estudantes. Um quinto manifestante morreu dias depois no hospital.

A rebelião armada estourou no dia 9 de julho e voluntários começaram a se apresentar para engrossar o exército a favor da causa paulista. As operações militares começaram no dia 12 de julho com frentes de batalha nas divisas com o Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e no litoral, com pelo menos 50 mil homens. Entretanto, o exército federal era bem maior e melhor equipado, com cerca de 100 mil pessoas, e São Paulo acabou perdendo o apoio dos outros estados, exceto do Mato Grosso.

A batalha durou três meses e acabou com a rendição dos paulistas no dia 2 de outubro. Em maio de 1933, foram realizadas eleições para a Assembleia Constituinte e, em novembro, foi elaborada a Constituição brasileira, promulgada pelo presidente Getúlio Vargas, em 1934.

Polêmicas

Segundo o historiador Francisco Quartim de Moraes, as causas para que São Paulo se levantasse em uma guerra civil contra o resto do país são, além de complexas, motivo de polêmica. Moraes explicou que parte da oligarquia paulista, sobretudo aqueles que estavam ligados ao Partido Republicano Paulista, buscavam a retomada do poder, quase hegemônico, que exerceram durante toda a Primeira República.

“Esse poder foi colocado em cheque pela Revolução de 1930. Também lhes motivava o medo de uma Revolução Social mais radical. Outro grupo político, o Partido Democrático, havia apoiado o movimento de 30, mas se sentia alijado dos rumos que o Governo Provisório tomava. Durante a interventoria de João Alberto, nomeado para o cargo por Getúlio Vargas, a crise se agudizou exponencialmente’, disse o historiador.

De acordo com Moraes, o novo interventor, socialista e revolucionário, ex-comandante de um destacamento da Coluna Miguel Costa-Luis Carlos Prestes, tomou uma série de medidas que assustaram o poder político e econômico paulista. Entre elas, houve a promulgação de leis trabalhistas e a tentativa de legalização do Partido Comunista do Brasil no estado de São Paulo. 

“Se no início a campanha paulista se centrou no pedido da nomeação de um interventor ‘paulista e civil’ em oposição a João Alberto, que era pernambucano e militar, depois que Vargas nomeou interventores paulistas e civis, como o próprio Pedro de Toledo, que seguiu como governador de São Paulo mesmo durante o movimento armado iniciado em 09 de julho, essa campanha perdeu o seu sentido”, diz o historiador. 

Segundo ele, o mesmo ocorreu com a campanha que dá nome oficial ao movimento, quando paulistas (e também outras figuras de todo o país) clamavam pela reconstitucionalização do país. Se em um primeiro momento essa campanha teve força e encontrou eco no pensamento de muitos brasileiros, depois que Vargas promulgou o Código Eleitoral em 24 de fevereiro de 1932, com medidas como o voto feminino, a justiça eleitoral e o voto secreto, e depois marcou oficialmente, em 14 de maio de 1932, a data para que ocorresse a constituinte de 1933-1934, essa argumentação perdeu a maior parte de sua força.

“Ambas as datas são anteriores ao levante de 9 de julho e, portanto, não podem ter sido resultado da guerra civil. São Paulo buscava retornar à federalização garantida pela constituição de 1891. Isso era explícito nos discursos e manifestos do movimento paulista. Enquanto a Revolução de 30 havia tido um caráter centralizador”, explicou.

Para Moraes, embora muitos autores indiquem que a reconstitucionalização seja um legado do movimento paulista de 1932, isso não condiz com a ordem dos fatos. “A reconstitucionalização do país já estava completamente estruturada, nos moldes em que ocorreu meses antes do início da guerra civil. O legado concreto de 1932 é a criação de um sentimento de identidade no povo paulista, o que hoje podemos chamar de paulistaneidade. Realçada todo 9 de julho e que teve no quarto centenário da cidade, em 1954, um momento chave com a criação do Obelisco do Ibirapuera”, finalizou o historiador.

PF inicia operação contra tráfico internacional de animais silvestres

A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta terça-feira (9), a Operação Cygnus para combater o tráfico internacional de animais silvestres. As investigações, iniciadas em 2022, identificaram um grupo de Santa Catarina que estaria traficando animais silvestres entre Brasil, Argentina e Uruguai.

A corporação informou que estão sendo cumpridos dois mandados de prisão, sendo um em Florianópolis e outro em Rodeio (SC), além de seis mandados de busca e apreensão, sendo dois em Florianópolis, um em Angelina (SC), um em Rodeio e dois em Jaraguá do Sul (SC). Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Federal de Florianópolis, que também determinou o sequestro de veículos.

Estrutura

“Durante as diligências, a PF identificou uma organização estruturada, composta por traficantes de animais, apoio logístico, intermediadores e compradores em todo o sul e sudeste brasileiro, além de região fronteiriça”, destacou a corporação, em nota.

“Os investigados realizavam sucessivas viagens para a fronteira e utilizavam veículos alugados para fazer o transporte dos animais na tentativa de dificultar as investigações. Um deles já havia sido abordado diversas vezes em rodovias do sul do Brasil, nas quais foram lavrados termos circunstanciados de ocorrência”, informou a PF.

Acrescentou que os envolvidos podem responder por crimes contra o meio ambiente, receptação qualificada e envolvimento em organização criminosa voltada ao tráfico de animais.

Secretário de Educação de Belford Roxo é preso em operação da PF

Um esquema criminoso de desvio de verbas públicas do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), no município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, é alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) deflagrada na manhã desta terça-feira. Na Operação Fames, os agentes cumpriram um mandado de prisão contra o secretário municipal de Educação, Denis Macedo.

Ainda estão sendo cumpridos 21 mandados de busca e apreensão. As medidas judiciais foram expedidas pela 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro e estão sendo cumpridas na capital fluminense e em municípios da Baixada Fluminense.

De acordo com a PF, agentes públicos que trabalham na Secretaria Municipal de Educação desviaram cerca de R$ 6,1 milhões destinados à compra de merendas escolares, em conluio com empresas fornecedoras desses alimentos.

Além do desvio de recursos públicos, a PF também encontrou indícios do pagamento de vantagens indevidas aos servidores públicos pelas empresas fornecedoras de merenda. A investigação também apurar esquema de lavagem de dinheiro, para dissimular o dinheiro ilícito.

A ação conta com o apoio do Ministério Público Federal (MPF). Os investigados poderão responder pelos crimes de documento falso, peculato, corrupção, fraude à licitação e lavagem de dinheiro.

A Agência Brasil entrou em contato com a assessoria de imprensa da prefeitura de Belford Roxo e com a Secretaria Municipal de Educação e aguarda um posicionamento. 

Criação do Museu das Amazônias é lançada em Belém

A criação do Museu das Amazônias – que será um dos principais legado da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em 2025 – foi lançada nessa segunda-feira em Belém (PA). A solenidade foi no Palácio dos Despachos. O novo museu vai unir conhecimento científico e saberes tradicionais da Amazônia, contemplando o olhar de todos os países que compõem o território.

Para o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, o museu vai ser um mergulho na realidade de várias amazônias, provocando os representantes de todos os países presentes na COP30 para a necessidade de sua preservação. “Será um legado para a COP de Belém. A vida no planeta precisa cada vez mais da Amazônia, e o museu é parte da estratégia do BNDES como um banco verde, que liderou no mundo o financiamento de energia renovável e sustentável e que está na linha de frente da descarbonização da indústria e da agricultura. Se a gente não engajar as lideranças políticas, não vai conseguir reverter essa crise que continua a aquecer o planeta”, afirmou.

A criação do museu terá a participação da comunidade acadêmica e científica da Pan-Amazônia, assim como a colaboração da sociedade civil, por meio de um cronograma de escutas sob coordenação do Museu Emílio Goeldi. O plano de trabalho do projeto é fruto de acordo de cooperação já firmado pelo governo paraense com o Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG). Os recursos do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) serão destinados ao desenvolvimento do desenho e à implantação dos projetos executivos necessários para a construção do museu, assegurando a qualidade técnica, os critérios de sustentabilidade e o alinhamento com as diretrizes aplicáveis à região amazônica, incluindo o estado do Pará e o município de Belém.

A diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello disse que o banco tem sido historicamente o maior investidor em patrimônios no país. “É um lado do BNDES que muita gente ainda desconhece, esse papel de fomentar não só o desenvolvimento econômico, mas também o desenvolvimento cultural. Para nós, é uma alegria enorme estar aqui. Estamos colocando mais um tijolo nessa construção que fará da COP do Pará a COP das COPS”, afirmou.

O espaço será um museu a céu aberto instalado no Porto Futuro II e terá quatro eixos temáticos: Amazônia Milenar – que promove os saberes ancestrais indígenas; Amazônia Secular – um olhar para os ribeirinhos, quilombolas, extrativistas, seringueiros, pescadores e outros povos que ocupam a região há séculos; Amazônia Degradada – alertando para o risco sobre a região e o mundo; e Amazônias Possíveis – um debate sobre os rumos do bioma.

Em um mês, quatro policiais militares morrem em operações no Rio

Quatro policiais militares morreram em menos de um mês em confrontos com criminosos em comunidades da cidade do Rio de Janeiro. A vítima mais recente foi o sargento Mauro Batista dos Santos, 43 anos, lotado no batalhão de Irajá, que morreu neste domingo (7), ao ser deslocado para interferir numa guerra entre traficantes de facções rivais que já durava mais de 12h. 

Traficantes do Comando Vermelho tentaram invadir o Complexo da Pedreira, na Zona Norte, na noite de sábado (6), que é controlado pelo Terceiro Comando Puro. Na ação, três fuzis foram apreendidos e três criminosos acabaram mortos.

Na quarta-feira passada (3), o capitão da PM Rafael Galvão da Costa, 41 anos, foi morto com um tiro na cabeça, quando participava de uma ação para reprimir roubos de veículos e de cargas, no Morro do Urubu, em Pilares, zona norte da cidade. O militar tinha ingressado na corporação em 2009. Deixou mulher e dois filhos menores.

No dia 11 de junho passado, em uma ação do complexo de favelas da Maré, o sargento do Batalhão de Operações Especiais (Bope), tropa de elite da Polícia Militar, Jorge Galdino Cruz morreu com um tiro na cabeça, durante uma operação em três comunidades da Maré com a finalidade de combater o roubo de carros e cargas na Avenida Brasil levados para a comunidade. 

Já o sargento Rafael Wolfgram Dias, 37 anos, ferido junto com o colega, morreu seis dias depois, no Hospital Federal de Bonsucesso, em consequência dos ferimentos provocados por tiros de fuzil. Wolfgram tinha 37 anos e estava na Polícia Militar desde 2008. Ele deixou esposa e um filho.

MPF-RJ quer suspender construção de prédios no Cais do Valongo

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a prefeitura do Rio de Janeiro receberam recomendação do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF-RJ) para a suspensão de dois projetos imobiliários na região do Cais do Valongo, zona portuária do Rio. Para o MPF, o projeto de construção de dois edifícios com 30 andares e 90 metros de altura cada, pode comprometer a integridade paisagística e histórica do sítio arqueológico, impactando negativamente tanto a ambiência quanto a visibilidade do bem tombado. 

O Cais do Valongo foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como patrimônio mundial, por representar a mais importante evidência física da chegada de africanos escravizados ao continente americano. Segundo o MPF, os projetos podem comprometer a integridade paisagística e histórica do patrimônio mundial, impactando negativamente tanto a ambiência quanto a visibilidade do bem tombado.

O MPF-RJ destaca a necessidade de avaliações detalhadas de impacto patrimonial antes de qualquer aprovação formal de construção na área. O documento recomenda que o Iphan indefira os projetos imobiliários e se abstenha de aprovar qualquer intervenção na área sem a devida aprovação dos órgãos competentes de preservação do patrimônio.

A medida solicita que a empresa Cury Construtora e Incorporadora S/A, responsável pelo projeto, apresente, em 30 dias, o detalhamento do projeto imobiliário, acompanhado de estudo volumétrico de morfologia urbana da área externa do Cais do Valongo e do prédio Docas Pedro II, de forma a possibilitar a compreensão do impacto provocado pela edificação.

Em nota, a Cury Construtora respondeu, que o projeto é somente um estudo para implantação de empreendimento residencial com 24 pavimentos. “Todos os estudos arqueológicos foram realizados e a companhia avaliará todas as recomendações do Ministério Público e verificará se dará ou não continuidade à implantação do referido projeto”, diz a empresa. 

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Procuradoria-Geral do Município do Rio (PGM-RJ) ainda não se manifestaram sobre a recomendação do MPF. 

Acidentes matam nove pessoas em rodovias no Espírito Santo e São Paulo

Nove pessoas morreram nesta segunda-feira (8) em acidentes em rodovias no Espírito Santo e em São Paulo. No Espírito Santo, na BR-262, no Km 169, nas proximidades do município de Ibatiba, uma van que transportava 11 torcedores do Corinthians bateu de frente com um ônibus. Os torcedores voltavam para Vitória, Serra e Cariacica, no Espírito Santo, depois de acompanhar o jogo entre o time paulista e o Cruzeiro, em Belo Horizonte, na tarde de domingo (7).

No interior de São Paulo, um micro-ônibus chocou-se com um ônibus na madrugada de hoje, e seis pessoas morreram.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que o acidente em Ibatiba ocorreu por volta de 1h40. As vítimas da van ficaram presas nas ferragens, e o Corpo de Bombeiros foi acionado. No ônibus, apenas o motorista teve ferimentos leves. Os torcedores, integrantes da torcida do Gaviões da Fiel do Espírito Santo, foram encaminhados para hospitais dos municípios capixabas de Cachoeiro de Itapemirim, Venda Nova do Imigrante e e Ibatiba.

O acidente em Ipeúna, no interior de São Paulo, com seis mortes, aconteceu por volta de 5h30 no Km 93 da Rodovia Irineu Penteado (SP-191). O choque foi entre um ônibus e um micro-ônibus a serviço do Sistema Único de Saúde (SUS) do município de São Pedro. O micro-ônibus levava pacientes do município para fazer exames na cidade paulista de Rio Claro. Quatro pessoas morreram no local e dois nos hospitais das cidades paulistas de Charqueada, Ipeúna e Rio Claro.

SOS Estradas

Segundo levantamento do movimento SOS Estradas, em 72 horas, 15 pessoas morreram no local desse acidente e pelo menos 47 ficaram feridas.

 Na madrugada de sexta-feira (5), um ônibus de turismo que levava romeiros de Itapeva a Aparecida do Norte chocou-se contra a pilastra de um viaduto e, no choque,10 pessoas morreram. Duas, que estavam internadas, morreram no domingo. O acidente foi na Rodovia Professor Francisco da Silva Pontes, no quilômetro 171, perto da cidade de Itapetininga, interior do estado.

Nesse acidente, o motorista do ônibus disse às autoridades que a direção do veículo travou.

Integrante do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto citou dois fatores que podem ter contribuído para os acidentes: fadiga e imperícia. “O impacto entre um veículo pesado e outro é catastrófico”, disse Rizzotto.   

Concurso Unificado: 31 mil inscritos pedem reembolso de taxa

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) informou que 31.050 candidatos solicitaram devolução da taxa de inscrição do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) e, com isso, a participação deles no processo seletivo foi cancelada.

O pedido de reembolso foi permitido a todos os candidatos inscritos no país e no prazo que se encerrou neste domingo (7). Os candidatos a cargos de nível médio pagaram R$ 60 a título de taxa de inscrição e os que concorreriam aos de nível superior, R$ 90.

Conforme a retificação do edital do certame, publicada na semana passada, a devolução do valor pago pela taxa de inscrição será feita somente após 18 de agosto, data de aplicação das provas.

Ao solicitar a devolução do valor pago pela taxa de inscrição, o inscrito precisou informar os dados do banco, agência e de sua conta corrente, sendo obrigatório ser o único titular da conta corrente indicada.

Alteração do local de prova

O MGI também informou nesta segunda-feira (8) que 138 candidatos que pediram alteração do local de prova do concurso unificado.

Tal possibilidade estava disponível somente para os candidatos com residência no Rio Grande do Sul que fariam prova em outros estados, ou para candidatos com residência em outros estados que fariam prova no Rio Grande do Sul. Os demais candidatos não puderam solicitar mudança no local de prova.

 Oficialmente, o concurso unificado tem mais de 2,1 milhões de inscritos entre pagantes da taxa e isentos.  

Novo cronograma

O MGI divulgou o novo cronograma do  chamado Enem dos Concursos. Os cartões de confirmação estarão disponíveis em 7 de agosto.

A prova será aplicada em 18 de agosto para todos os cargos e especialidades dos 21 órgãos participantes.

A partir das 20h do dia da aplicação do concurso, serão disponibilizados os cadernos de prova no site do concurso. No dia 20, será divulgado o gabarito preliminar das provas objetivas.

A divulgação final dos resultados está prevista para 21 de novembro. E a convocação para posse dos aprovados e para ingressar nos cursos de formação presenciais, quando necessário, ocorrerá em janeiro de 2025.

Confira o cronograma completo do concurso unificado

RJ: profissionais fazem ato contra municipalização de hospital federal

Profissionais de saúde fizeram uma manifestação, nesta segunda-feira (8), contra a decisão do Ministério da Saúde de municipalizar a administração do Hospital Federal do Andaraí (HFA), na zona norte do Rio de Janeiro. O protesto ocorreu em frente à unidade, convocado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Sindsprev) do Rio de Janeiro.

Na sexta-feira, foi publicada no Diário Oficial da União uma portaria do Ministério da Saúde que transfere a administração do Hospital do Andaraí para a prefeitura do Rio. De início, a gestão passa a ser compartilhada por 90 dias, que podem ser prorrogados “sucessivas vezes”, caso necessário. A portaria é assinada pela ministra Nísia Trindade.

O período de 90 dias será uma espécie de transição, quando o governo federal vai ceder bens móveis e imóveis e disponibilizar servidores federais. Após esse prazo, a gestão ficará a cargo da Secretaria Municipal de Saúde.

O Sindsprev defende que a municipalização é ilegal e preparou uma ação popular para ser impetrada na Justiça Federal. A Agência Brasil teve acesso ao documento. O epartamento jurídico do sindicato pede que uma decisão liminar (decisão temporária antes de julgamento do mérito) determine a “imediata anulação da portaria”.

De acordo com a petição, houve desrespeito das Leis de Responsabilidade Fiscal e Eleitoral. “Os atos adotados pela ministra [da Saúde] Nísia Trindade Lima afrontam aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”, alega o sindicato.

O Sindsprev defende que, diferente do que determina a Constituição Federal e a Lei 8.142/90, que trata da participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), a ministra “afrontou a participação popular” e “não respeitou a democratização da gestão prevista em texto constitucional, suprimindo o direito do cidadão de ser fazer ouvir e participar nas tomadas de decisão e de fiscalização”.

Segundo o sindicato, o fato de o compartilhamento de gestão começar a 90 dias das eleições municipais é um desrespeito às regras eleitorais. A categoria cita que “nos três meses que antecedem o pleito eleitoral está vedado realizar a transferência voluntária de recursos da União aos Estados e Municípios”.

Na argumentação, o sindicato lembr que já houve um episódio de municipalização de hospitais federais no Rio de Janeiro em 1998. Na ocasião, a transferência de gestão foi desfeita em 2005, com o Ministério da Saúde decretando estado de calamidade e retomando o controle das unidades.

“Essa receita que hoje se apresenta como solução não é a solução”, avalia a diretora sindical Christiane Gerardo. “Não vamos aceitar a entrega da nossa rede”, afirma.

Parecer do TCM

A petição traz informações de um estudo do Tribunal de Contas do Município (TCM) do Rio de Janeiro sobre a viabilidade da municipalização das unidades federais de saúde. O TCM atestou que “a falta de repasses da União e a atualização dos recursos originalmente previstos foram um dos principais motivos do fracasso da experiência anterior de municipalização dos hospitais federais no Rio em 1998, o que provocou uma crise na saúde e só foi resolvida com a devolução das unidades à União em 2005”.

O estudo de 2019 diz que “a municipalização é medida drástica”. Para os autores do documento “a celebração de parceria entre os entes federados poderia ser tecnicamente suficiente e o caminho mais simples à [Secretaria Municipal de Saúde] SMS/RJ, tendo em vista os riscos e a complexidade da municipalização”.

Situação crítica

Existem seis hospitais federais no Rio de Janeiro. Além do Andaraí, são de responsabilidade da União o Hospital da Lagoa, Hospital Cardoso Fontes, Hospital dos Servidores do Estado, Hospital de Ipanema e o Hospital de Bonsucesso. As unidades são referências em ações de média e alta complexidade. No caso do Andaraí, é no tratamento de pacientes com queimaduras.

Profissionais de saúde apontam problemas em diversos aspectos, como conservação dos prédios, leitos fechados, falta de mão-de-obra, de medicamentos e de equipamentos. A categoria está em greve desde 15 de maio. A pauta de reivindicações inclui recomposição salarial, realização de concurso público e reestruturação das unidades, consideradas sucateadas ao longo dos últimos anos.

Em 18 de março, o Ministério da Saúde deu início aos trabalhos do Comitê Gestor das unidades federais, que iniciaria um processo de restruturação dos hospitais.

Pouco mais de um mês depois, em 23 de abril, ao fazer um balanço da atuação do Comitê Gestor, a ministra Nícia disse que não haveria distribuição dos hospitais. “Não existe distribuição dos hospitais. O governo não abrirá mão de coordenar o programa de reconstrução dos hospitais e fará isso dentro da visão do SUS. Um modelo de gestão definitivo será detalhado dentro deste programa, após toda uma fase de análise e de diálogos que precisam ser feitos com todos os entes.”

No fim do mês passado, a ministra Nísia Trindade tinha adiantado que a rede federal passaria por uma “estruturação”. Além da prefeitura carioca, eram estudadas parcerias com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Grupo Hospitalar Conceição (GHC).

Ministério da Saúde

A Agência Brasil procurou o Ministério da Saúde nesta segunda-feira para obter comentários a respeito da posição do Sindsprev contrária à municipalização. A pasta respondeu apenas que “detalhes sobre o assunto serão dados nos próximos dias”.

No sábado (6), durante cerimônia de entrega de ambulância em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, a ministra Nísia Trindade afirmou que “há um grande desafio apresentado pelos hospitais federais. A recuperação desses hospitais é uma das missões que nós temos no Ministério da Saúde.”

Secretaria Municipal

Já a Secretaria Municipal de Saúde informou que, no domingo (7), houve uma reunião entre a ministra e o prefeito Eduardo Paes para tratar do processo de descentralização da gestão do Hospital Federal do Andaraí.

Participaram também do encontro o secretário de Atenção Especializada do ministério, Adriano Massuda, o assessor da ministra, Chico D’Ângelo, e o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.

“Ao longo dos próximos dias, os últimos detalhes e metas da contratualização serão definidos e comunicados. A parceria entre o Ministério da Saúde e a prefeitura do Rio de Janeiro tem por objetivo a recuperação plena do hospital e reforçar a sua integração ao SUS”, diz nota.

Comunidade tradicional na Amazônia recebe competição internacional

Acostumada a receber turistas de diversos lugares do mundo, a comunidade de Tumbira, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro, no Amazonas, conviverá ao longo do mês de julho com equipes internacionais que não estão apenas interessadas em ver a Amazônia de perto, mas estudar e registrar cada forma de vida e espaço ali presente. O lugar é onde acontece a final de uma das maiores competições para mapeamento da biodiversidade de florestas tropicais do mundo, a Xprize Rainforest.

A disputa, que teve início em 2019, iniciou com a participação de 300 equipes formadas por cientistas de diferentes nacionalidades, origens e áreas do conhecimento, como indígenas e estudiosos que saíram de comunidades tradicionais para projetos de robótica, biogenética ou de conservação de florestal no mercado mundial.

Após diversas etapas de pesquisa, desenvolvimento e implementação, em uma semifinal concorrida na floresta tropical de Singapura, seis equipes desembarcaram em Manaus para a última fase que levará ao prêmio de U$ 10 milhões divididos entre os três grupos que apresentarem as melhores soluções. No lançamento da final, em 4 de julho, a presidente do Instituto Alana, que financia o concurso, Ana Lúcia Vilela, lembrou que o conhecimento já é dominado por quem mora na floresta, mas precisa ir além na busca por soluções para os desafios que se apresentam e que atingem principalmente quem mais a protege.

Ana Lúcia Villela, fundadora da Alana, discursa na abertura do Xprize Rainforest –  Fabio Pzzebom- Agência Brasil

“A gente sabe que a Amazônia também é feita de pessoas, abriga grandes e médias cidades, mais de 180 povos indígenas, além dos muitos isolados, mais de mil comunidades quilombolas, seringueiros e outras comunidades tradicionais. Pesquisas arqueológicas mostram que essas florestas sempre esteve habitada”.

Ana Lúcia explicou ainda que a competição nasceu de uma alarmante constatação, em 2019: “a perda da biodiversidade, a cada ano, superava a capacidade que as tecnologias, disponíveis naquele momento, tinham para mapear”.

Para ela, o conhecimento gerado pela competição deve impactar positivamente as futuras gerações humanas, em especial as que estão dentro da floresta. “As crianças são as mais atingidas pelas tragédias evitáveis. Pudemos assistir atônitos imagens de crianças Yanomami com desnutrição e doenças provocadas pelo garimpo ilegal, que contamina rios, mata animais e reduz a oferta de alimentos. Ameaças impensáveis e inaceitáveis em um país, que desde a sua criação abraçou os direitos humanos como seu princípio fundador.”

Essas futuras gerações são formadas por crianças como Adrian Garrido Macedo e Nicolas de Alencar Santos, moradores da comunidade de Tumbira, onde ocorrerá os testes da final da competição. No último sábado (6) eles observavam atentamente o desembarque dos equipamentos trazidos pela primeira equipe que terá o uso de suas tecnologias avaliado na floresta.

Até o dia 23, cada um dos seis grupos serão analisados pelos jurados em termos qualitativos e quantitativos em relação à coleta e produção de dados. Eles terão 24 horas para coletar informações bioacústicas, de imagens e amostras de DNA em 100 hectares da unidade de conservação, além de mais 48 horas para processar os dados em tempo real e demonstrar escalabilidade, tudo também observado por quem vive ali.

Direito da Criança

Adrian adora brincar e morar perto do rio com liberdade para jogar bola e trilhar pela floresta até o seu lugar preferido. “É uma parte que tem uns bancos com uma árvore no meio. Quando eu estudava nessa escola daqui [a primária] a gente ia lá pra ter aula”, conta.

Nicolas e Adrian, da Comunidade de Tumbira, falam com a Agência Brasil Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom – Agência Brasil

Com 11 anos de idade, Adrian adora observar pássaros, em especial as araras. Ele diz que quer ser pescador e não pensa em sair de Tumbira, onde vive desde que nasceu. “Eu gosto de ir para a cidade, mas aqui é mais calmo também. Não tem muita agitação”.

Nicolas, com apenas nove anos de idade ama os animais que vivem nas redondezas. “Meu bicho preferido é a onça. Eu aprendi que elas são predadores velozes e que caçam para se alimentar”, conta. Filho da professora de biologia, Inês Alencar, ele já decidiu que será policial, mas para proteger as pessoas ali mesmo em Tumbira.

O lugar preferido de Adrian e que Nicolas ainda frequenta para estudar é uma sala de aula no meio da floresta, aos pés de uma urucurana (Sloanea monosperma), com enormes raízes que recebem o nome de sapopema, na região. Um espaço comunitário compartilhado por crianças e adultos que retomaram o laço com a natureza por meio do conhecimento.

Para o gerente de natureza do Instituto Alana, JP Amaral esse laço da criança com a floresta é algo natural, que se perde com o tempo, mas que precisa ser protegido nessa fase como uma forma de favorecer também o desenvolvimento humano. “Embora o direito da criança à natureza não esteja explícito na Constituição Federal, está implícito nas várias formas que a natureza beneficial quando garante um ambiente saudável e uma condição climática segura,” reforça.

Transformação

O líder comunitário e referência em sustentabilidade em Tumbira, Roberto Macedo, é um exemplo de transformação pelo conhecimento. Aos 12 anos de idade, ele começou a derrubar árvores para tirar a madeira, ensinado pelo pai e avô, que também eram madeireiros. Por 26 anos só teve acesso a esse modelo de sobrevivência.

Em 2008, com a criação da unidade de conservação, a comunidade passou a ter escolas, outras oportunidades de trabalho surgiram e conforme a floresta voltava a se recompor, as pessoas que viviam nela também se transformaram. Com a ajuda da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Roberto passou a trabalhar com turismo e se tornou um dos maiores defensores da floresta em pé. “Antes nós colocávamos preço em uma árvore derrubada, agora, olha quantas oportunidades uma árvore viva traz para a nossa comunidade. O turismo trouxe uma forma de trabalhar dentro da floresta sem precisar sair dela e hoje nós pensamos na sustentabilidade com conhecimento local que dá referência para a Amazônia Viva”.

Tecnologia

A Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro é uma unidade de conservação com pouco mais de 103 mil hectares que alcançam os municípios de Novo Airão, Iranduba e Manacapuru. Ao todo vivem 580 famílias, das quais 140 estão na comunidade de Tumbira, pertencente ao município de Iranduba.

A escolha da reserva para a final do concurso reforça o acerto na escolha pela conservação do lugar, considera o morador da unidade de conservação, Willian Soares Mendes. “Essa tecnologia que vai entrar na nossa floresta é muito importante para a gente saber os problemas e que futuro que ela possivelmente vai ter e conseguir preservar para a gente não perder essa floresta que tanto nos ajuda. Por exemplo, se a gente não tivesse essa floresta em pé, esse evento nem estaria acontecendo aqui”, diz o colaborador da FAS.

O jovem condutor turístico, Darlisson da Silva Ramos, também comemora a chegada dos competidores. Como estudante de fotografia e integrante do projeto Repórter na Floresta ele espera aprender mais com as tecnologias capazes de captar imagens em tempo real. “Eu já tenho a base pra fotografia de paisagem e animais. Fotografo cotia, pássaros, como o bem-te-vi, o bico-de-brasa, mas ainda tenho que melhorar mais a foto de pessoas. Acho que aprender a manusear drones, por exemplo, poderia ser legal”, diz.

Darlisson da Silva Ramos, da Comunidade de Tumbira também comemora a chegada dos competidores – Fabio Pozzebom Agência Brasil

A aplicação dos testes acontecerá na unidade de conservação até o dia 23, mas a expectativa dos moradores é que o conhecimento que será registrado e perpetuado pelo mapeamento da biodiversidade contribua cada vez mais para a permanência de quem vive e cuida das florestas. “O conhecimento local associado ao conhecimento acadêmico através da tecnologia forma uma bela dupla que pode favorecer o desenvolvimento local, pela valorização da natureza viva e pela proteção da floresta para os nossos filhos e netos, que futuramente serão os cientistas e pesquisadores da região”, conclui Roberto Macedo.