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Conselho de Segurança da ONU aprova cessar fogo temporário em Gaza

O Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) aprovou, nesta segunda-feira (25), uma resolução para um cessar-fogo imediato e temporário na Faixa de Gaza. De acordo com o texto, o cessar-fogo deve durar os dias que restam do Ramadã, que é o período do ano sagrado para os muçulmanos, que começou em 10 de março e termina no próximo dia 9 de abril.  

Os Estados Unidos (EUA), que vinham vetando resoluções que pediam o cessar-fogo imediato, se abstiveram de votar. A Rússia ainda apresentou uma emenda propondo que o cessar-fogo fosse permanente, mas a medida foi vetada pelos EUA.

A resolução aprovada foi articulada pelos dez membros não permanentes do Conselho, que não tem direito ao veto. São eles Argélia, Equador, Guiana, Japão, Malta, Moçambique, Coreia do Sul, Serra Leoa, Eslovênia e Suíça. Com isso, o texto foi aprovado com 14 votos favoráveis, nenhum contrário e uma abstenção.

O representante da Argélia, Amar Bendjama, comemorou o resultado, ressaltando que finalmente o Conselho de Segurança assumiu sua responsabilidade de promover a paz internacional.

“A adoção da Resolução no dia de hoje não é mais que o princípio, não é mais que o primeiro passo para atender às aspirações do povo palestino. Seguimos pendentes do compromisso e do cumprimento da Resolução por parte da potência ocupante de Israel, para que ponham fim ao derramamento de sangue sem mais condicionantes, que acabe com o sofrimento do povo palestino”, afirmou Amar.

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, argumentou que não votou a favor da resolução porque ela não expressou uma condenação ao Hamas. Além disso, reforçou que um cessar-fogo deve estar condicionado à liberação dos israelenses feitos reféns no dia 7 de outubro.

“Estamos convencidos de que era importante que o Conselho se pronunciasse e deixasse claro que o cessar-fogo, qualquer cessar-fogo que tenha esse conflito, passa pela liberação dos reféns”, destacou.

Linda também lamentou que China e Rússia tenham vetado a resolução apresentada pelos Estados Unidos na última sexta-feira (22) que condicionava o cessar-fogo à libertação dos reféns israelenses. De acordo com os representantes da China e Rússia, o texto apresentado pelos EUA era dúbio e não determinava o fim das hostilidades de forma imediata, nem cobrava as responsabilidades de Israel.

Texto em ampliação

Chefe da ONU critica Israel por bloquear caminhões de ajuda para Gaza

25 de março de 2024

 

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, criticou Israel no domingo, dizendo que “o horror e a fome perseguem o povo de Gaza” e que só Israel pode remover os obstáculos ao fornecimento de mais ajuda ao enclave palestiniano.

“Deixe-me ser claro. Nada justifica os abomináveis ​​ataques do Hamas de 7 de Outubro e a tomada de reféns em Israel”, disse o chefe da ONU durante uma visita ao Cairo para se reunir com autoridades egípcias e pressionar por um cessar-fogo na guerra de seis meses entre Israel e Hamas.

“Mas nada justifica a punição colectiva do povo palestiniano”, disse ele.

Numa visita no sábado à passagem de Rafah, em Gaza, com o Egipto, Guterres disse que era um “escândalo moral” que a ajuda a Gaza estivesse a ser bloqueada.

“A partir desta passagem de fronteira vemos a angústia e a crueldade de tudo isto. “Uma longa fila de camiões de ajuda bloqueados de um lado dos portões, a longa sombra da fome do outro”, disse Guterres.

Ele disse que a única forma eficaz e eficiente de entregar mercadorias pesadas a Gaza é por estrada e inclui um aumento exponencial nas entregas comerciais. Ele disse que no Egipto “o ataque diário à dignidade humana dos palestinianos está a criar uma crise de credibilidade para a comunidade internacional”.

O funcionário fez os comentários enquanto intensos combates ocorriam em Gaza no domingo, com Israel prometendo continuar sua incursão terrestre no extremo sul do território, perto de Rafah, apesar das objeções dos EUA e das negociações de trégua em curso em Gaza.

Mas Israel ainda não lançou um ataque em grande escala no extremo sul de Gaza. Vários dos seus estrategistas de guerra, incluindo o ministro da Defesa, Yoav Gallant, foram a Washington para conversações esta semana, enquanto as autoridades norte-americanas tentam evitar mais derramamento de sangue numa região onde mais de um milhão de palestinos estão abrigados em tendas de campanha improvisadas.

 

Chefe da ONU classifica bloqueio de ajuda a Gaza como escândalo moral

Uma longa fila de caminhões de ajuda estão bloqueados no lado egípcio da fronteira com a Faixa de Gaza, onde as pessoas enfrentam a fome, é um escândalo moral, disse o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, durante uma visita à passagem de Rafah neste sábado (23).

Chegou a hora de Israel assumir um “compromisso férreo” de acesso irrestrito aos bens humanitários em toda Gaza, disse Guterres, que também apelou por um cessar-fogo humanitário imediato e pela libertação dos reféns israelenses detidos em Gaza.

A ONU continuará a trabalhar com o Egito para “agilizar” o fluxo de ajuda para Gaza, disse em frente ao portão da passagem de Rafah, um ponto de entrada para ajuda.

“Aqui, desta travessia, vemos a tristeza e a crueldade de tudo isso. Uma longa fila de caminhões de ajuda bloqueados de um lado dos portões, a sombra da fome do outro”, disse ele. “Isso é mais do que trágico. É um escândalo moral”.

A visita de Guterres ocorre em um momento em que Israel enfrenta uma pressão mundial para permitir mais ajuda humanitária a Gaza, que foi devastada por mais de cinco meses de guerra entre Israel e o Hamas.

Israel, que tem prometido destruir o Hamas e teme que o grupo militante palestino desvie a ajuda enviada, manteve fechadas todas as suas passagens terrestres para o enclave, exceto uma. O país abriu a passagem Kerem Shalom perto de Rafah no final de dezembro e nega as acusações do Egito e de agências humanitárias da ONU de que tem atrasado a entrega de assistência humanitária, dizendo que a ONU não conseguiu distribuir ajuda dentro de Gaza.

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, criticou Guterres em uma publicação nas redes sociais por culpar Israel “sem condenar de forma alguma os terroristas do Hamas-Isis que saqueiam a ajuda humanitária”.

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Conselho da ONU não aprova resolução dos EUA sobre trégua em Gaza

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) não conseguiu aprovar nesta sexta-feira (22) resolução que pedia cessar-fogo imediato em Gaza. A decisão faria parte de um acordo para a libertação de reféns, depois que a Rússia e a China, que são membros permanentes e têm poder de veto, votaram contra a medida proposta pelos Estados Unidos (EUA).

A resolução pedia “cessar-fogo imediato e sustentado”, com duração de aproximadamente seis semanas, que protegeria os civis e permitiria a entrega de assistência humanitária.

“A grande maioria do conselho votou a favor da resolução, mas infelizmente a Rússia e a China decidiram exercer o seu veto”, disse a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, ao Conselho de Segurança.

Antes da votação, ela afirmou que seria um “erro histórico” o conselho não adotar a resolução.

O embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, também apelou aos membros do conselho para não votarem de forma favorável.

Ele disse que a resolução era “extremamente politizada” e continha sinal verde para Israel realizar uma operação militar em Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, onde mais da metade dos 2,3 milhões de moradores estão abrigados em tendas improvisadas para escapar do ataque israelense mais ao norte.

“Isso libertaria as mãos de Israel e faria com que toda Gaza e sua população enfrentassem destruição, devastação ou expulsão”, disse Nebenzia na reunião.

Acrescentou que vários membros não permanentes do Conselho de Segurança redigiram resolução alternativa, que chamou de documento equilibrado, e disse que não havia razão para os membros não apoiá-la.

França

A França trabalhará com a Jordânia e os Emirados Árabes Unidos para convencer a Rússia e a China a apoiarem resolução nas Nações Unidas para um cessar-fogo em Gaza, depois que as duas grandes potências bloquearam texto dos Estados Unidos, disse o presidente Emmanuel Macron. 

“Após o veto russo e chinês, vamos retomar o trabalho com base no projeto de resolução francês no Conselho de Segurança e trabalhar com nossos parceiros americanos, europeus e árabes para chegar a um acordo”, afirmou Macron ao final de uma cúpula de líderes da União Europeia em Bruxelas.

O Ministério das Relações Exteriores da França informou que havia começado a redigir uma resolução com diplomatas e que seria apresentado um esboço se a resolução dos EUA não fosse aprovada.

Macron disse que a mudança de tom de Washington significava que ele estava esperançoso de que uma nova resolução com os Estados árabes poderia ser bem-sucedida se conseguissem convencer a Rússia e a China a não se oporem.

“O que é importante observar é que os EUA mudaram sua posição e indicaram o desejo de defender claramente um cessar-fogo, o que é bom para nós e para o progresso de nosso projeto”, disse o presidente.

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Na Corte Internacional, Israel nega genocídio deliberado em Gaza

Israel pediu à Corte Internacional de Justiça (CIJ) que não emita ordens de emergência para aumentar a ajuda humanitária a Gaza em relação à fome iminente, desqualificando o pedido da África do Sul que chamou de “moralmente repugnante”.

Em um documento jurídico apresentado ao tribunal superior das Nações Unidas, tornado público nesta segunda-feira (18), Israel alega que “tem uma preocupação real com a situação humanitária e com vidas inocentes, conforme demonstrado pelas ações que tomou e está tomando” em Gaza durante a guerra.

Advogados de Israel negaram as acusações de que o país cause sofrimento humanitário de forma deliberada no enclave, onde milhares de pessoas morreram e a fome se intensifica. Disseram ainda que os sucessivos pedidos da África do Sul por medidas adicionais configuram abuso de procedimentos.

O documento sustenta que as acusações da África do Sul, no pedido por novas medidas apresentado em 6 de março, são “totalmente infundadas de fato e de direito, moralmente repugnantes e representam um abuso tanto da Convenção sobre Genocídio quanto do próprio tribunal”.

A nova troca de manifestações das partes ocorre no âmbito do processo apresentado pela África do Sul, que acusa Israel de genocídio liderado pelo Estado em Gaza após os ataques militantes do Hamas em 7 de outubro.

Em janeiro, a CIJ, também conhecida como Corte Mundial, ordenou que Israel se abstivesse de quaisquer atos que pudessem ser enquadradas na Convenção de Genocídio e que garantisse que suas tropas não cometam atos genocidas contra os palestinos em Gaza.

Israel nega ter civis palestinos como alvos, argumentando que seu único interesse é aniquilar o Hamas. Agências de assistência dizem, no entanto, que a ajuda aos 2,3 milhões de habitantes de Gaza passa por severas restrições.

As medidas de emergência da CIJ servem como injunções temporárias, destinadas a impedir que uma situação se deteriore antes que a corte possa analisar o caso completo, processo que geralmente leva anos.

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Faixa de Gaza: Israel lança operação no Hospital Shifa

18 de março de 2024

 

As forças militares de Israel disseram na segunda-feira que estavam conduzindo uma operação no Hospital Shifa, na cidade de Gaza, uma área onde foram criticadas internacionalmente por um ataque em novembro. O porta-voz das Forças de Defesa de Israel, contra-almirante Daniel Hagari, disse em um comunicado que as forças israelenses estavam agindo porque altos funcionários do Hamas estavam usando o hospital para comandar ataques contra Israel. “Conduziremos esta operação com cautela e cuidado, garantindo ao mesmo tempo que o hospital continue a sua importante função”, disse Hagari.

Testemunhas relataram ataques aéreos na área do hospital, que é o maior da Faixa de Gaza, bem como a presença de tanques israelenses.

O chefe de política externa da União Europeia, Joseph Borrell, disse na segunda-feira que Israel “está provocando a fome” em Gaza e usando a fome “como arma de guerra”. “Em Gaza já não estamos à beira da fome, estamos num estado de fome, que afeta milhares de pessoas”, disse Borrell numa conferência sobre ajuda humanitária a Gaza, em Bruxelas.

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, disse que seu governo “permite ampla ajuda humanitária a Gaza por terra, ar e mar para qualquer pessoa disposta a ajudar” e acusou os militantes do Hamas de “interromper violentamente os comboios de ajuda”.

Um navio pertencente ao grupo de ajuda Open Arms chegou há poucos dias para fazer uma entrega de 200 toneladas de alimentos, inaugurando o corredor humanitário.

Grupos humanitários têm frequentemente citado desafios na obtenção de ajuda para Gaza, incluindo o bloqueio por Israel e a impossibilidade de acesso a áreas dentro de Gaza devido ao conflito em curso.

A guerra começou com o ataque terrorista do Hamas a Israel, em 7 de Outubro, que matou 1.200 pessoas, de acordo com os registos israelitas, e com a captura de cerca de 250 reféns pelo Hamas. Autoridades de saúde em Gaza dizem que a contra-ofensiva em curso de Israel matou mais de 31.700 pessoas, a grande maioria mulheres e crianças, ao mesmo tempo que deslocou mais de metade da população de Gaza de 2,3 milhões e destruiu grande parte da infra-estrutura e moradias do território.

Esperava-se que o chefe da agência de inteligência israelense Mossad se juntasse às negociações no Catar com mediadores egípcios, norte-americanos e catarianos em meio aos esforços para conseguir uma nova interrupção na guerra. O Hamas apresentou uma nova proposta de cessar-fogo na semana passada, incluindo uma troca de cerca de 40 reféns israelenses para a libertação de centenas de prisioneiros palestinos. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, já disse que a proposta se baseava em “exigências irrealistas” do Hamas, mas uma autoridade palestina familiarizada com os esforços de mediação disse que as chances de um acordo pareciam melhores com o Hamas dando mais detalhes sobre a proposta de troca de prisioneiros.

Netanyahu rejeitou ontem, domingo, a pressão internacional, prometendo que Israel prosseguiria com um ataque aos militantes do Hamas em Rafah, perto da fronteira Gaza-Egito. “Nenhuma pressão internacional nos impedirá de realizar todos os objetivos da guerra, de eliminar qualquer controle do Hamas em Gaza”, disse Netanyahu durante uma reunião cujo vídeo foi divulgado por seu gabinete, embora não tenha dado nenhuma indicação de um ataque iminente.

Mais tarde, ele disse ao programa “State of the Union” da CNN que Israel “continuaria tentando” chegar a um acordo sobre um cessar-fogo de seis semanas na guerra com o Hamas, mas para conseguir isso, Netanyahu disseque “vamos manter a pressão militar”.

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Risco de fome catastrófica sobe para 1,1 milhão de palestinos em Gaza

A Classificação da Fase de Segurança Alimentar Integrada (IPC) calculou que o grau mais elevado de fome, chamado de “fome catastrófica”, pode alcançar 1,1 milhão de pessoas na Faixa de Gaza entre 16 de março e 15 de julho de 2024, o equivalente a 50% da população local. 

Os dados estão em relatório publicado nesta segunda-feira (18). O estudo anterior do IPC, publicado em dezembro de 2023, calculou que 677 mil pessoas, ou 30% da população de Gaza, estaria na fase mais crítica da fome entre fevereiro e março de 2024.

O mais recente estudo do IPC estimou ainda que a desnutrição aguda entre crianças de 6 meses a 23 meses de idade aumentou de 16,2% para 29,2% entre janeiro e fevereiro deste ano.

“Todas as evidências apontam para uma grande aceleração da morte e da desnutrição”, diz o documento.

O chefe da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, ao comentar o estudo, denunciou que foi impedido de entrar em Gaza nesta segunda-feira (18) e pediu que todas as passagens sejam liberadas.  

“Este é o maior número de pessoas já registrado de vítimas de fome catastrófica pelo sistema IPC e o dobro do número de apenas três meses atrás. Anteriormente, a Unicef alertou que o número de crianças menores de dois anos que sofrem de desnutrição aguda duplicou em um mês. As crianças estão agora morrendo de desidratação e fome”, lamentou.

O quadro integrado de classificação da segurança alimentar é apoiado pelas Nações Unidas (ONU) e reúne entidades da sociedade civil de várias partes do mundo que produzem indicadores para medir o grau de fome a que populações estão submetidas.

A classificação IPC varia da fase 1, quando as famílias conseguem satisfazer as necessidades de alimentação sem precisar adotar estratégias atípicas, até a fase 5, que é quando as famílias enfrentam “extrema falta de alimentos”, com níveis críticos de “desnutrição aguda e mortalidade”.

Entre os dois extremos, há as fases 2 (estresse), 3 (crise) e 4 (emergência). A fase 5 só é alcançada quando pelo menos 20% da população está em insegurança alimentar aguda, com cerca de uma em cada três crianças gravemente desnutrida e duas mortes, ou quatro mortes infantis, para cada 10 mil habitantes, por dia, devido a fome total ou doenças associadas à desnutrição.

Fome iminente

“A fome é iminente nas províncias do Norte e deverá ocorrer a qualquer momento entre meados de março e maio de 2024”, diz a organização, que pede um cessar-fogo imediato para levar alimentos a essas pessoas. No Norte da Faixa de Gaza, local mais crítico, o levantamento estima que 70% da população, ou 210 mil pessoas, está em risco de fome catastrófica”.

“Nas províncias do Norte, em quase dois terços dos domicílios, as pessoas passaram dias e noites inteiros sem comer pelo menos 10 vezes nos últimos 30 dias. Nas províncias do sul, isto aplica-se a um terço dos agregados familiares”, pontuou o levantamento.

Apesar da situação ser pior no Norte, toda população de Gaza, estimada em 2,3 milhões, está em crise (fase 3) de segurança alimentar, no mínimo. “As províncias do sul de Deir al-Balah e Khan Younis, e a província de Rafah, estão classificadas na fase 4 do IPC (emergência). No entanto, no pior cenário, estas províncias enfrentam o risco de fome catastrófica [fase 5] até julho de 2024”, ressalta o estudo.

Ajuda humanitária

A publicação do IPC lembrou que, antes do dia 7 de outubro, 500 caminhões entravam por dia em Gaza, sendo 150 transportando alimentos. Já entre 7 de outubro e 24 de fevereiro, a média foi de 90 caminhões por dia, dos quais apenas 60 transportavam alimentos.

“Consequentemente, praticamente todos os agregados familiares saltam refeições todos os dias e os adultos estão reduzindo as suas refeições para que as crianças possam comer”, diz o texto.

O governo brasileiro tem denunciado o bloqueio da entrada de alimentos em Gaza. Para o ministro das relações exteriores, Mauro Vieira, Israel viola o direito internacional ao bloquear a entrada de ajuda.

“Sem sombra de dúvida, o bloqueio à ajuda humanitária no contexto atual de fome e falta de insumos médicos em Gaza consiste em uma violação do direito internacional”, afirmou o chanceler brasileiro, acrescentando que “o governo do primeiro-ministro de Israel [Benjamin Netanyahu] continua dificultando sistematicamente a entrada de caminhões com ajuda humanitária nas fronteiras com Gaza”.

O governo de Israel tem sido pressionado por diversos países de todo o mundo para suspender as ações militares na região. O país ainda responde, na Corte Internacional de Justiça (CIJ), pela acusação de genocídio em Gaza. Apresentado pela África do Sul, a denúncia teve o apoio do Brasil.

Resposta

Israel nega as acusações de genocídio, diz que respeita a lei humanitária internacional e promete continuar as ações militares até destruir totalmente as capacidades militares do grupo Hamas.

A invasão terrestre de Rafah, onde estão em torno de 1,5 milhão de refugiados, pode ocorrer a qualquer momento, uma vez que Israel anunciou que aprovou o plano para ingressar na cidade.

 

Gaza: Exército israelense lança operação de alta precisão em hospital

Forças de Defesa de Israel lançaram “operação de alta precisão” nas redondezas do Hospital Al-Shifa, em Gaza, e avisaram a população civil para se retirar das áreas próximas. Apesar dos avisos de evacuação do complexo hospitalar, testemunhas relatam bombardeios no local, um edifício em chamas e várias vítimas.

“Um apelo a todos os moradores e deslocados no bairro Al-Rimal e no Hospital Al-Shifa e arredores: para sua própria segurança, devem retirar-se imediatamente para o oeste e depois seguir a estrada ao longo da costa para o sul, em direção à zona humanitária de Al-Mawasi”, no sul da Faixa de Gaza, disse o porta-voz do Exército, em comunicado nas redes sociais.

Nas primeiras horas desta segunda-feira (18), as forças israelenses cercaram o Hospital Al-Shifa, onde estariam abrigadas cerca de 30 mil pessoas.

O porta-voz das Forças de Defesa de Israel confirmou que ocorria “uma operação de alta precisão em áreas limitadas” do hospital, alegando que “terroristas do Hamas se reuniam” dentro das instalações que usavam para lançar ataques.

“A operação baseia-se em informações que indicam a utilização do hospital por terroristas de alta patente do Hamas”, acrescentou.

De acordo com relatos citados por veículos de comunicação, a área cirúrgica do Complexo Médico Al-Shifa estava “lotado de feridos” quando foi atingido por mísseis israelenses e, em consequência, ficou em chamas.

“Nesse edifício estão todas as salas de cirurgia de todas as especialidades. Todas as pessoas que se encontram no interior foram sujeitas a grandes cirurgias e não podem sair do local”, disse nas redes sociais Abdullah Mohammed, médico do hospital.

O serviço de imprensa do governo de Hamas afirmou que o Hospital Al-Shifa estava sendo bombardeado, acrescentando que “dezenas de milhares de pessoas deslocadas” se encontravam no edifício.

O Ministério da Saúde palestino em Gaza informou que há vários mortos e feridos, incluindo casos de asfixia de mulheres e crianças que estavam abrigadas no complexo hospitalar. A mesma fonte, citada pelas agências de notícias, adianta que as equipes de socorro não conseguiram resgatar todas as pessoas devido à intensidade das chamas no edifício e dos ataques israelenses.

Os habitantes do bairro Al-Rimal, onde se situa o hospital, afirmaram que “mais de 45 tanques israelenses e veículos blindados” tinham entrado nas áreas próximas. Alguns relataram também “combates” em volta do hospital, tendo a troca de tiros começado pouco antes do amanhecer, de acordo com a Agência France Presse (AFP).

No fim do ano passado, o Exército israelense tinha entrado no hospital, que agora funciona com a capacidade mínima e equipe reduzida. Depois dessa operação, o Exército afirmou ter encontrado nas instalações de Al-Shifa “munições, armas e equipamento militar” do Hamas, o que o movimento, no poder na Faixa de Gaza desde 2007, desmentiu.

O Exército israelense disse que descobriu no Hospital Al-Shifa um túnel de 55 metros de comprimento, que alegou ser utilizado “para terrorismo”. Jornalistas foram convidados a visitar o local.

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Chanceler Mauro Vieira chama de imoral ação de Israel em Gaza

 

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, classificou de “imoral” e “ilegal” a ação de Israel na Faixa de Gaza. Em discurso na Cisjordânia, o chanceler brasileiro informou que o Brasil manterá a contribuição para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA).

“Vou dizer de forma alta e clara: é ilegal e imoral retirar o acesso das pessoas à comida e à água. É ilegal e imoral atacar operações humanitárias e quem está buscando ajuda. É ilegal e imoral impedir os doentes e feridos de assistência de saúde. É ilegal e imoral destruir hospitais, locais sagrados, cemitérios e abrigos”, disse Vieira em discurso na capital da Autoridade Palestina.

Segundo o ministro das Relações Exteriores, a utilização da fome e da sede como armas de guerra representa “punição coletiva” e o rastro de destruição e de morte na população inocente não será esquecido. Durante o discurso, Vieira foi aplaudido de pé. Na cerimônia, o chanceler recebeu, em nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o título de membro honorário do Conselho dos Curadores da Fundação Yasser Arafat. 

Para Vieira, a manutenção das contribuições à UNRWA é essencial para manter a ajuda a mais de 5 milhões de refugiados palestinos. O chanceler agradeceu às Nações Unidas pela rapidez na investigação das acusações de que 12 integrantes da agência teriam participado dos ataques terroristas de 7 de outubro, em Israel.

Reuniões

As declarações foram feitas em visita à Cisjordânia, na primeira etapa da visita ao Oriente Médio. Neste domingo, Vieira reuniu-se em Ramallah com o chanceler palestino, Riyad al-Maliki, e com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, para discutir a guerra na Faixa de Gaza.

Segundo o Itamaraty, Abbas agradeceu o empenho e a amizade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a Palestina. O presidente da Autoridade Palestina também agradeceu a coragem de Lula em assumir papel de referência global em defesa dos palestinos na atual crise e o apoio do governo brasileiro à admissão da Palestina como membro pleno da Organização das Nações Unidas (ONU).

Durante o encontro com Maliki, informou o Itamaraty, o chanceler palestino elogiou a atuação de Lula, ao descrever “a situação como ela é” e destacou que o presidente brasileiro foi um dos primeiros líderes “a agir em defesa dos civis desde a primeira hora”. Maliki manifestou preocupação com os riscos de uma ação militar em Rafah e relatou o aumento da violência de colonos israelenses contra palestinos na Cisjordânia.

Em seguida, participou da cerimônia na Fundação Yasser Arafat. Coube ao primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammed Shtayyeh entregar o título em homenagem ao presidente Lula.

No último compromisso do dia, Vieira e Shtayyeh se reuniram para tratar da crise em Gaza e em outros países do Oriente Médio. Os dois discutiram estratégias conjuntas para tornar a Palestina membro pleno das Nações Unidas.

Roteiro

A visita à Cisjordânia representa a primeira etapa da viagem de cinco dias do chanceler brasileiro ao Oriente Médio. Mauro Vieira também visitará a Jordânia, o Líbano e a Arábia Saudita ao longo desta semana. Além do conflito em Gaza e da solução de dois estados, com Palestina e Israel convivendo em paz e segurança, o chanceler brasileiro discutirá temas como cooperação técnica, comércio e investimentos.

Vieira chegou à Cisjordânia procedente de Amã, na Jordânia. O ministro das Relações Exteriores voou direto para a capital jordaniana para não desembarcar em Israel, que declarou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva persona non grata no mês passado.

Primeiro navio a usar novo corredor humanitário entrega alimentos a Gaza

16 de março de 2024

 

Os militares israelitas afirmaram que um navio que transportava 200 toneladas de suprimentos humanitários para Gaza chegou ao enclave na sexta-feira e descarregou a sua carga, inaugurando uma rota marítima a partir de Chipre destinada a ajudar a aliviar a crise humanitária em Gaza.

O navio, Open Arms, foi o primeiro a navegar no novo corredor marítimo de Chipre, partindo há três dias.

Transportava alimentos fornecidos pela World Central Kitchen, instituição de caridade fundada pelo chef e filantropo Jose Andres. O grupo de ajuda espanhol Open Arms, que dá nome ao navio, transportou a ajuda. O navio atracou sexta-feira em um cais temporário.

Os militares de Israel disseram na noite de sexta-feira que a carga do navio foi descarregada em 12 caminhões.

O novo corredor marítimo foi criado para levar mais ajuda a Gaza, onde as Nações Unidas alertam que 576 mil pessoas estão à beira da fome relacionada com o conflito e praticamente todos os 2,3 milhões de residentes de Gaza enfrentam insegurança alimentar.

O corredor está a ser coordenado pelos Estados Unidos, Chipre, Reino Unido, Emirados Árabes Unidos, Qatar, União Europeia e Nações Unidas.

Embora os humanitários digam que qualquer ajuda adicional é bem-vinda, sublinham que os navios e os lançamentos aéreos não substituem o volume de ajuda que os camiões podem transportar, e apelaram repetidamente a Israel para abrir mais passagens de fronteira e estradas para Gaza.

EUA iniciam construção de cais flutuante para ajuda a Gaza