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Israel toma posto de fronteira em Rafah e intensifica ataques em Gaza

As Forças Armadas israelenses assumiram o controle da passagem de fronteira de Rafah, entre a Faixa de Gaza e o Egito, nesta terça-feira (7), e seus tanques entraram na cidade de Rafah, no sul de Gaza, após uma noite de ataques aéreos ao enclave palestino.

A ofensiva israelense ocorreu no momento em que os mediadores se esforçavam para garantir um acordo de cessar-fogo entre Israel e seus inimigos do Hamas e enquanto o conflito entra em seu oitavo mês.

O grupo militante palestino disse no final da segunda-feira (6) que havia concordado com uma proposta de cessar-fogo, mas Israel afirmou que os termos não atendiam às suas exigências.

Em meio à preocupação internacional com a situação dos civis amontoados em Rafah, tanques e aviões israelenses atacaram várias áreas e casas durante a noite.

Escombros

Na manhã de terça-feira, as pessoas procuravam por corpos sob os escombros de edifícios destruídos. Um cadáver foi levado para o enterro, envolto em uma mortalha branca.

Raed al-Derby disse que sua esposa e seus filhos foram mortos. De pé na rua, com a angústia estampada em seu rosto, ele declarou à Reuters.

“Somos pacientes e continuaremos firmes nesta terra. Estamos esperando pela libertação e esta batalha será pela libertação, se Deus quiser.”

Mais de um milhão de pessoas buscaram refúgio em Rafah, vivendo em acampamentos de barracas e abrigos improvisados. Muitos estão tentando sair, atendendo às ordens israelenses de retirada, mas com grandes áreas do enclave costeiro já destruídas, eles dizem que não têm nenhum lugar seguro para ir.

Operação

Os militares israelenses disseram que uma operação limitada em Rafah tinha o objetivo de matar combatentes e desmantelar a infraestrutura usada pelo Hamas, que governa o território palestino sitiado.

O Egito disse que a operação israelense em Rafah ameaça os esforços de cessar-fogo, e o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, afirmou que o ataque seria mortal para os civis.

“Temo que isso vá causar novamente muitas baixas, baixas civis”, disse ele aos repórteres. “Não há zonas seguras em Gaza.”

Há semanas, Israel vem ameaçando realizar uma grande incursão em Rafah, que, segundo o país, abriga milhares de combatentes do Hamas e onde dezenas de reféns estão sendo mantidos. A vitória sobre o Hamas é impossível sem a tomada de Rafah, segundo Israel.

Um total de 34.789 palestinos, a maioria civis, já foram mortos no conflito, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

A guerra começou quando militantes do Hamas atacaram Israel em 7 de outubro, matando cerca de 1,2 mil pessoas e sequestrando cerca de 250 outras, das quais acredita-se que 133 permaneçam em cativeiro em Gaza, de acordo com os registros israelenses.

Passagem fechada

Um porta-voz da autoridade da fronteira de Gaza disse à Reuters que a passagem de Rafah, uma rota vital para a ajuda ao enclave devastado, foi fechada devido à presença de tanques israelenses.

A Rádio do Exército de Israel havia anunciado anteriormente que suas forças estavam no local e imagens do Exército mostraram tanques passando pelo ponto de fronteira e a bandeira israelense hasteada no lado de Gaza.

Fontes do Crescente Vermelho no Egito disseram que a ajuda a Gaza havia sido completamente interrompida em Rafah e na passagem Kerem Shalom, controlada por Israel.

Os Estados Unidos e outros governos estrangeiros têm pressionado Israel a não iniciar uma campanha em Rafah até que tenha elaborado um plano humanitário para os palestinos que se abrigam lá.

“A ocupação israelense condenou os residentes da Faixa de Gaza à morte após o fechamento da passagem de fronteira de Rafah”, disse Hisham Edwan, porta-voz da autoridade da passagem de fronteira de Gaza.

*É proibida a reprodução deste conteúdo

ONU: Reconstruir Gaza pode custar 50 bilhões de dólares

Gaza

3 de maio de 2024

 

Agência VOA

As Nações Unidas afirmaram na quinta-feira que a guerra na Faixa de Gaza atrasou o desenvolvimento local em 40 anos e que a reconstrução custará bilhões de dólares ao longo de muitos anos.

“Um programa de recuperação precoce durante três anos para trazer de volta centenas de milhares de palestinos para abrigos temporários em seus locais de origem, com amplo apoio comunitário, custará entre 2 e 3 bilhões de dólares”, disse Abdallah Al Dardari, diretor do Escritório Regional para os Estados Árabes. no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). “A reconstrução global de Gaza hoje, de acordo com a nossa estimativa, será entre 40 e 50 bilhões de dólares, pelo menos.”

Dardari conversou com repórteres de Amã, na Jordânia, onde lançou um relatório atualizado do PNUD sobre os impactos socioeconômicos esperados da guerra entre Israel e o Hamas, que atinge a marca de sete meses na terça-feira.

O conflito afetou a vida dos palestinos, com mais de 34 mil mortos e quase 78 mil feridos até o momento, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas. Em meados de Abril, o PNUD afirma que as mortes e feridos representavam pelo menos 5% da população de Gaza.

Durante os ataques terroristas do Hamas em Israel, em 7 de Outubro, pelo menos 1.200 pessoas foram mortas e outras 250 sequestradas. Acredita-se que mais de 30 dos que ainda estão em cativeiro estejam mortos.

Os combates arrasaram grande parte de Gaza, danificando ou destruindo cerca de 370 mil unidades habitacionais e 9% de propriedades comerciais. O PNUD afirma que mesmo no melhor cenário seriam necessários 16 anos – até 2040 – para reconstruir as casas destruídas, sem reparar as danificadas. Se os cronogramas de reconstrução seguirem o mesmo padrão após as guerras de 2014 e 2021 entre o Hamas e Israel, diz o relatório, Gaza precisaria de aproximadamente 80 anos para restaurar as casas destruídas.

Regressão aos níveis de 1980

Dardari disse que 40 anos de ganhos de desenvolvimento em Gaza foram perdidos, totalizando um investimento de quase 50 bilhões de dólares.

“Isso significa que os níveis de educação e alfabetização serão dramaticamente afetados no final deste conflito”, disse ele. “Mas o mais perigoso é que, na nossa análise, o impacto do conflito permanecerá conosco durante muito tempo, a menos que abordemos rapidamente a escolaridade temporária, os cuidados de saúde temporários, o apoio psicossocial à população e a recuperação de serviços básicos como a água, saneamento e eletricidade.”

Embora todos os palestinianos tenham sido afectados de alguma forma pelo conflito, o relatório concluiu que a classe média foi mais afectada. Se a guerra continuar até Julho, colocaria uma grande parte da classe média abaixo do limiar da pobreza, aumentando o número total de palestinianos empurrados para a pobreza para 3,32 milhões – ou pouco mais de 60% da população.

O PIB palestiniano também sofreu dramaticamente desde o início da guerra, diminuindo 25% – ou quase 7 bilhões de dólares. Dardari disse que esse número pode chegar a 29% se a guerra continuar até julho.

Fonte
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Dezenas de presos em universidade da Califórnia enquanto persistem protestos contra a guerra em Gaza

25 de abril de 2024

 

A polícia prendeu estudantes que protestavam na Universidade do Sul da Califórnia na quarta-feira, horas depois de a polícia de uma universidade do Texas ter detido dezenas de manifestantes, nos últimos confrontos entre autoridades policiais e manifestantes nas universidades da Universidade do Sul da Califórnia nos Estados Unidos contra a guerra em. Gaza.

Embora as tensões tenham aumentado entre a polícia e os estudantes que protestavam na Universidade do Sul da Califórnia no início do dia, os manifestantes começaram a ser detidos sem incidentes à tarde, enquanto helicópteros sobrevoavam.

Policiais cercaram o grupo cada vez menor, que se sentou desafiando um aviso anterior para se dispersar ou ser preso. Além da linha policial, centenas de curiosos observavam. A escola fechou o campus.

Embora algumas universidades que tentaram reprimir os protestos tenham rapidamente recorrido à aplicação da lei, as detenções na Califórnia contrastaram fortemente com o caos que ocorreu horas antes na Universidade do Texas, campus de Austin.

 

Israel não prova ligação de agência da ONU em Gaza com 7 de outubro

O governo de Israel não apresentou provas de que funcionários da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA) tenham relação com organizações terroristas, afirmou um relatório independente de 54 páginas, publicado nesta semana e feito a pedido do secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres.

“Israel fez declarações públicas de que um número significativo de funcionários da UNRWA são membros de organizações terroristas. No entanto, Israel ainda não forneceu provas disso”, diz o documento produzido pela francesa Catherine Colonna, ex-ministra dos Negócios Estrangeiros da Europa, em parceria com representantes de institutos de direitos humanos da Suécia, Noruega e Dinamarca.

O parecer considera ainda que a UNRWA tem mecanismos melhores do que outras agências da ONU para garantir a neutralidade política. Ainda assim, a investigação identificou riscos para essa neutralidade, principalmente, em materiais educativos usados pelas escolas da agência, e devido a manifestações políticas de funcionários nas redes sociais.

O relatório fez 50 recomendações para aperfeiçoar os mecanismos de neutralidade, que foram aceitas pelo chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, e pelo secretário-geral da ONU António Guterres.

“A análise revelou que a UNRWA estabeleceu um número significativo de mecanismos e procedimentos para garantir o cumprimento dos princípios humanitários, com destaque para o princípio da neutralidade, e que apresenta uma abordagem mais desenvolvida à neutralidade do que outras entidades semelhantes da ONU”, diz o documento.

Entenda

No final de janeiro de 2024, Israel acusou doze funcionários da UNRWA de participarem do ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro. A acusação fez com que 16 países suspendessem o financiamento da principal agência de ajuda humanitária em Gaza, cortando cerca de US$ 450 milhões da organização.

Estados Unidos, Itália, Finlândia Suécia e Canadá estavam entre os países que suspenderam o financiamento da Agência. De um tempo para cá, alguns retomaram os repasses, como Canadá e Suécia.

Em consequência, o secretário-geral da ONU, António Gutérrez, exonerou os funcionários acusados e abriu duas investigações para avaliar o funcionamento da Agência que emprega 30 mil pessoas e presta ajuda humanitária aos cerca de 5,9 milhões de palestinos refugiados em Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Líbano e Síria. A segunda investigação, que é realizada pelo Gabinete de Supervisão Interna da ONU, ainda está em andamento.

A investigação finalizada nesta semana começou em 13 de fevereiro e seus membros visitaram as instalações da UNRWA na Jordânia, em Jerusalém e na Cisjordânia, entrevistando mais de 200 pessoas, entre países doadores e de partes interessadas, como a Autoridade Palestina e Israel, incluindo funcionários de Gaza. “Foram feitos contatos diretos com 47 países e organizações”, diz o documento.

O parecer liderado pela ex-ministra europeia Catherine Colonna destacou ainda que Israel não informou à agência para palestinos qualquer restrição às listas dos funcionários que eram repassadas ao governo de Tel Aviv.

“É digno de nota que o governo israelense não informou a UNRWA sobre quaisquer preocupações relacionadas a qualquer pessoal da UNRWA com base nessas listas de pessoal desde 2011”, afirmou.

O documento considerou que a UNRWA continua sendo fundamental para prestar ajuda humanitária aos refugiados palestinos. “A UNRWA é insubstituível e indispensável para o desenvolvimento humano e econômico dos palestinos”, disse.

Apesar de constatar uma estrutura robusta, o documento afirma que existem problemas que podem afetar a neutralidade política da UNRWA. “Incluem casos em que funcionários expressaram publicamente opiniões políticas, livros didáticos do país anfitrião com conteúdo problemático usados em algumas escolas da UNRWA e sindicatos de funcionários politizados que fizeram ameaças contra a gestão da UNRWA e causaram perturbações operacionais”, destaca o parecer.

Recomendações

Dentre as recomendações, há a previsão de se criar uma unidade para investigação da neutralidade dentro da agência; a formação do pessoal; e novas regras para selecionar os candidatos a funcionários da UNRWA. Outra recomendação é de aumentar a transparência da comunicação da agência com os doadores.

Em relação às escolas, o relatório independente reconheceu que a UNRWA “tem trabalhado consistentemente para garantir a neutralidade na educação”. O órgão oferece educação primária e preparatória para 500 mil alunos em 706 escolas, com 20 mil funcionários. A Faixa de Gaza representa 40% da estrutura educacional da agência, mas essa estrutura entrou em colapso com a guerra e todas as crianças estão fora das aulas em Gaza.

Sobre a crítica de Israel de que o material didático incentivaria o “discurso de ódio” e o “antissemitismo”, o relatório fez três avaliações. Em duas, foram identificados “conteúdo não conforme”, mas não evidências de referência antissemita. Na terceira avaliação, foram identificados dois exemplos de conteúdo antissemita, mas observou que “um já tinha sido removido e outro significativamente alterado”.

Com isso, o relatório recomendou a revisão dos conteúdos de todos os livros didáticos, ressaltando que os professores das escolas geridas pela agência usam o material fornecido pelas autoridades locais.

“Dada a singularidade deste contexto político, estas medidas só terão um impacto significativo com o apoio dos países anfitriões, de Israel e da Autoridade Palestina”, diz o documento.

O chefe da Agência da ONU para Refugiados Palestinos, Philippe Lazzarini, disse que vai desenvolver um plano de ação para atender as demandas do relatório independente.  

“A UNRWA acolhe com satisfação as conclusões e recomendações da análise independente sobre a adesão da agência ao princípio humanitário da neutralidade. A UNRWA está firmemente empenhada em aplicar os valores e princípios humanitários da ONU. As recomendações deste relatório reforçarão ainda mais os nossos esforços e a nossa resposta durante um dos momentos mais difíceis da história do povo palestino”, disse.

Israel não prova ligação de agência da ONU em Gaza com 7 de outubro

O governo de Israel não apresentou provas de que funcionários da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA) tenham relação com organizações terroristas, afirmou um relatório independente de 54 páginas, publicado nesta semana e feito a pedido do secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres.

“Israel fez declarações públicas de que um número significativo de funcionários da UNRWA são membros de organizações terroristas. No entanto, Israel ainda não forneceu provas disso”, diz o documento produzido pela francesa Catherine Colonna, ex-ministra dos Negócios Estrangeiros da Europa, em parceria com representantes de institutos de direitos humanos da Suécia, Noruega e Dinamarca.

O parecer considera ainda que a UNRWA tem mecanismos melhores do que outras agências da ONU para garantir a neutralidade política. Ainda assim, a investigação identificou riscos para essa neutralidade, principalmente, em materiais educativos usados pelas escolas da agência, e devido a manifestações políticas de funcionários nas redes sociais.

O relatório fez 50 recomendações para aperfeiçoar os mecanismos de neutralidade, que foram aceitas pelo chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, e pelo secretário-geral da ONU António Guterres.

“A análise revelou que a UNRWA estabeleceu um número significativo de mecanismos e procedimentos para garantir o cumprimento dos princípios humanitários, com destaque para o princípio da neutralidade, e que apresenta uma abordagem mais desenvolvida à neutralidade do que outras entidades semelhantes da ONU”, diz o documento.

Entenda

No final de janeiro de 2024, Israel acusou doze funcionários da UNRWA de participarem do ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro. A acusação fez com que 16 países suspendessem o financiamento da principal agência de ajuda humanitária em Gaza, cortando cerca de US$ 450 milhões da organização.

Estados Unidos, Itália, Finlândia Suécia e Canadá estavam entre os países que suspenderam o financiamento da Agência. De um tempo para cá, alguns retomaram os repasses, como Canadá e Suécia.

Em consequência, o secretário-geral da ONU, António Gutérrez, exonerou os funcionários acusados e abriu duas investigações para avaliar o funcionamento da Agência que emprega 30 mil pessoas e presta ajuda humanitária aos cerca de 5,9 milhões de palestinos refugiados em Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Líbano e Síria. A segunda investigação, que é realizada pelo Gabinete de Supervisão Interna da ONU, ainda está em andamento.

A investigação finalizada nesta semana começou em 13 de fevereiro e seus membros visitaram as instalações da UNRWA na Jordânia, em Jerusalém e na Cisjordânia, entrevistando mais de 200 pessoas, entre países doadores e de partes interessadas, como a Autoridade Palestina e Israel, incluindo funcionários de Gaza. “Foram feitos contatos diretos com 47 países e organizações”, diz o documento.

O parecer liderado pela ex-ministra europeia Catherine Colonna destacou ainda que Israel não informou à agência para palestinos qualquer restrição às listas dos funcionários que eram repassadas ao governo de Tel Aviv.

“É digno de nota que o governo israelense não informou a UNRWA sobre quaisquer preocupações relacionadas a qualquer pessoal da UNRWA com base nessas listas de pessoal desde 2011”, afirmou.

O documento considerou que a UNRWA continua sendo fundamental para prestar ajuda humanitária aos refugiados palestinos. “A UNRWA é insubstituível e indispensável para o desenvolvimento humano e econômico dos palestinos”, disse.

Apesar de constatar uma estrutura robusta, o documento afirma que existem problemas que podem afetar a neutralidade política da UNRWA. “Incluem casos em que funcionários expressaram publicamente opiniões políticas, livros didáticos do país anfitrião com conteúdo problemático usados em algumas escolas da UNRWA e sindicatos de funcionários politizados que fizeram ameaças contra a gestão da UNRWA e causaram perturbações operacionais”, destaca o parecer.

Recomendações

Dentre as recomendações, há a previsão de se criar uma unidade para investigação da neutralidade dentro da agência; a formação do pessoal; e novas regras para selecionar os candidatos a funcionários da UNRWA. Outra recomendação é de aumentar a transparência da comunicação da agência com os doadores.

Em relação às escolas, o relatório independente reconheceu que a UNRWA “tem trabalhado consistentemente para garantir a neutralidade na educação”. O órgão oferece educação primária e preparatória para 500 mil alunos em 706 escolas, com 20 mil funcionários. A Faixa de Gaza representa 40% da estrutura educacional da agência, mas essa estrutura entrou em colapso com a guerra e todas as crianças estão fora das aulas em Gaza.

Sobre a crítica de Israel de que o material didático incentivaria o “discurso de ódio” e o “antissemitismo”, o relatório fez três avaliações. Em duas, foram identificados “conteúdo não conforme”, mas não evidências de referência antissemita. Na terceira avaliação, foram identificados dois exemplos de conteúdo antissemita, mas observou que “um já tinha sido removido e outro significativamente alterado”.

Com isso, o relatório recomendou a revisão dos conteúdos de todos os livros didáticos, ressaltando que os professores das escolas geridas pela agência usam o material fornecido pelas autoridades locais.

“Dada a singularidade deste contexto político, estas medidas só terão um impacto significativo com o apoio dos países anfitriões, de Israel e da Autoridade Palestina”, diz o documento.

O chefe da Agência da ONU para Refugiados Palestinos, Philippe Lazzarini, disse que vai desenvolver um plano de ação para atender as demandas do relatório independente.  

“A UNRWA acolhe com satisfação as conclusões e recomendações da análise independente sobre a adesão da agência ao princípio humanitário da neutralidade. A UNRWA está firmemente empenhada em aplicar os valores e princípios humanitários da ONU. As recomendações deste relatório reforçarão ainda mais os nossos esforços e a nossa resposta durante um dos momentos mais difíceis da história do povo palestino”, disse.

Bebê em Gaza é salva do ventre da mãe morta em ataque israelense

Uma menina nasceu de uma palestina morta junto com seu marido e filha por um ataque israelense na cidade de Rafah, em Gaza, onde 19 pessoas morreram durante a noite em intensos ataques, informaram autoridades de saúde palestinas.

Os mortos, devido a ataques a duas casas, incluíam 13 crianças de uma família.

A bebê sobrevivente, pesando 1,4 kg e nascida de cesariana de emergência, estava estável e melhorando gradualmente, disse o médico Mohammed Salama. Sua mãe, Sabreen Al-Sakani, estava grávida de 30 semanas.

A bebê foi colocada em uma incubadora, em um hospital de Rafah, ao lado de outra criança, com as palavras “bebê da mártir Sabreen Al-Sakani”, escritas em fita adesiva em seu peito.

A bebê deverá permanecer no hospital por três a quatro semanas, informou Salama. “Depois disso, avaliaremos a alta e para onde essa criança irá, para a família, para a tia ou tio ou avós. Aqui está a maior tragédia. Mesmo que sobreviva, ela nasceu órfã”, disse o médico.

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Militares israelenses convocam reservistas para mais operações em Gaza

Os militares israelenses disseram neste domingo que em breve convocarão duas divisões de reservistas para as operações em Gaza, onde o Estado vem conduzindo uma guerra contra o grupo militante islâmico Hamas.

“De acordo com a avaliação da situação, as IDF (Forças de Defesa de Israel) estão convocando aproximadamente duas brigadas de reserva para atividades operacionais na frente de Gaza”, disseram os militares, embora não tenham fornecido mais detalhes.

No início deste mês, Israel retirou algumas forças de Gaza, alegando que as tropas estariam se preparando para novas operações no território, incluindo na região sul de Rafah, onde mais de um milhão de pessoas se abrigaram.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu evacuar os civis de Rafah antes de qualquer incursão destinada a esmagar os batalhões do Hamas no local, mas isso pouco fez para acalmar a preocupação do resto do mundo sobre o ataque planeado.

Israel x Irã

O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, disse que Israel tem a oportunidade de formar uma aliança estratégica contra o Irã depois do seu ataque massivo de drones e mísseis ter sido repelido conjuntamente. O ataque foi repelido junto com os Estados Unidos e outros países, disse Gallant em comunicado.

“Temos a oportunidade de estabelecer uma aliança estratégica contra esta grave ameaça do Irã, que ameaça montar explosivos nucleares nestes mísseis, o que pode ser uma ameaça extremamente grave.”

O ataque do Irã a Israel atraiu aplausos de muitos palestinos em Gaza neste domingo como um raro momento de vingança pela ofensiva israelense no enclave, embora alguns tenham dito suspeitar que Teerã tenha encenado o ataque mais para mostrar força do que para infligir danos reais.

“Pela primeira vez, vimos alguns foguetes que não caíram nas nossas áreas. Esses foguetes estavam indo para a Palestina ocupada”, disse Abu Abdallah, referindo-se à terra que se tornou Israel em 1948, e não à Cisjordânia ocupada e a Gaza.

“Temos esperança de que se o Irã ou qualquer outro país entrar na guerra, uma solução para Gaza poderá estar mais próxima do que nunca. Os americanos podem ter de resolver Gaza para acabar com as raízes do problema”, disse Abu Abdallah, de 32 anos, usando um apelido em vez do nome completo.

Muitos em Gaza sentiram-se abandonados pelos vizinhos do Oriente Médio desde que Israel iniciou uma ofensiva que matou mais de 33 mil pessoas em resposta aos ataques do Hamas em solo israelense, que por sua vez vitimaram 1.200 pessoas e fizeram 253 reféns em 7 de outubro.

No entanto, o apoio veio do Irã e dos seus representantes regionais, particularmente do Hezbollah, aliado de Teerã no Líbano, que são também aliados do Hamas em Gaza.

As imagens que circularam do enclave mostraram muitos residentes, incluindo dentro de tendas de deslocamento, assobiando e outros cantando Allah Akbar (Deus é o Maior) com alegria enquanto os céus eram iluminados por foguetes iranianos e interceptadores israelenses.

Médico relata horror vivido em hospital de Gaza: “desastre humano”

A situação dos hospitais na Faixa de Gaza piora a cada dia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas 10 dos 36 hospitais da região seguem funcionado e, ainda assim, de forma parcial, com escassez de medicamentos, combustível e pessoal.

O ataque de Israel, nos últimos dias, ao hospital Al Shifa, no Norte do enclave, reduziu ainda mais a capacidade de atendimento às centenas de milhares de feridos. A OMS exige o fim dos ataques aos hospitais em Gaza e apela pela proteção do pessoal da saúde.

O médico francês Pascoal André, de 60 anos, trabalhou como voluntário por quatro semanas no Hospital Europeu, em Khan Yunis, no sul de Gaza, e relatou, em entrevista para Agência Brasil e TV Brasil, os horrores de se trabalhar em um hospital da região.

“É sempre a mesma coisa. Cinco horas da manhã, bum, ban, bum (barulho de bombardeios) e, meia hora depois, os primeiros carros chegando, carros particulares, com pacientes moribundos, com pacientes muito graves e com casos não muito importantes, mas muitos pacientes chegando nas emergências sem qualquer triagem”, contou Pascoal, que foi para Gaza como voluntário do PalMed France, ONG de médicos palestinos em países europeus.

O infectologista relatou que é preciso escolher qual paciente atender diante da demanda, que é difícil dormir por causa do barulho dos drones, que a fome tem tirado a vida de muitas crianças, especialmente as recém-nascidas, que não há material nem mesmo para higiene, e que as equipes médicas estão exaustas.

“Você tem que escolher um paciente. Se ele não estiver muito bom, ele morrerá. Ou não é muito urgente, ele tem que esperar”, relatou o profissional, que gravou dezenas de depoimentos, trouxe imagens perturbadoras dos atendimentos e da desnutrição para denunciar na Europa.

“Voltamos com muitos depoimentos dos médicos deste hospital e não fomos ouvidos de verdade nos países europeus. Passamos no Parlamento Europeu, mas apenas três deputados nos receberam. É uma vergonha”, lamentou o especialista, que estava de passagem por Brasília para visitar o filho que vive na capital brasileira.

Confira a entrevista completa:

Agência Brasil: Por que você decidiu trabalhar em Gaza?

Pascoal André: Para mim, ser médico é ser estar a serviço do paciente e estar com os outros médicos solidários. Há alguns anos eu queria conhecer médicos palestinos. Fui em abril [de 2023] para a Cisjordânia. Vi o que significa o apartheid, trabalhei com o Crescente Vermelho (organização humanitária que atua na Palestina) e com o governo Palestino para tentar melhorar o atendimento pré-hospitalar.

Quando chegou o 7 de outubro, decidi reservar um tempo para ir a Gaza. Foi muito difícil encontrar pessoas e ONGs com permissão para cruzar a fronteira. Temos um acordo com a ONG Fundação Rahma e, desde 25 de janeiro, temos um rodízio de 20 médicos indo pra lá. Talvez uma centena de médicos já estiveram no Hospital Europeu de Gaza, localizado em Khan Younes. Alguns deles trabalham no Hospital Emirates, em Rafah.

Agência Brasil: O que você viu no hospital? Pode descrever um pouco como era a situação?

Pascoal André: No hospital, tem muitos profissionais de saúde locais e de equipes de todos os outros hospitais de Gaza. Eles me explicaram que Gaza era como Paris, com 2,5 milhões de pessoa e 36 hospitais de muito bom nível. Semelhante às práticas brasileiras para a medicina, semelhante às europeias.

Agora, no Sul de Gaza, você tem um hospital, o maior deles, em Khan Yunis, com apenas cinco salas de cirurgia e está superlotado. E as equipes médicas e as paramédicas estão muito exaustas, muito cansadas.

Eles não são bem remunerados, talvez US$ 100 a US$ 500 em cinco meses, mas o custo de vida é muito alto. Se precisar de farinha, é muito caro. Se você precisar de um pouco de açúcar, um quilo de açúcar custa US$ 10. Alguns deles estão realmente exaustos e muito mal, mentalmente.

Por exemplo, em um dos hospitais você, em tempos normais, tinha 40 leitos para pacientes cirúrgicos e agora está com 120 leitos. Pessoas morando dentro de salas cirúrgicas. É muito difícil trabalhar assim.

Eu, como infectologista, sem antisséptico na sala de cirurgia, sem sabão, sem água para limpar o paciente antes da operação. Portanto, temos visto muitas infecções com muitas complicações, com morte e amputações. É uma pena porque você tem todos os medicamentos, todos os aparelhos, a seis ou oito quilômetros, não muito longe do hospital, mas bloqueados na fronteira do Egito.

Agência Brasil: Como é a triagem dos pacientes diante da alta demanda e baixa capacidade de atendimento?

Pascoal André: A triagem é muito difícil. Você tem que escolher um paciente. Se ele não estiver muito bom, ele morrerá. Ou não é muito urgente, ele tem que esperar. É o caminho normal. É realmente uma pena o que acontece.

É sempre a mesma coisa. Cinco horas da manhã, bum, ban, bum (barulho de bombardeios) e, meia hora depois, os primeiros carros chegando, carros particulares, com pacientes moribundos, com pacientes muito graves e com casos não muito importantes, mas muitos pacientes chegando nas emergências sem qualquer triagem.

Trabalhei com muitos cirurgiões. Gravei muitos relatos sobre o que aconteceu. Temos muitos vídeos e fotos do tipo de lesões que eles sofreram. E realmente, os atiradores escolhem matar crianças, matar mulheres grávidas ou feri-las para o resto da vida. É realmente um desastre humano.

Por outro lado, se quiserem viver neste tipo de situação dramática, têm que viver em solidariedade. E foi muito impressionante ver que a vida ainda funciona. Eles têm uma hospitalidade muito importante, apesar da situação terrível. E eles têm uma fé muito profunda.

Infectologista Pascoal André, da Palmed France, denuncia inação de países europeus, diante dos relatos de horror que acontece na Faixa de Gaza- Joédson Alves/Agência Brasil

Agência Brasil: Israel acusa o Hamas de usar os hospitais para atividades militares. Você viu algo desse tipo?  

Pascoal André: Não, nenhum de nós viu isso. Cem médicos estiveram lá desde 25 de janeiro. Foi no Hospital Europeu, não foi no Norte porque não temos muita informação do que acontece no Norte. Em Rafah, nenhum de nós viu isso. Não vimos nenhum combatente do Hamas. Não vimos nenhum túnel sob o hospital.

Você ouve, o que talvez sejam lutadores, lá fora. Às vezes ouvíamos alguns pa pa pa (sons de tiros). Talvez dois minutos depois, os drones estavam lá, os tanques estavam lá, e se não bastasse, os F-16 (aviões de guerra) estavam lá.

Mas, considerando os cem médicos que passaram por lá, não vimos nenhum soldado israelense e nenhum soldado ou combatente do Hamas.

Agência Brasil: Como é viver toda essa situação, emocionalmente falando?

Pascoal André: No meu trabalho como médico de emergência, vivencio situações muito difíceis. Embora tenha experiência, posso conviver com isso porque estou bem de vida, com meus filhos e minha esposa. Está tudo bem para mim.

Durante as quatro semanas, não dormimos bem porque na nossa cabeça estavam sempre os sons dos drones, mesmo tapando os ouvidos com um bloqueador. Vimos muita destruição, muitos civis com crianças, com mulheres, sem nenhuma atuação política, só civis que foram mortos, que foram feridos e é realmente uma pena.

Mas o que é muito, muito difícil para mim e para os meus amigos é voltar aos Estados Unidos ou à Europa e falar sobre a situação e ver o silêncio da mídia, da política, e da maioria dos cidadãos à sua frente. Essa experiência para mim, e para a maioria de nós que esteve lá, é um sofrimento real maior do que a experiência pessoal que vivi lá

Voltamos com muitos depoimentos dos médicos deste hospital e não fomos ouvidos de verdade nos países europeus. Passamos no Parlamento Europeu, mas apenas três deputados nos receberam. É uma vergonha. A maior parte dos cidadãos, dos políticos e dos meios de comunicação não falam sobre o tema com liberdade porque temem a acusação de anti-semitismo e de apologia do terrorismo e, por isso, calam-se.

Existe um sofrimento enorme. É desesperador. Mas há uma enorme humanidade no povo palestino na forma como acreditam na justiça. Eles têm certeza de que vencerão porque a justiça está com eles.

Agência Brasil: Como está a situação da fome em Khan Yunis?

Pascoal André: A maioria dos médicos palestinos que conheci perderam entre 10 e 15 quilos. Todos eles nos explicam que é muito difícil encontrar comida. Mas o mais difícil está realmente no Norte. Mas mesmo no Sul, por exemplo, você pode ver algumas fotos que são muito impressionantes de pessoas passando fome.

Você tem uma taxa enorme de infecção porque quando você não come o suficiente, seu corpo não consegue reagir contra a infecção. Muitos bebês têm que sair do hospital com a mãe seis horas após o parto ou 16 horas após a cesariana.

Mas eles não vão para uma casa tranquila. Eles vão para uma barraca e está muito frio. E alguns deles estão morrendo por causa da desnutrição e da hipotermia. É realmente desumano e não é aceitável que os países europeus e os países norte-americanos apoiem isto.

Agência Brasil: Você pretende voltar para Gaza?

Pascoal André: Sim, eu espero voltar em junho, mas tenho que tomar cuidado porque é muito difícil ser um repórter. Eu quero ser médico, mas quando o paciente sofre bombardeios e tiros, sinto que tenho que registrar o que ocorre.

Eu tenha alguns registros de vozes palestinas, porque o mais importante é que as vozes palestinas sejam ouvidas no mundo. Por isso, tenho que tomar cuidado porque você sabe o que aconteceu com os repórteres em Gaza.

Militares israelenses consideram o ataque aéreo que matou 7 trabalhadores humanitários em Gaza um “grave erro”

3 de abril de 2024

 

Os militares de Israel disseram na quarta-feira que o ataque aéreo que matou sete trabalhadores humanitários em Gaza foi “um erro grave”.

O chefe militar israelita, tenente-general Herzi Halevi, atribuiu o ataque, que matou membros do grupo de ajuda World Central Kitchen (WCK), a “um erro de identificação durante a noite, durante uma guerra, em condições muito complexas”.

“A WCK é uma organização cujas pessoas trabalham em todo o mundo, inclusive em Israel, para fazer o bem em condições difíceis”, disse Halevi num comunicado em vídeo. “A IDF trabalha em estreita colaboração com a World Central Kitchen e aprecia muito o importante trabalho que eles realizam.”

O fundador da World Central Kitchen, José Andrés, disse em um ensaio publicado quarta-feira no The New York Times que Israel realizou “um ataque direto a veículos claramente marcados, cujos movimentos eram conhecidos pelas Forças de Defesa de Israel”.

Andrés disse que o ataque foi o resultado de “uma política que comprimiu a ajuda humanitária a níveis desesperadores”, referindo-se às queixas de organizações humanitárias sobre a dificuldade de levar ajuda para Gaza e para as mãos dos palestinos que precisam desesperadamente de ajuda em meio à crise israelense. Guerra do Hamas.

“Nas piores condições, depois do pior ataque terrorista da sua história, é hora de o melhor de Israel aparecer”, disse Andrés. “Não é possível salvar os reféns bombardeando todos os edifícios em Gaza. Você não pode vencer esta guerra matando de fome uma população inteira.”

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2 de abril de 2024

 

O grupo de ajuda World Central Kitchen (WCK) disse na terça-feira que um ataque aéreo israelense matou sete de seus funcionários em Gaza e que o grupo está interrompendo imediatamente seu trabalho na região.

A WCK disse num comunicado que concluiu a entrega de 100 toneladas de ajuda alimentar a um armazém em Deir al-Balah e que um comboio de dois carros blindados com o logotipo do grupo estava a deixar o local quando foi atingido.

WCK disse que o ataque aéreo aconteceu apesar da coordenação de seus movimentos com os militares israelenses.

Os mortos incluem um palestino, cidadãos da Austrália, Polônia, Grã-Bretanha e um cidadão com dupla nacionalidade norte-americana e canadense, disse o grupo.

A Sociedade do Crescente Vermelho Palestino disse que recuperou os sete corpos na terça-feira em uma “operação desafiadora que durou várias horas”, e que eles foram levados a hospitais em preparação para serem evacuados através da passagem de Rafah, no sul de Gaza.

A CEO da World Central Kitchen, Erin Gore, chamou o ataque de “imperdoável”.

“Este não é apenas um ataque contra a WCK, é um ataque a organizações humanitárias que aparecem nas situações mais terríveis em que os alimentos são usados ​​como arma de guerra”, disse Gore.

O fundador da WCK, José Andrés, disse nas redes sociais que estava “de coração partido e de luto” depois de perder “vários de nossos irmãos e irmãs em um ataque das FDI em Gaza”.

“O governo israelense precisa acabar com esta matança indiscriminada”, disse Andrés. “É preciso parar de restringir a ajuda humanitária, parar de matar civis e trabalhadores humanitários e parar de usar os alimentos como arma. Não há mais vidas inocentes perdidas. A paz começa com a nossa humanidade partilhada. Precisa começar agora.”

O grupo começou a utilizar uma rota marítima para trazer alimentos extremamente necessários para Gaza, onde grupos humanitários se queixaram de carregamentos em camiões retidos pelos militares israelitas e da falta de acesso seguro a áreas onde as pessoas necessitam de ajuda.

O porta-voz principal das Forças de Defesa de Israel (IDF), contra-almirante Daniel Hagari, disse na terça-feira que conversou com Andrés e expressou as “mais profundas condolências” dos militares.

Hagari disse que Israel está examinando o que aconteceu e como aconteceu nos “níveis mais altos”.

“Nos últimos meses, as FDI têm trabalhado em estreita colaboração com a Cozinha Central Mundial para ajudá-los a cumprir a sua nobre missão de ajudar a levar alimentos e ajuda humanitária ao povo de Gaza”, disse Hagari. “A WCK também veio ajudar os israelenses após o massacre de 7 de outubro. Eles foram uma das primeiras ONGs aqui. O trabalho da WCK é fundamental. Eles são a linha de frente da humanidade.”

O chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths, disse na terça-feira que está “indignado” com o ataque e classificou as ações dos responsáveis ​​como “indefensáveis”.

“Toda esta conversa sobre cessar-fogo e ainda assim esta guerra rouba o melhor de nós”, disse Griffiths num comunicado.
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O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, confirmou na terça-feira a morte de um trabalhador humanitário australiano, Lalzawmi “Zomi” Frankcom, dizendo que seu governo espera “responsabilidade total”.

“Esta é uma tragédia humana que nunca deveria ter ocorrido e é completamente inaceitável”, disse Albanese aos repórteres.

Albanese disse que os trabalhadores humanitários e todos os civis inocentes “precisam de proteção”.

O ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski, disse nas redes sociais que pediu uma explicação urgente ao embaixador de Israel na Polônia. Sikorski também expressou condolências à família do trabalhador polaco morto e a todas as vítimas civis na Faixa de Gaza.

A porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Adrienne Watson, disse que os Estados Unidos estão “de coração partido e profundamente perturbados” pelo ataque mortal.

“Os trabalhadores humanitários devem ser protegidos enquanto entregam a ajuda que é desesperadamente necessária, e instamos Israel a investigar rapidamente o que aconteceu”, disse Watson no X.

O secretário de Relações Exteriores britânico, David Cameron, disse na terça-feira que o governo de seu país estava trabalhando para verificar as mortes relatadas de cidadãos britânicos no ataque.

“Eram pessoas que trabalhavam para entregar ajuda vital àqueles que dela precisavam desesperadamente”, disse Cameron em comunicado. “É essencial que os trabalhadores humanitários estejam protegidos e sejam capazes de realizar o seu trabalho.”

O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, condenou o ataque e pediu uma investigação.

“Apesar de todas as exigências para proteger os civis e os trabalhadores humanitários, vemos novas vítimas inocentes”, disse Borrell.

Israel lançou a sua campanha para eliminar o Hamas após o ataque do Hamas a Israel, em 7 de Outubro, que matou 1.200 pessoas, de acordo com os registos israelitas, e levou à captura de cerca de 250 reféns.

A contra-ofensiva de Israel em Gaza matou mais de 32.900 pessoas, dois terços das quais mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas. Os militares israelenses dizem que um terço dos mortos eram militantes.