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DF vacinou quase 10 mil crianças contra a dengue em quatro dias

O Distrito Federal aplicou 9.895 doses da vacina contra a dengue em crianças de 10 a 11 anos desde a última sexta-feira (10), quando a imunização começou. De acordo com o governo do Distrito Federal (GDF), apenas nesta segunda-feira (12), 2.091 crianças foram imunizadas na rede pública contra a doença.

Em nota, o GDF informou que as 15 unidades básicas de saúde (UBS) destinadas à vacinação seguem em funcionamento durante todo o carnaval, com dez locais atendendo a partir das 8h e outros cinco, a partir das 13h.

Para receber as doses, as crianças devem comparecer à unidade acompanhadas dos pais ou responsáveis, com documento de identificação e caderneta de vacinação em mãos. Pessoas diagnosticadas com dengue devem aguardar seis meses para iniciar o esquema vacinal, que consiste em duas doses com intervalo de três meses entre elas.

Confira os locais de vacinação contra a dengue no Distrito Federal:

– UBS 2 Asa Norte

Horário de vacinação: das 8h às 17h – terça-feira (13)

Endereço: EQN 114/115

– UBS 1 Cruzeiro

Horário de vacinação: das 8h às 17h – terça-feira (13)

Endereço: SHCES 601, Lote 01, Cruzeiro Novo

– UBS 2 Sobradinho II

Horário de vacinação: das 8h às 17h – terça-feira (13)

Endereço: Rodovia DF-420, Complexo de Saúde, Setor de Mansões, ao lado da UPA Sobradinho

– UBS 5 Planaltina – Arapoanga

Horário de vacinação: das 8h às 17h – terça-feira (13)

Endereço: Quadra 12 D, Conjunto A, Área Especial Arapoanga

– UBS 3 Paranoá

Horário de vacinação: das 8h às 17h – terça-feira (13)

Endereço: Quadra 2, Conjunto 6, Área Especial 4, Paranoá Parque

– UBS 1 Jardins Mangueiral

Horário de vacinação: das 8h às 17h – terça-feira (13)

Endereço: Praça de Atividades 2

– UBS 5 Gama

Horário de vacinação: das 8h às 17h – terça-feira (13)

Endereço: Quadra 38, Área Especial

– UBS 1 Santa Maria

Horário de vacinação: das 8h às 17h – terça-feira (13)

Endereço: QR 207/307 Conjunto T

– UBS 2 Guará

Horário de vacinação: das 8h às 17h – terça-feira (13)

Endereço: QE 23, Área Especial

– UBS 1 Riacho Fundo I

Horário de vacinação: das 8h às 17h – terça-feira (13)

Endereço: QN 7, Área Especial 9

– UBS 6 Taguatinga

Horário de vacinação: das 13h às 17h – terça-feira (13)

Endereço: Setor C Sul, AE 01

– UBS 2 Samambaia

Horário de vacinação: das 13h às 17h – terça-feira (13)

Endereço: QS 611

– UBS 3 Ceilândia

Horário de vacinação: das 13h às 17h – terça-feira (13)

Endereço: QNM 15 Lote D

 

O Distrito Federal é a primeira unidade da federação a vacinar contra a dengue pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Goiás já recebeu as doses distribuídas pelo Ministério da Saúde e deve iniciar a imunização dessa mesma faixa etária, crianças de 10 a 11 anos, na próxima quinta-feira (15) em 51 municípios selecionados pela pasta.

O Ministério da Saúde informou que 521 municípios de 16 estados, além do Distrito Federal, foram selecionados para a campanha a partir de fevereiro. As cidades compõem um total de 37 regiões de saúde que, segundo a pasta, são consideradas endêmicas para a doença.

>> Saiba quais cidades terão vacinação

O Brasil já registra 512.353 casos prováveis de dengue desde o início de 2024. Foram contabilizados ainda 75 óbitos pela doença, enquanto 340 mortes estão sendo investigadas.

 

Arte/EBC

 

Carnaval é melhor do que celular, dizem crianças em bloquinho no DF

 

Brasília-DF 12/02/2024 Rudah, de 8 anos, no bloquinho infantil de carnaval Carnapati. Foto Antônio Cruz/ Agência Brasil.

Na cabeça, as fitas vermelhas do capacete do caboclo de lança emolduram os olhos e o sorriso encantados do menino Rudah, de 8 anos. O garoto brasiliense, desde tão cedo, aprecia o maracatu de baque solto, da zona da mata pernambucana. “Eu sou muito fã”. O menino diz que aprendeu na escola e com os pais, artistas, sobre cultura brasileira. Dançou, sacudiu as fitas e o figurino todo colorido, e procurava pelos amigos enquanto se divertia no Bloco Carnapati, nesta segunda-feira (12), na região central da capital. “Muito melhor o carnaval do que ficar no celular”.

O pai, o músico Randal Andrade, de 51 anos, tocava o tambor. Foi ele que desenhou e confeccionou o capacete. “Ele adora brincar. Não quer nem saber de TV ou joguinhos de celular. Estimulamos que ele viva a arte”. A mãe, Verônica Alves, de 32, tocava o ganzá e se orgulhava do colorido da roupa que ela produziu para o menino com o desenho do carcará, pássaro que a família acha mais bonito. “Carnaval é tempo da gente se divertir em família. Ir para a rua. A gente espera muito por esse momento”. 

Brasília-DF 12/02/2024 Tereza Padilha, idealizadora do Bloquinho infantil de carnaval Carnapati – Foto Antônio Cruz/ Agência Brasil.

A família e outras dezenas de pessoas, participavam também da ciranda, ao som de música pernambucana no Eixo Cultural Ibero-americano (antiga Funarte). Adultos e crianças se divertiam com a brincadeira do caminho do peixe Nonô, o boneco criado pela Companhia Teatral Mapati, que organiza a festa há 27 anos. Idealizadora do teatro e dessa festa carnavalesca, a dramaturga Tereza Padilha enfatiza que é fundamental garantir espaço para que crianças curtam a época. 

“Nós somos pioneiros (na década de 1990, junto com o Bloco A Baratinha) nos carnavais infantis. É muito saudável que as pessoas responsáveis tirem as crianças de frente das telas para poder viver o carnaval, essa festa democrática e de tanta alegria”, afirma a artista. 

Cultura

Com fantasia de pomerano, o menino Heitor, de 9 anos, acompanhado do pai, Antonio Santos, e da mãe, Andrelesse Arruda, ambos de 41, estava empolgado com a ciranda, o que fez com que esquecesse os joguinhos de celular. “Bem mais legal”. Os pais concordam que o carnaval, a música e o sol tornaram a segunda de carnaval mais atraente para o menino do que as telas. “Temos a preocupação de apresentar para ele a cultura do nosso país”, afirmou o pai. “Ele está vendo que é muito mais saudável”, disse a mãe. 

Entre ritmos nordestinos, uma família matava saudades da terra natal, com a camiseta com as cores e símbolos da bandeira pernambucana. Radicado em Brasília, o casal Tiago Meireles, de 39, e Isabela, de 40, levou o pequeno Artur, de 2 anos, para a festa, e assim ensinarem as músicas desde pequeno. “É uma saudade boa da nossa terra. Os bloquinhos nos ajudam”. 

Com o sol que persistiu em Brasília, a criançada brincava de mãos dadas com os adultos ao som da música de Lia de Itamaracá. Aprenderam rápido a cantar… “Minha ciranda não é minha só/Ela é de todos nós/ ela é de todos nós”.

Brasília-DF 12/02/2024 Bloquinho infantil de carnaval Carnapati. Família Pernanbucana  – Foto Antônio Cruz/ Agência Brasil.

Carnaval: blocos infantis propiciam desenvolvimento de crianças

 

Na casa da odontopediatra Thayse Brandi, uma rotina toma conta durante os dias de carnaval. Ela e a filha, Valentina, de 8 anos, reservam um tempo para pensar em fantasia e se aprontarem para bloquinhos infantis. “Sempre vamos combinando. Antigamente eu escolhia. Agora fazemos isso juntas”, conta a moradora do Rio de Janeiro.

Em 2024, pelo segundo ano seguido, mãe e filha têm mais um parceiro de folia. É o Lucca, caçula da família, de 1 ano e 1 mês de idade, que acompanha a mãe no sling – malha que mantém o bebê amarrado ao colo do adulto.

Thayse Brandi sempre leva os filhos para blocos infantis. Foto: Arquivo pessoal

Thayse, que já frequentava blocos antes de ser mãe, acredita que a presença dos filhos nos bloquinhos faz bem para o desenvolvimento deles.

“A criança aprende muito pelo que ela vivencia, não só pelo que é dito para ela. Então, ela vê a gente vivenciando esse momento com muita alegria, com muita descontração, com muita harmonia. Eu acho que é importante para a criança ver isso”, avalia.

Direito de brincar

Brincadeira e diversão são direitos de todas as crianças, inclusive garantido pelo Artigo 227 da Constituição. E o carnaval é um ambiente propício para exercê-lo, segundo especialistas.

“É uma manifestação cultural, festa intergeracional, democrática e coletiva. Os blocos são uma forma de garantir os direitos das crianças a essa participação cultural de uma forma mais protagonizada. Um espaço voltado para elas. Uma liberdade de criação de fantasias, danças e canções”, descreve à Agência Brasil a professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG) Ana Rosa Moreira.

Blocos filhotes

Para tornar os blocos carnavalescos ambientes cada vez mais adequados à criançada, a tradição momesca passou por algumas adaptações. Um exemplo foi o bloquinho que surgiu no carnaval carioca.

Do bloco Largo do Machado, Mas Não Largo do Copo surgiu, em 2011, o Largo do Machadinho, Mas Não Largo do Suquinho, que anima parte da zona sul carioca nas segundas-feiras de carnaval. Os dois fazem uma brincadeira com o nome do bairro onde se concentram, o Largo do Machado.

A pedagoga Carla Wendling, fundadora da atração mirim, lembra que foi uma reclamação da neta, de 5 anos, que despontou a ideia de criar um bloco filhote.

“Eu levei a minha neta, e ela falou ‘vó, que música chata’, porque o bloco tradicional só toca marchinha e sambas autorais. Então surgiu a ideia do bloco infantil”.  

Depois disso, foi criado o bloquinho com repertório de cantigas de roda com ritmo de marchinhas.

Carnaval: blocos infantis propiciam desenvolvimento de crianças. – Thayse Brandi sempre leva os filhos para blocos infantis. Foto: Arquivo Pessoal – Arquivo pessoal

“Foi muito bacana. Além disso, a música dá essa questão do desenvolvimento. Não só a questão de desenvolvimento da linguagem, como o [desenvolvimento] motor e a socialização”, analisa a professora infantil e presidente do bloco que foi apadrinhado pelo cartunista Ziraldo.

Memória afetiva

Ana Rosa, que é psicóloga e faz parte do conselho da Aliança pela Infância, ONG criada para fazer o direito de brincar se espalhar por várias partes do país e classes sociais, também enxerga nos bloquinhos ferramentas de desenvolvimento infantil.

“Nesse espaço dos blocos, a gente acaba organizando um ambiente de brincadeira onde a criança pode manifestar a alegria dela, a participação dela a partir da dimensão lúdica. O brincar é extremamente potente como uma forma de linguagem, também de se apropriar da cultura, de se relacionar com o mundo”.

A psicóloga encontra no ambiente dos blocos mirins terreno fértil para o surgimento de memórias afetivas nas crianças.

“Elas ficam muito encantadas com o colorido, o brilho, os adereços, toda essa composição cultural. É importante que as crianças tenham esse contato direto, não sejam apenas espectadores, mas protagonistas. Isso, certamente, gera memórias afetivas que estarão presentes na história de vida dela, porque ela vivencia, ela significa esse momento como um agente ativo e não como mero espectador”, analisa.

Ana Rosa explica que a presença da criança em um ambiente de carnaval acaba sendo também uma forma de aprendizado para a vida.

“É um espaço de apropriação cultural e também de aprendizado, respeito, respeito ao outro, de trocas. É uma experiência muito formativa”, considera.

Cuidados e alimentação

Para que a diversão de carnaval não seja interrompida por sustos, o pediatra Tadeu Fernando Fernandes, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), enumera alguns cuidados que pais e responsáveis devem ter com as crianças nas jornadas de blocos.

“Carnaval é época de redobrar os cuidados com a prevenção de acidentes com crianças”, diz. Uma dica inicial é que a criança seja devidamente identifica, por exemplo, com uma pulseira ou colar na qual constem dados como nome e telefone.

“É uma época de calor, verão, então a alimentação tem que ser leve, à base de suco natural de frutas, água de coco – especificamente para os maiores de um ano de idade, hidratar comendo frutas, legumes e verduras. Evitar os produtos lácteos porque a deterioração nesta época de calor é muito grande”, lista o presidente do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da SBP.

Fernando Fernandes acrescenta a importância de proteger a pele com protetor solar. O pediatra alerta os responsáveis para que fiquem atentos a riscos de acidentes durante brincadeiras de correr e empurrar. Outra preocupação tem que ser em relação a produtos químicos, como os presentes em sprays de espuma.

“Esses sprays podem dar alergia na pele e no olho”, cita. “Carnaval é uma época de alegria, festa, mas cabe com as crianças esses cuidados importantíssimos”, conclui.

Ao colocar o bloco mirim familiar na rua, a odontopediatra Thayse toma alguns cuidados. Ela faz um tampão com algodão para os ouvidos do Lucca, de 1 ano e 1 mês, além de mantê-lo sempre agarrado ao corpo dela. “Não fico em lugares insuportavelmente lotados, procuro os que não sejam megablocos”, relata.

Brincadeira sem fim

Por saber que as brincadeiras são uma espécie de enredo para uma infância afinada, Thayse faz com que a harmonia do espírito carnavalesco esteja em evolução o ano todo dentro de casa. “A minha filha sempre teve um contato com a fantasia de uma maneira muito constante na vida dela. Até os 4 anos de idade, ela andava de fantasia dentro de casa todos os dias”.

Outro elemento presente na rotina da família é o cantar. “Quase tudo a gente faz cantando, a hora da comida, do banho, de trocar roupa, todos esses momentos a gente sempre faz cantando de maneira bem lúdica”, conta.

Levar essas experiências e atividades para o lar é uma forma de minimizar a despedida de uma manifestação cultural que tem na Thayse uma grande fã.

“Eu acho o carnaval deixa a gente um pouco mais leve para encarar mais um ano”.

Além disso, fica um pedido da mãe foliona. “Deveria ter mais bloquinho durante o ano, não somente no carnaval”.

Orientações

Por ser um período com muita gente na rua, é importante conhecer algumas orientações para evitar casos de desaparecimento de crianças. No Rio de Janeiro, a Fundação para a Infância e Adolescência (FIA-RJ) elaborou uma cartilha com dicas aos pais e responsáveis. Conheça algumas:

– Faça a carteira de identidade de sua filha ou filho ainda na infância (mesmo sendo bebê). Um documento com a foto da criança/adolescente e o nome dos responsáveis pode facilitar a busca, localização e identificação.

– Identifique a criança/adolescente ao sair de casa. Além de portar sempre a Carteira de Identidade, identifique a criança/adolescente com uma pulseira, crachá ou bordado na roupa contendo dados que permitam sua identificação (nome completo, nome e telefone do responsável, número do RG ou CPF), mesmo que estejam acompanhadas, principalmente nos casos de pessoas com deficiência. Crianças/adolescentes com deficiências ocultas (aquelas que não são percebidas de imediato, como autismo) também podem utilizar um cordão de fita com desenhos de girassóis como símbolo nacional de identificação da deficiência oculta

– Ensine as crianças, desde pequenas, a saber dizer seu nome completo e os nomes dos responsáveis.

– Mantenha a criança/adolescente sob supervisão constante de um adulto. É importante manter o contato visual com as crianças/adolescentes, um minuto de distração pode ser o suficiente para desaparecerem, principalmente em locais de muito movimento, como em praias, shopping e eventos.

– Criança não toma conta de criança. Nunca peça a uma criança/adolescente para tomar conta de outros. Elas não podem ser responsáveis umas pelas outras, pois todas as crianças/adolescentes precisam de proteção e acompanhamento de um adulto.

– Em caso de desaparecimento, registre imediatamente. Não é necessário esperar mais de 24 horas ou 72 horas para que a criança/adolescente seja considerada desaparecida. Procure a delegacia mais próxima.

Milhões de crianças deslocadas no Sudão sujeitas à fome, violência e abusos

10 de fevereiro de 2024

 

A UNICEF alerta que 300 dias de conflito no Sudão desencadearam uma onda de atrocidades contra crianças, com centenas de milhares de pessoas a sofrerem de fome, violência e abusos horríveis.

De acordo com a agência da ONU para a infância, quatro milhões de crianças no Sudão foram deslocadas, no que é visto como “a maior crise de deslocamento infantil do mundo”. Para analisar a magnitude das condições, a UNICEF disse que 13 mil crianças foram deslocadas e colocadas numa situação de caos e desespero todos os dias durante os últimos 300 dias.

O porta-voz da UNICEF, James Elder, que acaba de regressar do Sudão, disse na sexta-feira que as crianças perderam tudo. Ele disse que eles não estão a salvo dos combates que os cercam, eles perderam todos os seus bens; muitos estão separados da família e dos amigos. Ele disse que eles perderam a esperança de que as coisas vão melhorar.

“As consequências dos últimos 300 dias significam que mais de 700.000 crianças poderão sofrer da forma mais perigosa de desnutrição este ano. A UNICEF não será capaz de tratar mais de 300.000 delas sem melhor acesso e sem apoio adicional. Nesse caso, dezenas de milhares provavelmente morreriam”, disse ele.

 

Momento histórico, diz ministra sobre início da vacinação de crianças

Ao comentar o início da vacinação contra a dengue em crianças de 10 e 11 anos no Distrito Federal, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, avaliou o momento como histórico. “Há 40 anos, se espera uma vacina para a dengue. Tentamos trabalhar, já havia vacina desenvolvida, mas não tão bem sucedida. Agora, temos uma vacina incorporada ao SUS [Sistema Único de Saúde].”

“Mesmo sem epidemia, nós começaríamos essa vacinação porque a dengue é um problema de saúde pública há muito tempo. Neste momento, é muito importante falar dessa conquista que é termos uma vacina”, reforçou Nísia.

Segundo a ministra, a pasta trabalha em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e outros laboratórios nacionais para ampliar a produção da vacina, atualmente fabricada pelo laboratório japonês Takeda. “Vamos apoiar também a vacina do Instituto Butantan, que ainda não foi submetida à Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária].”

“Falei, inclusive, para todas as crianças: ‘vocês, nas escolas, nos ajudem na campanha de combate aos focos do mosquito [Aedes aegypti] . Também vamos estar atentos aos sinais da doença, para não nos automedicarmos, cuidarmos da hidratação. Estas são as mensagens mais importantes neste momento”, afirmou Nísia.

“Como eu disse, a gente começaria a vacinação mesmo sem surto epidêmico porque finalmente temos uma vacina vista como eficaz, segura. A gente está contribuindo também, no Brasil, com estudos que estão sendo feitos para avaliar a dose para outras faixas etárias. É um trabalho que envolve muitas frentes”, completou.

Crianças de 10 e 11 anos já podem se vacinar contra a dengue no DF

O estudante Felipe Seraine, 11 anos, foi uma das primeiras crianças do país a se imunizar contra a dengue na rede pública. Acompanhado da mãe, ele chegou cedo à Unidade Básica de Saúde (UBS) 01 do Cruzeiro, área central da capital federal. Por estar no espectro autista, teve preferência na fila e logo recebeu a dose. “Doeu, mas foi médio. Tive que vir, né? Não tive muita escolha”, brincou.

O jovem, que cursa o 7º ano, contou que nunca teve dengue, mas lembrou que a mãe já foi infectada pelo vírus três vezes – e ainda se recupera da infecção mais recente. “Não me arrependi de ter tomado a vacina. É pra não morrer, né? Porque o mosquito mata. Já tivemos 12 mortes [no Distrito Federal este ano]. Tem que se proteger da dengue”.

Mãe de Felipe, Helena Seraine confirmou a terceira infecção por dengue recentemente. “Virei para-raio”, brincou. “Dessa vez, foi mais leve que as outras duas porque não tive febre. Mas o corpo parecia ter sido atravessado por um caminhão. É difícil fazer qualquer coisa. Essa semana, não estávamos nem saindo de casa. Saí hoje só pra trazer o Filipe”.

“Se a gente puder proteger o máximo possível, melhor. Estava vendo as pesquisas e a vacina tem 79% de eficácia. Vale a pena. É melhor que ficar tentando com a sorte. Melhor proteger do que, depois, ficar correndo desesperado com criança pro hospital. Adulto ainda aguenta um pouco. Criança é mais complicado.”

>> Tire as principais dúvidas sobre a vacinação contra a dengue

A estudante Helena Cunha, 10 anos, também recebeu a dose contra a dengue nesta sexta-feira (9). “A vacina é bem tranquila. As vacinas nos protegem de várias doenças que podem causar reações no nosso corpo”, contou, orgulhosa. “Em casa, eu evito água parada e janelas abertas pra não entrar o mosquito, principalmente no fim da tarde”.

A menina, que cursa o 5º ano, deixou um recado aos amigos: “Colegas, espero muito que vocês estejam bem e que não peguem dengue. Se imunizem”.

Mãe de Helena, Tereza Cristina Cunha confirmou que a família toma os devidos cuidados para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti. “Compramos repelentes, cuidamos da questão das janelas. Não temos nem planta em casa por isso. Não sabemos a reação do corpo se a gente pegar dengue.”

Sobre a imunização, ela disse estar muito contente por ter a filha como uma das primeiras a receber a imunização. 

“Fiquei muito feliz. Helena entrou para história do Brasil como uma das primeiras crianças que foram imunizadas com essa vacina. Sou uma pessoa que cuida muito dos filhos. Acho que tem que vacinar sim, tem que dar importância à saúde da família. Fiz questão de trazer no primeiro dia para não correr o risco de faltar doses e ela não conseguir ser imunizada”.

O estudante Ruan Guilherme Barbosa, 11 anos, contou que chegou tranquilo à UBS para receber a dose contra a dengue. “Não estava com medo. Foi importante vir. Tem que se prevenir, né?”, disse. Sobre a picada com a agulha, ele disfarçou: “Doeu tipo formiga de fogo. Aconselho meus colegas a virem. Tem que se prevenir. Venham se vacinar porque é muito importante”.

Entenda

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, acompanha o início da vacinação contra dengue no Distrito Federal, na UBS1 do Cruzeiro. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

 

Crianças de 10 e 11 anos já podem ser imunizadas contra a dengue pela rede pública do Distrito Federal. As doses começaram a ser distribuídas às 8h da manhã desta sexta-feira (9) em um total de 15 unidades básicas de Saúde (UBS), que estarão abertas durante os dias de carnaval. Não há necessidade de agendamento para tomar a vacina.  

>> Confira o horário de atendimento dos postos de saúde durante o carnaval

Tendas

Além dos imunizantes, o governo do Distrito Federal anunciou o aumento do número de tendas de acolhimento para pacientes com suspeita de dengue – passando de nove para 18. O objetivo é expandir o atendimento à população diagnosticada com a doença e desafogar os hospitais da rede pública de saúde.

A previsão é que as novas instalações comecem a funcionar a partir do fim da próxima semana nas seguintes localidades: Vicente Pires, Varjão, Gama, Taguatinga, Guará, região central do Plano Piloto e Paranoá. Ceilândia e Samambaia também serão beneficiadas e vão ganhar mais uma tenda de acolhimento cada.

 

Vacinação no país

Em todo o Brasil, 521 municípios foram selecionados pelo Ministério da Saúde para iniciar a vacinação na rede pública. As cidades compõem um total de 37 regiões de saúde que, segundo a pasta, são consideradas endêmicas para a doença.

>> Saiba quais cidades receberão doses de vacina contra a dengue

 

 

Dengue: GO e DF já receberam doses para crianças de 10 e 11 anos

Goiás e o Distrito Federal já receberam as doses contra a dengue destinadas a crianças de 10 e 11 anos. De acordo com a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, até o fim de março todos os 521 municípios brasileiros selecionados devem receber as doses destinadas a esse público inicial. À medida em que novos lotes forem chegando ao país, a pasta vai ampliar a faixa etária a ser imunizada, até chegar aos 14 anos.

Em entrevista coletiva, a secretária lembrou que o Brasil é o primeiro país no mundo a incorporar a imunização contra a dengue na rede pública. “Estamos celebrando muito esse dia”, disse. “A primeira dose [contra a dengue] em um sistema público de saúde do mundo vai ser feita no Brasil hoje”, completou.

Ethel destacou, entretanto, que a previsão do ministério é de que os casos da doença no país ultrapassem os 4 milhões este ano. “Nunca chegamos a esse número. Por isso a preocupação”, reforçou. “A dengue é uma doença que conhecemos. O controle do vetor é difícil, por isso a vacina é uma conquista. Mas precisamos diminuir os óbitos”.

Segundo a secretária, os sinais de alerta para a doença incluem vômitos persistentes e dor abdominal. Nesses casos, a orientação é buscar um serviço de saúde o mais rápido possível. Como o tratamento para a dengue consiste basicamente na hidratação do paciente, ela destacou: qualquer sinal que impeça a pessoa de estar hidratada é um sinal para procurar auxílio médico.

Carnaval e mais doses

Ethel afirmou que a pasta não vai interromper as atividades relativas à imunização contra a dengue durante os dias de folia e que a distribuição de novas doses vai acontecer mesmo em meio ao carnaval. “Estamos dependendo da empresa”, disse, ao se referir ao laboratório Takeda, fabricante da Qdenga.

As 212 mil doses distribuídas entre o Distrito Federal e Goiás chegaram na tarde da última terça-feira (6). “Deu para esses dois estados”, informou a secretária. Segundo ela, um novo quantitativo, que chegou na tarde dessa quinta-feira (8), será liberado ao longo dos próximos dias para mais municípios.

“Iniciamos a operação com 10 e 11 e vamos ampliando a partir do momento em que as doses chegarem”, reforçou Ethel. “Dependemos da produção da empresa. Eles enviaram o cronograma, mas não sabemos se será efetivado. Temos que ter muita cautela”, concluiu.

Crianças de 10 a 11 anos serão as primeiras a vacinar contra dengue

O Ministério da Saúde iniciou nesta quinta-feira (8) a distribuição das vacinas contra a dengue. A pasta informou ainda que o lote inicial será destinado à imunização de crianças de 10 a 11 anos.

A previsão é que os 521 municípios, selecionados para realizar a imunização, recebam as doses para vacinar essa faixa etária até a primeira quinzena de março.

Segundo o ministério, a vacinação irá avançar para outras idades assim que forem sendo entregues novas doses pelo fabricante da Qdenga, até alcançar todo o público-alvo de 10 a 14 anos.

“O início da vacinação por essa faixa etária [10 a 11 anos] é uma estratégia que permite que mais municípios recebam as doses neste primeiro momento, diante do quantitativo limitado de vacinas disponibilizadas pelo laboratório fabricante. A escolha pelo início da imunização nas crianças de 10 a 11 anos também é baseada no maior índice de hospitalização por dengue dentro da faixa etária de 10 a 14 anos”, diz o ministério, em nota.

O primeiro lote tem 712 mil doses que irão atender 315 municípios em Goiás, na Bahia, no Acre, na Paraíba, no Rio Grande do Norte, em Mato Grosso do Sul, no Amazonas, em São Paulo, no Maranhão e no Distrito Federal.

>> Tire as dúvidas sobre a vacina contra dengue

O Distrito Federal e Goiás já receberam as doses. Os demais receberão nos próximos dias. No Distrito Federal, a vacinação terá início nesta sexta-feira (9).

 “Com o recebimento das 6,5 milhões de doses disponíveis pelo laboratório em 2024, o Ministério da Saúde garantirá a vacinação de todo o público-alvo, de 10 a 14 anos, nos municípios selecionados, ao longo dos próximos meses, de forma progressiva”.

 

Médica alerta para sinais de cardiopatia em crianças e adolescentes

Você sabia que sintomas podem sinalizar que uma criança ou adolescente tem doença cardíaca? De acordo com a diretora-médica da organização não governamental Projeto Pro Criança Cardíaca, Isabela Rangel, as manifestações clínicas variam de acordo com a patologia cardíaca e sua gravidade.

Em entrevista à Agência Brasil, a médica dá orientações sobre os sinais que devem ser observados e quando é preciso buscar assistência.

Isabela Rangel afirma que os pais devem ficar atentos caso a criança apresente cansaço durante a amamentação, desconforto respiratório quando se esforçar, cianose (coloração arroxeada), infecções respiratórias de repetição, dificuldade de ganhar peso e sudorese excessiva.

Em alguns casos, a cardiopatia requer uma correção cirúrgica, que pode precisar ser feita ainda na primeira infância. “Algumas devem ser corrigidas ainda no período neonatal”, destacou. No Brasil, cerca de 30 mil novos casos ocorrem por ano, dos quais 80% vão necessitar de alguma intervenção, seja por meio de cirurgia ou cateterismo terapêutico na infância, sendo 40% no primeiro ano de vida.

A cardiologista explica que uma criança cardíaca enfrenta dificuldades de diagnóstico e tratamento, e o acompanhamento médico pode ser necessário ao longo de toda a vida. “O atendimento à criança e adolescente com cardiopatia no Brasil é um grande desafio, principalmente pela distribuição geográfica desigual dos centros de referência de cardiologia e cirurgia cardíaca. Isso faz com que muitos pacientes tenham dificuldades de chegar a esses centros especializados, retardando o diagnóstico da doença”. 

Outro ponto destacado é a presença de cardiopatia congênita, que pode afetar o crescimento, além do desenvolvimento motor, cognitivo e neurológico. Podem ser observados também alteração no comportamento, déficit de atenção e hiperatividade. “A manutenção da saúde dessas crianças necessita do cuidado por parte de uma equipe multidisciplinar, com o objetivo de contribuir cada vez mais para a melhora da qualidade de vida desses pacientes”.

Desde sua fundação, em 1996, o Projeto Pro Criança Cardíaca atendeu 15.531 pacientes, tendo atingido seu maior número no ano passado, com 119 cirurgias de alta complexidade efetuadas. As cirurgias são realizadas no Hospital Pediátrico Pro Criança Jutta Batista, que é administrado pela Rede D’Or. Além dos procedimentos cirúrgicos, o projeto atua oferecendo cestas básicas, medicamentos, consultas e exames.

Museu gaúcho apresenta histórias de crianças sequestradas na ditadura

As histórias de bebês, crianças e adolescentes sequestrados por militares durante a ditadura no Brasil podem ser vistas em uma mostra multimídia no Museu das Memórias (in)Possíveis, de Porto Alegre.

A mostra traz entrevistas com algumas das 19 vítimas desse crime e revela como os sequestros foram sistematicamente escondidos, negados e ocultados da história nacional. São filhos de guerrilheiros, militantes de esquerda e de oposicionistas ao regime de exceção que foram adotados ilegalmente por famílias dos próprios militares ou por pessoas ligadas às Forças Armadas. A exposição virtual Cativeiro sem Fim é baseada no livro-reportagem de mesmo nome do jornalista Eduardo Reina.

A mostra online, que tem apoio da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, apresenta, além das entrevistas, fotos e material obtido durante os anos de pesquisa.

Na avaliação dos psicanalistas, os efeitos traumáticos desse tipo de violência são devastadores, pois a lógica da filiação é estruturante na constituição psíquica dos sujeitos.

No site do Museu, uma reflexão com base no trabalho aproxima o visitante dos sentimentos das vítimas.

“Imagine que um dia você descobrisse que seus pais não são os seus pais, o seu nome não é o seu nome, e a história que lhe contaram sobre a sua vida toda é fundada numa mentira? Mas, muito mais que isso, descobrisse que aqueles que você chama de pai, de mãe estiveram envolvidos no assassinato ou desaparecimento de seus pais biológicos? O que você sentiria? O que restaria de você? Em quem você confiaria? Poderia confiar novamente? Onde você se agarraria para manter algo de si?”, questiona uma das curadoras da exposição e fundadora do museu, Maira Brum Rieck.

A exposição será permanente e está à disposição do público no site do museu.