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Chuvas no RS causam ao menos 116 mortes e deixam 143 desaparecidos

Ao menos 116 pessoas perderam a vida e outras 143 estão desaparecidas em consequência das fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde o último dia 26 – com maior intensidade a partir do dia 29.

Desde esta quinta-feira (9), a Defesa Civil estadual está divulgando os nomes de pessoas que morreram, bem como das cujo paradeiro é desconhecido. A lista já tem seis páginas. E não para de crescer.

Entre os nomes, estão os de Artemio Cobalchini, 72 anos, e Ivonete Cobalchini, 62 anos, cuja casa, em Bento Gonçalves, foi destruída pela força das águas. Os corpos de Seu Neco, como Artemio era conhecido, e da esposa, foram encontrados no último dia 3, por parentes e amigos. Uma das filhas do casal, Natália Cobalchini, está entre as 143 pessoas desaparecidas no estado.

A relação, contudo, não é completa, conforme reconhece a própria Defesa Civil estadual, que está a todo momento atualizando a lista com base nas informações que recebe das defesas civis municipais e da Polícia Civil. Ainda assim, não consta na relação de desaparecidos, por exemplo, o nome de Agnes da Silva Vicente.

Segundo a mãe de Agnes, Gabrielli Rodrigues da Silva, 24 anos, o bebê de sete meses caiu na água quando o barco usado para resgatar a família virou. Gabrielli e seus outros três filhos, incluindo a irmã gêmea de Agnes, Ágata, foram socorridos, mas a bebê não – embora, posteriormente, algumas pessoas tenham afirmado que Agnes também foi retirada da água.

Até o meio-dia de hoje (10), a Defesa Civil estadual contabilizava cerca de 1,9 milhão de pessoas de alguma foram afetadas, em 437 cidades, por efeitos adversos das chuvas, como inundações, alagamentos, enxurradas, deslizamentos, desmoronamentos e outros.

Em todo o estado, ao menos 337.346 pessoas desalojadas tiveram que, em algum momento, buscar abrigo nas residências de familiares ou amigos – muitas destas seguem aguardando que o nível das águas baixe para poderem retornar a suas casas. Outras 70.772 pessoas ficaram desabrigadas, ou seja, sem ter para onde ir, precisaram se refugiar em abrigos públicos ou de instituições assistenciais.

Frente a dimensão dos estragos, o governador Eduardo Leite reconheceu que não só o Rio Grande do Sul, mas todo o Brasil, terão que se ajustar a um novo contexto, no qual os eventos climáticos extremos têm se tornado cada vez mais frequentes – segundo especialistas, como consequência das mudanças climáticas e do aquecimento do planeta.

“Já temos uma série de políticas em andamento, mas está muito nítido que precisamos fazer [ações efetivas] em outro grau, em outro patamar”, disse Leite a jornalistas, esta manhã. “[No estado] Já existem estruturas [para lidar com as mudanças climáticas]. O que vamos ter que fazer é transformá-las, dando outra robustez para estas estruturas […] Precisamos passar a um nível excepcional de qualidade técnica, tecnológica e de recursos […] Precisamos ter preparo para conviver com situações excepcionais como esta. Preparo que envolve desde sistemas de proteção e defesa das cidades; realocação de espaços e novas técnicas construtivas resistentes a outro patamar de comportamento do clima; sistema de alertas e de informação à população, para que ela saiba lidar com estas situações [extremas]”, acrescentou Leite.

Chuvas no Rio Grande do Sul causam 37 mortes e incontáveis prejuízos

As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde a última sexta-feira (26) continuam causando mortes, prejuízos materiais e transtornos à população. A cada novo balanço que a Defesa Civil estadual divulga, o número de pessoas afetadas pelas consequências dos eventos climáticos, como alagamentos, deslizamentos, inundações e enxurradas dá um salto.

Entre o primeiro e o segundo boletim que o órgão divulgou nesta sexta-feira (3), o registro de mortes confirmadas passou de 31 a 37 pessoas. O número de feridos em consequência dos efeitos das chuvas saltou de 56 para 74 indivíduos.

O total de afetados permaneceu o mesmo (351.639), bem como o de cidades (235) cujas prefeituras reportaram prejuízos e de pessoas desaparecidas (74), mas o número de desalojados, ou seja, de pessoas forçadas a deixar suas casas e ir para a casa de parentes, amigos ou hospedagens pagas saltou de 17.087 no boletim divulgado às 9 horas, para 23.598 na contabilidade encerrada ao meio-dia. Ao menos 7.949 pessoas que não tinham para onde ir ou como se deslocar seguem alojadas em abrigos públicos ou de entidades de assistência. O próximo boletim deve ser divulgado no fim desta tarde.

Devido ao grande volume de água e à elevação do nível dos rios, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) interditou as duas pontes sobre o Lago Guaíba e a ponte sobre o Rio dos Sinos para o tráfego de veículos. As chuvas afetaram os serviços de telecomunicações, deixando órgãos públicos e moradores de muitas cidades sem telefone e internet. Uma barragem se rompeu parcialmente, em Cotiporã, na Serra Gaúcha, e, até ontem, outras 18 estavam em estado de alerta ou atenção.

“De hoje até domingo [5], teremos pancadas de chuvas de altíssimas severidade. Já temos, em várias cidades, acumulados de mais de 400 milímetros [de chuva] nas últimas 72 horas. Os danos poderão ser muito maiores do que já se apresentam até o momento. Os níveis dos rios vão subir muito e o risco de movimento de massa [de solo] e de desmoronamentos é muito grande. Por isso, estamos alertando à população: tomem todos os cuidados necessários. Não saiam mais para a as estradas, que estão colapsadas. Se estão em áreas seguras, permaneçam. Principalmente [a população] da região do Planalto Alto Uruguai, onde o Rio Uruguai vai subir, gerando uma cheia acima da cota de transbordamento”, alertou o tenente-coronel Darci Bugs Júnior, da Defesa Civil estadual.

Temporais causam 8 mortes no RS; 21 pessoas estão desaparecidas

Os temporais que atingem o Rio Grande do Sul já deixaram oito mortos e 21 pessoas desaparecidas. De acordo com balanço divulgado pela Defesa Civil do estado, na manhã desta quarta-feira (1º), 104 municípios foram afetados, 1.431 pessoas estão desalojadas e 1.145 foram levadas para abrigos.

A prioridade do governo local é no resgate de famílias ilhadas. Ontem (30), o governador Eduardo Leite conversou, por telefone, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que garantiu apoio federal nas ações.

Governador Eduardo Leite acompanhar a situação das chuvas no Rio Grande do Sul – Mauricio Tonetto / Secom

“Começamos o dia com a triste notícia de que já são 8 mortes causadas pelo temporal desta semana no estado. Seguimos trabalhando intensamente para localizar os desaparecidos e garantir a segurança das comunidades em áreas de risco. Infelizmente, ainda há previsão de mais chuva”, escreveu Eduardo Leite, hoje, em publicação nas redes sociais.

A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que foi acionada e disponibilizou dois helicópteros para o resgate dos atingidos pela enchente na região de Santa Maria. Em uma das ações, a FAB resgatou uma família que estava ilhada em uma casa com risco de desabamento.

Previsão

Os temporais castigam o Rio Grande do Sul desde segunda-feira (29) e a previsão da Defesa Civil é que o volume de chuvas continue elevado até a próxima sexta-feira (3). Estradas foram bloqueadas, escolas foram danificadas e suspenderam aulas e há municípios com problemas no abastecimento de água, energia elétrica e telefonia.

O estado vem sofrendo com ciclos cada vez mais recorrentes de intempéries climáticas. No segundo semestre do ano passado, enchentes provocadas por fortes chuvas fizeram transbordar o Rio Taquari, em uma das piores cheias em décadas, e deixaram um rastro de destruição, perdas materiais e cerca de 50 mortes.“

Enchentes no Rio Grande do Sul – FAB/Divulgação

Os vales do Caí e Taquari já enfrentam uma situação severa, com risco de alagamentos no mesmo nível dos ocorridos em novembro do ano passado, quando o estado enfrentou uma das maiores enchentes da história”, informou o governo do RS.

Todos os rios monitorados pelas autoridades do estado estão com níveis acima dos limites de alerta. Nos próximos dias, a preocupação se estenderá aos municípios da região metropolitana de Porto Alegre, incluindo os rios Jacuí, Guaíba e Sinos, que também podem transbordar.

Copa do Brasil

Após sugestão do governo do Estado, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) adiou o jogo entre Internacional e Juventude, programado para a noite de hoje, no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre. A partida pela Copa do Brasil foi transferida para 10 de maio.

“Diante do cenário meteorológico, que pode resultar em prejuízos na infraestrutura, aumenta a insegurança no deslocamento de torcida da serra para a capital e mesmo em Porto Alegre, por conta de ruas e avenidas que podem ficar alagadas”, alertou o governo local.

Temporais causam 8 mortes no RS; 21 pessoas estão desaparecidas

Os temporais que atingem o Rio Grande do Sul já deixaram dez mortos e 21 pessoas desaparecidas. De acordo com balanço divulgado pela Defesa Civil do estado, na manhã desta quarta-feira (1º), 104 municípios foram afetados, 1.431 pessoas estão desalojadas e 1.145 foram levadas para abrigos.

A prioridade do governo local é no resgate de famílias ilhadas. Ontem (30), o governador Eduardo Leite conversou, por telefone, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que garantiu apoio federal nas ações.

Governador Eduardo Leite acompanhar a situação das chuvas no Rio Grande do Sul – Mauricio Tonetto/Secom

“Começamos o dia com a triste notícia de que já são 8 mortes causadas pelo temporal desta semana no estado. Seguimos trabalhando intensamente para localizar os desaparecidos e garantir a segurança das comunidades em áreas de risco. Infelizmente, ainda há previsão de mais chuva”, escreveu Eduardo Leite, hoje, em publicação nas redes sociais.

A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que foi acionada e disponibilizou dois helicópteros para o resgate dos atingidos pela enchente na região de Santa Maria. Em uma das ações, a FAB resgatou uma família que estava ilhada em uma casa com risco de desabamento.

Previsão

Os temporais castigam o Rio Grande do Sul desde segunda-feira (29) e a previsão da Defesa Civil é que o volume de chuvas continue elevado até a próxima sexta-feira (3). Estradas foram bloqueadas, escolas foram danificadas e suspenderam aulas e há municípios com problemas no abastecimento de água, energia elétrica e telefonia.

O estado vem sofrendo com ciclos cada vez mais recorrentes de intempéries climáticas. No segundo semestre do ano passado, enchentes provocadas por fortes chuvas fizeram transbordar o Rio Taquari, em uma das piores cheias em décadas, e deixaram um rastro de destruição, perdas materiais e cerca de 50 mortes.“

Enchentes no Rio Grande do Sul – FAB/Divulgação

Os vales do Caí e Taquari já enfrentam uma situação severa, com risco de alagamentos no mesmo nível dos ocorridos em novembro do ano passado, quando o estado enfrentou uma das maiores enchentes da história”, informou o governo do RS.

Todos os rios monitorados pelas autoridades do estado estão com níveis acima dos limites de alerta. Nos próximos dias, a preocupação se estenderá aos municípios da região metropolitana de Porto Alegre, incluindo os rios Jacuí, Guaíba e Sinos, que também podem transbordar.

Copa do Brasil

Após sugestão do governo do Estado, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) adiou o jogo entre Internacional e Juventude, programado para a noite de hoje, no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre. A partida pela Copa do Brasil foi transferida para 10 de maio.

“Diante do cenário meteorológico, que pode resultar em prejuízos na infraestrutura, aumenta a insegurança no deslocamento de torcida da serra para a capital e mesmo em Porto Alegre, por conta de ruas e avenidas que podem ficar alagadas”, alertou o governo local.

* Texto alterado às 12h23 para atualização do número de mortes

Chuvas fortes e inundações na África Oriental causam pelo menos 155 mortes

26 de abril de 2024

 

Chuvas torrenciais e inundações na Tanzânia causaram 155 mortes e 236 feridos, afetando mais de 200 mil outras pessoas, disse o primeiro-ministro Kassim Majaliwa ao parlamento na quinta-feira.

“As fortes chuvas do El Niño, acompanhadas de fortes ventos, inundações e deslizamentos de terra em várias partes do país, causaram danos significativos”, disse Majaliwa ao parlamento. Ele instou as pessoas que vivem em áreas baixas a se mudarem para terras mais altas e instou os governos locais a garantirem que os suprimentos cheguem àqueles que perderam suas casas. Ele disse que mais de 51 mil famílias foram afetadas até certo ponto.

O primeiro-ministro também disse que a “degradação ambiental” contribuiu para a destruição. Ele culpou o desmatamento, as práticas agrícolas insustentáveis ​​e o pastoreio não regulamentado.

O El Nino, um padrão climático natural associado ao aumento das temperaturas em todo o mundo, agravou as chuvas anormalmente fortes que atingem a região da África Oriental. Em março, a Organização Meteorológica Mundial das Nações Unidas disse que o El Nino de 2023-24 foi um dos cinco mais fortes já registrados.

A chuva causou inundações, destruindo estradas e outras infra-estruturas importantes em vários países da região, incluindo o Quénia e o Burundi.

No Quénia, 35 pessoas morreram devido às inundações. Esse era o número de vítimas na segunda-feira e espera-se que aumente à medida que as enchentes continuam. Algumas partes de Nairobi permaneciam submersas até quinta-feira, com previsão de mais chuva.

No Burundi, cerca de 96 mil pessoas foram deslocadas devido a meses de chuvas incessantes, de acordo com relatórios das Nações Unidas e do governo no início deste mês.

Mais ao norte, na Somália, a agência humanitária da ONU disse que as chuvas de abril a junho têm se intensificado desde que foram relatadas enchentes repentinas em 19 de abril.

Inundações mortais não são incomuns na região.

Mais de 300 pessoas morreram no final do ano passado devido a fortes chuvas e inundações no Quénia, na Somália e na Etiópia, enquanto a região tentava recuperar da pior seca das últimas quatro décadas, que deixou milhões de pessoas com fome.

Entre finais de 1997 e início de 1998, cheias maciças deixaram mais de 6.000 mortos em cinco países da região.

Embora o El Niño esteja a enfraquecer lentamente após atingir o pico em dezembro, ainda afetará os padrões climáticos nos próximos meses.

 

Espécies invasoras causam prejuízo anual de mais de US$ 2 bi no país

O comércio de animais de estimação e de plantas – ornamentais e hortícolas – é a principal via de introdução de espécies exóticas invasoras em território brasileiro. O fenômeno, que gera um prejuízo de US$ 2 a US$ 3 bilhões por ano ao país, afeta todas as regiões e preocupa pesquisadores pelos impactos nocivos à biodiversidade, ao desenvolvimento sustentável e ao bem-estar humano.

A conclusão é do Relatório Temático sobre Espécies Exóticas Invasoras, Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, lançado nesta sexta-feira (1) pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES). O texto foi produzido por 73 autores líderes, 12 colaboradores e 15 revisores de instituições de pesquisa e de órgãos públicos, representantes do terceiro setor e profissionais autônomos.

Os pesquisadores destacam a importância da agilidade na tomada de decisão sobre o manejo de espécies invasoras, já que as invasões biológicas são processos de baixa previsibilidade e alto risco. “A inação, assim como a demora na ação, leva ao agravamento de invasões biológicas e de impactos negativos com o passar do tempo”, diz o documento.

As espécies exóticas invasoras (EEI) são plantas, animais e microrganismos introduzidos por ação humana, de forma intencional ou acidental, em locais fora de seu habitat natural. Esses intrusos se reproduzem, proliferam e se dispersam para novas áreas, onde na maioria das vezes ameaçam as espécies nativas e afetam o equilíbrio dos ecossistemas.

Segundo o estudo, existem 476 espécies exóticas invasoras registradas no país, sendo 268 animais e 208 plantas e algas, em sua maioria nativas da África, da Europa e do sudeste asiático. Alguns exemplos, entre animais e plantas, são tilápia, javali, mexilhão-dourado, sagui, pínus, tucunaré, coral-sol, búfalo, mamona e amendoeira-da-praia.

As EEIs têm como principal modo de entrada o comércio de animais de estimação e de plantas ornamentais e hortícolas e estão presentes em todos os ecossistemas, com maior concentração em ambientes degradados ou de alta circulação humana. “Áreas urbanas são vulneráveis a espécies exóticas invasoras devido ao grande tráfego de pessoas, commodities e mercadorias via portos e aeroportos”, diz o relatório.

Foram identificadas 1.004 evidências de impactos negativos e apenas 33 positivos, pontuais e de curta duração, em ambientes naturais. “Mantendo-se o cenário socioeconômico atual, há uma tendência de aumento de 20% a 30% de invasões biológicas até o final deste século, em função da expansão do comércio e do transporte de mercadorias e trânsito de pessoas”, prevê o documento.

Prejuízo econômico

A estimativa de prejuízos varia de US$ 77 a US$105 bilhões, entre os anos de 1984 e 2019, devido aos impactos causados por apenas 16 espécies exóticas invasoras. Considerando o impacto mínimo, o custo seria de US$ 2 a US$ 3 bilhões de dólares por ano. Os custos envolvem perdas de produção e horas de trabalho, internações hospitalares e interferência na indústria de turismo.

O mexilhão-dourado, por exemplo, afeta empreendimentos hidrelétricos, estações de tratamento de água e tanques-rede de fazendas aquícolas. A estimativa é que a limpeza das bioincrustações pode custar até R$ 40 mil por dia para uma usina de pequeno porte e, para grandes usinas, como a de Itaipu, os valores atingem R$ 5 milhões por dia, pela paralisação das turbinas.

O relatório cita ainda as invasões biológicas por mosquitos como os do gênero Aedes, associados aos arbovírus causadores de doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela urbana, que têm gerado graves consequências à saúde pública em todo o país.

Uma das conclusões é que há lacunas de avaliação e de valoração dos impactos de espécies exóticas invasoras no Brasil. “Tampouco há quantificação de impactos gerados por microrganismos e fungos potencialmente causadores de sérios danos na saúde humana ou em sistemas agropecuários”, acrescenta o relatório.

Gestão pública

O documento aponta que, das cinco maiores causas de perdas de biodiversidade – destruição de habitat, mudanças climáticas, poluição, sobre-exploração de recursos naturais e EEI –, a mais negligenciada na gestão pública brasileira são as invasões biológicas.

“É um tema polêmico que envolve conflitos de interesse de diferentes setores econômicos, visto que algumas EEIs oferecem benefícios pontuais a determinados segmentos”, explicou, em nota, Michele de Sá Dechoum, professora da Universidade Federal de Santa Catarina e uma das coordenadoras do relatório. Ela acrescenta que há ainda deficiência de conhecimento técnico, tanto na perspectiva conceitual quanto das medidas de gestão e manejo necessárias.

O biólogo Mário Luis Orsi, professor da Universidade Estadual de Londrina e que também coordenou o estudo, apontou que, em alguns casos, há ações de governança aplicadas de forma equivocada. “Existem incentivos ao uso de espécies notoriamente invasoras e de alto impacto, como por exemplo a tilápia e o pínus, que exercem uma dominância nos ambientes e ameaçam a permanência das espécies nativas”, disse, em nota.

Segundo os autores, apesar de haver amplo regramento sobre o tema, as ações de prevenção e controle de espécies invasoras, em geral, são feitas de forma desarticulada e pulverizada. Eles defendem, no relatório, que a legislação vigente seja consolidada em uma política nacional, que trate de prevenção, controle e mitigação de impactos negativos nas esferas ambiental, agropecuária, sanitária e sociocultural.

“Embora os benefícios da introdução intencional de espécies possam ser restritos a setores, empresas ou grupos sociais específicos, os custos relacionados aos prejuízos e ao manejo dessas espécies são compartilhados por toda a sociedade”, diz o relatório. O número de evidências de impactos negativos causados por invasões biológicas, apresentado no documento, são 30 vezes superiores aos impactos positivos.

Recomendações

Entre as recomendações para manejo dos invasores biológicos está a publicação de listas de EEIs. O Brasil não tem uma lista oficial, mas os autores do estudo indicam a base de dados nacional de espécies exóticas invasoras gerenciada pelo Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental, sediado em Florianópolis (SC) como uma fonte de referência.

“As listas são fundamentais e sem elas fica difícil e quase ineficaz qualquer planejamento de ações de manejo. Portanto os estados que possuem suas listas já estão um passo à frente”, avaliou Orsi. Os estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Distrito Federal e Bahia já têm suas listas oficiais. A publicação de listas aumentaria a percepção do problema e auxiliaria a gestão em cada estado, sob uma coordenação federal.

Outras recomendações são a veiculação de informações ao público, desenvolvimento de atividades educativas que valorizam a biodiversidade, formação técnica para gestão e manejo das invasões e regulamentação de setores produtivos. “De forma complementar, políticas públicas de apoio à produção com espécies nativas ou exóticas não invasoras podem contribuir para gerar alternativas sustentáveis, como o uso de peixes nativos na aquicultura”, diz o relatório.

Tempestades causam danos no Rio Grande do Sul; havia alertas para tempo severo, que continuam em vigor

18 de janeiro de 2024

 

Os alertas emitidos por órgãos públicos e portais de meteorologia provavelmente ajudaram a salvar vidas, quando entre o início da noite de ontem e esta madrugada uma área de instabilidade seguiu de oeste para leste por sobre o Rio Grande do Sul causando danos em dezenas de cidades. “O que aconteceu entre o início da noite de ontem e a madrugada de hoje no RS é impressionante. É absolutamente incomum uma tempestade varrer área que vai de Santa Maria a Gramado, incluindo a capital e região metropolitana. Os alertas salvaram vidas, não há dúvidas”, escreveu o jornalista Igor Müller em seu Twitter X.

O Corpo de Bombeiros Militar (CBMRS) recebeu mais de 500 chamados e na capital, Porto Alegre, e a Defesa Civil de Porto Alegre registrou 79 ocorrências até o final desta tarde. O portal do governo gaúcho reportou no esta tarde que 39 municípios haviam sido atingidos, enquanto o G1 da Globo reporta 49. Segundo o governo, a queda de uma marquise em Cachoeirinha provocou a morte de um homem. No total 4.840 pessoas foram afetadas, havendo 12 feridos e 48 desalojados (pessoas que precisaram sair de casa, mas não precisaram de abrigos públicos). O hospital da cidade de São Vicente do Sul, na Região Central, ficou totalmente destelhado.

“Alguns municípios chegaram a registrar mais de 100 milímetros de chuva nas últimas 24 horas e rajadas de ventos de mais de 100 km/h. (…) Em Ijuí, houve registro de 101,4 milímetros de chuva em 24 horas, sendo que a média para o mês de janeiro é 172 milímetros”, reportou o governo gaúcho. As maiores rajadas de ventos foram registradas em Teutônia: 126,7 km/h, Canoas: 107 km/h, Canela: 103 km/h, Cruz Alta: 91 km/h, Porto Alegre: 89 km/h e Lagoa Vermelha: 86 km/h, e os maiores acumulados de chuva aconteceram em Entre-Ijuís: 101,8 mm, Ijuí: 101,4 mm, Itaqui: 94,6 mm e Dom Pedrito: 86,2 mm.

Mais temporais

Entre a noite e madrugada de quinta-feira novos temporais estão previstos, principalmente com chuvas volumosas na região nordeste. Segundo a meteorologista Cátia Valente da Sala de Situação, “ainda tem previsão de bastante chuva no norte do Estado (…) toda a região que compreende Porto Alegre, Região Metropolitana, Litoral Norte e partes também dos Vales ainda podem registrar chuvas intensas e ventos fortes, principalmente (…) durante a noite e na próxima madrugada”.

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Fortes chuvas causam estragos a moradores fluminenses

As fortes chuvas que caíram no estado do Rio de Janeiro, nesse fim de semana, provocaram inundações e deslizamentos de terra em vários municípios do estado do Rio de Janeiro. A doméstica Rita de Cássia dos Anjos foi acordada pelo sobrinho no sábado (13) bem cedo, avisando que a água do rio estava subindo. “Quando abri a porta, a água já entrou de vez. Aí alagou dentro da minha casa. Minhas irmãs também. A rua toda encheu. Mais para baixo da minha casa, teve pessoas que perderam tudo, não tiveram tempo de salvar (nada). Também entrou água na casa do meu filho. No meu irmão, a geladeira dele tombou. A gente não pôde nem entrar porque a geladeira estava ligada na tomada. Não deu para tirar (da tomada). Ontem (14) à noite ainda tinha bastante gente com água dentro de casa”, disse à Agência Brasil.

Rita de Cássia mora no Parque São José, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense. No domingo (14), a água começou a baixar de nível por volta das 10h ou 11h. Quando veio trabalhar nesta segunda-feira (15) pela manhã, no Rio de Janeiro, estava seco no meio do asfalto mas, nas extremidades da rua, ainda tinha água. “Mas dava para passar”. Ontem, o filho de Rita não pôde ir trabalhar porque não tinha ônibus. A chuva fechara algumas ruas e os veículos não podiam transitar. Ela contou que não chegou a perder móveis, porque os quartos ficam no andar de cima da casa. A água molhou somente os pés de alguns móveis, na parte térrea. “Não chegou a estragar. Mas fica aquele fedor dentro de casa”, explicou.

Sem água

As chuvas prejudicaram também o abastecimento de água em vários bairros de cidades fluminenses. Em Pacaembu, por exemplo, no município de Queimados, também na Baixada Fluminense, a autônoma Hanna Susarte disse à Agência Brasil que sua família começou a sentir queda no abastecimento por volta de 10h desse domingo (14) e continua sem água.

Segundo Hanna, a informação que recebeu da concessionaria Águas do Rio foi que, em virtude das chuvas e possível contaminação da água, o abastecimento tinha sido reduzido para aquela região e que o prazo para restabelecer é até amanhã (16), às 22h. “Mas disse que pode voltar antes. A moça (da concessionária) perguntou se era só eu ou os vizinhos também. Falei que era todo mundo sem água. Aí, ela disse que ia deixar uma nota lá, com a matrícula da minha conta, para que houvesse urgência nesse serviço porque não só eu, mas meus vizinhos estamos prejudicados com essa falta de abastecimento. Agora, é aguardar se a água vai voltar”.

Amor aos animais

Jéssica de Souza Santos trabalha na cozinha de uma casa de repouso no Rio Comprido, zona norte do Rio de Janeiro. Ela estava na casa do pai, no bairro São Leopoldo, em Belford Roxo, quando a chuva caiu pesada no sábado (13). Quando ficou sabendo de estragos no bairro vizinho de Santa Maria, onde mora, a rua já estava com água até a cintura.

Jéssica procurou vizinhos, mas ninguém a atendeu. Um tio e uma amiga com quem havia estudado a acompanharam até sua casa. “Chegamos lá e já estava tudo tomado de água. Eu fui lá por causa dos meus gatos. Nem foi por causa de móveis, nem nada. Fui lá por causa dos meus bichinhos. Vi que eles estavam bem. Não consegui pegá-los porque estavam com medo da água. Tive que deixar eles lá em cima de coisas altas, onde estavam. Depois voltei para pegar os dois. Graças a Deus, estavam bem”, contou à Agência Brasil.

Nesta segunda-feira (15), Jéssica já encontrou tudo seco. “Já deu para limpar alguma coisa”. Ela permanece na casa do pai, com os felinos. Não vai dar, ainda, entretanto, para voltar ao trabalho, segundo Jéssica: “Não estou indo trabalhar. Nem roupa íntima eu tenho. Não tenho condições“. Ela pretende amanhã (16) lavar as roupas que estão molhadas, limpar a geladeira “que estava flutuando na água. Só vendo porque, falando, às vezes as pessoas nem acreditam.”

Luz e internet

O estudante de Tecnologia da Informação (TI) da Universidade Estácio, Pablo Soares, morador no bairro Tauá, Ilha do Governador, disse à Agência Brasil que a luz caiu no sábado (13) por volta das 3h30 da manhã. “Foi difícil para dormir e a consequência (da falta de luz) foi o calor muito quente. Ficamos cerca de dez horas sem luz. Foi bem difícil a questão de ventilação e de comunicação porque aqui, quando acaba a luz, também perde o sinal (de internet), na maioria dos lugares na Ilha. Infelizmente, tivemos que aguardar, porque não havia nem como se comunicar com a Light. O que eu fiz foi sair de casa para tentar refrescar um pouco e pegar um pouco de sinal.”

A primeira coisa que Pablo Moraes fez foi pesquisar na internet para saber o que estava acontecendo. Soube que uma subestação da Light no bairro Guarabu tinha sido afetada pelas chuvas, mas que os funcionários da empresa já estavam trabalhando para reparar o problema. A luz continua oscilando. Somente quando a Light comunicar que o conserto está 100% efetuado, os moradores ficarão tranquilos, disse Moraes. “Espero que tudo seja comunicado.”

Migrantes africanos que usam rota pela Colômbia para chegar aos EU causam caos em aeroporto

28 de dezembro de 2023

 

O aumento do fluxo de migrantes africanos no aeroporto internacional El Dorado, Bogotá, Colômbia, tem causado caos no local. Segundo a imprensa, eles vêm através da empresa aérea turca Turkish Airlines com o objetivo de fazer conexão para El Salvador e depois Nicarágua, de onde pretendem seguir para os Estados Unidos.

Com esta rota, eles evitam a passagem pela perigosa floresta do Darién, onde anualmente dezenas de migrantes morrem.

Carlos García, do Departamento da Migração da Colômbia, disse que o país deve adotar um “protocolo mais estrito” para receber os africanos.

A maioria deles vêm da Guiné, Eritrea, Camarões, Somália, Angola e Burkina Faso e é retida no aeroporto por falta de documentos obrigatórios que permitam que continuem sua viagem até El Salvador.

O general colombiano José Luis Ramírez disse que haverá uma investigação com ajuda da Interpol para averiguar se há algum tipo de crime envolvido na onda migratória.

 
 

Chuva de granizo e ventania causam estragos em Piracicaba (SP)

Chuva de granizo em Piracicaba.

Piracicaba (SP), Brasil • 17 de dezembro de 2023

 

Na tarde deste domingo (17), uma chuva localizada acompanhada de granizo e rajadas de vento atingiu alguns bairros da cidade de Piracicaba, no interior do estado de São Paulo, causando estragos e transtornos. Nos bairros Alto, São Dimas, São Judas e Vila Independência, houve queda de granizo. O granizo, de pequeno porte, tinha um tamanho estimado em menos de 1,5 cm de diâmetro. Também houve relatos de ventos fortes em Santa Cecília, Vila Monteiro, Centro e no campus da Esalq, onde está situada a estação do INMET.

Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), os ventos chegaram a 91,8 km/h, o maior valor de velocidade do vento registrado pela estação neste ano. Além disso, a precipitação alcançou 11,2 milímetros, ainda de acordo com o INMET.

Segundo testemunhas, o temporal começou por volta das 16h27, perdurando cerca de 5 minutos. Nos bairros Alto e São Dimas, houve queda de árvores e galhos, como informado pela Defesa Civil municipal, que bloquearam vias e geraram transtornos à mobilidade urbana. Ainda no bairro Alto, houve curto-circuito na rede elétrica, conforme relatado por um morador.

Calha derrubada pelos fortes ventos.

Um residente local, colaborador do Wikinotícias, capturou em vídeo o momento em que a chuva de granizo se intensificou. O morador também fotografou uma calha que, segundo ele, fora deslocada do telhado da casa vizinha e jogada no quintal da residência pelos ventos fortes.

Há especulações sobre a possibilidade de uma microexplosão, um fenômeno meteorológico perigoso caracterizado por uma corrente descendente de ar que se espalha horizontalmente ao atingir o solo. Contudo, análises mais detalhadas são necessárias para confirmar a ocorrência desse evento específico.

Comparado ao último episódio significativo de chuva de granizo em agosto, o evento atual demonstrou características distintas. Embora as pedras de gelo fossem menores (<1,5 cm contra >3 cm de diâmetro), e a precipitação total inferior (11,2 mm contra 14,3 mm), a velocidade máxima do vento atingiu 91,8 km/h, superando os 87,1 km/h registrados anteriormente pelo INMET.

O Wikinotícias continuará buscando informações sobre os efeitos do fenômeno, conforme mais relatos, registros e documentações forem surgindo.