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Público destaca caráter plural do desfile de 7 de Setembro em Brasília

Milhares de pessoas se espalharam ao longo da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para prestigiar, esta manhã, o desfile de 7 de setembro, dia da Independência do Brasil. Sob sol forte e com a umidade do ar abaixo de 39% já às 10h, o público ocupou cada espaço sombreado de onde podia assistir ao tradicional desfile cívico-militar, incluindo a apresentação da Esquadrilha da Fumaça e a homenagem a cidadãos, servidores públicos e órgãos que atuam na reconstrução do Rio Grande do Sul, recentemente afetado pela maior tragédia climática da história do país.

A Polícia Militar do Distrito Federal não divulga estimativa de público. Mas pessoas que costumam frequentar o evento na capital federal disseram à Agência Brasil que tiveram a impressão de que, este ano, havia menos público. Destacaram, também, um caráter mais diverso da cerimônia.

Ana Lúcia Carnaúba assiste ao desfile cívico-militar na Esplanada dos Ministérios – José Cruz/Agência Brasil

Moradora de Brasília há quase 30 anos, a gerontóloga Ana Lúcia Carnaúba é frequentadora assídua do desfile, e também do Grito dos Excluídos, organizado por movimentos sociais, em contraponto ao evento oficial. “Na minha concepção, [a celebração do] Sete de Setembro tinha sido sequestrada. Hoje, contudo, vim com muita alegria de ver a força e a resistência da democracia”, comentou Ana, para quem a celebração dos 202 anos da independência está associada à defesa da soberania nacional.

“Precisamos concretizar a capacidade de desenvolvimento, de distribuição de renda e de diminuição das desigualdades, e tudo isso está representado aqui, no 7 de Setembro”, acrescentou a gerontóloga ao destacar a diversidade do público. “Encontrei crianças, idosos, pessoas com deficiências, todo o Brasil representado. Pode até haver menos gente, mas é um conceito diferente, mais diverso, mais plural e menos corporativo.”

O ambulante Paulo Matias Figueiras contou que já há alguns anos aproveita a data para reforçar os ganhos que obtém vendendo alimentos nas ruas de Sobradinho (DF). Segundo ele, contudo, este ano as vendas foram mais fracas. “Acho que há menos gente. E, mesmo com o calor, as pessoas não estão consumindo”, detalhou o ambulante, apontando para o isopor cheio de garrafas d´água e de refrigerantes.

Wilda Cheryl foi à Esplanada dos Ministério assistir ao desfile cívico-militar de 7 de Setembro – José Cruz/Agência Brasil

Estudante de ciências políticas da Universidade de Brasília (UnB), a gabonesa Wilda Chery disse ter ido à Esplanada dos Ministérios por curiosidade sobre a celebração da independência brasileira. “Assisti à parte da cerimônia e gostei”, comentou a jovem de 20 anos de idade, explicando que, após o fim do desfile, aproveitaria para passear e ver os prédios públicos da capital federal.

O casal Cezar Garcia Ferrero e Sara Barral Pinheiro chegou à Esplanada quase no fim do desfile, com planos de estender o passeio, já que a intenção era levar os filhos, Maitê e Dante, para apreciar de perto as viaturas, aeronaves, embarcações e equipamentos militares. A exposição, contudo, está montada até amanhã (8), no Parque da Cidade, a cerca de 4 quilômetros de distância.

 O casal Cezar Garcia Ferrero e Sara Barral Pinheiro levou os dois filhos para assistir ao desfile – José Cruz/Agência Brasil

“Viemos para ver a exposição, mas não nos organizamos direitos”, comentou a arquiteta.

“Porque no ano passado viemos pelo desfile, mas, como havia também a exposição, ficamos mais tempo passeando com as crianças, já que Dante gosta de ver, acha interessante. Este ano, chegamos tarde contando com isso, mas tudo bem. É interessante ver o desfile”, acrescentou o engenheiro civil.

Valdirene Soares levou a sobrinha, Lara Lustosa, de 9 anos, para assistir ao seu primeiro desfile na Esplanada. “Este ano eu me senti segura para voltar a vir e para trazê-la comigo. Acho bacana participar”, comentou Valdirene, contando que não frequentava o evento desde antes da pandemia da covid-19. Lara, por sua vez, disse à reportagem que gostou muito de ver a Esquadrilha da Fumaça. “Porque os aviões fizeram um coração e [simularam] o avião caindo.”

 

*Colaborou Gabriel Brum, repórter da Rádio Nacional

Autoridades prestigiam desfile do 7 de Setembro em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu, às 9h14 deste sábado (7), o desfile cívico-militar de 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O tema deste ano é Democracia e Independência. É o Brasil no Rumo Certo.

O presidente Lula chegou à Esplanada em carro aberto, o Rolls-Royce presidencial tradicionalmente usado nesta cerimônia, após passar em revista as tropas próximo ao Palácio do Planalto.

O presidente foi recebido pelo ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, e pelos comandantes das três Forças Armadas. 

Na tribuna de honra do evento, marcam presença ao lado de Lula o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco; o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, e os ministros da Corte Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Cristiano Zannin e Edson Fachin.

Também estão na tribuna o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha; e os ministros da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski; da Casa Civil, Rui Costa; das Relações Institucionais, Alexandre Padilha; das Mulheres, Cida Gonçalves; do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; de Minas e Energia, Alexandre Silveira; da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck; da Cultura, Margareth Menezes. 

Presidente Lula e autoridades no desfile de 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios – Imagem reprodução da TV

Também marcaram presença o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o ministro da Secretaria Extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta. Ambos prestigiam a homenagem que a festividade faz ao estado afetado pelas fortes chuvas em maio.

Porém,  foram percebidas as ausências dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, e a primeira-dama, Janja da Silva.

A primeira-dama foi convidada pela xeica do Catar, Mozha bin Nasser al-Missned, para participar do 5ª Celebração do Dia Internacional para Proteger a Educação de Ataques, em Doha.

O público que ocupa as arquibancadas no Eixo Monumental, em frente à tribuna das autoridades, saudou o presidente Lula em sua chegada. A estimativa da organização do evento é que 30 mil pessoas compareçam à festividade da Independência.

Eixos temáticos

Neste ano, o evento que celebra do Dia da Independência está organizado em três eixos temáticos: a presidência rotativa do Brasil do G20 e a Cúpula de chefes de Estado que será realizada em novembro, na cidade do Rio de Janeiro;  o apoio e esforços para a reconstrução do Rio Grande do Sul, após as fortes chuvas de maio; e o último eixo trata do aumento da proteção da população, em especial, das crianças, por meio das campanhas de vacinação e a ampliação dos serviços de atendimento primário em saúde, com a retomada do programa Mais Médicos do governo federal.

Participam do desfile 30 atletas olímpicos que competiram nos jogos de Paris, entre julho e agosto, além do mascote da vacinação brasileira, o Zé Gotinha. O atleta Caio Bonfim que, na França, faturou a prata inédita para o Brasil na marcha atlética, foi o porta-bandeira do grupo. 

Brasília: desfile de 7 de Setembro terá este ano três eixos temáticos

O desfile cívico-militar de 7 de setembro, neste sábado (7), na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, terá o lema “Democracia e Independência – É o Brasil no rumo certo”.

O evento começará às 8h, com a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que passará em revista as tropas e seguirá até a tribuna das autoridades para autorizar o início do evento.  

A comemoração do Dia da Independência do Brasil, organizada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR), está dividida em três eixos temáticos.

Presidência do Brasil no G20

O primeiro eixo temático é a presidência rotativa do Brasil no grupo das 19 maiores economias do mundo, somados aos países da União Europeia e União Africana. Durante o desfile, estudantes de escolas públicas do Distrito Federal levarão 21 bandeiras dos países e blocos regionais membros do grupo.

Desde dezembro de 2024, sob a liderança brasileira, o slogan do grupo é “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”. Nos dias 18 e 19 de novembro, o Brasil realizará a Cúpula do G20, na cidade do Rio de Janeiro, com a presença dos chefes de Estado. O encontro internacional marcará a transferência da presidência do G20 do Brasil para África do Sul (Presidência de 2025).

Rio Grande do Sul

O segundo eixo do desfile homenageará os profissionais que atuaram no apoio, socorro e reconstrução do Rio Grande do Sul, após a situação de calamidade pública provocada pelas fortes chuvas e enchentes em maio.

A Operação Taquari II, sob coordenação do Ministério da Defesa e em conjunto com órgãos públicos civis, resgatou mais de 71 mil pessoas por via aérea, fluvial e terrestre, além de salvar mais de 10,5 mil animais em áreas afetadas. Nesses esforços, foram recuperadas 157 escolas, 27 unidades de saúde e outros órgãos públicos foram restabelecidos.  Além disso, mais de 62,9 mil atendimentos de saúde foram realizados por meio dos hospitais de campanha das Forças Armadas, e 13 pontos de travessia permanecem em operação, garantindo a mobilidade nas áreas afetadas.

Na operação atuaram mais de 19,5 mil militares do Exército Brasileiro, da Marinha e da Aeronáutica. As Forças Armadas ainda colocaram à disposição 257 viaturas, 46 equipamentos de engenharia, dez helicópteros, oito aeronaves e 106 embarcações e navios multitarefas.

Saúde

O terceiro eixo temático do evento em Brasília enfatiza a retomada da proteção da população, especialmente, das crianças, por meio das campanhas de vacinação e a ampliação dos serviços de atendimento público em saúde, com a retomada do programa Mais Médicos.

Em julho, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmaram que o Brasil avançou na imunização infantil e conseguiu sair da lista dos 20 países que têm mais crianças não imunizadas no mundo. Em 2021, o país ocupava a sétima posição no ranking.

O programa Mais Médicos leva profissionais a regiões onde há escassez ou ausência desses profissionais e prevê também a reorganização da oferta de novas vagas de graduação em medicina e residência médica, em localidades onde não existem cursos, com o objetivo de qualificar a formação desses profissionais.

Participações

Ao todo, neste feriado da independência do país, o desfile mobilizará 8.812 pessoas, incluindo militares, estudantes e atletas. Desse total, 3.990 participarão dos desfiles a pé, motorizados (em 133 viaturas) e montados (cavalos). A equipe de segurança, formada por militares da Marinha, Exército e Aeronáutica, além de equipes da segurança pública, envolverá 4.882 pessoas.

A exemplo do desfile do ano passado, o evento terá a participação do mascote brasileiro Zé Gotinha, que subirá em um caminhão do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal para saudar o público presente nas arquibancadas.

A organização do desfile confirmou a participação de 30 atletas olímpicos que disputaram os jogos em Paris entre 26 de julho e 11 de agosto. Os desportistas integram o programa Bolsa Atleta, do governo federal, e o programa Atletas de Alto Rendimento, coordenado pelo Ministério da Defesa, para promover a participação de atletas militares em competições.

Na França, todas as medalhas do Brasil – 3 ouros, 7 pratas e 10 bronzes – foram conquistadas por esportistas do Bolsa Atleta.

Neste ano, o desfile conta com 500 estudantes de escolas públicas do Distrito Federal. Eles desfilarão com as bandeiras de cada uma das 27 unidades da federação e bandeiras do G20.

Os estudantes desfilarão uniformizados e farão menções aos eixos temáticos que marcam a celebração deste ano, com placas, mensagens de combate à fome, à pobreza, à desigualdade e de foco na sustentabilidade.

Os alunos também desfilarão com vestuários típicos gaúchos, em homenagem aos moradores do Rio Grande do Sul, e com uniformes relacionados aos profissionais e voluntários que ajudaram na reconstrução do estado.

Entre os atrativos está a apresentação da pirâmide humana do Batalhão de Polícia do Exército de Brasília, com dezenas de militares.

O desfile será encerrado com acrobacias aéreas da Esquadrilha da Fumaça, da Força Aérea Brasileira (FAB). O início da apresentação no céu está previsto para 10h30. 

Público

A estimativa da Secom/PR é que cerca de 30 mil pessoas compareçam ao local. O acesso do público às arquibancadas é gratuito, a partir de 6h20.

O trânsito de veículos na Esplanada será interrompido na noite desta sexta-feira (6) entre a Rodoviária do Plano Piloto e a via L4.

Por questões de segurança, ninguém poderá acessar a área do evento com garrafas de vidro, mastros e latas. É proibido também o porte de fogos de artifício e similares, armas, apontadores a laser, artefatos explosivos e sprays.

 

Esplanada pronta para a festa do 7 de Setembro em Brasília

Cerca de 30 mil pessoas são esperadas, neste sábado (7), feriado da Independência do Brasil, para o tradicional desfile cívico-militar na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O trânsito de veículos no local foi interrompido na noite dessa sexta-feira (6), entre a Rodoviária do Plano Piloto e a Via L4, e o público terá cinco pontos de acesso à área do desfile, todos com linhas de revistas pessoais, que serão feitas por policiais militares.

O início do desfile está previsto para começar às 8h45. O evento é gratuito e a entrada do público está aberta desde as 6h20 desta manhã.

O acesso à Esplanada ocorre pela Via S1 (lateral da Catedral) e escadarias dos ministérios – as duas primeiras no lado Sul (blocos A e C) e as duas primeiras do Norte (blocos J e M). Há uma arquibancada exclusiva para pessoas com deficiência, em frente ao Bloco J, com banheiros adaptados e rampas.

Em razão do sol forte e temperaturas elevadas, os organizadores recomendam o uso de roupas leves, protetor solar, bonés ou chapéus. Também é aconselhável ingerir bastante água e alimentos mais leves.

Não é permitido acessar a Esplanada com fogos de artifício, sprays e aerossóis, armas de fogo, inclusive de brinquedo, objetos pontiagudos, garrafas de vidro, latas, copos, coolers e isopores, apontadores a laser, máscaras de qualquer tipo, exceto de proteção facial, hastes de bandeiras e outros materiais que coloquem em risco a segurança do público presente. Bolsas e mochilas deverão ter até 100 centímetros na soma das dimensões (altura, largura e profundidade).

A sugestão dos organizadores é o uso de garrafas de plástico individuais para hidratação.

Somente drones autorizados poderão acessar o espaço aéreo do local do desfile. Animais em geral também não são permitidos, exceto cães-guia.

Deslocamento

Para as pessoas que vão se deslocar em transporte público, o sistema de ônibus foi reforçado e o Metrô DF está funcionando em escala de feriado, das 5h30 às 19h. Para quem optar por transporte por aplicativos, o desembarque é na plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto. Já para os táxis, o ponto é o estacionamento do Sesi Lab, ao lado da rodoviária.

Como opção de estacionamento para quem utilizar carro próprio, os organizadores recomendam os anexos dos ministérios, os setores bancários Sul e Norte e a plataforma superior da Rodoviária.

Durante o evento, as equipes de fiscalização do Detran e da Polícia Militar farão o controle do trânsito para promover a fluidez, coibir as irregularidades e garantir a segurança de motoristas e pedestres.

Há arquibancadas e palanques exclusivos para autoridades e convidados e a Via N2 está bloqueada para apoio ao desfile e triagem desse público. As vias N3, S2 e S3 terão trânsito livre.

O acesso à Praça dos Três Poderes também está restrito, bem como o trecho entre o 1º Grupamento do Corpo de Bombeiro, passando pela Via L4 Sul, até as proximidades da Ponte JK (sentido Plano Piloto – Lago Sul). No local estão abrigados os veículos blindados que participarão do desfile. Os ônibus dos participantes do desfile têm espaço reservado no estacionamento da Praça da Cidadania, ao lado do Teatro Nacional.

A reabertura das vias será feita após a dispersão do público, partir da avaliação de cenário por parte das autoridades de segurança.

Segurança

Equipes do Corpo de Bombeiros estarão em diferentes pontos da Esplanada, além de viaturas para pronto atendimento e emergências pré-hospitalares, incêndios e salvamentos. Os militares também poderão ser acionados por meio do telefone 193 a qualquer momento.

Ao lado do Museu da República, o governo do Distrito Federal montou a Cidade da Segurança Pública, para servir como ponto de apoio às forças de segurança e demais órgãos atuantes no evento. Imagens de drones e das câmeras localizadas no comando móvel da Polícia Militar vão apoiar no policiamento.

Não há manifestações cadastradas na Secretaria de Segurança Pública do DF para este sábado.

A Delegacia Móvel da Polícia Civil está no local para fazer o registro de ocorrências policiais e o bloqueio de celulares roubados ou furtados, por meio do programa Fora da Rede. A 5ª Delegacia de Polícia localizada na região central, assim como a Delegacia de Atendimento à Mulher I (Deam I), que fica na Asa Sul, e a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) contarão com reforço no atendimento e nas equipes de campo.

Conselheiros tutelares e servidores da Vara da Infância e Juventude também estão na Cidade da Segurança para atendimento a crianças perdidas. A orientação é que pais e responsáveis identifiquem as crianças, para facilitar o acesso a informações, caso ela se perca.

Homenagens

As comemorações do 7 de Setembro deste ano estão organizadas em três eixos. Um deles aborda a importância estratégica da realização da Cúpula do G20 no Brasil, em novembro, no Rio de Janeiro, e, durante o desfile, serão apresentadas as 21 bandeiras dos países e blocos regionais que integram o grupo. O Brasil está na presidência do G20, grupo das 19 maiores economias do mundo, União Europeia e União Africana.

O desfile também homenageará os esforços em torno do apoio ao Rio Grande do Sul, com a participação de profissionais que atuaram no socorro ao estado durante as enchentes e inundações que afetaram os gaúchos no mês de maio. Já o terceiro eixo vai enfatizar a retomada da ampla proteção de crianças e da população por meio das campanhas de vacinação e a ampliação dos serviços de atendimento em saúde, com a retomada do Programa Mais Médicos.

Passarão pelo desfile cívico-militar alunos de escolas públicas do DF, atletas que representaram o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris e representantes das Forças Armadas. Haverá apresentação da Pirâmide Humana do Batalhão de Polícia do Exército e da Esquadrilha da Fumaça.

Incêndio na Floresta Nacional de Brasília é extinto

Os incêndios florestais que atingiram a Floresta Nacional de Brasília (Flona) foram extintos nesta quinta-feira (5). De acordo com Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o fogo foi controlado na noite dessa quarta-feira (4), após 48 horas do registro dos primeiros focos do fogo.

A última atualização do ICMBio aponta que desde terça-feira (3), 2.176 hectares (ha) da unidade de conservação federal foram atingidos, o que equivale a 38,58% de toda área federal protegida, localizada na cidade de Taguatinga, no Distrito Federal, a 23 quilômetros (km) do centro de Brasília. A Flona permanece fechada para visitação pública.

Hoje, a operação batizada de Flona Viva, coordenada pelo ICMBio, trabalha no resfriamento de pontos quentes e resgate de espécies da fauna. A força-tarefa conta com um total de 150 pessoas, que neste momento, fazem a vigilância e monitoramento da área do bioma Cerrado para evitar novas queimas. A mobilização tem o apoio de uma aeronave e 35 viaturas.

Investigação

Por se tratar de uma área federal, a Polícia Federal (PF) é a responsável pelas investigações criminais sobre as causas do incêndio.

Em nota, o ICMBio informou que a Delegacia de Repressão a Crimes Ambientais da Superintendência da PF no Distrito Federal abriu inquérito policial apurar o que causou o incêndio. Os agentes farão uma perícia no local. “Nesta quinta-feira, a Polícia Federal iniciará a perícia dos locais de início dos incêndios para dar seguimento à investigação”, diz o comunicado.

O Instituto suspeita que o incêndio seja criminoso. “Três pessoas foram vistas no local, provavelmente envolvidas com o início do fogo”, afirmou o ICMBio.

Resgates

As operações de resgate de fauna na Floresta Nacional de Brasília continuaram, na manhã desta quinta. As equipes mobilizadas fazem a distribuição de alimentos e água para os animais nas áreas afetadas. Entre os itens distribuídos estão frutas e mix de sementes, colocados em pontos estratégicos.

O ICMBio notifica que as operações já resgataram uma jararaca e um rato silvestre. A serpente foi encontrada desnorteada e está sob observação no centro de triagem, localizado na Flona de Brasília. Já o rato silvestre está ferido e foi encaminhado ao Hospital de Fauna Silvestre do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), para receber os cuidados necessários.

As equipes de resgate são integradas por profissionais do ICMBio, do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama/MMA), do Jardim Botânico de Brasília (JBB) e da Fundação Zoológico de Brasília.

Histórico

Em 2022, foram registrados 2.579 hectares queimados. Os gestores da unidade informaram que, em 2023, foram registrados 260 hectares queimados.

Neste ano, a Flona realizou uma série de atividades preventivas para proteger a área do fogo, como a criação de 160 km de aceiro nos limites da unidade, que são faixas de terreno sem vegetação que funcionam como barreiras contra a propagação do fogo; promoveu queimadas controladas para diminuir a combustão da vegetação; capacitou servidores e editou uma cartilha educativa para distribuir à comunidade vizinha ao Flona; além de realizar blitz educativa.

A população pode avisar à Brigada Florestal sobre a existência de sinais de fogo na unidade. Ela também pode denunciar possíveis incendiários por ligação telefônica ou por WhatsApp no número (62) 99108-8386.

Flona de Brasília

A Floresta Nacional de Brasília tem o território de, aproximadamente, 5,6 mil hectares (ha). A unidade de conservação federal completou 25 anos de fundação, em junho.

O ICMBio afirma que a unidade contribui para preservação das principais nascentes de cursos d’agua que abastecem o DF, como a barragem do rio Descoberto, incluindo o Ribeirão das Pedras, os córregos dos Currais, Capão da Onça e Bucanhão.

Entre as espécies da fauna nacional que podem ser encontradas no local estão a onça-parda, a anta, o tamanduá-bandeira, as lontras e várias famílias de macacos.

O local oferece atrativos ao público como trilhas sinalizadas para caminhadas, percursos para bicicletas e prática de ioga, aos domingos. A Flona conta com cadeiras de rodas adaptadas para trilhas.

ICMBio suspeita de incêndio criminoso na Floresta Nacional de Brasília

O incêndio que se espalha pela Floresta Nacional de Brasília (Flona) desde a manhã de terça-feira (3) pode ter sido criminoso. Essa é a principal suspeita das autoridades do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). De acordo com Fábio Miranda, chefe da Flona, três homens foram vistos na mata no momento em que o fogo começou.

“A gente teve três suspeitos vistos bem no momento em que os focos apareceram. Eles não eram visitantes, não estavam com trajes esportivos, não estavam fazendo caminhada ou andando de bicicleta. Os focos foram acontecendo muito longe um do outro. Então, não foi um incêndio que foi passando e se alastrando”, disse.

Além disso, explicou Miranda, as características do incêndio não são as mesmas de um incêndio ocasional, fruto de uma queima de manejo de propriedade que saiu do controle e passou para a unidade de conservação.

“A gente teve vários focos simultâneos, o que não é característica de um incêndio ocasional, fruto de uma queima de uma propriedade e que passou para a unidade de conservação”. Para o chefe da Flona, é possível afirmar o caráter criminoso do incêndio. Até o momento, cerca de um terço da unidade de conservação, 1,2 mil hectares, já foi consumido pelas chamas.

“A nossa principal suspeita é que ele foi criminoso. A gente pode até dizer que, necessariamente, ele foi criminoso. Porque começou dentro da unidade de conservação. Então, a questão é saber se foi intencional ou não”.

Combate ao fogo

De acordo com o ICMBio, 93 combatentes trabalham para apagar as chamas. Existem duas grandes frentes de fogo, mas foram definidas prioridades no combate: áreas de nascentes, matas de galeria, remanescentes de Cerrado e áreas próximas às residências.

Equipes também trabalham para monitorar a área e identificar buscar possíveis animais feridos ou mortos. A expectativa do instituto é extinguir o fogo ainda nesta quarta-feira (4), se as condições meteorológicas melhorarem. A região enfrenta uma seca severa.

Brasília perde pioneiro do samba na capital Carlos Elias, aos 91 anos

A cultura brasiliense está de luto. Morreu o cantor, compositor e agitador cultural Carlos Elias, reconhecido e muito querido na cidade por incentivar a música brasileira, em especial, o samba em projetos desde a década de 1970 como o Clube do Samba e a Feira da Música, além do bar Camisa Listada, que realizava shows ao vivo.

Carlos Elias chegou na cidade em 1975, transferido do Rio de Janeiro pelo Ministério das Relações Exteriores, já reverenciado como compositor da escola de samba Portela. Em 1962, ele compôs o samba enredo da agremiação Rugendas – Viagens pitorescas através do Brasil, em parceria com Zé Keti, Nílton Batatinha e Marcos Balbino. Naquele ano, a Portela venceu seu 16° carnaval.

“Naquele tempo, o samba tinha que ser bom mesmo”, assinala o cantor e compositor Breno Alves da atual geração de músicos de Brasília.

“[Ele] era um artista incrível. Uma pessoa muito generosa, que defendeu a bandeira do samba com muita força e muita honra, muita garra”, conta Breno.

A cantora Teresa Lopes, artista requisitada na cidade, também lamentou a perda do “professor” e “compositor primoroso”: 

“[Carlos Elias} era um cara importante como impulsionador da cultura de Brasília. Ele era puro amor e pura luz.”

Carlos Elias morreu aos 91 anos, em decorrência de uma pneumonia. A Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB) fez um filme sobre o sambista. O documentário está disponível no perfil do diretor Leandro Borges da Silveira, no YouTube.

Brasília amanhece coberta de fumaça pelo segundo dia seguido

Pelo segundo dia seguido, o céu de Brasília amanheceu encoberto de névoa proveniente da fumaça vinda de outras regiões do país. O brasiliense saiu de casa na manhã desta segunda-feira (26) e se deparou com um céu cinzento e um horizonte curto. Mal podia se ver a paisagem poucos quilômetros à frente.

O cenário visto na capital federal é uma junção do acúmulo de fumaça produzida pelas queimadas no estado de São Paulo e a seca que, tradicionalmente, ocorre na região do Cerrado nesta época do ano. Em Brasília, não chove há mais de 120 dias.

A Defesa Civil do Distrito Federal mantém o nível de alerta na cor laranja, permitindo a continuidade das atividades escolares nesta segunda-feira (26).

Os focos de incêndio têm batido recorde neste ano em regiões como a Amazônia, o Pantanal e o Sudeste. O problema se intensificou no interior de São Paulo nos últimos dias. Segundo dados do governo do estado de São Paulo atualizados neste domingo, 21 cidades paulistas têm focos de incêndio ativo e 46 municípios estão em alerta máximo para o fogo.

Cuidados

O clima seco e a incidência de fumaça na atmosfera exigem cuidados da população com a saúde. Fique atento às recomendações do Ministério da Saúde:

Aumentar a ingestão de água e de líquidos, para manter as membranas respiratórias úmidas e, dessa forma, ficarem mais protegidas
Reduzir, ao máximo, o tempo de exposição à fumaça, permanecendo em casa, se possível com ar condicionado ou purificadores de ar
Manter portas e janelas fechadas para reduzir a entrada da poluição externa, durante os horários com elevadas concentrações de partículas
Evitar atividades físicas em locais abertos, principalmente das 12h às 16h, quando as concentrações de ozônio são mais intensas
Usar máscaras do tipo cirúrgica, pano, lenços ou bandanas para diminuir a exposição às partículas grossas, especialmente para populações que residem próximas às áreas de focos de queimadas

 

As recomendações devem ser seguidas por toda a população e a atenção deve ser redobrada em crianças menores de 5 anos, idosos maiores de 60 anos e gestantes. Ao sinal de sintomas respiratórios ou outras ocorrências de saúde, é necessário buscar atendimento médico imediato. 

 

Brasília e outras capitais ficam encobertas por fumaça de queimadas

A capital do país, Brasília, amanheceu neste domingo (25) coberta por fumaça proveniente de queimadas em outras regiões do país. O mesmo fenômeno foi registrado em outras capitais do Centro-Oeste, como Goiânia, e do Sudeste, como Belo Horizonte.

De acordo com o Corpo de Bombeiros Militares do Distrito Federal (CBMDF), que analisou imagens de satélite, a densa fumaça, que encobriu prédios oficiais como o do Congresso Nacional, é intensificada pelas queimadas que ocorrem no estado de São Paulo, trazida por ventos favoráveis.

Brasília (DF), 25/08/2024 – Brasília amanhece encoberta por fumaça causada por incêndios florestais – Marcelo Camargo/Agência Brasil

Contribui para o fenômeno a seca em Brasília, onde não chove há mais de 120 dias. A falta de chuvas é comum nesta época do ano na região central do país. A baixa umidade também facilita o surgimento de queimadas e contribui para que as partículas de fumaça pairem no ar.

Segundo alerta do Instituto Nacional de Meteorologia, a umidade na capital do país deve cair abaixo de 20% durante a tarde deste domingo, aumentando os riscos de incêndios florestais e de problemas à saúde da população.

No sábado, os bombeiros combateram um foco de incêndio de grandes proporções numa área de preservação de Brasília, onde fica uma das nascentes que abastecem o Lago Paranoá. Segundo a CBMDF, neste ano, entre os meses de janeiro a julho, foram registradas 3.368 ocorrências relacionadas a incêndios florestais no Distrito Federal.

Brigadistas e Bombeiros combatem incêndio em área próxima ao aeroporto de Brasília, por Marcelo Camargo/Agência Brasil

Redorde

Os focos de incêndio têm batido recorde neste ano em regiões como a Amazônia, o Pantanal e o Sudeste. O problema se intensificou no interior de São Paulo nos últimos dias. Segundo dados do governo do estado de São Paulo atualizados neste domingo, 21 cidades paulistas têm com focos de incêndio ativo e 46 municípios estão em alerta máximo para o fogo.

Nesta semana, imagens obtidas pelo Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos mostram a concentração do monóxido de carbono sobre uma faixa que se estende do Norte do Brasil até as regiões Sul e Sudeste, passando sobre o Peru, Bolívia e Paraguai.

Plano sobre ocupação de Brasília traz preocupações sobre tombamento

Este sábado (17) é Dia Nacional do Patrimônio Histórico. Em Brasília, a data encerra a semana em que o Governo do Distrito Federal (GDF) sancionou o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB), com novas normas para a ocupação do solo da região.

A área concentra as sedes dos Três Poderes, parte expressiva das atividades econômicas do Distrito Federal, milhares de residências e o conjunto urbanístico-arquitetônico de 112,25 km² reconhecido como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Com 782 páginas digitais em edição extra do Diário Oficial do DF, o PPCUB reúne toda a legislação urbanística do Plano Piloto, Cruzeiro, Candangolândia, Sudoeste/Octogonal e Setor de Indústrias Gráficas (SIG), incluindo o Parque Nacional de Brasília e o espelho d’água do Lago Paranoá.

O plano levou 15 anos para virar lei. Na reta final, foi discutido em 28 reuniões em câmaras técnicas do Conselho de Planejamento Urbano e Territorial (Conplan), em oito audiências promovidas pelo GDF e em mais cinco audiências na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Recebeu 174 emendas antes de ser aprovada em dois turnos por três quartos dos deputados distritais de Brasília. Submetida ao Palácio Buriti, teve 63 vetos do governador Ibaneis Rocha (MDB) antes de ser publicada como Lei Complementar nº 1.041/24.

Rocha retirou do PPCUB os pontos considerados mais polêmicos, que poderiam infligir o projeto original da capital federal tombado nacionalmente e acolhido pela Unesco. “Foi feita uma análise muito criteriosa, tanto jurídica quanto técnica, para a gente reavaliar tudo aquilo que tinha sido proposto”, explica o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação do DF, Marcelo Vaz. 

Ele admite que a avaliação também foi política. “É muito importante para também passar tranquilidade para a população. O objetivo do governo é trazer segurança jurídica. É atualizar as normas, mas sem de maneira alguma ferir a preservação e alterar a cidade da forma como ela foi planejada lá inicialmente”, garantiu em entrevista à Agência Brasil.

Apesar do gesto do governador e das preocupações do secretário, há quem aponte riscos de Brasília perder o título de patrimônio cultural com as mudanças que poderão ocorrer depois do PPCUB. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) instituiu um grupo de trabalho interdisciplinar para avaliar os impactos para a cidade, acompanhar a análise de vetos pela Câmara Legislativa do Distrito Federal e, eventualmente, arguir a constitucionalidade da lei que estabeleceu o plano.

Brasília (DF) 16/08/2024 – Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília – o PPCUB. Arte Secretaria de Arte Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação/Divulgação

 

Judicialização 

Na opinião de Leiliane Rebouças, criadora do movimento social Guardiões de Brasília Patrimônio Humanidade, haverá demandas à Justiça contra a lei do PPCUB. “Vai ter que ser judicializado porque é dever do Estado preservar o patrimônio histórico artístico cultural nacional. É óbvio que se essa lei local se choca com a lei federal, coloca em risco o tombamento. Não podem fazer uma lei local que vai contra a lei federal do tombamento”, diz se referindo à Portaria nº 314/1992 do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

“O tombamento nacional e o título de Patrimônio Cultural foram feitos para proteger Brasília da especulação imobiliária que existe desde que a cidade surgiu”, lembra. Ela acredita que o PPCUB é ameaça ao título de Patrimônio Histórico e Cultural de Brasília. “Esse título agrega valor à cidade, mostra que Brasília é uma cidade única no mundo. Um bom governo utiliza esse título para desenvolver o turismo”, recomenda.

Leiliane Rebouças ainda acrescenta que o PPCUB tem falhas de diagnóstico. “Nem estudo de impacto ambiental e de trânsito foram feitos”. O professor Frederico Flósculo, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de Brasília (UnB), toca no mesmo ponto. “Não existe planejamento urbano sem diagnóstico, não existe planejamento urbano sem estudos de impacto de toda ordem, impacto ambiental, impacto populacional, social, de segurança e de trânsito”, avalia. 

Ele chama o PPCUB de “plano provinciano”, que desconsidera a vocação da cidade. “A primazia é de abrigar os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário federal. Não há o menor estudo sobre as necessidades futuras de ocupação de espaço, de reorganização de nenhum dos Poderes da República”. 

Participação social 

Apesar da gestação de 15 anos do PPCUB e das dezenas de audiências públicas realizadas sobre o plano, o professor da UnB e a ativista do Guardiões de Brasília reclamam da falta de efetiva participação social na elaboração da proposta. Esse ponto também é tido como principal por Ludmila Correia, coordenadora da Comissão de Política Urbana e Ambiental do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal (CAU/DF) e professora de política urbana e planejamento urbano do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP).

“Existe a necessidade de se pensar o desenvolvimento urbano, mas que ele seja compatível com a questão da preservação do patrimônio. Isso precisa ser feito não só com muito cuidado técnico, mas especialmente com participação social, para que essas diferentes visões que existem na cidade sejam reconhecidas”, defende a coordenadora.

Visão próxima tem o arquiteto Juliano Carvalho, coordenador do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), um órgão não governamental internacional, que assessora a Unesco para as questões relativas ao patrimônio da humanidade. “O PPCUB prevê vários planos e projetos. É importante que a sociedade participe de cada um desses planos e projetos que ainda não estão elaborados para garantir a nossa qualidade de vida enquanto moradores.”

A ausência da população na implementação do plano preocupa o geógrafo Telmo Amand Ribeiro, diretor do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal (IHGDF). “Fazem um chamamento formal à sociedade, uma coisa pouco divulgada, e as pessoas não participam.”

O secretário Marcelo Vaz rebate as queixas quanto à falta de participação e defende que houve “participação popular maciça e suficiente”na elaboração do PPCUB. “Pessoas que representam a sociedade civil participaram de toda a construção do processo. A gente ouviu uma série de atores, desde o mercado imobiliário até associações de moradores. Mas há quem queira que a gente ouça toda a população. Não conseguimos fazer isso, temos que fazer as oitivas por amostragem.”

Degradação e desigualdade 

Para o geógrafo Telmo Amand, é possível Brasília se modernizar e tornar-se mais importante sem mudar suas principais características urbanísticas. “Mas essa cidade pode se efetivar como capital nacional, como cidade global, trazer grandes eventos, grandes eventos internacionais, mantendo a estrutura fundamental do Conjunto Urbanístico.”

Juliano Carvalho avalia que o PPCUB é um documento híbrido, com pontos negativos e positivos. Mas não é possível falar em perda do título da Unesco de Patrimônio Histórico e Cultural por causa do plano. O arquiteto, no entanto, alerta que a cidade de Brasília “tem processos crônicos de degradação ações anteriores”, e a perda do título “pode acontecer ao longo das décadas se a cidade continuasse degradando.”

O professor emérito da UnB Frederico Holanda, pesquisador associado da FAU, acrescenta outras preocupações como a desigualdade e a exclusão social de Brasília, “talvez a mais excludente de todas as cidades brasileiras”, agravadas no PPCUB quando possibilita a “privatização da orla do Lago Paranoá”, critica com a destinação de terrenos para a construção de hotéis como ocorre no Trecho 4 do Setor de Clubes Esportivos Sul.

Indagado a respeito, o secretário Marcelo Vaz explicou que os lotes já existiam, não foram criados pelo PPCUB. “O que a gente fez foi dar um tratamento equânime a todos os oito lotes. Isso porque a Portaria nº 166/2016 do Iphan, que define critério de preservação, permite que naquele trecho, e unicamente naquele trecho do setor de clubes, sejam instalados hotéis e aparte hotéis.”

Regulamentação 

O decreto para regulamentar o PPCUB já foi encaminhado pelo GDF para avaliação do Iphan. A autarquia acompanha desde 2009 a elaboração do plano e emitiu pareceres técnicos com análises, interpretações e recomendações e também participou de audiências públicas sobre a proposta antes de virar lei.

Após a regulamentação do PPCUB, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação deve concluir a elaboração do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) com diretrizes gerais de expansão urbana e zoneamento. Delimitando o que é área urbana, o que é área rural, o que é passível de regularização, onde que é a área para oferta habitacional.

Em 21 abril do próximo ano, Brasília completará 65 anos de inauguração. Em breve, ultrapassará o tempo que o Rio de Janeiro teve como capital da República (70 anos). A palavra “república”, que designa a forma de governo com participação direta e eleição de representantes, deriva do latim res publica traduzido como “coisa pública”, como é o Conjunto Urbanístico da capital federal.