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Aumenta número de mortes em consequência das chuvas no Espírito Santo

Subiu para 20 o número de mortes no Espírito Santo, após as fortes chuvas que atingiram o sul do estado no fim de semana. Segundo a última atualização do boletim da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, sete pessoas ainda estão desaparecidas.

Desse total, 18 aconteceram no município de Mimoso do Sul, onde uma casa de atendimento à pessoa com deficiência foi invadida pelas águas do Rio Muqui do Sul e vitimou cinco pessoas. Outras duas foram confirmadas na cidade de Apiacá.

A Defesa Civil baixou para moderado o nível de alerta para fortes chuvas nesta terça-feira (26) e também não descartou os riscos de deslizamentos de encostas nas áreas urbanas e quedas de barreira às margens de rodovias, em 21 municípios do sul do estado.

Os municípios mais afetados pelo temporal desde a última sexta-feira (22), são Apiacá, Mimoso do Sul, Vargem Alta Muniz Freire e Bom Jesus do Norte, onde a Defesa Civil contabilizou 7.296 pessoas desalojadas e outras 408 desabrigadas.

Os municípios de Alfredo Chaves, Apiacá, Atílio Vivacqua, Bom Jesus do Norte, Vargem Alta, Mimoso do Sul, Ibitirama, Muqui, Muniz Freire, Guaçuí, Jerônimo Monteiro, Rio Novo do Sul e São José do Calçado tiveram o reconhecimento sumário da situação de emergência pela Defesa Civil Nacional, para que pudessem solicitar recursos destinados a ações de assistência humanitária.

Ao todo, 30 municípios receberam algum tipo de socorro às vítimas como água potável, cestas básicas, kit de higiene pessoal ou material de construção para recomposição de estrutura pública.

Rodovias

Algumas rodovias continuam com trechos interditados em decorrência de deslizamentos, como a BR-482 entre os quilômetros 35 e 42, entre os municípios de Alegre a Guaçuí. As rodovias estaduais ES-393, ES-379 e ES-181 operam parcialmente com portos de interdição e a ES-297 foi totalmente interditada entre o quilômetro 45 e o quilômetro 4 da BR-101, sem previsão de liberação.

Sobe para 19 número de mortes pelas chuvas no Espírito Santo

Mais duas mortes foram confirmadas pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo no município de Mimoso do Sul, vítimas das fortes chuvas que atingem o Sul do estado desde o último sábado (23).

Até esta segunda-feira (25), o estado contabiliza 19 mortes, sendo 17 na cidade cortada pelo Rio Muqui do Sul, onde seis pessoas ainda estão desaparecidas, e outras duas mortes em Apiacá.

Em Mimoso do Sul as ruas continuam alagadas e a população está sem abastecimento de água potável. O governo do estado realiza campanha para doação e envio de água mineral, cestas básicas e itens de higiene pessoal aos municípios atingidos pelas chuvas.

A estimativa é de que haja 7.287 pessoas desalojadas e outras 411 desabrigadas nos municípios de Apiacá, Mimoso do Sul, Vargem Alta e Bom Jesus do Norte, que foram os mais afetados.

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, decretou desde sábado (23) situação de emergência em treze municípios.

A BR-482 permanece interditada entre os quilômetros 35 e 42, nos trechos que ligam os municípios de Alegre a Guaçuí. As rodovias estaduais ES-393 e ES-297 também têm pontos de interdição.

A Defesa Civil manteve até terça-feira (26) o alerta para fortes chuvas na região sul do estado, com riscos de deslizamentos de encostas nas áreas urbanas e quedas de barreira às margens de rodovias.

Temporal deixa 1,2 mil desalojados no sul do Espírito Santo

O  temporal que atingiu municípios das regiões sul e do sul da região serrana do Espirito Santo entre a sexta-feira (22) e este sábado (23) deixou ao menos 1.205 pessoas desalojadas.

A informação está no boletim extraordinário da Defesa Civil do estado, divulgado às 11 horas. Em várias cidades houve deslizamentos, alagamentos e enxurradas. Até a manhã deste sábado não havia registro de mortos ou feridos.

O município de Vargem Alta, que fica a 80 quilômetros ao sudoeste da capital, Vitória, tem o maior número de desalojados: mil. Em seguida, aparecem Guaçuí, com 200; Alfredo Chaves, 4; e uma pessoa em Mimoso do Sul.

Até as 11 horas, Bom Jesus do Norte, na divisa com o estado do Rio de Janeiro, tinha recebido o maior acumulado de chuva em 24 horas. O índice pluviométrico alcançou 304,2 milímetros (mm). Para se ter ideia, isso significa que cada metro quadrado da cidade recebeu, em média, 304,2 litros de chuva em 24h.

Entenda como índice pluviométrico dimensiona água da chuva.

Caminhão arrastado

Na cidade de Mimoso do Sul, um caminhão do Corpo de Bombeiros foi arrastado pela força das águas na manhã deste sábado.

“Uma guarnição realizava atendimento em Mimoso do Sul quando a viatura da equipe foi arrastada pela enchente. Os militares estacionaram o carro em um local seguro e seguiram até o ponto de atendimento de bote, entretanto, o nível da água subiu rapidamente e atingiu a viatura. Não havia ninguém no veículo”, informou a corporação à Agência Brasil.

Os militares e outras pessoas que estavam no imóvel saíram sem qualquer ferimento. A equipe prosseguiu atuando na cidade que acusou índice pluviométrico de 231.8 milímetros em 24 horas.

Vídeos feitos por moradores das regiões atingidas e obtidos pela TVE Espírito Santo mostram ruas cobertas de água, correntezas arrastando até 20 carros de passeio, gado isolado em alagamentos, pessoas sendo resgatadas em botes e moradores no telhado de casas esperando socorro. Nas imagens, é possível ver a água se aproximando de telhados, ou seja, atingindo cerca de três metros de altura.

“Nunca tinha vindo água aqui”, disse uma moradora do bairro Funil, em Mimoso do Sul, enquanto mostra de casa as ruas alagadas.

“Água das enchentes alcança o segundo pavimento das casas. A Casa Lar de Idosos está com idosos no segundo andar aguardando busca das equipes de socorro”, relata o boletim da Defesa Civil.

Em várias cidades há registros de ruas alagadas, comércios atingidos pela água, deslizamento, queda de árvores e barreiras. As rodovias BR 101, BR 482, ES 483, ES 297, ES 181, ES 185, ES 391 e ES 489 têm  interdições.

Riscos

De acordo com o relatório, Bom Jesus do Norte tem risco “muito alto” de deslizamentos. No estado há outros 17 alertas de risco alto para deslizamentos e inundações, incluindo Mimoso do Sul, Muniz Freire, Guaçuí, Vargem Alta, Alegre, Jerônimo Monteiro, Cachoeiro de Itapemirim, Itapemirim e Linhares.

Há avisos meteorológicos que dão conta de chuvas intensas e volumosas até as 10h de domingo (24).  

“Através do Centro de Inteligência da Defesa Civil Estadual estamos acompanhando os impactos causados pelas chuvas nas últimas horas em cidades capixabas. Toda estrutura do governo, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros estão mobilizados para apoiar as comunidades atingidas”, afirmou o governador Renato Casagrande.

O ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, escreveu na rede social X (antigo Twitter), que, em nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conversou com o governador Renato Casagrande, manifestou solidariedade ao povo capixaba e disponibilizou a Defesa Civil Nacional para apoiar o estado.

Casagrande disse também que recebeu oferta de ajuda por parte do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro. “A união de esforços é fundamental para enfrentarmos juntos essas situações”, escreveu no X.

Desabamento causa três mortes em Petrópolis, no RJ

O desabamento de uma edificação no bairro Independência, em Petrópolis, Região Serrana do Rio, deixou três pessoas mortas e duas desaparecidas, segundo o Governo do Estado do Rio de Janeiro e a Prefeitura Petrópolis. A Defesa Civil do município, em balanço divulgado às 19h45, informa que o 15º Grupamento do Corpo de Bombeiros (GBM) conseguiu resgatar quatro vítimas com vida.

O município comunica ainda que, até as 19h45 desta sexta-feira (22), foram 109 registros de ocorrências por conta da chuva forte que cai na cidade desde ontem (21), sendo 75 deslizamentos. 

De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), foram registrados acumulados de 196 mm em 12 horas, quase o valor previsto para 24 horas de chuva.

Houve ocorrências de deslizamentos que atingiram imóveis e vias nos bairros Araras, Independência, São Sebastião, Itamarati, Quitandinha, Estrada da Saudade, Castelanea, Retiro, Centro, Valparaíso, Duarte da Silveira, Itaipava, Roseiral. Com o grande volume de água, o acesso a Petrópolis foi interditado na BR-040 e várias ruas ficaram alagadas. Rios Quintandinha e Piabanha transbordaram.

Estágio de crise

O município informou que se encontra em estágio de crise, o mais grave em sua escala de estágios operacionais. A prefeitura disponibilizou 67 pontos de apoio para onde pessoas que se sentem inseguras em suas casas ou que moram em áreas de risco possam ficar em segurança até a chuva baixar. Sirenes foram acionadas pela Defesa Civil em áreas de maior ocorrência de chuvas, onde rios transbordaram, como na Rua do Imperador e na Rua Coronel Veiga. Nos locais, foram acionados sistemas de cancela. As áreas só serão liberadas quando for possível o trânsito.

A previsão para as próximas horas na cidade é de céu nublado a encoberto com chuva de moderada a muito forte. O estágio operacional é de alerta. A Defesa Civil recomenda que a população das áreas de risco se mantenha em alerta, e principalmente, que não permaneça em áreas interditadas. ”Evite áreas alagadas e fique atento aos sinais de deslizamentos. Em caso de emergência, ligue 199”, orientou.

Norte e Noroeste do Rio podem ter até 200mm de chuvas até domingo

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, fez uma alerta nesta sexta-feira (22) para a população das regiões Norte e Noroeste do estado para redobrar a atenção por causa das fortes chuvas. “Segundo o monitoramento do Inea [Instituto Nacional do Ambiente], há uma grande possibilidade de sábado para domingo termos uma chuva acumulada de 200 milímetros. Já estamos reforçando nossas equipes das regiões Norte e Noroeste, mas é importante que a população fique muito atenta aos avisos da Defesa Civil Municipal e Estadual para garantir a segurança”, disse Castro no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na região central da capital.

Cada milímetro de chuva equivale a 1 litro de água por metro quadrado de área em uma localidade. Portanto, 200 milímetros em 24 horas são 200 litros de água de chuva caindo em cada quadrado de uma localidade no intervalo de apenas um dia.

Segundo o governo estadual, o risco hidrológico para inundações, enxurradas e alagamentos é muito alto em Petrópolis, na região serrana, e em Magé, na Baixada Fluminense, e alto em Maricá, São Gonçalo, Niterói, Rio de Janeiro, Teresópolis e Nova Friburgo. O risco geológico para deslizamentos é muito alto em Petrópolis e Magé e alto em Maricá, São Gonçalo, Niterói, Angra dos Reis, Mangaratiba, Teresópolis e Nova Friburgo.

As fortes chuvas que atingem o estado do Rio de Janeiro nesta sexta-feira (22) interromperam o trânsito de veículos da capital para as cidades serranas de Petrópolis e Teresópolis, atendidas respectivamente pelas rodovias BR-040 e BR-116.  

Chuvas intensas levam EcoRioMinas a interditar trecho da BR 116

Devido às fortes chuvas que atingem o estado do Rio de Janeiro, a concessionária EcoRioMinas interditou totalmente nesta sexta-feira (22) o trecho da serra da estrada BR 116/RJ, que liga o Rio de Janeiro a Teresópolis, na região serrana.

A concessionária segue em estágio de alerta e monitorando a rodovia, que não tem previsão de liberação. À Agência Brasil, a EcoRioMinas informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a interdição do trecho é uma medida de precaução diante do volume de chuvas porque, quanto mais as chuvas se mantiverem ou se intensificarem, elas podem ocasionar risco de deslizamento.

Avaliação

A orientação dada à equipe da concessionária que se encontra no local é esperar a chuva diminuir um pouco para fazer nova avaliação. Não foi registrada, entretanto, nenhuma ocorrência. Não houve deslizamento.

Os usuários podem acompanhar atualizações sobre o tráfego nas rodovias sob concessão da EcoRioMinas por meio do X (antigo Twitter) @ecoriominas. Em caso de dúvidas e emergências, devem ligar para os telefones 0800 116 0493 e 0800 116 0465 – este para deficientes auditivos. O serviço é gratuito e funciona 24 horas.

 

Chuvas intensas levam EcoRioMinas a interditar trecho da BR-116

As fortes chuvas que atingem o estado do Rio de Janeiro nesta sexta-feira (22) interromperam o trânsito de veículos da capital para as cidades serranas de Petrópolis e Teresópolis, atendidas respectivamente pelas rodovias BR-040 e BR-116. Segundo o Centro Estadual de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), as duas cidades enfrentam risco de deslizamento. 

Teresópolis

Devido às fortes chuvas que atingem o estado do Rio de Janeiro, a concessionária EcoRioMinas interditou totalmente nesta sexta-feira (22) o trecho da serra da estrada BR-116/RJ, que liga o Rio de Janeiro a Teresópolis, na região serrana. A via ficou interditada até cerca de 18h, quando foi retomado o tráfego de veículos

À Agência Brasil, a EcoRioMinas informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a interdição do trecho é uma medida de precaução diante do volume de chuvas porque, quanto mais as chuvas se mantiverem ou se intensificarem, elas podem ocasionar risco de deslizamento.

Petrópolis

Por volta das 17h, a interdição era total no pedágio da rodovia BR-040, que liga o Rio de Janeiro a Petrópolis, na região serrana, quilômetro 102, informou a Polícia Rodoviária Federal (PRF/RJ). A concessionária Concer (Cia. de Concessão Rodoviária) recomenda aos usuários da BR-040 que não trafeguem pela rodovia, enquanto a tempestade não cessar.

A Concer alerta que deve-se evitar, em especial, a serra de Petrópolis, onde já ocorreu deslizamento de terra na pista de subida, devido à chuva extrema, deixando o quilômetro 94 parcialmente interditado. Quem quiser obter informações atualizadas da rodovia pode ligar para o número gratuito 0800 2820040.

*Matéria atualizada às 18h26 para informar a reabertura da Serra de Teresópolis

Chuva: Petrópolis recomenda fechamento do comércio no centro histórico

A Defesa Civil de Petrópolis recomendou, por volta das 14h40 desta sexta-feira (22), o fechamento do comércio do centro histórico do município, devido à inundação ao longo da Rua do Imperador. A cidade fica na região serrana do Rio de Janeiro e está em alerta pelo histórico de desastres relacionados a temporais.

A Rua do Imperador é uma das principais vias do centro da cidade e fica a poucos metros do Museu Imperial, antiga residência da Família Imperial Brasileira.

A Defesa Civil no município já classifica a chuva que atinge a cidade como muito forte e declarou oficialmente estar em estágio operacional de alerta.

O sistema de sirenes do primeiro distrito da cidade também já foi acionado, o que inclui localidades de São Sebastião, Vila Felipe, Dr. Thouzet, Independência e 24 de Maio.

“A Defesa Civil orienta a mobilização da população da área de risco para os pontos de apoio, que encontram-se abertos preventivamente desde a noite da última quinta-feira (21) para receber a população.  A secretaria pede que a população fique atenta às próximas atualizações.”

Para o professor Paulo Canedo, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), a cidade está entre as mais vulneráveis a fortes temporais, por ter três rios cortando seu centro.

“Dos três, somente um corre, mais ou menos, dentro da sua calha normal, é o rio que aguenta um extravasamento, o Piabanha. Os rios Quitandinha e Palatinato não aguentam, extravasam com facilidade, mesmo com chuvas não muito grandes”, explicou à Agência Brasil o especialista em gestão de recursos hídricos.

Exposição mostra os impactos das grandes obras durante a ditadura

A exposição Paisagem e Poder: construções do Brasil na ditadura, aberta na noite de terça-feira (19), no histórico Centro MariAntonia da Universidade de São Paulo (USP), procura refletir sobre as transformações ocorridas no Brasil nos anos da ditadura civil-militar. Com uma vasta documentação de época e material audiovisual, exposição mostra as contradições das grandes obras no período e seus impactos sociais e ambientais. A curadoria é dos arquitetos Paula Dedecca, Victor Próspero, João Fiammenghi, Magaly Pulhez e José Lira. Mostra fica em cartaz até o dia 30 de junho.

Nos 21 anos de ditadura civil-militar, o Brasil se transformou profundamente com a construção de conjuntos residenciais, estradas, barragens, viadutos, grandes hidrelétricas e avenidas. Mas foi também nesse período que os recursos naturais foram amplamente explorados, prédios e lugares históricos foram removidos ou destruídos, e em que as desigualdades sociais foram expandidas.

Em entrevista à Agência Brasil, o curador Victor Próspero, que acabou de defender seu doutorado na Faculdade de Arquitetura da USP, explica que essas obras, embora tenham sido projeto de desenvolvimento do país, guardam uma face contraditória, porque também retratam uma modernização conservadora e autoritária. 

Exposição Paisagem e Poder: construções do Brasil na ditadura, no Centro Maria Antonia da Universidade de São Paulo – Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

“Essa modernização conservadora foi diretamente ligada com a repressão. Não existe milagre econômico sem o rebaixamento dos salários e sem a intervenção dos sindicatos. Várias reformas estruturais deixaram os trabalhadores um pouco mais controlados, como a repressão e a lei de greves, por exemplo, que viabilizaram uma certa forma de modernização sem freios, sem oposição”, disse.

“Esse milagre [econômico] é baseado em números, como em um crescimento do PIB [Produto Interno Bruto, a soma de riquezas do país] sempre acima de 11%, por exemplo, mas que, na verdade, pressupõe um congelamento do salário mínimo e o controle dos sindicatos e da oposição. É um tipo de desenvolvimento econômico sem rebatimento no desenvolvimento social. É claro que tem um aumento do emprego, mas geralmente esse emprego está relacionado à exploração da mão de obra na construção civil”, avalia Próspero.

Um dos exemplos dessa contradição do período, segundo o curador, é a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Duas fotos apresentadas na exposição, colocadas lado a lado, ilustram essa contradição. Uma foto mostra a população visitando a usina durante a sua inauguração e a outra apresenta a usina vista de longe, em construção. “Essa representação do momento de inauguração mostra como essas grandes obras eram uma peça de propaganda importante para a ditadura. Já a outra imagem mostra Itaipu em obras e o grau de violência de transformação do espaço daquela paisagem. Ao lado dessa imagem, colocamos uma reportagem que destaca o Salto das Sete Quedas, que era um ponto turístico, uma paisagem reconhecida, e que dava certa identidade para a população daquela região, e que foi inundada para fazer a represa”.

Eixos

A exposição conta com diversos registros audiovisuais da época, como reportagens, fotografias, filmes, desenhos e diapositivos, além de documentos e cadernos técnicos. Também mostra que críticas já existiam naquele período, apresentando livros que contestavam o desenvolvimento exploratório e não igualitário desse modelo desenvolvimentista.

Todos esses registros foram agrupados em cinco eixos principais. O primeiro trata sobre a urbanização e o planejamento do território. Esse núcleo mostra que o incentivo ao desenvolvimento nos chamados “vazios demográficos”, com a criação da Rodovia Transamazônica e do Banco da Amazônia, por exemplo, também teve uma outra face, marcada pela violência e assimilação dos povos originários e pela devastação ambiental.

“Muitas populações originárias foram removidas e seus modos de vida foram transformados. Foi um tipo de produção do espaço muito violenta”, destacou o curador João Fiammenghi. 

“Essa exploração da Amazônia teve desenho, teve projeto e teve pesquisa. Ou seja, não foi uma destruição caótica, como a gente pensa. Era tudo parte de um plano, de um projeto de país, de uma ideologia do regime militar, de segurança nacional e de ocupação dos vazios demográficos, que não eram vazios, tinham pessoas, tinham pequenos agricultores e indígenas vivendo lá. Quisemos mostrar nesse eixo como que essa produção do espaço violenta foi muito planejada”, explicou.

O segundo núcleo trata sobre o extrativismo e sua relação com a produção de componentes para a indústria da construção civil. “E, com isso, a gente não pode deixar de falar do trabalho, da industrialização e do sindicalismo. Então, esse é um núcleo mais ligado com trabalho e produção”, destaca Fiammenghi. 

Em relação à questão trabalhista, por exemplo, a exposição destaca que o projeto desenvolvimentista da ditadura envolveu um alto número de acidentes e mortes trabalhistas.

O terceiro eixo, por sua vez, destaca o território e a integração nacional, tratando sobre a circulação entre as cidades, onde são apresentadas as rodovias, as grandes avenidas e as obras de construção de metrô. Há também um eixo todo dedicado à construção da cidade de São Paulo, que apresenta obras como o Minhocão e o Anhembi.

O último núcleo discute a questão da moradia e conta um pouco sobre a verticalização dos espaços urbanos e a criação do Banco Nacional de Habitação (BNH). “Quando a gente adentra os anos 60 e, sobretudo, após o golpe civil-militar, a gente tem o desenho e a promoção de um grande plano habitacional naquele momento, que está ligado à implementação de um Sistema Financeiro de Habitação e ao Banco Nacional de Habitação. O banco se estrutura justamente nessa perspectiva de enfrentamento do déficit habitacional, mas com um discurso, já desde então, ligado a essa espécie de controle das massas e das populações moradoras desses territórios”, explicou a arquiteta, urbanista e também curadora da mostra Magaly Pulhez.

Criado com a proposta de reduzir o déficit habitacional, o BNH acaba, no entanto, se transformando em um “motor de arranque” da economia. “Fomentando a construção habitacional, fomenta-se a construção civil e, portanto, se agencia uma série de agentes privados, empresas, construtoras e incorporadoras. E o que a gente vai ver, a partir dessa movimentação toda, não é propriamente uma produção habitacional voltada para as massas populares necessitadas de fato, mas o banco funcionando nessa cadeia produtiva da construção civil”, disse Magaly Pulhez. 

“Apenas 15% da produção do banco nesse período foi voltada para atendimento das populações de baixa renda”, destacou.

A exposição também mostra outro grande paradoxo do período. O trabalhador responsável pela construção dessas grandes obras desenvolvimentistas era o mesmo que, aos finais de semana, precisava construir a sua moradia, quase sempre sem recursos suficientes. “Os trabalhadores que estão na própria indústria da construção civil construindo essas grandes obras não têm casa”, ressalta Magaly.

Centro

No ano passado, o Centro MariAntonia, espaço importante de luta e de resistência contra a ditadura brasileira, completou 30 anos.

O espaço é conhecido, principalmente, por ter sido palco, em outubro de 1968, de uma das mais importantes batalhas pela democracia na ditadura militar. Esse episódio ficou conhecido como a Batalha da Maria Antonia e envolveu estudantes de posições ideológicas opostas – os estudantes da USP e os estudantes do Mackenzie – e a polícia.

Nessa batalha, o prédio foi parcialmente incendiado e, em seguida, tomado pelo governo de São Paulo. Somente em 1993, a USP recebeu o prédio de volta e decidiu criar no local um espaço cultural, com exposições regulares e dedicadas à memória e à arte.

“Neste ano, nós achamos que seria muito bom olhar para esse período da ditadura pelo ângulo da arquitetura, do urbanismo, do planejamento, da geografia e do meio ambiente, ou seja, da paisagem e do espaço físico brasileiro”, explica José Lira, professor e diretor do Centro Maria Antônia.

“A exposição é principalmente uma mostra documental. Durante a seleção desses documentos, nós procuramos focalizar questões que são muito presentes no nosso território ainda hoje, como a questão do desrespeito às populações tradicionais e a questão envolvendo a exploração do meio ambiente. Hoje, o mundo inteiro está sensibilizado pelas questões da crise ambiental e climática. E nós vemos que, naquele momento [da ditadura], essa era uma das coisas menos observadas. A natureza era pensada como fonte inesgotável de riquezas e de recursos e explorada como se fosse substituível. Hoje a gente vê que é bem o contrário. Se a gente não construir de maneira a permitir que a natureza se reconstrua ou se conserve, a gente não tem futuro”, disse o diretor do centro à Agência Brasil.

Sua expectativa é de que a mostra possa enriquecer o debate sobre a ditadura e sobre o modelo de construção do país. “Nós esperamos que a exposição possa ser vista por esse cidadão comum, esse habitante do Brasil, principalmente interessado no seu espaço, interessado no ambiente em que ele vive, interessado nas suas cidades, no seu bairro, na sua qualidade de vida, nas suas liberdades, nos seus espaços públicos, para que nesse ano de 60 anos do golpe possa ajudar na autoanálise do país”.

Programação

Paralelo à exposição, o centro preparou uma programação gratuita e aberta ao público, com mesas de debates e exibições de filmes. 

Outras informações sobre a exposição e a programação paralela podem ser obtidas no site do Centro MariAntonia.

Netanyahu afirma estar “determinado” a avançar com ataque a Rafah

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que continua “determinado a executar uma invasão terrestre da cidade de Rafah”, no Sul da Faixa de Gaza – onde muitos palestinos deslocados se encontram abrigados – apesar das dúvidas do presidente dos EUA, Joe Biden.

Netanyahu confirmou que vai enviar, em breve, uma delegação aos Estados Unidos, a pedido de Biden, para discutir a invasão de Rafah, uma ofensiva que o líder israelense considera negociável.

O gabinete de Netanyahu anunciou que viajarão até aos EUA o ministro dos Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, e o conselheiro de Segurança Nacional, Tzachi Hanegbi, bem como um representante do braço do Ministério da Defesa que trata dos assuntos civis na Cisjordânia e em Gaza.

“Por respeito ao presidente [Biden], chegamos a um acordo sobre a forma como [os EUA] poderiam apresentar suas ideias, especialmente no que diz respeito à vertente humanitária. Obviamente, compartilhamos plenamente do desejo de facilitar uma saída ordenada da população [de Rafah] e da prestação de ajuda humanitária à população civil”, afirmou Netanyahu, horas antes, na abertura da Comissão de Assuntos Externos e Segurança do Knesset, o Parlamento israelense.

Na segunda-feira (18), durante telefonema entre os dois líderes, Biden pediu a Netanyahu que enviasse o mais rapidamente possível uma equipe de “peritos militares, dos serviços secretos e humanitários” para discutir alternativas à ofensiva terrestre de Rafah. Para Netanyahu, a ofensiva é inegociável e acrescentou que o exército já elaborou um plano de ação para executá-la.

Hamas

“Deixei o mais claro possível ao presidente [dos EUA] que estamos determinados a completar a eliminação desses batalhões em Rafah, e não há forma de o fazer sem uma incursão terrestre”, reiterou Netanyahu sobre a conversa telefônica com Joe Biden.

O primeiro-ministro israelense acrescentou que ainda há quatro batalhões do grupo islamita palestino Hamas em Rafah e que é necessário eliminar essa ameaça.

“Temos um debate com os americanos sobre a necessidade de entrar em Rafah, mas não sobre a necessidade de eliminar o Hamas”, acrescentou Netanyahu.

Segundo as autoridades israelenses a cidade de Rafah, situada na fronteira com o Egito, é o último grande reduto do Hamas. Estima-se que 1,5 milhão de palestinos – mais de metade da população de Gaza – se refugiaram em Rafah depois de fugirem dos combates em outras regiões do território.

“O presidente [Biden] rejeitou mais uma vez que mostrar preocupação com Rafah seja o mesmo que questionar a necessidade de acabar com o Hamas”, afirmou na segunda-feira o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, após o telefonema entre Biden e Netanyahu.

Segundo Sullivan, “uma grande operação terrestre será um erro e levará a mais mortes de civis”. Ele acrescentou que “os objetivos que Israel quer atingir em Rafah podem ser alcançados por outros meios”.

Ajuda humanitária

No final da tarde de terça-feira (19), um ataque aéreo israelense matou 30 pessoas de grupos que tinham se juntado para garantir a entrada de caminhões de ajuda humanitária na cidade de Gaza, segundo os meios de comunicação social do Hamas.

Ontem, os EUA afirmaram que as restrições israelenses à entrada de ajuda humanitária em Gaza podem constituir um crime de guerra de fome deliberada.

“A extensão das restrições contínuas de Israel à entrada de ajuda em Gaza, juntamente com a forma como continua a conduzir as hostilidades, pode equivaler à utilização da fome como método de guerra, o que é um crime de guerra”, afirmou Volker Turk, o alto-comissário da ONU para os direitos humanos.

Blinken no Oriente Médio

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, regressa ao Oriente Médio nesta quarta-feira para a sua sexta visita, desde o início da guerra de Israel com o Hamas, para pressionar por um acordo que garanta uma pausa temporária nos combates e a libertação dos reféns detidos pelo Hamas.

Blinken terá encontros com os líderes sauditas em Jeddah e com os líderes egípcios no Cairo para discutir as conversações mediadas pelo Egito e pelo Catar sobre um acordo, bem como os esforços para obter mais ajuda para Gaza, revelou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em um comunicado.

As conversações sobre um cessar-fogo serão retomadas esta semana no Catar, mas semanas de duras negociações ainda não conseguiram elaborar um acordo entre Israel e o Hamas que Washington espera que ajude a aliviar a crise humanitária que assola Gaza.

Blinken disse que também iria seguir com as conversações sobre acordos para a governança, segurança e desenvolvimento de Gaza pós-conflito.

“Temos trabalhado muito desde janeiro, em particular com os nossos parceiros árabes, e vamos prosseguir essas conversações, bem como discutir qual é a arquitetura certa para uma paz regional duradoura”, afirmou Blinken em uma conferência de imprensa durante uma parada anterior em Manila.

O chefe da diplomacia norte-americana acrescentou que iria discutir “os esforços para alcançar um acordo de cessar-fogo imediato que garanta a libertação de todos os reféns restantes”, bem como “intensificar os esforços internacionais para aumentar a assistência humanitária a Gaza e a coordenação pós-conflito em Gaza”.

Fome

As ONG e as agências da ONU estão constantemente alertando sobre o risco iminente de fome no território palestino, em especial na zona norte, de difícil acesso, onde vivem atualmente mais de 300 mil pessoas.

“Cem por cento da população” de Gaza encontra-se “em uma situação de grave insegurança alimentar”, declarou o secretário de Estado norte-americano. “É a primeira vez que uma população inteira é classificada desta forma”.

As conversações intensificaram-se nos últimos dias, especificamente com a visita do chefe da Mossad, os serviços secretos externos de Israel, ao Catar, país mediador com os Estados Unidos e o Egito, e após uma mudança de posição do Hamas, que abriu a porta a uma pausa de várias semanas nos combates, depois de ter exigido, sem sucesso, um cessar-fogo definitivo.

No entanto, o líder do movimento islamita palestino, Ismaïl Haniyeh, acusou na terça-feira Israel de “sabotar” estas negociações ao executar uma operação de grande envergadura contra o hospital de al-Shifa, na cidade de Gaza. O exército israelense afirmou ter matado “dezenas” de combatentes do Hamas e da Jihad Islâmica no complexo hospitalar e nas suas imediações, tendo detido “mais de 300 suspeitos”.

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