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Líder da oposição sul-coreana é libertado do hospital dias após ataque de facada

Lee

10 de janeiro de 2024

 

Pouco mais de uma semana depois de ter sido alvo de uma tentativa de assassinato, o líder da oposição sul-coreana, Lee Jae-myung, recebeu alta de um hospital em Seul.

O líder do Partido Democrata disse aos repórteres que esperava que seu ataque inaugurasse uma nova era de “respeito e coexistência” política mútua logo após sair do Hospital Universitário Nacional de Seul.

Ele disse que o incidente poderia servir “como um marco para acabar com a política de ódio e confronto” que tem prejudicado a sociedade sul-coreana nos últimos anos.

Lee estava se reunindo com repórteres no canteiro de obras de um novo aeroporto na cidade portuária de Busan, no sudeste, em 2 de janeiro, quando o agressor, usando uma coroa de papel com o nome de Lee impresso, se aproximou dele e pediu um autógrafo. Vídeos postados online mostraram Lee sorrindo pouco antes do homem enfiar uma grande faca no lado esquerdo do pescoço de Lee.

Lee foi rapidamente tratado no local antes de ser levado às pressas para o Hospital Universitário Nacional de Pusan. Mais tarde, ele foi transportado de avião para Seul para um procedimento cirúrgico de duas horas para reparar a veia jugular do pescoço.

O agressor foi identificado como um homem de 67 anos de sobrenome Kim. A polícia diz que Kim tentou matar Lee para impedi-lo de ser eleito presidente em 2027 e para evitar que seu partido ganhasse a maioria dos assentos nas próximas eleições parlamentares. O legislador liberal perdeu por pouco as eleições presidenciais de 2022 para o conservador Yoon Suk Yeol e é considerado um dos principais candidatos à sucessão do presidente quando o mandato único de Yoon expirar.

A polícia também diz que o suspeito estava frustrado com o tempo que os promotores levaram para levar Lee a julgamento por acusações relacionadas à corrupção, incluindo aquelas relacionadas a um escândalo imobiliário. Lee negou as acusações, que ele diz terem motivação política.

O suspeito foi acusado de tentativa de homicídio.

A violência política na Coreia do Sul tem sido rara nas últimas décadas, embora tenham ocorrido ataques ocasionalmente.

 

Nova reitora da Uerj quer garantir autonomia para a instituição

A professora Gulnar Azevedo, do Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro (IMS), toma posse nessa quarta-feira (10), às 11h, como reitora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em solenidade a ser realizada no Palácio Guanabara, na presença do governador fluminense, Cláudio Castro. O pró-reitor será o professor Bruno Deusdará, do Instituto de Letras (ILE). Os dois foram eleitos pela comunidade acadêmica, em segundo turno, com 55,1% dos pontos, e conduzirão a universidade no período 2024/2027. A cerimônia de transmissão de cargo está prevista para o dia 19, às 10h, no Teatro Odylo Costa, filho, no campus Maracanã.

Falando nesta terça-feira (9) à Rádio Nacional e à Agência Brasil, veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Gulnar Azevedo informou que a prioridade máxima estabelecida pela nova gestão é garantir autonomia financeira, administrativa e acadêmica na universidade. “Nesse sentido, a gente está trabalhando bastante para que possa ter garantia do nosso financiamento para poder tocar os inúmeros cursos que a universidade tem e os vários campi espalhados pelo estado e dentro do próprio município do Rio de Janeiro. O potencial é enorme e a gente precisa ter garantia de sustentabilidade para nossas ações”. A ideia é ampliar a Uerj, mas com estrutura suficiente para manter o que já foi construído até agora.

A nova reitora pretende cuidar com atenção da questão da acessibilidade e da maior inclusão, favorecendo também pessoas com dificuldade financeira para que tenham acesso à universidade. “Desburocratizar o ingresso na universidade, favorecendo que as pessoas tenham de fato acesso, e garantir a permanência dos nossos estudantes e o melhor convívio dos nossos técnicos. São nossas prioridades”. Outra meta é ampliar a política de assistência estudantil e melhorar as condições de trabalho salariais, incluindo a promoção de saúde, inclusive de saúde mental.

Permanência

Para garantir a permanência dos estudantes na Uerj, foi ampliado até dezembro o auxílio-alimentação. Além disso, já foi assinado ato que reajustou, de acordo com o reajuste de salário mínimo, o valor das bolsas para cotistas, que a Uerj dá para estudantes que têm dificuldade financeira para continuarem na universidade. “Nós reajustamos o valor da bolsa para R$ 706, para cada estudante que tem direito de receber tanto a bolsa de permanência, como a bolsa de vulnerabilidade”. A nova reitora disse que está trabalhando também para garantir acesso à alimentação em todos os campi. No campus Maracanã, já está sendo feita reforma para aumentar a oferta de refeições por dia. Gulnar está trabalhando também para que os outros campi da universidade (Friburgo, Resende, zona oeste do Rio, São Gonçalo, Caxias) tenham também acesso à alimentação.

Ainda dentro das prioridades para os estudantes, Gulnar citou como de grande importância a aprovação, pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), da Lei de Assistência Estudantil estadual. “Existe a (lei) federal, mas não a estadual. Com isso, a gente não precisaria, todo mês, ficar tendo que negociar com o estado as bolsas. Porque, isso por lei, teria que acontecer.”

Para além das bolsas, a reitoria está procurando ações que ajudem a orientação pedagógica, o acolhimento dos estudantes, a assistência psicossocial. “A pró-reitoria já vem trabalhando para garantir aos nossos estudantes a boa condição de estar aqui, de vir para a aula e para todos os espaços da Uerj, mas também vendo esse estudante no seu sentido geral: no que ele está com dificuldade hoje para se formar, como vai ser a inserção dele no mercado de trabalho.”

Mulheres

Gulnar Azevedo será a segunda mulher a exercer a reitoria da Uerj, em 73 anos de história da instituição. A primeira foi a também médica Nilcea Freire, entre 2000 e 2003. Na sua avaliação, as mulheres, cada vez mais, têm que estabelecer esse trabalho e ocupar esses cargos. “A gente quer garantir uma presença feminina que seja uma presença marcante. Faz toda a diferença”. Uma de suas ações será a criação da Superintendência de Igualdade Racial e de Gênero.

Mercado de trabalho

A nova direção da universidade pretende identificar as necessidades existentes de formação, vinculadas ao desenvolvimento do estado e, também à possibilidade de inserção dos alunos formados no mercado de trabalho. “A gente percebe que há uma grande dificuldade e quer contribuir com a possibilidade de as pessoas poderem não só vir para a universidade, ter acesso ao ensino superior, como se colocar, uma vez que tenham se formado, e ajudá-los nesse sentido.”

Gulnar assegurou que a Uerj tem que se aproximar do mundo do trabalho, pensar que cursos hoje precisam ser estimulados, ampliados inclusive, ou criados novos cursos. “Nesse sentido, a gente está trabalhando no nosso projeto acadêmico e científico. Queremos também garantir boas condições aqui para os nossos técnicos e docentes. Melhorar a administração da Uerj e também do trabalho do dia a dia”. Outra prioridade é dar para a população fluminense uma formação de qualidade, a partir da identificação das lacunas existentes atualmente.

Parcerias

As parcerias da Uerj com universidades do mundo inteiro serão ampliadas pela nova gestão. Nesse sentido, está sendo implementada a área internacional na instituição que vai viabilizar convênios no nível de graduação e de pós-graduação. “Estabelecer redes de pesquisa e intercâmbio. Já começamos a trabalhar nessa perspectiva”. Para que isso ocorra, destacou a necessidade de garantir para os estudantes o acesso ao aprendizado de idiomas. “Porque não adianta só estabelecermos tudo isso, se não há condições de ter nossos estudantes podendo falar a língua dos países para onde eles vão. Aprendendo outros idiomas, eles estarão aptos a fazer os intercâmbios.”

Do lado da pesquisa, a reitora quer fortalecer as redes internacionais já existentes na Uerj com a Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos e, inclusive, abrir outras. Ela pretende intensificar convênio como Japão e, também, fazer um trabalho mais próximo com a China. “Tudo isso está sendo revisto, para ver o que pode ser incentivado, e fortalecer as áreas que permitem esse intercâmbio.”

Há mais interesse, por parte da Uerj, em trabalhar com as universidades estrangeiras nas áreas tecnológica, de saúde, biomédica, geologia, química e, nas áreas humanas, em firmar convênios nas áreas de letras e de ciências sociais. “Acho que a gente teria que pensar no que não temos agora e onde é importante viabilizar. Isso fazendo em parceria também com as propostas que hoje o governo federal nos aponta, via nossas agências de fomento”, concluiu Gulnar Azevedo.

Equador vive dia de terror nas mãos do crime organizado

Esta terça-feira (9) foi de terror no Equador. Criminosos orquestraram várias ações no país, como sequestros, explosões e até a invasão de um telejornal. As ações criminosas de hoje marcam uma disputa de forças entre governo e o crime organizado.

Pelo menos quatro policiais equatorianos foram sequestrados por criminosos, informou a polícia nesta terça-feira, e explosões ocorreram em várias cidades, um dia após o presidente Daniel Noboa ter declarado estado de emergência.

Três policiais que trabalhavam no turno da noite foram levados de sua delegacia na cidade de Machala, no sul do país, enquanto um quarto policial desaparecido foi levado por três criminosos em Quito. “Nossas unidades especializadas estão ativas com o objetivo de localizar nossos colegas e prosseguir com a captura dos criminosos”, disse a polícia. “Esses atos não permanecerão impunes.”

Também circulam nas redes sociais imagens de homens armados mantendo reféns sob a mira de metralhadoras.

As explosões, inclusive em uma ponte para pedestres em Quito, não causaram feridos, mas a autoridade municipal da capital pediu em uma declaração o reforço da segurança em meio à crise “sem precedentes”.

Estado de emergência

Noboa declarou o estado de emergência de 60 dias na segunda-feira (8), permitindo patrulhas militares, inclusive nas prisões, e estabelecendo um toque de recolher noturno nacional.

A medida foi uma resposta ao desaparecimento de Adolfo Macias, líder da gangue criminosa Los Choneros, da prisão onde cumpria pena de 34 anos, e a incidentes em seis prisões, incluindo sequestros de agentes penitenciários.

A polícia e os promotores deram poucas informações sobre o desaparecimento de Macias.

Telejornal

Outra ação, a que mais repercutiu fora do país, foi a invasão de homens armados a um estúdio de TV na cidade de Guayaquil. Nas imagens, os homens armados com pistolas, espingardas e granadas caseiras são vistos agredindo trabalhadores e a obrigando-os a permanecerem no chão, exigindo que pedissem a saída da polícia que chegou ao local.

As imagens mostravam ainda alguns dos homens encapuzados e outros com o rosto descoberto, se gravando com telefones celulares, enquanto faziam sinais com as mãos, sinais característicos de grupos ligados ao tráfico de drogas.

Horas depois, foram divulgadas imagens da polícia entrando no estúdio e rendendo os homens.

Policiais rendem e algemam criminosos que invadiram estúdio de TV no Equador. Foto: Policía do Equador/X

Noboa tem dito que não negociará com “terroristas” e o governo atribuiu os recentes incidentes de violência nas prisões ao plano de Noboa de construir uma nova prisão de alta segurança e transferir líderes de gangues presos.

Entre os episódios recentes de violência no país, está o assassinato de Fernando Villavicencio em 9 de agosto do ano passado. Ele era candidato à presidência do Equador, no pleito que se realizaria semanas depois.

Itamaraty

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que está acompanhando “com preocupação” o ocorrido no Equador.

“O governo brasileiro acompanha com preocupação e condena as ações de violência conduzidas por grupos criminosos organizados em diversas cidades no Equador. Manifesta também solidariedade ao governo e ao povo equatorianos diante dos ataques. O governo segue atento, em particular, à situação dos cidadãos brasileiros naquele país. O plantão consular do Itamaraty pode ser contatado no número +55 61 98260-0610 (inclusive WhatsApp).”

* Com informações da Agência Reuters e da Agência Lusa

Ataques do 8/1 revelaram ódio ao STF, apontam especialistas

Duas virtudes, entre muitas que um jornalista deve ter, são curiosidade e iniciativa. Foram eles que motivaram o repórter da Agência Brasil Alex Rodrigues. Ele interrompeu sua folga de domingo – por vontade própria, sem ter recebido ordem – para saber o que se passava na Esplanada dos Ministérios no dia 8 de janeiro de 2023.

Após ter visto pela televisão as cenas de invasão e destruição do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal, o repórter suspendeu seu descanso, pegou sua caderneta de anotações, uma caneta, o crachá e dois celulares, e se deslocou para a Praça dos Três Poderes.

Rodrigues conseguiu acessar o local por uma escada do anexo do STF em momento que a polícia já havia expulsado os vândalos de dentro da sede da Suprema Corte, mas ainda tinha de atuar contra os que permaneciam nas cercanias do prédio. Essas pessoas atacavam os policiais, mas quando o batalhão avançava e ameaçava disparar, os manifestantes radicais se ajoelhavam com os braços estendidos fazendo orações ou cantando o hino nacional.

Após os guardas anunciarem que atirariam se as pessoas não seguissem recuando, Rodrigues, que estava próximo aos manifestantes, se identificou como repórter para não ser alvejado, gritando e mostrando seu crachá de jornalista. Ao dizer que trabalhava para a imprensa, um bolsonarista tentou tomar sua identificação.

O que jornalista da Agência Brasil reteve na memória daquele instante foi que seu agressor parecia não compreender o que estava fazendo, não o ouvia. “Eu falava com ele e ele não olhava para mim. A impressão é que ele não estava entendendo o que estava acontecendo ali”, descreve Rodrigues, que também é psicólogo. “Me chamou atenção uma certa raiva, um ódio, diferente do que estávamos acostumados a ver.”

O repórter Alex Rodrigues foi o primeiro jornalista a entrar no STF após a retirada dos vândalos – Alex Rodrigues/Agência Brasil

Depois de resgatar o crachá, o repórter foi para trás da barreira policial e se dirigiu à sede do STF. Ele foi o primeiro jornalista a entrar no prédio, tirar fotos e fazer imagens da destruição deixada. O ar cheirava a gás lacrimogênio e o chão estava encharcado. “Saí de lá com o tênis todo molhado”, recorda-se.

>> Ouça o podcast Histórias em pauta: grades de janeiro

Alvo prioritário

A destruição do STF, cujo prédio é menor que o do Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, causou mais prejuízo aos cofres públicos. Conforme o relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos do Dia 8 de janeiro de 2023, os danos ao prédio do Supremo, incluindo equipamentos, mobiliário, obras de arte, relíquias e outros objetos, custaram R$ 11,41 milhões – bem acima do verificado no Senado Federal (R$ 3,5 milhões), na Câmara dos Deputados (R$ 3,55 milhões) e no Palácio do Planalto (R$ 4,3 milhões).

Ao pensar no estrago que presenciou no Supremo Tribunal Federal e do que, posteriormente, soube do acontecido no Planalto e no Congresso, Alex Rodrigues assinala que havia “ódio indiscriminado contra todos os Poderes.” Ele pondera, no entanto, que “o STF era, naquele momento, um alvo prioritário”. Em sua análise, os manifestantes viam o Supremo como legitimador da vitória do PT. “Para eles, foi quem permitiu essa situação, anulando as condenações de Lula e não invalidando os resultados das urnas.”

Para o também jornalista Felipe Recondo – diretor de conteúdo do portal Jota (especializado no Poder Judiciário), autor e coautor de três livros sobre o STF – os ataques dirigidos à Corte têm lastro nos quatro anos de confrontações provocadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. “Ele construiu uma retórica que muita gente repetia, de que o Supremo não deixava o seu projeto de governo seguir. Acho que isso ficou galvanizado na cabeça das pessoas, e explica tamanho ódio que expunham.”

Recondo pontua que os embates entre o Poder Executivo e o Poder Judiciário não aconteceram apenas no Brasil. “Não me parece que seja uma novidade só do Brasil. Muito pelo contrário, né? A gente vê esses exemplos em outros países do mundo que passam por esse fenômeno do populismo autoritário”, disse tendo em mente casos recentes de Israel e do México.

Avaliação do jornalista Felipe Recondo é de que os discursos do então presidente Jair Bolsonaro ao longo do seu mandato convergiram para a destruição do prédio do Supremo. – Marcelo Camargo/Agência Brasil

“Pílulas envenenadas”

De acordo com Recondo, cientistas sociais no México descrevem que chefes de governo “oferecem pílulas envenenadas às cortes supremas” em medidas, decretos e leis “escancaradamente inconstitucionais”, já tendo certeza de que a reação será negativa. “Isso cria um antagonismo evidente. E os apoiadores desse presidente, geralmente popular, passam a olhar o a corte suprema do seu país como inimigo.”

Por vezes, “a inação” do presidente da República também provocava o Poder Judiciário como aconteceu no Brasil. “O Supremo se via obrigado a agir e, com isso, angariava as críticas de parte da sociedade, dos apoiadores do presidente Bolsonaro”, descreve Recondo. Ele se referiu, por exemplo, à determinação de vacinação compulsória contra a covid-19 (dezembro de 2020) e à ordem para realizar o censo demográfico (maio de 2021).

Apesar dos embates com Bolsonaro, que culminaram nos ataques de 8 de janeiro, Recondo pontua que “foi a primeira vez na história que o tribunal se manteve de pé diante de uma crise com o Executivo”.

Histórico de embates

Em outros momentos, a Corte sofreu reveses. Como aconteceu, em 1892, quando o STF, após ameaças do “Marechal de Ferro”, recusou a concessão de habeas corpus de detidos durante estado de sítio; e durante a vigência do Estado Novo (1937-1945) e da ditadura militar (1964-1985), quando ministros foram cassados pelos regimes de exceção.

O jornalista aponta que, apesar da vitória institucional, “o STF vai ter que trabalhar para recompor sua imagem, sua legitimidade e tentar convencer essa parcela da sociedade de que não é aquele Supremo que foi pintado pelo bolsonarismo.”

Crimes graves

O desafio se coloca quando o STF tem pela frente a continuação dos julgamentos de pessoas envolvidas no 8 de janeiro. Para o cientista político Antônio Lavareda, o STF deve fazer punição rigorosa. “Tem condições, sim, e deve fazê-lo sob pena e risco de se apequenar dentro de conjunturas políticas. O Supremo tem de cumprir o seu papel. Ele é o guardião final da Constituição. Esses crimes são extremamente graves e contra a natureza da Nova República.”

Para Lavareda, há cinco categorias de responsáveis pelo 8 de janeiro. “Primeiro são os autores materiais dos atentados. Aqueles milhares de personagens que invadiram a Praça dos Três Poderes. Em segundo lugar, obviamente, os promotores e organizadores daqueles atos.” Ou seja, propagandistas pelas redes sociais e quem concebeu e planejou os ataques. “Aquilo teve uma lógica, não foram manifestações espontâneas”, ressalta.

Em terceiro lugar, Lavareda aponta para quem custeou os ataques. “Os financiadores são, em geral, empresários. Pessoas que investiram dinheiro e participaram desse projeto.” O cientista político ainda assinala a necessidade de punir “aqueles elementos que foram uma espécie de garantidores, gente que forneceu infraestrutura e suporte para quem estava na frente dos quartéis. Nesse contingente há muitos militares reformados e muitos militares dentro dos quartéis.”

Por fim, ele espera que o julgamento atinja “o autor intelectual dos atentados”. Segundo ele, para isso, “não precisa fazer aquela apresentação em PowerPoint do [Deltan] Dallagnol, né? Basta uma seta apontando para o Bolsonaro”, opina.

Unidade institucional

Para o jornalista Felipe Recondo, episódio de 8/1/23 uniu os ministros da Corte como pouco havia se visto. Eles deixaram suas diferenças de lado para responder a ameaça sofrida. Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

“Os responsáveis devem ser punidos de forma exemplar. A punição não tem só o efeito de reparação. Aos olhos da sociedade, esse é o efeito principal dela, é o efeito dissuasório. É desestimular que atos semelhantes venham ocorrer no futuro”, pontua.

Conforme noticiou a Agência Brasil, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, relator das investigações do 8 de janeiro, assegurou que haverá punição para todas as categorias de envolvidos.

“Todos, absolutamente todos aqueles que pactuaram covardemente com a quebra da democracia e a tentativa de instalação de um Estado de exceção, serão devidamente investigados, processados e responsabilizados na medida de suas culpabilidades”, garantiu em discurso ontem (8), durante o ato em defesa da democracia, no Congresso Nacional.

Felipe Recondo acredita que haverá condenação e castigo no inquérito sobre o 8 de janeiro. “A questão pra mim é só tempo.” Ele acredita que o Supremo terá “instrumento total”, inclusive para chegar à classe política.

O jornalista ainda sublinha que os ataques de Jair Bolsonaro contra a Corte e a Constituição durante todo o mandato, bem como os incidentes do 8 de janeiro, tiveram por efeito colateral unir os ministros do STF, sempre apontados como onze ilhas isoladas de decisão.

“Isso refluiu bastante e os ministros passaram inclusive a conversar sobre reações institucionais. Fizeram reuniões formais e informais pra saber como reagiriam aquelas ameaças e mantiveram, durante esses quatro anos, uma unidade institucional que a gente pouco viu no passado”, revela o jornalista que cobre o STF “diuturnamente há 18 anos.”

Parlamento sul-coreano aprova proibição de venda e consumo de carne canina

Carne canina vendida no Vietnã

9 de janeiro de 2024

 

Um projeto de lei que proíbe a venda de carne canina para consumo foi aprovado na terça-feira na Coreia do Sul.

A medida foi aprovada na Assembleia Nacional por uma votação esmagadora de 208 votos a favor e duas abstenções.

Qualquer pessoa condenada por violar a proibição, que entra oficialmente em vigor em 2027, pode pegar até três anos de prisão ou multas de mais de US$ 22 mil.

A aprovação do projeto de lei na terça-feira foi o culminar de um esforço de décadas de ativistas dos direitos dos animais para acabar com a prática culinária secular. O apoio à imposição da proibição cresceu entre políticos de todas as linhas ideológicas, incluindo o presidente conservador Yoon Suk Yeol e a sua esposa, a primeira-dama Kim Keon Hee.

A legislação é fortemente contestada por criadores e vendedores de carne de cachorro, apesar de conter apoio financeiro para que trabalhadores e proprietários da indústria saiam do negócio, que diminuiu nas últimas décadas.

O Ministério da Agricultura da Coreia do Sul afirma que existem mais de 1.100 quintas de cães no país que fornecem carne a cerca de 1.600 restaurantes.

 

Rússia relata novos ataques aéreos ucranianos

Vyacheslav Gladkov

9 de janeiro de 2024

 

Autoridades russas relataram ataques aéreos ucranianos em duas regiões na terça-feira, enquanto o Kremlin disse que agiria para conter o aumento dos bombardeios ucranianos na cidade fronteiriça russa de Belgorod.

Vyacheslav Gladkov, chefe da região de Belgorod, relatou que três pessoas ficaram feridas por destroços na terça-feira, depois que as defesas aéreas russas derrubaram armas ucranianas que se aproximavam da cidade.

Gladkov disse que casas e carros foram danificados em vários vilarejos.

Os ataques ocorreram um dia depois que as defesas aéreas russas derrubaram 10 alvos aéreos que se aproximavam de Belgorod.

A área tem sido alvo de ataques ucranianos nas últimas semanas, incluindo um ataque com mísseis e drones no final do mês passado que matou 25 civis, incluindo cinco crianças.

Na região de Oryol, no oeste da Rússia, o governador regional Andrei Klychkov disse no Telegram que dois drones ucranianos atingiram uma instalação de combustível na terça-feira na cidade de Oryol, causando um incêndio que mais tarde foi contido. Oryol fica a cerca de 220 quilômetros da fronteira com a Ucrânia.

 

Papa refere-se às tensões entre Venezuela e Guiana em discurso

Papa Francisco em 2016

9 de janeiro de 2024

 

O Papa Francisco apelou esta segunda-feira à comunidade internacional para manter um “maior compromisso” com a implementação do direito humanitário no meio do “número crescente” de conflitos no mundo e referiu-se também às tensões entre a Venezuela e a Guiana.

“Embora não existam guerras abertas nas Américas, existem fortes tensões entre alguns países, por exemplo, entre a Venezuela e a Guiana , enquanto, noutros, como o Peru, observamos fenômenos de polarização que minam a harmonia social e enfraquecem as instituições democráticas”, disse ele em um discurso junto à Santa Sé.

Durante o seu discurso anual aos diplomatas, ele também se referiu aos conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia, e disse que “atacar indiscriminadamente” civis é um crime de guerra porque viola o direito humanitário internacional.

Francisco, de 87 anos, fez os comentários num discurso de 45 minutos aos enviados credenciados no Vaticano, que às vezes é considerado uma visão do “estado do mundo”.

O papa expressou preocupação com a possibilidade de que a guerra entre Israel e o grupo armado Hamas na Faixa de Gaza possa se espalhar por todo o Oriente Médio e apelou a um “cessar-fogo em todas as frentes, incluindo o Líbano”.

Não há conflito que não acabe de alguma forma “atingindo indiscriminadamente” a população civil, afirmou. “Os acontecimentos na Ucrânia e em Gaza são uma prova clara disso. Não devemos esquecer que as violações graves do direito humanitário internacional são crimes de guerra e que não basta apontá-las, mas também é necessário evitá-las.”

“É necessário um esforço maior por parte da comunidade internacional para defender e aplicar o direito humanitário, que parece ser a única forma de garantir a defesa da dignidade humana em situações de guerra”, afirmou.

A campanha militar de Israel na densamente povoada Gaza matou 22.835 palestinos até o momento, segundo as autoridades de saúde palestinas. Israel afirma que 1.200 pessoas foram mortas no ataque do Hamas em 7 de outubro e cerca de 240 foram feitas reféns.

 

Hezbollah ataca base israelense após ataques que mataram comandantes militantes

Wissam al-Tawil, líder do Hezbollah morto

9 de janeiro de 2024

 

O grupo militante Hezbollah, com sede no Líbano, disse nessa terça-feira que lançou um ataque de drone a uma base militar israelense em retaliação pela morte de um de seus líderes e de um líder do Hamas.

O Hamas disse que o drone tinha como objetivo atacar a base israelense em Safed, uma área localizada a cerca de 10 quilômetros da fronteira Israel-Líbano.

Os militares israelenses disseram que lançaram interceptadores para conter vários aviões que cruzaram do Líbano para o território israelense e que um projétil pousou em uma base no norte de Israel. Os militares disseram que não houve vítimas ou danos.

O ataque ocorreu um dia depois de um ataque israelense a um veículo no sul do Líbano ter matado um comandante do Hezbollah identificado como Wissam al-Tawil, que um oficial disse ter um papel de liderança nas operações do Hezbollah na área.

Israel disse que seu exército atacou alvos do Hezbollah na segunda-feira, mas não comentou a morte de Tawil.

Israel continuou na terça-feira sua campanha aérea e terrestre contra militantes do Hamas na Faixa de Gaza, incluindo ataques aéreos no centro de Gaza e na área de Khan Younis, no sul.

Os militares israelenses disseram ter matado cerca de 40 militantes palestinos em Khan Younis.

Moradores do campo de refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza, disseram que as forças israelenses realizaram bombardeios e trocaram tiros com militantes.

As Nações Unidas alertaram para os terríveis efeitos do conflito sobre os civis em Gaza, uma vez que a maioria das pessoas que vivem lá fugiram das suas casas e os trabalhadores humanitários e os centros de saúde lutam para fornecer ajuda.

Notícia relacionada
“Ataque israelense mata alto comandante do Hezbollah”, Wikinotícias, 9 de janeiro de 2024.
 

EUA lançam primeira sonda lunar não tripulada desde 1972

Lançamento da sonda

9 de janeiro de 2024

 

Uma sonda lunar não tripulada construída por uma empresa privada norte-americana foi lançada com sucesso no dia 8.

A sonda lunar não tripulada Peregrine foi lançada às 2h18 (horário do leste dos EUA) deste dia a partir da Estação Espacial de Cabo Canaveral, na Flórida, EUA, a bordo do novo foguete Vulcan.

A Astrobotic, fabricante de robôs espaciais, foi responsável pela produção da Peregrine, e a Boeing e a Lockheed Martin participaram da produção do foguete.

Os principais meios de comunicação, incluindo a CNN, informaram que Peregrine, que se separou do foguete Vulcan por volta das 3 da manhã deste dia e iniciou sua jornada até a superfície lunar, pretende pousar na Lua no dia 23 do próximo mês.

A Reuters informou que o módulo de pouso estava carregado com equipamento para coletar dados na superfície lunar antes de uma missão tripulada.

A CNN informou que cinco deles são equipamentos científicos da Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA), e os 15 restantes são equipamentos científicos do Reino Unido e da Alemanha e souvenirs fabricados pela empresa alemã DHL.

A agência de notícias Reuters informou que se a viagem de Peregrine prosseguir normalmente, será registrada como o primeiro pouso lunar dos EUA desde dezembro de 1972 e o primeiro pouso de uma empresa privada do mundo.

 

Blinken dos EUA se reúne com líder do Emirados Árabes Unidos

9 de janeiro de 2024

 

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que está em viagem pelo Oriente Médio e pela Europa, reuniu-se com o presidente dos Emirados Árabes Unidos (EAU) no dia 8 e enfatizou a urgência da assistência humanitária na Faixa de Gaza.

O Departamento de Estado disse num comunicado naquele dia que o secretário Blinken se reuniu com Mohammed bin Zayed Al Nahyan na capital dos Emirados Árabes Unidos, Abu Dhabi, e discutiu a importância de acabar com o conflito entre Israel e o grupo armado Hamas e de prevenir baixas civis generalizadas.

O secretário Blinken enfatizou a importância de abordar urgentemente a assistência humanitária a Gaza e expressou gratidão pela extensa contribuição dos EAU para este esforço.

O secretário Blinken também enfatizou os planos de paz de longo prazo na região, incluindo a garantia de segurança de Israel e um Estado palestino independente.

Blinken, que iniciou sua viagem no dia 4, já visitou Catar, Jordânia, Turquia e Grécia para discutir o conflito na Faixa de Gaza.

Depois de completar a sua agenda nos Emirados Árabes Unidos, Blinken planeia viajar para a Arábia Saudita e reunir-se com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman.