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Ocupantes de helicóptero que caiu em SP são sepultados neste domingo

Estão sendo velados e sepultados neste domingo (14), na capital paulista, os corpos de três ocupantes do helicóptero encontrado na sexta-feira (12), no interior de São Paulo, depois de 12 dias de buscas.

Morreram no acidente Luciana Rodzewics, de 45 anos; a filha dela, Letícia Sakumoto, de 20 anos; Raphael Torres, de 41 anos, que era amigo das vítimas e fez o convite para a viagem. Ainda não há informações sobre o sepultamento do piloto Cassiano Teodoro, de 44 anos. 

Os corpos foram levados ao Instituto Médico Legal (IML) de São José dos Campos nesse sábado (13) e foram identificados com coleta de DNA e impressões digitais, para dispensar o reconhecimento pela família.

Resgate

O helicóptero foi localizado em região de mata fechada, de difícil acesso, e o primeiro acesso dos policiais militares foi feito por rapel, a partir do helicóptero da corporação.

Logo em seguida,o coronel Ronaldo Barreto de Oliveira, comandante da Aviação da Polícia Militar de São Paulo, informou que a aeronave estava totalmente destruída e que os quatro ocupantes estavam mortos.

O local fica a 42 quilômetros (km) do destino, Ilhabela, no litoral paulista, e a 11 km do ponto onde o piloto chegou a pousar, antes de decidir a continuar o voo, sob forte neblina. 

Segundo o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), já começaram as investigações do acidente, e se espera a conclusão no menor prazo possível.

Em nota, a empresa CBA Investimentos LTDA, operadora da aeronave, expressou solidariedade às famílias e amigos das vítimas e se comprometeu a colaborar com o processo de investigação do acidente.

Segundo dados da Força Aérea Brasileira (FAB), nos últimos dez anos, 49 pessoas morreram em 16 acidentes fatais com helicópteros no estado de São Paulo. Esse número representa 32% das tragédias com aeronaves no estado.

 

Seleção inspira o mundo e precisa voltar a vencer, diz Dorival Júnior

A apresentação de Dorival Júnior como novo técnico da seleção brasileira na sede da CBF, na tarde desta quinta-feira (11), no Rio de Janeiro, ocorreu sob o slogan “Novos sonhos para sonhar”, estampando no painel ao fundo do auditório.  Além de ressaltar a relevância da amarelinha e convocar o torcedor a comparecer aos jogos da seleção,  Dorival quer conduzir o Brasil à final da Copa do Mundo de 2026. Atual pentacampeão, o Brasil está há 20 anos sem disputar o título mundial.

“Tenho a confiança do presidente [Ednaldo Rodrigues] para fazer meu trabalho daqui para frente, preparar a equipe, ganhar jogos e chegar numa Copa do Mundo que será muito disputada. Vou trabalhar neste sentido, me preparei muito para estar aqui. Tenho uma convicção muito grande que a seleção brasileira vai alcançar seus objetivos”, afirmou o treinador.

Dorival Júnior foi oficialmente apresentado! 🤝

Boa sorte ao novo comandante na nossa Seleção! 💚💛#PaixaoPelaAmarelinha

📸: Staff Images / CBFhttps://t.co/DSXdWtXP60 pic.twitter.com/tCzImb6LW1

— CBF Futebol (@CBF_Futebol) January 11, 2024

Ao apresentar o novo técnico, o presidente da CBF Ednaldo Rodrigue revelou que o contrato assinado com Dorival só termina depois do Mundial de 2026, que será realizado nos Estados Unidos, México e Canadá.

Antes de conceder a primeira entrevista coletiva à imprensa, Dorival fez um balanço de sua história no futebol brasileiro, iniciada aos seis anos, quando acompanhava o pai, diretor de futebol da Ferroviária. Prestes a completar 62 anos, Dorival trabalha há 20 anos como treinador.

“Hoje estou aqui representando a seleção mais vencedora do planeta, a que inspira muitos no mundo inteiro. E tem obrigação de voltar a vencer. O futebol brasileiro é muito forte, se reinventa. Não pode passar pelo momento que está passando.  Que sirva de lição para que possamos encontrar um novo caminho. Nós aprendemos com o futebol brasileiro o caminho da vitória. E precisamos reencontrar esse momento”. 

Dorival foi assertivo sobre o que pretende fazer para ganhar a confiança do torcedor brasileiro.

“Nosso momento é difícil. Mas nada que seja impossível de revertermos rapidamente. Não tem culpados. Não tem interferências, não tem nada disso. O que nós precisamos a partir de agora é buscar soluções. Quem tiver uma observação que possa nos ajudar, nós estaremos abertos. Para qualquer contato possível. Eu conto com todos vocês, para que o futebol brasileiro volte a estar num grande momento. A partir de agora não é a seleção do Dorival, é a seleção do povo brasileiro.”

Consciente do desafio que tem pela frente, Dorival propôs mais comprometimento e responsabilidade dos jogadores convocados a vestir a camisa da seleção. Além de três  amistosos  já agendados para Datas Fifa (Espanha, Inglaterra e México), haverá também Copa América a partir de junho nos Estados Unidos e, em setembro, novas rodadas das Eliminatórias da Copa do Mundos, nas quais o Brasil patina na sexta posição entre 10 seleções sul-americanas.

“Eu acho que não é nem uma mudança de nomes, o que vem acontecendo de uma maneira gradativa em relação à seleção que jogou a última Copa. É uma mudança emocional, postural. Uma mudança que o atleta tem que entender que está aqui vestindo uma camisa muito pesada, referência no mundo todo. Se nesse instante, não estamos em uma posição adequada em relação à nossa classificação para a próxima Copa, vamos tentar o máximo para reverter tudo isso. A lição que o Zagallo nos deixou é uma lição que tem que ficar guardada para o resto da vida. O atleta que vem para cá não pode deixar de ter essa gana, essa garra de querer ganhar o tempo inteiro.

Sobre as novas convocações que pretende fazer, Dorival adiantou que chamará os melhores atletas, tanto os que jogam no Brasil, quanto no exterior, incluindo o atacante Neymar, que atualmente se recupera de uma cirurgia no joelho.

“Às vezes temos uma referência lá fora, que passa a ser muito melhor que o Campeonato Brasileiro, mas temos que repensar isso. Nosso campeonato é muito mais difícil do que muitos lá fora. Se estiverem preparados, vou contar com muitos jogadores que estejam aqui dentro”. 

Quanto a Neymar, Dorival fez questão de deixar claro que não tem nada contra o atleta. Isto porque em 2010, quando comandava o Santos, teve um desentendimento com o jogador, durante uma partida contra o Atlético-GO. Na ocasião, o jogador de 17 anos bateu boca com Dorival à beira do campo, ao querer bater um pênalti, contrariado a decisão do técnico. Devido ao incidente, Dorival o suspendeu por dois jogos, mas logo depois, o técnico foi demitido do clube santista. 

“O Brasil tem que aprender a jogar sem o Neymar. Porque agora ele tem uma lesão. Mas nós temos um dos três maiores jogadores do mundo, e depois vamos contar com ele. Não tenho problema nenhum com o Ney. A proporção que aquela situação tomou foi desproporcional. Após aquela partida nós já estávamos conversando. A diretoria do Santos tomou uma decisão e eu respeitei. Mas sempre que nos encontramos foi uma situação positiva. O futebol é muito dinâmico. O céu e o inferno estão a um palmo de distância”. 

Dorival também falou do seu estilo de jogo, apelidado de “feijão com arroz”, mas que nos últimos anos lhe rendeu o bicampeonato na Copa do Brasil (com São Paulo no ano passado, e Flamengo em 2022), e uma Libertadores (também como Rubro-Negro carioca em 2022).

“Eu fico muito tranquilo. Minha primeira equipe, o Figueirense, depois a quarta equipe, o Figueirense, a décima equipe que foi o Santos de 2010, a penúltima o Flamengo, a última o São Paulo. Todas jogavam de uma forma diferente. Então esse feijão com arroz tinha sempre um tempero diferente de cada estado. Eu ajudei a salvar seis equipes grandes do rebaixamento. E cheguei a decisões importantes de competição. Não voltei três vezes ao Flamengo, duas ao Santos, duas ao São Paulo por acaso. Foi porque deixei algo plantado. Se foi um feijão, ou se foi um arroz, eu acho que agradei. E retornar é muito difícil. Em algumas eu havia ganho campeonatos, em outras não”, concluiu. 

Dorival Jr será apresentado nesta quinta como novo técnico da seleção

A CBF oficializou nesta quarta-feira (10) a contratação do técnico Dorival Júnior para comandar a seleção brasileira masculina de futebol, atualmente sexta colocada nas Eliminatórias Sul-Americana para a Copa do Mundo de 2026. O treinador será apresentado às 15h (horário de Brasília) desta quinta (11), na sede da entidade, no Rio de Janeiro, e concederá a primeira entrevista coletiva à imprensa. 

Dorival Júnior é o novo treinador da Seleção Brasileira Masculina. A entrevista coletiva com o técnico será realizada nesta quinta-feira (11), às 15h, na sede da CBF, no Rio de Janeiro (RJ). pic.twitter.com/7Ca1mMCXPX

— CBF Futebol (@CBF_Futebol) January 10, 2024

A saída de Dorival Jr do São Paulo, com o objetivo de assumir a seleção brasileira, foi anunciada no último domingo (7) pelo próprio clube paulista. O treinador substituirá Fernando Diniz, demitido na sexta (5) por Ednaldo Rodrigues, um dia após ele ter sido reconduzido à presidência da CBF, por decisão liminar de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal.

No ano passado, Dorival Jr faturou o título inédito da Copa do Brasil para o São Paulo. Em 2022, o treinador já se destacara à frente do Flamengo, ao reerguer o time no meio do ano e conquistar a Copa do Brasil e a Libertadores.

Os primeiros compromissos da seleção brasileira sob comando de Dorival Jr serão dois amistosos na Data Fifa (entre 18 e 16 de março). A partida contra a Espanha segue sem data definida, mas o segundo jogo, contra a Inglaterra está programado para 23 de março, no Estádio de Wembley, em Londres.

¡Así quedaron conformados los grupos de la CONMEBOL #CA2024! 🏆

Assim estão formados os grupos da CONMEBOL #CA2024! 🤩

Here’s how the CONMEBOL final draw for #CA2024 shaped up! ⚽ #VibraElContinente #VibraOContinente #RockingTheContinent pic.twitter.com/lm1ZtcbAfM

— CONMEBOL Copa América™️ (@CopaAmerica) December 8, 2023

Os confrontos servirão de preparação para a Copa América, de 20 de junho a 14 de julho, nos Estados Unidos. No início de junho, a seleção disputará dois amistosos pelo segundo período de Data Fifa de 2024, entre 3 a 11 de junho (adversários seguem indefinidos).

Em 5 de setembro, o Brasil volta a competir as Eliminatórias do Mundial de 2026. O adversário na oitava rodada será o Equador, atual quinto colocado na classificação geral. Cinco dias depois, a seleção encara o Paraguai. O país disputará ainda outras quatro rodadas até 19 de novembro.

Técnico Dorival Jr deixa o São Paulo para assumir seleção brasileira

O treinador Dorival Júnior, atual campeão da Copa do Brasil pelo São Paulo, assumirá o comando técnico da seleção brasileira masculina de futebol. Por meio do Twitter, o próprio Tricolor Paulista confirmou a saída do treinador, após o desligamento do clube.Dorival será anunciado nos próximos dias pela CBF como novo treinador da seleção, no lugar de Fernando Diniz, demitido na última sexta-feira (7).

“É a realização de um sonho pessoal, que só foi possível porque tive o reconhecimento do trabalho desenvolvido no São Paulo. Por isso tenho de agradecer por ter feito parte desse importante período de reconstrução, liderado com competência pela presidência e pela diretoria”,  disse Dorival, de 61 anos, em comunicado feito neste domingo (7) à direção do Tricolor Paulista. 

Nos últimos anos, Dorival Júnior conquistou dois títulos da Copa do Brasil – o mais recente como São Paulo, e o anterior com o Flamengo – e uma Copa Libertadores, também com o Fla em 2022.  – Reuters/Ivan Alvarado/Direitos Reservados

Além da passagem exitosa pelo São Paulo, com a conquista do inédito título da Copa do Brasil no ano passado, Dorival já havia se destacado na temporada de 2022 com o Flamengo. O treinador reergueu o clube carioca no meio temporada de 2022, quando assumiu o time, e fechou o ano com dois títulos: Copa do Brasil e Copa Libertadores. Antes, em 2010, comandou o Santos, repleto de jovens jogadores como Neymar e Paulo Henrique Ganso, à conquista da Copa do Brasil. 

“O convite feito ao Dorival é mais uma prova de que estamos no caminho certo. Em 2021, a CBF já havia chamado Muricy Ramalho, que seguirá no São Paulo até o fim da minha gestão. Agora, foi a vez do Dorival, que tinha uma proposta de reajuste e ampliação do contrato com o São Paulo também até o fim da minha gestão, em 2026, com todas as garantias para uma estabilidade. Resta desejar boa sorte em seu novo desafio”, disse Júlio Casares, prresidente do São Paulo Futebol Clube Julio Casares.

Dorival Júnior assumirá a seleção brasileira em sexto lugar nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026, com sede nos Estados Unidos, Canadá e México. Nas últimas seis partidas, sob comando de Diniz, a seleção colecionou três derrotas, um empate e duas vitórias. 

Nascido em Araraquara (SP), Dorival passou a ser o preferido do presidente da CBF Ednaldo Rodrigues para dirigir a seleção, após o técnico italiano Carlos Ancelotti renovar seu contrato com o Real Madrid (Espanha). Desde março de 2023, Ednaldo Rodrigues alardeava que Ancelotti seria o substituto de Tite no comando da seleção, mas o sonho ruiu em 29 de dezembro, quando o italiano renovou o vínculo com o Real.

Filhos, ex-jogadores e fãs celebram legado de Zagallo

Alegria, simplicidade e amor à seleção. Essas são as palavras mais usadas por aqueles que compareceram neste domingo ao velório do tetracampeão Mário Jorge Lobo Zagallo. Familiares, jogadores, jornalistas esportivos, dirigentes de clubes e admiradores compareceram à sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro para prestar as últimas homenagens a um dos maiores nomes do futebol no Brasil e no mundo.  

Na fachada do edifício e nas paredes internas onde era realizado o velório, muitas imagens da carreira de Zagallo preenchiam os espaços e dezenas de coroas de flores enfeitavam o caminho. Zagallo estava lá, ao lado de troféus e taças, muitos dos quais ele ajudou a conquistar. 

No velório, o filho de Zagallo, Paulo Zagallo, estava muito grato a todo o carinho recebido tanto no Brasil quanto no exterior. “Para mim, é uma satisfação de ter sido filho do meu pai, por tudo que ele representou para o futebol brasileiro e mundial”, diz.

Ele conta que Zagallo sempre foi um pai presente, que reunia a família para almoços aos domingos. Nessas ocasiões, eles evitavam de falar de futebol e tentavam concentrar nos assuntos de família.

“Meu pai tinha um carisma muito grande em relação aos atletas. Todos os atletas gostavam muito do meu pai, da maneira dele se dirigir aos atletas, de conduzir um grupo até mesmo de atletas de várias estrelas não só na seleção como em clubes. Meu pai dava liberdade aos jogadores, de falar, de opinar. Ele conversava a parte tática do time juntamente com os atletas”, diz Paulo.  

No final da vida, Zagallo estava morando com o outro filho, Mário Cesar Zagallo, e segundo Paulo, estava totalmente lúcido. “Foi da vontade de Deus ele descansar”. 

A família recebeu do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, réplicas das taças das Copas do Mundo das quais Zagallo participou da conquista seja como atleta ou treinador. Rodrigues ressaltou o carinho que Zagallo tinha pela seleção e disse que isso deve servir de inspiração para os novos atletas. “É um momento importante para que possam novamente aproveitar desse legado de vontade e de determinação, tanto como atleta, quanto como treinador e torcedor. Que cada um desses atletas possa resgatar o trabalho que o Zagallo desenvolveu e se inspire nele para saber que a camisa da seleção brasileira tem que ser uma camisa honrada, abençoada e sempre defendida com muita altivez.” 

Carinho pela seleção  

Ex-jogadores e dirigentes de clubes prestaram homenagens e relembraram, com carinho, momentos vividos com o treinador. Para o ex-jogador da seleção brasileira e vice-presidente da Federação Paulista de Futebol. Mauro Silva, Zagallo deixa um trabalho para além dos campos e da parte técnica, deixa a alegria e o carisma. “Você encontrar um monstro, um ícone do futebol brasileiro, tão simples, com tanta energia e com tanto carisma, isso foi contagiante e ajudou muito. Me ajudou a me adaptar e a me sentir bem na seleção brasileira e, consequentemente ajudou, muito na conquista do tetracampeonato”, lembrou.

Mauro Silva diz que o acolhimento que recebeu, fez toda a diferença. “Eu era um garoto saindo do time do interior, chegar na seleção encontrar um monstro como o Zagallo, ver aquela alegria, aquele entusiasmo, a forma como ele acolhia os jogadores mais jovens, para mim me fez um bem danado e me fez me sentir muito feliz e muito à vontade na seleção brasileira e, consequentemente, isso faz você entrar no campo mais feliz e render mais para conquistar cada vez mais”.

O ex-jogador Iomar do Nascimento, mais conhecido como Mazinho, conta que ele foi o grande beneficiado por ter conhecido e trabalhado com Zagallo. “Fui beneficiado de poder entrar no time, de poder jogar uma Copa do Mundo, de poder me encaixar numa situação tática que ele determinou junto com o Parreira. Eu fui um dos beneficiados de tudo isso. Então, um legado importante que tenho dele é o respeito e saber que essa camisa amarela é muito importante para todos os jogadores que passam por aqui.”.  

Questionado sobre a grande presença de ex-jogadores e a ausência de muitos jogadores atuais, Mazinho disse que acredita que eles gostariam muito de estar presentes. “Eu acho que há outras situações que se tem de não poder vir, alguma coisa que passa na vida de cada um. No do Pelé, eu lamentei muito de não ter ido. Estava fora do Brasil. Eu não vivo no Brasil. Acho que cada um tem uma razão, mas acredito que todos gostariam de estar presentes”. 

Momentos marcantes  

O ex-jogador Leandro Ávila estava no Flamengo quando Zagallo, e quando conquistou o título do campeonato Carioca e a Copa dos Campeões de 2001. Segundo ele, o que fica é a simplicidade. “Ele simplificava tudo. Tudo que a gente fazia dentro do treino era exatamente que fazia dentro de campo. Então, todo mundo se entendia. A simplicidade que ele tinha com a gente, isso tudo vai ficar guardado, e não é qualquer treinador que tem isso, ele transmitia isso muito facilmente para a gente”, diz.  

Ele conta também que Zagallo era mais “emoção do que razão”. Na conquista da Copa dos Campeões em 2001, ele lembra de olhar para o treinador durante o jogo: “E ele estava meio que passando mal, parecia que ia ter um treco. Um cara totalmente emoção, às vezes mais que razão. E isso ele demonstrava. [A gente] sentia essa coisa boa vindo dele, essa simplicidade”, lembra. 

Para o presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, o momento mais marcante de Zagallo foi na Copa de 1998, na disputa de pênaltis entre Brasil e Holanda. “A maneira como ele se entregou naquele dia ao time, pegando jogador por jogador, olhando no olho e dizendo que a gente ia passar. Acho que, para mim, é a imagem que mais me marca, de amor, de perseverança, de acreditar no resultado, de que ia chegar em mais uma final de Copa do Mundo, aquela imagem me marcou muito. Eu tinha 20 anos de idade na época e nunca esqueci aquele momento”, conta. 

Já o presidente do Botafogo, Durcesio Mello, diz que um dos motivos que passou a torcer pelo time foi Zagallo. “Ele foi jogador e técnico do Botafogo no time mais vitorioso que o Botafogo já teve, que é a geração de 1967/1968. Então é de uma importância. Vai deixar uma saudade enorme para a gente enquanto botafoguense”.   

Segundo ele, Zagallo foi um revolucionário do futebol. “Como jogador, ele foi o primeiro ponta recuado e, depois, colocou cinco camisas 10 para jogar juntos na seleção brasileira de 1970. Ele é um revolucionário, amante da seleção, da amarelinha, como ele chamava. E um botafoguense como eu. Conheci Zagallo há muito tempo e devo muito a ele. Sou botafoguense um pouco por causa dele”, conta. 

Familiares e fãs prestam homenagens a Zagallo em velório na CBF

O corpo do tetracampeão Zagallo está sendo velado neste domingo (7), na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. No local, onde imagens da carreira de Zagallo preenchem as paredes, familiares, jogadores e admiradores prestam homenagens e relembram momentos marcantes da carreira do ex-técnico.

O enterro está marcado para as 16h no cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio.

Foram entregues dezenas de coroas de flores com homenagens de clubes de futebol, do Comitê Olímpico do Brasil, de jogadores e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da primeira dama Janja Lula da Silva.

O corpo de Zagallo está ao lado de diversos troféus, taças e de murais que contam a história do futebol brasileiro.

O ex-jogador Mauro Silva, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, o comentarista esportivo Léo Batista, e o presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, foram alguns dos que já estiveram no velório e prestaram homenagens.

Zagallo morreu às 23h41 desta sexta-feira (5), por falência múltipla dos órgãos, aos 92 anos. Ele estava internado desde o final do ano passado no Hospital Barra D’Or.

Entidades e clubes de futebol prestam homenagens a Zagallo

As homenagens a Mario Jorge Zagallo, o maior conquistador de Copas do Mundo – duas como jogador (1958 e 1966) e duas na equipe técnica (1970 e 1994) – circulam pelos sites e pelas redes sociais dos principais clubes de futebol do país. O Velho Lobo, como era conhecido, morreu na noite desta sexta-feira (5), aos 92 anos. Zagallo foi também lembrado pelas confederações de futebol do Brasil e da América do Sul e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em sua página no X, antigo Twitter, Lula lembrou que, além de ser um dos maiores jogadores e técnicos de futebol de todos os tempos, Zagallo foi “um grande vencedor e símbolo de amor pela seleção brasileira e pelo Brasil”.

“Corajoso, dedicado, apaixonado e supersticioso, Zagallo era exemplo de brasileiro que não desistia nunca. É essa lição e espírito de carinho, amor, dedicação e superação que ele deixa para todo o nosso país e para o futebol mundial. Nesse momento de despedida, minha solidariedade aos familiares de Zagallo, seus filhos e netos, aos amigos e aos milhões de admiradores”, postou o presidente.

CBF e Conmebol

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) decretou luto de sete dias “em homenagem à memória do seu eterno campeão”. O presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, classificou Zagallo como “lenda” e assumiu o compromisso de reverenciar seu legado.

A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) lembrou que Zagallo é o “único tetracampeão mundial como jogador, técnico e assistente” e desejou condolências aos familiares e amigos do “astro brasileiro”.

Clubes

Zagallo foi também lembrado pelos principais times do país. O atual campeão brasileiro, Palmeiras, lamentou a perda do ídolo e técnico da seleção brasileira. “É uma perda imensurável para o esporte! Nossas condolências aos familiares, amigos e fãs neste momento de profunda dor. Descanse em paz, Velho Lobo.”

O Flamengo destacou que Zagallo “moldou a história do futebol brasileiro”, e que ele “entra para a eternidade como um revolucionário, um pilar histórico do esporte”, além de pioneiro e recordista. “O Velho Lobo voltou à história do Mais Querido no comando técnico. Era ele o comandante no título carioca de 1972 e em 2001, quando vencemos a Copa dos Campeões – e quem não lembra da vibração dele, de colete por cima do Manto Sagrado, quando Pet nos garantiu o quarto Tricampeonato, aos 43 do segundo tempo?”, destacou o clube.

Outros clubes cariocas que, a exemplo do Flamengo, tiveram o privilégio de ver sua camisa no Velho Lobo, também se manifestaram. Em tom de agradecimento, o Botafogo lamentou a partida “de um dos seus maiores ídolos, campeão como jogador e treinador, com um currículo vitorioso e notável no esporte, uma verdadeira lenda do futebol brasileiro”. “Desejamos força aos familiares, amigos e fãs. Seu legado no Glorioso e no futebol jamais será esquecido. Descanse em paz, Velho Lobo!”

Atual campeão da Libertadores, o Fluminense lembrou a passagem de Zagallo pelo time. “Uma das grandes lendas da história do futebol brasileiro e mundial e campeão pelo Tricolor”, postou o clube. “Toda a nossa força e os nossos sentimentos aos amigos, familiares e fãs de um ídolo eterno”, complementou.

O Vasco também lembrou as conquistas obtidas por seu time com a ajuda do ex-jogador e técnico. “Zagallo defendeu as cores do Vasco da Gama em duas oportunidades, ambas na função de treinador, com 49 vitórias, 34 empates e 16 derrotas. O Velho Lobo conquistou três títulos pelo Gigante da Colina: o Troféu Colombino de 1980, a Taça Gustavo de Carvalho de 1980 (equivalente ao segundo turno Estadual) e a Taça Adolpho Bloch de 1990.”

Além do Palmeiras, os principais times de São Paulo também usaram de suas redes sociais para prestar homenagens ao Velho Lobo. “O Santos FC lamenta profundamente o falecimento de Mário Jorge Lobo Zagallo, uma das maiores lendas que o futebol já conheceu. Zagallo Eterno tem 13 letras. O nosso Rei Pelé te espera no reino sagrado. Obrigado por tudo, Velho Lobo!”, publicou o Santos.

O Corinthians disse que se despede de “um dos maiores brasileiros de todos os tempos”. “Obrigado por tudo que fez pelo nosso futebol, Zagallo. Nossa gratidão a você, Velho Lobo!”. O São Paulo também lamentou o falecimento e lembrou que, além de tetracampeão mundial pelo Brasil, Zagallo “marcou história no nosso futebol, como atleta, treinador e dirigente”.

Os dois principais times do Rio Grande do Sul – Grêmio e Internacional – também prestaram suas homenagens. O tricolor gaúcho disse que uma lenda imortal das quatro linhas partiu, “mas deixa para todos um legado de conquistas e perseverança”.

Já o Internacional disse que recebeu com “imenso pesar” a notícia do falecimento, e lembrou que Zagallo, pelo bicampeonato mundial como atleta e pelo comando da seleção de 70, bem como pela coordenação técnica na conquista do tetra mundial brasileiro “será sempre lembrado como um dos maiores nomes da história do futebol. Descanse em paz, gigante”.

As homenagens chegaram também dos três principais clubes de Minas Gerais. “O futebol brasileiro está de luto. O Cruzeiro lamenta o falecimento de Mário Jorge Lobo Zagallo. O único a participar da conquista de quatro títulos de Copa do Mundo. Seu trabalho como jogador e técnico estará pra sempre na nossa história. Descanse em paz, Velho Lobo”, tuitou o Cruzeiro.

O Atlético Mineiro disse que o futebol se despede de um dos seus grandes nomes. “O Galo lamenta o falecimento do lendário Zagallo, tetracampeão mundial pela Seleção Brasileira e grande ídolo nacional. Nos solidarizamos com a família, os fãs e amigos do Velho Lobo”.

O América de Minas Gerais disse que a contribuição e o legado de Zagallo para o futebol brasileiro e mundial jamais serão esquecidos. “Desejamos muita força aos familiares e amigos neste momento difícil. Descanse em paz, Zagallo”.

Zagallo craque: 13 letras e uma vida a serviço da seleção brasileira

“Brasil campeão tem 13 letras”. Escutar essa frase é lembrar de Mário Jorge Lobo Zagallo. Uma das razões é o apego dele ao número 13, que surgiu com a esposa Alcina, devota de Santo Antônio (cuja data é comemorada em um dia 13). A outra é a história vitoriosa, de mais de meio século, dedicada à seleção brasileira – dentro ou fora de campo.

Simplesmente quatro dos cinco títulos mundiais da seleção amarelinha tiveram participação do Velho Lobo: dois como atleta, um como técnico e um como coordenador técnico.

Mário Jorge Lobo Zagallo morreu às 23:41 desta sexta-feira (5). O velho Lobo, tetracampeão mundial como jogador, técnico e auxiliar técnico com a Seleção Brasileira, tinha 92 anos. O Hospital Barra D’Or, onde o ídolo estava internado desde o final do ano passado, comunicou que ele não resistiu a uma falência múltipla de órgãos resultante de progressão de múltiplas comorbidades previamente existentes.

 A Confederação Brasileira de Futebol decretou também luto de sete dias em homenagem à memória do seu eterno campeão. Em nota, o presidente da CBF Ednaldo Rodrigues lamentou a morte da “lenda”: 

“A CBF e o futebol brasileiro lamentam a morte de uma das suas maiores lendas, Mário Jorge Lobo Zagallo.  A CBF presta solidariedade aos seus familiares e fãs neste momento de pesar pela partida deste ídolo do nosso futebol.”

O velório será na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, a partir das 9h30 deste domingo. A solenidade será aberta ao público. O sepultamento ocorrerá às 16h do mesmo domingo no Cemitério São João Batista.

Trajetória

Zagallo estava internado desde o final do ano passado e morreu de falência múltipla dos órgãos – Instagram/ZagalloOficial

Zagallo era alagoano de Atalaia, nascido em 8 de agosto de 1931. Antes de completar um ano, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. O talento com a bola nos pés chamou atenção na peneira em que foi aprovado para o time infantil do América-RJ, na Tijuca, bairro da zona norte carioca onde morava. Pelo Mecão, foi campeão carioca de Amadores em 1949, como juvenil, antes de se transferir para o Flamengo.

Antes de brilhar no Rubro-Negro, onde foi tricampeão carioca (1953 a 1955), ele foi recrutado pelo Exército. Em 1950, trabalhando como segurança no Maracanã, viu de perto o uruguaio Alcides Ghiggia silenciar o Maior do Mundo e adiar o sonho do então inédito título mundial brasileiro. História que o então soldado Zagallo ajudaria a mudar anos depois.

A conquista da Taça Oswaldo Cruz (disputada pelas seleções de Brasil e Paraguai) em 1958 foi o começo da trajetória de Zagallo na seleção. Ele vestiu a amarelinha em 36 ocasiões e marcou seis gols. Um na final da Copa do Mundo daquele ano, na vitória por 5 a 2 sobre a anfitriã Suécia, estampando a primeira estrela no peito brasileiro. E o ponta-esquerda deixou clara a importância tática – defensiva e ofensiva – que lhe rendeu o apelido “formiguinha”.

Foi também em 1958 que a passagem de Zagallo pelo Flamengo chegou ao fim, com a mudança para o Botafogo. Foram sete anos na Estrela Solitária, ao lado de Nilton Santos, Didi e Garrincha, com dois títulos cariocas (1961 e 1962) e dois Torneios Rio-São Paulo (1962 e 1964). Foi também vestindo a camisa alvinegra que o ponta-esquerda ajudou o Brasil a erguer a taça Jules Rimet pela segunda vez, em 1962, no Chile.

Treinador

Zagallo deixou os gramados aos 34 anos, iniciando a carreira como treinador. Em 1966, assumiu justamente o Botafogo, sendo bicampeão carioca (1967 e 1968) e conduzindo o Glorioso ao primeiro título brasileiro, em 1968.

Às vésperas da Copa do Mundo de 1970, o Velho Lobo foi chamado para comandar o Brasil no México. Ele teria menos de cem dias para trabalhar. Ainda assim, decidiu mexer no time que era de João Saldanha. Uma das alterações mais marcantes foi a escolha dos cinco jogadores mais avançados. Com Gérson, Rivellino, Tostão, Pelé e Jairzinho, todos camisas 10 nos respectivos clubes, a seleção conquistou o tri.

Após dirigir o Brasil na Copa de 1974, Zagallo passou por diferentes clubes e países (Kuwait, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos), até retornar à seleção em 1991, como coordenador técnico. Ao lado de Carlos Alberto Parreira, fez parte da comissão do tetracampeonato mundial, sendo escolhido para suceder o treinador campeão.

A nova passagem à frente da amarelinha teve momentos amargos, como a eliminação na semifinal da Olimpíada de Atlanta (Estados Unidos) para a Nigéria, mas também de conquistas, como a da Copa das Confederações e da Copa América, ambos em 1997. Esta última foi especial, por ser a primeira do Brasil longe de casa. Após derrotar a anfitriã Bolívia na final, por 3 a 1, na altitude de La Paz, o Velho Lobo disparou contra os críticos a famosa frase: “Vocês vão ter que me engolir!”.

Zagallo recebe uma réplica da taça Jules Rimet, nos 50 anos do Tricampeonato Mundial – CBF/Arquivo Pessoal/Direitos reservados

O vice-campeonato mundial na França, em 1998, deu fim à segunda passagem de Zagallo no comando da seleção brasileira.

Ele dirigiu Portuguesa e Flamengo (onde venceu o Carioca e a Copa dos Campeões de 2001) antes de, depois do penta, em 2002, reeditar a parceria com Parreira, novamente como coordenador técnico. A dupla levantou as taças das Copas América de 2004 e das Confederações de 2005. O adeus nas quartas de final da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, foi também o último trabalho do Velho Lobo, aos 75 anos.

Foram 135 partidas à frente do Brasil, com 79,7% de aproveitamento, sendo o treinador com mais jogos no comando da seleção. Como coordenador, ele participou de outros 72 jogos (65,7% de aproveitamento). Pois é, “Zagallo craque” não tem 13 letras a toa.

*Colaborou o repórter Juliano Justo, da EBC

Após renovar com Real, Ancelotti quebra silêncio sobre convite da CBF

Quatro dias após renovar seu contrato com o Real Madrid (Espanha), o técnico italiano Carlo Ancelotti falou pela primeira vez, nesta terça-feira (2), sobre o convite que recebeu para comandar a seleção brasileira. Em março de 2023, o nome do treinador foi citado pelo então presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, destituído do cargo no início de dezembro, como seu preferido para assumir o cargo. Durante a apresentação de Fernando Diniz como técnico-interino da seleção em julho, o ex-dirigente afirmou em entrevista à Reuters que Ancelotti estaria “com certeza” à frente do escrete canarinho. No entanto, nos últimos meses, Ancelotti sempre se esquivou de perguntas sobre o assunto “seleção”.  

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— Real Madrid C.F. (@realmadrid) January 2, 2024

“A realidade é o que todo mundo sabe e o Real Madrid também, que eu tive contato com o presidente [da CBF] naquele período, que era o Ednaldo Rodrigues. Quero agradecer a ele pelo carinho e pelo interesse para que eu treinasse a seleção brasileira, isso me fez muito orgulhoso e honrado. Aconteceu que o Ednaldo não é mais presidente da confederação. No fim das contas, as coisas foram como eu queria, que era continuar aqui”, revelou Ancelotti, durante coletiva de imprensa.

O contrato do treinador italiano com o Real expiraria em julho, mas o clube espanhol de antecipou e prorrogou o vínculo com Ancelotti até julho de 2026. A renovação frustrou as expectativas de a seleção brasileira ser comandada por um técnico estrangeiro pela primeira vez na história. 

“Posso pensar em [treinar] uma seleção nacional. Ser técnico da seleção é um grande sonho, mas não sei se em 2026 o Brasil vai me querer. Não sei se estão contentes com a minha decisão”, disse o treinador, que comanda o Real desde 2021, em sua segunda passagem pelo clube (a primeira foi de 2013 a 1015).

O histórico profissional do técnico italiano, de 64 anos, inclui títulos nas principais ligas da Europa (Espanha, França, Inglaterra, Alemanha e Itália). Com o Real, Ancelotti conquistou a liga espahola (La Liga), a Liga dos Campeões da Europa e dois Mundais de Clubes da Fifa. Ancelotti também mencionou seu planos para o futuro depois de concluir o ciclo como técnico do time espanhol.

Em Brasília, ano-novo na Praça dos Orixás celebra resistência negra

O toque dos atabaques às margens do Lago Paranoá marca as comemorações da virada do ano para os adeptos de religiões de matriz africana no Distrito Federal. A tradicional festa, realizada na Praça dos Orixás, ponto de referência do povo dessas religiões e da população de Brasília, reúne centenas de pessoas e é um momento de celebração às divindades, com pedidos aos orixás, em especial Iemanjá, oferta de passes, rodas de celebração e muitas oferendas.

A tradicional virada também conta com diversas atrações culturais, a exemplo de rodas de samba e bloco afro. Este ano, a programação da virada tem início às 18h com o Aruc Samba Show, Samba e Magia, Bom Partido e Carol Nogueira, Asé Dudu e o grupo Obará.

Mas se engana quem pensa que a celebração se resume à virada do ano. Nesse sábado (30), a Prainha, como é conhecida a praça, recebeu os devotos para a amarração dos ojás, o turbante usado nas cabeças, um xirè com canto para as yabás (orixás femininos) e um plantio de baobá para demarcar o solo sagrado. O gramado da orla foi, aos poucos, sendo ocupado por famílias, amigos e representantes de terreiros para a celebração que contou com apresentações do grupo cultural Obará, da cantora Renata Jambeiro, da banda 7 na Roda acompanhada de Kiki Oliveira e da artista Dhi Ribeiro.

“A prainha é uma referência. Então nós estamos aqui dando esse toque de alegria, de beleza, de natureza, de momento bom, de sensibilidade, de espiritualidade. Estamos aqui, justamente, dizendo para o ano, a gente está agradecendo a ele pelas coisas boas, pelas coisas ruins, mas a gente também vai receber o ano vindouro. E pedir a nosso Deus, pedir a Oxalá, pedir aos nossos orixás, pedir àqueles que acreditam, seja lá em quem for, que peçam também para que esse ano de 2024 seja um ano de paz, de alegria, de amor, de sensibilidade, de felicidade, de amor, muito amor no coração das pessoas e muita empatia”, disse à Agência Brasil Adna Santos, mais conhecida como a Yalorixá do Ilê Axé Oyá Bagan mãe Baiana de Oyá, uma das organizadoras da festa.

Prainha é tradicional ponto de celebração da virada do ano em Brasília – Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Mas nem tudo são oferendas e flores. Em anos passados, a festa das religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, enfrentou dificuldades, e a Prainha chegou a ser até depredada, em claro sinal de intolerância religiosa e de racismo. Em agosto de 2021, a estátua de Ogum foi encontrada destruída. A imagem foi derrubada do pedestal e desfeita em cinzas. Sua cabeça foi arrancada e pendurada em uma das árvores próximas.

Como resposta, as lideranças dos povos tradicionais de matriz africana se reuniram no local, um dia após o vandalismo, para um ato contra o racismo. Eles também denunciaram o abandono do espaço e outros ataques às imagens da Praça dos Orixás, ocorridos desde a sua inauguração, em 2000.

“Então, os anos anteriores, nós não tivemos, sempre fizemos essa festa lá na Prainha, por cima de pau e pedra, no peito, com a resistência que nós temos aqui em Brasília. A gente criou um grupo de religiosos que tem uma resistência que é fundamental para essa cidade. Um grupo que preserva, que conserva, que respeita, e aí a gente vem ao longo desses anos fazendo esse trabalho de excelência na Praça dos Orixás”, contou.

Este ano, o governo do Distrito Federal instalou na Praça dos Orixás câmeras de videomonitoramento em tempo real. A medida visa contribuir com a segurança da Prainha nas comemorações de ano-novo, e o equipamento deve permanecer no local após a festa.

Programação para a virada do ano teve início neste sábado na Praça dos Orixás – Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Para Mãe Baiana, que mora no Distrito Federal desde a década de 1980, o próximo ano vai ser de riqueza e prosperidade, devido a Obará. Ela observa também que será um período de muitos desafios, como a preservação do meio ambiente e o combate à fome. A yalorixá enfatiza ainda que a festa é para todas as pessoas, independentemente do credo, e que a Prainha é um ótimo local para acompanhar a queima de fogos de artifícios silenciosos no Distrito Federal que vai durar cerca de 21 minutos de fogos. Tudo com muito axé!

“A gente quer aproveitar para chamar a comunidade, o nosso povo, para vir também, [participar] dessa festa junto com a gente, entendeu? Então é isso, muito axé para todos, tudo de bom, feliz ano-novo, que venha de 2024, um ano que na nossa tradição é seis, a soma de dois e quatro. O número seis é um número que representa a riqueza para nós, então que o ano que venha venha Obará trazendo muita riqueza para a gente, tudo que a gente perdeu no passado, tudo que a gente perdeu o ano passado, que esse ano que vem aqui dobre, venha o dobro”, desejou Mãe Baiana.

“Que a fome possa cessar no mundo, no Brasil, no Distrito Federal; que as pessoas possam lembrar do outro, estender a mão para o outro, que as pessoas possam ser mais maleáveis uns com os outros. Nós vamos precisar um do outro no ano que vem, porque nós temos uma série de problemas, principalmente no meio ambiente”, disse.