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Rio: Plano Diretor pode piorar questão habitacional, dizem urbanistas

Especialistas em planejamento urbano manifestam preocupação com o novo Plano Diretor do Rio de Janeiro, aprovado pela Câmara Municipal na madrugada da última terça-feira (12). O projeto recebeu 1.236 emendas e 473 foram acolhidas. A redação final ainda vai ser encaminhada para sanção ou veto do prefeito Eduardo Paes.

Para Tarcyla Fidalgo, advogada e doutora em planejamento urbano pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o novo plano privilegia a ideia de cidade como mercadoria e coloca questões sociais em segundo plano. 

“Temos mais um Plano Diretor que não está comprometido com os instrumentos de política urbana, que deixa tudo para a legislação posterior. E essa legislação só é estabelecida se for do interesse do mercado imobiliário. Estamos falando de regulamentação feita para empreendedores ou para construções de média e alta renda. É um plano que, mais uma vez, afasta e fecha os olhos para a realidade dos subúrbios e das favelas”, disse Tarcyla, que também é pesquisadora do Observatório das Metrópoles. 

A pesquisadora mostra preocupação específica com a nova possibilidade de regularização fundiária e remembramento de lotes, procedimento pelo qual agora dois ou mais terrenos podem ser unificados. Grupos sociais de menor renda correm o risco de ficar mais vulneráveis em transações imobiliárias. 

“A questão é que você pode regularizar, entregar a escritura para os moradores, e chegar um incorporador imobiliário, por exemplo, no Vidigal, e começar a comprar as casas por um valor bem abaixo do que elas valem. Mas para os moradores vai ser muito dinheiro. O comprador junta todos os terrenos e faz um resort. Isso é muito perigoso para as nossas favelas, principalmente as da zona sul, que despertam maior interesse do mercado”, diz Tarcyla. 

Todo município no Brasil conta com um Plano Diretor para orientar políticas de desenvolvimento e ordenamento urbano. A previsão legal é que ele se estenda por no máximo dez anos. No Rio de Janeiro, o último tinha sido estabelecido em 2011 e, desde 2021, havia muita expectativa por uma revisão. 

O arquiteto e urbanista Filipe Marino, professor da Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), alerta para o item do plano que trata de mudanças no adensamento da cidade. Ou seja, a forma como se pensa a quantidade de pessoas que vivem em determinado local. O caso da zona oeste é considerado o mais crítico, pelas características da região. 

“Aumento da densidade sem um respaldo de infraestrutura, principalmente a de transporte, é ponto preocupante. Precisamos ver o que vai acontecer na zona oeste, porque a distância dos bairros em relação ao centro é grande. Há uma massa expressiva de pessoas que fazem esse movimento diário em duas ou três horas. Com bairros mais densos, precisamos de grande capacidade de transporte, melhorar a qualidade dos trens, ampliar o BRT [ônibus que circulam em corredores expressos] e chegar com o metrô na região”, diz Marino. 

Outro ponto que precisa ser monitorado, segundo o urbanista, é como vão ser administradas as Áreas de Especial Interesse Social (AEIS). São caracterizadas assim as partes do território demarcadas para assentamentos habitacionais de famílias de baixa renda. 

“O Plano Diretor sinaliza o aumento das AEIS, o que é uma coisa boa, mas os mecanismos de financiamento ainda não estão tão claros. E se não tiver esses mecanismos para habitação de interesse social, não vamos sair muito do panorama em que nos encontramos”, diz Filipe. “Esse é um problema urgente do Rio de Janeiro. Existem leituras de que o novo plano pode aprofundar problemas habitacionais que já existem na cidade”. 

Pontos positivos 

Apesar das preocupações com as mudanças no Plano Diretor, os especialistas destacam que existem avanços em alguns pontos, como a inserção de um capítulo que trata especificamente das favelas no município. 

“Um dos pontos mais importantes é o reconhecimento da favela como uma unidade de planejamento. Você lançar luz e focar nesse planejamento é muito importante. É um reconhecimento tardio. Mas, considerando essa modalidade de moradia, que é muito expressiva no Rio de Janeiro, quase metade da população mora em assentamento com algum nível de precariedade. A cidade só tem a ganhar ao trazer esse ponto para discussão e formalização”, diz Filipe Marino. 

“Esse capítulo foi fruto de um esforço coletivo de várias entidades da sociedade civil, vários profissionais, técnicos da área, que trabalharam em conjunto no texto. Na sua versão original, era um texto bastante amplo, bastante completo, tentando dar conta dos desafios do direito à terra, da questão fundiária, da regularização das casas. Mas também apontando para alguns desafios urgentes como a justiça climática e o risco dos desastres ambientais. A gente sabe que ele perdeu um pouco da densidade e vários dispositivos que eram mais enfáticos sobre as obrigações do Poder Público foram vetados. Mas mesmo ele tendo sido mutilado, o fato de ter entrado no Plano Diretor é, por si só, muito simbólico”, explica Tarcyla Fidalgo. 

Com caso Joca, aéreas estudam rastrear animais transportados em voos

As companhias aéreas informaram nesta quinta-feira (25) estudar, em caráter emergencial, a possibilidade de rastrear os animais transportados no porão das aeronaves para voos. A informação foi divulgada pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, em uma rede social. Representantes das empresas Gol Linhas Aéreas, Latam e Azul Linhas Aéreas reuniram-se com o Ministério de Portos e Aeroportos e a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

No encontro, comprometeram-se ainda em apresentar, em dez dias, propostas e sugestões para melhorar as condições do transporte aéreo de animais em voos domésticos e internacionais.

Ministro Silvio Costa Filho em reunião com representantes da Gol, Latam e Azul, em Brasília, sobre transporte aéreo de animais: Foto: Ministro Silvio Costa Filho/Rede X

A reunião ocorre após a morte do golden retriever Joca, de 5 anos, na última segunda-feira (22), depois de ter sido enviado para o destino errado pela Gol.  

Procurada pela Agência Brasil, a presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Jurema Monteiro, disse que o setor irá contribuir para a solução. “Nós, do setor aéreo, estamos juntos com o Ministério dos Portos e Aeroportos imbuídos em contribuir, garantindo acima de tudo a segurança, que é um elemento fundamental e prioritário do transporte aéreo”, declarou.

Política nacional

O ministério adiantou que, até junho deste ano, lançará uma Política Nacional de Transporte Aéreo de Animais (PNTAA) com a finalidade de garantir mais segurança e bem-estar aos animais. O futuro texto levará em consideração as contribuições apresentadas pela sociedade civil, pelo Parlamento e pelas empresas aéreas.

A pasta agendou uma reunião para a próxima terça-feira (30) e irá convidar representantes do Congresso Nacional com objetivo de buscar sugestões para melhorar a qualidade do serviço prestado, além da análise de projetos de lei sobre o tema em tramitação no Congresso Nacional.

A Anac ficará responsável por realizar uma consulta pública para aperfeiçoar os procedimentos. A agência reguladora planeja, também para a próxima semana, em data a ser divulgada, a realização de audiência pública com canais de participação popular.

A audiência busca ainda revisar e melhorar o texto da Portaria 12.307/2023, que regulamenta as condições gerais para o transporte aéreo de animais em voos de passageiros no Brasil.

As regras atuais são válidas para todas as espécies de animais de estimação (pets), incluindo cães-guia e de apoio emocional (animais de companhia que ajudam o indivíduo a lidar com aspectos de saúde mental e emocional).

A portaria ainda trata das obrigações do transportador aéreo, como deixar claro como deve ser despachado o animal (se na cabine de passageiros ou no compartimento de bagagem e carga da aeronave); a cobrança do serviço; espécies admitidas; franquia de peso; e quantidade de animais por voo, entre outras regras.

Medidas

Com a morte de, Gol suspendeu por 30 dias o serviço de transporte de animais no porão das aeronaves.

Nessa quarta-feira, a Anac instaurou processo administrativo para apurar os motivos que levaram à morte do golden e solicitou informações à companhia aérea sobre as condições de transporte dele.

Um dia antes, na terça-feira (23), a Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Senacon/MJSP) notificou a companhia aérea para prestar esclarecimentos.

A Polícia Civil de São Paulo também investigará o caso e aguarda os laudos da necropsia do corpo do animal.

Joca com o tutor João Fantazzini – Foto: João Fantazzini/Instagram

Joca morreu em uma caixa de transporte após a falha no transporte aéreo pela Gol. O animal deveria ter sido levado a Sinop (MT), em um voo de cerca de 2h30 de duração, porém teve o destino alterado por erro. Joca foi transportado para Fortaleza e depois retornou para o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, resultando em cerca de 8 horas dentro de voos. Por uma rede social, o tutor João Fantazzini expressou a tristeza pela perda de Joca. “Você é o amor da minha vida para sempre! Minha saudade vai ser diária!” .

Repercussão

A morte de Joca tem mobilizado manifestações de anônimos, celebridades, autoridades e organizações protetoras de animais, com pedidos de responsabilização dos responsáveis, adoção de medidas seguras nas viagens aéreas de animais domésticos e disseminação de ambientes pet friendly.(locais com estrutura adequada para acolher cachorros e gatos).

A defensora dos animais Luisa Mell cobrou protocolos rígidos de segurança. “Nossos peludos não são objetos! Não podem ser tratados como malas! “Quantos animais terão que morrer para que alguma atitude concreta seja tomada?”, questionou.

O Instituto Patruska de Proteção de Animais e Meio Ambiente pede aos parlamentares a aprovação da Lei Joca, argumentando que porão de avião é um ambiente estranho e inseguro aos animais.

A primeira-dama Janja Lula Silva declarou, na rede X, ao lado do ministro Silvio Costa Filho, que a morte de Joca deixou todos abalados. Os dois citaram medidas adotadas até o momento. 

Diversos tutores têm prestado homenagens a Joca, nas redes sociais, e pedem que os animais sejam tratados com dignidade nos aviões. Em um vídeo, quatro cães da mesma raça de Joca, um poodle, um vira-lata (sem raça definida) e três gatos exibem cartazes pedindo justiça por Joca e dizem que não são bagagem.

Biden assinará hoje pacote de ajuda para Ucrânia, Israel e Taiwan

Joe Biden

24 de abril de 2024

 

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que assinará uma legislação na quarta-feira fornecendo US$ 95 bilhões em ajuda para a Ucrânia, Israel e Taiwan, depois que o Senado deu sua aprovação na terça-feira.

A votação por 79-18 ocorreu após meses de atrasos, que incluíram a aprovação de uma medida semelhante pelo Senado e a recusa dos líderes na Câmara dos Representantes de realizar uma votação própria em meio a divergências sobre o envio de ajuda ao exterior e as prioridades de segurança internas.

A Câmara renovou o esforço após negociações entre os líderes do Congresso para superar as objeções, aprovando finalmente a medida por uma votação de 311-112 no sábado.

A batalha da Ucrânia contra uma invasão russa é o foco principal do pacote, com 61 mil milhões de dólares destinados a essa luta.

A conta também inclui 26 mil milhões de dólares para Israel, numa altura em que este combate os militantes do Hamas na Faixa de Gaza, e 8 mil milhões de dólares para combater as acções da China que ameaçam Taiwan e outros aliados na região Indo-Pacífico.

Biden disse em comunicado logo após a votação no Senado que os Estados Unidos poderiam começar a enviar armas e equipamento militar para a Ucrânia esta semana.

“Esta legislação crítica tornará a nossa nação e o mundo mais seguros à medida que apoiamos os nossos amigos que se defendem contra terroristas como o Hamas e tiranos como o [presidente russo Vladimir] Putin”, disse Biden.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, tem apelado aos aliados para que forneçam mais ajuda para ajudar os seus militares a enfrentar as forças da Rússia, particularmente para defender as cidades ucranianas dos ataques diários de mísseis e drones.

Zelenskyy agradeceu a Biden, ao líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, e ao líder da minoria no Senado, Mitch McConnell, após a aprovação do Senado, dizendo que a votação “reforça o papel da América como um farol da democracia e líder do mundo livre”.

“As capacidades de longo alcance, a artilharia e a defesa aérea da Ucrânia são ferramentas críticas para restaurar a paz justa mais cedo”, disse Zelenskyy.

Schumer disse na terça-feira que os Estados Unidos em breve entregarão munições e defesas aéreas para ajudar a Ucrânia a resistir à Rússia, enviarão ajuda a Israel para combater o Hamas e enfrentar o Irão, distribuirão alimentos e medicamentos aos civis em Gaza e ajudarão os aliados a resistir à China.

“Dizemos aos nossos aliados que estamos com vocês. Dizemos aos nossos adversários: não mexam conosco”, disse Schumer.

McConnell disse ao Senado antes da votação que o mundo estava atento para ver como os legisladores agiriam.

“A história registará que, embora os aliados e parceiros possam ter-se preocupado com a profundidade da nossa determinação, mesmo quando Moscovo, Pequim e Teerão ficaram mais convencidos de que a nossa influência tinha chegado ao fim, e mesmo quando altas vozes aqui em casa insistiram em abandonar as responsabilidades de liderança, a América intensificou”, disse McConnell.

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, também agradeceu aos legisladores por aprovarem o projeto de lei de ajuda à segurança, chamando o pacote de “um testemunho claro da força de nossa aliança e envia uma mensagem forte a todos os nossos inimigos”.

Fonte
 

Em meio às tensões na China, Índia entrega mísseis de cruzeiro supersônicos às Filipinas

23 de abril de 2024

 

A Índia começou a entregar mísseis de cruzeiro supersônicos às Filipinas, enquanto os dois países estreitam os laços estratégicos e de defesa em meio às crescentes tensões entre a nação do Leste Asiático e a China sobre disputas marítimas no Mar do Sul da China.

Os mísseis BrahMos estão sendo adquiridos pelas Filipinas sob um acordo de US$ 375 milhões assinado em 2022.

“Agora também exportamos mísseis BrahMos. O primeiro lote deste míssil vai hoje para as Filipinas”, disse o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, na sexta-feira, num comício eleitoral.

A Índia e as Filipinas intensificaram a cooperação em defesa à medida que as preocupações sobre uma China cada vez mais assertiva se aprofundam em ambos os países.

As tensões entre as Filipinas e a China aumentaram ao longo do ano passado, à medida que Pequim, citando direitos históricos, pressiona as suas reivindicações sobre áreas dentro da zona económica exclusiva de Manila. Os esforços para resolver o impasse militar de quatro anos entre Nova Deli e Pequim ao longo da disputada fronteira com o Himalaia fizeram pouco progresso.

Em Nova Deli, analistas dizem que a Índia quer fazer parte de uma reação maior contra a China no Mar da China Meridional, à medida que aumentam as preocupações com as ambições territoriais de Pequim.

“A entrega de mísseis BrahMos às Filipinas não é, por si só, uma mudança de jogo. Mas a ideia é que façamos parte de uma coligação mais ampla de países, incluindo os EUA, que tentam desenvolver a força e reforçar a segurança de países mais pequenos como as Filipinas. É o que chamamos de estratégia de trabalho em rede”, segundo Sreeram Chaulia, reitor da Escola Jindal de Assuntos Internacionais.

As tensões entre as Filipinas e Pequim aumentaram após os recentes confrontos entre as guardas costeiras e outras embarcações dos dois países.

A China, que reivindica quase todo o Mar da China Meridional, destaca navios da guarda costeira para patrulhar o que considera serem as suas águas – além das Filipinas, Pequim também tem disputas marítimas com países como o Vietname, a Indonésia e a Malásia.

Os mísseis fornecidos pela Índia são produzidos em joint venture com a Rússia. Eles são um sistema anti-navio baseado em terra com um alcance de 290 quilômetros. Segundo o acordo, a Índia fornecerá três versões do sistema de mísseis, de acordo com relatos da mídia nacional em Nova Delhi.

O diretor-geral assistente do Conselho de Segurança Nacional das Filipinas, Jonathan Malaya, disse a repórteres em Manila que os mísseis serão implantados pelos fuzileiros navais filipinos.

“Isso acrescenta uma camada importante e prática de dissuasão para as Filipinas em meio aos seus recursos militares limitados em relação à China”, disse à VOA Don McLain Gill, analista geopolítico e professor do Departamento de Estudos Internacionais da Universidade De La Salle, Manila. em comentários enviados por e-mail. Ele disse que os mísseis irão “reforçar a sua defesa costeira para exercer mais eficazmente a sua soberania e direitos soberanos no Mar das Filipinas Ocidental, num momento em que a China tem perseguido incansavelmente as suas ambições expansionistas contra o direito internacional”.

Analistas dizem que a construção da cooperação em defesa com as Filipinas também sinaliza que Nova Deli está agora a ultrapassar o Oceano Índico para contribuir para a manutenção da estabilidade na região Indo-Pacífico.

Durante uma visita a Manila no mês passado, o ministro dos Negócios Estrangeiros indiano, Subrahmanyam Jaishankar, reiterou “o apoio da Índia às Filipinas na defesa da sua soberania nacional”.

Fonte
 

Enchentes históricas esperadas colocam milhões de pessoas em risco no sul da China

21 de abril de 2024

 

Os meios de comunicação estatais chineses dizem que as fortes chuvas na parte sul do país forçaram dezenas de milhares de pessoas a evacuar, destruindo casas e causando múltiplas mortes.

A província de Guangdong, que está sujeita a inundações em Maio e junho, viu um início de temporada mais cedo com as recentes tempestades.

A Agência de notícias chinesa Xinhua disse que pelo menos quatro pessoas morreram e 10 estão desaparecidas, acrescentando que as tempestades que atingiram a área, uma vez apelidada de fábrica do mundo,” podem levar a inundações que não foram vistas em um século.

Muitos rios da região continuam cheios na segunda-feira, a níveis que excedem os limiares de segurança e apresentam graves riscos de inundação.

De acordo com meteorologistas chineses, as tempestades foram estimuladas por uma alta subtropical excepcionalmente forte, um sistema de alta pressão ao norte do equador. A alta subtropical levou a temperaturas mais quentes, o que contribuiu para o recorde de chuvas.

 
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Dois helicópteros da Marinha do Japão caem no oceano deixando um morto e sete desaparecidos

21 de abril de 2024

 

O Ministério da Defesa do Japão diz que dois de seus helicópteros da Força de Autodefesa Marítima parecem ter caído na noite de sábado durante o treinamento noturno nas Ilhas Izu, no Oceano Pacífico.

Um dos oito ocupantes foi confirmado como morto, enquanto as forças de autodefesa continuam a procurar os sete restantes.

Segundo as autoridades, acredita-se que ambas as aeronaves, cada uma transportando quatro pessoas a bordo, tenham caído.

Falando a jornalistas, o Ministro da Defesa, Kihara Minoru, disse que acredita-se que a aeronave tenha caído, uma vez que partes da aeronave foram confirmadas no mar.

Funcionários do Ministério dizem que a comunicação com um dos helicópteros foi perdida na Ilha de Torishima por volta das 10h38 e, um minuto depois, um sinal de emergência foi recebido desta aeronave.

Dizem que cerca de 25 minutos depois disso, por volta das 11h04, perceberam que a comunicação com as outras aeronaves também estava perdida na mesma área.

Os helicópteros SH-60k são principalmente estacionados e operados a partir de destróieres. As duas aeronaves estavam envolvidas em treinamento noturno para procurar submarinos.

A MSDF diz que não havia outras aeronaves nem navios em águas próximas, e o envolvimento de outro país no incidente é improvável.

 
 

Intervenções urbanas mostram Brasília além da oficial

“Vai se amar. Vai se amar. Vai se amar”. “Meu útero é sagrado. Mas é laico”. “A água toma a forma do corpo”. “Obedeça às paredes”. “Paulo, te amo”. “Rebeca, saudades”. “Lembra do meu beijo?”. “Democracia já”. “Não deixe o futuro repetir o passado”. Os passos apressados fazem os olhares misturarem as palavras, as formas e os pensamentos no andar de baixo do Eixo Rodoviário de Brasília, a principal avenida que interliga as asas do Plano Piloto. 

Além das histórias oficiais, que remetem a uma paisagem arquitetônica diferenciada, outro olhar pode ser explorado a partir de um cenário de intervenções urbanas. Brasília, a jovem que completa 64 anos neste domingo (21), também pode ser encontrada na multiplicidade de expressões que buscam definir belezas e desigualdades sob o mesmo céu.

O andar de baixo

Sob o mesmo céu, ou sob o mesmo teto. As passagens por baixo do Eixão são verdadeiras galerias artísticas de grafites, pichações e recados, de amor ou de dor. “Mas, moça, se dores fossem flores, quão florido seria teu coração?”, questiona um verso sem assinatura na passagem próxima à quadra 207, na Asa Norte. A babá Carolina Sales, de 33 anos, olhou para os versos e teve a certeza de que o coração estaria repleto de margaridas, rosas e azaleias. Ela é moradora da cidade de Santo Antônio do Descoberto (GO), no Entorno do Distrito Federal, a duas horas de ônibus de onde trabalha.

Na rotina dela, o caminhar apressado pelas passagens subterrâneas é apenas uma parte do percurso. Precisa correr para pegar o ônibus. No caminho, pensa nos quatro filhos que deixou em casa para poder trabalhar e cuidar de outras duas crianças na casa de uma família que não é a sua. “Fico com o coração apertado sim.  Faço esse mesmo caminho há cinco anos e sempre passo por aqui. Não consigo ler ou ver tudo. Mas acho bom. Além disso, não vou me arriscar a atravessar aqui por cima, pelo Eixão”

Ela tem razão de ter o receio. Segundo o Detran-DF, de 2020 a 2023, oito pedestres e um ciclista morreram ao tentar atravessar a avenida, que tem velocidade máxima de 80 quilômetros por hora. Porém, de acordo com levantamento do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal, mais de 45% dos entrevistados que moram nas redondezas da avenida, têm medo de insegurança. “Por isso que sempre ando rápido”, diz a babá, que sonha ter uma clínica de massagista. Ela acha triste, à noite, haver pessoas em situação de rua que escolhem as passagens como teto e dormitório. 

Na mesma caminhada por essa passarela de intervenções urbanas, a auxiliar de limpeza Jane Silva, de 54 anos, diz que faz o mesmo caminho desde 2019. Ficou pensativa diante do grafite de um animal do cerrado. “Eu já tentei decifrar. Ainda não consegui entender que bicho é esse. Mas, como é na ponta da escada, conforme vou chegando perto do desenho significa que estou perto do meu ponto de ônibus”. Ela mora na região administrativa de Samambaia, a uma hora do trabalho.

Olhares para cima

Sob a luz do céu de Brasília, parte do centro comercial pode ser admirado, como os dormentes do viaduto da Galeria dos Estados que são como molduras de telas. Grafites de diferentes autores e temáticas emolduram também o sonho da desempregada Cristina Carvalho, de 41 anos de idade. 

Com uma placa que ergue com uma das mãos, pede qualquer ajuda. Com a outra mão, segura a vasilha para que alguém compre um docinho. Ela deseja conseguir algum dia adquirir um carrinho para vender açaí. Atualmente, mora de favor com dois filhos na casa de um parente em uma quitinete na Asa Sul. O viaduto da Galeria dos Estados foi pintado por mais de 100 artistas em 2021, durante evento de grafite. As pinturas deslumbram quem passa pelo local. 

Cristina é mãe solo e pensa que precisa sozinha construir sua própria paisagem. “Fico aqui em pé por três horas. Essas obras me fazem companhia. Me fazem refletir sobre a minha vida”. Imagens de animais do cerrado, grafites, versos de amor… “Eu também queria escrever um livro. Já sonhei ser pedagoga. Hoje, queria ter um trabalho fixo como doméstica. Mesmo assim, eu amo Brasília. É a minha cidade. Mesmo quando estou com problemas, esses desenhos me fazem bem”. 

Envolvimento

Uma das artistas grafiteiras que trabalha com cenários de paisagem é Brixx Furtado. Ela começou a pintar com 13 anos de idade. “Eu sempre fui muito tímida. Eu vi no grafite uma possibilidade de poder me aproximar de outras pessoas”. Diz que, ao pintar na rua, se envolver com as pessoas é inevitável. Ela começou com a prática em 2010. “Passei a conhecer outros artistas. O grafite acabou abrindo portas para que eu pudesse estar em outros espaços. Fui convidada para participar de exposições e entrei no cenário da arte de outra forma”, afirma. 

Brixx entende que a cidade pode ser uma grande tela, já que as galerias de artes plásticas nem sempre são acessíveis. “A arte urbana é muito democrática. Como sempre fui uma mulher periférica, a rua é onde me reconheço”. Um dos lugares para reconhecer o trabalho da artista é a W3 Sul, uma avenida que, antes dos shopping centers da cidade,  funcionava como um dos mais importantes pontos comerciais da capital. “Era um lugar muito fácil para eu poder estar. E a W3 tem muita porta de comércio. Hoje, quase todas as portas são grafitadas. Mas era um espaço muito tranquilo para pintar”.

Ela recorda que a avenida era ponto onde muitos grafiteiros gostavam de ir pintar em dia de domingo de manhã. “Um lugar com baixo policiamento. Então, a W3 ficava bem deserta”. Mas aponta que, nos últimos anos, os grafiteiros passaram a ser mais hostilizados pela polícia. “Eu já tive situações onde chegaram apontando a arma. E fui levada no camburão. Apesar de o grafite ter se popularizado e passado a ser visto como menos marginal, apesar de ser completamente ilegal, existem muitas pessoas com o pensamento reacionário”.

Multiplicidade

Foi um pensamento da grafiteira que deu título à pesquisa de doutorado da professora, historiadora e museóloga Renata Almendra: “A cidade toda é minha”. “Eu chamo de grafite todo tipo de intervenção visual, escrita, desenhada, rabiscada, colada, na cidade. Então entra aí realmente essa arte urbana, mas também entra a pichação, os cartazes colados, nesse intuito artístico”, afirmou a professora. 

A pesquisadora entende que Brasília é uma cidade muito diferente das demais, que têm configuração urbana mais tradicional, como São Paulo e o Rio de Janeiro. “Essas cidades têm ruas, esquinas, praças, e, portanto, mais paredes e muros para grafitar”.

Renata entende que é impossível demarcar perfis específicos para as artes e os artistas. “São vários tipos e estilos convivendo ao mesmo tempo. É uma loucura, é um barato. A gente vê a W3 Sul, que é considerada a grande avenida de Brasília. A dinâmica da W3 em relação a essas intervenções urbanas é muito interessante”. Ela lembra que há proprietários de casas e de comércios que pedem a grafiteiros para pintar, a fim de coibir pichações.

A “galeria” W3

Viajar pela avenida W3 seria, então, uma experiência diferente, já que, em alguns trechos da via, tornou-se um corredor artístico nas paredes. “Há uma multiplicidade de estilos também, tanto do lado das casas quanto do lado das lojas”, disse a pesquisadora que, para o trabalho, entrevistou 23 grafiteiros. Ela conta que os artistas dizem que preferem ir para o Plano Piloto, a fim de apresentar seus trabalhos porque têm mais visibilidade, como ocorre na W3.

É na avenida que árvores são cobertas por crochês e, na altura da quadra 707, da Asa Sul, uma série de obras figurativas nos muros, de colorido que ajudam a iluminar a noite, deixa os moradores curiosos. 

No ponto de ônibus, a estudante Rilei Silva, de 18 anos, espera o transporte para Samambaia e admira as obras. Ela lamenta que está desempregada, mas queria arrumar logo uma chance para alcançar o desejo de cursar fisioterapia. “Às vezes, espero o ônibus por 50 minutos. Vejo esses desenhos de [Roberto] Burle Marx (1909 – 1954), ou o [Oscar] Niemeyer (1907 – 1912). Queria saber mais sobre eles”. 

Aula na rua

Entre os artistas mais conhecidos no grafite da capital, Daniel Moraes, o Daniel Toys, de 33 anos, expõe suas obras há mais de 20 anos. Graças ao seu trabalho, já foi convidado para estar em mais de 11 países. 

“A arte mudou a minha vida. Eu pintei nas ruas aos 13 anos de idade. Eu gosto de levar meu trabalho para lugares que sejam carentes de arte, particularmente nas periferias. Quero espelhar sonhos”. O artista gosta de ressignificar lugares e proporcionar motivações, até em espaços de lixo. “As ruas são minha principal escola”, diz o artista.

Ainda na W3, a desempregada Ana Marques, de 35 anos, concorda com o artista, e diz que a arte a estimula a continuar na luta por um emprego. Ela reclama que os grafites deveriam ter mais espaço e que poderia haver mais fiscalização para não haver pixação. “Agora de noite, poderia ter mais luz para a gente saber mais”, disse.

Tensões

Para a professora de arquitetura Maria Fernanda Derntl, da Universidade de Brasília (UnB), as intervenções urbanas expressam o modo como diversos grupos sociais expressam os fatos do Brasil. “Essa cidade preservada, tal como ela foi pensada, também tem problemas. As grandes distâncias entre o Plano Piloto e as outras regiões são parte deles”.

Ela considera que as manifestações do grafite e de outras artes são eloquentes ao traduzir tensões na cidade. “Uma das questões é a gente ver o quanto está disposto a entender que o espaço público é lugar problemático e de conflitos. E podem ser expressão da diversidade”, afirmou. 

Mãos dadas

Um desses conflitos ocorreu na Vila do IAPI, em 1971, onde residiam trabalhadores da construção civil da capital. Eles foram removidos para aquela área que se tornou a maior região do  Distrito Federal, a Ceilândia. Inspirado nessa história, um artista da região, Gustavo Santos, o Gu da Cei, de 27 anos, tem, entre suas obras, uma escultura no local intitulada “Sonho de Morar”, que está no meio do mato, já crescido. A forma é de uma mãe de mãos dadas com o filho. “A missão  da arte é incomodar e propor reflexões. As intervenções servem para isso mesmo”, afirma. 

Segundo a vendedora Geiciane dos Santos, de 29 anos, que é mãe solo de duas crianças e mora com familiares na região do IAPI, a escultura faz com que reflita sobre a própria vida. Ela recebe um salário mínimo e tem esperança de um dia ter a própria casa. Com um dos seus meninos no colo, olhou para a imagem e se reconheceu. “Essa sou eu, né?”.

 

Analistas: Decisões do F-16 e da base naval da Argentina interrompem o ímpeto da China

21 de abril de 2024

 

Analistas de assuntos internacionais veem uma mudança na política externa com repercussões de longo alcance para os EUA e a China na decisão da Argentina esta semana de comprar caças F-16 de fabricação americana e no seu anúncio no início de abril de parceria com os militares dos EUA em uma base naval no extremo sul da América do Sul.

A decisão da Argentina de comprar 24 F-16 à Dinamarca, em vez de optar por uma oferta concorrente da China, levou alguns comentadores chineses a lamentar o revés. Pequim vem tentando há mais de uma década vender caças argentinos JF-17 que a China desenvolveu com o Paquistão.

A escolha era “um tanto inevitável”, dada a posição pró-liberdade e anticomunista do recentemente eleito presidente argentino, Javier Milei, disse o especialista argentino baseado em Londres, Christopher Ecclestone.

Rick Fisher, membro sênior do Centro Internacional de Avaliação e Estratégia, com sede em Washington, disse que até a posse de Milei, a Argentina parecia estar no caminho de uma cooperação política, econômica e militar cada vez mais profunda com Pequim – um caminho que ameaçava Interesses dos EUA na região e além.

Se a China tivesse conseguido vender os seus jactos à Argentina, bem como outras armas, incluindo veículos blindados, teria conseguido entrar na infra-estrutura de defesa e segurança do país, disse Fisher, acrescentando que “outros países latino-americanos teriam sido encorajados a seguir o seu exemplo”. passos.”

Estreito de Magalhães

Analistas disseram que a decisão de Milei de fazer parceria mais ampla com os EUA, inclusive em uma base naval perto do Estreito de Magalhães, foi igualmente importante. Os esforços persistentes da China para estabelecer parceria com a Argentina no desenvolvimento da base foram amplamente divulgados.

Num discurso no início deste mês, Milei disse que a Argentina coordenaria estreitamente com os Estados Unidos o desenvolvimento da base naval de Ushuaia.

Os comentários de Milei foram feitos depois que ele voou de Buenos Aires para se encontrar com a general quatro estrelas do Exército dos EUA, Laura Richardson, em Ushuaia. Sua visita à Argentina este mês foi a terceira desde que assumiu o comando do Comando Sul dos EUA em outubro de 2021.

“A visita da general Laura Richardson a Ushuaia e a viagem de Milei para lá para realizar uma conferência de imprensa conjunta foi em si uma mudança dramática na política externa argentina”, disse Fisher à VOA.

Fisher disse que as ações de Milei desde que assumiu o cargo reverteram “o impulso que a China comunista construiu na América Latina” e chamou isso de um retrocesso contra a ambição hegemônica global de Pequim.

A importância da base naval de Ushuaia tem tudo a ver com a sua localização, dizem os especialistas. Enfrenta o Estreito de Magalhães e a Antártida mais ao sul, o que o torna tão estrategicamente importante quanto o Canal do Panamá.

Se a China tivesse garantido o controle do Estreito de Magalhães, poderia potencialmente impedir a Marinha dos EUA de transitar forças militares entre os oceanos Atlântico e Pacífico, disse Fisher.

Em vez disso, “a Argentina fazendo causa comum com os EUA na extremidade inferior da América Latina bloqueia efetivamente o acesso da China ao Atlântico Sul a partir do lado ocidental”, observou Ecclestone numa mensagem publicada no LinkedIn.

Resposta dos EUA

Num sinal de que os Estados Unidos estão a dar maior atenção à América Latina, depois de anos a observar a China fazer incursões a sul da sua fronteira, Richardson detalhou outras transferências de armas e investimentos dos EUA que estão planeados ou em curso.

Além dos caças F-16 e de um avião de transporte C-130 Hercules que os EUA presentearam a Argentina após um arrendamento de 11 meses, ela disse à mídia argentina que 250 veículos blindados Stryker estavam no horizonte. A construção de uma fábrica na Argentina para manutenção dos Strykers também foi discutida, disse Richardson.

Outros equipamentos que poderiam ajudar a Argentina nas patrulhas marítimas, incluindo aviões de vigilância P-3 e aeronaves King Air, também estão na lista, disse ela.

Richardson também revelou que os EUA estavam prestes a terminar a construção de um centro de operações de emergência na província de Neuquén, no oeste da Argentina, onde Pequim opera uma estação espacial profunda desde 2018.

Especialistas dizem que a estação funciona como uma base militar chinesa no exterior e está intimamente ligada à guerra eletrônica e espacial, incluindo rastreamento e vigilância, acusação que a China nega.

“A seguir, vamos instalar computadores, telas e outras coisas de TI”, disse Richardson em entrevista ao Infobae, o site de notícias mais visitado da Argentina.

Questionado sobre as incursões da China nas redes 5G dos países latino-americanos, Richardson instou os países a refletirem sobre a natureza de um governo comunista. “Se eles não tratam o seu próprio povo com respeito, o que nos faz pensar que eles tratarão o nosso povo com respeito?”

Ela também destacou que todas as empresas estatais enviadas para o exterior e envolvidas em projetos estratégicos são obrigadas pelas leis ditadas pelo governo chinês a servir os interesses e necessidades do Partido Comunista no poder.

O Pentágono também aprovou financiamento para um programa de sete anos – a Iniciativa de Parceria para Manutenção de Teatros – que visa ajudar as nações a manter qualquer equipamento que comprem dos EUA, disse Richardson na entrevista.

Richardson disse que não via por que os países da América Latina não conseguiam atingir os padrões da OTAN para o funcionamento e operação de equipamentos de defesa. Os Estados Unidos estão empenhados em estabelecer parcerias com quase 30 nações ao sul da sua fronteira para fortalecer as suas capacidades, disse ela.

Nessa frente, Buenos Aires está apostada. Na quinta-feira, a Argentina enviou uma carta de intenções à OTAN solicitando tornar-se um dos parceiros globais da organização.

Em outro sinal de reciprocidade, a Embaixada dos EUA na Argentina anunciou na quinta-feira que Washington estava fornecendo à Argentina US$ 40 milhões para a compra dos F-16.

“Esta é a primeira vez que a Argentina recebe FMF [financiamento militar estrangeiro] dos EUA desde 2003”, segundo o comunicado de imprensa da embaixada.

Fonte
 

Quem preserva biomas defende direitos humanos, diz relatora da ONU

O que marca o Brasil é uma “impunidade endêmica”. E, apesar de serem “criminalizados” e “destruídos por autoridades”, defensores de direitos humanos são quem preserva biomas no país e também quem cobra a atuação da Justiça em casos de violência do Estado e oferece uma alternativa de “dignidade, solidariedade e respeito a todos”.

Essas foram algumas das colocações feitas hoje (19), por Mary Lawlor, relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a situação das pessoas defensoras de direitos humanos, apresentadas em coletiva de imprensa. A porta-voz da ONU chegou ao Brasil em 8 de abril de 2024 e se encontrou com autoridades do governo brasileiro, da Esplanada dos Ministérios, e nomes do Ministério Público Federal, da Defensoria Pública da União e do Conselho Nacional de Justiça. O ponto central de sua agenda, porém, como é de praxe em visitas oficiais de representantes da entidade, são as reuniões com líderes que articulam reações às violações de direitos socioambientais e, como consequência disso, ficam em evidência e sofrem perseguições.

Mary Lawlor também esteve na Bahia, no Pará, em São Paulo e no Mato Grosso, estados que identificou como sendo “particularmente graves”, em relação aos perigos que se impõem diante daqueles que lutam em defesa dos direitos humanos e de biomas. A especialista da ONU disse que, por todo o país, há pessoas que protegem a vida, a terra e a natureza sob cerco ou mesmo sendo mortas e que acabam tendo que enfrentar um sistema que reforça injustiças.

O cenário, acrescentou ela, é de desigualdades e abandono por parte das instituições que deveriam protegê-las. Ao ler seus apontamentos, Mary Lawlor explicou que muitas lideranças têm medo de retaliação após denunciarem os casos de violações que chegam ao seu conhecimento e que muitas delas, além de serem criminalizadas pelo papel que exercem, lidam, com frequência, “com ameaças de morte na porta de casa”.

Povos originários

“Líderes indígenas repetidamente disseram que tiveram que deixar seus territórios, com medo de serem mortos”, ressaltou ela, em sua fala aos jornalistas, afirmando, em alusão ao Dia dos Povos Indígenas, comemorado hoje, que os povos originários “devem ser celebrados e protegidos”, e citando o caso de uma guarani kaiowá que teve que deixar tudo para trás, depois de um familiar ser executado e ela receber um aviso de que seria a próxima a ser assassinada.

Para a porta-voz da ONU, o Supremo Tribunal Federal (STF) deve ser questionado quanto à discussão em torno do marco temporal, tese jurídica que restringia o direito às terras indígenas aos seus respectivos povos originários àqueles que as ocupassem em outubro de 1988, na promulgação da Constituição Federal. No entendimento de Mary Lawlor, a corte deveria ter se empenhado mais em assegurar o direito aos indígenas, acelerando a derrubada da tese.

Política nacional de proteção a defensores

Um dos ministros com quem esteve foi Silvio Almeida, da pasta de Direitos Humanos e da Cidadania, que teria explicitado a ela as ações já implementadas ou em vias de aplicação, no âmbito do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH), que, em 2024, completa 20 anos, sob a batuta do ministério. No que concerne a esse aspecto, a crítica foi em relação ao orçamento e à falta de efetividade.

“Raramente as políticas que estão sendo desenvolvidas pelo governo federal foram levantadas comigo pelos defensores dos direitos humanos. A principal exceção a isso foi o trabalho realizado no âmbito do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania através do Grupo de Trabalho (GT) Sales Pimenta. O estabelecimento do Grupo de Trabalho é positivo e necessário. No entanto, ouvi repetidamente preocupações de defensores de direitos humanos sobre sua falta de progresso e a falta de investimento por parte do governo federal. O GT precisa ter um orçamento adequado para que consiga desenvolver aquilo que foi encarregado de fazer e deve contar com a participação genuína de todos os ministérios relevantes, bem como dos próprios defensores dos direitos humanos que estão em risco. Em suma, precisa ser politicamente priorizado e devidamente financiado”, resumiu Mary.

Sanções ao empresariado que viola direitos

Um dos aspectos abordados no relatório que produziu foi a cota de responsabilidade pela qual devem responder o empresariado, em seus diversos segmentos, e o governo brasileiro, no que diz respeito à manutenção da atmosfera de “violências extremas”. Nesse sentido, seu argumento é de que o governo federal precisa barrar companhias que devastam os territórios e cometem violações de direitos vários.

“As pessoas defensoras de direitos humanos não estão contra o desenvolvimento, mas não pode haver desenvolvimento sustentável sem respeito pelos direitos humanos e pelo meio ambiente. Os direitos que dizem respeito à conduta de empresas não se tornarão a norma sem uma regulamentação efetiva por parte do governo, inclusive em respeito a OIT 169 [Convenção n° 169 da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais]. Como tal, faço um forte apelo ao governo federal e aos governos estaduais”, afirmou.

A Agência Brasil procurou os ministérios da Justiça e Segurança Pública e dos Direitos Humanos e da Cidadania para comentar os apontamentos e recomendações feitos no relatório e aguarda retorno. A reportagem também pediu posicionamento ao STF e, caso seja enviado, esta matéria será atualizada.

IICA quer debater criação de selo de agricultura familiar das Américas

O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) quer discutir a criação de um selo comum de agricultura familiar das Américas. A proposta foi uma das apresentadas pelo diretor-geral do IICA, Manuel Otero, ao final das reuniões plenárias, a 42 lideranças rurais que participaram do primeiro Encontro de Líderes Rurais, promovido pela organização, na Costa Rica.

“Obviamente há países, e o Brasil é um claro exemplo, que têm avançado nisso. Mas, temos o direito de sonhar com um selo da agricultura familiar. Não é algo simples, mas temos o direito de sonhar”, disse Otero em entrevista à Agência Brasil.

No Brasil, o Selo Nacional da Agricultura Familiar (Senaf) identifica os produtos da agricultura familiar e é uma espécie de garantia aos consumidores de como aqueles produtos foram produzidos e da qualidade deles. Com o selo, os produtos passam a integrar um catálogo, que busca dar mais visibilidade a essa produção. A ideia é que haja um selo único para todos os países americanos, dando também visibilidade e facilitando o comércio. Isso esbarra, no entanto, nas legislações de cada país.

Além de discutir a criação desse selo comum, o IICA comprometeu-se a debater a formação de uma rede de bancos de sementes e de materiais genéticos de espécies de plantas nativas dos países americanos. Segundo Otero, aos bancos atuais estão mais dedicados a cultivos tradicionais como milho e trigo, mais deixam de fora espécies que crescem apenas nas Américas e que podem ser importantes para o futuro da humanidade.

Outro compromisso é a criação de um banco de experiências e soluções dadas principalmente por pequenos agricultores a desafios no campo como a falta de água, a seca, o desequilíbrio do solo e o combate a pragas. Cada um dos líderes foi escolhido justamente por ter experiências exitosas, que podem ser replicadas. “Acredito que o IICA pode fazer uma contribuição significativa sistematizando essas experiências”, disse Otero.

A organização comprometeu-se também a prestar apoio às lideranças rurais, a fortalecer a rede formada ao longo dos dias de encontro, assim como conectar esses produtores e suas comunidades a entidades e com financiamentos que possam ajudá-los a desenvolver a região. Outro compromisso é a atenção ao cooperativismo, que segundo Otero, necessita de ajustes, capacitação e melhoras normativas nos países.

“As reuniões são importantíssimas como ponto de encontro para nos energizarmos. Agora, vem o dia seguinte e temos que avançar com passos concretos, senão muitos desses esforços não dão em nada e, como diretor do IICA, não devo permitir isso”, acrescentou o diretor-geral.

Agricultura nas Américas

Na entrevista à Agência Brasil, Otero comemorou o encontro inédito. O IICA é uma organização chefiada pelos ministros e secretários de Agricultura dos 34 países das Américas que o compõem. “O IICA se relaciona com empresários e com acadêmicos de alto nível, com diretores de organizações não governamentais mas, às vezes, falta nos relacionarmos com as bases, com o campo. Para reparar essa falta, decidimos, há três anos, instituir o prêmio Alma da Ruralidade e começamos o trabalho de identificar esses líderes que hoje nos acompanham”, ressaltou.

Até o momento, 43 lideranças receberam esse título em quase todos os países americanos. Dessas, 36 participaram do primeiro Encontro de Líderes Rurais de forma presencial e seis, remotamente. “Essa reunião mostra a força do nosso continente à nível das comunidades rurais e a diversidade de realidades dessas comunidades”, destacou Otero. O encontro, que começou na terça-feira (16), tem como objetivo promover a troca de experiências e conta, além das reuniões plenárias, com visitas técnicas a empreendimentos sustentáveis na Costa Rica. A agenda termina no sábado (20).

Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) promove o primeiro Encontro de Líderes Rurais, na Costa Rica – IICA/Divulgação

Para Otero, os governos precisam dar atenção à agricultura familiar e viabilizar formas de tornar a vida no campo atrativa para as comunidades. “Nossos governos têm que entender que as comunidades rurais, os pequenos agricultores são peça fundamental em qualquer estratégia de desenvolvimento”, enfatizou.

Segundo dados apresentados pelo vencedor do Prêmio Mundial de Alimentação de 2020, Rattan Lal, que participou do evento por meio de gravação, a América Latina e o Caribe têm uma área florestal de 1 bilhão de hectares, que representa 28% do total mundial, e uma biodiversidade que representa 36% das espécies alimentares e industriais do mundo. Nessa região, 38% do uso da terra é agrícola.

Na América Latina, existem quase 15 milhões de pequenas propriedades agrícolas, dos quais 10 milhões são voltadas para a subsistência. A área voltada para a agricultura familiar é de 400 milhões de hectares.

De acordo com Otero, a América é o continente que está passando pelo maior processo de urbanização do mundo e a projeção é que, em 2050, 86% da população esteja vivendo nas cidades. No entendimento dele, isso é “uma péssima notícia para o mundo, porque as pessoas deixam de ser produtoras e passam a ser consumidoras”.

Os produtores, para ele, “São atores centrais, que nós dizemos que dão a vida para a ruralidade”. “Aí está a nossa preocupação. Em meio a um contexto de cenários turbulentos, marcados por guerra, por pandemia, pela mudança climática, eles são a variável de ajuste. Temos que defender a viabilidade dos agricultores familiares”, defendeu

*A repórter viajou a convite do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).