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Entenda o Programa Acredita, que pretende ampliar acesso ao crédito

Com o potencial de destravar até R$ 30 bilhões em crédito, o Programa Acredita, lançado nesta segunda-feira (22), pretende incentivar investimentos, criar empregos e melhorar o desenvolvimento econômico. Uma das diretrizes prevê ajuda a microempreendedores individuais (MEI), micro e pequenas empresas.

O programa baseia-se em quatro eixos. O primeiro, chamado de Acredita no Primeiro Passo, representa um programa de microcrédito para inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Voltado aos negócios de pequeno porte, o segundo eixo se chama Acredita no Seu Negócio, e terá uma versão do Desenrola, programa de renegociação de dívidas para micro e pequenas empresas e um programa de crédito para esse público.

O terceiro eixo visa a criação de um mercado secundário (mercado de troca de ativos) para o crédito imobiliário. Chamado de Eco Invest Brasil, o quarto eixo pretende criar um programa de proteção cambial para investimentos verdes para atrair investimentos internacionais em projetos sustentáveis no Brasil.

A maior parte dos recursos para o programa virá do Fundo Garantidor de Operações (FGO). Formado com recursos do Tesouro Nacional, o FGO cobriu eventuais calotes de quem aderiu à renegociação da Faixa 2 do Desenrola. Outra parte virá da Empresa Gestora de Ativos (Emgea), que usará recursos próprios para estimular o crédito imobiliário.

O efeito para o Orçamento federal será pequeno e constará de renúncias fiscais, quantia que o governo deixará de arrecadar em tributos. O impacto está previsto em R$ 18 milhões para 2025, R$ 3 milhões em 2026 e nenhum em 2027.

Confira as principais medidas do Programa Acredita:

Desenrola Pequenos Negócios

–     Versão do Programa Desenrola Brasil destinada à renegociação de dívidas de MEI e de micro e pequenas empresas;

–     Inicialmente anunciado para o primeiro trimestre, a iniciativa foi lançada com um mês de atraso;

–     Dívidas inadimplentes com o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) renegociadas até o fim de 2024 poderá ser contabilizada como crédito presumido dos bancos de 2025 a 2029. Os créditos presumidos são uma espécie de incentivo do governo concedido às instituições financeiras;

–     Programa entrará em vigor assim que a medida provisória for publicada, nesta terça-feira (23).

Crédito a MEI, micro e pequenos empresários

•     Linha ProCred 360:

–     Destinada a MEI e a micro e pequenas empresas com faturamento anual de até R$ 360 mil;

–     Juros fixados em Selic (juros básicos da economia), mais 5% ao ano;

–     Pagamento de juros no período de carência, antes do pagamento da primeira parcela;

–     Início dos empréstimos em 60 dias.

•     Desconto no Peac:

–     Redução de 20% do Encargo por Concessão de Garantia (ECG), dentro do Peac;

–     Válido para empresas de até médio porte, com faturamento de R$ 300 milhões por ano;

–     Limite expandido no valor máximo dos empréstimos, de 50% do faturamento bruto anual, para empresas com Selo Mulher Emprega Mais, que tenham mulheres como sócias majoritárias ou sócias administradoras.

Renegociação no Pronampe

–     Empresas inadimplentes com Pronampe podem renegociar dívidas com os bancos, mesmo após a honra das garantias, quando instituições tomam bens dados para cobrir inadimplências

Sebrae

–     Capitalização do Fundo de Aval para a Micro e Pequena Empresa (Fampe) pelo Sebrae, que alcançou R$ 2 bilhões em patrimônio líquido;

–     Aumento das linhas de crédito, previsão de conceder até R$ 30 bilhões nos próximos três anos.

Crédito imobiliário

–     Criada para gerir ativos podres de bancos que quebraram na década de 1990, a Emgea usará cerca de R$ 10 bilhões dos próprios ativos para securitizar (converter papéis) no mercado de crédito imobiliário;

–     Emgea poderá adquirir créditos imobiliários para incorporar em sua carteira ou vender no mercado, assim como títulos de valores mobiliários;

–     Medida pretende fortalecer mercado secundário (troca de papéis) de crédito no setor;

–     Tesouro Nacional não fará aporte à Emgea. Toda a operação será feita com recursos próprios da empresa.

Fundo Garantidor de Operações

–     R$ 4 bilhões do Fundo Garantidor de Operações (FGO) para o Procred 360;

–     R$ 3 bilhões do FGO para a renegociação do Pronampe;

–     R$ 1 bilhão do FGO para linha Acredita no Primeiro Passo, de microcrédito a inscritos no CadÚnico.

Projetos sustentáveis

–     Lançamento do Eco Invest Brasil, Proteção Cambial para Investimentos Verdes (PTE), em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Central;

–     Alavancagem de recursos já disponíveis no país: investimentos em reais poderão ser atrelados ao dólar, garantindo dinheiro em moeda nacional para os investidores em caso de desvalorização do real;

–     PTE busca reduzir custo de proteção cambial para projetos com prazo acima de dez anos;

–     Linhas de crédito a custo competitivo para financiar parcialmente projetos de investimentos alinhados à transformação ecológica que usem recursos estrangeiros;

–     Programa não se propõe a interferir no mercado de câmbio;

–     Público alvo: investidores estrangeiros, as empresas de projetos sustentáveis, o mercado financeiro e as entidades governamentais envolvidas em sustentabilidade.

Quase 90% dos brasileiros admitem ter acreditado em fake news

Quase 90% da população brasileira admite ter acreditado em conteúdos falsos. É o que revela uma pesquisa do Instituto Locomotiva e obtida com exclusividade pela Agência Brasil. Segundo o levantamento, oito em cada dez brasileiros já deu credibilidade a fake news. Mesmo assim, 62% confiam na própria capacidade de diferenciar informações falsas e verdadeiras em um conteúdo.

Sobre o conteúdo das notícias falsas que acreditaram, 64% era sobre venda de produtos, 63% diziam respeito a propostas em campanhas eleitorais, 62% tratavam, de políticas públicas, como vacinação, e 62% falavam de escândalos envolvendo políticos. Há ainda 57% que afirmaram que acreditaram em conteúdos mentirosos sobre economia e 51% em notícias falsas envolvendo segurança pública e sistema penitenciário.

O instituto ouviu 1.032 pessoas com 18 anos de idade ou mais entre os dias 15 e 20 de fevereiro. Na opinião de 65% dos entrevistados, as notícias falsas são distribuídas com a ajuda de robôs e inteligência artificial. A cada dez pessoas, oito reconhecem que há grupos e pessoas pagas para produção e disseminação de notícias falsas.

O maior risco da desinformação para 26% da população é a eleição de maus políticos, enquanto 22% acreditam que o perigo maior e atingir a reputação de alguém e 16% avaliam como maior problema a possibilidade de causar medo na população em relação a própria segurança. Há ainda 12% que veem como maior risco prejudicar os cuidados com a saúde. 

Ingenuidade e vergonha

Ser enganado por uma notícia falsa gera um sentimento de ingenuidade para 35% das pessoas, 31% ficam com raiva e 22% sentem vergonha.

Um quarto da população (24%) afirma já ter sido acusado de espalhar informações falsas por pessoas que têm uma visão de mundo diferente.

O presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, defende medidas educativas como forma de combater a disseminação de conteúdos mentirosos. “Para enfrentar essa questão, há um desafio para as instituições públicas de formular estratégias que incluam a promoção da educação midiática e a verificação rigorosa das fontes de informação, para fortalecer a comunicação do país e garantir que a população receba informações precisas e confiáveis”, afirma.

Branqueamento de corais é registrado a 60 metros de profundidade

Cientistas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) registraram, em abril deste ano, o branqueamento de corais localizados a profundidades que variam de 40 a 60 metros, no litoral brasileiro. É a primeira vez que o fenômeno, provocado pelo aumento da temperatura do oceano e que pode levar à morte desses animais, é registrado em tais profundidades no Atlântico Sul.

Com apoio da organização não governamental WWF-Brasil, uma expedição científica realizada, em abril em cinco bancos (topos) da cadeia montanhosa submersa Norte, localizada perto da costa dos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte, registrou branqueamento em populações da espécie Agaricia fragilis que vivem a 60 metros de profundidade.

Os cientistas constataram, aliás, que o branqueamento atingiu as seis espécies registradas nesses bancos, entre elas o coral-de-fogo Millepora alcicornis, que nunca havia sido encontrada habitando essa profundidade, a mais de 40 metros, ou seja, a chamada zona mesofótica.

“Acreditávamos que essa espécie só ocorria no raso. E encontramos um recife impressionante de coral-de-fogo no banco Leste, entre 50 e 43 metros de profundidade. Possivelmente é o maior banco desse coral no Brasil inteiro”, diz o pesquisador da UFPE Mauro Maida. “A gente nunca tinha visto isso antes e, quando viu, estava branqueando.”

A zona mesofótica é uma área um pouco mais profunda do oceano, onde a luz solar ainda chega, mas de forma menos intensa e onde a temperatura do oceano é mais fria que na superfície.

As outras quatro espécies registradas nos bancos do Norte, Montastrea cavernosa, Siderastrea stellata, Meandrina brasiliensis e a ameaçada Mussismilia harttii, também apresentaram pontos de branqueamento.

Os corais são invertebrados marinhos capazes de se alimentar sozinhos, mas grande parte de sua dieta é obtida através de uma simbiose, ou seja, uma relação mutuamente benéfica, com as algas zooxantelas. A partir da realização da fotossíntese, as algas fornecem nutrientes para seus hospedeiros animais.

As zooxantelas também são responsáveis pelas cores dos corais. Quando a temperatura do mar sobe, no entanto, elas abandonam os animais e os deixam esbranquiçados. Sem os nutrientes oferecidos pelas algas, os corais podem até continuar vivos e se alimentando de micro-organismos por meses, mas sua saúde fica prejudicada, o que os torna mais suscetíveis a doenças e à morte.

Uma nova onda de branqueamento global está atingindo, este ano, vários recifes de corais em todo o mundo e, no litoral nordeste brasileiro, o fenômeno vem sendo observado desde o início de março.

Mauro Maida realiza expedições aos bancos do Norte e da cadeia vizinha de Fernando Noronha desde 2016 e diz que nunca tinha observado o branqueamento de corais na zona mesofótica na região.“Os recifes mesofóticos eram tidos como menos suscetíveis ao aquecimento global, mas estamos vendo que o negócio chegou lá no fundo. Esse El Niño [fenômeno de aquecimento das águas do Pacífico que influencia o clima em outros oceanos e continentes] foi tão extremo que aumentou inclusive a temperatura do fundo”, explica o pesquisador.

Segundo Maida, o branqueamento de corais é um indicador preocupante da situação climática global. “Isso é um termômetro. A coisa está tão feia que está chegando ao fundo do mar.”

Coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste (Cepene), Leonardo Messias ressalta que o fenômeno do branqueamento dos corais não está dissociado de catástrofes naturais que afetam a população. “A transformação do clima é uma coisa muito séria. A gente está vivendo isso muito drasticamente lá no Rio Grande do Sul.”

Governo federal cede ao Rio prédio da estação Barão de Mauá

A ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck e o prefeito do Rio, Eduardo Paes assinaram, nesta sexta-feira (10), a cessão da antiga Estação Ferroviária Barão de Mauá, na Leopoldina, desativada desde 2001. O município, a partir de agora, vai dar início à restauração do prédio histórico.

No terreno, de cerca de 125 mil metros quadrados serão erguidas 700 unidades habitacionais, equipamentos públicos de Saúde e Educação, um centro de convenções e a Fábrica do Samba, com 14 galpões para abrigar as escolas da Série Ouro, que ainda não possuem um galpão próprio para confeccionar os carros alegóricos e toda a estrutura do carnaval carioca para os dias de desfile.

 “O presidente Lula tem um carinho especial pelo Rio e está feliz por poder oferecer esse espaço público para a população como parte do Imóvel da Gente”, revelou a ministra Esther Dweck, durante a cerimônia.

Estação ferroviária Barão de Mauá, na Leopoldina, onde está armazenado o acervo histórico da malha do Rio de Janeiro. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Para o prefeito Eduardo Paes, a cessão do prédio histórico e da área localizada na Avenida Francisco Bicalho é um momento marcante para os cariocas. “Há muito tempo que a prefeitura pleiteava isso. Meu agradecimento ao governo federal por ceder esse espaço para a prefeitura para a gente fazer aquilo que é o correto, dar uso público. A licitação das duas obras foi publicada hoje, tanto a da revitalização da gare da Leopoldina quanto a da construção da Fábrica do Samba”.

O edifício da Estação Barão de Mauá foi inaugurado em 6 de novembro de 1926. O prédio é tombado pelo estado e pela União. O projeto de restauração do edifício tem um custo estimado de R$ 80,9 milhões. A gare e as plataformas da estação não passarão por mudanças durante a restauração.

Escolas de Samba

A Fábrica do Samba Série Ouro, que abrigará as escolas do grupo de acesso, da antiga série A, será erguida numa área de cerca de 28 mil metros quadrados. O projeto prevê, além dos galpões, praça de eventos, prédio de administração e um parque linear. Os galpões foram projetados para comportar a confecção de alegorias e terão ainda vestiários, sanitários e refeitórios para os trabalhadores do carnaval. A construção está orçada em cerca de R$ 194 milhões.

Habitações

A revitalização da Estação Leopoldina prevê ainda que sejam erguidos na área, 700 unidades habitacionais, divididas em 35 blocos de apartamentos. No terreno também deverão ser erguidos uma Clínica da Família, um Ginásio Educacional Tecnológico, ciclovia, quadra esportiva e áreas verdes. Também está prevista a construção de um Centro de Convenções.

A ministra Esther Dweck disse que o governo federal abraçou a necessidade de revitalizar toda a área do Porto e parte do bairro de São Cristóvão. “Agora tem uma vontade política gigantesca e alinhada entre governo federal e município em fazer isso aqui andar. Ninguém acreditava que iam tirar a Perimetral, e aconteceu. Acho que, em breve, a gente vai ver esse prédio aqui restaurado, bonito, e vai poder reutilizar esse equipamento social tão importante para a cidade. Os recursos para a obra do prédio são da prefeitura, a União entrou com o imóvel. Mas quando começar a parte de habitação, provavelmente vai ter recurso federal, através do PAC”, disse a ministra.

Eduardo Paes explicou que o uso do terreno será definido em conjunto com o governo federal. “É uma exigência do governo federal que a gente tenha habitação aqui, o que é muito bom para a revitalização da região e a gente também quer um centro de convenções. O que temos mais avançado são as duas licitações. Mas estamos avançando nos estudos para ter uma proposta mais concreta para ter bastante unidade habitacional. O VLT vai chegar aqui. A ideia é fazer daqui quase que um novo bairro, fazendo esse processo de revitalização da região portuária do Rio chegar a São Cristóvão”, destacou o prefeito do Rio de Janeiro. 

Geografia e falta de gestão de riscos agravam efeitos extremos no RS

Os eventos extremos climáticos têm se intensificado em todo o mundo. No Brasil, os efeitos das ações humanas sobre o meio ambiente ficam evidenciados durante a atuação de fenômenos naturais como o El Niño e La Ninã, que alternam períodos de extrema seca e chuvas intensas sobre o território nacional.

Segundo a diretora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Regina Alvalá, desde o início dos anos 2000, o La Niña tem atuado intensamente no Rio Grande do Sul causando sucessíveis longos períodos de seca, até 2023. Ainda no início da configuração do El Niño, em junho daquele ano, o extremo manifestado mudou.

As águas do Oceano Pacífico Tropical, aquecidas pelos efeitos da mudança climática, liberaram mais vapor de água na atmosfera e iniciaram períodos de chuvas cada vez mais intensas. “As chuvas, principalmente na região metropolitana de Porto Alegre, culminaram em 16 mortes. Depois tivemos um outro grande desastre, no início de setembro, que registrou 54 mortes e mais quatro desaparecidos. E agora esse super desastre já com mais de 100 mortes, muitos ainda desaparecidos e com impactos em praticamente quase todo o estado.”

Uma confluência de fatores deixa o estado do Rio Grande do Sul mais suscetível aos extremos causados pela mudança climática. A própria posição geográfica, a configuração das cidades e a falta de um programa eficiente de gestão de risco estão entre os fatores que favoreceram a catástrofe socioambiental vivida pelo estado.

“O Rio Grande do Sul está na extrema parte da região sul do Brasil, com fronteira ainda com países da América Latina. Então, em termos geográficos, está numa região que, quando consideramos a variabilidade climática, é uma região que acaba sendo, de fato, impactada por alternâncias de chuvas e secas”, explica Regina.

Gestão de risco

O diretor de Clima e Sustentabilidade do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Osvaldo Moraes, sugere que uma forma de amenizar esses fatores é a existência de um programa de gestão de riscos e respostas a desastres comandado pela Casa Civil do governo federal para que possibilitasse a articulação entre todos os ministérios que o tema envolve.

De acordo com Moraes, a gestão de riscos é composta por quatro elementos primordiais: monitoramento e alertas, preparação e resposta, comunicação, conhecimento e percepção do risco. “Nós conseguimos fazer a previsão do evento e emitir o alerta de que aquele evento pode ocorrer. E nós também estamos preparados para responder quando o evento acontece. Mas nos outros dois elementos nós não avançamos quase nada no Brasil”, explica.

Criado há 13 anos, o Cemaden é o órgão responsável por monitorar e emitir os alertas. “Nesses anos temos feito isso com antecipação, e encaminhando os alertas para as defesas civis, nacional, estaduais e municipais, gerando previsões de riscos, olhando a região como um todo, disseminando essas previsões no seu site, está tudo disponível para qualquer cidadão entrar e consultar” reforça Regina.

A resposta é dada pelas defesas civis no resgate e socorro às vítimas e no apoio à reconstrução das áreas afetadas. Antes disso, a comunicação precisa ser efetivada, mas atualmente, no Brasil, há apenas um sistema de envio de mensagens por SMS.

Para o diretor do MCTI, a comunicação precisa ir além de simplesmente informar. “Envolve todo um processo de que as pessoas, ao receberem o aviso de que algo pode acontecer, elas têm que compreender claramente qual é o impacto que elas podem ter se aquele evento acontecer. Elas têm que compreender qual é a rota de fuga que elas vão sair”, explica.

Percepção

Ensinar as pessoas a perceberem o risco que correm é fundamental para que a prevenção aconteça, já que, sem essa educação, a própria população se põe em situação crítica.

Um exemplo é a região do Vale do Taquari, atingida por fortes chuvas em setembro de 2023, quando cidades foram arrasadas pela maior enchente registrada, até então, que deixou 54 mortos e quatro desaparecidos. Oito meses depois, a mesma população volta a ser afetada e parte da cidade reconstruída volta a fazer parte do cenário de destruição.

“Se elas compreendessem o risco que elas estão expostas e percebessem esse risco, provavelmente, se continuassem instaladas nas mesmas áreas de risco, elas iriam usar novas tecnologias para reconstruir suas casas, para se prepararem para o evento. Elas iriam acreditar mais quando o alerta chegasse.”, reforça Moraes.

Histórico

Ao longo da série histórica, realizada pelo Cemaden, a intensificação dos extremos climáticos já são bastante evidenciados. Segundo a diretora da instituição, a própria criação do sistema de monitoramento foi motivada por uma das maiores catástrofes socioambientais no Brasil, em termos de vidas perdidas.

Em 2011, 918 pessoas morreram e outras 100 são consideradas desaparecidas desde que a região serrana do Rio de Janeiro foi atingida por fortes chuvas destruindo cidades e transformando grandes áreas de casas, comércios e infraestrutura em cenários de lama e entulhos. Depois desse período, grande parte do Brasil experimentou secas extremas, a exemplo da que foi enfrentada pela Região Metropolitana de São Paulo em 2014, que resultou no colapso do Sistema Cantareira de abastecimento das populações. “De lá para cá nós temos registrados vários desastres deflagrados por mais chuvas, não só no Rio Grande do Sul, mas também, obviamente, em outras partes do Brasil”, afirma Regina.

Tragédias em números

O aumento na frequência dos extremos climáticos fica evidente na série histórica registrada pelo Cemaden, com maior concentração de eventos após o ano de 2020.

Para a secretária nacional de Mudança do Clima no Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, a mudança já é uma realidade que exige, além de ações de mitigação – como zerar o desmatamento, preservar florestas e diminuir emissões – ações para tornar as cidades mais resilientes e mais resistentes.

“O Brasil precisa trabalhar prevenção e preparação aos eventos extremos porque é um país altamente vulnerável às mudanças do clima”, conclui.

Tragédias climáticas no Brasil: confira a linha do tempo

 

 

Confira os números:

Janeiro de 2011 – chuvas na região serrana do Rio de Janeiro registraram 918 mortes e 100 desaparecidos

Janeiro de 2020 – chuvas na região metropolitana de Belo Horizonte

Fevereiro de 2020 – chuvas na região metropolitana de São Paulo, Ceasa foi alagada afetando a oferta de alimentos

Março de 2020 – chuvas no litoral de São Paulo, com impacto em Santos, Cubatão, São Vicente, registrou mais de 43 mortes

Dezembro de 2021 – chuvas no sul da Bahia deixaram 23 mortos

Janeiro de 2022 – chuvas em Belo Horizonte registraram dois mortos

Janeiro de 2022 – chuvas na região metropolitana de São Paulo registraram 34 mortes

Fevereiro de 2022 – chuvas em Petrópolis deixaram 235 mortes

Março de 2022 – chuvas em Petrópolis registraram 7 mortes

Abril de 2022 – chuvas nas cidades da Costa Verde, de Guarapari, Angra dos Reis, no Rio de Janeiro – 20 mortes

Maio de 2022 – chuvas na região metropolitana de Recife, 133 mortes

Dezembro de 2022 – chuvas em Minas Gerais deixaram 13 mortos

Fevereiro de 2023 – chuvas no litoral de São Paulo, em São Sebastião e Ubatuba registraram 65 mortos

Junho de 20223 – litoral do Rio Grande do Sul deixaram 16 mortes

Setembro de 2023 – Vale do Taquari  registrou 54 mortes

Março de 2024 – chuvas na região serrana do Rio de Janeiro com mortes em Petrópolis e Tersópolis  deixaram 8 mortes

Março de 2024 – chuvas no Espírito Santo registraram 18 mortes

Geografia e fatores humanos deixam RS suscetível a efeitos extremos

Os eventos extremos climáticos têm se intensificado em todo o mundo. No Brasil, os efeitos das ações humanas sobre o meio ambiente ficam evidenciados durante a atuação de fenômenos naturais como o El Niño e La Ninã, que alternam períodos de extrema seca e chuvas intensas sobre o território nacional.

Segundo a diretora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Regina Alvalá, no estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, desde o início dos anos 2000, o La Niña atuou intensamente na região causando sucessíveis longos períodos de seca, até 2023. Ainda no início da configuração do El Niño, em junho daquele ano, o extremo manifestado mudou.

As águas do Oceano Pacífico Tropical, aquecidas pelos efeitos da mudança climática, liberaram mais vapor de água na atmosfera e iniciaram períodos de chuvas cada vez mais intensas. “As chuvas, principalmente na região metropolitana de Porto Alegre, culminaram em 16 mortes. Depois tivemos um outro grande desastre, no início de setembro, que registrou 54 mortes e mais quatro desaparecidos. E agora esse super desastre já com mais de 100 mortes, muitos ainda desaparecidos e com impactos em praticamente quase todo o estado.”

Uma confluência de fatores deixa o estado do Rio Grande do Sul mais suscetível aos extremos causados pela mudança climática. A própria posição geográfica, a configuração das cidades e a falta de um programa eficiente de gestão de risco estão entre os fatores que favoreceram a catástrofe socioambiental vivida pelo estado.

“O Rio Grande do Sul está na extrema parte da região sul do Brasil, com fronteira ainda com países da América Latina. Então, em termos geográficos, está numa região que, quando consideramos a variabilidade climática, é uma região que acaba sendo, de fato, impactada por alternâncias de chuvas e secas”, explica Regina.

Gestão de risco

O diretor de Clima e Sustentabilidade do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Osvaldo Moraes, sugere que uma forma de amenizar esses fatores é a existência de um programa de gestão de riscos e respostas a desastres comandado pela Casa Civil do governo federal para que possibilitasse a articulação entre todos os ministérios que o tema envolve.

De acordo com Moraes, a gestão de riscos é composta por quatro elementos primordiais: monitoramento e alertas, preparação e resposta, comunicação, conhecimento e percepção do risco. “Nós conseguimos fazer a previsão do evento e emitir o alerta de que aquele evento pode ocorrer. E nós também estamos preparados para responder quando o evento acontece. Mas nos outros dois elementos nós não avançamos quase nada no Brasil”, explica.

Criado há 13 anos, o Cemden é o órgão responsável por monitorar e emitir os alertas. “Nesses anos temos feito isso com antecipação, e encaminhando os alertas para as defesas civis, nacional, estaduais e municipais, gerando previsões de riscos, olhando a região como um todo, disseminando essas previsões no seu site, está tudo disponível para qualquer cidadão entrar e consultar” reforça Regina.

A resposta é dada pelas defesas civis no resgate e socorro às vítimas e no apoio à reconstrução das áreas afetadas. Antes disso, a comunicação precisa ser efetivada, mas atualmente, no Brasil, há apenas um sistema de envio de mensagens por SMS.

Para o diretor do MCTI, a comunicação precisa ir além de simplesmente informar. “Envolve todo um processo de que as pessoas, ao receberem o aviso de que algo pode acontecer, elas têm que compreender claramente qual é o impacto que elas podem ter se aquele evento acontecer. Elas têm que compreender qual é a rota de fuga que elas vão sair”, explica.

Percepção

Ensinar as pessoas a perceberem o risco que correm é fundamental para que a prevenção aconteça, já que sem essa educação, a própria população se põe em situação crítica.

Um exemplo é a região do Vale do Taquari, atingida por fortes chuvas em setembro de 2023, quando cidades foram arrasadas pela maior enchente registrada, até então, que deixou 54 mortos e quatro desaparecidos. Oito meses depois, a mesma população volta a ser afetada e parte da cidade reconstruída volta a fazer parte do cenário de destruição.

“Se elas compreendessem o risco que elas estão expostas e percebessem esse risco, provavelmente, se continuassem instaladas nas mesmas áreas de risco, elas iriam usar novas tecnologias para reconstruir suas casas, para se prepararem para o evento. Elas iriam acreditar mais quando o alerta chegasse.”, reforça Moraes.

Histórico

Ao longo da série histórica, realizada pelo Cemaden, a intensificação dos extremos climáticos já são bastante evidenciados. Segundo a diretora da instituição, a própria criação do sistema de monitoramento foi motivada por uma das maiores catástrofes socioambiental no Brasil, em termos de vidas perdidas.

Em 2011, 918 pessoas morreram e outras 100 são consideradas desaparecidas desde que a região serrana do Rio de Janeiro foi atingida por fortes chuvas destruindo cidades e transformando grandes áreas de casas, comércios e infraestrutura em cenários de lama e entulhos. Depois desse período, grande parte do Brasil experimentou secas extremas, a exemplo da que foi enfrentada pela Região Metropolitana de São Paulo em 2014, que resultou no colapso do Sistema Cantareira de abastecimento das populações. “De lá para cá nós temos registrados vários desastres deflagrados por mais chuvas, não só no Rio Grande do Sul, mas também, obviamente, em outras partes do Brasil”, afirma Regina.

Tragédias em números

O aumento na frequência dos extremos climáticos fica evidente na série histórica registrada pelo Cemaden, com maior concentração de eventos após o ano de 2020. Para a secretária nacional de Mudança do Clima no Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, a mudança já é uma realidade que exige, além de ações de mitigação – como zerar o desmatamento, preservar florestas e diminuir emissões – ações para tornar as cidades mais resilientes e mais resistentes. “O Brasil precisa trabalhar prevenção e preparação aos eventos extremos porque é um país altamente vulnerável às mudanças do clima”, conclui.

Confira os números:

Janeiro de 2011 – chuvas na região serrana do Rio de Janeiro registraram 918 mortes e 100 desaparecidos

Janeiro de 2020 – chuvas na região metropolitana de Belo Horizonte

Fevereiro de 2020 – chuvas na região metropolitana de São Paulo, Ceasa foi alagada afetando a oferta de alimentos

Março de 2020 – chuvas no litoral de São Paulo, com impacto em Santos, Cubatão, São Vicente, registrou mais de 43 mortes

Dezembro de 2021 – chuvas no sul da Bahia deixaram 23 mortos

Janeiro de 2022 – chuvas em Belo Horizonte registraram dois mortos

Janeiro de 2022 – chuvas na região metropolitana de São Paulo registraram 34 mortes

Fevereiro de 2022 – chuvas em Petrópolis deixaram 235 mortes

Março de 2022 – chuvas em Petrópolis registraram 7 mortes

Abril de 2022 – chuvas nas cidades da Costa Verde, de Guarapari, Angra dos Reis, no Rio de Janeiro – 20 mortes

Maio de 2022 – chuvas na região metropolitana de Recife, 133 mortes

Dezembro de 2022 – chuvas em Minas Gerais deixaram 13 mortos

Fevereiro de 2023 – chuvas no litoral de São Paulo, em São Sebastião e Ubatuba registraram 65 mortos

Junho de 20223 – litoral do Rio Grande do Sul deixaram 16 mortes

Setembro de 2023 – Vale do Taquari  registrou 54 mortes

Março de 2024 – chuvas na região serrana do Rio de Janeiro com mortes em Petrópolis e Tersópolis  deixaram 8 mortes

Março de 2024 – chuvas no Espírito Santo registraram 18 mortes

Zelenskyy: Rússia lança ataque ‘nazista’ à Ucrânia

Volodymyr Zelenskyy em 2022

9 de maio de 2024

 

No seu discurso diário, o presidente da Ucrânia agradeceu a todos os que têm estado a “eliminar as consequências” do que ele descreveu como “o ataque dos nazis russos” na quarta-feira em regiões da Ucrânia.

“É assim que o Kremlin marca o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa”, disse Volodymyr Zelenskyy, numa referência ao Dia da Vitória na Europa, também conhecido como Dia VE, que celebra o fim da guerra em 8 de maio de 1945.

Autoridades ucranianas disseram que o enorme ataque aéreo russo, que incluiu 55 mísseis e 21 drones, danificou uma instalação de geração de energia na região do oeste da Ucrânia.

A DTEK, a maior empresa privada de eletricidade da Ucrânia, disse que os mísseis russos infligiram “sérios danos” a três das seis centrais térmicas da empresa na Ucrânia.

O CEO da Ukrenergo, Volodymyr Kudrytskyi, entrevistado pelo meio de comunicação Ukrainska Pravda, disse que as importações de eletricidade não compensariam a escassez de energia. Ele disse que as centrais hidroeléctricas também foram atingidas, esclarecendo uma declaração anterior da empresa que omitiu as centrais hidroeléctricas da lista de instalações afectadas.

Os cortes de energia para os utilizadores industriais, disse ele, estavam “quase garantidos”, mas as interrupções para os utilizadores domésticos dependeriam da forma como reduzissem o consumo.

Maksym Kozytskyi, governador regional de Lviv, disse no Telegram que mísseis de cruzeiro russos atingiram a instalação de geração no distrito de Chervonohrad, bem como um local crítico de infraestrutura energética no distrito de Stryi.

Não houve relatos de vítimas.

Andriy Rakovych, governador regional da região de Korovohrad, a nordeste de Odesa, no centro da Ucrânia, relatou uma pessoa ferida e 13 casas destruídas num ataque de mísseis russos.

Autoridades em Vinnytsia, a sudeste de Lviv, também relataram um ataque russo em ataques contra instalações de infra-estruturas críticas.

A força aérea da Ucrânia disse que as defesas aéreas do país derrubaram 39 dos 55 mísseis e 20 dos 21 drones.

Nas linhas de frente no leste da Ucrânia, os soldados ucranianos conseguiram deter as forças russas na quarta-feira na cidade de Krasnohorivka.

“O inimigo está sem fornecimento de munição. Nossos defensores têm total controle de fogo sobre Krasnohorivka e nos arredores da cidade”, disse Nazar Voloshyn, porta-voz do grupo de forças, à TV do Exército na quarta-feira.

Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Kosovo, que também é vice-primeiro-ministro, disse que há “apenas uma solução” para a guerra da Rússia contra a Ucrânia.

“Só pode ser a Rússia a perder a guerra e a Ucrânia a vencer esta guerra”, disse Donika Gervalla-Schwarz numa entrevista à Associated Press na quarta-feira. “Caso contrário, a Europa deverá preparar-se para outros conflitos no nosso continente.”

Ela disse que o apoio do Kosovo à Ucrânia é incondicional, apesar do fracasso da Ucrânia em reconhecer a independência do Kosovo.

“A Ucrânia não reconheceu a República do Kosovo como um Estado, mas acreditamos realmente que sabemos exactamente o que a Ucrânia está a passar”, disse ela.

O Kosovo declarou a sua independência da Sérvia em 2008, mas a jovem nação ainda sofre com as agressões da Sérvia e do seu aliado, a Rússia.

Fonte
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Lavoura, maquinário, animais: chuvas no RS prejudicam agropecuária

As chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul também afetaram a produção agropecuária. Mortes de animais, perda de lavouras e estragos à semeadura de pastagens de inverno são alguns dos danos provocados ao agronegócio do estado.

Antes das chuvas, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimava que a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas do Rio Grande do Sul cresceria 46,4% neste ano, em relação ao ano anterior, e passaria a responder por 13,3% do total nacional, encostando no Paraná.

O Rio Grande do Sul responde, por exemplo, por 70% da produção nacional do arroz. Em relação à soja, a lavoura do estado representou 8,4% do país em 2023 e, com o crescimento esperado para este ano, passaria a representar 14,8%, ficando atrás apenas de Mato Grosso.

O estado também se destaca na pecuária. Em 2023, ocupou a terceira colocação entre aqueles que mais abateram frangos e suínos. Foi também o quarto maior produtor de ovos e o quinto entre os produtores de leite.

Ainda não há um quadro completo do prejuízo e, portanto, quanto isso afetará a estimativa feita anteriormente pelo IBGE. O presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, disse que os impactos foram diferentes em cada região.

No litoral, por exemplo, houve grande perda de lavouras de soja e alagamento de silos de arroz. “O litoral foi seriamente impactado na cultura da soja, que ficou embaixo d’água. Isso é perda total. Mas já pegou bastante adiantada a colheita do arroz, acima dos 70%, 80%, o que colocou o arroz a salvo, a não ser por algum silo que ficou com 1 metro de água em sua base”, afirmou.

Outra área com muitas perdas foi a região central do estado. “Nos municípios da chamada Quarta Colônia – Santa Maria, Lajeado – a enchente levou praticamente tudo dos produtores. Não só a possível colheita, como também o maquinário e animais”.

No norte do estado, o principal impacto para o agronegócio foram os danos à infraestrutura, que causam problemas no escoamento de produtos derivados de frango, suínos e bovinos e também na chegada de ração para esses animais.

A essa altura do campeonato, nessa região a água já baixou, mas [o setor] está paralisado. Alguns criatórios estão isolados, ainda sem a possibilidade de a ração chegar até eles. Os produtores de leite não conseguem chegar à indústria, às vezes essa indústria está submersa”, ressaltou.

O diretor técnico da Empresa de Extensão Técnica e Extensão Rural do estado (Emater-RS), Claudinei Baldissera, afirmou que o setor agropecuário gaúcho foi severamente afetado. O impacto só não foi maior porque, segundo ele, 76% da soja e 83% do milho plantados no estado já tinham sido colhidos.

“A área cultivada de soja foi de 6,68 milhões de hectares, então isso significa dizer que ainda temos 1,6 milhão de hectares para serem colhidos. Provavelmente muitas lavouras nem serão colhidas. E a qualidade do grão daquelas lavouras que será possível colher certamente será muito baixa, com valor comercial prejudicado”, explica.

O período de semeadura de grãos de inverno, como o trigo e a aveia, produtos que têm o Rio Grande do Sul como um dos maiores produtores nacionais, ainda não começou, portanto não é possível saber se haverá impacto ou não nessas lavouras.

Segundo Baldissera, pelo menos o plantio de pastagens de inverno (que servem de alimento para o gado) foi prejudicado, uma vez que as sementes já estavam em período de germinação.

“Acredito que ainda há tempo [para a semeadura]. Estamos perfeitamente dentro da janela de plantio, que acontece em junho, julho. Inclusive, este poderá ser um ano interessante para a lavoura de trigo e outros cereais de inverno. Mas, claro, houve, sim, algum estrago laminar [do solo], uma erosão e uma voçoroca que apareceu”, explicou Pereira.

Apesar do peso do Rio Grande do Sul na agropecuária nacional, nem Pereira nem Baldissera acreditam que haverá grandes impactos no abastecimento de produtos alimentícios para o resto do país. “Pelo tamanho do agro no Brasil, pelo tanto que se cultiva, não acredito que haverá impacto severo [no abastecimento]”, afirmou.

Pereira advertiu, no entanto, que pode haver algum impacto no fornecimento de arroz e, em um curto prazo, da carne de frango.

“De qualquer maneira, temos estoque suficiente [de arroz] para chegarmos à próxima safra”, disse o presidente da Farsul. “Pode ter algum impacto na avicultura. A indústria do frango ficou um pouco abalada, esperamos que de forma temporária. Aí pode ter sim algum tipo de abalo, no curto prazo, porque acreditamos que isso possa ser rapidamente restabelecido, uma vez que é uma indústria muito ágil”.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, se reuniu nessa terça-feira, por videoconferência, com 111 sindicatos rurais e com a Farsul. A Federação gaúcha apresentou algumas demandas para ajudar o setor agropecuário do estado a lidar com os estragos.

Entre as reivindicações da Farsul estão a prorrogação das parcelas de custeio, investimento e comercialização, além de crédito para a reconstrução da estrutura produtiva e para permitir redução da alavancagem com credores, com juros mais baixos e de forma simplificada.

O Ministério da Agricultura, por sua vez, anunciou que importará até 1 milhão de toneladas de arroz para abastecer pequenos mercados, em periferias das cidades e nas regiões Norte e Nordeste, a fim de evitar aumentos de preços resultantes de problemas no escoamento e perdas nas produções do cereal.

Acervo do Museu Nacional recebe doação de mais de mil peças

O acervo do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que está sendo reconstituído depois do incêndio de 2018, ganhou 1.104 peças doadas pelo grupo suíço-alemão Interprospekt, da família do colecionador Burkart Pohl. A doação foi feita por meio de uma parceria com o Instituto Inclusartiz, presidido pela ativista cultural argentina radicada no Brasil Frances Reynolds e o Museu Nacional. Todas as peças já estão guardadas em instalações do espaço cultural.

Compradas em feiras internacionais, as peças são originárias da Bacia do Araripe, localizada entre os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, onde estão as formações Crato e Romualdo. Segundo o Museu Nacional, trata-se de duas unidades ricas em material paleontológico que datam, respectivamente, de 115 milhões e 110 milhões de anos. Frances Reynolds contou que Pohl, influenciado pelos pais, começou a colecionar fósseis ainda criança. “É um processo da vida inteira que ele está fazendo e tem também minerais que são incríveis”, relatou, em entrevista coletiva nesta terça-feira (7) no prédio em recuperação do Museu Nacional.

“Muitas vezes, a gente tem que ter um bom olho para saber o que está dentro da pedra. Esses fósseis foram preparados por técnicos”, destacou o colecionador.

Museu Nacional recebe nova coleção de fósseis – Tomaz Silva/Agência Brasil

Depois de atender a um chamado do diretor do museu, Alexander Kellner, Frances, que tem presença forte no cenário das artes plásticas do país e do mundo, assinou em 2022 um acordo de colaboração técnica entre o Inclusartiz e a Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN). Desde lá, trabalha pela recuperação do acervo do histórico espaço cultural, que teve 85% das peças destruídas pelo fogo.

Foi assim que a argentina radicada no Brasil intermediou a doação para o Museu Nacional. O colecionador chegou à conclusão de que peças originárias do Brasil pertencentes ao seu extenso acervo deveriam ir para o Museu Nacional. “Tem que haver um estoque de fósseis do Brasil no museu mais importante do Brasil”, comentou.

“A gente faz um apelo para que mais pessoas façam isso. O Museu Nacional pertence a todos e seria muito importante que a gente realmente se concentrasse na recuperação e recomposição das nossas coleções”, disse o diretor do museu, já aguardando uma nova doação da família Pohl. “Rezo todos os dias”, completou sorrindo após a coletiva.

O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, durante apresentação de fósseis doados à instituição – Tomaz Silva/Agência Brasil

Alexander Kellner trabalha com a possibilidade de conseguir, por meio de doações, 10 mil peças para a reconstituição do acervo. Segundo ele, o museu já recebeu cerca de 2 mil.

“Já tivemos particulares doando desde peças arqueológicas até mesmo o pequeno quadro da Leopoldina, essa austríaca de nascença, mas brasileira de coração, é uma grande injustiçada para quem entende um pouco de história e queira se aprofundar.”

“Pretendemos nas nossas novas exposições já em 2026 trazer um pouco isso de volta. A história dessa grande brasileira, que foi absolutamente fundamental para a nossa independência e tudo ocorreu nesse palácio”, disse se referindo ao prédio do Paço Imperial onde se localiza o museu, na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio.

A fundadora do Instituto Inclusartiz, Frances Reynolds, fala sobre a doação de fósseis ao Museu Nacional – Tomaz Silva/Agência Brasil

Frances Reynolds disse que é fã do trabalho realizado pelo Museu Nacional e defendeu a união de vários agentes para a recuperação do espaço cultural. “A única maneira de transformar isso é que todo mundo se some. Cada um que possa dar o que tem para compartilhar dinheiro, ideias, portas para abrir, caminho das pedras como se diz aqui no Brasil, mas muito, muito importante é que juntos nós formamos um país e juntos nós formamos o museu”, disse.

Coleções de fósseis

Burkart Pohl tem uma das mais representativas coleções privadas de fósseis do mundo. Por acreditar na importância dos museus de história natural, criou o Centro de Dinossauros de Wyoming, nos Estados Unidos, e o Museu Paleontológico Sino-Alemão, em Liaoning, na China. Os dois fazem parte do grupo que desenvolve ainda projetos globais de escavações, exposições, educação e comércio relacionados à história natural.

Em um desses projetos, um grupo de seis paleontólogos e estudantes do Museu Nacional aceitou o convite de Pohl e em agosto de 2023 participou da primeira excursão de escavação conjunta no noroeste dos Estados Unidos. O local é conhecido como terras ricas em fósseis de dinossauros da Formação Hell Creek, nos estados de Wyoming e Montana.

De acordo com o Museu Nacional, dois alunos da equipe começaram a desenvolver lá um estudo sobre espécimes fósseis específicas. A expectativa é que o grupo possa voltar à região no segundo semestre deste ano. Para a paleontóloga do Museu Nacional Juliana Sayão, a experiência é superimportante. “A gente tem oportunidade de estar em um local onde nenhum paleontólogo brasileiro tem oportunidade de pesquisar, procurar fósseis e principalmente trazer para o museu”, destacou em entrevista à Agência Brasil.

Juliana adiantou qual é o sonho dos pesquisadores nesse projeto. “Encontrar o T-Rex porque ele mora nesse local. É onde se encontram fósseis como do T-Rex, do Tricerátops e outros dinossauros muito famosos que vimos no filme Jurassic Park e que a gente não tem no Brasil. Ali a gente pode não só capacitar os nossos alunos na prática da coleta de fósseis como também fazer grandes descobertas que virão para o Brasil para ilustrar o nosso museu”, afirmou.

Parte dos fósseis recebidos é apresentada durante evento no Museu Nacional – Tomaz Silva/Agência Brasil

Na visão da paleontóloga, a doação tem importância científica porque inclui plantas fósseis vertebradas e invertebradas e grande quantidade de insetos, muitos deles ainda não conhecidos pela equipe. “A gente vai ter a oportunidade de estudar esse material e fazer uma série de análises e pesquisas envolvendo não só a descrição, mas a reconstrução do ambiente da Bacia do Araripe há 110 milhões de anos. Além disso, são fósseis belíssimos que vão ajudar a gente a recompor as nossas exposições quando o museu reabrir. É uma doação de importância tripla. A gente tem a ciência, a divulgação científica mostrando isso para a sociedade e a oportunidade de formar novos paleontólogos que vão estudar esses fósseis.”

Lucas Canejo Azevedo Francisco, licenciado em ciências biológicas pela UFRJ, fez mestrado em zoologia com ênfase em paleontologia e atualmente cursa doutorado em zoologia também com ênfase em paleontologia, os dois pelo Museu Nacional. Para ele, os fósseis são muito relevantes no estudo da paleontologia, porque permitem avaliar o modo de vida do animal, desde o que comiam, como viviam e como era o seu corpo. “Principalmente na minha área pela doação do Tupandactylus imperator, que é um pterossauro encontrado na Bacia do Araripe. Vai ser de vital importância inclusive durante o meu processo de doutoramento”, disse dando um exemplo de destaque das peças doadas.

Israel toma posto de fronteira em Rafah e intensifica ataques em Gaza

As Forças Armadas israelenses assumiram o controle da passagem de fronteira de Rafah, entre a Faixa de Gaza e o Egito, nesta terça-feira (7), e seus tanques entraram na cidade de Rafah, no sul de Gaza, após uma noite de ataques aéreos ao enclave palestino.

A ofensiva israelense ocorreu no momento em que os mediadores se esforçavam para garantir um acordo de cessar-fogo entre Israel e seus inimigos do Hamas e enquanto o conflito entra em seu oitavo mês.

O grupo militante palestino disse no final da segunda-feira (6) que havia concordado com uma proposta de cessar-fogo, mas Israel afirmou que os termos não atendiam às suas exigências.

Em meio à preocupação internacional com a situação dos civis amontoados em Rafah, tanques e aviões israelenses atacaram várias áreas e casas durante a noite.

Escombros

Na manhã de terça-feira, as pessoas procuravam por corpos sob os escombros de edifícios destruídos. Um cadáver foi levado para o enterro, envolto em uma mortalha branca.

Raed al-Derby disse que sua esposa e seus filhos foram mortos. De pé na rua, com a angústia estampada em seu rosto, ele declarou à Reuters.

“Somos pacientes e continuaremos firmes nesta terra. Estamos esperando pela libertação e esta batalha será pela libertação, se Deus quiser.”

Mais de um milhão de pessoas buscaram refúgio em Rafah, vivendo em acampamentos de barracas e abrigos improvisados. Muitos estão tentando sair, atendendo às ordens israelenses de retirada, mas com grandes áreas do enclave costeiro já destruídas, eles dizem que não têm nenhum lugar seguro para ir.

Operação

Os militares israelenses disseram que uma operação limitada em Rafah tinha o objetivo de matar combatentes e desmantelar a infraestrutura usada pelo Hamas, que governa o território palestino sitiado.

O Egito disse que a operação israelense em Rafah ameaça os esforços de cessar-fogo, e o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, afirmou que o ataque seria mortal para os civis.

“Temo que isso vá causar novamente muitas baixas, baixas civis”, disse ele aos repórteres. “Não há zonas seguras em Gaza.”

Há semanas, Israel vem ameaçando realizar uma grande incursão em Rafah, que, segundo o país, abriga milhares de combatentes do Hamas e onde dezenas de reféns estão sendo mantidos. A vitória sobre o Hamas é impossível sem a tomada de Rafah, segundo Israel.

Um total de 34.789 palestinos, a maioria civis, já foram mortos no conflito, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

A guerra começou quando militantes do Hamas atacaram Israel em 7 de outubro, matando cerca de 1,2 mil pessoas e sequestrando cerca de 250 outras, das quais acredita-se que 133 permaneçam em cativeiro em Gaza, de acordo com os registros israelenses.

Passagem fechada

Um porta-voz da autoridade da fronteira de Gaza disse à Reuters que a passagem de Rafah, uma rota vital para a ajuda ao enclave devastado, foi fechada devido à presença de tanques israelenses.

A Rádio do Exército de Israel havia anunciado anteriormente que suas forças estavam no local e imagens do Exército mostraram tanques passando pelo ponto de fronteira e a bandeira israelense hasteada no lado de Gaza.

Fontes do Crescente Vermelho no Egito disseram que a ajuda a Gaza havia sido completamente interrompida em Rafah e na passagem Kerem Shalom, controlada por Israel.

Os Estados Unidos e outros governos estrangeiros têm pressionado Israel a não iniciar uma campanha em Rafah até que tenha elaborado um plano humanitário para os palestinos que se abrigam lá.

“A ocupação israelense condenou os residentes da Faixa de Gaza à morte após o fechamento da passagem de fronteira de Rafah”, disse Hisham Edwan, porta-voz da autoridade da passagem de fronteira de Gaza.

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