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TV Brasil reprisa Caminhos da Reportagem vencedor do Vladimir Herzog

A TV Brasil reprisa, nesta segunda-feira (14), o programa Caminhos da Reportagem – Inocentes na Prisão, episódio vencedor do 46° Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na categoria vídeo. O programa vai ao ar às 23h30.

O reconhecimento equivocado de suspeitos é uma das principais causas de prisão de pessoas inocentes em processos criminais. Mais de 80% das vítimas deste tipo de erro são homens negros, como mostram pesquisas da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, que é o estado com o maior número de casos tornados públicos.

A maioria dos 65 réus absolvidos em segunda instância por falhas no procedimento entre janeiro e junho de 2021 passou, em média, 1 ano e 2 meses atrás das grades.

Tiago, Paulo e Danillo compartilharam suas histórias com o Caminhos da Reportagem. Nenhum desses jovens tinha antecedentes criminais, mas suas fotos foram parar nos álbuns de suspeitos de delegacias de polícia. Eles foram apontados como autores de crimes e presos injustamente.  

Nos últimos anos, casos de prisões injustas ganharam visibilidade na mídia e nas redes sociais. Os entendimentos dos órgãos do sistema de Justiça foram aprimorados a partir das contribuições da psicologia do testemunho.

O psicólogo William Cecconello, coordenador do Cogjus, Laboratório de Ensino e Pesquisa, sediado em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, explica que “a memória é maleável e sujeita a falhas que, no dia a dia, não têm grandes implicações, mas que para o sistema de Justiça são importantes”.  

Para garantir a preservação da memória das vítimas de crimes, a Resolução 484/2022 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) estipula regras para que o reconhecimento feito nas delegacias seja válido e, ainda assim, considera que outras provas devem corroborar a acusação. “Não é possível que nós continuemos a permitir que se corra o risco de levar ao presídio alguém condenado com base em uma prova tão frágil”, afirma o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Rogério Schietti. 

Em um balanço do primeiro ano das regras em vigor, “a conclusão é que a resolução não estava sendo cumprida da forma que se pretendia”, afirma a coordenadora de Defesa Criminal da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, Lucia Helena Oliveira. 

No ano passado, só o Instituto de Defesa da População Negra (IDPN), que oferece assistência jurídica gratuita a pessoas negras em processos criminais, atuou em 15 casos de reconhecimento equivocado no Rio de Janeiro.

“São muitas arbitrariedades que acontecem ao longo do processo. A gente não sabe como a foto chega lá. Os reconhecimentos são feitos por parte da polícia de maneira totalmente irregular. Mesmo assim, o Ministério Público pede a prisão ou a condenação. E o magistrado vai corroborando essas decisões,” diz Juliana Sanches, diretora jurídica do IDPN.

O educador social Danillo Félix foi uma das vítimas de reconhecimento falho defendidas pelo IDPN. Preso em Niterói depois de ser confundido com um assaltante, ele foi inocentado, entre outros motivos, porque as vítimas disseram em juízo que haviam sido coagidas pela polícia a reconhecê-lo no álbum de suspeitos. Hoje, Danillo divulga a experiência dolorosa para lutar por jovens que passam por situações parecidas.

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Agência Brasil e TV Brasil vencem Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) ganhou dois prêmios em primeiro lugar no 46º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. A comissão julgadora se reuniu nesta quinta-feira (10), em São Paulo, e divulgou os resultados ao longo da tarde.

Das sete categorias do prêmio, a EBC venceu duas: fotografia e vídeo. Na etapa final do prêmio a comissão julgadora avaliou três finalistas para cada modalidade.

A EBC venceu na categoria fotografia com o trabalho do repórter fotográfico Paulo Pinto da Agência Brasil, publicado na reportagem Passe Livre faz manifestação em São Paulo contra o aumento da tarifa, assinada pelo jornalista Bruno Bocchini.

A empresa também ficou em primeiro lugar na categoria vídeo, com a reportagem especial “Inocentes na prisão”, exibida no programa Caminhos da Reportagem, feita pela equipe formada por Ana Passos, Gabriel Penchel, Adaroan Barros, Caio Araújo, Carlos Junior, Alex Sakata e Caroline Ramos.

A imagem vencedora de Paulo Pinto, da Agência Brasil, foi capturada durante uma manifestação do Movimento Passe Livre, quando os policiais militares revistavam as pessoas na estação República do metrô. “Não foi fácil fazer esse registro porque os policiais entravam na frente dificultando o trabalho para registrar a abordagem”, comentou Paulo.

“Ser premiado no 46º Prêmio Vladimir Herzog é uma honra e reconhecimento profissional. É hoje o maior prêmio do jornalismo brasileiro e estar nessa galeria é a coroação de uma vida de dedicação ao jornalismo. Informar através de imagens é o que nos guia, mostrar a realidade que está estampada a nossa frente sem retoques”, disse o fotógrafo da EBC.

Caminhos da Reportagem

A reportagem premiada “Inocentes na prisão” denuncia as injustas prisões, principalmente de jovens negros, acusados de crimes que não cometeram. Todos apontados como suspeitos por conta do racismo estrutural da sociedade brasileira.

“Eu fico feliz demais pelos meus colegas do Caminhos da Reportagem que se empenham tanto para entregar as pautas nas quais a gente acredita, com apuração rigorosa e edição sensível. Também fico pensando que cada uma das pessoas ouvidas no programa merece um prêmio de direitos humanos”, disse a jornalista da TV Brasil, Ana Passos.

“Espero que os relatos jovens que compartilharam suas histórias conosco se espalhem e ajudem a combater a injustiça das prisões baseadas em reconhecimento fotográfico equivocado”, considerou a jornalista da TV Brasil.

Comunicação pública

Para o presidente da EBC, Jean Lima, receber o Prêmio Vladimir Herzog é um reconhecimento do compromisso que a EBC e seus profissionais têm com o jornalismo público de qualidade, ético e responsável. “Os trabalhos realizados pelo programa Caminhos da Reportagem e pelo fotógrafo Paulo Pinto refletem a essência do que buscamos entregar ao público: histórias que inspiram, denunciam e fazem a diferença na sociedade. Uma pauta que só foi possível com o retorno de um governo democrático”, ressaltou Jean Lima.

“Este prêmio não só reconhece o esforço e a dedicação das nossas equipes, mas também celebra a importância do jornalismo público na defesa da democracia e dos direitos humanos.”

A diretora de jornalismo da EBC, Cidinha Matos, destaca que “o prêmio Vladimir Herzog ao programa Caminhos da Reportagem e à imagem do fotógrafo Paulo Pinto refletem a importância do jornalismo público para a construção da cidadania, compromisso da EBC e seus profissionais”. “Os dois prêmios também honram a TV Brasil e Agência Brasil em seu trabalho diário em defesa da justiça, dos direitos humanos e da democracia. Aos profissionais premiados, um cumprimento especial pela qualidade dos trabalhos e pelo esforço em aproximar os nossos veículos da sociedade e seus valores mais caros”, disse Cidinha.

Organizada pelo Instituto Prêmio Vladimir Herzog, a premiação é uma das mais importantes honrarias do campo jornalístico, sendo dedicada a jornalistas, repórteres fotográficos e artistas do traço que defendem a democracia, a paz, a justiça e os direitos humanos.

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