Skip to content

Brasil está perto de alcançar meta de vacinação contra o vírus HPV

Novos dados do Ministério da Saúde mostram que o Brasil está próximo de alcançar a meta de vacinação contra o HPV, causador do câncer de colo de útero. No ano passado, quase 85% do público-alvo já tinha sido vacinado e entre os adolescentes com 14 anos, a cobertura passou de 96%. 

Entre as crianças de 9 anos, o alcance ainda está aquém do desejado, com menos de 69% deles imunizados. A doença é o terceiro tumor mais incidente e a quarta maior causa de morte entre as mulheres brasileiras, com cerca de 17 mil novos casos e 7 mil óbitos anuais.

O objetivo do Ministério é chegar a 90% do público-alvo, composto por meninas e meninos de 9 a 14 anos. Para isso, é preciso aumentar a imunização nas crianças e adolescentes do sexo masculino: desde 2014, quando a vacinação contra o HPV começou no Brasil, a proporção de meninos que receberam uma dose da vacina foi 24,2 pontos percentuais menor do que a de meninas. 

Apesar da repercussão grave mais frequente do HPV ser o câncer de colo de útero, o vírus também pode causar câncer no pênis, ânus, boca e garganta. Além disso, a principal via de transmissão do vírus é a sexual, por isso a imunização dos meninos também é essencial para evitar a disseminação do HPV.

De acordo com o diretor do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Eder Gatti, uma medida que ajudou a alavancar as coberturas foi o retorno da vacinação nas escolas. Ele explica que o público-alvo foi selecionado para garantir a imunização antes do início da vida sexual e do contato com o vírus, que é extremamente comum e infeccioso. 

Segundo ele, a vacina contra o HPV foi “injustiçada” pelas suspeitas de eventos adversos, apesar da investigação provar que eles não tinham relação com o imunizante.

“É uma vacina com uma tecnologia fantástica, com eficácia alta e segurança alta, que não tem evento de alteração orgânica importante. E agora ela é aplicada em apenas uma dose, o que facilita a operação. Ela foi injustiçada e a gente precisa colocar ela de volta ao patamar que ela merece. É uma vacina que vai nos ajudar a eliminar o câncer de colo de útero”, complementou.

Gatti participou nesta sexta-feira (6) do II Simpósio Eliminação do Câncer do Colo do Útero no Brasil, no Rio de Janeiro, e anunciou também que o PNI vai investir na busca ativa de jovens de 15 a 19 anos que não tenham se vacinado contra o HPV. O Ministério da Saúde estima que sejam quase 3 milhões de pessoas, o que significa 21% da população nessa faixa etária. Os estados com as maiores porcentagens de jovens não vacinados são: Rio de Janeiro, Acre, Distrito Federal, Roraima e Amapá. 

“No SUS nós temos municípios que estão muito bem e municípios que não estão tão bem assim. Então, as estratégias precisam ser direcionadas e intensificadas para os municípios com as piores coberturas” explica o diretor do PNI. 

Segundo ele, a questão do acesso é muito importante, por causa do tamanho do Brasil. “Nós temos grandes cidades que têm a sua estrutura de saúde, mas dentro delas tem as periferias, as áreas mais empobrecidas… E o Brasil também tem áreas de difícil acesso, como a região amazônica, que representa um desafio logístico muito grande. Esse é um desafio e tanto e é preciso pensar estratégias pra aproveitar a ida até uma área ribeirinha e vacinar todo mundo”, complementa.

Eder Gatti também destacou o desafio da comunicação e como os programas de vacinação nas escolas podem contribuir com isso: “Precisamos dizer: ‘olha, é uma vacina contra o câncer, que vai salvar vidas’ e garantir o acesso diferenciado, porque o adolescente não vai para o posto, então precisamos fortalecer a vacinação nas escolas”, alerta o diretor. 

AD #1 – senhas seguras ou vírus misterioso?

Cartilha de Segurança para a Internet – https://www.cgi.br/publicacao/cartilha-de-seguranca-para-internet

Coluna Ajudante Digital

Sobre: coluna semanal com dicas tecnológicas ao dia a dia de quem acompanha a Nacional.

Tamanho: Entre 500 e 800 palavras (4 a 6 minutos).

Veiculação: Tarde Nacional, toda segunda-feira.

Ajudante Digital #1

ESTREIA DA COLUNA

[Apresentador 1] O Tarde Nacional traz uma novidade. É a Coluna Ajudante Digital, com dicas, tendências e algumas reflexões sobre esse mundo tecnológico cheio de dígitos.

[Voz com IA – mulher]: Ei, ajudante digital, como faço para proteger as minhas contas de redes sociais?

[Voz com IA – homem]: Ajudante digital, é seguro acessar meu banco pelo celular?

[Voz de assistente artificial – homem]: Olá, para proteger suas senhas…

[Voz de assistente artificial – mulher]: Sai daqui, eu que vou responder essa..

[Som de engrenagens se batendo como se fosse uma luta robótica] 🎶

[Apresentador 2] Na verdade, nada de voz artificial. A gente vai fazer as coisas no modo tradicional, com um ajudante de carne e osso. Pelo menos, até que se prove o contrário. Leyberson Pedrosa, bem-vindo ao Tarde Nacional.

[Leyberson] Olá, Strozi. Olá, Victor e um grande olá radiofônico para quem nos acompanha nas ondas do rádio e pelos bits da internet. Estou bastante contente com o convite para fazer essa coluna Tech. Como todo ser humano, a gente não sabe tudo, mas vou correr atrás de investigar dicas úteis de tecnologia para quem acompanha a gente pela Rádio Nacional.

[Apresentador 1] Deixa eu apresentar melhor o nosso novo colaborador. O Leyberson é jornalista da EBC desde 2012, gosta de desmontar coisas eletrônicas desde criança, já fez até um mini transmissor de fm. Ao longo da sua carreira, trabalhou em projetos de extensão de rádio comunitária, de inclusão digital, software livre, rádio web. Ele pesquisa e testa mídias digitais desde 2003, também atua como professor e é doutor em Mídia e Tecnologia pela Unesp.

[Apresentador 2] O Leyberson já fez alguns podcasts, como o Histórias Raras. Ele também é um dos hosts do Dazumana, um podcast de Divulgação Científica sobre Ciências Humanas criado em 2020 durante a pandemia de covid-19. Mas como ele mesmo gosta de dizer, ele é um curioso que adora fazer gambiarras tecnológicas. E que aprendeu boa parte do que sabe com o pai pedreiro e mãe costureira se virando nos 30 com as ferramentas disponíveis.

[Leyberson] Desse jeito, até parece que se eu pegar uma agulha e uma linha de pedreiro, sou capaz de construir um foguete. Brincadeira, viu! Mas quem sabe…

[Apresentador 1] Leyberson, conta pra gente o que você trouxe hoje.

CONTEÚDO DO DIA: SENHAS SEGURAS

[Vinheta de abertura] 🎶

[Trilha principal – indica começo da coluna] 🎶

[Leyberson] Como é a nossa estreia, vamos preparar o terreno como se a gente estivesse construindo uma coluna de verdade. E o primeiro cuidado é com a nossa proteção individual ou EPI. Bora falar sobre segurança digital.

A gente sabe que segurança digital é importante, mas, muitas vezes, é difícil cuidar disso na correria do dia a dia. Nessas horas, a melhor coisa é ler um manual de instruções.

[Frase do Casseta e Planeta – Os seus problemas acabaram] 🎶

E o Comitê Gestor da Internet tem uma Cartilha de Segurança para a Internet, publicada há anos, que traz dicas sobre golpes, ataques, códigos maliciosos e fraudes.

Hoje, a gente vai se focar no uso seguro de contas e senhas. Não adianta nada você criar uma senha cheia de códigos se você deixar essa senha fácil de ser descoberta. em lugares como:

[Som de uma ferramenta de metal se batendo] 🎶

• um computador infectado com algum código malicioso pode copiar a ordem que você digita no teclado ou gravar a posição do mouse.

[Som de uma ferramenta de metal se batendo] 🎶

• salvar a senha em um arquivo de texto sem criptografia. Tipo salvar no word uma lista de senhas e deixá-las na sua área de trabalho.

Mas também tem softwares que podem adivinhar as senhas fazendo associações. Não à toa, a maioria dos sites não deixa você criar senha com nomes pessoais ou data de nascimento. Se você está fazendo isso, bora corrigir isso! Enfim, a cartilha traz uma lista enorme de maneiras de descobrir uma senha.

[Som ao fundo estilo Dólar Furado/Faroeste para dar ideia de vazio] 🎶

Mas isso não quer dizer que você precisa arrancar tudo da tomada e ir pro meio do mato.

Além de tomar cuidados básicos como não fornecer senhas estranhas, criar senhas de difícil associação, atualizar sempre o computador, eu destaquei uma dica bem legal que está no manual. Bora lá:

Tem dificuldade de guardar ou memorizar uma senha diferente para cada acesso? Então, crie um grupo de senhas de acordo com o risco envolvido.

[Som único de uma ferramenta de metal se batendo] 🎶

NÍVEL DE RISCO ALTÍSSIMO. ALERTA TOTAL!

Vai mexer no banco on-line ou no seu e-mail principal, então crie uma senha ÚNICA para cada um desses serviços e memorize bem. Se precisar, pode anotar essa senha num papel e esconder debaixo de algum objeto pessoal que só você sabe onde tá. Mas sem identificar o que aquele monte de códigos do papel quer dizer. Se alguém achar, não vai entender pra que serve.

[Som único de uma ferramenta de metal se batendo] 🎶

NÍVEL DE RISCO INTERMEDIÁRIO. ATENÇÃO!

Sabe aquele site de compras on-line que você usa de vez em quando? Pode criar uma senha menos complicada pra ele DESDE que você não deixe salvo nesse site dados sensíveis, como seu cartão de crédito ou endereço. Melhor ter o trabalho de digitar os números do cartão do que enfrentar a burocracia do banco para provar o uso indevido do cartão.

[Som único de uma ferramenta de metal se batendo] 🎶

NÍVEL DE BAIXÍSSIMO RISCO. BAIXE A GUARDA COM CUIDADO

Aqui nesse nível rola de reutilizar senhas em situações em que o risco envolvido é bem baixo. Tipo aquelas senhas de cadastros em fóruns de dúvidas ou quando você precisa logar para fazer um comentário no site? Nesse nível, você até aceita mais o risco de alguém descobrir a sua senha já que não tem nada valioso a ser violado.

Essa lógica de três níveis de senha é um caminho possível, mas não é o único. Existem muito mais dicas. Uma delas é usar um programa que armazena de forma segura pra você as senhas criadas para cada site usado. Mas isso fica como tema para um outro dia.

[Trilha secundário – indica término da coluna] 🎶

O importante mesmo é criar uma estratégia para não se esquecer e usar uma senha de baixo risco em outro nível.

Tem alguma dúvida pro Ajudante Digital? Manda pra gente pelo Whatsapp da Nacional ou pelo e-mail tardenacional@.…

Quem sabe sua dúvida não vira tema da coluna?

Até a próxima, tchau!.

Moradores do Rio são infectados com nova variante do vírus da covid-19

A Secretaria de Estado de Saúde do Rio informou nessa segunda-feira (14) que foram detectados dois casos da nova linhagem XEC do vírus Sars-CoV-2 da Covid-19. Ambos moram na capital fluminense e não viajaram para fora do país recentemente. Os casos foram detectados a partir de um monitoramento de rotina do Centro de Informação Estratégica e Vigilância em Saúde da SES-RJ, que seleciona amostras aleatoriamente para exames genéticos.

O primeiro paciente é um homem de 45 anos, que começou a apresentar sintomas em 9 de setembro. A segunda é uma mulher de 61 anos que teve os primeiros sinais em 11 de setembro. Ambos se curaram da doença depois de sintomas leves, parecidos com o de um resfriado.

No Centro de Inteligência em Saúde (CIS), a secretaria monitora os indicadores precoces, como incidência de sintomas gripais e solicitações de leitos em unidades de Pronto Atendimento (UPAs) estaduais. A observação desses índices permite anteceder a variação no número de casos.

Nova variante do vírus Sars-CoV-2 é identificada em três estados

Uma linhagem do vírus Sars-CoV-2 que vem se espalhando pelo mundo foi detectada no Brasil. A linhagem, chamada de XEC, que pertence à variante Omicron, foi identificada no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Santa Catarina. O primeiro achado foi realizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em amostras referentes a dois pacientes residentes na capital fluminense, diagnosticados com covid-19 em setembro. A identificação foi realizada pelo Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC, que atua como referência para Sars-CoV-2 junto ao Ministério da Saúde e à Organização Mundial da Saúde (OMS).

O Ministério da Saúde e as secretarias Estadual e Municipal de Saúde do Rio de Janeiro foram rapidamente informados sobre o achado. As sequências genéticas decodificadas foram depositadas na plataforma online Gisaid nos dias 26 de setembro e 7 de outubro. Depois das sequências do Rio de Janeiro, também foram depositados, por outros grupos de pesquisadores, genomas da linhagem XEC decodificados em São Paulo, a partir de amostras coletadas em agosto, e em Santa Catarina, de duas amostras coletadas em setembro.

Monitoramento

A XEC foi classificada pela OMS no dia 24 de setembro como uma variante sob monitoramento. Isso ocorre quando uma linhagem apresenta mutações no genoma que são suspeitas de afetar o comportamento do vírus e observam-se os primeiros sinais de “vantagem de crescimento” em relação a outras variantes em circulação. Esta variante começou a chamar atenção em junho e julho de 2024, devido ao aumento de detecções na Alemanha. Rapidamente, espalhou-se pela Europa, pelas Américas, pela Ásia e Oceania. Pelo menos 35 países identificaram a cepa, que soma mais de 2,4 mil sequências genéticas depositadas na plataforma Gisaid até o dia 10 de outubro deste ano.

De acordo com a pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC Paola Resende, dados do exterior indicam que a XEC pode ser mais transmissível do que outras linhagens, porém será necessário avaliar o seu comportamento no Brasil. “Em outros países, essa variante tem apresentado sinais de maior transmissibilidade, aumentando a circulação do vírus. É importante observar o que vai acontecer no Brasil.  O impacto da chegada dessa variante pode não ser o mesmo aqui porque a memória imunológica da população é diferente em cada país, devido às linhagens que já circularam no passado”, explica Paola, que também atua na Rede Genômica Fiocruz.

A detecção da XEC no Brasil foi realizada a partir de uma estratégia de vigilância que ampliou o sequenciamento de genomas do Sars-CoV-2 na capital fluminense em agosto e setembro. Esta ação contou com a parceria da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Durante três semanas, foi realizada a coleta de amostra de swab nasal para envio ao Laboratório de Referência do IOC/Fiocruz em casos positivos para Sars-CoV-2 diagnosticados por testes rápidos em unidades básicas de saúde. Embora tenha apontado a presença da XEC, o monitoramento confirmou o predomínio da linhagem JN.1, que é majoritária no Brasil desde o final do ano passado.

“Realizamos essa ação para compreender em tempo real o que estava ocorrendo no Rio, uma vez que havia um leve aumento nos diagnósticos de covid-19 na cidade. Isso foi muito importante para detectar a variante XEC, que precisará ser acompanhada de agora em diante”, detalhou a virologista.

Dados atuais da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro e do Infogripe, da Fiocruz, não indicam alta nos casos de covid-19 na cidade. A virologista alerta para o enfraquecimento da vigilância genômica do SARS-CoV-2 no Brasil e reforça a necessidade de manter o monitoramento em todo o território nacional.

“Atualmente, estamos sem dados genômicos de diversos estados porque não têm ocorrido coleta e envio de amostras para sequenciamento genético. É muito importante que esse monitoramento seja mantido de forma homogênea no país para acompanhar o impacto da chegada da variante XEC e detectar outras variantes que podem alterar o cenário da covid-19”, destacou Paola.

A virologista reforçou ainda que os dados sobre os genomas do Sars-CoV-2 em circulação são relevantes para ajustar a composição das vacinas da covid-19. A OMS conta com um grupo consultivo técnico sobre o tema, que se reúne duas vezes ao ano. Em abril, o comitê recomendou formulação de imunizantes baseados na linhagem JN.1. A próxima reunião está marcada para dezembro.

Origem

Análises indicam que a XEC surgiu pela recombinação genética entre cepas que circulavam anteriormente. O fenômeno ocorre quando um indivíduo é infectado por duas linhagens virais diferentes simultaneamente. Nessa situação, pode ocorrer a mistura dos genomas dos dois patógenos durante o processo de replicação viral. O genoma da XEC apresenta trechos dos genomas das linhagens KS.1.1 e KP.3.3. Além disso, a linhagem apresenta mutações adicionais que podem conferir vantagens para a sua disseminação.

Marburg: entenda vírus com potencial pandêmico que preocupa a África

Na última sexta-feira (27), o Ministério da Saúde de Ruanda confirmou casos inéditos no país de infecção pelo vírus Marburg. Amostras de sangue de pacientes que apresentaram sintomas compatíveis foram analisadas pelo Laboratório Nacional de Referência e testaram positivo para a doença. Dois dias depois, pelo menos 26 casos já haviam sido confirmados em sete dos 30 distritos de Ruanda, sendo que mais da metade dos infectados são profissionais de saúde de duas unidades da capital Kigali.

O último boletim divulgado por autoridades sanitárias de Ruanda esta semana contabiliza 31 pessoas infectadas e 11 mortes. Ao todo, 19 pacientes estão sendo mantidos em isolamento enquanto recebem tratamento.

O rastreamento e a testagem de pessoas próximas aos infectados, de acordo com o Ministério da Saúde local, está em andamento, com mais de 300 pessoas sendo monitoradas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) coordena as ações para controle e prevenção de casos no país e em nações vizinhas.

A entidade define a doença de Marburg como altamente virulenta e responsável por um quadro de febre hemorrágica com taxa de mortalidade que chega a 88%, dependendo da cepa e do gerenciamento de casos. Pertencente à mesma família do vírus Ebola, o Marburg provoca sintomas que começam de forma abrupta, incluindo febre alta, dor de cabeça severa e forte mal-estar. Muitos pacientes desenvolvem sintomas hemorrágicos graves em um período de apenas sete dias.

>> Confira as principais perguntas e respostas sobre o Marburg (informações da OMS e do Centro de Controle e Prevenção de Doenças no Continente Africano – Africa CDC, na sigla em inglês):

O que é a doença do vírus Marburg?

É classificada como uma enfermidade grave e, muitas vezes, fatal, causada pelo vírus Marburg. A infecção leva a um quadro de febre hemorrágica viral grave em humanos, caracterizada por febre, dor de cabeça severa, dor nas costas, dores musculares intensas, dor abdominal, vômito, confusão mental, diarreia e, em estágios muito avançados, sangramentos.

Etiópia, 02/10/2024 – Imagem de microscópio da doença de Marburg. Foto: AfricaCDC/Divulgação

A doença foi identificada pela primeira vez no município de Marburg, na Alemanha, em 1967. Desde então, há um número limitado de surtos, notificados em Angola, na República Democrática do Congo, no Quênia, na África do Sul, na Uganda e, agora, em Ruanda.

 

Em 2023, foram identificados dois surtos distintos de Marburg em dois países: Guiné Equatorial e Tanzânia. De acordo com a OMS, a doença figura como uma grave ameaça à saúde pública em razão de sua elevada taxa de mortalidade, além da ausência de um tratamento antiviral ou mesmo de uma vacina capaz de conter a disseminação do vírus.

Como é a infecção pelo vírus?

Inicialmente, seres humanos podem ser infectados ao entrarem em contato com morcegos Rousettus, um tipo de morcego frugívoro (que se alimentam de frutas) frequentemente encontrado em minas e cavernas. Já a transmissão de pessoa para pessoa acontece principalmente por meio do contato com fluidos corporais de pessoas infectadas, incluindo sangue, fezes, vômito, saliva, urina, suor, leite materno, sêmen e fluidos da gravidez.

A infecção também ocorre por meio do contato com superfícies e materiais contaminados com esses fluidos corporais. A doença não se espalha pelo ar.

A OMS alerta que o vírus, muitas vezes, se espalha de um membro da família para outro ou ainda de um paciente para um profissional de saúde que não utilize equipamentos de proteção adequados.

Pessoas infectadas permanecem transmitindo o Marburg enquanto houver carga viral no sangue, o que significa que os pacientes devem receber tratamento em unidades de saúde específicas e aguardar que testes laboratoriais confirmem o momento de retornar ao convívio em segurança.

Quais os sinais e sintomas?

Os primeiros sintomas podem surgir logo após a infecção e incluem febre alta, calafrios, dor de cabeça intensa e cansaço intenso. Dores musculares também são sintomas iniciais comuns.

O quadro tende a se agravar com o passar do tempo, quando aparecem náuseas, vômitos, dores de estômago e/ou no peito, erupções cutâneas e diarreia, que podem durar cerca de uma semana.

Nas fases tardias da doença, é comum ocorrer sangramento em diversos locais do corpo, como gengivas, nariz e ânus. Os pacientes podem sofrer choque, delírio e falência de órgãos.

De acordo com a OMS, os sintomas de infecção por Marburg mais relatados são:

– febre;

– dor nas costas;

– dor muscular;

– dor de estômago;

– perda de apetite;

– vômito;

– letargia;

– irritação na pele;

– dificuldade em engolir;

– dor de cabeça;

– diarreia;

– soluço;

– dificuldade para respirar.

Qual o intervalo de tempo até que os sintomas comecem a aparecer?

A janela de tempo entre a infecção por Marburg e o início dos sintomas varia de dois a 21 dias. Alguns pacientes apresentam sangramento entre cinco e sete dias sendo que a maioria dos casos fatais geralmente apresenta algum tipo de sangramento – geralmente, em múltiplas áreas do corpo. Quadros de sangue no vômito e/ou nas fezes, por exemplo, costumam ser acompanhados de sangramentos no nariz, nas gengivas e na vagina.

“A morte pode ocorrer rapidamente e, geralmente, é causada por sepse viral, falência múltipla de órgãos e sangramento”, alerta a OMS.

Os vírus Marburg e Ebola provocam a mesma doença?

A OMS classifica as duas infecções como raras e semelhantes, mas causadas por vírus distintos, ambos membros da família dos filovírus e com capacidade de causar surtos com altas taxas de mortalidade.

A doença de Marburg pode ser confundida com outros quadros infecciosos como ebola, malária, febre tifoide e dengue, em razão da semelhança dos sintomas.

Por esse motivo, apenas a testagem realizada em laboratório, utilizando amostras de sangue, tecido ou outros fluidos corporais do paciente, pode confirmar a infecção.

O que fazer em caso de sintomas de Marburg?

Se você ou alguém próximo a você apresentar sintomas semelhantes aos da infecção por Marburg, a orientação da OMS é entrar em contato com um profissional de saúde local para obter conselhos atualizados e precisos.

Em casos em que há resultado de teste positivo para a infecção, o atendimento precoce em um centro de tratamento específico é considerado essencial, além de aumentar as chances de sobrevivência.

Não existe tratamento específico para a doença. Entretanto, no intuito de maximizar as chances de recuperação e ampliar a segurança de pessoas próximas, todos os pacientes devem receber cuidados e permanecer em um centro de tratamento designado para esse tipo de caso até que sejam autorizados a sair. A OMS não recomenda o tratamento em casa.

“Se você ou um ente querido testar negativo para doença de Marburg, mas ainda apresentar sintomas compatíveis, permaneça vigilante até que eles desapareçam e até que você seja liberado pelo seu médico”, destacou a organização.

“Siga sempre os conselhos dos profissionais de saúde, já que podem ser necessárias análises laboratoriais adicionais em casos de resultado laboratorial negativo mas com paciente sintomático”.

Como proteger do vírus?

A melhor forma de prevenir a infecção por Marburg é evitar o contato com indivíduos ou animais infectados e praticar uma boa higiene, além de seguir outras medidas possivelmente recomendadas por governos e autoridades sanitárias locais.

Caso você more ou esteja viajando para áreas onde foi relatada a presença do vírus – ainda que não apresente sintomas e que não tenha entrado em contato com um paciente infectado –, a orientação é seguir medidas preventivas como:

– procurar atendimento caso surjam sinais da infecção;

– lavar as mãos regularmente com sabão ou com solução para esfregar as mãos à base de álcool;

– evitar contato com fluidos corporais de pessoas com sintomas de infecção por Marburg, além de evitar o manejo do corpo de alguém que faleceu com sintomas da doença;

– ao parar em pontos de controle sanitários oficiais, aderir a quaisquer medidas preventivas em vigor, incluindo a triagem de temperatura e o preenchimento de formulários de declaração de saúde.

 

Centro de pesquisa da doença de Marburg. Foto: AfricaCDC/Divulgação

Tem tratamento da doença?

Atualmente, não há tratamento disponível para pacientes diagnosticados com o vírus. Por isso, a OMS considera essencial que pessoas que apresentem sintomas semelhantes procurem atendimento precoce. C

Cuidados de suporte, incluindo o fornecimento de hidratação adequada, o controle da dor e de outros sintomas que possam surgir deve ser feito por profissionais de saúde e é considerado a forma mais segura e eficaz de gerir a infecção.

O tratamento de coinfecções, como por malária, doença bastante comum no continente africano, também é definido como crucial para os cuidados de suporte contra o Marburg.

Segundo a OMS, terapias em fase de teste e ainda não aprovadas para o tratamento da infecção foram priorizadas para avaliação da entidade por meio de ensaios clínicos randomizados.

Existem vacinas?

Até o momento, não existem vacinas aprovadas para prevenir a infecção pelo vírus Marburg. Há, entretanto, algumas doses atualmente em processo de desenvolvimento. “A OMS identificou a doença de Marburg como uma doença de alta prioridade para a qual se faz urgentemente necessária uma vacina”, informa a OMS. 

Anticorpo para recém-nascido é promessa no combate ao vírus sincicial

O vírus sincicial respiratório (VSR) figura atualmente como uma das principais causas de infecção das vias respiratórias entre recém-nascidos e ao longo dos primeiros meses de vida. No Brasil, o vírus costumava circular com maior intensidade no outono e no inverno. Mas, desde 2023, o país registra aumento no número de hospitalizações infantis fora de época ocasionadas pela infecção.

A infectologista e virologista Nancy Bellei, que atua como consultora para o Ministério da Saúde e a Organização Mundial de Saúde (OMS), alerta que, em muitos casos, o vírus é transmitido a recém-nascidos e bebês pequenos por irmãos em idade escolar. “Na pandemia de covid-19, fechou tudo, e a carga da doença diminui muito. Depois, quando as coisas reabriram, as pessoas começam a se reinfectar de novo. A gente se reinfecta com VSR a vida toda.”

“Precisamos de estratégias passivas para proteger esses bebês, que são mais vulneráveis a desfechos graves pelo vírus”, disse. Uma das promessas, segundo ela, é o anticorpo monoclonal nirsevimabe, no formato injetável e em dose única, indicado para recém-nascidos prematuros ou a termo e para bebês de até 12 meses. Já autorizado para uso pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o medicamento deve chegar ao país nos próximos dias.

Num primeiro momento, a proposta é que o monoclonal seja administrado no início da primeira temporada de VSR do bebê. Alguns profissionais de saúde, entretanto, defendem que o medicamento esteja disponível ao longo de todo o ano. “Temos quase um terço dos casos fora da chamada sazonalidade. Na minha opinião, a indicação do monoclonal não deveria ser sazonal”, avaliou o presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Marco Aurélio Safadi.

“Outra gestão é um hábito específico do brasileiro. Nasce o bebê, vai toda a galera que conhece a mãe, vão os amigos de futebol do pai. Todos vão visitar o bebê. Fazem aquela festa na maternidade. E o recém-nascido é um indivíduo que precisa de muita proteção. A melhor estratégia para uma doença que já começa a ser grave no primeiro dia é mesmo a imunização passiva.”

Entenda

Diferentemente da vacina, que se classifica como imunização ativa, o anticorpo monoclonal figura como imunização passiva porque já entrega ao paciente a defesa de que ele necessita. Na prática, enquanto a vacina exige que o organismo reaja para produzir anticorpos, o anticorpo monoclonal é introduzido prontamente ao organismo, além de causar menos reações adversas.

*A repórter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)

Vacina nacional contra mpox é prioridade da Rede Vírus

Desde a primeira emergência global por mpox, há 2 anos, o Centro de Tecnologia de Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolve um imunizante brasileiro capaz de prevenir a infecção. Em nota, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) informou que a iniciativa é uma das prioridades da Rede Vírus, comitê de especialistas em virologia criado para o desenvolvimento de diagnósticos, tratamentos, vacinas e produção de conteúdo sobre vírus emergentes no Brasil.

No dia 14, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, declarou emergência em saúde pública de importância internacional em razão do aumento de casos e do surgimento de uma nova variante no continente africano. Dados do Ministério da Saúde indicam que, este ano, 709 casos da doença foram identificados no Brasil, sendo que nenhum, até o momento, provocado pela nova variante.

De acordo com o MCTI, em 2022 o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos doou para a UFMG material conhecido como semente do vírus da mpox, uma espécie de ponto de partida para o desenvolvimento do insumo farmacêutico ativo (IFA), matéria-prima utilizada na produção do imunizante. 

“No momento, a pesquisa está na fase de estudo para o aumento da produção, verificando a obtenção de matéria-prima para atender a demanda em grande escala”, informou o ministério.

A dose brasileira, segundo a pasta, é composta por um vírus semelhante ao da mpox, atenuado através de passagens em um hospedeiro diferente, até que perdesse completamente a capacidade de se multiplicar em hospedeiros mamíferos, como o ser humano.

Outras vacinas

De acordo com a OMS, existem, atualmente, duas vacinas disponíveis contra a mpox. Uma delas, a Jynneos, produzida pela farmacêutica dinarmaquesa Bavarian Nordic, também é composta pelo vírus atenuado e é recomendada para adultos, incluindo gestantes, lactantes e pessoas com HIV.

O segundo imunizante é o ACAM 2000, fabricado pela farmacêutica norte-americana Emergent BioSolutions, mas com diversas contra indicações, além de mais efeitos colaterais, já que é composta pelo vírus ativo, “se tornando assim, menos segura”, conforme avaliação do próprio MCTI.

Com a declaração de emergência global anunciada pela OMS, o Ministério da Saúde anunciou que negocia a compra de 25 mil doses da Jynneos junto à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Desde 2023, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso provisório do imunizante, o Brasil já recebeu cerca de 47 mil doses do imunizante e aplicou 29 mil.

Europa registra 69 casos e oito mortes por vírus do Nilo Ocidental

Oito países europeus reportaram um total de 69 casos humanos de febre do Nilo Ocidental de janeiro a 31 de julho deste ano. O continente registra ainda oito mortes pelas doença.

De acordo com o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças, os casos foram notificados nas seguintes localidades: Grécia (31), Itália (25), Espanha (5), Áustria (2), Hungria (2), Sérvia (2), França (1) e Romênia (1). Já as mortes foram identificadas na Grécia (5), na Itália (2) e na Espanha (1).

“Na Europa, o número total de casos notificados até o momento, este ano, está dentro do que era esperado, embora o número de casos na Grécia e na Espanha seja superior ao registrado em anos anteriores”, destacou o centro.

“Os indicadores clínicos e de gravidade também são semelhantes aos de anos anteriores. Todas as regiões afetadas este ano foram registradas anteriormente ou tinham regiões vizinhas que notificaram casos.”

De acordo com a entidade, em razão de condições climáticas favoráveis à doença, novos casos de febre do Nilo Ocidental em humanos devem ser reportados ao longo das próximas semanas e meses.

Entenda

O vírus do Nilo Ocidental é transmitido por meio da picada de mosquitos infectados, principalmente do gênero Culex (pernilongo). Os hospedeiros naturais são algumas espécies de aves silvestres, que atuam como amplificadores do vírus e como fonte de infecção para os mosquitos.

O vírus também pode infectar humanos, equinos, primatas e outros mamíferos. O homem e os equinos são considerados hospedeiros acidentais e terminais, uma vez que a contaminação do vírus se dá por curto período de tempo e em níveis insuficientes para infectar mosquitos, encerrando o ciclo de transmissão.

Outras formas mais raras de transmissão já foram relatadas e incluem transfusão sanguínea, transplante de órgãos, aleitamento materno e transmissão transplacentária.

Já a febre do Nilo Ocidental é uma infecção viral aguda causada pelo vírus. Pode ocorrer de forma assintomática ou com sintomatologia variável, apresentando desde casos leves, com febre passageira acompanhada ou não de astenia e mialgia, até casos mais severos, com sinais de acometimento do sistema nervoso central ou periférico.

Os fatores de risco estão relacionados à presença do ser humano em áreas rurais e silvestres que contenham o mosquito infectado.

Complicações causadas por vírus sincicial respiratório crescem em 2024

Bronquiolite é uma palavra que dá arrepios em muitas mães e pais. Um dia, o bebê começa a apresentar coriza, tosse, e tudo parece não passar de um resfriado. Mas, de repente, a respiração fica difícil, com um chiado no peito. Esses são os principais indicativos de que os bronquíolos, as vias mais estreitas dos pulmões, estão inflamados, uma condição que pode se agravar rapidamente.

Apesar de ser mais frequente no inverno, a bronquiolite não é causada pelo frio, como muita gente pensa, mas por agentes infecciosos, que circulam mais nesse período. E um deles, de nome difícil, se destaca: o vírus sincicial respiratório, ou VSR. Atualmente, o VSR é a principal causa de internação e morte de crianças pequenas por complicações após sintomas gripais no Brasil, a chamada Síndrome Respiratória Aguda Grave.

De acordo com dados da plataforma Infogripe, da Fiocruz, até o dia 20 de julho, foram mais de 22 mil casos em pequenos de até 2 anos de idade. E, infelizmente, quase 200 deles morreram. A pesquisadora do Infogripe, Tatiana Portella, destaca que houve aumento este ano. No mesmo período de 2023, foram registrados cerca de 1500 casos a menos nessa faixa etária. Mas Tatiana pontua, que apesar da bronquiolite ser uma velha conhecida das famílias e dos pediatras, só a partir da pandemia de covid-19, é que a testagem viral mais ampla em pacientes com síndrome respiratória, passou a ser frequente. Aí o VSR começou a aparecer com números mais expressivos.

“Se você olha a série histórica nos casos hospitalizados do VSR, parece que tinha poucos casos. Mas a verdade é que não importava e ninguém sabe dizer quantos casos tinha naquela época. E também durante a pandemia, de várias doenças, equivale a um conhecimento era muito baixo e como tudo mundo ficou anulado isso acabou quebrando o ciclo de outras doenças, inclusive do VSR.”

Por enquanto, não existe vacina infantil para o vírus VSR. Mas a Anvisa já autorizou o uso no Brasil de uma vacina destinada a gestantes, justamente para proteger os bebês, já que os anticorpos são repassados ao feto. E no começo de julho, a farmacêutica Pfizer pediu que a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS avalie a inclusão da vacina no Programa Nacional de Imunizações. O Ministério da Saúde não informou quando esse pedido será analisado. A Pfizer também informou que a vacina deve chegar às clínicas particulares neste semestre.

A diretora médica da Pfizer no Brasil, Adriana Ribeiro, explica que a vacina apresentou eficácia de 82% de prevenção contra formas graves de adoecimento em bebês de até 3 meses.

“A vacina continua protegendo até os seis meses de idade em 69%. Ela tem uma sustentabilidade ao longo do tempo. Foram mais de 7 mil gestantes de 18 centros de pesquisa ao redor do mundo e quatro deles foram aqui no Brasil. Não teve efeitos adversos colaterais inesperados e os eventos adversos mais comuns, de super fácil manejo, foram dor no local da infeção, dor de cabeça e dor muscular

A vacina da Pfizer também foi autorizada para aplicação em idosos. E os dados do Infogripe mostram que o VSR é uma infecção importante também nesta faixa etária: somente este ano, foram quase 800 casos de síndrome respiratória aguda grave com diagnóstico positivo para VSR entre pessoas acima de 65 anos. A quantia já supera os casos de todo o ano passado. E até 20 de julho, 202 idosos não resistiram às complicações. Para esse público, já há outra vacina disponível no Brasil, mas, por enquanto, apenas no sistema particular. Lessandra Michelin, líder-médica da farmacêutica GSK, diz que a prevenção neste público pode evitar também outros problemas, além da síndrome respiratória.

“78% da população acima de 60 anos têm uma comorbidade. Então, geralmente, quando pegamos infecção por VSR, descompensa essa comorbinade. Se a pessoa que é diabética, discompensa o diabetes. Quem tem insuficiência cardíaca, descompensa. Então, o virus não afeta somente o pulmão, hoje ele acaba descompensando o organismo como um todo e afeta outros orgãos por tabela.”

A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Mônica Levy, explica que a análise para inclusão de vacinas no Calendário do SUS coloca na balança não só o risco da doença, mas também o custo-benefício do imunizante e o impacto da sua aplicação na saúde pública. Por isso, ela acredita que a prevenção dos bebês será discutida com mais prioridade. Mas outros grupos também devem ser considerados.

“Dentro dos idosos existem aqueles que têm um risco muito maior. que são os cardiopneumopatas crônicos. Isso sim, aumenta em muito o risco do VSR levar ao óbito.” 

Mônica também complementa que o SUS oferece outra opção de prevenção para casos de grande vulnerabilidade: os chamados anticorpos monoclonais, que ajudam o corpo a combater o vírus, em caso de infecção. No entanto, no SUS, eles só são aplicados em prematuros extremos e bebês com algumas doenças específicas. O remédio também pode ser solicitado aos planos de saúde, ou comprado com prescrição médica especial.

*Notícia atualizada às 11h08 de 27/07 para correção de título. Ao contrário do informado anteriormente, não foram os casos de bronquiolite que aumentaram, mas os de Síndrome Respiratória Aguda Grave relacionada ao vírus sincicial respiratório

Ouça na Radioagência:

Edição: Sayonara Moreno / Pedro Lacerda

Vírus respiratório ainda é principal causa de internações de crianças

O vírus sincicial respiratório (VSR) se mantém como a principal causa de internação e óbitos em crianças pequenas, ainda que tenha apresentado queda nas últimas semanas, segundo o boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado nesta quinta-feira (25). 

Apesar de a análise ter observado sinais de interrupção do crescimento ou início de redução das hospitalizações por VSR e influenza A, em alguns estados do centro-sul ainda há crescimento dos casos do vírus influenza, especialmente entre os idosos, e do VSR e rinovírus, em crianças em alguns estados do Sul e Sudeste. 

O boletim apontou também que alguns estados do Norte registram continuidade do aumento de casos de VSR e rinovírus na população de até 2 anos de idade.

O estudo aponta indícios de queda da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na tendência de longo prazo no Acre, Bahia, Minas Gerais e Roraima.         Entre as capitais, cinco têm indícios de crescimento de SRAG: Boa Vista, Fortaleza, Rio Branco, Salvador e São Luís.

A pesquisadora do Programa de Computação Científica da Fiocruz e do InfoGripe Tatiana Portella observa que o cenário atual da SRAG no país é decorrente principalmente dos vírus VSR, influenza A e rinovírus. 

“Apesar de o vírus influenza A ainda apresentar crescimento, principalmente em idosos, em alguns estados das regiões Sul e Sudeste, como Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul, já é possível observar interrupção do crescimento em alguns estados da região centro-sul”.

Covid-19

A circulação da covid-19 tem aumentado entre os idosos nas últimas semanas em alguns estados do Nordeste e no Amazonas. Contudo, o vírus ainda se mantém em patamares baixos quando comparado ao seu histórico de circulação. No Amazonas, Alagoas e Pernambuco, já é possível observar um leve sinal de aumento nas internações por SRAG em idosos devido à covid-19. No Ceará e no Piauí a principal causa de internações por SRAG em idosos na última semana foi a covid-19. 

“Diante desse contexto, é muito importante que os hospitais e as unidades sentinelas de síndrome gripal das regiões Norte e Nordeste reforcem a atenção para qualquer sinal de aumento expressivo na circulação do vírus”, alerta Tatiana Portella.

Óbitos

A mortalidade da SRAG nas últimas oito semanas foi semelhante entre crianças pequenas e idosos. Na população idosa se destacam aquelas associadas ao vírus da gripe influenza A e à covid-19. Na população entre 5 e 64 anos de iade, a presença do vírus influenza A domina entre os óbitos das últimas semanas.