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Problema com Carrefour está superado, diz Mauro Vieira

O mal-estar causado pelas declarações infundadas do presidente do Carrefour na França, Alexandre Bompard, sobre a carne produzida no Brasil já está superado, tanto do ponto de vista empresarial como entre governos, após o pedido de desculpas manifestado pelo executivo do grupo francês. A avaliação é do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que participou, nesta quarta-feira (27), do programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Na semana passada, Bompard disse que a carne produzida no Brasil não respeitaria as normas estabelecidas pela França e que, por isso, não comercializaria mais as carnes do Mercosul em seus mercados naquele país. A declaração resultou em críticas manifestadas por diversos produtores brasileiros, que iniciaram um movimento de boicote no fornecimento de proteínas aos mercados Carrefour no Brasil. Diante da repercussão, Bompard divulgou ontem (26) uma nota de retratação, na qual ressalta a boa qualidade dos produtos brasileiros.

Durante a entrevista ao Bom Dia, Ministro, Mauro Vieira disse que o problema envolve, a priori, empresas, e que a atuação do governo federal foi no sentido de defender a qualidade dos produtos brasileiros. “Surgiu de uma manifestação do presidente mundial de uma grande cadeia de supermercados francesa que tem, fora da França, sua maior plataforma de operação no Brasil. Acho que ele deve ter feito isso por questões domésticas e políticas internas”, disse o ministro.

“Foi a manifestação de uma empresa privada, e governos não se envolvem nisso. O que fizemos foi uma nota. Ontem houve uma segunda nota de esclarecimento da situação. A carta retratação do presidente dessa empresa foi enviada ao Ministério da Agricultura. Ao que parece, ele se desculpou. Reconheceu a qualidade sanitária e de paladar dos produtos brasileiros. Então acho que isso já é uma resposta; uma boa resposta para essa questão entre empresas”, acrescentou.

Na avaliação de Mauro Vieira, a retratação do empresário pôs fim ao problema. “Do ponto de vista de governo, não houve nenhum problema maior. E, do ponto de vista empresarial, [o problema] está superado, com ele falando da qualidade dos produtos brasileiros”, disse. 

Ele lembrou que a exportação de carne brasileira é feita para mais de 140 destinos, cumprindo todos os requisitos sanitários e questões de controle de qualidade de todos os países. “Inclusive de mercados muito exigentes, como a União Europeia, Japão, Estados Unidos e China”.

 

Mauro Vieira: retirada de embaixador da Venezuela não é definitiva

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse hoje (13) que a retirada do embaixador venezuelano no Brasil, Manuel Vadell, para prestar esclarecimentos ao governo de Nicolás Maduro, não é definitiva. Vieira disse que o procedimento é comum na diplomacia.

“Ele [o embaixador] foi chamado para consultas. E quando ocorre isso é por um período”, disse. “Não ha indicação que a partida do embaixador seja definitiva”, completou o chanceler, que participou nesta quarta-feira (13) de audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados para tratar da Venezuela.

No dia 30 de outubro, a Venezuela convocou o seu embaixador no Brasil para consultas como manifestação de repúdio a declarações feitas por porta-vozes brasileiros, citando especificamente o assessor especial da Presidência da República, embaixador Celso Amorim.

“Ainda que as circunstâncias imponham uma inevitável diminuição do dinamismo do relacionamento bilateral, isso não significa de forma alguma que o Brasil deva romper relações ou algo dessa natureza com a Venezuela. Pelo contrário, diálogo e negociação e não isolamento são a chave para a construção de qualquer solução pacífica e duradoura na Venezuela”, avaliou.

O chanceler disse ainda que a crise política na Venezuela não deve ser resolvida com sanções e isolamento impostas de fora. Vieira defendeu que a resolução da crise no país vizinho, após a eleição presidencial do dia 28 de julho, que resultou na reeleição ao presidente Nicolás Maduro, seja resolvida através do diálogo pelos próprios venezuelanos.

“A solução precisa ser construída pelos próprios venezuelanos e não imposta de fora com mais sanções e isolamentos. Isso nós já vimos que não funciona. Não podemos cometer os erros que cometemos na época da autoproclamação de Juan Guaidó como presidente”, disse o ministro durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados para tratar da Venezuela.

Na avaliação do ministro, a relação com o país vizinho, que compartilha cerca de 2200 km de fronteiras terrestres, com o Brasil, a maior fronteira compartilhada depois da Bolívia e do Peru, foi esvaziada a partir de 2017.

Naquele ano, após 53 dias de protestos violentos, o presidente Nicolás Maduro convocou a eleição de uma assembleia constituinte que funcionou de forma paralela à Assembleia Nacional, o parlamento daquele país, então dominada pela oposição. A tensão política permaneceu no ano seguinte, com o boicote da oposição às eleições presidenciais de 2018, culminando com a autoproclamação de Guaidó, que presidia o parlamento, como presidente interino do país em 2019.

“Ao longo desse período, o governo brasileiro tinha outro direcionamento político e estimulou apenas um dos lados, em detrimento do diálogo”, avaliou Vieira, afirmando que, atualmente, a diplomacia brasileira tem como princípios a defesa da democracia, a não ingerência em assuntos internos e a resolução pacífica de controvérsias.

Aos deputados, Vieira lembrou que a defesa do diálogo já havia sido expressa pelo embaixador Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República, em outra audiência no colegiado. Na ocasião, Amorim disse ser necessário que o Brasil permaneça como um interlocutor junto à Venezuela, apesar dos atritos diplomáticos ocorridos após a eleição presidencial.

Ainda de acordo com o ministro, o interesse do governo brasileiro sobre o processo eleitoral venezuelano decorre, entre outros fatores, da condição de testemunha dos Acordos de Barbados, para o qual o Brasil foi convidado, assim como para o acompanhamento do pleito de 28 de julho.

Atritos 

A eleição da Venezuela foi contestada pela oposição, por organismos internacionais e países, entre eles, o Brasil, pelo fato de os dados eleitorais por mesa de votação não terem sido apresentados.

No final de outubro, Venezuela acusou o Brasil de vetar a participação dela no Brics, que deve convidar 13 novos países como membros associados. A Venezuela, apesar de querer entrar no bloco, ficou de fora da nova lista, anunciada durante a 16ª cúpula do grupo, realizado em Kazan, na Rússia. O Itamaraty, no entanto, sustenta que o grupo apenas definiu os critérios e princípios para novas adesões.

Israel

Durante a audiência, o ministro também abordou o conflito no Oriente Médio, envolvendo Israel e o Hamas. Veira criticou os ataques do grupo terrorista Hamas que, em outubro do ano passado, mas disse que a reação de Israel é desproporcional. Os ataques do Hamas levaram à morte 1.163 pessoas e 251 foram tomadas como reféns, das quais, segundo o ministro, 100 pessoas ainda são mantidas em cativeiro.

“O que se assiste é uma reação desproporcional que busca ganhos geopolíticos concretos, que nada têm a ver com mera defesa nacional”, criticou. “O que começou como uma ação de terroristas contra civis israelenses inocentes tornou-se punição coletiva de todo o povo palestino com, indícios plausíveis de constituir a prática de genocídio, segundo decisão preliminar da Corte Internacional de Justiça”, afirmou.

Vieira disse que a reação israelense tornou a região de Gaza “um lugar inabitável” e lembrou que Israel já matou mais de 42 mil pessoas, das quais 70% são mulheres e crianças, além de promover incursões na Cisjordânia.

“Hoje Gaza é um lugar inabitável, 66% dos edifícios foram destruídos ou danificados; 85% de suas escolas foram destruídas e 96% de sua população passa fome, incluindo 50 mil crianças em situação de desnutrição aguda. Na Cisjordânia Israel passou a empregar, cada vez mais, a truculência utilizada em Gaza, com o número cada vez maior de assentamentos ilegais, condenados pelo direito internacional e pela comunidade internacional”, lamentou o chanceler que citou ainda a expansão da ofensiva israelense no Líbano, país que abriga a maior comunidade brasileira no Oriente Médio.

“Hoje já se contam 3.189 mortos no país, incluindo dois adolescentes brasileiros e um bebê de 14 meses que embarcaria no dia seguinte em um dos voos de repatriamento para o Brasil. Além disso, há 14.079 feridos e cerca de 1,2 milhão de pessoas deslocadas”, disse. “O Brasil alertava, desde o princípio, contra o risco do alastramento regional do conflito. Infelizmente, esse triste prognóstico se confirmou”, afirmou o ministro.

Itamar Vieira Junior: desinteresse de brasileiros pelos livros é mito

Com a marca de 1 milhão de livros vendidos, o escritor baiano Itamar Vieira Junior acredita que a tese de que o brasileiro não se interessa por livros ou leituras é um mito. Ele conversou com a Agência Brasil dias antes de participar da Festa Literária Internacional de Maricá (Flim), na região metropolitana do Rio, que receberá visitantes até o dia 10 de novembro. 

Para o autor, a participação do público brasileiro em eventos e feiras literárias vem crescendo. “Isso mostra o interesse do brasilerio pela leitura, por este encontro com o autor e cai por terra esse mito de que o brasileiro não se interessa por literatura e por livros. Estas feiras são importantes porque às vezes elas chegam em cidades que não têm uma livraria, ou não têm uma biblioteca.”, afirmou. 

Ele também destacou a proximidade de seus personagens com os brasileiros e garantiu que prepara um novo romance para ser lançado em breve. “A gente só precisa falar da gente mesmo. Então, olhar para nós mesmos. Isso é que é importante. Acho que é dessa maneira que a gente vai conquistar mais leitores”.

A marca de 1 milhão de livros vendidos no Brasil em cinco anos será celebrada com o lançamento de uma edição comemorativa de Torto Arado em capa dura serigrafada, no dia 7 de novembro. Itamar Vieira Junior também é autor de Salvar o Fogo, de Doramar ou a Odisseia e do livro infantil Chupim

Itamar Vieira Junior, que nasceu em Salvador, na Bahia, em 1979, é geógrafo e doutor em estudos étnicos e africanos pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Foi vencedor dos prêmios Leya, Oceanos e Jabuti. 

Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, o autor disse que tem participado de várias feiras literárias e fica satisfeito em ver que esses eventos levam a cultura a várias regiões do país.

Agência Brasil – Como você vê o crescimento da participação do público em eventos literários?
Itamar Vieira Junior – “É sempre muito bom. Tenho participado de muitas feiras em cidades pequenas, em cidades médias e o que percebo é que estão sempre repletas de gente, sempre têm uma grande circulação. Eu não participei em nenhum desses eventos para ter poucas pessoas, sempre tem muitas. Isso mostra o interesse do brasilerio pela leitura, por este encontro com o autor e cai por terra esse mito de que o brasileiro não se interessa por literatura e por livros. Estas feiras são importantes porque às vezes elas chegam em cidades que não têm uma livraria, ou não têm uma biblioteca. Elas movimentam não só a cidade, mas as cidades do entorno. Então, sempre vejo com bons olhos o acontecimento dessas feiras.

Agência Brasil – Você que percorre tantos lugares diferentes do país, tem notado um maior interesse por estas feiras?
Itamar – Eu acho que nos últimos anos houve uma mudança significativa na literatura brasileira, Acho que se tornou, de alguma maneira, mais diversa, tem mais gente publicando de lugares e de origem diferentes. Isso renovou o interesse dos leitores por nossa literatura. Pessoas do nordeste, pessoas negras e indígenas têm publicado. Ainda é de maneira pequena e incipiente, acho que ainda pode melhorar muito, mas essa mudança tem de fato ocorrido e isso renovou o interesse dos leitores por nossa literatura. Acho que, sim, as pessoas estão interessadas no que escrevemos e na literatura brasileira.

Agência Brasil – Além disso, porque também se sentem representadas na literatura, não é?
Itamar- Claro. O Brasil é um país diverso. Segundo os dados do próprio IBGE do último Censo, mais de 50% da população se declara como negra, ou seja, preta e parda. Isso mostra que as pessoas querem se sentir representadas de alguma maneira nessa história. Que elas falem tudo das coisas que conhecemos, que falem do Brasil, que elas possam recontar a nossa história. Que a gente possa falar sobre as nossas dores, mas também nossas esperanças, Acho que de fato a literatura brasileira tem experimentado um pouco disso nos últimos anos.

Agência Brasil – Nesta feira específica, a secretaria de educação do município tem o objetivo de levar mais de 30 mil alunos da rede municipal de ensino e dar a eles o benefício da Mumbuca Literária, estendendo a medida aos estudantes do Programa Passaporte Universitário. Maricá tem uma moeda social que se chama Mumbuca e na feira os estudantes vão ganhar o benefício equivalente a 200 mumbucas para a compra de livros. Isso também é uma forma de incentivar a procura pelos livros?
Itamar – Com certeza. O Brasil é um país muito desigual, muitas pessoas não chegam a leitura ou pela falta de condições para comprar ou para empréstimo desses livros. Tudo que for feito para reduzir e mitigar esta desigualdade e fazer com que as pessoas se interessem e busquem os livros. que possam ter a oportunidade de ter o livro na mão e levar para casa para ler ou emprestar, tudo que é feito para reduzir essa desigualdade é muito benvindo. Outras feiras literárias tiveram experiências parecidas, acho que na Bahia. Na Bienal de São Paulo, a prefeitura fez este trabalho. Faz toda diferença, porque vai criando na população essa cultura de que a leitura é importante e de que o livro é importante. Não vai excluir pelo menos aqueles alunos que estão participando, ou as pessoas da cidade. Eles não vão deixar de comprar o livro, porque simplesmente não têm condição financeira. Vai ter lá um valor, uma importância, que ele vai utilizar para comprar um livro e fazer as suas escolhas no que desejarem. Acho que é muito válido, importante. É algo que deveria ser replicado sempre que possível em todas as feiras.

Escritor Itamar Vieira Junior participou da 9ª Festa Literária Internacional de Maricá (Flim) – Bernardo Gomes/Prefeitura de Maricá

Agência Brasil – Você alcançou agora uma marca até insólita de 1 milhão de exemplares vendidos dos seus livros e, inclusive, vai ter a edição comemorativa. O que você, que se destaca tanto dentro de uma feira dessa, qual é a mensagem que pode levar justamente no momento de uma marca tão expressiva na venda de livros?
Itamar – Eu fico feliz e percebo que não estou sozinho nesses números. É algo que eu compartilho com os autores e com os leitores também. Isso mostra que a nossa literatura pode chegar em muitos lugares. É uma literatura que é excelente, que quando tem oportunidade é premiada, mesmo fora do Brasil, pode conseguir novos leitores. Eu não estou sozinho nesta estrada. Muitos autores contemporâneos como Jeferson Tenório, Carla Madeira, também têm números expressivos de venda. Isso é muito bom, mostra um interesse que se renovou pela literatura do país e nos coloca em uma posição de importância de que a nossa literatura pode não só conquistar leitores aqui, mas leitores fora do Brasil. Acho que está mais do que na hora do Brasil figurar como uma potência criativa, uma potência literária no mundo. Tudo isso é importante para que a gente, de fato, se orgulhe das nossas criações, da nossa produção literária e do que nós fazemos. Esse número diz menos sobre mim. Diz mais sobre o Brasil, sobre os leitores, sobre o momento que a nossa literatura vive hoje.

Agência Brasil – Os seus personagens retratam muito uma parte do Brasil, muito o espírito brasileiro também, não é?
Itamar – Sim. Acho importante que para escrever boas histórias para leitores, a gente não precisa ir muito longe. A gente só precisa falar da gente mesmo. Então, olhar para nós mesmos. Isso é que é importante. Acho que é dessa maneira que a gente vai conquistar mais leitores.

Agência Brasil – Como está a sua programação e o seu trabalho agora? O que vem pela frente?
Itamar – Estou escrevendo o romance que fecha esse ciclo que iniciei com Torto Arado e continuou com Salvar o Fogo. Não sei quando concluirei, mas é algo que tem ocupado meu trabalho como autor e acabei de lançar um livro infantil em agosto. Tenho circulado também e rodado para falar desse livro.

Agência Brasil – O que você traz neste livro e porque se dedicou ao público infantil?
Itamar – O livro se chama Chupim e saiu com o selo Baião da Todavia. Conta a história de um menino que vive em um campo de arroz com os pais e outros trabalhadores. Ele tem como função espantar uma praga que ele depois vai descobrir que é um pássaro chamado Chupim. Essa é a história contada pelos olhos de uma criança com as imagens da Manuela Navas [artista plástica]. É um livro que tem me trazido muitas alegrias. Tenho participado de contação de histórias, de eventos para lançar e falar sobre esse livro também. Acho que é, importantíssimo me dedicar um pouco para a literatura infantil, afinal, se eu me formei porque descobri a literatura ainda muito cedo e foi a literatura infantil que despertou em mim a leitura, se não fosse a leitura, eu não seria autor, então para mim é um trabalho importante porque me dedico à literatura da infância.

Chanceler Mauro Vieira chefia delegação do Brasil na Cúpula do Brics

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, o chanceler Mauro Vieira, vai chefiar a delegação brasileira na cúpula dos Brics em Kazan, na Rússia, entre esta terça (22) e quinta-feira (24). O ministro foi designado para representar o país depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu um acidente doméstico no sábado (19).

Os médicos recomendaram, por precaução, que Lula evite viagens de longas distâncias. O presidente segue trabalhando normalmente em Brasília nesta semana e participa da reunião de chefes de Estado da cúpula dos Brics por videoconferência.

A Rússia, que preside os Brics neste ano, informou que 32 países confirmaram presença na cúpula em Kaza, sendo 23 chefes de Estado. Dos dez membros plenos, apenas o Brasil e a Arábia Saudita não vão enviar o representante máximo da nação. Os sauditas também vão enviar o ministro das relações exteriores.

Este será o primeiro encontro dos Brics com os novos membros que ingressaram no bloco neste ano. Formado até então por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brics agora conta também com Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito e Etiópia como membros plenos.

Além disso, existe a expectativa de novos parceiros serem anunciados como membros associados. “É nisso que é consumido o nosso trabalho neste semestre, quais são os critérios para essa modalidade, e há uma expectativa de que, aprovada essa modalidade, possa ser feito um anúncio dos países que seriam convidados para integrar essa categoria”, disse o embaixador Eduardo Paes Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty.

Os membros do bloco também devem discutir medidas para reduzir a dependência do dólar no comércio entre os países, além de ações para fortalecer instituições financeiras alternativas ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial, controlados principalmente por potências ocidentais.

Para especialistas consultados pela Agência Brasil, os Brics têm o papel de contornar as dificuldades impostas pelos Estados Unidos (EUA) e seus aliados ao avanço comercial e tecnológica da China.

Países que sofrem bloqueios econômicos de potências ocidentais – como Irã e Rússia – também precisam do bloco para contornar a asfixia financeira das sanções. Enquanto isso, Brasil deve se equilibrar entre os dois principais blocos geopolíticos em disputa para colher benefícios comerciais e tecnológicos.

Estima-se que o Brics concentre cerca de 36% do Produto Interno Bruto (PIB) global, superando o G7, grupo das maiores economias do planeta com Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha, que concentra cerca de 30% do PIB mundial. Além disso, o Brics concentra cerca de 42% da população mundial.

 

Mauro Vieira afirma que século 21 será da África

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou hoje (14), na abertura do Fórum Brasil África 2024, em São Paulo, que o século 21 será da África e destacou que um acordo multilateral entre bancos de desenvolvimento deverá ser selado em breve. Promovido pelo Instituto Brasil África, o evento chega à 12ª edição com o tema “Investimento em Infraestrutura para o Desenvolvimento Sustentável no Brasil e na África”.

Vieira ressaltou que o Brasil, atualmente no comando do G20, tem colocado os países africanos em sua lista de prioridades. O entendimento é de que a relação histórica entre o país e o continente favorece a aproximação no campo de investimentos. O que é exigido, segundo ele, das empresas brasileiras, é a capacidade de saber como se inserir nas novas cadeias de produção.

“Embora a presença econômica do Brasil na África ainda esteja aquém do seu potencial, temos com os países do continente um triunfo imaterial, algo imprescindível para qualquer parceria de longo prazo: a confiança mútua, fruto das antigas relações entre nossos povos. O Brasil possui a maior população de afrodescendentes do mundo, fora da África”, pontuou.

Mauro Vieira destacou também que as questões africanas estão diretamente relacionadas com a identidade brasileira. “Para nós, as questões africanas não são vistas de longe ou de fora, mas dentro, pois são parte constitutiva de quem somos. Sangue africano corre em nossas veias, sotaques africanos temperam nosso idioma e a cultura enriquece nosso imaginário. Estamos do outro lado do oceano, mas nossos sonhos e aspirações de nossos povos estão em sintonia”, emendou.

O ministro apresentou um panorama do que vem fortalecendo o continente, que, segundo ele, concentra 60% das terras aráveis do mundo e tem significativo potencial quanto às tecnologias verdes. Um dos exemplos dados foi o da entrada do Egito e da Etiópia no Brics, acrônimo que remete aos primeiros membros do grupo econômico, que são Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

O titular do Itamaraty lembrou que em 2023 a União Africana passou a integrar o G20. O bloco, que reúne 55 países, é o segundo a se tornar membro permanente da cúpula econômica, sucedendo a União Europeia.

“Juntamente com a União Africana, temos alertado sobre o problema do endividamento. Como bem disse o presidente Lula, o que vemos é uma absurda exportação líquida de recursos dos países mais pobres para os países ricos. É o plano Marshall às avessas. Não há como investir em saúde, educação ou adaptação às mudanças do climas se parte expressiva do orçamento é consumida pelo serviço da dívida externa”, contou o mandatário.

Ainda em relação à desigualdade social e à concentração de renda, o ministro destacou que diversos países da África se manifestaram a favor da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, sugerida pelo Brasil.

“Outra questão que se coloca é a taxação dos super ricos. Se os 3 mil bilionários do planeta pagassem 2% de impostos sobre o rendimento de suas fortunas, poderíamos gerar recursos suficientes para alimentar as 340 milhões de pessoas que, segundo a FAO [Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura], enfrentam insegurança alimentar severa na África. Essa proposta, além de ser moralmente inatacável, faz sentido do ponto de vista econômico. Taxas os super ricos irá distribuir recursos de maneira mais eficiente pelo mundo, tanto é que boa parte dos super ricos apoia essa medida, conforme várias pesquisas de opinião recentes”.

Entre as demonstrações citadas pelo ministro como evidências do protagonismo africano, estão a distinção no plano da cultura, a formação profissional, o desenvolvimento científico e industrial e a atuação de organizações como a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), o Instituto Guimarães Rosa (IGR), a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Serviço Nacional de Aprendizagem.

“Um terço dos cerca de 700 projetos de cooperação atualmente executados pelo Brasil encontram-se no continente africano. Em posição de destaque, estão os países africanos de língua oficial portuguesa. Moçambique é o maior beneficiário de cooperação brasileira com recurso da ABC na África, cobrindo áreas diversificadas, como saúde, agricultura, educação, formação profissional, além de outros projetos estruturantes”, mencionou.

O ministro também observou que a intenção do Brasil hoje é buscar meios de renovar a indústria. “Não queremos apenas industrializar, mas neoindustrializar.”

Vieira espera que conversa entre Biden e Netanyahu reduza violência

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, espera que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, possa contribuir para reduzir a escalada de violência no Líbano. Vieira participou do programa Bom dia, Ministro, do Canal Gov, e falou sobre o conflito no Oriente Médio e na disposição do Brasil por negociar a paz na região.

“Eu espero que a conversa telefônica do presidente Biden com o primeiro-ministro de Israel surta efeitos, da mesma forma que o governo russo possa, em suas interações e conversas com o governo iraniano, conter o ataque ou outro tipo de ação militar. Porque disso ninguém sai ganhando. Só haverá mais mortes e perdas, inclusive, de infraestrutura nos países”, disse o chanceler.

De acordo com a agência de notícias Reuters, Biden deve telefonar para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netayahu, nesta quarta-feira (9), para falar sobre os planos de Israel para atacar o Irã. Existe a expectativa de uma retaliação de Israel a um ataque iraniano ocorrido na última semana. Esse ataque, porém, não provocou mortes.

Vieira reforçou a intenção do Brasil de negociar a paz na região. “O número de mortos no conflito na Palestina já passa de 41 mil. No Líbano já há 1,2 milhão de deslocados, há mais de 2 mil mortes. É isso que o Brasil, por sua tradição diplomática, tenta evitar, tenta combater, critica e está sempre pronto a manter uma conversa com qualquer país que queira trabalhar por uma solução pacífica e negociada de todas as diferenças”.

Resgate de brasileiros

O ministro reforçou as estimativas do governo brasileiro em resgatar 3 mil brasileiros residentes no Líbano. Segundo ele, uma grande parte dos 20 mil brasileiros que vivem no país entraram em contato com a embaixada brasileira. “Eu acredito que até a realização dos voos alguns desistam por razões variadas, mas eu me arriscaria a projetar em torno de 3 mil, que precisarão desse apoio do governo brasileiro, que será dado”. Um terceiro voo já está a caminho de Beirute, onde ficará cerca de 3 horas para o embarque dos brasileiros e voltará em seguida.

Itamar Vieira conversa com estudantes na Fliparacatu sobre Chupim

Itamar Vieira Júnior acredita que tudo tem seu tempo. E, para ele, chegou o tempo de contar histórias para as infâncias. O escritor do premiado Torto Arado conversou na manhã desta quinta-feira (29) sobre seu primeiro livro para todas as idades na 2ª edição do Festival Literário de Paracatu (Fliparacatu).

A obra Chupim conta a história do menino Julim com o pássaro, que é considerado uma praga no arrozal da família. Durante o evento na cidade mineira, o autor contou que o livro veio para acordar infâncias. A dele foi a primeira. E ele participou de todo o processo, desde a escolha do papel, o tamanho do livro, às ilustrações, feitas pela artista plástica, Manuela Navas.

“O autor, a editora, a ilustradora, tiveram essa intenção de fazer um objeto-livro que pudesse ser apreciado, que tivesse conforto para as crianças pegarem. A disposição desse texto, as imagens, as cores escolhidas, o tipo de papel, tudo foi um trabalho muito pensado, muito compartilhado entre todos. Eu tava muito empolgado, entusiasmado. Porque era meu primeiro livro para a infância. Eu entendo a importância que o livro tem para a formação do cidadão, das pessoas nessa fase. Foi nessa fase que eu me formei leitor, que eu me formei escritor. Comecei com um pouco de receio, será que chego nesse lugar que quero chegar? Mas terminei bem entusiasmado com o resultado e com vontade de voltar pra esse lugar”, afirma o autor.

Brasília (DF) 29/08/2024 – Itamar Vieira conversa com estudantes sobre Chupin na 2ª Edição da Fliparacatu – Fliparacatu/Divulgação

O livro chegou às livrarias no dia 9 de agosto e Itamar comemora o encontro com os pequenos. Muitas dessas crianças já tinham se encontrado com o autor, levadas pelos pais, leitores de Torto Arado, Doramar ou a Odisseia e Salvar o Fogo, seus outros livros publicados. E agora recebem uma história sensível, escrita para eles. E não fogem do debate. “O leitor, o público infantil, tá muito atento ao mundo à sua volta. Então, eles contribuem muito pra essa discussão, esse debate. Falam das suas impressões, falam que já escrevem. A leitura já faz parte do cotidiano dessas crianças”, observa Itamar.

Uma dessas pequenas leitoras-escritoras é a Maria Flor, de 11 anos. Interessada, fez a leitura do livro já durante a conversa com o autor. E revelou que é uma poetisa. “Eu escrevo poesia do que eu gosto. Desde pequenininha eu falava poesia e minha mãe gravava uns vídeos”. Ela diz que gosta de escrever sobre tudo e que tem poemas sobre a natureza e em homenagem à mãe. Maria Flor ama ler e destacou a “leveza e a liberdade” que a leitura do Chupim despertou nela.

Esse olhar da Maria é o que Itamar espera despertar em todos, crianças e adultos. Um olhar de carinho e de afeto. Ele diz acreditar que a infância é um estado que nunca acaba. Por isso, prefere dizer que o livro é uma “literatura para as infâncias”. Todas as infâncias que são capazes de se deslumbrar com o mundo, de se maravilhar e de se surpreender. Além disso, ele espera que Julim e Chupim possam ensinar um pouco do respeito pela infância e pelos olhares da criança no encontro com a natureza, “que ainda é um encontro de muito afeto e muito acolhimento”.

“A criança ainda não se tornou nesse grande predador que o homem muitas vezes se torna. Explorando o ambiente e levando muitas coisas ao colapso. Então, talvez essa história nos ajude a retornar pra esse momento, onde sentimos verdadeiro interesse pelas coisas, pela vida, pela natureza, pelo ambiente. Eu acho que eles sabem cuidar das coisas melhor do que nós sabemos. Pelo menos eles pensam e seria muito bom se não perdessem isso”, finaliza o autor.

*Repórter viajou a convite da organização da Fliparacatu

 

Acompanhe a entrevista do autor no programa Na Trilha das Letras, da TV Brasil.

DR com Demori recebe a jornalista investigativa Natália Vieira

No programa DR com Demori, que vai ao ar nesta terça-feira (27), às 23h, na TV Brasil, Leandro Demori conversa com a jornalista investigativa Natália Viana.

Atual diretora e co-criadora da Pública, primeira agência de jornalismo investigativo do país, Natália foi a brasileira escolhida para traduzir e publicar em primeira mão documentos da organização internacional WikiLeaks sobre o Brasil.

No bate-papo, conta como recebeu o convite e detalha o trabalho extenso e minucioso feito a partir das documentações recebidas, e fala de seu livro recém-lançado O vazamento: memórias do ano que o Wikileaks chacoalhou o mundo.

“O vazamento no qual trabalhei eram 250 mil documentos diplomáticos de embaixadas do mundo inteiro. Era um relato de 10 anos de como funciona a diplomacia americana no mundo”, diz Natália, que lembrou na conversa que ficou quatro dias sem dormir quando teve acesso aos dados.

Dando a Real com Demori recebe a jornalista Natalia Viana. Foto – Rovena Rosa/Agência Brasil

O DR com Demori também está disponível, na íntegra, no Youtube e no aplicativo TV Brasil Play. O programa também é transmitido em áudio, simultaneamente, na Rádio MEC, e as entrevistas ficam disponíveis em formato de podcast no Spotify.

Sobre o programa

O programa Dando a Real com Leandro Demori, ou simplesmente “DR com Demori”, traz personalidades para um papo mais íntimo e direto, na tela da TV Brasil. Já passaram pela mesa nomes como o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes; a deputada federal Erika Hilton; a cantora Zélia Duncan; e o fundador da banda Pink Floyd, Roger Waters.

Ao vivo e on demand

Acompanhe a programação da TV Brasil pelo canal aberto, TV por assinatura e parabólica. Sintonize: https://tvbrasil.ebc.com.br/comosintonizar.

Serviço

Dando a Real com Leandro Demori – terça-feira, dia 27/08, às 23h, na TV Brasil  

Dando a Real com Leandro Demori – quarta-feira, dia 28/08, às 3h, na TV Brasil  

Dando a Real com Leandro Demori – domingo, dia 31/08 às 22h, na TV Brasil

Novo livro de Itamar Vieira Junior convida crianças a conhecer o campo

Em Chupim, sua estreia na literatura infantil, o escritor Itamar Vieira Junior retoma o universo retratado em Torto Arado para convidar o leitor a conhecer a realidade do campo.

Julim é a criança que é despertada pelo pai para ir conhecer campos de arroz. Já Chupim é um passarinho, uma praga que Julim precisa espantar daquele lugar.

“Essa história já foi contada em Torto Arado sob a perspectiva de uma mulher mais velha, que é a Bibiana, que está lembrando suas memórias de infância. E o desejo de retomar essa história, sob a perspectiva de uma criança, fugiu a mim. E foi dessa maneira que surgiu Julim, personagem deste livro, mostrando sua semelhança com Chupim. Julim é uma criança que desperta para o seu primeiro dia de trabalho ou de brincadeira na fazenda onde os pais trabalham. E ele vai espantar a praga. E assim ele vai conhecer o Chupim”, contou o escritor.

Chupim foi lançado na Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), em Salvador. Trata-se de uma história que retrata o trabalho no campo e as desigualdades sociais. “O livro traduz muito o universo do campo brasileiro”, conta o escritor.

“É importante trazer para a literatura temas como este. Claro, de uma maneira lúdica, sensível, sutil e que possa chegar à criança de maneira suave. Mas, mesmo assim, ela não ficará a parte desse mundo”, disse o escritor.

Por meio dessa história, Itamar leva os pequenos leitores a perceber as semelhanças entre os trabalhadores do campo e as pragas, como Chupim, além de como ambos estão lutando por sua sobrevivência.

“Os pais levam as crianças para trabalhar porque isso faz parte do universo dos trabalhadores rurais. Hoje as crianças estudam, mas certamente muitas passam algum tempo na roça com o pai. Quando estão trabalhando para um fazendeiro, muitas vezes isso é um trabalho infantil, ou seja, há uma exploração do trabalho. Daí a ideia dessa contraposição da vida das crianças e da vida dos trabalhadores com a vida dos chupins. Os chupins já encontram a roça pronta de arroz e vão lá colher seus grãos para poder ser alimentar. Os homens do campo ficam trabalhando e, como não têm terra, saem de um lugar para o outro, assim como os chupins. Todos eles precisam sobreviver”, argumenta.

Em um bate-papo com jornalistas e com a também escritora Paloma Jorge Amado, filha de Jorge Amado, antes de apresentar seu novo livro ao público da Flipelô, Itamar Vieira Junior descreveu o romance.

“Chupim é sobre a importância de se trazer temas sociais para as histórias, inclusive as histórias infantis. Somos pessoas, seres humanos, cidadãos e nossa vida não acontece desgarrada de tudo o que está acontecendo a nossa volta. As crianças querem saber porque as coisas são dessa maneira”.

Para o escritor, mesmo as crianças com realidade distinta de Julim poderão se identificar com essa história. “Você pode ler um livro com personagens que são radicalmente diferentes de você, do mundo que você vive. E você vai descobrir que, mesmo sendo diferente, temos ainda assim muitas semelhanças.”

“Para uma criança da cidade, ler Chupim talvez a coloque no lugar dessa criança do campo, reconhecendo um universo diferente e entendendo que o arroz não nasce no supermercado. Hoje há mais crianças vivendo nas cidades do que no campo. Mas, ainda assim, o livro vai descortinar um universo que existe e que, mesmo sendo diferente, vai indicar para essa criança que temos muitas semelhanças”.

Público reunido no Espaço Mabel Velloso para o lançamento do livro infantil Chupim, do escritor Itamar Vieira Junior, na Flipelô – Rovena Rosa/Agência Brasil

O chupim do grafiteiro

Se chupim é a praga de Torto Arado e dos arrozais, para o artista visual e grafiteiro Marcos Costa o chupim é arte.

Enquanto Itamar apresentava seu novo livro ao público, Marcos Costa, também conhecido como Spray Cabuloso, ia pintando seu chupim ao ar livre, no mesmo Espaço Instituto CCR Mabel Velloso, na Flipelô.

“Essa pintura aqui eu fiz inspirada no livro. Ele é um pássaro preto, mas vai ser extraterrestre também. Ele vai sair da Terra e estar no universo, em tons intergalácticos. Isso foi para pegar o gancho com o tema da Flipelô deste ano, Raul Seixas. Esse é o Chupim, mas que também está no universo do Raulzito”, contou o grafiteiro à Agência Brasil.

Esse chupim grafitado por Costa também carrega raízes da cultura negra. “Trouxe uma referência que faz parte do conceito do meu trabalho, que é o afrografite. Fiz um pássaro com a cabeça virada para trás, fazendo referência ao ideograma adinkra chamado Sankofa. A cabeça virada para trás significa que a gente precisa saber de onde viemos e conhecer nossos ancestrais para saber quem somos e para onde vamos”, explicou o artista.

Para Costa, grafite é também uma forma de se contar histórias. “A gente faz aquela poesia através das imagens. O grafite pega as pessoas ou no meio do caminho, ou às vezes até na contramão do fluxo das coisas. É uma arte democrática. Ele une e costura todas as camadas da sociedade, une pessoas de diferentes contextos. O grafite é realmente uma arte democrática, uma arte do povo para o povo”.

Pituco

Paloma Jorge Amado durante o lançamento de sua obra Pituco, na Festa Literária Internacional do Pelourinho, Flipelô – Rovena Rosa/Agência Brasil

Um passarinho também é o tema do livro Pituco, de Paloma Jorge Amado, que foi relançado junto com Chupim. “Meu pai diria que essa coincidência [sobre passarinhos] são coincidências da Bahia”, brincou Paloma, ao ao lado de Itamar Vieira Junior.

Pituco, no entanto, não é um livro infantil. Mas uma homenagem ao centenário de sua mãe, Zélia Gattai Amado.

Neste livro, Paloma retrata a história de um passarinho que viveu com a família e foi fotografado por sua mãe durante 22 anos. “O pássaro de Itamar é o chupim. Já esse pássaro, que é de verdade, se chamou Pituco. Ele existiu e esteve conosco por 22 anos. Quando foi no centenário de minha mãe, em 2016, eu resolvi homenageá-la, ilustrando, com texto, fotos dela. Minha mãe, antes de ser escritora, foi uma fotógrafa extraordinária”, contou Paloma.

A Flipelô é gratuita e termina neste domingo (11). Mais informações sobre o evento e programação estão no site do evento.

*A repórter e a fotógrafa Rovena Rosa viajaram a convite do Instituto CCR, patrocinador da Flipelô

Comissão do Senado convida Amorim e Vieira para explicarem Venezuela

Os dois principais interlocutores do governo brasileiro para assuntos internacionais devem ir à Comissão de Assuntos Exteriores (CRE) do Senado para explicarem a atuação do Brasil nas eleições venezuelanas.

A Comissão aprovou nesta quinta-feira (8) convites para que compareçam ao colegiado o assessor especial da Presidência da República, o embaixador Celso Amorim, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

 CRE do Senado aprovou também convite para o ministro das Relações Exteriores, embaixador Mauro Vieira falar sobre Venezuela. Foto:  Tânia Rêgo/Agência Brasil

O primeiro a comparecer ao Senado será o embaixador Amorim, que esteve na Venezuela durante a eleição e chegou a se encontrar com o presidente Nicolás Maduro.

“Estamos dispostos a fazer o convite para que o embaixador Celso Amorim compareça na próxima semana, exatamente na quinta-feira (15), e o ministro Mauro Vieira virá na sequência, nós ficamos apenas de combinar com o ministro e com os senadores uma data”, informou o presidente da CRE, o senador Renan Calheiros (MDB-AL)

Renan informou que o ministro Vieira viajará pelas duas próximas semanas e, por isso, a audiência com o chefe do Itamaraty deve ficar para quando ele regressar.

Os requerimentos para chamar os representantes do governo brasileiro para assuntos internacionais foram apresentados pelos senadores da oposição Ciro Nogueira (PP-PI) e Tereza Cristina (PP-MS).

No caso do Celso Amorim, o requerimento apresentado pela senadora Cristina era para convocação do embaixador. Diferentemente do convite, a convocação cria a obrigação da pessoa comparecer à sessão. Porém, um acordo foi costurado para trocar a convocação pelo convite. 

Crise Venezuela

O Brasil tem mediado a crise aberta na Venezuela após as eleições presidenciais do dia 28 de julho. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país caribenho deu a vitória para o atual presidente Nicolás Maduro por 51,95% dos votos, contra 43,18% do 2º colocado, o opositor Edmundo González.

O CNE, porém, não publicou os dados de cada uma das mais de 30 mil mesas de votação, como determina a legislação da Venezuela. A oposição questionou os dados e apresentou supostas atas eleitorais que mostram que Edmundo teve mais de 60% dos votos. A oposição tem pedido que os militares intervenham e o governo acusa tentativa de golpe de Estado.

O Brasil, México e a Colômbia têm solicitado que as autoridades publiquem os documentos originais por mesa de votação e defendem uma solução pela via institucional. O impasse foi parar no Tribunal Superior de Justiça (TSJ) da Venezuela, que abriu uma investigação sobre o processo eleitoral.