Skip to content

Governo e Unicef lançam guia sobre gasto social com primeira infância

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, lançou nesta quinta-feira (13) o Guia de Apuração do Gasto Social com a Primeira Infância para Municípios. Em nota, o ministério informou que o objetivo é apoiar municípios no processo de cálculo dos recursos aplicados pelas prefeituras em benefício de crianças de até 6 anos.

“Trata-se de uma ferramenta que fornece orientações para que as unidades federativas atendam à exigência de dados estabelecida pelo Marco Legal da Primeira Infância (Lei nº 13.257/2016). O documento leva em consideração que o atendimento pleno dos direitos da criança na primeira infância depende de uma ampla rede de políticas que vão da saúde à cultura, passando por educação, assistência social, saneamento básico, o lazer e o brincar, entre outras temáticas”, diz a pasta.

De acordo com o ministério, o guia permite que gestores públicos conheçam a metodologia do cálculo do Gasto Social com a Primeira Infância para Municípios (GSPI-M), além de entender a relação da apuração do gasto com as leis orçamentárias municipais. A publicação conta ainda com instruções para obter base de dados, identificar despesas que compõem o GSPI-M, consolidar o resultado da apuração e analisar os resultados obtidos.

Série documental sobre datas nacionais históricas estreia na TV Brasil

A TV Brasil apresenta a série documental inédita Dias de Luta a partir desta quinta-feira (13), às 23h. Com cinco episódios de 26 minutos, a produção independente se aprofunda na reflexão sobre datas que moldaram a história do país. Da assinatura da Lei Áurea ao Dia do Samba, a obra goiana busca refletir sobre o significado de acontecimentos relevantes para a população negra brasileira.

O novo seriado em cartaz na programação do canal público traça um panorama sobre diversos dias comemorativos. A atração destaca que essas datas existem para que a sociedade possa lembrar. Batalhas, guerras, leis e aniversários são temas geralmente indicados. Dias de Luta aborda o contexto no pós-pandemia de covid-19.

Para analisar como esses fatos marcaram a vida dos negros no Brasil, a série traz depoimentos de convidados como o cineasta André Novais de Oliveira, a deputada federal Erika Erika Hilton, o babalaô Ivanir dos Santos, a historiadora Keilla Vila Flor, a estilista Naya Violeta, a pesquisadora Nutyelly Cena e o produtor cultural Raphael Gustavo, entre outros.

Idealizada por Gabriel Newton, que assina o roteiro e a direção dos documentários, a série Dias de Luta foi realizada pela produtora Estratos Filmes, de Goiás. O programa foi desenvolvido por meio do edital Prodav TVs Públicas.

Abolição da Escravatura e Consciência Negra pautam primeiro episódio

A edição de estreia do seriado investiga o racismo no Brasil. O primeiro programa apresentado na telinha da emissora pública aborda o 13 de Maio, Dia da Abolição da Escravatura, e o 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra.

Deputada Erika Hilton na série documental Dias de Luta, em cartaz na TV Brasil – Frame Estratos Filme/Divulgação

A proposta é discutir como a percepção distorcida da história pode ser revisitada para promover uma comemoração mais alinhada com os valores da população negra brasileira. As entrevistadas Erika Hilton e Keilla Vila Flor e Nutyelly Cena oferecem perspectivas valiosas sobre o tema.

“Eu adoro simbolismos. Eles trazem aspectos muito importantes. As datas demarcam conquistas, uma história, um acontecimento que não pode ser esquecido e definem rumos para a sociedade”, afirma Erika Hilton. “É fundamental para pautar e frisar essas conquistas, lutas, angústias e anseios”, completa.

Professora de história, Keilla Vila Flor explica como se deu o processo de abolição da escravatura no país. “O 13 de Maio acontece no contexto histórico do máximo da exaustão do sistema escravista no Brasil. O Brasil foi uma das últimas nações a abolir a escravidão”, destaca.

“Todo o contexto está relacionado a essa ideia de que a escravidão precisa chegar ao fim. A lei precisa amparar isso também. O 13 de Maio acontece nesse momento de pressões dos grupos políticos abolicionistas para que ele se concretize”, analisa a historiadora.

A pesquisadora Nutyelly Cena traz um panorama da situação atual. “A população negra foi libertada – entre muitas aspas – no contexto da escravização, mas ela não foi inserida na sociedade. Foi jogada nas periferias, e alguns direitos não foram estabelecidos como deveriam. A partir daí, entram vários outros crimes, como o racismo, que é tão estrutural. Sofremos essa violência histórica”, pondera.

A deputada Erika Erika Hilton corrobora essa visão. “É claro que nossa ancestralidade nos abriu caminhos, mas nós precisamos abrir muito mais para retirar o povo negro dessa desumanização no processo escravocrata com plataformas mais contemporâneas que continua atuando em nossa sociedade”, analisa.

Temas discutidos na série documental

O segundo programa da série Dias de Luta tem como foco 28 de Setembro, o Dia da Lei do Ventre Livre, para debater a representação do corpo da mulher negra na sociedade contemporânea. Erika Hilton, Keilla Vila Flor, Nutyelly Cena, Rosana Silva e Camila Nunes oferecem suas contribuições sobre o assunto. Cada uma delas compartilha experiências e visões como mulheres negras no Brasil atual.

Babalaô Ivanir dos Santos participa de episódio que aborda o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa – Frame Estratos Filme/Divulgação

No terceiro episódio, o 21 de Janeiro, Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, pauta a produção documental. O novo conteúdo no ar pela TV Brasil questiona como essa intolerância afeta predominantemente as religiões de matriz africana. O babalaô Ivanir dos Santos conduz uma análise a respeito de uma compreensão profunda sobre as especificidades da intolerância religiosa no país.

A quarta edição tem a participação de especialistas como o cineasta André Novais de Oliveira e o produtor cultural Raphael Gustavo. A partir da celebração do Dia do Samba, em 2 de Dezembro, o seriado trata das diversas expressões culturais e artísticas da população negra brasileira que transcendem o convencional, ocupando espaços em que tradicionalmente não se espera a presença negra.

No quinto e último programa, a série Dias de Luta propõe uma reflexão sobre o futuro. O que aguarda a população negra brasileira. Os desafios que essa parcela significativa da população encara entram em pauta. As estratégias de resistência e sobrevivência diante das adversidades contemporâneas são apontadas.

Valorização do conteúdo independente

A série documental Dias de Luta é exibida pela TV Brasil às quintas, às 23h. A produção é um dos conteúdos audiovisuais selecionados pela linha de fomento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), através do Prodav TVs Públicas.

A TV Brasil é um dos canais que mais exibem conteúdo independente nacional. Além de ser uma grande apoiadora da produção de atrações dessa natureza no mercado audiovisual do país, a emissora estimula novos realizadores.

Sobre o Prodav

O Prodav é uma parceria entre a Agência Nacional do Cinema (Ancine), o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) para incentivar a produção regional e independente.

A proposta é ofertar esse conteúdo para as emissoras públicas de televisão. A EBC distribui o material ao disponibilizar as obras para todos os canais de televisão do campo público que aderirem ao projeto.

Cert.br lança jogo para ensinar crianças sobre segurança online

Para que as crianças e adolescentes possam aprender, de forma lúdica, sobre como usar a internet de forma segura, o Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (Cert.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), desenvolveu o jogo de tabuleiro Segurança Online. Fácil de brincar, ele está disponível gratuitamente no site da entdidade e pode ser utilizado por educadores e pais para conscientizar as crianças sobre como é possível navegar pela rede de forma segura.

O passatempo foi lançado durante o evento Dia da Internet Segura, que foi realizado entre ontem (11) e hoje (12) na capital paulista.

“O objetivo desse jogo é criar momentos lúdicos e divertidos de aprendizagem sobre o uso seguro e responsável da internet. Com dicas sobre segurança online, o jogador irá se deparar com situações positivas e negativas envolvendo tecnologia”, explicou Miriam von Zuben, analista de segurança do CERT.br, em entrevista à Agência Brasil.

Este é o segundo jogo criado pelo centro para trabalhar com temas cibernéticos com as crianças, explorando, por exemplo, a importância dos antivírus e dos backups. Antes dele, também dentro do projeto Internet Segura, o centro havia desenvolvido um jogo sobre comportamento seguro na internet, estimulando as crianças a denunciarem ou bloquearem perfis estranhos ou de risco.

“Os Jogos ‘Internet Segura’ são voltados para crianças de 8 a 12 anos, e podem ser jogados em família e nas escolas, não apenas como diversão mas como um momento de aprendizagem e discussão sobre uso seguro e responsável da internet”, disse a analista.

Para brincar, é preciso baixar e imprimir o material, que está disponível no site da Internet Segura, e então recortar e montar um dado e alguns personagens que serão utilizados no jogo. Depois, basta jogar esse dado e ir pulando as casas correspondentes até chegar ao destino final. Se, no caminho, você cair em uma casa que indica um comportamento inadequado ou de risco, você pode ter que voltar algumas casas ou ficar uma rodada sem jogar. Ganha o jogo quem tiver um comportamento mais seguro na internet e conseguir chegar primeiro ao ponto final. 

“De acordo com o conteúdo das casas especiais, pretende-se levantar discussões sobre o uso da tecnologia e das ferramentas de segurança. Ao cair, por exemplo, em uma casa que fala sobre ‘backup’, a ideia é que o jogador reflita sobre suas próprias ações em relação à proteção de dados e passe a usar a tecnologia a seu favor, fazendo backups regularmente”, ressaltou.

No site Internet Segura também estão disponíveis outros jogos gratuitos para o público infantil tais como caça-palavras, memória, cruzadinhas e desenhos para colorir.

Brasília (DF), 12/02/2025 – Jogo de Tabuleiro Segurança Online. Foto: Internetsegura.br/Divulgação – Internetsegura.br/Divulgação

 

ANS abre consulta pública sobre cobertura de medicamento para câncer

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) abriu consulta pública para discutir a inclusão, na cobertura obrigatória de planos de saúde, do medicamento Tibsovo (ivosidenibe) para o tratamento de colangiocarcinoma, um tipo raro e agressivo de câncer que afeta as vias biliares.

Em nota, a agência informou que o medicamento é indicado especificamente para pacientes adultos com câncer localmente avançado ou metastático, com mutação no gene IDH1 e que já foram tratados anteriormente com pelo menos uma linha prévia de terapia sistêmica.

“De acordo com o estudo Claridhy Trial, publicado no The Lancet em 2020, o uso do ivosidenibe em pacientes com essa mutação específica reduziu em 63% o risco de progressão ou óbito. Seis meses após o início do tratamento, cerca de 30% dos pacientes em uso de ivosidenibe ainda não haviam progredido, sendo que no grupo não tratado todos os pacientes já haviam progredido nesse período.”

O colangiocarcinoma, segundo a ANS, é um tipo de câncer raro que acomete os ductos biliares intra-hepáticos e extra-hepáticos e representa 15% dos tumores hepáticos primários. “Não existem dados epidemiológicos específicos para essa neoplasia na população brasileira, mas sabe-se que o câncer no fígado, incluindo o colangiocarcinoma, acomete, a cada ano, menos de cinco pessoas a cada 100 mil habitantes no Brasil, conforme aponta o Instituto Nacional do Câncer (Inca)”.

Ainda de acordo com a agência, cerca de 70% dos pacientes com esse tipo de câncer são diagnosticados em estágios avançados da doença, já que, muitas vezes, não há sintomas nas fases iniciais ou os sinais passam despercebidos por não serem específicos para o colangiocarcinoma. “Além disso, trata-se de um câncer agressivo, de progressão rápida e com poucas opções terapêuticas em linhas avançadas”.

“Nesse cenário, o novo medicamento avaliado pela ANS traz uma oportunidade terapêutica para um grupo de pacientes com colangiocarcinoma localmente avançado/ metastático e com mutação em IDH1 que, até então, não possuíam opção de tratamento-alvo disponível.”

“Após uma série de estudos e resultados robustos que comprovaram sua eficácia e segurança, o quimioterápico oral Tibsovo foi aprovado pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] em abril de 2024 e começou a ser comercializado em setembro. O medicamento também já foi aprovado por agências reguladores de países da Europa, Oceania e nos Estados Unidos”, completou a ANS.

A consulta pública segue aberta até o próximo dia 25 e figura como última etapa antes da recomendação final da agência reguladora. Para participar, basta acessar aqui.

Aumentam denúncias de imagens sobre abuso sexual infantil no Telegram

O número de denúncias de grupos e de canais do Telegram contendo imagens de abuso e exploração sexual infantil cresceu 78% entre o primeiro e o segundo semestres de 2024, revela pesquisa feita pela SaferNet, organização não governamental (ONG) que, desde 2005, atua na promoção dos direitos humanos na internet. A pesquisa será apresentada nesta terça-feira (11), Dia Internacional da Internet Segura no Brasil, durante evento que vai até quarta-feira (12) na capital paulista.

“Este novo relatório, que está sendo protocolado hoje cedo no Ministério Público Federal, revela, comprova e evidencia que os problemas da plataforma persistem. São riscos sistêmicos que têm provocado danos às crianças e adolescentes no Brasil”, disse o presidente da SaferNet Brasil, Thiago Tavares, em entrevista à Agência Brasil. “Isso está evidenciado pelo número de grupos e de canais denunciados no segundo semestre do ano passado, que aumentou 19% em relação aos números de grupos e canais denunciados no primeiro semestre do ano passado”, afirmou Tavares.

No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considera crime a venda ou exposição de fotos e vídeos de cenas de sexo explícito envolvendo crianças e adolescentes. Também é crime divulgar tais imagens por qualquer meio e ter posse de arquivos desse tipo. Para a SaferNet, quem consome imagens de violência sexual infantil é cúmplice do abuso e da exploração sexual infantil.

O relatório divulgado hoje também apontou crescimento do número de usuários do aplicativo de mensagens Telegram que participam de grupos ou de canais que vendem e compartilham imagens de abuso sexual infantil e de material pornográfico. O número passou de 1,25 milhão no primeiro semestre do ano passado para 1,4 milhão no segundo semestre.

“Somando o que foi encontrado no primeiro e no segundo semestres [do ano passado], a gente está falando de mais de 2 milhões de usuários inscritos nesses grupos que comprovadamente continham imagens de abuso sexual infantil. Estamos diante de um problema em larga escala. E esta é uma plataforma que continua a operar com baixíssimo nível ou quase nenhum nível de compliance de conformidade com as leis do país e com moderação de conteúdo precário”, acrescentou Tavares.

Grupos e canais

A pesquisa da SaferNet apontou ainda aumento do número de grupos e de canais do Telegram com imagens de abuso e exploração sexual infantil, passando de 874 para 1.043, o que representou aumento de 19%. Desse total, 349 ainda continuavam ativos ou em funcionamento, sem qualquer moderação da plataforma.

De acordo com a SaferNet, parte das imagens de abuso e exploração sexual infantil são comercializadas no Telegram, sendo que alguns dos vendedores aceitam como pagamento as “estrelas,” a moeda virtual introduzida pela plataforma em junho de 2024. “Nós comprovamos que existem canais com imagens de abuso sexual infantil sendo negociadas como se fosse em um mercado ou uma feira livre, negociados livremente. E essas imagens circulam em 349 grupos na plataforma”, disse Tavares. “Tais grupos permaneciam ativos, ou seja, em pleno funcionamento e sem qualquer tipo de moderação pela plataforma quando eles foram acessados no segundo semestre”, acrescentou.

Segundo a SaferNet, o Telegram não tem registro no Banco Central do Brasil e usa 23 provedores de serviços financeiros para processar pagamentos, a maioria localizada na Rússia e na Ucrânia, ou em paraísos fiscais, como Hong Kong e Chipre. Quatro dessas plataformas de serviços financeiros já sofreram sanções internacionais: YooMoney, Sberbank, PSB e Bank 131.

“O Telegram tem uma criptomoeda, e essas transações ilegais também são processadas via criptomoedas. Este é outro aspecto importante evidenciado no novo relatório: as transações ilegais continuam acontecendo. A empresa usa processadores de pagamentos brasileiros, não cadastrados no Banco Central, e alguns estão processando pagamentos até mesmo em real”, disse Tavares.

Líder em denúncias

O Telegram lidera em número de denúncias de “pornografia infantil” recebidas pela SaferNet, por meio da plataforma www.denuncie.org.br. No final de setembro, um mês após a prisão de Pavel Durov, dono do Telegram, a empresa anunciou que estava colaborando com pedidos de autoridades entregando “alguns dados de usuários” (números de telefone e IPs) mediante requisições legais. 

Procurada pela Agência Brasil, a plataforma respondeu que “tem uma política de tolerância zero para pornografia ilegal” e que “utiliza uma combinação de moderação humana, ferramentas de IA e aprendizado de máquina, além de denúncias de usuários e organizações confiáveis para combater pornografia ilegal e outros abusos”.

O Telegram também informou, em nota, que “todas as mídias enviadas para a plataforma pública do Telegram são comparadas com um banco de dados de hashes contendo conteúdo CSAM (material de abuso sexual infantil) removido pelos moderadores do Telegram desde o lançamento do aplicativo”.  

“Em fevereiro até agora, mais de 18.907 grupos e canais foram removidos do Telegram por relação com materiais de abuso infantil”, escreveu a plataforma.

Para Tavares, no entanto, a moderação feita pela empresa continua falha. “Embora a empresa tenha anunciado um reforço nas suas tecnologias utilizadas para detecção automática dessas imagens, o fato é que essa moderação continua sendo falha e a prova disso é que canais com milhares – e alguns com dezenas de milhares – de usuários estão trocando livremente imagens de abuso sexual infantil. E essas imagens continuam disponíveis na plataforma por meses”.

“Há uma distância entre o que a empresa diz que está fazendo e o que a gente tem observado a partir das denúncias que recebe e das evidências coletadas. O relatório que eles publicaram após a primeira denúncia não revela a moderação feita por idioma, nem por país. Eles falam em 2,5 mil canais bloqueados por dia, mas não dizem onde isso foi bloqueado, em qual idioma, em qual mercado, em qual país. Então, pode ser que eles estejam priorizando os países em que há regulação ou uma cobrança maior das autoridades”, explicou Tavares.

O Telegram é um dos cinco aplicativos mais baixados do mundo. Em 2024, ele ultrapassou 950 milhões de usuários ativos mensais. A empresa é sediada em Dubai.

Como denunciar

É possível denunciar páginas que contenham imagens de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Isso pode ser feito na Central Nacional de Denúncias da Safernet Brasil, que é conveniada com o Ministério Público Federal. Em caso de suspeita de violência sexual contra crianças ou adolescentes, deve ser acionado o Disque 100.

Conforme as denúncias, a plataforma Telegram também permite que os usuários reportem conteúdos, canais, grupos ou mensagens criminosas. Segundo a própria plataforma, todos os aplicativos do Telegram contam com botões de ‘Denunciar’ que permitem que seja sinalizado conteúdo ilegal.

No Telegram para Android, é preciso tocar na mensagem e selecionar Denunciar no menu. No iOS, deve-se pressionar e segurar a mensagem. No Telegram Desktop, Web ou Telegram para macOS, basta clicar com o botão direito na mensagem e selecionar Denunciar. Em seguida, deve-se escolher o motivo apropriado. Isso também pode ser feito por este e-mail.

Denúncias de imagens sobre abuso sexual infantil aumentam 78% no Telegram

O número de denúncias de grupos e de canais do Telegram contendo imagens de abuso e exploração sexual infantil cresceu 78% entre o primeiro e o segundo semestres de 2024, revela pesquisa feita pela SaferNet, organização não governamental (ONG) que, desde 2005, atua na promoção dos direitos humanos na internet. A pesquisa será apresentada nesta terça-feira (11), Dia Internacional da Internet Segura no Brasil, durante evento que vai até quarta-feira (12) na capital paulista.

“Este novo relatório, que está sendo protocolado hoje cedo no Ministério Público Federal, revela, comprova e evidencia que os problemas da plataforma persistem. São riscos sistêmicos que têm provocado danos às crianças e adolescentes no Brasil”, disse o presidente da SaferNet Brasil, Thiago Tavares, em entrevista à Agência Brasil. “Isso está evidenciado pelo número de grupos e de canais denunciados no segundo semestre do ano passado, que aumentou 19% em relação aos números de grupos e canais denunciados no primeiro semestre do ano passado”, afirmou Tavares.

No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considera crime a venda ou exposição de fotos e vídeos de cenas de sexo explícito envolvendo crianças e adolescentes. Também é crime divulgar tais imagens por qualquer meio e ter posse de arquivos desse tipo. Para a SaferNet, quem consome imagens de violência sexual infantil é cúmplice do abuso e da exploração sexual infantil.

O relatório divulgado hoje também apontou crescimento do número de usuários do aplicativo de mensagens Telegram que participam de grupos ou de canais que vendem e compartilham imagens de abuso sexual infantil e de material pornográfico. O número passou de 1,25 milhão no primeiro semestre do ano passado para 1,4 milhão no segundo semestre.

“Somando o que foi encontrado no primeiro e no segundo semestres [do ano passado], a gente está falando de mais de 2 milhões de usuários inscritos nesses grupos que comprovadamente continham imagens de abuso sexual infantil. Estamos diante de um problema em larga escala. E esta é uma plataforma que continua a operar com baixíssimo nível ou quase nenhum nível de compliance de conformidade com as leis do país e com moderação de conteúdo precário”, acrescentou Tavares.

Grupos e canais

A pesquisa da SaferNet apontou ainda aumento do número de grupos e de canais do Telegram com imagens de abuso e exploração sexual infantil, passando de 874 para 1.043, o que representou aumento de 19%. Desse total, 349 ainda continuavam ativos ou em funcionamento, sem qualquer moderação da plataforma.

De acordo com a SaferNet, parte das imagens de abuso e exploração sexual infantil são comercializadas no Telegram, sendo que alguns dos vendedores aceitam como pagamento as “estrelas,” a moeda virtual introduzida pela plataforma em junho de 2024. “Nós comprovamos que existem canais com imagens de abuso sexual infantil sendo negociadas como se fosse em um mercado ou uma feira livre, negociados livremente. E essas imagens circulam em 349 grupos na plataforma”, disse Tavares. “Tais grupos permaneciam ativos, ou seja, em pleno funcionamento e sem qualquer tipo de moderação pela plataforma quando eles foram acessados no segundo semestre”, acrescentou.

Segundo a SaferNet, o Telegram não tem registro no Banco Central do Brasil e usa 23 provedores de serviços financeiros para processar pagamentos, a maioria localizada na Rússia e na Ucrânia, ou em paraísos fiscais, como Hong Kong e Chipre. Quatro dessas plataformas de serviços financeiros já sofreram sanções internacionais: YooMoney, Sberbank, PSB e Bank 131.

“O Telegram tem uma criptomoeda, e essas transações ilegais também são processadas via criptomoedas. Este é outro aspecto importante evidenciado no novo relatório: as transações ilegais continuam acontecendo. A empresa usa processadores de pagamentos brasileiros, não cadastrados no Banco Central, e alguns estão processando pagamentos até mesmo em real”, disse Tavares.

Líder em denúncias

O Telegram lidera em número de denúncias de “pornografia infantil” recebidas pela SaferNet, por meio da plataforma www.denuncie.org.br. No final de setembro, um mês após a prisão de Pavel Durov, dono do Telegram, a empresa anunciou que estava colaborando com pedidos de autoridades entregando “alguns dados de usuários” (números de telefone e IPs) mediante requisições legais. 

Procurada pela Agência Brasil, a plataforma respondeu que “tem política de tolerância zero para pornografia ilegal” e que “utiliza uma combinação de moderação humana, ferramentas de IA e aprendizado de máquina, além de denúncias de usuários e organizações confiáveis para combater pornografia ilegal e outros abusos”.

O Telegram também informou, em nota, que “todas as mídias enviadas para a plataforma pública do Telegram são comparadas com um banco de dados de hashes, contendo conteúdo CSAM (material de abuso sexual infantil) removido pelos moderadores do Telegram desde o lançamento do aplicativo”.  

“Em fevereiro, até agora, mais de 18.907 grupos e canais foram removidos do Telegram por relação com materiais de abuso infantil”, escreveu a plataforma.

Para Tavares, no entanto, a moderação feita pela empresa continua falha. “Embora a empresa tenha anunciado um reforço nas suas tecnologias utilizadas para detecção automática dessas imagens, o fato é que essa moderação continua sendo falha e a prova disso é que canais com milhares – e alguns com dezenas de milhares – de usuários estão trocando livremente imagens de abuso sexual infantil. E essas imagens continuam disponíveis na plataforma por meses”.

“Há uma distância entre o que a empresa diz que está fazendo e o que a gente tem observado, a partir das denúncias que recebe e das evidências coletadas. O relatório que eles publicaram após a primeira denúncia não revela a moderação feita por idioma, nem por país. Eles falam em 2,5 mil canais bloqueados por dia, mas não dizem onde isso foi bloqueado, em qual idioma, em qual mercado, em qual país. Então, pode ser que eles estejam priorizando os países em que há regulação ou uma cobrança maior das autoridades”, explicou Tavares.

O Telegram é um dos cinco aplicativos mais baixados do mundo. Em 2024, ele ultrapassou 950 milhões de usuários ativos mensais. A empresa é sediada em Dubai.

Como denunciar

É possível denunciar páginas que contenham imagens de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Isso pode ser feito na Central Nacional de Denúncias da Safernet Brasil, que é conveniada com o Ministério Público Federal. Em caso de suspeita de violência sexual contra crianças ou adolescentes, deve ser acionado o Disque 100.

Conforme as denúncias, a plataforma Telegram também permite que os usuários reportem conteúdos, canais, grupos ou mensagens criminosas. Segundo a própria plataforma, todos os aplicativos do Telegram contam com botões de ‘Denunciar’ que permitem que seja sinalizado conteúdo ilegal.

No Telegram para Android, é preciso tocar na mensagem e selecionar Denunciar no menu. No iOS, deve-se pressionar e segurar a mensagem. No Telegram Desktop, Web ou Telegram para macOS, basta clicar com o botão direito na mensagem e selecionar Denunciar. Em seguida, deve-se escolher o motivo apropriado. Isso também pode ser feito por este e-mail.

Dólar cai para R$ 5,78, apesar de tarifa de Trump sobre aço e alumínio

O anúncio do presidente norte-americano, Donald Trump, de uma tarifa adicional de 25% sobre o aço e o alumínio importados pelos Estados Unidos teve pouca influência no mercado financeiro. O dólar teve pequena queda, e a bolsa de valores subiu quase 1%, recuperando-se parcialmente das quedas recentes.

O dólar comercial encerrou esta segunda-feira (10) vendido a R$ 5,785, com recuo de R$ 0,008 (-0,13%). A cotação iniciou o dia em alta, chegando a R$ 5,82 por volta das 9h15. No entanto, inverteu a trajetória e passou a cair ainda durante a manhã. Na mínima do dia, por volta das 10h30, a moeda norte-americana chegou a R$ 5,76.

Apesar de ter ensaiado uma nova alta no fim da manhã, a moeda norte-americana voltou a cair durante a tarde. Com o desempenho desta segunda-feira, a divisa acumula queda de 6,36% em 2025.

O mercado de ações teve um dia de recuperação. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 125.572 pontos, com alta de 0,76%. O indicador chegou a subir 1,42% às 10h35, mas desacelerou ao longo da tarde. O avanço do petróleo e do minério de ferro no exterior favoreceu ações de petroleiras e mineradoras, que têm maior peso na bolsa brasileira.

Em relação ao dólar, o Brasil destoou da maioria dos países, onde a moeda norte-americana fechou em alta. A pressão de exportadores que venderam dólares após a cotação superar os R$ 5,80 ajudou a segurar a pressão sobre o câmbio no Brasil.

*Com informações da Reuters
 

Brasil espera EUA concretizarem taxação sobre aço para se manifestar

O governo brasileiro vai aguardar o governo dos Estados Unidos (EUA) oficializarem a taxação de 25% sobre as importações de aço e alumínio para se manifestar sobre o tema, assim como anunciar medidas em resposta ao aumento dos custos para exportar esses produtos para o país da América do Norte.

A informação é do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que comentou, nesta segunda-feira (10), o anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump.  “O governo tomou a decisão de só se manifestar, oportunamente, com base em decisões concretas, e não em anúncios que podem ser mal interpretados ou revistos. O governo vai aguardar a decisão oficialmente antes de fazer qualquer manifestação”, disse Haddad a jornalistas.

O Brasil é o segundo principal fornecedor de aço para os EUA, que são o principal destino das exportações do produto brasileiro. Questionado se o governo discute taxar, em retaliação, as big techs – as gigantes da tecnologia, como Google, Meta e X, Haddad respondeu que o governo vai “aguardar a orientação do presidente da República depois das medidas efetivamente implementadas”.

Em entrevista a rádios mineiras na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil tem direito de usar a lei da reciprocidade. “Para nós, o que seria importante seria os EUA baixarem a taxação e nós baixarmos a taxação. Mas, se ele e qualquer país aumentar a taxação do Brasil, nós iremos taxá-los também. Isso é simples e muito democrático”, disse Lula.

Durante o seu primeiro mandato, Trump impôs tarifas sobre o aço e o alumínio, mas concedeu depois cotas de isenção para parceiros, incluindo Canadá, México e Brasil, que são os principais fornecedores desses produtos.

Segundo dados da Administração de Comércio Internacional do governo dos EUA, o Brasil foi o segundo maior fornecedor de aço para o país em 2024, perdendo apenas para o Canadá. Já levantamento do Instituto do Aço Brasil, com base em dados oficiais do governo brasileiro, afirma que os EUA foram o principal destino do aço do país, representando 49% de todo o aço que o Brasil exportou em 2023.

Arquiteta é premiada por pesquisa sobre urbanização em quilombo de GO

Para se formar em arquitetura, a jovem Angélica Azevedo e Silva, 26 anos, pegava três ônibus para a viagem diária de 1 hora e 30 minutos entre o Gama, região administrativa do Distrito Federal, e a Universidade de Brasília (UnB), onde fez sua graduação, de 2018 a 2023. No longo e cansativo deslocamento, percebia as disparidades entre estar na sede da capital federal e morar na periferia do DF. 

“Eu reparava na diferença do tratamento dado a Brasília e ao Gama. Mas sabemos que todos têm direito a morar bem, com boa qualidade de vida. As pessoas que vieram trabalhar aqui para construir a capital federal foram mandadas para longe do centro”, aponta.

As diferenças cotidianas foram insumos para que a universitária refletisse sobre a importância de sua futura profissão e sobre formas de melhorar o acesso das pessoas a uma arquitetura sustentável.

Angélica é uma das adolescentes e jovens mulheres agraciadas pela Sociedade Brasileira de Progresso da Ciência (SBPC) com o Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher – Meninas na Ciência. Ela vai receber R$ 10 mil, na categoria humanidades, como reconhecimento do seu trabalho de iniciação científica Diagnóstico das dimensões da sustentabilidade urbana no município de Cavalcante-GO e Urbanismo Kalunga: sustentabilidade, ancestralidade e identidade, desenvolvido na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da UnB.

Se os exaustivos percursos inspiraram reflexões urbanísticas em Angélica quando universitária, foi a expectativa da família em receber uma casa própria que levou a futura arquiteta, ainda criança, com 4 anos, a fazer seus primeiros desenhos de casa. “Eu ficava desenhando, imaginando como é que seria a nossa casa. Como é que eu ia decorar meu quarto

Apesar de inscrita há 20 anos em programas habitacionais para famílias carentes, a mãe de Angélica nunca foi contemplada com um imóvel. A casa e o quarto ficaram na imaginação, mas os primeiros esboços da menina não foram em vão.

“Eu sempre gostei de arquitetura, e sempre pensei nela como algo para ajudar as pessoas. Acho que é porque não temos casa própria.”

Pesquisa

A pesquisa de iniciação científica de Angélica teve continuidade no trabalho de conclusão de curso, onde Angélica apresentou propostas para o plano diretor de Cavalcante, com sugestões para o desenvolvimento do município goiano. Ela também traçou o projeto urbanístico de revitalização da Avenida da Vila Morro Encantado, bairro majoritariamente quilombola na cidade.

Cavalcante, no norte de Goiás, faz parte do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Além de ponto turístico marcado pela paisagem natural do cerrado e muitas cachoeiras, a região abriga o Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, o maior território remanescente de comunidades quilombolas do Brasil.

A cerimônia de entrega da 6ª edição do prêmio será na próxima quarta-feira (11), Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. A premiação foi criada para valorizar pesquisas de impacto social desenvolvidas por jovens talentos femininos.

Novos projetos 

Formada há um pouco mais de um ano, Angélica integra o Programa Periferia Viva, do Ministério das Cidades, desenvolvendo um projeto de urbanismo sustentável no assentamento Dorothy Stang, em Sobradinho (DF), e segue como pesquisadora júnior no Laboratório Periférico da FAU/UnB. Na faculdade, ainda faz pós-graduação (residência) em Ciência, Tecnologia e Sociedade, enquanto espera a próxima seleção de mestrado.

Nas três atividades, lida com problemas habitacionais comuns à parte mais pobre da população. Em sua visão, as soluções podem ocorrer quando os arquitetos e urbanistas estão atentos às demandas sociais. “Eu quero um urbanismo participativo. Quero que as comunidades tenham direito à moradia e que elas morem com dignidade. Eu quero uma cidade que tenha a infraestrutura básica, bem estabelecida, com tudo que deve ter em uma cidade: áreas verdes, drenagem correta, áreas de lazer, parques, áreas institucionais, tudo o que elas precisem.”

Os pontos de vista de Angélica são endossados por sua orientadora, a professora Liza Maria Souza de Andrade, que estimula o trabalho dos estudantes com pessoas em territórios como os das periferias, assentamentos, quilombos e observa nessas interações uma importante oportunidade de conhecimento e aprendizagem.

“Ela veio da periferia e é uma pessoa que se dedicou muito para passar no vestibular e conseguir entrar na universidade. É uma pessoa que tem habilidades como pesquisadora e como projetista. Creio que ela descobriu parte de seus talentos aqui estando nesse ambiente.”

Dino pede informações à PF sobre operações contra crimes ambientais

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu nesta sexta-feira (7) prazo de dez dias para a Polícia Federal (PF) informar se a corporação possui um cronograma de operações para investigar e reprimir crimes ambientais na Amazônia e no Pantanal.

A decisão do ministro foi proferida na ação na qual o Supremo determinou, no ano passado, que o governo federal elabore um plano de prevenção e combate a incêndios nos biomas.

Na ocasião, a Corte julgou três ações protocoladas pelo PT e a Rede Sustentabilidade, em 2020, para contestar a condução da política ambiental do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Pela decisão do ministro, a PF deverá informar se operações estão programadas para ocorrer de março a dezembro deste ano. A corporação também deverá informar se há recursos disponíveis para executar as operações.

Na mesma decisão, o ministro aceitou pedido da União para prorrogar para 7 de março o prazo para apresentação do plano de governança para implementação do Plano de Integração dos Sistemas de Gestão Fundiária e Ambiental, uma das determinações feitas em janeiro deste ano.

No dia 13 do próximo mês, o STF vai promover uma audiência de conciliação sobre o combate aos crimes ambientais na Amazônia e no Pantanal.

A reunião também terá a participação de representantes dos estados nos quais os biomas estão localizados.

As autoridades locais também deverão informar se há um cronograma de combate aos crimes ambientais.