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Aulas retornam a partir desta terça no RS; capital segue sem previsão

A Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul definiu que as aulas da rede estadual de ensino serão retomadas a partir da próxima terça-feira (7) em municípios gaúchos menos afetados pelas enchentes dos últimos dias. São eles: Uruguaiana; Osório; Erechim; Rio Grande; Palmeira das Missões; Três Passos; São Luiz Gonzaga; São Borja e Ijuí. Na capital, Porto Alegre, não há previsão para o retorno das aulas.

“A medida leva em consideração o fato de que essas regiões foram menos impactadas pelas enchentes e, portanto, estão aptas a retomar as atividades escolares no meio da semana. Nessas localidades, porém, a partir de segunda-feira (6), docentes e equipes diretivas estarão reunidos para atividades de planejamento e alinhamento das orientações para a retomada”, informou a secretaria, por meio de nota.

Além de Porto Alegre, não há previsão de retomada das aulas na rede estadual nas seguintes cidades: São Leopoldo, Estrela, Guaíba, Cachoeira do Sul e Canoas.

Ainda nesta segunda-feira, uma nova reunião deve avaliar a situação das demais coordenadorias de educação: Caxias do Sul, Pelotas, Santa Cruz do Sul, Passo Fundo, Santa Maria, Cruz Alta, Bagé, Santo Ângelo, Bento Gonçalves, Santa Rosa; Santana do Livramento; Vacaria; Soledade; Gravataí e Carazinho.

Levantamento da secretaria indica que, até as 18h deste domingo (5), 2.338 escolas estaduais haviam sido afetadas de alguma forma pelas chuvas. Desse total, 278 foram danificadas pelos temporais e pelas inundações.

 

Guaíba segue subindo e alcança 5,3 metros; problemas crescem em Porto Alegre

5 de maio de 2024

 

Segundo o Ceic (Centro Integrado de Coordenação de Serviços) de Porto Alegre, o nível do Guaíba chegou a 5,3m metros por volta das 7h45min desta manhã. É o maior nível já alcançado desde que registros oficiais são feitos.

Conforme dados do Ceic também, o rio (ou lago) segue subindo, já que por volta das 6h35min era de 5,29m.

O centro de Porto Alegre e o Guaíba são separados por um muro de contenção, construído após a grande cheia de 1941, mas a proteção não foi suficiente para segurar as águas vindas do Jacuí (84,6% das águas), dos Sinos (7,5%), Caí (5,2%) e Gravataí (2,7%), rios que tiveram cheias históricas. Houve o rompimento de uma comporta ainda na sexta e a água também entrou pelas tubulações de esgoto.

O estravazamento das águas do Guaíba alagou todo centro e bairros do chamado 4º Distrito.

Problemas se agravam

Desde que as águas se estravazaram, Porto Alegre sofre diversos problemas. Ainda ontem a rodoviária e o aeroporto internacional Salgado Filho foram fechados e não há previsão para retomada do transporte. Estações de tratamento de água também funcionam parcialmente. “Pedimos que a população economize água. 4 estações de tratamento estão paradas: Ilhas, Moinhos de Vento, São João e Tristeza. As que estão em funcionamento encontram dificuldades no tratamento, devido a alta turbidez da água, são elas: Menino Deus e Belém Novo”, informa o Departamento de Águas (Dmae).

Ontem alguns hospitais também tiveram intercorrências, já que o trânsito está parado em parte da cidade, e houve necessidade de fazer entregas de oxigênio medicinal por helicóptero.

Referências
Enchentes no Rio Grande do Sul em abril de 2024, Wikipédia.
Enchente de 1941 em Porto Alegre, Wikipédia.Notícias Relacionadas
Porto Alegre está em situação de calamidade; cheia do Guaíba é histórica
 
 
 
 
 
 
 

Santa Catarina segue com chuva e previsão de enchente e ventos fortes

As más condições do tempo em Santa Catarina prosseguem ao longo deste fim de semana. No final da manhã deste sábado (4), a Defesa Civil emitiu alerta meteorológico para o risco alto de enxurradas, raios, rajadas de vento e deslizamentos nas regiões Oeste e Extremo Oeste do estado.

Segundo o boletim mais recente, persistem ao menos até domingo (5) as condições atmosféricas para o desenvolvimento de temporais isolados com raios, rajadas de vento, chuva pontualmente intensa e eventual queda de granizo.

O maior risco é para as regiões próximas à fronteira com o Rio Grande do Sul, estado em que já foram confirmadas 57 mortes e 74 pessoas feridas. O número de desaparecidos é de 67. Há ocorrências registradas em 300 municípios gaúchos.

Na sexta-feira (4), o governo catarinense confirmou uma morte em decorrência dos temporais. Um homem de 61 anos foi encontrado sem vida pelos bombeiros em um carro capotado durante um alagamento na cidade de Ipira.

Em Capinzal (SC), uma cratera se abriu na área urbana da cidade e engoliu uma casa por inteiro. No mesmo município, ao menos 12 crianças foram resgatadas de um ônibus escolar que ficou ilhado em meio à enxurrada.  

Ainda na tarde de sexta-feira, a Defesa Civil confirmou a ocorrência de um tornado entre os municípios de Passos Maia e Ponte Serrada, na quinta-feira (2). O fenômeno, caracterizado pela formação de uma espécie de funil de vento, chegou a arrancar árvores pela raiz. A ocorrência do fenômeno foi confirmada pelos meteorologistas por meio de imagens de radar.

Chuvas de intensas a moderadas ainda podem ocorrer na manhã de domingo (5), em especial no sul de Santa Catarina, informa a Defesa Civil. “Em todas as áreas de divisa com o estado gaúcho, há condições para o desenvolvimento de temporais isolados, com raios, rajadas de vento, chuva pontualmente intensa e eventual queda de granizo”, alertou o órgão.

Brasil bate Áustria e segue no Pré-Olímpico de basquete feminino 3×3

Após sofrer revés na estreia do Pré-Olímpico de Basquete 3×3, a seleção feminina derrotou a Áustria por 21 a 11 no segundo jogo desta sexta-feira (3) e ficou a apenas uma vitória de se classificar às semifinais do torneio, em Utsunomiya (Japão). As brasileiras voltam à quadra neste sábado (4), para duelo decisivo contra as anfitriãs japonesas, a partir das 7h20 (horário de Brasília). Apenas a equipe campeã do torneio irá a Paris.

Vitória da Seleção feminina 3×3 sobre a Áustria pelo Pré-Olímpico: 21 a 11!

Brasil decide um lugar na semifinal neste sábado, 7h50, diante do Japão!

Jogo ao vivo no YouTube da @FIBA3x3, do @nsports e @sportv pic.twitter.com/XdgrQlfjf0

— Basquete Brasil – CBB (@basquetebrasil) May 3, 2024

No duelo de estreia, a seleção travou luta ferrenha contra a Alemanha. As adversárias chegaram a abrir cinco pontos de vantagem, mas as brasileiras se recuperaram e arrancaram empate em 15 a 15 no tempo normal. No entanto, na prorrogação, perderam por 17 a 16.

No jogo seguinte contra a Áustria, a história foi outra. O Brasil esbanjou confiança do início ao fim, selando a vitória por 21 a 11. A cestinha do país foi a pivô Clarissa Santos, com oito pontos. A atleta representou o Brasil nas nos Jogos de Londres 2012 e na Rio 2026, quando ainda vigorava a versão 5×5 do basquete.

Brasil dá adeus à vaga masculina

Após perder os dois primeiros embates do Pré-Olímpico, a seleção masculina, quarta colocada no Mundial de 2023, deu adeus às chances de classificação a Paris.  Na estreia, os brasileiros foram superados pelos lituanos por 21 a 14.  No jogo seguinte, o Brasil fazia um duelo equilibrado contra Porto Rico. A menos de três minutos para o fim, os adversários passaram a controlar o jogo e selaram a vitória por 21 a 19.

Diante dos demais resultados – triunfos da Holanda sobre Porto Rico (21 a 16) e sobre Lituânia (21 a 20) – a seleção brasileira deu adeus à briga pela vaga olímpica. O país faz o último jogo da tabela, contra a Holanda,  às 3h30 deste sábado (5).

Mulher que levou idoso morto ao banco segue presa e alega inocência

A defesa da mulher que levou um idoso morto ao banco na tentativa de sacar um empréstimo afirma que ele chegou vivo à agência localizada em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro. O caso ocorreu nessa terça-feira (16), e Érica de Souza Vieira Nunes foi presa em flagrante por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio a cadáver. Detida, ela aguarda audiência de custódia, que não havia sido marcada até o fechamento desta reportagem.

A tentativa de saque na agência bancária foi registrada em vídeo. Nas imagens, o idoso está pálido e sem qualquer reação ou reflexo, sentado em uma cadeira de rodas, enquanto Érica pede repetidas vezes que ele assine o empréstimo de R$ 17 mil. A mulher, que informou à polícia ser cuidadora e sobrinha dele, chega a dizer que ele “era assim mesmo”. Os funcionários do banco percebem que o idoso não reage e decidem chamar o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU).

Ao chegar, o médico constatou que o corpo apresentava sinais de que a morte já havia ocorrido há algumas horas. Diante disso, a Polícia Militar foi chamada e Érica foi encaminhada para a 34ª DP (Bangu), onde o caso está sendo investigado. O corpo do idoso será examinado no Instituto Médico Legal (IML), a fim de apurar as circunstâncias da morte. Agentes realizam diligências para esclarecer os fatos.

A advogada de Érica, Ana Carla de Souza Correa, afirma que o homem estava vivo quando chegou ao banco, e que sua cliente se encontrava em estado emocional abalado e sob efeito de remédios. Em depoimento à Polícia Civil, Érica disse que foi à agência bancária levada por um motorista de aplicativo. 

“É uma senhora idônea, que tem uma filha especial que precisa dela. Sempre cuidou com todo o carinho do Seu Paulo. Tudo será esclarecido e acreditamos na inocência da senhora Érica”, disse a advogada. “Existem testemunhas que no momento oportuno serão ouvidas”.

*Com informações da TV Brasil

Sampaio Basquete vence em reedição de final e segue invicto na LBF

A noite de sábado (23) foi marcada pela reedição da última final da Liga de Basquete Feminino (LBF). Vice em 2023, o Sampaio Basquete levou a melhor sobre o atual campeão Sesi Araraquara por 68 a 59 no Castelinho, em São Luís.

As maranhenses chegaram ao quinto triunfo em cinco jogos, assumindo a vice-liderança da temporada 2024 da LBF com os mesmos dez pontos do Unimed Campinas, ficando à frente pelo número de vitórias. Apesar do tropeço em São Luís, as paulistas seguem na primeira posição, com 12 pontos. A equipe vencedora leva dois pontos, enquanto a perdedora soma um ponto.

O Sampaio não vencia o Sesi pela primeira fase da LBF desde 2019. De lá para cá, foram seis jogos e seis triunfos paulistas. As vitórias da equipe maranhense desde então ocorreram sempre no mata-mata.

A ala/pivô Sassá, do Sampaio, foi escolhida a principal jogadora da partida, com 20 pontos, seis rebotes e uma assistência. A armadora Cacá também se destacou pela equipe da casa, com 15 pontos, cinco assistências e cinco rebotes. A cestinha do confronto foi a ala/pivô Manu, do Sesi, com 22 pontos, sendo 15 em bolas de três pontos.

O Sampaio conseguiu dificultar o acesso do Sesi ao garrafão no primeiro quarto, mas cedeu espaço para as paulistas arriscarem, com sucesso, da zona de três pontos. Foram cinco acertos em oito tentativas, que colocaram a equipe visitante à frente (21 a 20). As maranhenses encaixaram a marcação no período seguinte, cedendo apenas 14 pontos, e mantiveram a eficiência no ataque, anotando 21 pontos e indo para o intervalo com 41 a 35 no placar.

No segundo tempo, o Sesi se lançou ao ataque e até conseguiu entrar mais vezes no garrafão, mas seguiu com dificuldades para fugir da marcação do Sampaio, fazendo somente 24 pontos na soma dos dois últimos quartos. As maranhenses administraram a vantagem aproveitando os contra-ataques (foram 15 pontos nessa estatística) e os erros das paulistas (22 pontos) para garantirem a vitória em casa.

As equipes voltam a jogar na quarta-feira (27). O Sampaio recebe o Pontz São José no Ginásio Costa Rodrigues, em São Luís, às 19h30 (horário de Brasília). Mais tarde, às 20h30, o Sesi encara o Bax Catanduva em Araraquara (SP).

São José vence

São José e Catanduva, aliás, também se enfrentam neste sábado no Teatrão, em São José dos Campos (SP). As anfitriãs venceram por 74 a 55. Destaque à ala Nany Carvalho, eleita a melhor em quadra, com 13 pontos, sete rebotes e três assistências. A pivô Lau e a ala/armadora Carol Ribeiro – capitã da equipe joseense – anotaram 14 pontos cada.

A cestinha foi Ivaney Marquez, do Catanduva, com 16 pontos, sendo nove em bolas de três pontos. Foi o primeiro jogo da ala, capitã da seleção venezuelana, nesta LBF.

O São José subiu para o quinto lugar, com os mesmos nove pontos do Santo André, que fica à frente por ter uma vitória a mais. O time de Catanduva (SP) segue na décima e penúltima colocação, com um triunfo em seis jogos e sete pontos conquistados.

Haiti: líder de gangue morre; formação de conselho de transição segue

Ataques, incluindo um tiroteio que deixou um líder de gangue morto, explodiram na capital do Haiti, Porto Príncipe, na quinta-feira (21), quando grupos políticos pareciam estar mais perto de finalizar um conselho de transição para assumir um governo ausente.

Uma operação policial matou o chefe da gangue Delmas 95, Ernst Julme, conhecido como Ti Greg, um dia depois que outro líder de gangue foi morto, confirmaram a polícia e fontes.

A morte de Julme, membro da aliança Viv Ansanm, do líder de gangue Jimmy “Barbeque” Cherizier, marca um revés nas ações das gangues para tomar conta de mais áreas da cidade. Julme havia escapado recentemente da maior prisão do Haiti em uma fuga em massa.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, recebeu com satisfação as informações de que grupos políticos haviam selecionado todos os membros de um conselho de transição que assumiria os poderes presidenciais antes de futuras eleições, disse um porta-voz da ONU.

O conselho, destinado a reunir a classe política fragmentada do Haiti, tem a tarefa de nomear um substituto para o primeiro-ministro Ariel Henry, que anunciou sua renúncia em 11 de março, após a violência das gangues impedir seu retorno ao país.

“O secretário-geral saúda os relatos de que todas as partes interessadas do Haiti indicaram representantes para o Conselho Presidencial de Transição”, disse o porta-voz adjunto Farhan Haq em uma entrevista coletiva.

O plano de transição foi intermediado na Jamaica pela Comunidade Intergovernamental do Caribe (Caricom), juntamente com representantes do governo e da oposição do Haiti. A Caricom divulgou uma lista de grupos políticos que estariam representados no conselho.

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Nory é prata em etapa da Copa do Mundo e segue na luta para ir a Paris

O domingo foi prateado para o brasileiro Arthur Nory, que subiu ao pódio na penúltima etapa da Copa do Mundo de Ginástica Artística, em Baku (Azerbaijão).  Com o segundo lugar obtido hoje (10) na barra fixa, Nory segue com chances reais de carimbar a vaga olímpica nos Jogos de Paris. Apenas os dois melhores ginastas ao fim da última etapa – de 17 a 20 de abril em Doha (Catar) – garantirão presença em Paris 2024. 

O domingo começou PRATEADO para o Brasil 🇧🇷 na Copa do Mundo de Ginástica Artística de Baku 🇦🇿, minha gente! 🥈🥈🥈

Nosso campeão @arthurnory realizou essa série limpíssima na final de Barra Fixa e alcançou a nota 14.333! MEDALHA! UHUL! 🩵💚💛

A vaga olímpica segue possível! E… pic.twitter.com/jb6R8q2WbV

— Confederação Brasileira de Ginástica (@cbginastica) March 10, 2024

Na disputa pelo pódio na barra fixa, curiosamente, os três primeiros colocados somaram a mesma pontuação: 14.333. O critério de desempate, nesses casos, se dá pela nota de execução. Por esse parâmetro, o ouro ficou com o lituano Robert Tvorogal, a prata com Nory e o bronze com o colombiano Angel Barajas. 

Antes de iniciar a etapa e Baku, Nory ocupava a quinta posição no ranking mundial. Além de medalhista olímpico na Rio 2016 (bronze no solo). Nory foi campeão mundial em 2019 e bronze no Mundial de 2022 – ambos na barra fixa. Com a pontuação obtida neste domingo (10), o ginasta de 30 anos terá o seguinte cenário na etapa de Doha, em abril, para assegurar a vaga em Paris:  precisará vencer e torcer para que seu concorrente direto, o lituano Tvorogal, não termine a etapa entre os três primeiros colocados. 

O Brasil garantiu a presença da seleção feminina (Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira e Júlia Soares) na disputa por equipes em Paris 2024, mas não classificou a equipe masculina. Até o momento, na disputa masculina nos Jogos, o país terá como representante Diogo Soares e mais um ginasta, cujo nome ainda será definido pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB). 

Com pressão arterial controlada, Sônia Guajajara segue internada em SP

O Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, em São Paulo, informou neste sábado (27) que a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, foi internada na unidade por conta de uma alteração na pressão arterial.

De acordo com o boletim médico mais recente, o quadro já foi controlado e a paciente segue estável, internada para acompanhamento clínico, avaliação cardiológica e realização de exames.

Antes de ser transferida para São Paulo, a ministra recebeu atendimento médico no Hospital Regional da Asa Norte, em Brasília, na sexta-feira (26), após sentir-se mal enquanto cumpria agenda pública na capital federal.

A ministra Sonia Guajajara está estável e segue com acompanhamento de sua equipe de saúde, e agradece todas as mensagens positivas e desejos de melhoras. #EquipeSonia pic.twitter.com/A7HA23s6t3

— Sonia Guajajara (@GuajajaraSonia) January 27, 2024

Garimpo desacelera, mas segue inviabilizando saúde do povo Yanomami 

Pouco mais de um ano depois de o governo federal declarar emergência em saúde pública e expulsar invasores da Terra Indígena Yanomami (TIY), a maior do país, o garimpo ilegal na área sofreu uma desaceleração. Apesar disso, as atividades criminosas não apenas continuam ocorrendo, como inviabilizam o atendimento de saúde da população, que mantém baixa cobertura vacinal, padece de problemas de saúde e mortes por doenças tratáveis, além de sofrer intimidações, afetando o trabalho dos profissionais de saúde.

As conclusões constam de nota técnica da Hutukara Associação Yanomami, publicada nesta sexta-feira (26). O documento é endossado pelas associações Wanassedume Ye’kwana (Seduume) e a Urihi Yanomami, e conta ainda com o apoio técnico do Instituto Socioambiental (ISA) e do Greenpeace.

Segundo os dados apresentados pela entidade, a área total impactada pelo garimpo na terra indígena cresceu cerca de 7% em 2023, atingindo um total de 5.432 hectares. Esse número representa desaceleração significativa na taxa de crescimento da área degradada, na comparação com o avanço vertiginoso verificado em anos anteriores, quando o garimpo ilegal no território chegou a crescer 54% entre 2021 e 2022, e 30%, entre 2019 e 2020.

PF, Ibama e Polícia Nacional da Colômbia desmobilizam garimpo ilegal – Foto Polícia Federal

As regiões que mais sofreram com a devastação foram as bacias dos rios Couto Magalhães, Mucajaí e Uraricoera. Historicamente, esses são os rios mais afetados pelo garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. Do total de 37 divisões internas do território, 21 foram impactadas pelo garimpo no ano passado. Esse monitoramento é feito por meio de imagens de uma constelação de satélites de média e alta resolução, vinculados ao Sistema de Monitoramento de Garimpo Ilegal (SMGI). Os dados também são usados para balizar ações das forças de segurança no território.  

“Máquina tem força, máquina destrói tudo, rasga, derruba floresta, bota veneno na água. Peixe é nosso alimento, alimento do povo originário. Nós não temos loja, como vocês têm na cidade, guardando comida. Nós não precisamos usar água encanada, precisamos do rio. É assim a cultura Yanomami. Garimpeiros estão voltando para continuar garimpando, mas agora chega de maltratar meu povo yanomami e ye’kwana”, desabafou o escritor e líder indígena Davi Kopenawa, em vídeo enviado à imprensa para apresentar o documento da Hutukara. 

Ao todo, 308 indígenas yanomami morreram em 2023, sendo 129 por doenças infecciosas, 63 por parasitárias e 66 por respiratórias. O número é inferior, mas não muito distante das 343 mortes registradas em 2022, quando a crise estourou. No ano passado, sete indígenas morreram em confrontos com armas de fogo levadas ao território por garimpeiros ilegais. 

Repressão descontinuada 

A nota técnica aponta mudança na dinâmica do garimpo ilegal ao longo do ano passado. Quando as forças de segurança do governo federal iniciaram forte operação de comando e controle, no primeiro semestre, estima-se que cerca de 80% do contingente de invasores foram expulsos da terra, mas com o relaxamento das medidas a partir do segundo semestre, “observou-se a reativação e a intensificação da exploração em diversas zonas”.  

Denúncias das próprias comunidades indígenas mostram que duas situações diferentes ocorreram após o início da repressão das forças de segurança. De um lado, algumas zonas de garimpo se mantiveram intactas por causa da resistência de grupos mais violentos, ainda não debelados. Outras áreas de exploração mineral, inicialmente abandonadas, foram sendo reativadas ao longo do ano.  

Surucucu (RR) – Deslocamento de equipes da Força Nacional do SUS para atendimento na Terra Indígena Yanomami. Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

Também foi observada mudança nos centros de distribuição da logística do garimpo, que se deslocaram para áreas mais próximas ou já dentro do território venezuelano. Imagens de satélite mostram o aparecimento, a partir de julho do ano passado, de nova pista clandestina para aviões ilegais em uma área a três quilômetros (km) da fronteira, e outra já em área do país vizinho.  

“Segundo informações de terreno, o garimpo ilegal no Alto Orinoco vem se intensificando desde o início das operações em 2023, e parte de sua logística é operada no Brasil, em articulação com o garimpo do Alto Catrimani, Homoxi, Xitei, entre outros”, diz trecho do relatório. À Agência Brasil, o diretor de Amazônia e Meio Ambiente da Polícia Federal (PF), Humberto Freire de Barros, confirmou que aviões ilegais continuam entrando e saindo diariamente no Território Yanomami.

De acordo com dados do relatório, há uma média de três aeronaves por dia com destino à pista do Mucuim, na região do Rio Uraricoera. A pista havia sido inutilizada no primeiro semestre, mas foi restaurada para uso pelos garimpeiros. “Pessoas da região atribuem a rápida reestruturação do garimpo no Uraricoera às débeis e descontinuadas operações de extrusão, que deveriam ter ocorrido com maior força e frequência”, diz o levantamento. 

No início de janeiro deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma reunião ampliada para cobrar ministros pela efetividade das ações, já tendo informações que as ações criminosas persistiam no território. Em decorrência disso, o governo federal anunciou a criação de nova estrutura permanente em Roraima para coordenar as ações e serviços públicos direcionados aos yanomami. 

Em balanço da semana passada, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou ter realizado 205 vistorias em pistas de pouso na terra indígena e entorno. Com isso, 31 pistas foram embargadas e 209 monitoradas. A força-tarefa envolveu também a PF, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a Força Nacional de Segurança Pública e outros órgãos do governo.

Entre apreensão e destruição de bens, os fiscais interditaram 34 aeronaves, 362 acampamentos, 310 motores, 87 geradores de energia, 32 balsas, 48 mil litros de combustível, 172 equipamentos de comunicação e mais de 150 estruturas logísticas e portos de apoio. Houve ainda a apreensão de 37 toneladas de cassiterita, o principal minério extraído da região, 6,3 quilos de mercúrio e pequenas porções de ouro. 

Saúde desestabilizada 

No relatório, as entidades afirmam que a persistência do garimpo na terra indígena ainda é fator de desestabilização do atendimento de saúde da população. No território, o modelo de saúde foi estabelecido para prever a presença permanente de funcionários nas unidades básicas de Saúde e visitas frequentes às comunidades mais distantes.  

Surucucu (RR) – Deslocamento de equipes da Força Nacional do SUS para atendimento na Terra Indígena Yanomami – Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

“A persistência de núcleos de exploração do garimpo no território impede a retomada das ações de promoção e prevenção em saúde em muitas comunidades mais vulneráveis. Devido ao clima de insegurança e conflito nessas zonas, os profissionais de saúde têm evitado visitas em muitas aldeias, com sérias implicações para a realização de ações fundamentais de atenção básica, como vacinação, busca ativa de malária e pré-natal. Foi exatamente esse mecanismo que ajudou a produzir a crise que atingiu seu ápice em 2022. Em 2023, já no cenário da Declaração da Emergência, a manutenção de altas taxas de mortalidade por doenças do aparelho respiratório – que vitimou em 2023 pelo menos 66 pessoas na TI Yanomami – é uns dos maiores exemplos da correlação entre manutenção do garimpo e desassistência”, diz a nota.

A baixa resistência imunológica dos yanomami é tida como agravante para casos de doenças respiratórias, o que faz com que as infecções atinjam alto índice da população, comprometendo de forma expressiva suas atividades de subsistência e facilmente evoluindo para complicações e mortes. Para reverter o quadro, visitas de equipes de saúde nas aldeias precisam ser frequentes, além da disponibilização de equipamentos como concentradores de oxigênio, nebulizadores e kits de higiene.  

Vacinação ameaçada 

Outra medida preventiva fundamental é a vacinação. No entanto, como indica o relatório, dados do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) mostram que entre as crianças de até 1 ano de idade, menos da metade recebeu todas as vacinas previstas, e na faixa de 1 a 4 anos, em metade dos polos a cobertura não atingiu 50%. 

No Xitei, região com população total de mais de 2 mil pessoas, a vacinação abrangeu apenas 1,8% das crianças de até 1 ano, e 4,2% das crianças de 1 a 4 anos. “Nessa região, por sua vez, sabe-se que a equipe de profissionais de saúde, além de ser pouco numerosa, está impedida de realizar as visitas às casas coletivas, porque o garimpo persiste no local, com inúmeros episódios de violência e ameaças. Ali, pelo menos 12 crianças menores de cinco anos morreram em 2023, sendo cinco por pneumonia”, informa o relatório.

Em um dos alertas recebidos, os indígenas do Xitei denunciam a presença de jagunços do garimpo, além da existência de conflito aberto entre diferentes grupos de garimpeiros, “colocando as comunidades em situação de fogo cruzado”. 

Os casos de malária no território seguiram em alta em 2023, com mais de 25 mil casos notificados até o fim de outubro. A malária é uma doença infecciosa que causa febre aguda e transmitida pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, que se reproduz de forma abundante em água parada. As cavas de água parada do garimpo são criadores perfeitos para esses insetos transmissores. 

O Ministério da Saúde informou que investiu mais de R$ 220 milhões para reestruturar o acesso à saúde dos indígenas da região, um valor 122% mais alto que o do ano anterior. 

Surucucu (RR) – Mulheres e crianças em Surucucu, na Terra Indígena Yanomami. Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

“Em 2023, houve a ampliação do número de profissionais em atuação no território (+40%, passando de 690 profissionais para 960). Também foram reabertos sete polos-base e unidades básicas de saúde indígena, que estavam fechados por ações criminosas, totalizando 68 estabelecimentos de saúde com atendimento em Terra Yanomami. Nessas localidades, onde é possível prestar assistência e ajuda humanitária, 307 crianças diagnosticadas com desnutrição grave ou moderada foram recuperadas. Além disso, o governo federal, por meio do Programa Mais Médicos, permitiu um salto de 9 para 28 no número de médicos para o atendimento aos yanomami em 2023. Três vezes mais médicos em atuação”. 

Expulsão definitiva 

As associações indígenas pedem, no relatório, que o governo federal retome com força as operações de desintrusão de garimpeiros da terra indígena, elabore um plano de proteção territorial completo e viabilize que comunidades indígenas possam ter a opção de se mudar das áreas mais afetadas pela presença dos invasores. 

“Os dados demonstram que embora o atual governo tenha se mobilizado para combater o garimpo ilegal na TIY em 2023, os esforços foram insuficientes para neutralizar a atividade na sua totalidade. De fato, houve importante redução no contingente de invasores, o que pode ser verificado na desaceleração das taxas de aumento de área degradada, mas o que se verificou ao longo de 2023 é que, ainda que em menor escala, o garimpo permanece produzindo efeitos altamente nocivos para o bem-estar da população.. Além de contribuir para a proliferação de doenças infectocontagiosas e dos impactos ambientais, a presença dos garimpeiros tem efeitos diretos na estabilidade política das regiões e na segurança efetiva das famílias indígenas e dos profissionais de saúde, em muitos casos inviabilizando a livre circulação das pessoas e a possibilidade da realização de visitas regulares às aldeias”, diz o texto.