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Dia do Forró: Dominguinhos misturou ritmos e polêmicas, conta biógrafo

Vem amor, vem cantar
Pois meus olhos
Ficam querendo chorar
Deixe a mágoa pra depois
O amor é mais importante a dois

Os versos da música Sanfona Sentida, na voz e acompanhados pelo dedilhar de Dominguinhos (1941-2013), inspiraram o professor de história Gustavo Alonso, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), para o título da biografia do artista nascido em Garanhuns (PE). A letra é de autoria de Anastácia, uma das principais parceiras profissionais, e também uma das companheiras de vida do músico.

Biógrafo de Dominguinhos, Gustavo Alonso conversou com a Agência Brasil – Gustavo Alonso/Arquivo Pessoal

O livro, que deve ser lançado no ano que vem pela editora Todavia (com previsão de 380 páginas), traz detalhes sobre a inventividade, a mistura de ritmos e até polêmicas da vida do artista que ficou conhecido como uma referência da sanfona e do forró, e um herdeiro musical do “rei do baião”, o também pernambucano Luiz Gonzaga (1912-1989). A data de nascimento de Gonzagão, 13 de fevereiro, passou a ser reconhecida como o Dia Nacional do Forró

 “[Essa imagem] de ele ser o herdeiro de Gonzagão era uma questão tensa para Dominguinhos pelo menos até a morte do Rei do Baião. Às vezes, ele abraçava essa ideia. Às vezes, não”, disse o biógrafo, que também é músico, em entrevista à Agência Brasil.

“Era um gênio. Muito humano, com fraquezas, carências, dificuldades e capacidades. Um artista intuitivo.”

Pandeiro em Garanhuns

A infância humilde em Garanhuns, na década de 1940, com os pais camponeses, passou a ter um outro tom quando foi tocar com dois irmãos no centro da cidade, o mais velho, Moraes, e o mais novo, Valdomiro. “No total, a família teve 16 filhos e seis morreram. Em 1949, eles estavam tocando em frente ao Hotel Tavares Corrêa para ter dinheiro para o almoço. A renda da plantação não dava para todo mundo”, explica o pesquisador.

Dominguinhos e Anastácia, parceira de vida e de composições – Dominguinhos/Arquivo Pessoal

Foi quando o astro Luiz Gonzaga chamou o trio para tocar com ele. E deu aos meninos um telefone e um endereço no Rio de Janeiro. “Gonzaga fazia e fez isso com muita gente. Na época, o Dominguinhos não tocava sanfona, mas pandeiro”.

Em 1954, a família foi para o Rio. Todos em caminhão pau-de-arara. Dominguinhos ainda era chamado de Neném do Acordeon.

Depois de trabalhar até como tintureiro com seus 13 anos de idade, Dominguinhos procurou Gonzagão no Rio de Janeiro, ganhou confiança e passou a ser um faz-tudo do experiente músico. “Com o tempo, Dominguinhos passou a buscar um caminho próprio dele, flertando com o pessoal da MPB, por exemplo”. Ia além: misturava forró com jazz e fazia um ritmo de forma mais desconstruída, sobretudo na obra instrumental.

“Asa Branca”

Nas décadas de 1960 e 1970, o artista frustrou quem imaginava que ele poderia ser uma voz contra a ditadura, tal como Gonzagão, que não enfrentou o regime de exceção em suas obras. A morte de Gonzagão e depois de Gonzaguinha, em 1991, foi, para o pesquisador, fundamental para ele aceitar, informalmente, o rótulo de herdeiro do Rei do Baião. Inclusive, nos anos 1990, ele recebeu apoio estatal para um projeto chamado “Asa Branca”, em que ele levava forró pelo país para cultuar a memória do músico que o descobriu.

José Domingos de Moraes, o Dominguinhos – Dominguinhos/Arquivo Pessoal

Dominguinhos, diferentemente do Gonzaga, nunca parou de gravar música instrumental. “Nessas músicas, eu diria que estão as mais virtuosísticas obras dele”, avalia o pesquisador. Depois, o artista passou a assumir a imagem com um chapéu de vaqueiro e nunca deixou de usar. “Era mais comum ele aparecer com roupas modernas, camisas floridas, cabelos grandes em um flerte com os tropicalistas”.

Amor e mágoa

O biógrafo explica que foi Anastácia (que era mais conhecida do que o parceiro) quem o ensinou a cantar. Era uma relação profissional e amorosa em que as letras também mergulhavam em empolgação ou melancolia.

“Anastácia é uma compositora que ele conhece em 1967 e tem um caso amoroso com ela. Eles viram amantes e ficam juntos até 1978”.

O término abrupto deixou mágoa na artista, que foi entrevistada pelo pesquisador. Hoje ela tem 83 anos de idade, vive em São Paulo (SP) e, segundo o pesquisador, revela detalhes da vida com Dominguinhos.

Dominguinhos e Anastácia – Dominguinhos/Arquivo Pessoal

Ela guardou tristeza profunda, destruiu fotografias com o antigo parceiro, mas reconhece que foi o amor da vida dela. As traições recorrentes do artista, além de a desanimarem, foram inspirações para composições. Ficaram 30 anos sem se comunicarem e só se encontraram quando Dominguinhos descobriu o câncer que iria matá-lo.

 A história de amor clandestina começou em uma turnê com Luiz Gonzaga. Depois, passaram a viver e se encontrar em São Paulo. “Foi lá, inclusive, que compuseram Eu Só Quero um Xodó, que é um grande clássico”.

“Antes, era Anastácia quem o levava para conhecer as pessoas. Ela era uma compositora. Ele compunha temas instrumentais”. A artista explicava como escolher e desenvolver um tema, e voltar para o refrão. “Ela deu a régua e o compasso para ele no mundo da canção”, diz o biógrafo. A parceria ganha os sons de baiões, xotes, forrós e também boleros.

Sonoridades

A união musical rendeu discos como Domingo, Menino Dominguinhos (1976). Outros álbuns que o pesquisador destaca são Apôs, tá Certo (1979), Querubim (1981) e Simplicidade (1982).

“São os meus preferidos. A discografia dele é longa. Depois tem a parceria com o Nuno Cordel também, em meados dos anos 1980, quando ele não tem mais a Anastácia. Ele se separa dela em 1978 e também da esposa no Rio de Janeiro porque ele se apaixona por outra artista, Guadalupe, com quem ele ficou casado por cerca de dez anos”.

Dominguinhos, sem Anastácia, passou a procurar compositores como Alceu Valença, Chico Buarque, Djavan e Gilberto Gil. “Ele teve grandes parceiros”. Mas o artista apreciava aqueles que respondiam rapidamente. Por isso, sentia falta da antiga companheira.

Milton Nascimento e Dominguinhos – Dominguinhos/Arquivo Pessoal

Protagonismo

Dominguinhos, na avaliação do biógrafo, trouxe uma feição nova para o gênero do Luiz Gonzaga. A sanfona que ele usou mais tempo na vida foi um modelo Giulietti, ítalo-americana, que ele comprou usada na Inglaterra.

“Ele se encantou com aquela sonoridade”. E isso fez parte das transformações musicais dos anos 1970. “Ele é um agente fundamental desse momento”.

O forró misturado a outras influências entoaram uma nova história para a música nordestina. O pesquisador afirma que não houve um batismo oficial de Rei do Forró, mas considera que Dominguinhos ajudou a moldar o ritmo que é ouvido no século 21.

“Hoje em dia, todo sanfoneiro quer ter o instrumento igual do Dominguinhos”. E também a inventividade de uma sanfona que não parou, que cantava o amor, celebrado com xodós, que “alegre meu viver” e pela busca de estar “de volta para um aconchego”.

*Com colaboração de Cibele Tenório, da Rádio Nacional

Ritmos, poesia e dança marcaram 4ª Conferência Nacional de Cultura

Aos fazedores de cultura: cultura. A 4ª Conferência Nacional de Cultura (CNC) terminou nessa sexta-feira (8) com os clássicos da cantora baiana Daniela Mercury. A rainha do axé eletrizou o público com canções conhecidas, como O Canto da Cidade, Swing da Cor, O Mais Belo dos Belos e Nobre Vagabundo. Daniela dividiu o palco com a conterrânea, a compositora Majur, para cantarem e dançarem juntas A Primeira Vista, do compositor Chico. Daniela também dedicou a canção Mulheres do Mundo como homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

Brasília (DF) – Show de Daniela Mercury no encerramento da 4ª Conferência Nacional de Cultura. Foto: Gilberto Soares/Minc

Nos cincos dias de conferência, realizada em Brasília, passaram pelo evento outros nomes da música brasileira: Fafá de Belém, Paulinho da Viola, Diogo Nogueira, Paula Lima, Salgadinho, Renegado e Johnny Hooker.

Os cerca de 5 mil visitantes do Centro de Convenções Ulisses Guimarães estiveram cercados por toda forma de arte, como saraus, feira de livros, cortejo de uma quadrilha junina, danças folclóricas, apresentação de capoeira, drag queens e bois bumbá, como o Boi do Seu Teodoro e os Bois de Parintins. Em um dos palcos, nomeado de Diversidade e Rural, um veículo Rural Willys foi estacionado e enfeitado com adornos do Peru. 

Diversidade

O palco Diversidade recebeu a cantora Ellen Oléria, capoeiristas, DJs, o cantor de música regional gaúcha, Ernesto Fagundes e as drag queens Organzza e Nágilla Gold Star.

Brasília (DF) – Arte transformista na 4ª Conferência Nacional de Cultura. Foto:José Cruz/Agência Brasil

Representante a arte transformista, Nágilla cantou uma canção de autoria de Ekena, com tema de discriminação à mulher contemporânea. A artista disse à Agência Brasil sobre a importância de ter sua dentro de uma conferência sobre cultura. “Em geral, é uma arte marginalizada e não reconhecida como cultura. E nós estamos aqui marcando lugar e mostrando que a arte transformista pode ter espaço neste país.”

O pianista de jazz Jonathan Ferr, do Rio de Janeiro, apresentou-se com um quarteto formado apenas por mulheres musicistas do Distrito Federal. Para ele, a conferência é o pontapé para um novo momento para os artistas brasileiros. 

“Independentemente do lado político que se esteja, não dá para negar que o Brasil é um dos maiores exportadores de cultura para o mundo. A volta do Ministério da Cultura e, agora, esse grande encontro com as pessoas que fazem cultura em várias partes do Brasil, de vários sotaques diferentes, eu vejo um futuro de caminhos abertos, trilhado pelo Ministério da Cultura. E esse é o pontapé inicial para muita coisa vir a acontecer. O maior desafio é fazer com que a sua arte chegue para o maior número de pessoas possível”, avalia.

A violonista Tatiana Kovalchuk, integrante do quarteto, entende que os participantes estão todos juntos “atrás dessa grande luta, que são a cultura, a educação, que vão, de fato, fazer a diferença para todo mundo.”

Brasília (DF) – Apresentação na 4ª Conferência Nacional de Cultura. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

De Goiás, o mestre de congado Reginaldo Bernardo trouxe dos terreiros de Catalão, 23 dançarinos que mostraram o sincretismo religioso que teve origem no Brasil, com os escravos negros e a religiosidade católica. “Catalão inteira tem 148 congadas, com mais de 5 mil dançadores. Essa tradição veio de fazendas, de culturas antigas, quando dançadores, os escravos se reuniam para dançar em terreiros. Depois, a Igreja adotou a manifestação e formou essa Congada de Catalão”.

Entre uma discussão e outra, os caminhantes da conferência viraram plateia da apresentação de um grupo de dança folclórica siriri, do Mato Grosso. As saias rodadas das artistas do grupo Siriri elétrico e as várias violas de cocho musicaram o dia dos conferencistas. A dona de uma dessas saias é Karen Amorim, que se apaixonou pela dança, aos 13 anos, na escola e nunca mais parou.

“Agora, a gente veio aqui mostrar a nossa cultura, mostrar a nossa dança, mostrar a nossa viola de coxo”.

Brasília (DF) – Apresentação da dança folclórica siriri, do Mato Grosso – Foto: José Cruz/Agência Brasil

Karen não se separa da amiga de dança Alice Tognoli, que gostou de conhecer outras manifestações.

“A gente está vendo várias culturas diferentes, que a gente nem fazia ideia que existia. Muitos tipos de músicas diferentes também. É uma diversidade maravilhosa. Somos um dos grupos de Cuiabá, que também fazem o mesmo trabalho de estar deixando essa cultura cada vez mais viva, porque a gente tem que representar a cultura popular.”

Todos os dias, os conferencistas foram recepcionados por artistas circenses com pernas de pau. Este foi o caso de Cadu Sales, representante da comitiva de Vitória de Santo Antão (PE) e do setor de Design e Moda do estado. Ao chegar à conferência, Cadu e a delegação do estado entoaram a tradicional canção Madeira que Cupim não Rói, de Capiba, ladeados pelos chamados pernaltas.

Brasília (DF) – Artistas em pernas de pau recepcionavam o público. Foto: José Cruz/Agência Brasil

“O retorno da Conferência de Cultura, após esse hiato grande que se teve, é uma responsabilidade muito grande para todos nós que estávamos participando. Agora, esperamos dar a nossa melhor contribuição possível para a construção desse plano [Nacional de Cultura] sério.”

Artesanato e comida

A conferência abriu espaço para artesanatos, sobretudo de indígenas e afro, e vestimentas típicas do Brasil e até de outros países. Uma forma de divulgar a cultura e ainda gerar renda aos artesãos.

O expositor Gilberto Cruz Fulni Ô, de Águas Belas (PE), trouxe as tradições indígenas em cestarias, colares, brincos, pulseiras e cocás coloridos. “Eu exponho os materiais indígenas para mostrar a cultura, a nossa tradição. Eu trabalho com várias técnicas de artesanato, principalmente o nosso, que é Fulni Ô. Para mim é uma honra estar participando desse evento aqui tão grande”.

Outra indígena era Fernanda Togoe, com o artesanato de seu povo de Barra do Garças (MT). “A gente acha muito boa essa oportunidade de ter vindo aqui, de mostrar as nossas peças, o nosso artesanato, para o pessoal conhecer mais a gente. Eu trouxe colar de miçanga, pulseira e brinco de miçanga, brilho, colar de sementes, além de tucum, morototó, açaí e rapé também e algumas peças de barro. A procura é grande. Muitas pessoas vêm comprar aqui e ajudam a gente.”

Já expositores do Distrito Federal foram convidados a vender alimentação no local.

A agricultora familiar do assentamento agroecológico José Wilker, de Sobradinho (DF), Paula Tavares, comercializou alimentos orgânicos.

“É uma oportunidade única de expor os nossos produtos para que todos levem para seus estados. Tudo é cultura e alimento também pode ser cultura”, define Paula.

Na banca ao lado, Tereza da Silva Ferreira, da Casa dos Mirtilos, vendia geleias, doces e bolos com a fruta silvestre. O ofício vem de gerações passadas da família, por isso, o modo de cozinhar tornou-se uma forma de cultura. “É um processo que a gente aprende no fogão de lenha. Minha mãe fazia geleia na roça com a gente. Então, quando eu fui me dedicar a isso, eu fui lá atrás, no meu interior”, relembrou Tereza.

Brasília (DF) – Conferência aprovou propostas para plano cultural nacional da próxima década – Foto: José Cruz/Agência Brasil

A 4ª CNC foi a maior conferência cultural já realizada no Brasil. Há mais de 10 anos, o evento de participação popular não ocorria nacionalmente.

A conferência resultou na aprovação de 30 propostas de políticas públicas para basear a construção do próximo Plano Nacional de Cultura, com validade de 10 anos.

Carnaval de São Luís é marcado por riqueza de ritmos

Conhecido pela peculiaridade e riqueza de ritmos, o carnaval de rua de São Luís traz o toque ancestral nos desfiles de blocos tradicionais, blocos afro, tribos indígenas, tambor de crioula e outras manifestações. A área central da cidade é local onde os foliões se divertem durante o período momesco.

O tradicional circuito tem como um dos principais pontos o bairro da Madre Deus, berço de inúmeras manifestações culturais do Maranhão. São originárias do bairro muitas agremiações carnavalescas. Entre elas estão o bloco Fuzileiros da Fuzarca, que traz na batida sua marca registrada. O ritmo cadenciado é produzido pelas retintas, taróis-de-mão e duas-por-uma (instrumento de percussão coberto com couro de bode e carneiro). Fundado em 1936 por poetas, compositores e músicos, o bloco mais antigo do Maranhão desfila nas cores preto e branco é e um dos símbolos do carnaval de rua da capital. 

Além do Fuzileiros, a Madre Deus, ou Madre Divina como é carinhosamente chamado o bairro, também presencia desfiles dos Blocos Tradicionais, com seus tambores apelidados de treme terra. As agremiações, como o bloco da Apae, Tropicais do Ritmo, Show Feras, Os Curingas, Os Gigantes, Magnatas Show, Os Gladiadores, Os Diplomáticos, Os Diferenciados, Os Foliões, Reis da Liberdade, Os Trapalhões, Os Brasinhas, Vinagreira Show, Companhia do Ritmo e Tradicionais do Ritmo, se caracterizam pela beleza de suas vestimentas e pelo som estrondoso que produzem.

As batucadas, feitas pelos tambores chamados de contratempo, são feitas com a palma das mãos, com força e precisão, cadenciando o ritmo. O tambor grande, de 1,2 metro e diâmetro de 65 a 70 centímetros, é tocado com o acompanhamento de retintas, cabaças, reco-recos, agogôs, afoxés, ganzás e rocas. O som resultante favorece a fusão com diversos estilos musicais, que animam tanto os tocadores quanto os demais foliões, chamados de balizas.

O circuito recebe ainda, durante o reinado de Momo, grupos de tambor de crioula, as tribos de índios como os Sioux, Tapiaca Uhu, Upaon Açú, Carajás, Curumim, Guarani, Itapoan, Kaiopó, Kamayurá, Tupinambás e Tupiniquins, alé, dos blocos afro como o Abibimã, Abiyeye May, AiyêAmadê, Aruanda, Akomabu; Didara, Gdam, Jurumê, Neto de Nanã e Officina Afro. O cortejo segue da Vila Gracinha/Casa das Minas (tradicional casa de culto mina) até o largo da Caroçudo.

Neste ano, os foliões ainda não sabem como se dará a festa, que tem início nesta sexta-feira (9), pelo menos no circuito da Madre Deus. É que a prefeitura não divulgou como será a programação do tradicional circuito carnavalesco. Nas redes sociais, foliões, representantes de brincadeiras pedem explicações à Secretaria Municipal de Cultura (Secult).

A única menção ao carnaval de rua, no perfil da Secult em uma rede social, se resumiu a falar sobre o cortejo mas sem indicativo de apresentação da programação. “É pra descer com o cortejo, viu? O nosso carnaval da Madre Deus começa com o cortejo dos Blocos Tradicionais e Tribos de índios na Vila Gracinha e todos se encontram no Largo do Caroçudo. Prepara a maisena e caia na folia!”, diz o post

Nos comentários diversas reclamações e pedidos de informação. “Boa tarde, tô saindo de Belém com alguns amigos pra curtir o carnaval em SLZ. Queria saber qual a previsão pra vcs postarem a programação completa. Até agora só vi a do governo do estado, mas ainda nao encontrei a de blocos tradicionais da cidade”, diz o post de um turista. “A programação, meus amores, por obséquio”, pedia uma foliã.

A programação do desfile das escolas de samba de São Luís e a disputa entre os blocos tradicionais, realizados nos quatro dias de folia momesca foram transferidos para o final de semana seguinte ao carnaval.

A mudança da data do desfile veio após uma reunião entre representantes da prefeitura de São Luís e escolas de samba. Houve atraso na publicação do edital e não ocorreu o repasse dos recursos para as escolas. Com a mudança, as escolas, entre elas a Turma da Mangueira, Flor do Samba, Turma do Quinto, Favela do Samba, Marambaia do Samba, Unidos de Fátima e Império Serrano, vão desfilar nos dias 23 e 24 de fevereiro. Ainda não há um acordo para o desfile dos blocos.

A Agência Brasil entrou em contato com a secretaria para saber sobre a programação, mas não obteve retorno. A reportagem também questionou o tratamento dado às agremiações, blocos e demais brincadeiras, também sem retorno.

Se o circuito de rua passa pela indefinição sobre a programação, o mesmo não pode ser dito sobre o novo circuito criado pela prefeitura e chamado de Cidade do Carnaval, na região do centro histórico. No local foi construído um palco para a apresentação de shows. Na programação estão previstas as apresentações, entre outras, de Manu Bahtidão, nesta sexta de carnaval, do Grupo Olodum, no dia 11, e do DJ Alok e Iguinho & Lulinha, no dia 13.

Ao lado do palco, na Praça das Mercês, há também um espaço para vários DJs da cidade, batizado de Tenda Hot Space. Além disso, a prefeitura criou o Espaço Multicultural Reggae e o Afro Palco, dedicados aos artistas locais.

Programação estadual

A programação do governo do estado também privilegiou a contratação de artistas de expressão nacional. A sexta-feira de carnaval começa com shows dos cantores Zé Vaqueiro e Gusttavo Lima, que abrem a programação oficial no Circuito Litorânea. Ao todo, serão 16 atrações nacionais e 51 de artistas locais nos circuitos da Avenida Litorânea e no Circuito Beira-Mar, no centro de São Luís.

Entre os shows contratados estão os de Matheus e Kauan, Eric Land, Tierry, Chiclete com Banana, Flávia Bittencourt recebe Àttooxxá, Zeca Baleiro, Wesley Safadão, Jonas Esticado, Cláudia Leitte, Lauana Prado, Matraca Elétrica, É o Tchan, Belo e Geraldo Azevedo.

Segundo o governo do estado, o primeiro dia de folia, no Circuito Litorânea, vai receber os shows dos grupos maranhenses Samba da Tamarineira, Mix in Brazil, da cantora Iara Costa e do grupo de samba Feijoada Completa, que encerrará a festa.