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Governo condena tentativa de censurar livro O Avesso da Pele

O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, Paulo Pimenta, e a ministra da Cultura (MinC), Margareth Menezes, criticaram nesta segunda-feira (4) a tentativa de censura e os ataques ao livro O Avesso da Pele, do autor brasileiro Jeferson Tenório.

“Em minha opinião, trata-se de uma demonstração de ignorância, de preconceito, mas também de covardia por parte dessas pessoas”, diz em vídeo o ministro-chefe da Secom, Paulo Pimenta.

O caso ganhou repercussão depois que a diretora de uma escola gaúcha chamou de “lamentável” o envio de 200 exemplares da obra para a Escola Estadual de Ensino Médio Ernesto Alves de Oliveira. Em vídeo postado nas redes sociais, Janaína Venzon criticou o envio dos livros “com vocabulários de tão baixo nível para serem trabalhados com estudantes do ensino médio”

Contactada, a 6ª Coordenadoria Regional de Educação do Rio Grande do Sul solicitou que os exemplares da obra não sejam disponibilizados nas bibliotecas nem aos estudantes de escolas da sua abrangência, “até segunda ordem”.

O ministro da Secom rebateu a acusação da diretora ao esclarecer que o governo federal só envia obras literárias mediante solicitação da escola. Ele disse ainda que o livro entrou no Programa Nacional do Livro e do Material Didático no governo anterior.

“O que eles não sabiam era que o livro foi aprovado para compor a lista de materiais disponíveis para escolas após edital feito pelo governo anterior, bem como sua compra pelo MEC. A distribuição, exclusiva para o ensino médio, feita ainda no ano passado, ocorreu após o pedido da escola para que o livro fizesse parte de seu plano pedagógico.”

O autor

Na rede social Instagram, o autor Jeferson Tenório considerou o episódio como “absurdo”. À emissora de TV por assinatura Globo News, ele declarou: “me causa sempre espanto, porque já temos tão poucos leitores no Brasil e deveríamos estar preocupados em formar leitores. E não censurar livros”.

Jeferson Tenório disse que o título também foi alvo de tentativa de censura por parte de uma escola de Salvador (BA), em 2022 e conectou as iniciativas de censurar a obra à polarização política e ao conservadorismo.

MinC

A ministra da Cultura (MinC), Margareth Menezes, também repudiou os ataques à obra. “Meu total repúdio a qualquer tipo de censura em relação à nossa literatura. O que estiver no escopo do Ministério da Cultura, o que for possível fazer para apoiar, dentro da legalidade, para combater esse tipo de ação, nós faremos.”

A ministra acrescentou que as escolhas dos livros pelo programa federal do MEC seguem diretrizes claras. “Não são feitas de maneira deliberada. Existem conselhos. O que é colocado ali não é de graça, ainda mais em relação às escolas. Nós estamos procurando ter todo o cuidado. E o ministro Camilo [Santana, do MEC], o Ministério da Educação também têm essa sensibilidade.”

O secretário-executivo do MinC, Márcio Tavares, manifestou solidariedade ao autor ao considerar o livro um dos melhores dos últimos anos. “Nesse momento, quero manifestar a nossa solidariedade com esse autor, que é uma referência da nossa literatura e que tem todo o nosso apreço.”

MEC

Em nota, o Ministério da Educação (MEC) explicou o processo de inclusão de obras no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD). O MEC esclareceu que os professores escolhem livros a serem adotados em sala de aula, e não o MEC e que a pasta envia obras para escolas apenas mediante solicitação dos próprios educadores.

“A escolha das obras literárias a serem adotadas em sala de aula é feita pelos educadores de cada escola a partir do Guia Digital, onde as obras integrantes do programa estão listadas para conhecimento de professores e gestores.”

De acordo com o comunicado, a obra O Avesso da Pele entrou no PNLD em 2022, juntamente com outros 530 títulos.

A editora

A Companhia das Letras publicou um texto em sua página na internet, no qual condena a censura. “A retirada de exemplares de um livro, baseada em uma interpretação distorcida e descontextualizada de trechos isolados, é um ato que viola os princípios fundamentais da educação e da democracia, empobrece o debate cultural e mina a capacidade dos estudantes de desenvolverem pensamento crítico e reflexivo”, diz o texto.

Clique aqui e leia a íntegra da nota.

Livro premiado

A obra O Avesso da Pele já foi traduzida para 16 idiomas e ganhou o Prêmio Jabuti, principal prêmio literário brasileiro, na categoria Romance Literário, em 2021. O livro trata das relações raciais, sobre violência e negritude e identidade na história fictícia de Pedro, que, após a morte do pai, assassinado em uma desastrosa abordagem policial, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos.

Um ano após morte, Pelé segue vivo na memória dos brasileiros

Nesta sexta-feira (29) faz um ano do dia em que o mundo do futebol se despediu de sua realeza. A morte de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, aos 82 anos, após complicações de um câncer de cólon, foi manchete no planeta inteiro. Os dribles, os gols e o sorriso do Atleta do Século, que ficam na lembrança, mexem ainda mais com quem teve a oportunidade de conviver com o Rei.

“Trabalhei com ele por 16 anos. [Fizemos] Toda a catalogação do acervo dele, perto de 2,5 mil peças. Fizemos excursões por América do Sul, África, Brasil. [Pelé] Era um patrão excelente, um grande coração, um cara que prezava muito por quem estava por perto, que ajudava muito as pessoas. Tem o lado que poucos conhecem, o de Edson”, destacou Rogério Zilli, curador do Memorial das Conquistas do Santos Futebol Clube.

Inaugurado há 20 anos, o Memorial reúne itens alusivos aos momentos mais importantes da centenária história do Peixe. Não à toa, tem um espaço dedicado exclusivamente a Pelé, que defendeu o clube por 18 anos e conquistou inúmeros títulos, como dois Mundiais Interclubes, duas Libertadores e seis Campeonatos Brasileiros. Entre os artigos, estão camisas antigas e os contratos do Atleta do Século, com destaque ao último, vigente entre 1972 e 1974. A visita simples ao museu – que fica na própria Vila Belmiro, estádio alvinegro, em Santos (SP) – custa R$ 25.

Torcedor santista e xará do Rei do Futebol – inclusive, também apelidado de Pelé -, Edson Fernando Dias veio de Campo Limpo Paulista (SP) para visitar o Memorial do Peixe. Metalúrgico aposentado, trouxe o filho, Danilo, para celebrar o aniversário e conhecer mais à fundo a história do clube e, naturalmente, do eterno camisa 10.

“Tem muita coisa que a gente já viu, mas em internet e na televisão. Estar aqui, ver ao vivo, não tem palavras para explicar. É uma coisa que dá muito orgulho, de cada vez mais alimentar a paixão pelo clube”, disse Edson.

Ele foi uma das 230 mil pessoas que saíram de vários cantos do Brasil e do mundo para estar presente na Vila Belmiro, entre 2 e 3 de janeiro, para o velório de Pelé. O sepultamento ocorreu no Memorial Necrópole Ecumênica, maior cemitério vertical do mundo, após cortejo fúnebre por ruas de Santos.

Inicialmente, o corpo ficaria no nono andar do cemitério, em homenagem ao pai de Pelé, Dondinho, que usava a camisa 9 quando jogador. Um acordo com a família do Rei, porém, resultou na criação de um mausoléu no primeiro andar do cemitério, para facilitar a visitação dos fãs.

O espaço tem 200 metros quadrados, decorado com grama sintética e camisas que o ex-jogador utilizou no Santos, na seleção brasileira e no Cosmos (time dos Estados Unidos). O caixão com o corpo de Pelé é dourado. Na entrada, há duas estátuas do Atleta do Século em tamanho real. O local, inaugurado em maio, recebeu mais de sete mil visitantes em 2023, de acordo com o Memorial. A entrada é gratuita, sendo necessário cadastro prévio no site do cemitério.

No Centro de Santos, outra referência ao eterno camisa 10 ganhou mais visibilidade ao longo do primeiro ano da morte do Rei. Fundado em 2014, o Museu Pelé, com mais de 600 itens do acervo pessoal do Atleta do Século, também tem entrada gratuita e se tornou ponto de visitação obrigatório na cidade.

“O número de turistas [ao Museu Pelé] aumentou demais, aumentou cinco vezes. Vêm pessoas do interior de São Paulo e outros estados, até mesmo de fora do país. Quem viu Pelé jogando fica mais emocionado e se identifica muito mais. A gente percebe que principalmente os estrangeiros têm uma adoração absurda pelo Pelé”, afirmou Kuka Herrador, chefe de Equipamentos e Atrações Turísticas da Prefeitura de Santos.

Homenagens

As homenagens a Pelé não se limitaram aos dias seguintes à morte. Durante o ano, vários jogos de futebol no país respeitaram um minuto de silêncio antes de a bola rolar. Na Supercopa do Brasil, entre Palmeiras e Flamengo, duas filhas do Rei, Flávia e Kely Nascimento, subiram no gramado do Estádio Mané Garrincha com as Taças Jules Rimet das Copas do Mundo que o pai ajudou a seleção brasileira a conquistar em 1958, 1962 e 1970.

Em São Paulo, as competições organizadas pela Federação Paulista de Futebol (FPF), da base ao profissional, ganharam uma coroa no troféu, em homenagem a Pelé. Um deles, o do Campeonato Paulista sub-12, ficou com o Santos. A maior parte das taças foram para o Palmeiras, que além de vencer o Paulistão, ganhou a Copa São Paulo e os Estaduais sub-11, sub-13, sub-15 e sub-20, todos no masculino.

A Série A do Campeonato Brasileiro, por sua vez, recebeu o nome de Brasileirão Rei. Ironicamente, porém, foi justamente na edição que prestou reverência ao maior ídolo que o Santos foi rebaixado à segunda divisão pela primeira vez.

Fora do futebol, mas ainda no esporte, Pelé deu nome aos troféus oferecidos aos melhores atletas do ano, masculino e feminino, no Prêmio Brasil Olímpico, realizado no último dia 15 de dezembro. Entre os homens, o ganhador, de maneira inédita, foi o arqueiro Marcus D’Almeida, enquanto a ginasta Rebeca Andrade venceu a disputa das mulheres pela terceira vez.

Trecho da Avenida Presidente Castelo Branco, mais conhecida como Radial Oeste, é batizado Avenida Rei Pelé nas imediações do Estádio do Maracanã. – Fernando Frazão/Agência Brasil

Pelé virou nome de estádio em Três Corações (MG), sua cidade natal. Também batizou avenidas Brasil afora, como a Radial Oeste, no entorno do Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. E foi eternizado na língua portuguesa, ao se tornar verbete no dicionário Michaelis, depois de uma campanha da Pelé Foundation e do Santos.

“Que ou aquele que é fora do comum, que ou quem em virtude de sua qualidade, valor ou superioridade não pode ser igualado a nada ou a ninguém”. Ou simplesmente, Pelé.

Cuidados com a pele de pessoas com diabetes precisam se intensificar no inverno

Especialistas explicam os perigos do ressecamento cutâneo para quem tem diabetes e dão dicas para manter a hidratação

A onda de frio já chegou ao País no início de maio e pegou muita gente de surpresa. Na cidade de São Paulo, por exemplo, houve registro de 1,1°C de temperatura mínima absoluta no extremo da Zona Sul da cidade. Quando as temperaturas caem, os cuidados com a hidratação da pele precisam ser redobrados e isso é especialmente importante para quem tem diabetes. 

“Com o clima mais frio e seco e a aproximação do inverno, o organismo fica submetido a um ambiente diferente daquele observado nos meses mais quentes, e a pele fica mais sensível e sujeita a ressecamentos”, explica a Dra. Maria Frantzezo, Dermatologista consultora do Minuto Saudável. 

Sinais de alerta

“Pessoas com diabetes precisam ter atenção constante para quaisquer machucados e também ressecamentos mais proeminentes que possam levar a descamação e sangramentos. Os principais sinais de que a pele está seca é que ela fica mais opaca e descamativa. Quando vermelha e irritada, podem surgir fissuras, que são possíveis portas de entrada para fungos e bactérias, causando infecções de pele, desde as camadas superficiais até as mais profundas. Em todos os casos, os diabéticos precisam buscar tratamento assim que notarem qualquer alteração na saúde de sua pele, não só para fins de tratamento, mas para prevenção também”, alerta a médica. 

Pé diabético

Segundo Tatiane Coradassi Esmanhotto, Enfermeira do Centro de Diabetes de Curitiba (PR) e consultora do Minuto Saudável, aqueles que têm diabetes apresentam excesso de glicose no organismo e tendem a eliminar o excesso de açúcar através da urina, levando o corpo a maior perda de água. “Esta situação, associada ao clima seco, provoca uma textura áspera na pele, descamações e até mesmo rachaduras. As alterações cutâneas mais frequentes são aquelas localizadas nos pés, porque são naturalmente mais secos e as pessoas se esquecem de que é preciso hidratá-los”, explica a enfermeira, que é especialista em feridas de pé diabético.

Segundo ela, a desidratação (falta de água no corpo), glicemia alta e má irrigação do sangue podem levar a complicações, como exemplo a neuropatia diabética, responsável por causar ressecamento severo, demandando uma atenção ainda maior para os pés.

A enfermeira ressalta que óleos corporais não são recomendados, pois além de não hidratarem, dificultam a renovação da pele, fazendo com que a pele descame, facilitando a entrada de infecções.

Hábitos

“Para se precaver, o indivíduo com diabetes deve controlar sua condição com visitas regulares ao médico endocrinologista. Ele deve seguir as recomendações médicas, desde as medicamentosas até sobre os hábitos de dieta e exercícios”, aconselha a Dra. Maria Frantzezo. Com relação à pele, ela precisa sempre de atenção especial. É o maior órgão do corpo humano e tem funções importantíssimas, entre elas, a proteção de todo o corpo contra agressões externas.

Ritual de limpeza e hidratação 

No cuidado diário com a pele seca, quem tem diabetes deve seguir tratamento específico. “É preciso primeiro higienizar, utilizando água morna e sabonetes de limpeza pouco agressivos (syndets), compatíveis com o pH da pele e não alcalinos. Quanto menos espuma o sabonete fizer melhor, pois será menos nocivo para a proteção natural da pele”, comenta a Dra. Maria. 

“Em seguida, é importante dar preferência para cremes hidratantes potentes ao invés de loções hidratantes (os cremes têm uma capacidade de hidratação maior), sem cor e com menos perfume. Protetores solares específicos também podem ser prescritos. No geral, é importante que a pessoa com diabetes utilize dermatológicos ou cosméticos recomendados especialmente para ele”, reforça.

“Os cremes hidratantes são mais eficazes quando aplicados logo após o banho, quando os poros ainda estão dilatados. Desta forma, eles conseguem penetrar com muito mais eficiência, criando uma camada de proteção na pele que evita, inclusive, a perda de umidade que acontece naturalmente após o banho”, ensina a Dra. Maria.

“No inverno, deve-se evitar banhos quentes e demorados ou o uso de esponjas ou buchas que aumentam o atrito e destroem a camada superficial da pele. Além disso, o uso excessivo de sabão remove uma barreira protetora da pele composta por água e gordura. Apesar de não existir “cura” para a pele com tendência a ressecamento, os cuidados diários garantem maciez e resistência, impedindo o surgimento de problemas”, conclui a dermatologista. 

Sobre o Minuto Saudável – Presente na internet desde 2017, traz informações claras e confiáveis sobre saúde e bem-estar: doenças, sintomas, tratamentos, medicamentos, alimentação, exercícios e mais, para uma vida mais saudável e equilibrada. O site é do Grupo Consulta Remédios, marketplace que através de suas soluções, facilita a vida de milhões de pessoas, com informações que vão desde bulas até informações sobre medicamentos e produtos de beleza e bem-estar, oferecendo comparação de preços e proporcionando economia em centenas de farmácias de todo o Brasil.

Sobre a Dra. Maria Frantzezo – Formada em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1998), é especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. Médica responsável pela Clínica MK Derma de Curitiba (PR), é membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e da Academia Europeia de Dermatologia.

Sobre a Enfermeira Tatiane Coradassi Esmanhotto – Graduada em Enfermagem pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2009), é enfermeira coordenadora do Ambulatório de Prevenção e Tratamento de Feridas do Centro de Diabetes de Curitiba. Especialista em feridas de pé diabético, tem ampla experiência na área de Enfermagem, com ênfase em Podiatria Clínica.