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Venezuela: opositores não apresentam atas à Justiça e questionam CNE

Dois dirigentes partidários que deram sustentação à candidatura de Edmundo González na eleição do dia 28 de julho na Venezuela não entregaram as atas eleitorais em posse de suas legendas ao Tribunal Superior de Justiça (TSJ) nesta quarta-feira (7).

O candidato González já havia informado que não compareceria ao Tribunal por considerar que a investigação realizada pelo TSJ é uma usurpação das competências do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

Após a audiência no TSJ, os representantes do Movimento Unidos por Venezuela, José Simón Calzadilla, e Manuel Rosales, representante da Plataforma Unitária Democrática (PUD), criticaram o CNE, solicitando que o órgão cumpra a legislação e publique as atas eleitorais que sustentaram a proclamação de Nicolás Maduro na votação do dia 28. O Poder Eleitoral entregou os documentos apenas à Justiça,  não as submetendo aos partidos.

Questionado por jornalistas se havia apresentado as atas eleitorais que comprovariam a vitória de Edmundo González, o também governador do estado Zúlia, Manuel Rosales, disse que as atas da PUD já foram publicadas na internet.

“Não temos que apresentar nada. Nós não podemos apresentar o que já se fez por meio da plataforma”, disse o dirigente partidário. A plataforma opositora publicou uma série de documentos na internet que comprovariam a vitória de Edmundo. Já o governo diz que parte dessas atas não são originais.

O dirigente partidário Manuel Rosales acrescentou que quem deve publicar as atas originais é o CNE, e ainda justificou a ausência do González no TSJ, dizendo que ele se manifestou via nota oficial.  

Já o dirigente político José Simón Calzadilla destacou que nenhum partido sabe ainda quantos votos obteve 11 dias após a eleição, “quando a lei diz que a totalização e a apuração, tabela a tabela, que deve acompanhar essa totalização, devem ser entregues no prazo de 48 horas a todos os participantes”.

O representante do partido Movimento Unidos por Venezuela argumentou ainda que não sabe o que foi fazer no TSJ uma vez que o CNE não cumpriu com suas obrigações. 

“Saímos hoje deste Tribunal com mais dúvidas do que quando chegamos e não nos ficou claro o que estávamos a fazer nem em que consistiam esses questionamentos dos magistrados”, finalizou.

Lei eleitoral

A Lei Orgânica dos Processos Eleitorais da Venezuela – em seu artigo 116 – afirma que o processo de totalização deve ser feito em um lapso de 48 horas, o que deve incluir os resultados de todas as atas de escrutínio. Já o artigo 124 afirma que o CNE deve publicar – em até 30 dias após a proclamação dos candidatos – os resultados dos processos eleitorais no Diário Oficial do país.

Parte da oposição, organismos internacionais e países têm questionado o processo eleitoral de 28 de julho da Venezuela, uma vez que o CNE não publicou as atas de cada uma das mais de 30 mil mesas de votação. 

Três auditorias previstas após o pleito também não foram realizadas. O Poder Eleitoral do país, por sua vez, diz que sofreu um ataque cibernético que teria dificultado o trabalho do órgão.

Na última semana, o presidente Nicolás Maduro entrou com um recurso no TSJ para que se realize uma investigação sobre o processo eleitoral. O Tribunal notificou todos os candidatos e partidos para que compareçam à Corte até a próxima sexta-feira (9), prometendo apresentar um parecer em 15 dias a partir da última segunda-feira (5), podendo ainda prorrogar esse prazo. 

Maduro e opositores celebram manifestações de rua na Venezuela

Depois de um sábado (3) de protestos na Venezuela, tanto o presidente Nicolás Maduro como os principais nome da oposição María Corina Machado e Edmundo González foram às redes sociais comemorar os atos de seus apoiadores pelas ruas.

A manifestação dos que defendem a reeleição de Maduro ocorreu em frente ao Palacio Miraflores, em Caracas, capital do país. Foi chamada por eles de Grande Marcha Nacional pela Defesa da Paz (Gran Marcha Nacional por la defensa de la Paz). O nome do ato é uma referência à ideia defendida pelo atual presidente de que a oposição escolheu o caminho da violência e planeja um ataque nas ruas.

“Hoje, brilhou a bandeira nacional com suas oito estrelas por todo o país, o estandarte que levou a liberdade pela América do Sul. Viva o Tricolor Nacional!”, escreveu o presidente nas redes sociais.

Maduro ainda não fez nenhuma menção direta às manifestações de opositores, que o acusam de ter sido reeleito de maneira fraudulenta. Nas redes sociais, o candidato Edmundo González reiterou que se considera o vencedor das eleições e disse que os protestos contra Maduro são uma forma do povo exigir o reconhecimento desse resultado.

“Os venezuelanos expressaram claramente a vontade deles em 28 de julho com o nosso triunfo eleitoral. Hoje, a Venezuela unida saiu, sem medo, em paz e em família, a exigir que se respeite sua decisão nas urnas. Conseguiremos que a sua decisão seja respeitada e iniciaremos a reinstitucionalização da Venezuela”, escreveu o candidato.

A líder da oposição María Corina Machado acusou o governo de Maduro de reprimir brutalmente aqueles que contestam o resultado das eleições. E disse que os protestos na rua são uma resposta contra o governo.

“Depois de seis dias de repressão brutal, acreditaram que iam nos calar, parar ou atemorizar. Vejam a resposta. Hoje, a presença de cada cidadão nas ruas da Venezuela demonstra a magnitude da força cívica que temos e a determinação de chegar até o final”, escreveu Corina.

Até agora, pelo menos 20 pessoas foram mortas nos protestos depois da eleição, de acordo com o grupo de defesa de direitos Human Rights Watch. Outras 1,2 mil foram presas em conexão com as manifestações, segundo o governo.