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Futebol: seleção feminina faz 1 a 0 na Nigéria na estreia da Olimpíada

A estreia do Brasil no futebol feminino nos Jogos Olímpicos de Paris foi com o pé direito. A seleção comandada por Arthur Elias derrotou a Nigéria por 1 a 0, nesta quinta-feira (25), em Bordeaux. O gol foi marcado por Gabi Nunes, no primeiro tempo. Com o resultado, a equipe soma três pontos e se iguala à Espanha no topo da classificação do grupo C. As espanholas derrotaram o Japão – próximo adversário do Brasil – por 2 a 1. A seleção brasileira enfrenta a asiática ao meio-dia (horário de Brasília) de domingo (28), no  Estádio Parc des Princes, em  Paris).

 

O primeiro tempo começou com as nigerianas mais incisivas. Aos 15 minutos, a goleira Lorena faz duas grandes defesas em sequência. Primeiro, em finalização à queima-roupa de Ihezuo na pequena área. Na continuação, Ucheibe arriscou de fora da área e a arqueira brasileira fez nova intervenção, colocando para escanteio. Na cobrança, Demehin cabeceou por cima do gol.

Na reta final da primeira etapa, o Brasil conseguiu se encontrar na partida e foi letal. Aos 35, Marta chegou a balançar as redes mas o gol foi anulado por impedimento de Gabi Portilho, que havia cruzado rasteiro para a finalização da camisa 10. No entanto, no minuto seguinte, não houve dúvida: a rainha encontrou passe incrível para a infiltração de Gabi Nunes pela direita. A atacante dominou e fuzilou com a perna direita, acertando o ângulo esquerdo da goleira Nnadozie e marcando um golaço. Brasil 1 a 0.

O Brasil inteiro nesse abraço! 💚💛

📸 Rafael Ribeiro / CBF pic.twitter.com/CEAvOCdRiy

— Seleção Feminina de Futebol (@SelecaoFeminina) July 25, 2024

No segundo tempo, o Brasil desperdiçou uma série de chances de ampliar o placar e garantir uma vitória tranquila. Aos 16, uma tentativa de cruzamento de Marta pela esquerda encobriu a goleira adversária e acertou a trave. Pouco depois, após bola levantada pela direita, Ludmila cabeceou com ângulo fechado e Nnadozie desviou para fora.

A seleção rondou a área nigeriana por várias vezes, porém sem conseguir criar efetivamente. A segurança defensiva permitiu que o triunfo fosse confirmado sem maiores sustos. O Brasil se prepara agora para encarar o Japão, no domingo (28), ao meio-dia, no Parque dos Príncipes, em Paris.

Espanha faz 2 a 1 o Japão 

Em um duelo entre duas campeãs mundiais que estão na chave do Brasil, a Espanha – vencedora na última edição da Copa, em 2023 – derrotou o Japão (campeão em 2011) por 2 a 1, em Nantes. O triunfo veio de virada, depois de Fujino abrir o placar para as japonesas aos 12 minutos de jogo. Aos 21 da primeira etapa, a melhor jogadora do mundo, Aitana Bonmatí, empatou para a Espanha, que virou aos 28 do segundo tempo com um gol de Caldentey. As atuais campeãs do mundo têm como próximo compromisso o duelo com a Nigéria, no domingo, novamente em Nantes.

Vitórias de Brasil e Espanha na próxima rodada deixariam as duas seleções automaticamente classificadas para as quartas de final. Nos Jogos Olímpicos, são 13 seleções divididas em três grupos com quatro países cada. Os dois times de melhor campanha dentro da chave avançam, além dos dois melhores terceiros colocados no geral.

Próximos jogos do Brasil – fase de grupos 

28 de julho (domingo)

12h – Brasil x Japão – Estádio Parc des Princes (Paris)

31 de julho (quarta)

12h – Brasil x Espanha – Estádio de Bordeaux

Torcida reúne-se em fanfest para acompanhar brasileiros na Olimpíada

Os Jogos Olímpicos de Paris serão abertos oficialmente nesta sexta-feira (26), mas, em algumas modalidades, como futebol e handebol, a competição já começou. Os atletas brasileiros entraram hoje de manhã na disputa, com a vitória da seleção feminina de handebol sobre a da Espanha e a apresentação dos atiradores de tiro com arco.

Agora à tarde, o Brasil volta a entrar em cena com o futebol fenminino. Liderada pela Rainha Marta, a seleção feminina enfrenta a Nigéria. Para acompanhar o jogo, muitos torcedores se juntaram na Fanfest, um espaço que foi montado no Parque Villa-Lobos, na capital paulista. Inaugurada no último sábado, esta é a primeira fanfest fora de uma cidade-sede dos Jogos.

Chamada de Festival Olímpico Parque Time Brasil, a fanfest mostrará ao vivo a participação da delegação brasileira em Paris em telões instalados no parque. A programação também contará com interação com atletas e ex-atletas, megashows e uma área gastronômica.

Uma das pessoas que decidiram vir torcer pela seleção brasileira nesta tarde ensolarada de São Paulo foi Herica Martto, de 47 anos. Acompanhada dos filhos, da irmã e dos sobrinhos, ela veio até o Parque Villa-Lobos para aumentar a torcida pela seleção. 

“Eu acho esse um evento muito importante para fortalecer o esporte nacional, porque o esporte precisa de patrocínio, precisa de incentivo e apoio, principalmente o futebol feminino”, disse Herica à Agência Brasil. “As mulheres do nosso futebol feminino ganham menos, se esforçam mais, não têm os patrocínios e os salários milionários, mas estão na Olimpíada. Elas merecem nosso apoio.”

Para Herica, torcer junto com outras pessoas fortalece a participação dos atletas brasileiros em Paris. “É importante as pessoas virem para prestigiar mesmo. Muitas vezes as pessoas não conhecem as modalidades esportivas. Então, é importante conhecer, apoiar e, aqui do Brasil, mandar essa energia”, afirmou. 

Quem também foi à fanfest para torcer pelo Brasil foi a jornalista esportiva Suleima Sena, 41 anos. Junto com as amigas, uma das quais é referência na arbitragem feminina no Brasil, Ana Paula Oliveira, a jornalista disse que estava lá para assistir à estreia da seleção feminina de futebol na Olimpíada de Paris. 

“Já que nós não estamos em Paris, Paris vem até a gente. Então eu acho que é simbólico estar aqui”, afirmou Suleima. “O Brasil está em busca do primeiro ouro. Já chegou tão perto das outras vezes, com duas pratas. E a gente tinha que estar aqui prestigiando. A gente está bem confiante nesta seleção, que é muito interessante e mescla experiência com novos talentos promissores”, acrescentou. 

A expectativa de Suleima para a participação da seleção brasileira em Paris é positiva.  “Temos uma equipe realmente muito preparada. Temos o melhor técnico do Brasil hoje. Um técnico vitorioso, que realmente entende de futebol feminino, de estratégia. E jogadoras que atuam nas principais ligas do futebol do mundo. O Brasil tem todos os ingredientes. É claro que a gente olha para lá, especialmente para o grupo do Brasil, que é um grupo difícil.”

Sobre a partida desta tarde, contra a Nigéria, a jornalista disse que seria difícil. “A gente não pode se enganar com a Nigéria, que é uma equipe muito forte fisicamente, que fez uma excelente Copa do Mundo. Mas eu confio muito, eu confio muito nessa equipe do Brasil”, afirmou, confiante.

FGV diz que houve uso racional de dinheiro público em Olimpíada do Rio

A pesquisa Legado dos Jogos Olímpicos Rio 2016: Impactos Econômicos revela que os projetos realizados para a Olimpíada de 2016 teve impacto positivo para a capital fluminense de R$ 99 bilhões sobre o Valor Bruto da Produção (VBP), sendo R$ 88 bilhões somente no período olímpico, relativo aos projetos finalizados até 2016.

O levantamento divulgado nesta terça-feira (23), no Rio de Janeiro, pela Fundação Getulio Vargas, mostra que além dos R$ 88 bilhões sobre o VBP, foram registrados ganhos de R$ 45,5 bilhões sobre o PIB; R$ 4,7 bilhões sobre a arrecadação de impostos; R$ 32,2 bilhões sobre a renda das famílias; e cerca de 414 mil empregos gerados. Os demais impactos econômicos foram gerados com os projetos em andamento ou em expansão depois dos Jogos, resultando em R$ 11 bilhões sobre o VBP; R$ 5,7 bilhões sobre o PIB; R$ 590 milhões em arrecadação de impostos; e 51,4 mil novos empregos.

O professor da Escola de Economia de São Paulo da FGV, Daniel da Mata, esclareceu que, ao contrário do PIB, que mede os bens e serviços finais produzidos, o VBR pega toda a cadeia produtiva. “Seria o somatório de tudo”, disse à Agência Brasil. No caso do pão, por exemplo, incluiria também sementes, trigo, farinha e o pão, enquanto o PIB se refere ao produto final, que é o pão.

Obras e projetos

Segundo informou Daniel da Mata, “os principais ganhos dimensionados pelo estudo foram relacionados às obras e projetos direta e indiretamente relacionados com a questão dos Jogos 2016. Tais projetos geraram aumento da movimentação da economia em termos de incremento de indicadores econômicos, como o PIB do município. Além disso, o estudo mostrou que a compra de insumos das obras não ficou restrita a fornecedores do município do Rio de Janeiro, mas beneficiou outros municípios do estado”.

Isso significa que embora o ganho da atividade econômica tenha tido maior dimensão na capital fluminense, sede dos Jogos, ocorreu um transbordamento positivo para as outras cidades do estado do Rio de Janeiro, em termos de arrecadação de impostos e empregos gerados. Incluindo a capital, o impacto econômico total da Olimpíada Rio 2016 foi de R$ 134,7 bilhões em Valor Bruto da Produção; R$ 69,6 bilhões sobre o PIB; R$ 7,25 bilhões em impostos; R$ 49,2 bilhões sobre a renda das famílias; e mais de 633,2 mil empregos gerados.

Continuidade

Daniel da Mata explicou que os impactos positivos dos Jogos Olímpicos continuaram até hoje. Projetos como os museus instalados no Porto Maravilha, por exemplo, tiveram obras finalizadas no período pré-Olimpíada, mas continuam em operação até este ano, citou. “A gente estimou essa contínua operação de 2016 a 2024. Na verdade, quando a gente calcula esse impacto econômico, estamos vendo todas essas temporalidades do impacto da Olimpíada até o ano atual”. Algumas dessas obras envolveram equipamentos que ainda são utilizados, gerando movimentação econômica.

De acordo com o estudo da FGV, “passados oito anos do evento, pode-se afirmar que a prefeitura do Rio entregou um dos Jogos Olímpicos mais eficientes da história em termos do uso racional do dinheiro público”. 

Aumento de gastos

O gasto total informado no dossiê de candidatura da cidade para sede dos Jogos Olímpicos de 2016 atingia valor de R$ 28 bilhões, inferior ao montante de R$ 39 bilhões usado até 2021. “Nosso estudo considerou um valor maior porque a gente não considerou somente os itens do dossiê e, sim, projetos que tiveram a sua viabilidade econômico-financeira impactada positivamente pela Olimpíada e que acabaram acontecendo, mesmo não estando no dossiê. Na verdade, o nosso pacote de projetos vai além dos portfólio do dossiê”, disse da Mata. Segundo a prefeitura carioca, o aumento do número de projetos de 17 para 27 exigiu que fosse efetuado um ajuste no orçamento. “O orçamento teve um aumento para poder incorporar esses projetos”, salientou o professor da Escola de Economia de São Paulo da FGV.

A pesquisa considerou projetos que são do orçamento público previsto e, também, da iniciativa privada por meio de parcerias público-privadas (PPPs) e concessões. “Os projetos que são legados dos jogos tiveram também a participação privada. Por isso, o montante está além do que estava previsto no dossiê de candidatura”, concluiu Daniel da Mata. 

Seleção feminina treina na França a 4 dias da estreia na Olimpíada

A seleção brasileira feminina de futebol realizou seu primeiro treino em Bordeaux (França), cidade base do time durante a Olimpíada de Paris, nesta sexta-feira (19). A estreia será contra a Nigéria, às 14h (horário de Brasília) na próxima quinta (25), véspera da cerimônia de abertura dos Jogos. O Brasil está no Grupo C, que tem ainda Japão e Espanha.

Antes da atividade com bola no Centro de Treinamento Edouard Stehelin, o técnico Arthur Elias se reuniu com as jogadoras para apresentar estratégias e planos de jogo para a primeira fase (grupos) da competição. Depois, Elias comandou o treino, priorizando jogadas de defesa e de ataque. As jogadoras também trabalharam cobranças de pênaltis.

“Esse primeiro jogo tem caráter decisivo. Na verdade, vai ser sempre assim”, projeta a atacante Adriana, que atualmente defende o Orlando Pride (Estados Unidos) – Rafael Ribeiro/CBF/Direitos Reservados

Atacante da seleção, Adriana está confiante no sucesso da equipe nos Jogos, mas antevê uma estreia difícil diante das nigerianas.

“Esse primeiro jogo tem caráter decisivo. Na verdade, vai ser sempre assim. De todo modo, temos de ter muita concentração, com muito foco, nessa estreia. E seguir passo a passo”, defende a atacante de 27 anos, que atua no Orlando Pride (Estados Unidos).  

O torneio de futebol em Paris reúne ao todo 12 países. No Grupo A estão França, Colômbia, Canadá e Nova Zelândia, e no Chave B estão Estados Unidos, Zâmbia, Alemanha e Austrália. Só avançarão às quartas de final as duas melhores seleções em cada grupo, e as duas melhores terceiras colocadas.

Primeira fase – Jogos do Brasil

25 de julho (quinta-feira) 

14h – Nigéria x Brasil – Estádio de Bordeaux

28 de julho (domingo)

12h – Brasil x Japão – Estádio Parc des Princes (Paris)

31 de julho (quarta)

12h – Brasil x Espanha – Estádio de Bordeaux

Athur Elias convoca seleção feminina com Marta para Olimpíada de Paris

O técnico Arthur Elias convocou as 18 jogadoras da seleção brasileira feminina de futebol que disputarão a Olimpíada de Paris. A atacante Marta está na lista, anunciada nesta terça-feira (2) na sede da CBF, mas Cristiane não foi chamada, embora tenha atuado nos últimos amistosos.

O treinador também convocou quatro suplentes – prevendo substituições em casos de lesão – e seis jogadoras convidadas a participar do período de preparação na Granja Comary, em Teresópolis RJ), com início na próxima quinta (4). Segundo Arthur Elias, tais atletas poderão integrar a seleção após a Olimpíada. 

🇧🇷 PÁTRIA AMADA, BRASIL!

Que o brado retumbante ecoe por Paris, pelo mundo…

As #MulheresDesteSolo vão com braço forte e amor eterno para os @JogosOlimpicos! 💪💚💛 pic.twitter.com/Cx43kytk8X

— Seleção Feminina de Futebol (@SelecaoFeminina) July 2, 2024

O embarque para França ocorrerá no dia 17 de julho. A seleção ficará na cidade de Bourdeaux (França), base da equipe durante os Jogos. A estreia do Brasil será contra a Nigéria, no 25 de julho, pelo Grupo C. Três dias depois a seleção enfrenta o Japão e encerra a fase de grupos, em 31 de julho, contra a atual campeã mundial Espanha.

A principal ausência na lista de convocadas é a atacante Bia Zaneratto. No último domingo (30) ela revelou, por meio das redes sociais, ter sofrido uma fratura por estresse no  é (quarto metatarso), o que inviabilizaria sua recuperação a tempo de disputar os Jogos.

O Brasil busca o ouro olímpico inédito. Foi vice-campeã nas edições de Atenas (2004) e Pequim (2008). Em Tóquio 2020, a seleção parou nas quartas de final, superada pelo Canadá.

Convocadas

Goleiras
Lorena – Grêmio
Tainá – América-MG

Zagueiras
Tarciane – Houston Dash (EUA)
Rafaelle – Orlando Pride (EUA)
Thais Ferreira – UD Tenerife (ESP)

Laterais
Antônia – CBF – ex-Levante (ESP)
Tamires – Corinthians 
Yasmim – Corinthians

Meio-campistas
Yaya – Corinthians
Duda Sampaio – Corinthians
Ana Vitória – Atlético de Madrid (ESP)

Atacantes
Gabi Portilho – Corinthians
Adriana – Orlando Pride (EUA)
Kerolin – North Carolina Courage (EUA)
Ludmilla – CBF – ex- Atlético de Madrid (ESP)
Marta – Orlando Pride (EUA)
Jheniffer – Corinthians
Gabi Nunes – Levante (ESP)

Suplentes

Luciana – Goleira – Ferroviária
Lauren – Zagueira – Kansas City (EUA)
Angelina – Meio Campista – Orlando Pride (EUA)
Priscila – Atacante – Internacional (ESP)

Convidadas apenas para preparação na Granja Comary

Natascha (goleira do Palmeiras)

Mariza (zagueira do Corinthians)

Vitória Calhau (zagueira do Cruzeiro)

Laís Estevam (meio-campista do Palmeiras)

Letícia Monteiro (meio-campista do Corinthians)

Amanda Gutierres (atacante do Palmeiras).

Tenista Thiago Monteiro tem vaga confirmada na Olimpíada de Paris

O tênis brasileiro na Olimpíada de Paris contará com Thiago Monteiro, além das paulistas  Beatriz Haddad Mais e Laura Pigossi também classificadas. A confirmação da vaga do atleta cearense foi anunciada nesta quinta-feira (20) pela Federação Internacional de Tênis (ITF, na sigla em inglês).

Medalhista de bronze ano passado nos Jogos Pan-Americanos de Santiago (Chile), Monteiro herdou a vaga olímpica que pertencia ao argentino Facundo Diaz Acosta, o vencedor do torneio de simples em Santiago.  Tanto o campeão pan-americano quanto o vice asseguraram presença em Paris. No entanto, Facundo Diaz não disputará os Jogos, porque a Argentina excedeu o número de tenistas classificados. Dessa forma,  Thiago Monteiro arrematou a  segunda vaga continental das Américas.  

Thiago Monteiro em #Paris2024! 🎾🇫🇷

O tenista se classificou para a chave de simples graças à medalha de bronze conquistada no Pan-Americano de Santiago, em 2023. A vaga foi confirmada hoje pela Federação Internacional de Tênis (ITF).#TimeBrasil #Smartfit pic.twitter.com/CgHXw7deI3

— Time Brasil (@timebrasil) June 20, 2024

“É um sonho realizado. É a conquista do meu objetivo do ano, muito feliz em poder viver esse sonho novamente. É sempre especial estar no ambiente olímpico, tendo essa experiência de estar com os melhores atletas das principais modalidades do mundo e voltar para o complexo de Roland Garros. Muito feliz e mais tranquilo com a oficialização dessa vaga, agora é me preparar para vivenciar tudo isso de novo e fazer uma boa campanha”, disse o tenista canhoto, de 30 anos, que estreou em Olimpíadas na última edição, em Tóquio.

Na atual temporada do circuito mundial, Monteiro se destacou em torneios com piso de saibro, furando os  qualifyings (classificatórios)  dos Masters 1000 de Roma e Madri,  e também o de Roland Garros. O brasileiro alcançou oitavas em Roma e chegou à terceira rodada em Madri. Antes da Olimpíada, Monteiro disputará o ATP 250 de Bastad (Suécia), também no saibro.

O número de tenistas brasileiros em Paris pode aumentar no próximo dia 2 de julho, com a divulgação da lista definitiva de atletas pela ITF. No mesmo dia a entidade anunciará as chaves de duplas masculina, feminina e mista.

Nos Jogos de Tóquio, o Brasil conquistou o bronze, primeira medalha olímpica do país no tênis, na chave de duplas femininas, com a parceria de Laura Pigossi e Luisa Stefani.

Olimpíada Brasileira do Oceano terá este ano foco nos biomas do país

O papel do oceano na vida da população e a influência das ações do ser humano no oceano são o foco da 4ª Olimpíada Brasileira do Oceano (O2), que pretende aumentar o conhecimento da sociedade sobre essa questão. As inscrições para o novo edital foram abertas sábado (8), Dia Mundial dos Oceanos, e podem ser feitas até 27 de agosto neste site. As atividades começam em setembro, com a prova de conhecimento.

A diretora-geral do Núcleo de Ecologia Aquática e Pesca da Amazônia (Neap) da Universidade Federal do Pará e coordenadora da O2 2024, professora Jussara Lemos, estimou que este ano a olimpíada terá pelo menos 50 mil participantes, superando os números do evento em 2023, acima de 45 mil pessoas. A primeira edição, em 2021, reuniu mais de 3.300 estudantes e cidadãos de 17 estados. No ano seguinte, foram mais de 11 mil inscritos.

“Como é uma olimpíada aberta a qualquer pessoa, a adesão tem sido grande ao longo dos anos. Se se considerar que é uma olimpíada recente, conseguimos um salto bem grande, passando de  3 mil para mais de 45 mil em três anos”, afirmou Jussara, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo a professora, a O2 amplia os horizontes dos participantes. “Acaba tendo uma mobilização em uma temática que, em muitos locais nem é tocada. Por exemplo, a gente chega a escolas na parte mais continental, que não tem praia, e às vezes o estudante, que nem viu o mar ao vivo, acaba se interessando por uma temática que não é discutida em sala de aula ou não é do convívio dele, naturalmente. Isso acaba despertando outras habilidades e outras vontades. Temos conseguido o engajamento de pessoas que não necessariamente são do entorno do mar, temos participação também de locais bem remotos.”

Neste ano, a realização da O2 é uma parceria entre a Universidade Federal do Pará (UFPA), o Programa Maré de Ciência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O evento tem também o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, além da colaboração do projeto EUceano, da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, do PPGMar/MEC e da Rede de Escolas Azuis do Atlântico (All-Atlantic Blue Schools Network).

De acordo com os organizadores, a O2 deste ano está aberta a indivíduos, instituições do sistema formal de ensino ou que promovem espaços não formais de ensino, o que permite a participação das pessoas interessadas em qualquer uma das modalidades, independentemente da idade, ainda que não estejam vinculadas a instituições de ensino.

“Pode ser desde uma criança no maternal para fazer o projeto artístico dela como também um idoso. Não precisa estar em um espaço formal de ensino. Vamos adequando a faixa etária nos cinco tipos de provas conforme a pessoa”, explicou a diretora-geral do Neap.

Modalidades

A Olimpíada Brasileira do Oceano tem três modalidades, com destaque para a cultura oceânica. “É uma olimpíada diferenciada. Não tem só área de conhecimento, tem também inscrição para projetos socioambientais e a categoria que é produção artística, tecnológica e cultural. São três modalidades em que as pessoas podem participar”, informou a professora, acrescentando que, por causa da divulgação da olimpíada nas escolas, em geral, crianças e adolescentes costumam ter maior número de inscrições.

Os projetos e produções para esta edição podem ser elaborados com base em um ou mais dos quatro temas transversais: Mulheres na Ciência, com foco no fomento à equidade de gênero e na promoção de mulheres, meninas e jovens para diversas carreiras; Mudança Climática, que aborda a influência do oceano no clima; Biomas do Brasil, para tratar da diversidade, saberes e tecnologias sociais em especial na Amazônia, que abriga a maior área contínua de manguezal do mundo; e Esportes, oceano e bem-estar humano, para destacar a importância da conservação do oceano e como modalidades esportivas dependem diretamente da saúde dos ecossistemas marinhos, em alusão às Olimpíadas e Paralimpíadas.

Segundo Jussara Lemos, os dois primeiros temas estão sempre presentes na O2. O terceiro é escolhido a partir da temática lançada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação para a Semana de Ciência e Tecnologia do CNPq. “Este ano a temática é Biomas do Brasil, que incluímos também como um tema transversal com ênfase na Amazônia. ao qual queremos dar destaque por conta também da COP, no ano que vem, aqui em Belém”, completou. A COP30 é a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas

Os inscritos na O2 podem escolher se preferem fazer apenas a parte de conhecimento, em que terão que fazer provas objetivas nos dias 12, 13 e 14 de setembro. Se acertarem pelo menos 50% das questões, receberão um certificado de honra ao mérito por ter participado, ou também podem fazer a apresentação de projetos e produções. “É a pessoa que escolhe de qual modalidade que quer participar.”

Mudanças climáticas

Em tempos de muita discussão sobre as mudanças climáticas, Jussara Lopes disse que a olimpíada se torna ainda mais importante. “É fundamental. A olimpíada é uma ferramenta muito importante de divulgação da ciência, de sensibilização de temas como mudanças climáticas, importância que o oceano tem na regulação do clima. Com a cultura oceânica, a gente consegue abordar esses temas todos e o quanto estão interconectados. Então, a gente consegue fazer conexões de todas essas catástrofes que estão acontecendo”, observou.

Ao fim da olimpíada os participantes receberão um certificado digital, e  a entrega de prêmios será em novembro. Os estudantes de escolas públicas concorrem a bolsas de iniciação científica júnior no valor de R$ 300 por mês, em uma vigência de até oito meses, que serão implementadas em 2025 para desenvolvimento de um plano de trabalho sobre cultura oceânica em suas escolas.

As bolsas serão distribuídas para todas as regiões do país, sendo ao menos 60% para meninas, pessoas autodeclaradas pretas, pardas, quilombolas, indígenas ou pessoas com deficiência. As bolsas estarão disponíveis também para pessoas em situação de privação de liberdade, sob medida socioeducativa ou egressos dos sistemas socioeducativo ou prisional.

Haverá ainda prioridade para moradoras de municípios com baixos índices de Desenvolvimento da Educação Básica, de Desenvolvimento Humano Municipal ou de municípios remotos. O Programa Maré de Ciência fará o acompanhamento dos bolsistas.

Confederação anuncia os mesa-tenistas que irão à Olimpíada de Paris

A Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) anunciou nesta terça-feira (4) a lista com oito convocados para a Olimpíada de Paris, que começa daqui a 51 dias. Na disputa masculina o Brasil contará com Hugo Calderano, Vitor Ishiy e Guilherme Teodoro, além do reserva Leonardo Iizuka. Já na feminina, estarão as irmãs Bruna e Giulia Takahashi, Bruna Alexandre e Laura Watanabe na suplência. A competição do tênis de mesa em Paris ocorrerá e 27 de julho a 10 de agosto. O Brasil vai em busca do primeiro pódio olímpico na modalidade.

Número 6️⃣ do mundo, Hugo Calderano fez história na 🇧🇷 #Rio2016 e em 🇯🇵 #Tóquio2020. Bora escrever mais uma página dessa história?

O ídolo está mais que confirmado em 🇫🇷 #Paris2024 😍 pic.twitter.com/PUocvaNoFR

— CBTM (@CBTM_TM) June 4, 2024

Atual número 6 no ranking mundial, o carioca Hugo Calderano está prestes a disputar a terceira Olimpíada na carreira. Ele chega a Paris após bons resultados na temporada. No último domingo de maio, Calderano faturou o WTT Contender Rio de Janeiro. Antes, ele já alcançara as semifinais do WTT Champions Chongqing (China), torneio que reúne os melhores mesa-tenistas do mundo.

Em Paris, Calderano deve ser o quarto cabeça de chave olímpico, o que o livrará de competir com adversários chineses – os mais bem ranqueados do mundo – nos primeiros embates.

Francisco Arado, o Paco, técnico da seleção brasileira masculina também aposta na experiência de Vitor Ishiy (85º colocado no ranking mundial) em sua segunda participação olímpica,  e no estreante Guilherme Teodoro (119º).

“Nossa equipe mescla experiência com juventude: temos o Hugo, que é um dos melhores jogadores do mundo, o Vitor, que teve desempenho muito consistente durante todo o ciclo olímpico, individualmente e em equipe, mesmo caso do Guilherme. E o Iizuka, que obteve grandes resultados internacionais tanto no juvenil quanto no adulto”, analisou Paco, em declaração à CBTM

Equipe feminina

Principal nome do tênis de mesa feminino brasileiro, Bruna Takahashi (18ª do mundo) vai representar o Brasil nos Jogos pela terceira vez (as primeiras foram Rio 2026 e Tóquio 2020). Multicampeã nas Américas, Bruna competirá ao lado da irmã caçula Giulia (90ª), revelação da nova geração de mesa-tenistas, e Bruna Alexandre (173ª), que se tornará a primeira brasileira a competir tantos nos Jogos Olímpicos quanto nos Paralímpicos.

🇧🇷 Rio 2016 ✅
🇯🇵 Tóquio 2020 ✅
🇫🇷 Paris 2024 ✅

Bruna Takahashi pronta para a terceira experiência olímpica da carreira 😍

📷 Wallace Teixeira/CBTM/fvimagem.com pic.twitter.com/mC80rSSS29

— CBTM (@CBTM_TM) June 4, 2024

“A Bruna Takahashi tem um talento enorme, vem em franca evolução e é nossa principal atleta. É uma líder, também no aspecto técnico. Também temos a Giulia, que se firma cada vez mais na categoria adulta, boa no pino curto, algo que nos cria uma variação de jogo; e a canhota Bruna Alexandre, com todo seu talento, experiência. E como reserva vamos levar a Laura Watanabe, que participou de todo o ciclo olímpico, já conquistou títulos juvenis internacionais e foi muito importante, em Cuba, na nossa classificação para os Jogos Olímpicos”, detalhou  Jorge Fanck, técnico da equipe feminina.

Olimpíada de matemática: 18,5 milhões de alunos participam da 1ª fase

Mais de 18,5 milhões de alunos participam nesta terça-feira (4) da primeira fase da 19ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). Promovida desde 2005 pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), a maior competição científica do país registrou neste ano recorde no número de escolas e municípios inscritos: 56.516 mil instituições de 5.564 cidades – o que representa uma cobertura de 99,9% dos municípios brasileiros.

“Este novo ciclo de realização da Obmep, com maior adesão de escolas e municípios, ocorre ao mesmo tempo que o Impa Tech, a graduação do Impa, dá seus primeiros passos, com uma turma majoritariamente egressa da olimpíada. Não é incrível pensar que quase 20 milhões de jovens estarão pensando em matemática e resolvendo as lindas questões da olimpíada”, disse o diretor-geral do Impa, Marcelo Viana, ressaltando o papel da competição na identificação de talentos e na continuidade dos estudos.

A Obmep ocorre em duas fases. A primeira etapa, realizada nesta terça-feira, consiste na aplicação de uma prova com 20 questões de múltipla escolha, preparada em três níveis, de acordo com o grau de escolaridade do aluno: Nível 1 (6º e 7º anos), Nível 2 (8º e 9º anos) e Nível 3 (ensino médio). O estudante terá duas horas e 30 minutos para finalizar o exame. Alunos com necessidades especiais dispõem de três horas 30 minutos para completar a prova.

Nesta primeira fase, tanto a aplicação quanto a correção das provas são feitas pelas escolas, que deverão seguir as instruções e os gabaritos elaborados pelo Impa. Os alunos concorrem, dentro da própria escola, com estudantes do mesmo nível, a vagas para a segunda fase da Obmep, em quantidade predefinida que varia de acordo o número de inscritos pela escola, por nível.

Unidades de ensino localizadas no Rio Grande do Sul e incapacitadas de aplicar a primeira fase, em decorrência das enchentes que atingiram o estado, estão recebendo atendimento da coordenação da Obmep com orientações. O resultado dos classificados para a segunda fase será divulgado na página da olimpíada em 2 de agosto, e a prova será em 19 de outubro em locais de aplicação definidos pelo Impa. Clique aqui para acessar o regulamento.

Em 20 de dezembro, a Obmep vai publicar no site a lista dos premiados da 19ª edição. A olimpíada premia separadamente alunos de escolas públicas e privadas. Aos primeiros serão concedidas 6,5 mil medalhas (500 ouros, 1,5 mil pratas e 4,5 mil bronzes) e até 45 mil certificados de menção honrosa. Estudantes de instituições particulares receberão 1,95 mil medalhas (150 ouros, 450 pratas e 1,35 mil bronzes) e até 6 mil certificados de menção honrosa.

Alunos premiados com medalha de ouro, prata ou bronze nacionais são convidados a participar do Programa de Iniciação Científica (PIC Jr.) como incentivo e promoção do desenvolvimento acadêmico. A iniciativa oferece uma bolsa de R$ 300 aos alunos de escolas públicas que integram o programa.

Sobre a Obmep

Realizada com apoio da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), a competição é promovida com recursos dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Educação (MEC). Destinada a estudantes do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio, a Obmep contribui para estimular o estudo da matemática e identificar jovens talentos da disciplina.

Escolas que disputam Olimpíada de Matemática se saem melhor no Enem

Os alunos de escolas com altas taxas de participação na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) têm obtido melhores resultados no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). É o que mostra pesquisa conduzida pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), organização que se dedica a estudos em educação. Divulgado nesta segunda-feira (27), o estudo revela ainda que essas instituições também registram maiores taxas de aprovações de seus alunos e menores distorções na equivalência entre idade e série.

No critério de alta participação, foram enquadradas as escolas em que pelo menos 65% dos estudantes classificados participaram da segunda fase. Nessas instituições, constatou-se que o aprendizado em matemática não beneficia apenas dos estudantes que se destacam na disciplina, mas toda a turma. “A Olimpíada de Matemática vai ter impacto maior em todos os estudantes se ela gerar mais mobilização”, observa o pesquisador e diretor executivo do Iede, Ernesto Faria.

Em um recorte no grupo de escolas que tiveram alunos conquistando prêmios na Obmep, mas que não registraram alta participação, chamou atenção a desigualdade interna. Nesses casos, apesar de se verificar aumento das médias no Enem, observa-se também maior discrepância entre as notas dos alunos. “Se a Olimpíada de Matemática não gera efeito mobilizador na escola, ela pode acabar ajudando apenas um determinado perfil de alunos. E aí perde-se o potencial de contribuir com a melhoria de alunos que estariam registrando mais baixo desempenho”, alerta Ernesto.

A média da nota na prova da matemática do Enem, considerando todas as instituições onde houve alunos que conquistaram medalhas na Obmep, foi de 516,1. Entre aquelas que não participaram ou que não foram premiados, a média cai para 488,5.

Além disso, também foi avaliado o desempenho no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), aplicado a cada dois anos pelo Ministério da Educação desde 1990. Por meio dele, são produzidos indicadores educacionais referentes às regiões, unidades da Federação, municípios e instituições de ensino. Com base nos dados levantados, são realizadas análises envolvendo a qualidade, a equidade e a eficiência da educação praticada nos diversos níveis governamentais.

As escolas com alunos que conquistam medalhas na Obmep registraram no Saeb média de 270,3 pontos para o ensino fundamental e de 288,8 para o ensino médio. Aquelas que não participaram ou não tiveram premiados apresentaram médias de 240,2 e 269,8, respectivamente.

“A Olimpíada é um programa muito importante que gerou ações de mobilização e de reconhecimento da matemática nas escolas. Mas é preciso ter esse olhar de como não promover desigualdade. E aí passa por avaliar o que mais a gente pode fazer. O potencial da Olimpíada é enorme. Ela tem essa capacidade de chegada nas escolas e já tem gerado resultados. Mas poder ser ainda mais transformador”, avalia Ernesto Faria.

De acordo com ele, o envolvimento na Obmep também favorece o acesso ao ensino superior. As escolas com altas taxas de participação e alunos premiados tem maiores percentuais de estudantes que alcançam média no Enem compatível com as exigências para admissão em faculdades públicas e privadas.

Criada em 2005, a Obmep é considerada atualmente importante política pública para promover o ensino da matemática no país. A competição é organizada pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), unidade de ensino e pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e ao Ministério da Educação (MEC). A 19ª edição, disputada neste ano, registrou dois recordes. Em 99,9% dos municípios do país, ao menos uma escola se inscreveu. Foi a mais abrangente cobertura territorial já alcançada. Além disso, com 56.513 escolas envolvidas, obteve-se a maior participação desde que a competição teve início.

O próprio Impa atuou como parceiro técnico da pesquisa, assim como o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Educação Superior da Universidade de São Paulo (Lepes/USP). O estudo também contou com o apoio da B3 Social, uma instituição sem fins lucrativos.

Segundo Ernesto Farias, a pesquisa é importante porque traz dados que ajudam a pensar caminhos para alterar o atual cenário brasileiro. A última edição do Saeb, em 2021, registrou o menor percentual de estudantes com aprendizado adequado em matemática na comparação com a língua portuguesa.

No 5º ano da rede pública, por exemplo, a diferença foi de 14 pontos percentuais: 51% dos alunos tinham aprendizado adequado em língua portuguesa e apenas 37% em matemática. Escalando as etapas da educação básica, a discrepância se acentua. No 3º ano do ensino médio, apenas 5% dos estudantes da rede pública registram aprendizado adequado em matemática.

Quando considerados apenas os alunos de baixo nível socioeconômico, nas diferentes etapas da educação básica, esse percentual chega a 4,4%. Os pesquisadores lembram também que, conforme os dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), os jovens brasileiros de 15 e 16 anos estão cerca de três anos atrás na aprendizagem em matemática na comparação com aqueles da mesma idade que vivem em países desenvolvidos.

“O Brasil tem desafios na educação de uma forma geral, mas o desafio em matemática é ainda maior. E é algo generalizado. Obviamente, as escolas que atendem jovens mais vulneráveis sofrem mais, mas na verdade temos poucas escolas que de fato registram resultado alto em matemática. Alfabetização não pode ser só saber ler e escrever. Alfabetização tem que ser também utilizar bem os números, saber as quatro operações. Mesmo instituições privadas de elite têm desafios”, comenta Ernesto Faria.

Escolas Públicas

O estudo também buscou identificar quantas são e onde estão as escolas públicas que mais se destacam em matemática. Para mapear ações comuns que parecem contribuir para o bom desempenho dos alunos, os pesquisadores inclusive visitaram oito dessas unidades nas regiões Sudeste, Nordeste e Sul.

Ao todo, 71 das 47.418 escolas de ensino fundamental e 80 das 20.606 de ensino médio conseguem bons resultados em matemática, mesmo atendendo alunos de baixo e médio nível socioeconômico. Os pesquisadores manifestam preocupação com esses dados, inclusive porque consideram que não utilizaram critérios demasiadamente rigorosos. Ainda assim, entre milhares de escolas, poucas dezenas obtiveram destaque em perspectiva nacional.

Nas visitas de campo, quatro fatores chamaram a atenção: a existência de uma boa relação entre professor e aluno, que envolve confiança e apoio emocional; a preocupação dos professores com a aprendizagem de todos, com estratégias voltadas para aqueles que apresentam mais dificuldade; a busca por métodos e ferramentas que tornam o ensino mais atrativo; e a oferta de aulas de com conteúdos mais aprofundados.

“Vimos algumas práticas interessantes, alguns professores muito fora da curva, realmente de muita qualidade. Mas não tem uma estrutura nas escolas, de fato, para garantir a aprendizagem da maioria. Você tem ali uma turma com bons resultados e, do lado, na sala vizinha, tem alunos ali aprendendo matemática com um nível de exigência mais baixo”, afirma Ernesto Faria. Segundo ele, o bom desempenho de uma escola muitas vezes está mais relacionado com esses professores fora da curva do que com questões estruturais.

Para os pesquisadores, além de fortalecer a Obmep, é preciso pensar em políticas públicas que envolvam questões como melhorias estruturais e garantia de formação continuada dos professores. Experiências de sucesso no Brasil e no exterior podem ser mapeadas para servir de exemplo e serem replicadas.

“Às vezes até há garantias da rede de ensino que são importantes. Dão apoio para organizar turmas preparatórias para a Obmep. Por vezes, garantem recursos financeiros extras para esse professor dar aula no fim de semana. Então, não é que o professor sozinho irá gerar a aprendizagem do estudante. Mas hoje não há uma política de formação que permita que a escola tenha ali cinco ou dez bons professores de matemática. O que temos são casos de professores talentosos e aí algumas ações da rede de ensino permitem que eles tragam resultados”, acrescenta.

A pesquisa também mostra o alto percentual de professores sem formação adequada e a precarização das contratações. Muitos deles têm contratos temporários e trabalham em diferentes escolas, em turnos alternados. “Um desafio que existe é de formação de professores na área. Inclusive, na pedagogia. A gente precisa ter bons professores de matemática nos anos iniciais do ensino fundamental. Não são especialistas, mas dão aulas de matemática e de língua portuguesa e tem que conseguir trabalhar de forma positiva os conteúdos”, observa Ernesto Faria.