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São Paulo vence Ituano nos acréscimos e vai às quartas do Paulistão

O São Paulo venceu o Ituano por 3 a 2, na tarde deste domingo (10), no estádio Novelli Júnior, e avançou às quartas de final do Campeonato Paulista, em primeiro lugar do Grupo D. Com o triunfo, O Tricolor chegou aos 22 pontos e fechou a primeira fase na liderança do Grupo D. Já o Ituano encerrou o torneio com a pior campanha  e foi rebaixado para a Série A ado Estadual em 2025. O time da cidade de Itu somou apenas seis pontos no Paulistão e terminou o torneio na lanterna do Grupo A.

⚽️ Nos acréscimos, o gol de @LucasMoura7 que deu a vitória ao Tricolor!

Ituano 2️⃣ x 3️⃣ São Paulo #VamosSãoPaulo 🇾🇪 pic.twitter.com/s9o0ta5w2a

— São Paulo FC (@SaoPauloFC) March 10, 2024

A classificação do São Paulo foi dramática. O gol que garantiu a vitória e a vaga nas quartas saiu já aos 52 minutos da etapa final, marcado por Lucas Moura. Os outros gols do Tricolor foram de Ferreirinha, aos 18 minutos, e de Luciano, aos 35 da primeira etapa,. Na volta do intervalo, Zé Carlos fez os dois gols do Ituano de cabeça: o primeiro aos 26 minutos, contando com o desvio da zaga e o outro aos 43 da etapa final. 

O outro classificado do Grupo D foi o Novorizontino, que superou a Portuguesa por 2 a 0 jogando em casa. A equipe do interior paulista fechou a primeira fase na segunda colocação, com 22 pontos – mesmo total do São Paulo, mas com saldo de gols inferior. Os dois se enfrentarão nas quartas final. 

Já o São Bernardo venceu o Mirassol por 2 a 0 fora de casa, mas foi eliminado na terceira posição do Grupo D, com 21 pontos. O time, no entanto, encerrou a primeira fase entre os seis clubes com melhor campanha. O Mirassol também deu adeus ao Paulistão, na quarta e ficou em quarta e última posição do Grupo C,   

VAI PEGAR FOGO!
Assim ficaram os confrontos das quartas de final do Paulistão Sicredi 2024 🔥#PaulistãoSicredi pic.twitter.com/XIYK67ehH8

— Paulistão (@Paulistao) March 10, 2024

Água Santa dá adeus à classificação 

O Água Santa entrou em campo sonhando com a classificação diante do já eliminado Corinthians, mas não saiu do 0 a 0 em casa, em Diadema. A equipe do ABC Paulista encerrou a primeira fase em terceiro lugar do Grupo B, com 15 pontos, atrás do líder Palmeiras (28) e da Ponte Preta (17), segunda colocada. O Timão fechou a fase classificatória em terceiro no Grupo C com 14 pontos, atrás do Bragantino (21), primeiro da chave, e do Inter de Limeira (17), o vice-líder. 

Santo André só empata e está rebaixado

O Santo André chegou na tarde deste domingo (10) precisando de uma combinação de resultados para não ser rebaixado à Série A2 na próxima temporada. Além de vencer, e equipe dependia da derrota do Guarani diante do Red Bull Bragantino, já classificado às quartas na liderança do Grupo C.  O Santo André até fez a parte dele. Ganhou em casa da Ponte Preta por 1 a 0, no estádio Bruno José Daniel. Mas o Guarani também garantiu os três pontos na tabela ao ganhar do Bragantino por 1 a 0 em Campinas, e o Santo André acabou fora da zona de classificação em terceiro lugar do Grupo A  – o Santos (25) liderou a chave e a Portuguesa (10) ficou e segundo lugar. 

Penúltimo na classificação geral da primeira fase,com oito pontos, o Santo André  vai jogar a Série A2 do Paulistão em 2025. Já o Guarani escapou do rebaixamento, mesmo com a última colocação no Grupo B, ao somar 10 pontos. 

Dívidas do Desenrola podem ser renegociadas nos Correios

A partir desta quinta-feira (7) e até o próximo dia 28, os devedores da Faixa 1 do Programa Desenrola podem renegociar os débitos em mais de seis mil agências dos Correios em todo o país. A ação faz parte do Mega Feirão Serasa e Desenrola, que ocorre até o fim do mês, quando se encerra o programa especial de renegociação de dívidas.

Apenas no primeiro dia de atendimento, informou o Ministério da Fazenda, os Correios atenderam 5.268 pessoas interessadas em parcelar os débitos com desconto que pode chegar a 96% do valor total da dívida.

Ao longo deste mês, o Programa Desenrola está expandindo as plataformas de atendimento. Desde essa quarta-feira (6), os clientes do Itaú Unibanco podem acessar o site do Desenrola Brasil diretamente do site ou do aplicativo da instituição financeira. Os correntistas que se enquadram na Faixa 1 do programa receberão ofertas de renegociação e serão redirecionados para a página do Desenrola sem trocar de login.

Parcerias

A integração com diversas plataformas de atendimento foi possível por causa da Portaria 124 do Ministério da Fazenda, editada em 29 de janeiro, que autorizou parcerias para ampliar o alcance do programa até 31 de março, quando acabam as renegociações.

Até 28 de março, ocorre um mutirão de renegociação de dívidas para a Faixa 1 do Desenrola. Além da integração com o site da Serasa Limpa Nome, os interessados que moram na cidade de São Paulo podem conferir as ofertas de reparcelamento de dívidas no Palácio dos Correios, no Vale do Anhangabaú, centro histórico da capital.

Mais de 700 empresas participam do mutirão, entre bancos, financeiras, comércio varejista, operadoras de telefonia, concessionárias de água e de energia e securitizadoras. Ao todo, mais de 550 milhões de ofertas estão disponíveis no Mega Feirão, além dos descontos de até 96% do Programa Desenrola.

Desde 15 de fevereiro, o Desenrola Brasil passou a ser acessado também por meio do site da Serasa Limpa Nome. Com a integração entre as plataformas, os usuários logados na plataforma da Serasa já conseguem ser redirecionados para o www.desenrola.gov.br, onde é possível consultar as dívidas e fazer os pagamentos nas condições do programa, também sem a necessidade de um outro login.

Prorrogação

Em dezembro, o governo prorrogou até o fim de março a adesão da Faixa 1 ao Programa Desenrola. As renegociações começaram em outubro para essa categoria, destinada a pessoas com renda de até dois salários mínimos ou inscritas no Cadastro Único para Programa Sociais (CadÚnico) do governo federal e a dívidas de até R$ 20 mil.

Desde 29 de janeiro, as pessoas com perfil bronze no Portal Gov.br podem parcelar as dívidas no Desenrola. Antes, quem tinha o conta desse nível, que tem menos segurança, podia apenas quitar o valor negociado à vista. Com a mudança, a proporção de usuários com login nível bronze subiu de 19% para 40% das negociações diárias.

Segundo o Ministério da Fazenda, o Desenrola Brasil beneficiou cerca de 12 milhões de pessoas, que renegociaram R$ 37 bilhões em dívidas. Os descontos médios na plataforma do programa estão em 83%, alguns casos chegando a 96%, com pagamento à vista ou parcelado sem entrada, e com até 60 meses para pagar.

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Indígena brasileira vira Barbie nos 65 anos da boneca

A indígena brasileira Maira Gomez, da etnia Tatuyo, no Amazonas, foi reproduzida em uma Barbie. Maira é criadora de conteúdo digital sobre cultura indígena onde mostra hábitos familiares, e nas redes sociais é conhecida como @cunhaporangaoficial. Somente na conta do aplicativo TikTok, Maira tem mais de 6,6 milhões de seguidores.

O lançamento da boneca foi anunciado na rede social da Barbie, nessa quarta-feira (6), para comemorar os 65 anos da boneca, em 9 de março. “Em todo o mundo, as mulheres sempre se elevaram acima do status quo [estado das coisas] para imaginar maiores possibilidades para si mesmas e para as gerações futuras”, diz a publicação.  O lançamento marca também o Dia Internacional da Mulher, em 2024, neste 8 de março. 

Criada pela empresa de brinquedos Mattel em 1959, o brinquedo que virou ícone mundial representa diferentes profissões e estilos. A indústria já havia criado bonecas indígenas nativas norte-americanas, mas é a primeira vez que homenageia uma indígena do Brasil.

E, ao invés do universo cor-de-rosa, bastante retratado no filme Barbie, de 2023, e estereótipo da boneca fashion com cabelos loiros da personagem principal, a nova versão do brinquedo retrata pinturas gráficas no rosto com os frutos urucum e jenipapo, adornos ancestrais feitos de penas e sementes, como colares, brincos e tiaras e roupas que simulam palhas de tradição indígena do Brasil.

Em sua conta do Instagram, a jovem indígena pergunta aos internautas se ela estaria vivendo um sonho. “Essa semana estivemos em São Paulo para receber essa bela homenagem da Mattel, representando o Brasil em Barbie Role Model, em comemoração aos 65 anos da Barbie e o Dia Internacional da Mulher. Obrigado, Mattel, por essa homenagem. É uma honra representar nosso país. Afinal, você pode ser o que quiser!”, agradeceu.

Coleção Role Models homenageia com Barbies oito mulheres que se destacaram em suas áreas  Foto – barbiestyle/Instagram

Mulheres inspiradoras

O novo modelo faz parte da coleção Role Models, da fabricante Mattel, inspirada em mulheres da vida real de todo o mundo, e celebra figuras importantes como forma de ressaltar modelos positivos de mulheres. A coleção tem o lema “Histórias de mulheres notáveis para mostrar às garotas que elas podem ser qualquer coisa”, informa a Mattel.  

Ao lado da primeira indígena brasileira, apontada pela Mattel, como criadora de conteúdo indígena, as novas integrantes escolhidas para a coleção Role Models são as representações de outras sete mulheres reconhecidas pelas atividades desempenhadas em seus segmentos: a atriz Dame Helen Mirren (Reino Unido);  a modelo Nicole Fujita (Nova Zelândia/Japão); a atriz, produtora e ativista Viola Davis (Estados Unidos); a cantora e compositora Shania Twain (Canadá); a comediante Enissa Amani (Alemanha), a artista Kylie Minogue (Austrália) e a cineasta Lila Avilés (México). As bonecas não estão à venda. Unidades delas foram confeccionadas para cada uma das homenageadas.

Desde 2015, entre as Barbies de edições anteriores da coleção Role Models, consideradas referências femininas, estão a produtora e cineasta norte-americana Shonda Rhimes, a ex-diretora executiva do YouTube, Susan Wojcicki; a cantora cubana Celia Cruz, a skatista nipo-britânica Sky Brown e a tenista  japonesa Naomi Osaka. Conheça todas as Barbies da coleção Role Models.

Há décadas, a Barbie ultrapassou a barreira de ser somente uma boneca fashion e virou ícone pop estrelando filmes, desenhos animados, jogos de videogame e milhares de produtos licenciados com a marca dela.

Repercussão

A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) disse à Agência Brasil que a boneca é uma importante sinalização e que, por trás, há a luta de lideranças indígenas. “Somos as brabas do Congresso Nacional, as brabas dos territórios, mas é importante também estar em uma coleção de Barbie, porque nós somos 305 povos, temos mais de 274 línguas no Brasil”, justificou.

A parlamentar fala sobre este simbolismo no dia 8 de março: “Nesse Dia Internacional da Mulher, queremos também que a sociedade entenda que, além de ter visibilidade com essa possibilidade de uma nova Barbie indígena, também queremos estar na política, na universidade e, sobretudo, superar o fato de as mulheres morrerem tão cedo por feminicídio, o que nos impede de falar”, finalizou.  

Vôlei de praia: Duda e Ana Patrícia garantem vaga nos Jogos de Paris

Duda e Ana Patrícia garantiram a classificação para a disputa do torneio de vôlei de praia da próxima edição dos Jogos Olímpicos, que serão disputados a partir do dia 26 de julho em Paris (França). A vaga foi confirmada após a dupla, que lidera o ranking mundial da modalidade, alcançar, nesta quinta-feira (7), as quartas de final da etapa de Doha (Catar) do Circuito Mundial.

Para avançarem na competição disputada no Catar as brasileiras superaram as suíças Anouk Vergé-Depré e Joana Mäder por 2 sets a 1 (parciais de 15/21, 21/15 e 15/8).

O Brasil ainda busca mais vagas para a competição olímpica de vôlei de praia. Para o naipe masculino as duplas formadas por Evandro e Arthur e por Jorge e André ainda luta pela classificação. Já entre as mulheres a equipe brasileira ainda pode contar com Ágata e Rebeca, Tainá e Victoria e Carol e Bárbara.

Até o momento a delegação brasileira nos Jogos de Paris conta com 162 representantes em 29 modalidades.

Dívidas no programa Desenrola podem ser negociadas nos Correios

A partir desta quinta-feira (7), consumidores podem negociar dívidas do programa Desenrola Brasil e da Serasa em agências dos Correios. O prazo segue até o próximo dia 28. A proposta, segundo os Correios, é promover uma espécie de mutirão contra a inadimplência, com descontos oferecidos por 700 empresas de todos os segmentos, inclusive concessionárias de energia e água.

Em nota, os Correios informaram que o atendimento presencial nas agências será realizado sem cobrança de taxas ou custos adicionais. Dentre as empresas parceiras estão bancos, financeiras, comércio varejista, operadoras de telefonia e securitizadoras. Os descontos, segundo a empresa, podem chegar a 96% das dívidas do programa Desenrola Brasil, que se encerra no dia 31 de março.

Inadimplência

Em janeiro deste ano, houve aumento no número de consumidores inadimplentes no país, após 2 meses consecutivos de queda, de acordo com levantamento realizado pela Serasa. Em relação ao primeiro mês do ano passado, o número de inadimplentes também subiu, passando de 70,09 milhões para 72,07 milhões em janeiro deste ano.

O cartão de crédito continua sendo o principal tipo de dívida entre os inadimplentes, desde o ano de 2018 até 2023. No ano passado, o cartão de crédito correspondia à principal dívida para 55% dos endividados. Costumam parcelar suas compras sete em cada dez brasileiros.

Desenrola

Dados do Ministério da Fazenda mostram que cerca de 12 milhões de pessoas foram beneficiadas pelo programa Desenrola Brasil, que permitiu a negociação de R$ 36,5 bilhões em dívidas. Os descontos médios na plataforma do programa são de 83%, mas, em alguns casos, chegam a 96%, com pagamento à vista ou parcelado sem entrada e com prazo de até 60 meses para pagar.

“Clientes nos confundem com garçons”, reclama entregador de aplicativo

Sofrer episódios de agressão, ofensa e humilhação são rotina no cotidiano de entregadores de aplicativo. A percepção foi relatada à Agência Brasil por trabalhadores das duas maiores cidades do país, Rio de Janeiro e São Paulo. O caso mais recente de repercussão foi o do entregador da plataforma iFood Nilton Ramon de Oliveira, de 24 anos, baleado por um cliente policial militar (PM) na segunda-feira (4), em Vila Valqueire, zona oeste do Rio de Janeiro.

O motivo do desentendimento entre Nilton e o cabo Roy Martins Cavalcanti foi a exigência do cliente para que o pedido fosse entregue na porta da casa do PM. Nilton foi baleado na perna e está internado no Hospital Municipal Salgado Filho. O quadro dele é grave. O cabo da PM se apresentou a uma delegacia, prestou depoimento e foi liberado. A Polícia Civil investiga o caso, e a Corregedoria da PM abriu um procedimento interno.

O iFood reforça que os entregadores não têm obrigação de levar os pedidos até a porta dos apartamentos. “A entrega tem que ser realizada no primeiro ponto de contato, ou seja, no portão da residência ou na portaria do condomínio. O que aconteceu com o Nilton é inaceitável e condenável”, diz a gerente de Impacto Social do iFood, Tatiane Alves.

Segundo ela, a empresa entrou em contato com a família do entregador e se colocou à disposição para todo tipo de apoio. “Espero que o caso não fique impune e que o Nilton se recupere muito em breve. Vamos acompanhar de perto esse caso”, afirma.

Passado escravocrata

O entregador Bruno França trabalha no centro do Rio de Janeiro. Ele contou que todos os dias acontecem casos de ofensas e desentendimentos entre clientes e entregadores. Para ele, a raiz do problema tem relação com o passado escravocrata do país.

“Eu acho que a história de como foi construído o Brasil permeia até hoje. As reverberações do que aconteceu no passado influenciam a nossa vida. Não tenho dúvida de que isso tem ligação com o racismo. Muitos clientes, dentro de uma visão histórica escravocrata brasileira, acreditam que a gente tem que subir até o apartamento, colocar um babador e colocar comida na boca deles”, diz o entregador.

Bruno França conta que os desentendimentos com clientes são frequentes – Vinícius Ribeiro/Divulgação

Outra queixa de Bruno é que a plataforma, na avaliação dele, não deixa claro para o cliente que os entregadores não são obrigados a fazer a entrega na porta do apartamento.

“Todo dia acontece isso [desentendimento] porque muitos clientes entendem que a gente é obrigado a subir”. Ele cita ainda que, eventualmente, há um descumprimento da lei em vigor na cidade do Rio que proíbe a distinção no uso de elevadores entre social e de serviço.

O entregador também aponta a falta de direitos trabalhistas como um dos motivos para a categoria ser alvo de agressões e ofensas.

“Marginalização em relação ao mundo do trabalho. Não temos direito algum. A gente vive em uma sociedade violenta. Dentro dessa perspectiva desses agressores, eles nos veem como alguém sem direitos e que pode ser agredido, pode ser violado.”

Garçons

Rafael Simões faz entregas na cidade de Niterói, região metropolitana do Rio. Ao conversar com a reportagem da Agência Brasil, pouco antes do meio-dia, ele avisou: “Vamos rapidinho porque está chegando o horário de pico, sabe como é, né?”

Ele compartilha da opinião de que o passado do país tem a ver com a forma atual como entregadores são tratados por alguns clientes.

“O cliente acha que é obrigação [entregar no andar]”, reclama Rafael Simões, que trabalha em Niterói – Rafael Simões/Arquivo Pessoal

“A gente vive nessa sociedade assim. O pessoal está realmente pensando que a gente é escravo”, diz.

“O cliente acha que é obrigação [entregar no andar]. O cliente está confundindo entregador com garçom. Nós não somos garçons”, reclama Rafael.

Rafael Simões conta que muitas vezes o entregador opta por deixar o pedido na porta do cliente para evitar problemas e também não perder tempo esperando a pessoa descer – muitas vezes com pressa nenhuma. “Às vezes, para evitar o problema, a gente sobe. Mas não é obrigação.”

Agressões

A comparação de Bruno e Rafael com o tempo de escravidão ganha mais significância ao se lembrar o caso de Max Ângelo dos Santos. Em abril de 2023, o entregador negro foi “chicoteado” com uma coleira de cachorro por uma mulher branca que se sentiu incomodada com a presença de entregadores em uma calçada, em São Conrado, bairro nobre na zona sul do Rio de Janeiro.

Em outro caso de repercussão, também em São Conrado, um entregador compartilhou nas redes sociais a abordagem de uma mulher que desceu até a portaria do prédio com um cutelo, depois de ele ter se recusado a subir para fazer a entrega.

Produtividade

Fora do Rio de Janeiro, desentendimentos e ofensas também são frequentes, afirma o presidente da Associação dos Motofretistas de Aplicativo e Autônomos do Brasil (AMABR), Edgar Franscisco da Silva, conhecido como Gringo. Outro ponto de atrito recorrente, segundo ele, é quando há demora para a chegada do pedido.

Gringo atribui a recusa da entrega na porta do apartamento a uma busca por produtividade, uma vez que, pelos aplicativos de delivery, os trabalhadores ganham por quantidade de entregas.

“Se a pessoa já está na portaria na hora que o entregador chega, ele entrega, e o aplicativo já toca imediatamente para ele pegar outra corrida. Quando ele tem que subir até o apartamento, ele perde uma ou duas entregas, que vão fazer falta na casa deles”, explica. Gringo lembra que há prédios em que a pessoa anda centenas de metros até chegar ao cliente.

Exército de reserva

O presidente da AMABR contextualiza que a mudança de comportamento dos entregadores, que antes faziam a entrega na porta do domicílio, sofreu alterações mais profundamente durante a pandemia, quando muita gente foi forçada a trabalhar como meio de sustento. Além de mais gente fazendo delivery, os aplicativos acirravam a concorrência por cliente baixando valores da taxa de entrega.

Conhecido com Gringo, Edgar Francisco da Silva diz que os aplicativos de entrega têm à sua disposição um “exército de reserva” – Edgar Francisco da Silva/Arquivo

“Eles baixaram o preço para ter mais clientes, mas quem sentiu isso foi o entregador”, observa.

“Devido à baixíssima remuneração, os entregadores estão tendo outro comportamento que é ‘não vou subir, porque eu corro risco de ser multado, de a minha moto ser roubada, e não estou ganhando para isso, não vale a pena.”

Gringo nota ainda que algumas pessoas se veem superiores aos trabalhadores de delivery.

“Eu não sei explicar esse comportamento, mas tem pessoas que se sentem superiores e, em qualquer situação que não for do jeito que elas gostariam, já partem para esse lado da humilhação e da agressão”, lamenta o presidente da associação.

Ele conta que já vivenciou situações em que teve que ser transportado em elevador que carregava lixo. “Aquele fedor insuportável”. Além disso, já levou um empurrão de uma cliente.

“Isso impacta, você fica com aquilo na cabeça. A chance de você depois sofrer um acidente de moto porque estava com a cabeça naquilo é gigante”, relata.

Gringo complementa que o fato de ter muita gente buscando trabalho como entregador faz com que empresas e plataformas não deem a devida atenção a reclamações dos trabalhadores.

“O entregador fica muito submisso ao cliente, e o cliente aproveita disso. O cliente sabe que é só ele falar ‘o entregador foi mal-educado’. O aplicativo não quer nem escutar o entregador, ele não quer perder o cliente, então bloqueia o entregador porque ele tem um exército de reserva para fazer as entregas”, diz Gringo.

Campanha

A iFood faz campanhas e parcerias, inclusive com o Secovi (sindicato que reúne administradoras de imóveis), para conscientizar a população e diminuir as chances de desentendimentos entre clientes e entregadores. No carnaval, houve a campanha #BoraDescer, sobre a necessidade de o cliente ir até o entregador no ponto de contato (portaria ou portão da residência).

A plataforma, que tem 250 mil entregadores ativos, oferece, desde junho 2023, uma central de apoio jurídico e psicológico, que fornece assistência para entregadores vítimas de discriminação, agressão física, ameaça, assédio, abuso e/ou violência sexual. A central é uma parceria com o grupo Black Sisters in Law, formado por advogadas negras.

Apenas em 2024, a central recebeu 13.576 denúncias de ameaça e agressão física. Desde 2023, dos casos que resultaram em processos e atendimentos pela central de apoio, 26% se referem a casos de agressão física, 23%, de ameaça e 22%, de discriminação. De todos os casos atendidos, 16% estão relacionados a subir ou não nos apartamentos.

Legislação

Um levantamento do Instituto Fogo Cruzado, especializado na coleta de informações relacionadas à violência armada, aponta que ao menos 26 entregadores motoboys foram baleados em serviço na região metropolitana do Rio desde 2017. Desses, 21 morreram. Os dados não apontam se eram especificamente ligados a plataformas e incluem vítimas de operações policiais.

“Precisamos continuar falando dessa profissão que é tão desprezada, que coloca muita gente em risco e sustenta tantas famílias no Brasil”, observa Carlos Nhanga, coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado no Rio de Janeiro.

“Esses trabalhadores precisam de proteção que assegurem os direitos ao emprego e os direitos da vida também. É preciso criar políticas que assegurem o vínculo empregatício mais seguro, além de punir agentes de segurança que usem da violência para impor as suas vontades. É inadmissível que um policial militar armado ameace cidadãos dessa forma e fique por isso mesmo”, critica o coordenador.

Nhanga lembra que o país discute formas de regulamentação do trabalho por meio de plataformas. Na segunda-feira (4), o governo enviou ao Congresso um projeto de lei que regula a atividade de motorista de aplicativos. 

*Colaborou Vinicius Lisboa.

Brasil encara México por vaga na final da Copa Ouro Feminina, nos EUA

Invicta na Copa Ouro, a seleção feminina brasileira de futebol entra em campo contra o México na noite desta quarta-feira (6) em busca da classificação à final. A partida decisiva começa às 21h (horário de Brasília), no Estádio Snapdragon, em San Diego, no estado da Califórnia (Estados Unidos).  Quem ganhar, enfrentará a equipe vencedora da outra semi, entre Canadá e Estados Unidos, às 0h15 de quinta (7).

Bom dia, Brasil! 🤙😁

Nosso trio passando pra avisar que hoje é dia de Seleção Feminina em campo! VAMOOOS! 🇧🇷

🇧🇷 x 🇲🇽
🗓️ 06.03 – 16h (horário local)
🗓️ 06.03 – 21h (horário de Brasília)
🏟️ Estádio Snapdragon – San Diego, CA
📺 ESPN 4 e STAR+ pic.twitter.com/YeHgCuJlIy

— Seleção Feminina de Futebol (@SelecaoFeminina) March 6, 2024

O Brasil é o último país sul-americano remanescente na primeira edição da Copa Ouro, torneio organizado pela Confederação de Futebol da América do Norte (Concacaf), que começou com seleções. O retrospecto é favorável à seleção brasileira: nas 14 vezes que estiverem frente a frente, o Brasil somou 13 vitórias e apenas uma derrota. No entanto, o México encerrou a fase de grupos na liderança da chave A, à frente dos Estados Unidos, tetracampeão mundial e com quatro ouros olímpicos.

“Com certeza será um adversário que vai nos exigir bastante. É um jogo bastante físico, de caixas individuais, junto com reações e transições muito rápidas. Elas são uma equipe que tem um conjunto muito forte, têm as suas individualidades também, especialmente na frente, e têm feito vários gols na competição. O Brasil tem ‘poluído’ na maneira de jogar, naquilo que eu e as jogadoras acreditamos. Estamos construindo a nossa identidade, nosso modelo de jogo cada vez mais e não vamos abrir mão disso nessa partida também”, disse o treinador, que contará com todo elenco à disposição para o duelo desta noite. 

A seleção carimbou a vaga nas semifinais com goleada (5 a 1) sobre a Argentina. Antes, a equipe enfileirou três vitórias consecutivas na fase de grupos, terminando na liderança da chave A. Bateu Porto Rico por 1 a 0; repetiu o placar contra a Colômbia; e por fim aplicou 5 a 0 na última rodada contra o Panamá.

Já as adversárias mexicanas avançaram à semi ao vencerem as paraguaias por 3 a 2. A campanha na fase de grupos começou com 0 a 0 contra a Argentina. Na rodada seguinte, o México atropelou a República Dominicana (8 a 0) e depois, no último jogo, superou os Estados Unidos por 2 a 0.

Mãe de Marielle convida ao aquilombamento nos seis anos do assassinato

O combate ao racismo, a luta contra desigualdades raciais, a busca por titulação de territórios quilombolas e o clamor por justiça são oportunidades para aquilombamento. A avaliação é da advogada Marinete da Silva, mãe da vereadora carioca Marielle Franco, assassinada há quase seis anos, no Rio de Janeiro, ao lado do motorista Anderson Gomes.

Marinete participou, na sexta-feira (1º), de um encontro de representantes de comunidades quilombolas, promovido pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro.

Para uma plateia de centenas de ativistas, de várias gerações – alguns tendo percorrido centenas de quilômetros para participar do evento – a mãe da vereadora convocou as pessoas para se unirem, ao longo do mês deste março, em uma série de atividades que vão homenagear a memória de Marielle e Anderson e pedir, mais uma vez, justiça.

“A gente está iniciando o ‘Março com Marielle e Anderson’ com várias atividades no Brasil todo, nas capitais e no interior. [O marco de] seis anos do assassinato é bem doloroso, mas um encontro para a gente se aquilombar cada vez mais”, disse.

A resistência de comunidades quilombolas faz parte do conjunto de ações antirracistas que permeava a ação política da vereadora, nascida no complexo de favelas da Maré. De acordo com o Censo 2022, o Brasil tem cerca de 1,33 milhão de quilombolas. Desse universo, 87% (1,07 milhão) vivem fora de territórios oficialmente reconhecidos.

Em conversa com a Agência Brasil, Marinete da Silva explicou como sofrimentos vivenciados pela população negra agem como combustível para o que chama de aquilombamento.

“Eu acho que esse aquilombamento é o que temos vivido hoje, enquanto instituto [Instituto Marielle Franco], enquanto mulheres negras se aquilombando cada vez mais, se reinventando nesse estado que a gente vive, de racismo, falta de estrutura, de falta de incentivo para a mulher, principalmente para a comunidade quilombola, de modo geral”, comentou.

“Esse aquilombamento é juntar, unir, agregar. É isso que a gente tem feito por esse Brasil afora, tanto nas ações do instituto como do Ministério [da Igualdade Racial]. A gente vive no Rio de Janeiro com tantos quilombos não sendo reconhecidos, e essas mulheres estão aqui, são as mulheres que estão na ponta”, completou, citando o ministério comandado pela filha Anielle Franco.

Março por justiça

O Instituto Marielle organiza e divulga diversas ações (inclusive organizadas por terceiros) previstas para março para marcar os seis anos do crime. No dia 14, data do assassinato, já está confirmada uma missa às 10h na Igreja Nossa Senhora do Parto, no centro do Rio de Janeiro.

A região é emblemática para a trajetória política de Marielle, uma vez que fica a poucos metros do Buraco do Lume, uma praça pública em que ela costumava fazer discursos abertos à população. Hoje, o centro do Lume dá espaço para uma estátua da vereadora, com o braço erguido.

“Independentemente de qualquer coisa, Marielle estava lá toda sexta-feira, com um turbante”, lembra a mãe.

Às 17h começará o Festival Justiça Por Marielle & Anderson, na Praça Mauá, também no centro do Rio. A atração será de graça e contará com apresentações artísticas e exposições com obras em homenagem à Marielle.

O crime

Marielle Franco e Anderson Gomes foram mortos em uma noite de terça-feira. Ela tinha saído de um encontro no Instituto Casa das Pretas, no centro do Rio. O carro dela foi perseguido pelos criminosos até o bairro do Estácio, que faz ligação com a zona norte carioca. Investigações e uma delação premiada apontam o ex-policial militar (PM) Ronnie Lessa como autor dos disparos.

Lessa está preso, inclusive tendo já sido condenado por contrabando de peças e acessórios de armas de fogo. O autor da delação premiada é o também ex-PM Élcio Queiroz, que dirigia o Cobalt usado no crime.

Outro suspeito de envolvimento preso é o ex-bombeiro Maxwell Simões Correia, conhecido como Suel. Seria dele a responsabilidade de entregar o Cobalt usado por Lessa para desmanche. Segundo investigações, todos têm envolvimento com milícias.

Desde 2023, a Polícia Federal está à frente do caso.

Consumo nos lares sobe 1,2% em janeiro

O consumo nos lares brasileiros registrou alta de 1,2% em janeiro em comparação com o mesmo mês de 2023. Em relação a dezembro, houve queda de 22%. Os dados, divulgados nesta quinta-feira (29), são da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

“O consumo recua tradicionalmente no início do ano devido ao pagamento de impostos e despesas com educação. A exemplo dos anos anteriores, ele tende a ser maior no final do trimestre, com o menor comprometimento da renda e a chegada da Páscoa”, disse o vice-presidente da Abras, Marcio Milan.

A estimativa da associação é de aumento no consumo doméstico em 2024. Segundo a Abras, o ano deverá fechar com alta de 2,5%.

A cesta de produtos da Abras, com 35 itens de largo consumo, estava custando R$ 732,69 em janeiro, 2,9% a menos do que a de janeiro de 2023. Em comparação ao último mês de 2023, a cesta de janeiro de 2024 teve variação positiva de 1,4%.

 

STF torna ré e mantém presa cúpula da PMDF nos atos de 8 de janeiro

Por unanimidade, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu tornar réus sete oficiais da antiga cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), todos suspeitos de omissão durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro do ano passado, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas.

Os ministros também decidiram pela manutenção da prisão preventiva de todos os policiais militares, de modo a não colocar em risco as investigações.

Os ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux seguiram o voto do relator, ministro Alexandre de Moraes. O recebimento da denúncia foi julgado pela Primeira Turma, atualmente formado por quatro ministros, por ambiente virtual, modalidade em que os votos são computados por via eletrônica, sem debate. A sessão de julgamentos terminou às 23h59 de terça-feira (20).

Os oficiais da PMDF foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por omissão durante os atos golpistas. Pela peça de acusação, eles teriam conspirado desde o ano anterior em favor de um levante popular pró-Bolsonaro, e no 8 de janeiro deixaram deliberadamente que os crimes fossem cometidos.

A denúncia menciona a troca de mensagens entre os acusados em que demonstram inconformismo com a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleição e a expectativa de uma intervenção militar para impedir sua posse. A PGR apresentou ainda vídeos demonstrando a inação dos policiais militares.

Todos foram denunciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado contra patrimônio da União, deterioração de patrimônio tombado e por violações à Lei Orgânica da PMDF.

Em seu voto, Moraes afastou alegações das defesas de que o Supremo não teria a competência para julgar a alta cúpula da PM. O ministro frisou decisão do plenário da Corte que atestou a competência do STF no caso.

O relator também rechaçou a inépcia da denúncia, alegada por todas as defesas. Os advogados argumentaram que a PGR não teria tido sucesso em delinear as condutas supostamente ilegais.

Outro argumento de todas as defesas é o de que os policiais não tinham conhecimento sobre a possibilidade de atos violentos durante o 8 de janeiro, hipótese que também foi afastada por Moraes.

O ministro escreveu haver “significativos indícios que os denunciados detinham conhecimento das circunstâncias fáticas do perigo, conforme amplamente demonstrado pela extensa atividade de inteligência desempenhada pela Polícia Militar do Distrito Federal, de modo que todos os altos oficiais denunciados tomaram conhecimento antecipado dos riscos inerentes aos atentados de 8 de janeiro de 2023″.

Moraes concluiu que os “denunciados, conforme narrado na denúncia, integravam o núcleo de autoridades públicas investigadas por omissão imprópria, que possibilitou a execução dos atentados materiais contra as sedes dos Três Poderes”.

Os militares denunciados são:

Coronel Klepter Rosa Gonçalves, ex-comandante-geral da PMDF;

Coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante-geral da PMDF;

Coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, ex-comandante do Departamento de Operações da PMDF;

Coronel Paulo José Ferreira de Sousa, ex-comandante interino do Departamento de Operações da PMDF;

Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos, ex-chefe do 1º Comando de Policiamento Regional da PMDF;

Major Flávio Silvestre de Alencar, PM que estava trabalhando durante o 8 de Janeiro;

Tenente Rafael Pereira Martins, PM que estava trabalhando durante o 8 de Janeiro.