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Ginasta Bárbara Domingos fatura bronze em etapa da Copa do Mundo

Pela primeira vez classificada a quatro finais de aparelho em uma etapa da Copa do Mundo de ginástica rítmica, a brasileira Bárbara Domingos faturou a medalha de bronze na prova da fita neste domingo (14), na cidade de Cluj-Napoca (Romênia). A curitibana de 24 anos, também conhecida pelo apelido de Babi, apresentou sua coreografia ao som da música “Bad Romance”, da compositora norte-americana Lady Gaga, e obteve nota 32.350. O ouro ficou a ucraniana Taisilia Onofriichuk e a prata com a húngara Fanni Pigniczki – ambas receberam nota 32.900, mas Taisilia foi campeã pelo critério de desempate.

ALÔ BRASIL: É MEDALHAA PRA BABI! 🥉🥉🥉
A exatos 1️⃣2️⃣ dias do início dos Jogos Olímpicos de Paris, nossa Babi Domingos acaba de consagrar sua participação HISTÓRICA na Copa do Mundo de Cluj-Napoca, na Romênia 🇷🇴, com MEDALHA DE BRONZE NA FITA! 🇧🇷🤩💫

A Babi alcançou a nota… pic.twitter.com/ACeNgeAezM

— Confederação Brasileira de Ginástica (@cbginastica) July 14, 2024

O pódio foi o terceiro de Babi em torneios organizados pela Federação Internacional de Ginástica (FIG). No ano passado, a ginasta curitibana, com presença garantida nos Jogos de Paris, já havia faturado bronze na etapa da Copa do Mundo de Sofia (Bulgária) e ouro no Grand Prix de Thiais (França).

“Estava um pouco apreensiva com a final de fita. Entre sair da área de competição, trocar collant, pegar aparelho e se preparar para entrar. E Babi tem todo um ritual, temos pouco tempo e ela não teve muita brecha para fazer as repetições. Tratei de enchê-la de confiança, afirmei que ela não precisava de repetição, que estava mais que treinada e pronta, e que era só entrar lá e fazer. E ela fez! Era muito difícil uma medalha nessa competição, numa disputa que reuniu praticamente todas as melhores ginastas do mundo. Mas conseguimos!”, comemorou a treinadora Márcia Naves, em depoimento à Confederação Brasileira de Ginástica (CBG).

Nas finais dos demais aparelhos, Babi ficou em quinto lugar tanto no arco (33.700) quanto nas maças (33.450). Já na bola, a brasileira foi sétima colocada (33.200).

Conjunto brasileiro – finais de séries

Após conquistar a prata na disputa geral do conjunto no sábado (14), o quinteto brasileiro ficou fora do pódio domingo (14). Na final dos cinco arcos, a equipe formada pelas ginastas Sofia Madeira, Déborah Medrado, Duda Arakaki, Nicole Pircio e Victória Borges ficou na quarta posição com a nota 37.750, O conjunto de Israel conquistou ouro ((39.400) e, na sequência, Itália (38.750) e Bulgária (38.700), levaram prata e bronze, respectivamente.

Na séria mista (três fitas e duas bolas), as brasileiras ficaram em oito lugar (29.950). O pódio foi assegurado por países não considerados favoritos: a campeã foi a Espanha (34.700), seguida por França (prata) e Ucrânia (bronze) – ambas obtiveram 33.850, mas a França ficou com o ouro pelo critério de desempate.

Paris 2024

O Brasil assegurou presença tanto no individual (Babi Domingos competirá com outras 23 ginastas), quanto na disputa por conjunto (o quinteto nacional medirá forças com outras 70 equipes). A competição da ginástica rítmica em Paris ocorrerá entre os dias 8 e 10 de agosto.

Brasil ultrapassa EUA e já é maior exportador de algodão do mundo

O desempenho da safra 2023/2024 de algodão, com a colheita de mais de 3,7 milhões de toneladas, elevou o Brasil ao posto de maior produtor do mundo. O país também se tornou, oficialmente, e pela primeira vez na história, o maior exportador de algodão do mundo, superando os Estados Unidos.

O anúncio foi feito neste fim de semana em Comandatuba, na Bahia, durante a 75ª reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e seu Derivados, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na conferência Anea Cotton Dinner, promovida pela Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea). A meta era prevista para ser alcançada somente em 2030.

A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) comemorou o resultado da safra atual, com 60% da produção totalmente comercializada.

“A liderança no fornecimento mundial da pluma é um marco histórico, mas não é uma meta em si, e não era prevista para tão cedo. Antes disso, trabalhamos continuadamente para aperfeiçoar nossos processos, incrementando cada dia mais a nossa qualidade, rastreabilidade e sustentabilidade, e, consequentemente, a eficiência”, ressaltou o presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel. A meta era prevista para ser alcançada somente em 2030.

Guinada

O presidente da Anea, Miguel Faus, lembrou que há cerca de duas décadas o Brasil era o segundo maior importador mundial.

“Essa guinada se deve a muito trabalho e investimento na reconfiguração total da atividade, com pesquisa, desenvolvimento científico, profissionalismo e união. É um marco que nos enche de orgulho como produtores e como cidadãos”, afirmou.

A Abrapa atribui o bom desempenho dos produtores à interligação entre produtores e a indústria têxtil brasileira. Apesar de sofrer forte concorrência externa, o consumo de fios e de algodão deve subir de 750 mil toneladas para 1 milhão de toneladas por ano.

A própria associação criou uma rede chamada Sou de Algodão, onde produtores de roupas, universidades de moda, pesquisadores e produtores de algodão caminham juntos para desenvolver qualidade aos produtos finais. Cerca de 84% do algodão produzido no Brasil detém certificações socioambientais. 

As exportações brasileiras se recuperaram também pela maior demanda de países como Paquistão e Bangladesh, que no ciclo anterior compraram menos devido a dificuldades financeiras para abrir cartas de créditos. Essa retomada colaborou para que as expectativas fossem superadas. “A gente achava que iria exportar inicialmente 2,4 milhões, 2,45 milhões de toneladas.”

Entre os principais mercados do algodão brasileiro estão China, Vietnã, Bangladesh, Turquia e Paquistão.

Penas de aves

Na última semana, o governo brasileiro recebeu o anúncio, pela Região Administrativa Especial (RAE) de Hong Kong, China, da aprovação sanitária para a exportação de penas de aves do Brasil. O produto tem diversos usos industriais, incluindo a fabricação de almofadas, travesseiros, roupas de cama e estofados, além de ser utilizado como matéria-prima em produtos de isolamento térmico e acústico.

A abertura amplia o mercado para produtos avícolas do Brasil, refletindo a confiança no sistema de controle sanitário brasileiro. A relação comercial com a RAE de Hong Kong foi responsável pela importação de mais de US$ 1,15 bilhão em produtos do agronegócio brasileiro no ano passado. Com este anúncio, o agronegócio brasileiro alcança sua 72ª abertura de mercado neste ano, totalizando 150 aberturas desde o início de 2023.

Novo consulado na China 

Na última quinta-feira (27), o Brasil abriu seu terceiro consulado-geral na parte continental da China, em Chengdu, capital da Província de Sichuan, no sudoeste do país. Com seu distrito consular abrangendo Sichuan, Chongqing, Guizhou, Yunnan e Shaanxi, o consulado-geral é estabelecido depois dos em Shanghai e Guangzhou. Cézar Amaral tornou-se o primeiro cônsul-geral do Brasil em Chengdu. Como este ano marca o 50º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e o Brasil, a abertura do consulado-geral é uma sinalização do aprofundamento da cooperação entre os dois países, segundo Marcos Galvão, embaixador brasileiro na China.

Rugby XV: Brasil disputará Copa do Mundo pela primeira vez na história

A seleção brasileira feminina de rugby XV garantiu a classificação para Copa do Mundo, que será disputada na Inglaterra em 2025. A vaga foi alcançada após o Brasil derrotar a Colômbia por 34 a 13, no último sábado (29) em Assunção (Paraguai). Esta é a primeira vez na história que as Yaras participarão da principal competição da modalidade.

“Este é um feito que comprova a força do rugby feminino brasileiro. A seleção de sevens está classificada para os Jogos Olímpicos Paris 2024 e se mantém entre as 12 melhores equipes do planeta há cinco anos, enquanto o XV conquista agora uma vaga inédita, justamente no dia em que a seleção feminina completa 20 anos de existência”, declarou o presidente da Confederação Brasileira de Rugby (CBRu), Martín Jaco.

A 10ª edição da Copa do Mundo de rugby XV será disputada a partir de agosto de 2025 e contará com a participação de 16 seleções. Além do Brasil e do país-sede, já estão garantidos na competição: Nova Zelândia (atual campeã), Austrália, Fiji, Canadá, Estados Unidos, Escócia, França, Irlanda, Itália, África do Sul e Japão. Outras três vagas virão da liga mundial de rugby, que será disputada em outubro de 2024.

Rio: maior festival de harpas do mundo chega à 19ª edição com 2 etapas

A 19ª edição do RioHarpFestival, evento gratuito que colocou o Rio de Janeiro no circuito mundial da harpa, terá duas etapas este ano. “A demanda foi tão grande que nós vamos fazer o festival em duas etapas”, disse à Agência Brasil o criador e diretor do projeto, Sergio da Costa e Silva. A primeira começa nesta segunda-feira (1º) e vai até 31 de julho. A segunda está marcada para o período de 1º a 30 de setembro. Trinta artistas de 22 países se apresentarão ao público.

O RioHarpFestival faz parte do projeto Música no Museu, que há 27 anos promove recitais e apresentações musicais gratuitas em museus e outros espaços no Rio de Janeiro e no país,. O Música no Museu foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial do Rio de Janeiro pela Câmara Municipal da cidade, em 2022.

A programação do RioHarpFestival abrange desde a harpa tradicional ao koto japonês e harpas africanas, árabes e indianas, passando por fusões entre músicos de diferentes continentes e crianças e adolescentes das comunidades cariocas, que dividem o palco com os harpistas estrangeiros. Segundo Sergio da Costa e Silva, a fusão entre os músicos estrangeiros e as orquestras de comunidades visa dar uma nova dinâmica às apresentações. “Coloquei os harpistas tocando com orquestra, com piano, com coral, para que seja uma coisa interessante para o público.”

Dois exemplos são a Camerata do Uerê, da comunidade da Maré, criada em 2013 pela violinista francesa então radicada no Rio de Janeiro Constance Depret. Hoje, a orquestra é composta por 30 alunos do Projeto Uerê, com idade entre 7 a 18 anos, que tocam violino, viola, violoncelo, baixo e percussão. Outro é a Orquestra de Gaita de Foles, de São Gonçalo, região metropolitana do Rio. Treinados pelo maestro José Paulo, fuzileiro naval da reserva, os jovens são parte do Projeto Brazilian Piper, existente há quase 20 anos, cujo objetivo é contribuir com a diminuição do tempo ocioso das crianças e jovens por meio da música, utilizando as gaitas de fole escocesas como um instrumento não apenas musical, mas também de inclusão social.

Homenagem

O grande foco desta edição do RioHarpFestival será uma homenagem à África. A harpista Kobie de Plessis, da África do Sul, se apresentará na abertura do festival, na Igreja Nossa Senhora do Carmo (Antiga Sé), situada na Rua Primeiro de Março, às 13h. Ela será acompanhada pela Camerata do Uerê.

A África voltará a ser homenageada no encerramento da primeira etapa do festival, no dia 31 de julho, às 18h, no Palácio Tiradentes, com o coral Vozes da África. No programa, músicas em zulu, temas de filmes da África acompanhados por atabaques, piano e percussão africana. Haverá participação especial de Fabio Simões, com harpas africanas kora e kamale n´goni (do oeste africano de 12 cordas), além de percussão da mesma região. A programação completa do festival pode ser acessada nos sites www.musicanomuseu.com.br e www.rioharpfestival.com.br.

Na segunda etapa, em setembro, o RioHarpFestival trará ao Brasil harpistas russos. Nessa fase, as apresentações ocorrerão somente no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB RJ).

O RioHarpFestival é considerado o maior festival de harpas do mundo em duração e número de concertos e o único no Brasil. Entre julho e outubro deste ano, ele terá versões em São Paulo, Brasília e em cidades de sete países europeus (Portugal, Espanha, França, Bélgica, Croácia, Itália e Áustria) e, também, no Caribe.

A 19ª edição do festival de harpas explora também a diversidade em termos de gênero e raça, salientou Sergio da Costa e Silva.

História

Um dos mais antigos instrumentos de corda dedilhada, a harpa tem sua origem relacionada ao tanger da corda dos arcos dos antigos caçadores. Algumas ilustrações destacam a presença das harpas no Oriente Médio e Egito, por volta do ano 3.000 A.C. De formato triangular, todas as suas cordas estendem-se perpendicularmente em relação à base de seu corpo.

As primeiras harpas eram pequenas, com poucas cordas. A partir do século 18, passaram a ser construídas em madeira, com as cordas feitas de materiais como tripa, crina de cavalo, latão, bronze ou seda. Com o passar dos anos, ganharam tamanho, com número maior de cordas e, consequentemente, mais notas. A harpa é o símbolo da Irlanda.

A harpa moderna possui 47 cordas, sendo as 11 mais graves feitas de metal e as demais, de tripa, além de sete pedais. Atualmente, a harpa também é um dos instrumentos que compõem a orquestra, sendo normalmente posicionada entre a percussão e os instrumentos de teclado.

Saiba mais sobre o uso da energia nuclear no Brasil e no mundo

Na mais recente Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, um grupo de 22 países se comprometeu a triplicar a geração de energia nuclear até 2050. O esforço concentrado é uma forma de contribuir para a descarbonização e conter mudanças climáticas. A energia nuclear é considerada limpa porque as usinas não emitem gases do efeito estufa.

O Brasil não é signatário do texto, mas se encontra na busca de aumentar a geração nuclear, por meio da construção da usina Angra 3, no litoral sul do Rio de Janeiro ((incluir link da matéria sobre Angra 3, enviada na quinta-feira))

A Agência Brasil traz uma seleção de dados para compreensão de como a usina é usada no país e no mundo.

Brasil

Atualmente, o Brasil tem duas usinas em funcionamento: Angra 1 e Angra 2. Elas ficam na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), em Angra dos Reis, Costa Verde do Rio de Janeiro. As unidades são operadas pela empresa estatal Eletronuclear.

Angra 1 funciona desde 1985 e está em processo de renovação de licença de operação por mais 20 anos. Com 640 megawatts (MW) de potência, a instalação gera energia suficiente para suprir uma cidade de 2 milhões de habitantes, como Manaus, capital do Amazonas.

A vizinha Angra 2 funciona desde 2001 e tem potência de 1.350 MW. É capaz de abastecer uma cidade de 4 milhões de habitantes, equivalente às populações de Brasília e Porto Alegre somadas.

Usina de Angra – Maurício Almeida/ TV Brasil

Juntas, respondem por aproximadamente 2% do consumo de energia elétrica no país. Apesar de estarem no Rio de Janeiro, a energia produzida pelas usinas faz parte do Sistema Interligado Nacional (SIN), ou seja, não é necessariamente consumida no estado.

Entrando em funcionamento, o que não é previsto antes de 2030, Angra 3 terá potência de 1.405 megawatts (MW) e será capaz de gerar mais de 12 milhões de megawatts-hora por ano, o suficiente para atender o consumo de 4,5 milhões de pessoas.

Apesar de a geração ser relativamente baixa, o Brasil faz parte de um seleto grupo de apenas três países (juntamente com Estados Unidos e Rússia) que têm reservas de minério, tecnologia de beneficiamento e usinas nucleares para produzir energia.

O Brasil tem a 8ª maior reserva de urânio – fonte do combustível nuclear – do mundo. A maior fica na Austrália. 

Mundo

A energia nuclear equivale a 23,7% da energia limpa produzida no mundo. A França, responde por mais de 70%.

Em todo o mundo, há 437 reatores nucleares em operação. Destes, 93 estão em funcionamento nos Estados Unidos, que é seguido por França (56), China (55), Rússia (37), Coreia do Sul (25), Índia (19) e Canadá (19).

Na América Latina, além do Brasil, Argentina (3) e México (2) têm usinas nucleares. Dos três, o Brasil é o que tem maior potência.

No mundo há 58 reatores em construção em 17 países. As nações que concentram as construções são China (22), Índia (8) e Turquia (4). Em toda a Europa são 13 reatores sendo preparados e nas Américas, três.

Brasil fecha Copa do Mundo de halterofilismo paralímpico com 5 pódios

O Brasil encerrou a participação na Copa do Mundo de halterofilismo paralímpico disputada em Tbilisi (Geórgia) com o total de cinco medalhas. No último dia de disputas, na última quarta-feira (26), a equipe brasileira feminina (formada por Mariana D’Andrea, Tayana Medeiros e Lara Lima) garantiu um ouro, enquanto a masculina (composta por Bruno Carra, João Maria França e Mateus Assis) conquistou um bronze.

Equipe feminina é ouro e Brasil encerra Copa do Mundo de halterofilismo com cinco medalhas. 🥇🥈🥉

Leia em nosso site: https://t.co/Az3KS6GwcV#LoteriasCaixa pic.twitter.com/bjJAXcx6Yk

— Comitê Paralímpico Brasileiro (@BraParalimpico) June 26, 2024

O time feminino do Brasil conquistou o lugar mais alto do pódio ao somar o total de 297,18 pontos na decisão, enquanto o Uzbequistão (com 235,19 pontos), garantiu a prata. Já a equipe masculina derrotou a Tailândia na disputa pelo bronze, garantindo o terceiro lugar, após ter sido superada por Cuba na etapa anterior.

Além das medalhas obtidas nas disputas por equipes, o Brasil conquistou um ouro com Mariana D’Andrea na categoria até 73 quilos, uma prata com Tayana Medeiros na categoria até 86 quilos e um bronze com Lara Lima na categoria até 41 quilos.

A Copa do Mundo foi o último torneio internacional dos halterofilistas brasileiros antes da próxima edição dos Jogos Paralímpicos, que serão disputados em Paris (França) a partir do dia 28 de agosto. Esta também foi a última oportunidade para os atletas assegurarem sua participação no megaevento por meio do ranking específico para a competição na capital francesa.

Libertação de Assange é celebrada por entidades do Brasil e do mundo

A libertação do jornalista australiano Julian Assage foi celebrada em todo o mundo por entidades que atuam em defesa da liberdade de imprensa e dos direitos humanos. O fundador da plataforma Wikileaks, alvo de investigações criminais nos Estados Unidos e preso desde 2019 no Reino Unido, chegou a um acordo que lhe permitiu deixar o país. No próximos dias, ele deverá desembarcar na Austrália.

De acordo com nota divulgada pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), que congrega mais de 500 entidades filiadas em todo o Brasil, foi uma vitória da mobilização internacional em defesa da liberdade de imprensa. “Chamamos a atenção para a ameaça permanente da vigilância e das tentativas de criminalização do jornalismo e dos jornalistas”.

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), que representa 31 sindicatos de jornalistas no Brasil, lembrou que foram ao todo 1.901 dias de prisão. “É uma vitória dos jornalistas em todo o mundo, do direito de informar e ser informado e representa importante impulso à liberdade de imprensa. A libertação de Assange contribui para evitar a criminalização das práticas jornalísticas e encoraja as fontes a partilharem confidencialmente provas de irregularidades, criminalidade e outras informações de interesse público”, registra manifestação publicada pela entidade.

Por meio nota assinada pelo seu presidente Octávio Costa, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) celebrou e, ao mesmo tempo, fez um alerta. “É bom não esquecer que ainda há centenas de jornalistas presos, processados, perseguidos e censurados pelo mundo afora. Alguns casos acontecem aqui mesmo no Brasil. Assange está livre. Mas a luta pela liberdade de imprensa continua”.

A FNDC, ABI e a Fenaj estiveram entre as principais articuladoras no Brasil da campanha global pela libertação de Assange. Em todo o mundo, entidades e movimentos sociais se engajaram na organização de manifestações ao longo dos últimos anos.

Rio de Janeiro (RJ) 20/02/2024 – Manifestantes pedem a liberdade de Julian Assange, fundador do Wikileaks, enquanto a Justiça de Londres examina novo recurso contra sua extradição para os Estados Unidos – Fernando Frazão/Agência Brasil

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), que liderou muitos desse atos, classificou o processo envolvendo Assange como “um dos mais exagerados da história”. A entidade afirma que há atualmente mais de 500 jornalistas presos em todo o mundo. “A tentativa de acusação de Julian Assange lançou uma sombra negra sobre os jornalistas, especialmente aqueles que cobrem questões de segurança nacional. Se Assange tivesse ido para a prisão para o resto da vida, qualquer repórter que divulgasse um documento confidencial temeria enfrentar um destino semelhante”, pontuou o secretário-geral Anthony Bellangera, em nota divulgada pela entidade.

A libertação também foi celebrada pela Aliança Australiana da Mídia, do Entretenimento e das Artes (MEAA). A entidade prepara uma recepção para a chegada do jornalista ao país natal. “Para todos os que lutaram nos últimos 5 anos por Julian Assange, sua libertação é o resultado da sua incansável campanha por justiça”, registra publicação nas redes sociais. A mensagem foi também compartilhada pela Federação Europeia de Jornalistas (EFJ).

Investigações

A plataforma Wikileaks se tornou mundialmente conhecida em 2010 quando publicou diversos documentos sigilosos do governo dos Estado Unidos. Entre eles, estavam registros secretos do exército do país, inclusive sobre violações de direitos humanos nas guerras do Afeganistão, iniciada em 2001, e do Iraque, em 2003. O conteúdo atraiu o interesse de veículos da mídia tradicional de diversas nações e gerou grande repercussão mundial. Desde então, Assange se tornou alvo de investigações criminais nos Estados Unidos.

Aos 52 anos, o jornalista encontrava-se sob custódia na unidade de segurança máxima de Belmarsh, em Londres. Ele corria risco de ser extraditado para os Estados Unidos. Essa possibilidade vinha sendo duramente criticada pelos envolvidos na mobilização global pela libertação de Assange. De acordo com as organizações engajadas na campanha, a extradição abriria um perigoso precedente que colocaria em posição vulnerável jornalistas envolvidos em publicações de interesse público, já que qualquer um poderia ser alvo de uma acusação de espionagem.

A libertação de Assange foi anunciada pelo Wikileaks na noite desta segunda-feira (24). A plataforma também divulgou vídeos dele no aeroporto deixando o país. Antes de ir à Austrália, o jornalista precisará comparecer a um tribunal nas Ilhas Marianas, território dos Estados Unidos situado no Oceano Pacífico. Pelo acordo, ele aceitou declarar-se culpado de conspiração para obter e divulgar ilegalmente informações confidenciais. De outro lado, 17 das 18 acusações serão retiradas e será aplicada uma pena mínima, que será considerada já cumprida. A audiência deve acontecer nesta quarta-feira (26).

“Este é o resultado de uma campanha global que abrangeu organizadores de base, defensores da liberdade de imprensa, legisladores e líderes de todo o espectro político, até às Nações Unidas. Isto criou espaço para um longo período de negociações com o Departamento de Justiça dos EUA”, registra postagem do Wikileaks.

Mensagens de agradecimento pela mobilização internacional foram compartilhadas por Stella Moris, mulher de Assange. Advogada sul-africana, ela o conheceu enquanto ele estava em asilo na embaixada equatoriana, quando integrou a equipe jurídica encarregada de sua defesa. O casal teve dois filhos, hoje com 5 e 6 anos respectivamente. “Palavras não podem expressar nossa imensa gratidão a vocês. Sim, vocês que se mobilizaram durante anos e anos para tornar isso realidade. Obrigado”, escreveu Stela.

Documentos sigilosos

Nos anos seguintes às primeiras revelações envolvendo registros secretos do exército dos Estados Unidos, o Wikileaks se manteve em evidência com a divulgação de outros documentos considerados sigilosos. Em 2015, por exemplo, novas publicações surpreenderam o governo brasileiro. Documentos vazados revelaram que, assim com outros líderes mundiais, a então presidenta Dilma Rousseff e componentes de seu governo foram alvos de espionagem pelos Estados Unidos. O Wikileaks voltaria a ganhar os holofotes no ano seguinte ao vazar milhares de e-mails da campanha de Hillary Clinton durante as eleições presidenciais de 2016.

O Intervozes, organização engajada na defesa do direito à comunicação, menciona em seu perfil nas redes sociais outras revelações importantes feitas pelo Wikileaks. Entre elas, o grande número de civis mortos na guerra do Iraque, as torturas praticadas por militares norte-americanos contra iraquianos no presídio de Abu Ghraib e as violações de direitos na Prisão de Guantánamo.

Assange foi acusado nos Estados Unidos com base na Lei de Espionagem, que foi promulgada há mais de cem anos para condenar espiões e traidores da pátria durante a Primeira Guerra Mundial. Foi o primeiro caso de um jornalista denunciado com base nesse dispositivo.

Em meio às acusações do governo dos Estados Unidos, Assange passou um período na Suécia, onde chegou a ser alvo de processo por estupro, posteriormente arquivado. Mas em decorrência dessa denúncia, ele foi preso em Londres. No entanto, conseguiu obter liberdade condicional e buscou abrigo na embaixada do Equador, situada na capital inglesa. Lá ficou por quase sete anos. Ele recebeu asilo diplomático do governo equatoriano, na época sob comando do presidente Rafael Correa.

A condição, no entanto, foi posteriormente revogada, após mudanças no comando do país latino-americano. O então presidente Lenin Moreno chegou a classificá-lo como “terrorista cibernético”. Sua decisão, tomada em 2018, abriu a brecha para sua prisão pela polícia britânica em 2019. Em 2022, o Reino Unido chegou a aprovar a extradição de Assange para os Estados Unidos. Desde então, ele vinha apresentando recursos que postergavam o cumprimento da decisão.

A libertação de Assange também foi celebrada por diferentes líderes mundiais, entre eles o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que já havia se manifestado em outras ocasiões em favor do jornalista australiano. Mensagens também foram compartilhadas pelos presidentes da Colômbia, Gustavo Petro; do México, Andrés Manuel Lopez Obrador; e da Bolívia, Luis Arce; entre outros.

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, em discurso ao parlamento do país, disse que o caso já havia se arrastado há tempo demais. “Não há nada a ganhar com a continuação do seu encarceramento e queremos que ele venha para casa, na Austrália”.

Álcool causa 2,6 milhões de mortes todos os anos no mundo, alerta OMS

O consumo de álcool é responsável por 2,6 milhões de mortes todos os anos no mundo – 4,7% de todas as mortes no planeta. Já o uso de drogas psicoativas responde por 600 mil mortes anualmente. Os números foram divulgados nesta terça-feira (25) pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Dados do Relatório Global sobre Álcool, Saúde e Tratamento de Transtornos por Uso de Substâncias mostram ainda que 2 milhões de mortes por consumo de álcool e 400 mil mortes por uso de drogas são registradas entre homens. O estudo tem como base informações de saúde pública referentes ao ano de 2019.

A estimativa da OMS é que 400 mil pessoas viviam com desordens relacionadas ao consumo de álcool e ao uso de drogas nesse período, sendo 209 milhões classificadas como dependentes de álcool. A entidade destaca que o uso de substâncias prejudica severamente a saúde do indivíduo, aumentando o risco de doenças crônicas e resultando em milhões de mortes preveníveis.

“Coloca um fardo pesado sobre as famílias e as comunidades, aumentando a exposição a acidentes, lesões e violência”, destacou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

“Para construir uma sociedade mais saudável e mais equitativa, devemos comprometer-nos urgentemente com ações ousadas que reduzir as consequências negativas para a saúde e sociais do consumo de álcool e tornar o tratamento para transtornos por uso de substâncias acessível.”

O relatório destaca ainda a necessidade urgente de acelerar ações a nível global para alcançar a meta estabelecida por meio dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de, até 2030, reduzir o consumo de álcool e drogas e ampliar o acesso a tratamento de qualidade para transtornos causados pelo uso de substâncias.

Prejuízos à saúde

De acordo com a OMS, a maioria das mortes por consumo de álcool ocorre na Europa e na África, sendo que as taxas de mortalidade por litro de álcool consumido são mais elevadas em países de baixa renda e menores em países de alta renda.

De todas as mortes atribuídas ao álcool em 2019, cerca de 1,6 milhões aconteceram por doenças crônicas não transmissíveis, sendo 474 mil por doenças cardiovasculares e 401 mil por câncer. Outras 724 mil foram decorrentes de ferimentos causados por acidentes de trânsito, automutilação e casos de violência.

Por fim, 284 mortes foram associadas a doenças crônicas transmissíveis. Segundo a entidade, foi demonstrado que o consumo de álcool aumenta o risco de infecção por HIV em razão da maior probabilidade de sexo desprotegido, além de aumentar o risco de infecção e morte por tuberculose por suprimir uma ampla gama de respostas imunológicas.

Os dados mostram que a maior proporção (13%) de mortes atribuídas ao álcool, em 2019, foi registrada na faixa etária dos 20 aos 39 anos.

Tendências de consumo

De acordo com o relatório, o consumo total per capita de álcool entre a população global registrou ligeira queda, passando de 5,7 litros em 2010 para 5,5 litros em 2019. Os índices mais altos foram observados em países europeus (9,2 litros per capita) e nas Américas (7,5 litros per capita).

O nível de consumo de álcool per capita entre os consumidores chega, em média, a 27 gramas de álcool puro por dia, o que equivale a aproximadamente duas taças de vinho, duas garrafas de cerveja ou duas porções de bebidas destiladas. “Este nível e frequência de consumo de álcool estão associados a riscos aumentados de inúmeras condições de saúde e associado a mortalidade e incapacidade.”

Ainda segundo os dados, em 2019, 38% das pessoas que declararam consumir álcool registraram pelo menos um episódio de consumo excessivo no mês anterior à pesquisa – o equivalente a quatro ou cinco taças de vinho, garrafas de cerveja ou porções de bebidas destiladas. O consumo excessivo de álcool foi altamente prevalente entre homens.

Por fim, o relatório aponta que, globalmente, 23,5% de todos os jovens com idade entre 15 e 19 anos afirmam consumir álcool (pelo menos uma dose de bebida alcóolica ao logo dos últimos 12 meses). Os índices são mais altos na Europa (45,9%) e nas Américas (43,9%).

Mariana D’Andrea é ouro na Copa do Mundo de halterofilismo paralímpico

A brasileira Mariana D’Andrea conquistou, nesta segunda-feira (14), o título da etapa de em Tbilisi (Geórgia) da Copa do Mundo de halterofilismo paralímpico na categoria até 73 quilos ao erguer 145 quilos, resultado com o qual estabeleceu um novo recorde das Américas. O recorde anterior, de 141 quilos, pertencia à própria paulista, e foi estabelecido na última edição dos Jogos Parapan-Americanos, em novembro de 2023 em Santiago (Chile).

O pódio foi completado pela chinesa Liye Liao, que ficou com a prata ao erguer 137 quilos na primeira de suas três tentativas, e pela turca Sibel Cam, bronze com 134 quilos.

Americas record and gold medal for Brazil 🇧🇷 to start Day 5⃣ at the #Tbilisi2024 World Cup.

Women’s up to 73 kg

🥇Mariana D’Andrea 🇧🇷 – 145 kg (Americas record)
🥈Liye Liao 🇨🇳 – 137 kg
🥉Sibel Cam 🇹🇷 – 131 kg#ParaPowerlifting pic.twitter.com/44qf8KYRlz

— #ParaPowerlifting (@Powerlifting) June 24, 2024

“Estou muito feliz com este resultado, porque estamos perto dos Jogos de Paris. Faltam apenas 65 dias e o título me dá mais confiança para a principal competição do ano”, declarou Mariana D’Andrea.

A Copa do Mundo é o último torneio internacional dos halterofilistas brasileiros antes da próxima edição dos Jogos Paralímpicos, que serão disputados em Paris (França) a partir do dia 28 de agosto. Esta também é a última oportunidade para que os atletas assegurem sua participação no megaevento por meio do ranking específico para a competição na capital francesa.

Ouro no triatlo

Outra modalidade paralímpica na qual o Brasil brilhou foi no triatlo. No último sábado (22) o paranaense Ronan Cordeiro conquistou a medalha de ouro do World Series disputado em Swansea (País de Gales).

Ronan Cordeiro é ouro em World Series de triatlo paralímpico às vésperas dos Jogos. 🥇

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— Comitê Paralímpico Brasileiro (@BraParalimpico) June 24, 2024

O atleta, que disputa provas da classe PTS5 (comprometimento físico-motor) completou sua prova em 59min18s. A medalha de prata ficou com o alemão Martin Schulz e o bronze com o canadense Stefan Daniel.

Número de refugiados cresce 8% e chega a 120 milhões em todo o mundo

Mais de 120 milhões de pessoas em todo o mundo estão deslocadas à força de suas casas devido a perseguições, conflitos, violência e violação de direitos. Isso representou, segundo a Agência das Nações Unidas  para Refugiados (Acnur), um aumento de 8% em relação ao ano anterior. Se todas essas pessoas vivessem atualmente em um mesmo território, elas formariam o 12º país mais populoso do mundo.

Esse número é mais do que o dobro do que havia há dez anos: em 2014, a Acnur apontava 59 milhões de pessoas vivendo nessa condição. “Se a cada 10 anos a gente dobrar o total de pessoas forçadas a se deslocarem, inevitavelmente os recursos já escassos não darão conta de responder a esse deslocamento”, observa Miguel Pachioni, oficial de comunicação da Acnur, em entrevista à Agência Brasil.

Desse contingente deslocado em todo o mundo, mais de 43 milhões são refugiados que necessitam de proteção internacional.

Refugiada, cujo dia é celebrado hoje (20) em todo o mundo, é a pessoa que foi forçada a deixar seu país de origem em razão de conflitos, perseguições ou uma grave e generalizada violação dos seus direitos humanos. São pessoas que não se sentem seguras em seus países de origem e partem em busca de proteção atravessando fronteiras.

“A pessoa refugiada é aquela que foi forçada a se deslocar em razão de perseguições associadas à sua nacionalidade, orientação sexual, religião, opinião política, enfim, diferentes fatores que fazem com que ela se sinta perseguida. Nesse ato, ela tem que deixar o seu país de origem para buscar proteção internacional em outra nação. Então, pelo fato dela atravessar uma fronteira, deixar o seu país de origem e buscar a condição de refugiada em outro local, em outro país, ela já é considerada solicitante da condição de refúgio”, explica Pachioni.

Essa condição difere da encontrada por um imigrante porque o refugiado não pode retornar ao seu país de origem sob risco de sua própria vida. Já um imigrante pode buscar melhores oportunidades econômicas em outra nação e retornar ao seu país quando quiser.

Crescimento

O número de pessoas deslocadas tem crescido nos últimos anos porque os conflitos estão mais espalhados pelo mundo. Além disso, destaca Pachioni, isso também deriva da incapacidade de soluções para essas crises, principalmente a curto prazo.

“O crescimento que se deu de 8% na população refugiada entre os anos de 2022 e 2023 vai nos dizer que os conflitos armados hoje existentes no mundo estão mais distribuídos pelo globo, ou seja, há mais conflitos e mais emergências humanitárias no mundo e eles estão se tornando mais duradouros do que no passado. Isso representa, de fato, uma crise do sistema político global por não conseguir resolver conflitos que acabam perdurando ao longo de anos”, afirma Pachioni, citando como exemplos as situações enfrentadas por Ucrânia, Iraque, Sudão e Afeganistão.

Outro fator que tem ajudado a aumentar o número de deslocados no mundo envolve eventos climáticos extremos. “A questão climática também vem se impondo e fazendo com que pessoas tenham que deixar os seus locais de origem em razão tanto do contexto das mudanças climáticas como também do contexto de desastres naturais, que são concomitantes”, enfatiza.

“Até dezembro de 2023, quase 75% das pessoas deslocadas à força viviam em países de alta ou extrema exposição a riscos relacionados ao clima. Elas já estavam em um processo muito fragilizado. E cerca de metade dessas pessoas deslocadas à força vivia em países onde permanecia exposta a conflitos e a esses mesmos riscos relacionados ao clima”, ressalta.

Para ele, a questão do clima não é só uma urgência no mundo: ela tem impactado também o sistema de financiamento das ajudas humanitárias. “Não temos como prever em 2025 que locais tendem a ter um deslocamento forçado em razão do contexto das mudanças climáticas. Esse tipo de faro a gente já tem em relação a conflitos armados. O conflito não acontece da noite para o dia – a gente tem indícios de conjunturas políticas, em especial, que fazem com que se tenha um entendimento sobre áreas onde conflitos podem ser iniciados. Mas o mesmo não acontece de forma tão clara quanto à questão climática”, acrescenta.

Refugiados no Brasil

Parte desses 43 milhões de refugiados tem encontrado no Brasil um lugar de acolhimento. Isso decorre da Lei de Refúgio brasileira (Lei nº 9.474/1997) ser considerada uma das mais avançadas no mundo. Quando essas pessoas chegam ao Brasil e têm sua condição de refugiadas reconhecida pelo governo brasileiro elas não podem ser expulsas, nem extraditadas para o país onde dizem sofrer a perseguição. “A gente tem uma legislação muito favorável ao acolhimento e proteção das pessoas que solicitam a condição de refugiadas aqui”, acentua Pachioni.

O governo brasileiro reconheceu 77.193 pessoas como refugiadas em 2023, o maior quantitativo verificado ao longo de toda história do sistema de refúgio nacional e que representou variação positiva de 1.232,1%, se comparado a 2022. Ao todo, 143.033 pessoas já são reconhecidas pelo Brasil como refugiadas.

Segundo o oficial de comunicação da Acnur, pessoas de 150 nacionalidades diferentes solicitaram a condição de refúgio no Brasil. “Isso mostra como diversa é a população que vem ao Brasil em busca de proteção”, explica.

Mas embora seja considerado um país acolhedor, o Brasil ainda necessita melhorar seu processo de integração local, ressaltou o representante da Acnur.

“O Brasil é acolhedor. Mas o ponto crucial, a virada de chave necessária [situa-se] no processo de integração, em fazer com que essas pessoas estejam no Brasil e possam exercer de forma plena suas atividades para que sejam autossuficientes”, observa.

Uma das primeiras barreiras que o refugiado encontra ao chegar por aqui é a língua. “Tem um dado importantíssimo: em torno de 69% da população refugiada hoje no mundo situa-se em país vizinho ao seu. Quando olhamos para a perspectiva do Brasil, uma primeira barreira que essas pessoas enfrentam é a linguística. Não há lusófonos entre nossos vizinhos. Então, a barreira linguística é uma barreira inicial nesse enfrentamento”, salienta Pachioni.

Olhar discriminatório

Outras complicações que podem existir por aqui decorrem do olhar discriminatório de algumas pessoas e da desinformação sobre o processo de empregabilidade dos refugiados, principalmente relacionados ao desconhecimento dos departamentos de recursos humanos das empresas sobre as documentações.

“À medida em que as pessoas refugiadas – que estão formadas em diferentes áreas de conhecimento e com seus diferentes idiomas – tenham oportunidades de estar integradas, essas oportunidades transformam-se também em rentabilidade para a economia local de onde elas estão inseridas. Então, se a gente pensar que um afegão abrirá o seu próprio negócio no Brasil, como um negócio de gastronomia, a matéria-prima que ele consumirá desse negócio é fruto da produção brasileira; o meio de distribuição desses alimentos também vai ser fruto da distribuição de outros serviços brasileiros. Se a gente propiciar que essas pessoas, com todas as suas capacidades, tenham oportunidades, essa será uma virada de chave importante para fazer com que a sociedade, onde ela está inserida, também se desenvolva social, econômica e politicamente”, afirma.

Todas essas dificuldades, aponta a Acnur, poderiam ser superadas por meio de uma responsabilidade compartilhada. “A articulação entre poder público, iniciativa privada e instituições como, por exemplo, a academia, são fundamentais para que a gente possa construir ambientes mais favoráveis de integração e desenvolvimento social e econômico como um todo”, opina Pachioni.

Brasil reconheceu mais de 77 mil pessoas como refugiadas em 2023 – foto Defensoria Pública – Rio de Janeiro

Ele acrescenta que “é preciso que haja uma sinergia em favor do processo de integração dessas pessoas. E essa sinergia depende dos amplos aspectos sociais que compõem a nossa sociedade. Eu estou falando aqui, por exemplo, de uma mobilização do setor privado que esteja mais engajado sobre o potencial de empregabilidade dessas pessoas e o quanto elas agregam, por exemplo, em inovação e bem-estar social dentro dos ambientes de trabalho. Estou falando também de políticas públicas que considerem novamente o potencial que essas pessoas trazem para as suas formações. Outro ponto relevante é a articulação de políticas públicas voltadas para essa população”, afirma.

Eventos

Para celebrar o Dia Mundial do Refugiado, comemorado hoje, a Acnur vai promover eventos durante toda a semana. Com o tema Esperança longe de casa: por um mundo inclusivo com as pessoas refugiadas, a programação ocorre em várias partes do Brasil. Em Belém, por exemplo, um seminário com a participação de representantes da Acnur e do governo brasileiro debaterá os deslocamentos e as mudanças climáticas.

Também hoje, em Boa Vista, capital de Roraima, atividades serão realizadas no Centro de Sustentabilidade, envolvendo pessoas refugiadas e migrantes em ações de compostagem, bioconstrução e horta urbana. No Rio de Janeiro, o evento Rio Refugia será realizado entre amanhã (21) e sábado (22) celebrando a força e resiliência das pessoas refugiadas por meio da música, dança e outras manifestações culturais.

Mais informações sobre esses eventos podem ser encontrados no site.