Skip to content

Mudança climática será destaque em festival do Arquivo Nacional

Debates globais sobre mudanças climáticas estarão presentes na 10ª edição da Mostra Arquivo em Cartaz, organizado pelo Arquivo Nacional (AN), secretaria do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), que constatou a inserção dessa questão na agenda dos arquivos públicos, privados e comunitários.

O tema Memórias da Terra em Filmes de Arquivo surgiu para a mostra de 2025, a partir das realizações de encontros como a 16ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP16), entre 21 de outubro e 1º de novembro de 2024, em Cali, na Colômbia; e a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que vai ocorrer em novembro deste ano no Brasil, em Belém do Pará.

A diretora geral do Arquivo Nacional, Ana Flávia Magalhães Pinto, disse à Agência Brasil, que os arquivos estão diretamente conectados as agendas de meio ambiente, principalmente, nesse cenário atual de colapso climático. Ela lembrou da tragédia que ocorreu no ano passado no Rio Grande do Sul.

“Instituições da atualidade, além de vulneráveis às catástrofes, como aconteceu recentemente no Rio Grande do Sul, os arquivos e seus sujeitos são estratégicos para contribuir a construção de futuros sustentáveis para todas as formas de vida. Nesta edição, a escolha do tema “Memórias da Terra” busca superar a dicotomia entre seres humanos, natureza e mobilizou filmes de arquivos que explicitam essas conexões”, afirmou.

“Tem uma preocupação muito grande com as questões ambientais e com as mudanças climáticas, com povos originários, ribeirinhos e quilombolas, considerados protetores do meio ambiente”, completou a coordenadora-geral de Relações Institucionais do AN e coordenadora executiva do Festival, Franciele Oliveira, em entrevista à Agência Brasil.

A abertura do Festival será na sede do Arquivo Nacional, no centro do Rio de Janeiro, nos dias 29 e 30 de janeiro. Na sequência (31), a cerimônia será na sede do MGI, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Segundo Franciele Oliveira o início marcado para janeiro é também em alusão aos 187 anos do Arquivo Nacional. Ao todo serão 52 obras entre filmes de curta e longa metragem.

Festival de Filmes de Arquivo – Arquivo Nacional/Divulgação

Programação

As transformações ambientais, os impactos delas e a forma de sobrevivência, tudo isso vai ser mostrado em dez eventos presenciais de exibição de filmes e debates em locais das cinco regiões do Brasil no período de fevereiro a junho. Os horários das exibições nas cidades do Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Natal (RN), São Cristóvão (SE), Porto Alegre e Santa Maria (RS), Manaus (AM), Salvador (BA), serão publicados nos canais digitais do AN.

A programação do Festival terá também a Mostra Acervos, que traz uma seleção de filmes de arquivos em plataforma streaming para apreciação de Júri Popular e, entre 3 de fevereiro e 30 de junho, a exibição de filmes em canais da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Franciele Oliveira contou ainda que as obras foram selecionadas por uma curadoria coletiva. Essa é uma novidade porque em edições anteriores era feita individualmente ou no máximo em dupla. “Esse ano a gente tem uma nova proposta de uma curadoria coletiva, composta por seis membros escolhidos pelo Arquivo Nacional com base na expertise do cinema e da produção cultural e artística, mas também de acordo com as nossas parcerias firmadas para a realização do festival este ano”, informou.

Para a diretora geral do Arquivo Nacional, o modelo do festival em 2025 é uma forma de popularizar e expandir o conhecimento sobre as obras de arquivos.

“Apostamos nesta inovação exatamente com esse propósito, popularizar e democratizar produções que têm valor incalculável para o povo brasileiro. As imagens dos arquivos como instituições estáticas é o oposto de seu potencial e até mesmo da sua missão. Mantivemos nesta décima edição atividades tradicionalmente realizadas na unidade do Arquivo Nacional no Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, mobilizamos uma rede de parceiros, a começar por uma curadoria coletiva, com os quais buscamos superar distâncias geográficas e institucionais. A oportunidade de exibir os filmes em vários canais de TV pública, por meio da articulação com a EBC, potencializa ainda mais essas conexões, cabe destacar. Isso é essencial para democratizar a compreensão sobre o papel dos arquivos, profissionais, usuários, acervos e produções decorrentes dessas múltiplas interações que acontecem graças justamente à existência dessa própria dinâmica”, relatou.

Temporada

O Festival seguirá por todo o primeiro semestre de 2025 e contará, ainda, com a realização da Oficina Lanterninha Mágica da oficina de conservação de filmes, do Arquivo Faz Escola e encerrará em junho de 2025 com a Premiação dos Filmes da Mostra Acervos e a Mostra Lanterninha Mágica.

“A oficina Lanterninha Mágica é uma produção de filmes de arquivo junto às escolas do Estado do Rio de Janeiro”, revelou a coordenadora animada com a divulgação para os alunos.

Público

A organização acredita que o festival atinja todos os interessados pelos temas, por cinema, arte e demais acervos audiovisuais e sonoros; produtores e produtoras culturais de conteúdo audiovisual; usuárias e usuários de arquivos; pesquisadores e pesquisadoras; profissionais de arquivos públicos, privados e comunitários; e cinema e filme de arquivos; além de órgãos do poder público; movimentos sociais; escolas públicas e privadas; e instituições públicas e privadas de ensino superior. Franciele Oliveira será assistida por cerca de 1 milhão de pessoas.

“A nossa expectativa parece megalomaníaca, mas tem fundamento com base na edição anterior, quando atingimos mais de 400 mil domicílios, no momento em que firmamos a parceria de exibir nos canais da EBC, enquanto rede pública. Se considerarmos que cada domicílio tem mais de um morador e às vezes famílias, que assistem a programação juntas, é possível estimar 1 milhão de participantes para a edição deste ano, porque além dos canais da EBC, a gente ampliou o número de canais do ano passado e a gente vai ter esse caráter itinerante”, comentou, apostando na renovação do público uma vez que o festival vai alcançar cidades fora de capitais.

“O streaming e os canais de TV são linguagens que atingem um público jovem, um público da tecnologia que nos outros anos não chegavam. Considerando essas características, a gente pode falar, sim, que há uma mudança de público, no sentido de abarcar mais territórios, mais públicos”, apontou.

A intenção de promover a Mostra Internacional passa pela valorização de filmes de arquivos; dos acervos audiovisuais e sonoros custodiados por instituições arquivísticas; promoção e organização de debates sobre as atuais políticas públicas de preservação desses acervos; troca de experiências e boas práticas sobre a produção de filmes de arquivo; além da difusão do acervo do Arquivo Nacional. Além disso, os agentes envolvidos no encontro vão incentivar a produção audiovisual de filmes de arquivos e a valorização de profissionais atuantes neste campo.

“A preocupação maior do Arquivo Nacional é justamente que a população brasileira tenha acesso aos acervos audiovisuais e sonoros que são patrimônios documentais, então, é difundir e promover a preservação desses acervos e fazer com que cheguem à população e também promover este estímulo dos filmes de arquivo, que são filmes, que tem na sua base, esses acervos para a linguagem da sétima arte, do cinema e do audiovisual”, acrescentou Franciele Oliveira.

Apoios

Para a realização do Festival, o Arquivo Nacional tem a parceria da Dataprev; da Secretaria de Audiovisual do Ministério da Cultura; da EBC; das Assessorias de Participação Social e Diversidade do MGI e do MPO, com o projeto Cine Bloco K; o Instituto Rio Branco, do Ministério de Relações Exteriores (MRE); do Arquivo Público Municipal de São Cristóvão; da Universidade Federal do Amazonas; do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Porto Alegre; da Universidade Federal de Santa Maria, do Leão Etíope do Méier e do Zumvi Arquivo Afro Fotográfico.

Hospital federal no Rio reabre 100 leitos após mudança de gestão

O Hospital Federal de Bonsucesso, um dos seis que pertencem ao Ministério da Saúde na cidade do Rio de Janeiro, reabriu 100 leitos nesta sexta-feira (17). A unidade é um dos quatro hospitais em que a pasta trocou a gestão ao longo de 2024, com o objetivo de melhorar o atendimento à população.

Referência em especialidades como transplantes e nefrologia, o hospital, que fica no bairro de Bonsucesso, na zona norte da cidade, sofreu mudança de gestão em outubro. A administração era feita diretamente pelo Ministério da Saúde e passou a ser controlada pelo Grupo Hospitalar Conceição (GHC).

Unidade é controlada pelo Grupo Conceição – Tomaz Silva/Agência Brasil

Na ocasião, dos 412 leitos existentes, mais da metade – 218 – estavam fechados por motivos que iam de falta de funcionários e equipamentos a questões de infraestrutura predial. O funcionamento da unidade era aquém da capacidade, com o atendimento de emergência suspenso há seis anos.

Desde então, o GHC passou a receber verbas do ministério e tinha o objetivo de reabrir leitos e a emergência dentro de 90 dias, prazo que se esgotaria no domingo. Foram feitos investimentos como cabeamento de energia, instalação de seis grandes geradores, contratação de funcionários, compra de equipamentos e obras no prédio de 42 mil metros quadrados de área construída.

“Vou dar um exemplo: telhados onde chovia dentro”, citou o diretor-presidente do GHC, Gilberto Barichello. Em 2020, um incêndio forçou a retirada de quase 200 pacientes que estavam internados no hospital.

Ao todo, o ministério vai investir R$ 263,7 milhões no Hospital Federal de Bonsucesso, sendo R$ 45,5 milhões em 2024 e R$ 218,29 milhões em 2025.

Dos 100 leitos reabertos, 88 são de enfermaria, que atinge 80% de sua capacidade, sendo 58 no bloco cirúrgico, 20 clínicos e dez de pediatria. Doze são de unidades de terapia intensiva (UTI).

A emergência ainda não foi reaberta. A expectativa da direção é restabelecer o atendimento emergencial e entregar mais 118 leitos até o fim deste mês de janeiro.

O GHC é uma empresa pública vinculada ao ministério e tem histórico de atuação em Porto Alegre, onde está à frente de quatro hospitais, além de postos de atendimentos. 

Referência

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, visitou as instalações remodeladas nesta sexta-feira, entre elas a UTI e a sala de exames de imagens, fechadas desde 2020, onde foram instalados aparelhos de raio-x e tomografia, que estavam sem utilização em corredores do hospital.

Para a ministra, hospitais federais não são um problema. “São uma solução para vários problemas de saúde especializada, quando se precisa do hospital, do ambulatório e das consultas”, disse Nísia.

“Será uma das principais referências no Rio”, afirmou a ministra. Ela acrescentou que o hospital reúne condições para “mais acesso a especialistas e para reduzir o tempo de espera para exames e para consultas”. Além disso, continuou, “quando é necessária a cirurgia, poder fazê-la”.

A superintendente do hospital, Elaine Lopez, afirmou que, além da entrega de mais 118 leitos até o fim do mês, foi possível remanejar estruturas, de forma que a capacidade do hospital comporte 423 leitos. Além disso, a gestora prometeu expansão.

“Ao longo do ano, a gente ainda vai abrir mais leitos”, afirmou a jornalistas ao visitar uma UTI. Ao comentar sobre a recuperação da capacidade instalada, Elaine informou que, na quinta-feira (16), já foi possível a unidade realizar uma cirurgia cardíaca de complexidade.

“Já fizemos cirurgia cardíaca, fizemos o transplante de córnea em uma criança essa semana, o transplante renal está andando muito bem, o que é simbólico, é um dos poucos lugares no Rio de Janeiro que faz transplante em criança e adulto”, descreveu Elaine Lopez.

Resistência inicial

A decisão do governo de passar a administração do Hospital Federal de Bonsucesso para o GHC foi criticada à época pelo Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social no Estado do Rio de Janeiro (Sindsprev/RJ), que reclamou de falta de diálogo do governo com os servidores.

A categoria chegou a fazer um movimento que impediu a entrada nos novos gestores no hospital. Por causa da resistência, o novo comando demorou uma semana para conseguir assumir a unidade.

Na entrega dos 100 leitos, o diretor-presidente do GHC afirmou que retomou o diálogo com categorias, destacando o Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem. “É o maior sindicato aqui. Temos quase 1 mil trabalhadores auxiliares técnicos de enfermagem”, disse.

Barichello informou que, em 60 dias, foram contratados 1,8 mil dos cerca de 2,5 mil funcionários que vão compor a força de trabalho do hospital. Segundo ele, em 30 dias, o GHC comprou R$ 30 milhões em equipamentos, o que inclui mobiliário, mesas cirúrgicas, monitores, ventiladores mecânicos, carrinhos e eletrocardiógrafo. Os recursos foram destinados pelo Ministério da Saúde.

O Plano de Reestruturação dos Hospitais Federais foi uma decisão acertada, afirma a ministra da Saúde, Nísia Trindade – Tomaz Silva/Agência Brasil

A ministra Nísia Trindade afirma que foi acertada a decisão do governo de criar o Plano de Reestruturação dos Hospitais Federais e retirar da pasta a administração direta de algumas unidades, passando para uma empresa especializada. “Não dá para fazer gestão de hospitais de gabinete de Brasília, isso é um erro.”

Nísia Trindade ressaltou que o Hospital Federal de Bonsucesso é primordial para o Sistema Único de Saúde (SUS) no Rio de Janeiro, inclusive atendendo pacientes de municípios da região metropolitana, notadamente da Baixada Fluminense.

À Agência Brasil, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, estimou que a reabertura do hospital em Bonsucesso deve reduzir em cerca de 20% a fila de espera por leitos da capital, que beira 495 pessoas.

Mudança na rede federal

Além do hospital administrado pelo GHC, a rede do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro conta com mais cinco unidades: Hospital Federal do Andaraí, Hospital Federal Cardoso Fontes, Hospital Federal de Ipanema, Hospital Federal da Lagoa e Hospital Federal dos Servidores do Estado.

O plano de reestruturação da pasta decidiu pela fusão do Hospital dos Servidores com o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle. A intenção é criar um hospital universitário em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

Os hospitais do Andaraí e Cardoso Fontes foram repassados à prefeitura. As duas unidades devem reabrir 214 leitos, chegando ao total de 700 em funcionamento em ambas. O ministério repassa recursos para que a prefeitura faça a administração, por meio de empresas especializadas na área. Foram repassados R$ 150 milhões à prefeitura. Além desse pagamento, está prevista a incorporação de R$ 610 milhões de teto MAC (atendimento de média e alta complexidade) para a cidade do Rio de Janeiro.

O secretário Daniel Soranz informou que espera reabrir as emergências de ambos no início de fevereiro. “A ministra e o prefeito [Eduardo Paes] estão na minha cola”, afirmou ao lado de Nísia.

Segundo o secretário, 42 leitos já foram reabertos no Andaraí, que também terá de volta o setor de radioterapia. E, de acordo com a ministra, a fila de espera no Cardoso Fontes foi reduzida em 92%.

Perguntada pela Agência Brasil sobre a administração dos hospitais federais da Lagoa e de Ipanema, Nísia afirmou que apresentam uma situação “muito mais positiva” e que estuda como dar melhores condições, “sempre em uma visão de parceria”.

“Muitas vezes, passa a ideia de que é uma distribuição dos hospitais, mas não, é um trabalho sólido, consistente, para atender mais. Não faz sentido mexer em nenhum hospital se não for para dar o mesmo padrão ou melhor atendimento. Tudo está sendo feito para ser melhor”, declarou.

Movimentos sociais cobram mudança nos cortes de gastos que afetam BPC

Representantes de movimentos sociais e de organizações da sociedade civil mostraram preocupação e cobram que o governo reavalie as propostas de mudança nas regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que fazem parte do pacote de corte de gastos encaminhado ao Congresso Nacional.

De acordo com o ministro da Secretaria-Geral, Márcio Macêdo, que faz a articulação com os movimentos organizados, as demandas foram apresentadas à equipe econômica, mas não há garantia de que serão atendidas.

O pacote endurece as regras de acesso ao programa ao mudar critérios para calcular a renda das famílias. Atualmente, o BPC atende mais de 6,02 milhões de cidadãos de baixa renda (com renda familiar per capita igual ou inferior a um quarto do salário mínimo), entre idosos com mais de 65 anos e pessoas com deficiência. Os beneficiários recebem o pagamento de um salário mínimo.

“Nós ouvimos os movimentos, tem coisas que eu concordo, que eles estão falando, e vou defender dentro do governo, mas não teve nenhum compromisso de mudança, quem vai avaliar isso é a equipe econômica liderada pelo ministro [da Fazenda] Fernando Haddad”, disse Macêdo, em conversa com jornalistas, na manhã desta terça-feira (17), no Palácio do Planalto.

De acordo com Macêdo, as cobranças dos movimentos são que o BPC não deixe de ser um benefício individual; que não haja mudança sobre a renda e o conceito do grupo familiar, com um só teto de renda; que não haja mudança no conceito de pessoas com deficiência – [para eles, “o BPC não pode estar restrito só ao conceito de incapaz para o trabalho]; e que haja exceções sobre a obrigatoriedade da biometria, para alguns tipos de deficiência.

“Esse debate tem que ser feito no Congresso Nacional”, defendeu Macêdo. “Deve ter um Congresso que compreenda, que tem a preocupação que nós estamos tendo com o país, de controle dos gastos públicos, mas que entende a necessidade de investimentos em políticas públicas para mudar a vida das pessoas para melhor”, acrescentou.

Encontro

O encontro do Conselho de Participação Social da Presidência da República, com mais de 300 representantes de organizações da sociedade civil, foi realizado ontem (16) com a presença do secretário especial de Análise Governamental da Casa Civil, Bruno Moretti, e do secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello.

As mudanças nas regras do BPC apresentadas, inicialmente, pelo governo são:

▪ Prova de vida anual, como para os aposentados, além de biometria e reconhecimento facial para a concessão do benefício;

▪ Focalizar em pessoas incapacitadas;

▪ Vedação de dedução de renda (para o enquadramento para receber o benefício) não prevista em lei;

▪ Renda de cônjuge e companheiro não coabitante e renda de irmãos, filhos e enteados (não apenas solteiros) coabitantes passam a contar para acesso;

▪ Atualização obrigatória para cadastros desatualizados há mais de 24 meses e para benefícios concedidos administrativamente sem Código Internacional de Doenças (CID);

▪ Biometria obrigatória para atualizações cadastrais;

▪ Em uma mesma família, a renda de um benefício volta a contar para acesso a outro benefício

As propostas estão em tramitação na Câmara dos Deputados e, diante de críticas da bancada do PT, o próprio Ministério da Fazenda já admitiu que pode ajustar questões sobre o BCP para viabilizar a votação do pacote. O secretário-executivo da pasta, Dario Durigan, afirmou que os ajustes serão pequenos e não deverão ter impacto na economia de recursos esperada.

O governo quer cortar R$ 327 bilhões de gastos até 2030, economizando R$ 71,9 bilhões apenas em 2025 e 2026.

Reforma ministerial

Durante o café da manhã com jornalistas, Macêdo também foi questionado sobre os rumores de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará uma reforma ministerial, com mudanças, inclusive, no comando da Secretaria-Geral.

Segundo o ministro, não há nenhuma discussão no governo sobre reforma ministerial, mas o presidente Lula tem liberdade de fazer trocas “a hora que ele quiser”.

“Eu tenho uma relação com o presidente da República, graças a Deus muito boa, eu convivo com o presidente muito diretamente desde 2015, são dez anos de convivência direta”, disse Macêdo, contando sobre sua atuação dentro do PT e da militância política em apoio a Lula.

“Eu venho do Brasil profundo. Eu não sou de São Paulo, nem do Sul, nem do Sudeste. Sou filho de um camponês com uma dona de casa, que nasceu no interior do nordeste brasileiro. Fui salvo pela educação”, afirmou. “Deve incomodar muito as pessoas ver alguém do povo, militante, no topo. Me preparei ao longo da minha vida tecnicamente e politicamente para servir ao projeto que eu acredito de país”, acrescentou o ministro.

Ministra defende mudança na legislação sobre paridade política

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, defendeu nesta sexta-feira (15), no Rio de Janeiro, mudanças na legislação brasileira que trata da paridade entre mulheres e homens na política.

“No G20, o Brasil ainda é o penúltimo. Temos vários países com paridade. O México tem mais de 54% [de mulheres ocupando cargos na política] e está chegando a 60%, por exemplo, de senadoras e deputadas. Os países que têm lei de paridade estão avançando. Está faltando isso”, avaliou.

Ela acrescentou que “essa é a grande questão: precisamos fazer um debate no Brasil. Temos uma lei de cotas que coloca 30% de cotas para as mulheres, tanto para serem candidatas nos partidos quanto no financiamento. Mas só estamos vendo avançar quando é obrigatória a paridade. É eleger, garantir a eleição de mulheres, colocar as mulheres nos espaços de poder. Portanto, precisamos mudar, aqui no Brasil, a legislação.”

Experiência mexicana

Em entrevista durante o programa Giro Social, do Canal Gov, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Cida destacou que a pasta, em companhia da primeira-dama Janja da Silva, tem promovido um debate nacional junto a partidos e parlamentares. A ministra contou que chegou a ouvir a experiência de senadoras mexicanas “para saber como se deu o processo para que elas chegassem onde chegaram”.

“Precisamos alterar a legislação. Precisamos, a partir de agora, não é de cotas que não elegem as mulheres. Precisamos, de fato, de cadeiras. Precisamos da garantia de que possamos eleger as mulheres em todos os municípios. Independentemente de partido ou de qualquer coisa, é uma mulher que vai sentar naquela cadeira e vai poder defender o seu município e ter voz. Esse é o primeiro processo no Brasil: alterar a legislação e garantir paridade” enfatizou.

E finalizou: “O segundo é, de fato, investirmos para que as mulheres possam ser liderança. As mulheres hoje não têm condições de fala. As lideranças estão ameaçadas, sofrem violência política de gênero, as redes sociais terminam agredindo essas mulheres, sejam jornalistas, sejam influencers, sejam lideranças de comunidades. Precisamos enfrentar também a violência política de gênero para garantir espaços às mulheres”, concluiu a ministra.

JUBs: técnico multicampeão no handebol defende mudança no esporte

A universidade pode ser o caminho para salvar o esporte no Brasil. A opinião é de Eduardo Carlone, técnico do handebol feminino da Universidade Paulista (Unip-SP), bicampeã do JUBs. Com nove títulos de Liga Nacional, Campeão Pan-Americano e ex-treinador da seleção brasileira, Carlone entende que o modelo universitário pode ser a salvação para o esporte brasileiro.

“Aqui no Brasil nós temos o modelo de clubes, e está muito difícil. O modelo de universidades, que é super consagrado nos Estados Unidos, poderia ser implantado no Brasil, fomentado, aperfeiçoado, para que, no futuro, as jogadoras tenham um espaço para jogar”.

 O exemplo estaria no próprio JUBs Brasília 2024.

“Aqui, neste ano, foram cinco equipes da Liga Nacional no JUBs. Isso aqui é uma válvula de escape para todos os esportes, não só para o handebol. A gente tem que aperfeiçoar. Não só no nível universitário, mas também no ensino médio. Além do esporte, tem a questão da educação, de se tornar um profissional. A carreira do atleta é curta. A situação dos clubes está cada vez pior, menos clubes, menos cidades investindo”.

Equipe feminina de handebol da Unip-SP, comandada por Carlone, conquistou nesta sexta (18) o bicampeonato no JUBs Brasília ao derrotar a UniCesumar-PR por 30 a 27 – Reprodução Instagram/Atlética Unip

Na final do handebol feminino no JUBs Brasília entre Unip-SP e UniCesumar-PR, a torcida puxou o grito de bicampeã apenas nos 10 segundos finais do confronto.

O primeiro tempo terminou com grande vantagem para a equipe de São Paulo, 20 a 10. O próprio Eduardo Carlone sabia que algo atípico estava acontecendo.

“A gente jogou um primeiro tempo muito bom, tanto ofensivamente quanto defensivamente, mas o Maringá esteve muito abaixo do seu melhor. É um time de Liga Nacional que está no “Final Four”. Nós enfrentamos na fase de classificação aqui é nossa vitória tinha sido de apenas um ponto de diferença”.

No segundo tempo, tudo mudou. 

“Elas entraram no jogo e a gente caiu um pouquinho, sabíamos que 10 gols de diferença era um acaso”.

 A UniCesumar melhorou e, faltando um minuto para terminar a final, o placar estava 29 a 27, apenas dois gols de diferença.Na tentativa de buscar o empate, o time de Maringá acabou errando o ataque nos segundos finais. A Unip recuperou a posse, trabalhou bem e marcou o último gol faltando 10 segundos para acabar o jogo. Placar: 30 a 27.

* O repórter Maurício Costa viajou à Brasília a convite da CBDU.

Ministério das Cidades recebe sugestões sobre mudança climática

O Ministério das Cidades, por meio da Secretaria Nacional de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano, receberá contribuições da sociedade sobre mudanças climáticas até o dia 11 de outubro pelo formulário disponível na página da Rede para Desenvolvimento urbano Sustentável (ReDUS).

As ideias recebidas vão compor a elaboração do Plano Clima Adaptação – Cidade, documento que guiará as políticas de adaptação climática das cidades brasileiras até 2035. A participação popular auxiliará o ministério a conhecer as principais demandas das cidades e ajudará a saná-las em meio ao impacto das mudanças climáticas.

Os interessados devem responder a perguntas abertas e de múltipla escolha. A participação leva cerca de 15 minutos para ser concluída.

As  contribuições serão compiladas, analisadas e selecionadas pelo Grupo de Trabalho Cidades Adaptação e as melhores sugestões serão incluídas no  Plano Clima Adaptação – Cidades. Não haverá menção à autoria.

Esta é a segunda rodada de contribuições sobre o tema. A primeira foi realizada entre 19 de junho e 5 de agosto com o objetivo de mapear riscos e impactos climáticos para os municípios brasileiros.

Planejamento descarta mudança na meta de déficit zero para 2024

Apesar de frustrações importantes de receitas, como a dos processos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), o governo manterá a meta de déficit primário zero em 2024, com a devida margem de tolerância, disse nesta segunda-feira (23) o secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Gustavo Guimarães. Para este ano, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e o novo arcabouço fiscal preveem margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB).

Com essa margem de tolerância, o Governo Central – Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central – poderá fechar 2024 com déficit primário de até R$ 28,75 bilhões. O déficit primário representa o resultado negativo das contas do governo sem os juros da dívida pública.

Apesar de críticas do mercado financeiro à capacidade do governo de cumprir a meta, Guimarães disse que as estimativas estão próximas da realidade. “Fizemos ajuste nas metas dos anos seguintes sem alterar a de 2024. Mesmo após essa mudança, sempre havia algum ruído de que poderia ter alteração de meta este ano. E a gente tem mostrado a cada bimestre todo o esforço do governo para que isso não aconteça, como não vai acontecer”, disse Guimarães, durante entrevista coletiva sobre o Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, documento que orienta a execução do Orçamento.

Divulgado na noite de sexta-feira (20), o relatório descongelou R$ 1,7 bilhão do Orçamento de 2024. O aumento na estimativa de arrecadação fez o governo reduzir para R$ 28,3 bilhões a estimativa de déficit primário em 2024. O valor é R$ 400 milhões inferior ao limite mínimo da margem de tolerância para o cumprimento da meta.

O atual marco fiscal exclui da meta os R$ 29 bilhões em créditos extraordinários para reconstruir o Rio Grande do Sul nem os R$ 514 milhões para o combate a incêndios florestais anunciados na semana passada, assim como outras despesas excepcionais. Sem os gastos fora do arcabouço fiscal, o governo encerraria o ano com déficit primário de R$ 68,8 bilhões.

Contabilidade criativa

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, reagiu às críticas de que a equipe econômica esteja recorrendo à contabilidade criativa para fechar as contas deste ano. Ele disse que o crescimento econômico acima do previsto e medidas de arrecadação sobre os mais ricos, como a tributação de offshores (empresas de investimento no exterior) e de fundos exclusivos, trarão as receitas necessárias para o governo cumprir a meta.

“Há, de fato, incômodo na equipe econômica quando a gente percebe alguma irracionalidade na repercussão, quando se ignora alguns fatos da realidade, alguns números que se apresentam. O fato é que o fiscal se recuperou e tem superado as expectativas. Isso é um fato. Outro fato é que a economia está surpreendendo em sua performance, também superando expectativas”, rebateu.

Valores a receber

Para liberar o R$ 1,7 bilhão do Orçamento e reduzir a previsão de déficit primário para R$ 28,3 bilhões, o relatório elevou as previsões de receitas não administradas diretamente pela Receita Federal. O principal destaque foram R$ 18,3 bilhões das medidas para compensar a desoneração da folha de pagamento, que entrarão nos cofres federais este ano, R$ 10,1 bilhões adicionais de dividendos de estatais ao Tesouro Nacional e mais R$ 4,9 bilhões de royalties do petróleo.

Essas receitas extraordinárias compensaram a queda de R$ 25,8 bilhões na entrada de recursos com o voto de desempate do governo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão administrativo da Receita Federal. Durigan, no entanto, esclareceu que os R$ 8,5 bilhões de valores esquecidos no sistema financeiro, que também ajudaram a compensar a desoneração da folha de pagamento, não entraram no relatório.

“Como houve atualização nos códigos e critérios do Banco Central, é preciso hoje que se faça um batimento com a nomenclatura para que não haja dúvida em relação a isso. Como a gente ainda está debatendo esse tema, um ajuste redacional, de que forma ele deve ser feito, ele ainda não foi considerado para fins de relatório bimestral”, justificou o secretário-executivo da Fazenda.

Divergências

Apesar de aprovada pelo Congresso, a forma de contabilizar os valores esquecidos no sistema financeiro ao Tesouro Nacional opõe a Fazenda e o Banco Central (BC). Para o BC, a transferência dos valores esquecidos para o Tesouro não pode entrar no cálculo da meta zero de déficit primário porque representa dinheiro dos correntistas.

O Ministério da Fazenda alega que há precedentes que permitem a inclusão dos recursos como receitas primárias, como os R$ 26,3 bilhões parados no antigo Fundo PIS/Pasep. O montante entrou na conta única do Tesouro em dezembro de 2022, com a emenda constitucional da transição.

Ministro diz que mudança manterá combate à liberação de armas

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou, nesta segunda-feira (2), em Brasília, que qualquer mudança apresentada pelo governo sobre o controle de acesso a armas de fogo e funcionamento de clubes de tiro vai manter o princípio de combate à liberação de armas no país. Na semana passada, após acordo com o governo, o projeto que anularia regras sobre armas foi retirado da pauta de votação do Senado Federal (foto).

“Qualquer alteração que venha a ser feita no diálogo com Congresso Nacional vai buscar manter esses princípios de combater a liberação de armas que foi feita pelo governo anterior e de combater qualquer tipo de insegurança às nossas crianças que estão nas escolas e à cultura da paz que a gente precisa cultivar no nosso país. Então, vamos continuar, hoje, junto com o Ministério da Justiça, junto com os líderes do Senado, tratando dos detalhes em relação a isso”, disse Padilha após reunião de articulação política com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto.

O projeto de decreto legislativo (PDL) que estava na pauta anula partes de um dos decretos sobre armas assinados pelo presidente Lula em 2023, que aumentou as exigências para o uso de armas e o funcionamento dos clubes [de tiro]. O texto, que veio da Câmara dos Deputados, seria votado na terça-feira (27), mas houve um acordo entre parlamentares e o governo para que seja editado um novo decreto presidencial para corrigir alguns pontos do decreto em vigor.

Lacunas

De acordo com o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), a simples revogação de trechos do decreto poderia causar lacunas sobre outros pontos na legislação. Por esse motivo, a edição de um novo decreto seria mais adequada.

Um dos principais pontos do acordo é a retomada da autorização para que clubes de tiro desportivo fiquem a menos um quilômetro de distância em relação a instituições de ensino. O decreto em vigor proíbe essa proximidade, mas o relator do PDL, senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), lembrou que a mudança prejudicaria vários clubes [de tiro] já estabelecidos de acordo com regras anteriores e, em seu relatório, acabou com essa exigência.

O projeto foi apresentado sob a justificativa de que as exigências do decreto presidencial inviabilizariam a atividade dos colecionadores de armas e dos praticantes de tiro esportivo. O texto acabaria com a obrigação de os atiradores desportivos participarem de competições anuais com todas as armas que possuem e passaria a permitir o uso de arma de fogo para atividades diferentes daquela declarada no momento da aquisição do equipamento.

Armas históricas

Segundo o ministro Padilha, as discussões vão no sentido de aprimorar o mecanismo para não dificultar a atuação de praticantes esportivos e também para aquisição e manutenção de armas históricas.

“Por exemplo, o decreto original estabelecia que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional  (Iphan) teria que ser acionado em todas as situações. Então, tem uma proposta para que você possa permitir que outros órgãos possam registrar essas armas que são consideradas históricas. Armas históricas são desconstituídas, enquanto arma de fogo você não pode ter munição, tem que desativar essa arma, você tem regras do que é reconhecer uma arma histórica”, explicou.

Para Padilha, a discussão deve ser técnica, mas “sem abrir mão da prioridade absoluta do governo que é conter a liberação de armas. Uma liberação de armas que só alimentou os criminosos, só alimentou as organizações criminosas do nosso país e colocou em risco as nossas crianças [e] a cultura da paz”, acrescentou.

Mesários podem pedir mudança de seção eleitoral até sexta-feira (30)

 

Quem foi convocado pela Justiça Eleitoral para trabalhar em atividades de apoio nas eleições municipais têm até sexta-feira (30) para solicitar transferência temporária da seção eleitoral. 

A mudança é para facilitar o deslocamento dos convocados no dia do pleito, caso votem em local distante de onde irão trabalhar. No entanto, o interessado pode pedir a mudança apenas para a seção eleitoral em vão atuar no dia do pleito, sendo no mesmo município. 

Mesários

No caso dos mesários, é possível fazer a mudança sem sair de casa, por meio do sistema Título Net, disponível no Portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no endereço, tse.jus.br. É preciso baixar o aplicativo E-título para fazer a validação de identidade do eleitor, que é solicitada pelo sistema de atendimento virtual do TSE.

Mesárias e mesários são cidadãs e cidadãos, convocados ou voluntários, que trabalham na mesa receptora de votos ou de justificativa eleitoral no dia de uma eleição. Atuam tanto no primeiro como no segundo turno

Logística

Já quem vai trabalhar na logística deverá apresentar os pedidos presencialmente nos cartórios eleitorais. 

O prazo, até 30 de agosto, vale também para os eleitores que foram nomeados para atuar nos Testes de Integridade das Urnas Eletrônicas também poderão pedir transferência temporária para votar em uma seção próxima onde estão sendo realizados os testes.

>> Ouça na Radioagência Nacional:

 

Atletas mães veem “mudança cultural” na Olimpíada de Paris

Embora a maternidade já tenha sido vista como incompatível com uma carreira no esporte de alto rendimento, mães que também são atletas olímpicas têm mostrado que os velhos estereótipos estão enfraquecendo no judô à esgrima, passando pelo basquete e outras modalidades.

Com a mudança dos ventos para quem viaja para a Olimpíada com crianças, a ex-velocista norte-americana Allyson Felix fez uma parceria com a marca Pampers para estabelecer a primeira creche para filhos de atletas.

Felix, maior medalhista do atletismo na história dos Jogos Olímpicos, com 11 pódios, disse à Reuters que as instalações podem nivelar as chances entre os atletas com muitos recursos à disposição e aqueles sem acesso a tal condição.

“Estamos falando sobre (atletas de) países que podem ser muito pequenos e sem recursos. Sabemos o quão caro é”, disse Felix, que retomou sua carreira competitiva após ser mãe pela primeira vez em 2018.

Ela afirmou que houve avanços desde que revelou, há cinco anos, que romperia com a patrocinadora Nike, depois de a empresa ter cortado seu pagamento quando ela engravidou.

“Houve uma mudança cultural”, afirmou. A creche reflete a crescente necessidade de recursos para os Jogos, com atletas desafiando os velhos estereótipos sobre mães esportistas.

Isso está muito evidente na cidade de Lille, onde a jogadora de basquete norte-americana Breanna Stewart afirmou que havia mais crianças do que nunca na sua delegação: “Falando em nome das mães, especialmente aquelas que estão aqui na Olimpíada, queremos ser grandes em ambas as funções”, disse Stewart, que disputa sua terceira edição dos Jogos. “Só queremos continuar mudando os padrões, mudando a narrativa.”

A filha da jogadora, Ruby, nasceu por meio de barriga de aluguel, menos de 48 horas após o time dos EUA ganhar o ouro nos Jogos de Tóquio. A atleta e sua esposa, a ex-jogadora espanhola Marta Xargay, tiveram mais um filho, Theo, no ano passado.

Torcedores em Paris aprovaram a presença de mães competindo em alto nível: “As carreiras não precisam acabar quando você tem um bebê, e isso é lindo”, afirmou a francesa Auriane Sanchez, de 21 anos, que assistiu à compatriota Clarisse Agbegnenou conquistar o bronze no judô, na terça-feira.

A judoca, que deu à luz sua filha em 2022, liderou uma campanha para que o Comitê Olímpico Francês providenciasse quartos de hotel para atletas que estejam amamentando.

“É incrível voltar assim depois da gravidez. Uma pequena menina que eu ainda estou amamentando. É doido. Posso ficar orgulhosa de mim mesma. Colocarei a medalha no pescoço da minha filha”, disse.

A judoca brasileira Natasha Ferreira, que adotou seu filho há sete anos, quando tinha 18, afirmou ter aprovado a ajuda que recebeu em Paris.

“Os atletas já precisam ser muito disciplinados e, quando você tem um filho, você tem que ser ainda mais disciplinada para poder ter tempo de qualidade”, disse. “Foi muito bom ter meu filho comigo na Olimpíada.”